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Plano de estudos - exec civil - 1 sem 2019 - aula 8

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Plano de estudos
Aula 8
Liquidação e cumprimento de sentença
1. Liquidação de sentença
Considera-se líquida a decisão condenatória (e eventualmente declaratória) que define, de modo completo, a norma jurídica individualizada. Para que isso ocorra, a decisão que certifica o direito do credor a uma prestação (fazer, não-fazer, entrega de coisa ou pagamento de quantia) deve conter pronunciamento sobre: a) o an debeatur (existência da dívida); b) o cui debeatur (a quem é devido); c) o quis debeat (quem deve); d) o quid debeatur (o que é devido); e) nos casos em que o objeto da prestação é suscetível de quantificação, quantum debeatur (a quantidade devida).
Por outro lado, diz-se ilíquida a decisão que (i) deixa de estabelecer o montante da prestação (quantum debeatur), nos casos em que o objeto dessa prestação seja suscetível de quantificação - por exemplo, a que condena o réu ao pagamento de indenização de valor a ser apurado em posterior liquidação - ou (ii) que deixa de individualizar completamente o objeto da prestação, qualquer que seja a sua natureza (quid debeatur) – por exemplo, a que determina ao réu que entregue duas toneladas de grãos, sem identificar a espécie, ou a que impõe a construção de um muro, sem dizer como, onde nem quando fazê-lo.
Quando é ilíquida[footnoteRef:2], uma decisão precisa ser liquidada para poder ser título que fundamente a execução. O objetivo da liquidação é integrar a decisão ilíquida, chegando a uma solução acerca dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica individualizada, a fim de que essa decisão possa ser objeto de execução. [2: Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido; II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. § 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação. § 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a sentença. ] 
Dessa forma, liquidação de sentença é a atividade judicial cognitiva pela qual se busca complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial. Nunca será deflagrada de ofício. Tampouco necessário se aguardar o trânsito em julgado da decisão liquidadanda para se requerer a liquidação.[footnoteRef:3] O requerimento de liquidação de sentença, na pendência de recurso, é incidente processual que possui autos próprios. O eventual acolhimento do recurso pendente, com a consequente anulação ou reforma total da decisão liquidanda, esvaziará o conteúdo da liquidação, que perderá o seu objeto. Nesse caso, considerando que todo o sistema prevê a responsabilidade objetiva nos casos de anulação ou reforma de provimentos fundados em cognição sumária (artigos 520, I, e 302, por exemplo) e apesar de a liquidação não implicar, a princípio, nenhum ato de constrição do patrimônio do sujeito passivo, é possível dizer que os eventuais prejuízos que este último venha suportar deverão ser ressarcidos pelo liquidante, que por eles responderá objetivamente, além de arcar com os ônus da sucumbência. [3: Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.] 
Se a decisão for líquida numa parte e ilíquida em outra, é possível ao credor promover, simultaneamente, a liquidação do capítulo ilíquido e a execução do capítulo líquido (CPC, art. 509, § 1º).[footnoteRef:4] [4: Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: (…) § 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.] 
1.1. Objeto da liquidação
Importa destacar que a liquidação pode ter como objeto não apenas a sentença, mas todo e qualquer pronunciamento judicial (e mesmo arbitral), sejam decisões interlocutórias ou acórdãos. Conforme já discutido, não é possível a liquidação de título executivo extrajudicial, vez que a liquidez, ao lado da certeza e da exigibilidade, são atributos indispensáveis para que as obrigações representadas em tais títulos possam permitir um processo de execução nos termos do artigo 783 do CPC.[footnoteRef:5] [5: Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.] 
Isso, porém, não quer dizer que não existe, ou que não possa existir, liquidação em processo de execução de título extrajudicial. Nas execuções para entrega de coisa e para a satisfação de fazer ou de não fazer, fundadas em título executivo extrajudicial, é possível que a prestação específica seja convertida em prestação pecuniária (arts. 809, 816, 821, par. ún., e 823, par. ún.). A conversão tanto pode ocorrer no início como no curso do processo de execução. Em qualquer caso, as perdas e danos devem ser apuradas mediante liquidação (arts. 809, § 2º, 816, par. ún., 821, par. ún., e 823, par. ún.).
Nessas situações excepcionais, pode-se falar em liquidação na execução de título executivo extrajudicial.
1.2. A cognição na liquidação
A matéria de mérito da ação autônoma de liquidação ou da fase de liquidação cinge-se ao elemento que falta para completar a norma jurídica individualizada estabelecida na sentença liquidanda. Não se pode, em liquidação, discutir novamente as questões resolvidas na decisão liquidanda, tampouco se pode modificar o seu conteúdo (art. 509, § 4º), sob pena de ofensa ao efeito positivo da coisa julgada ou de reconhecimento de litispendência, caso a decisão liquidanda ainda esteja sendo discutida em recurso. Trata-se da regra da fidelidade à sentença liquidanda.
O sujeito passivo da liquidação deve ser cientificado da pretensão do liquidante, a fim de que sobre ela se manifeste. Só é possível ao demandado na liquidação suscitar questões que não ofendam a coisa julgada, nem tenham sido alcançadas pela preclusão. Assim, por exemplo, não se pode alegar aqui a ilegitimidade, para figurar no polo passivo do processo ou da fase de liquidação, daquele que foi apontado como devedor no título judicial, pois o acolhimento desse argumento tornaria inócua a certificação implementada pela decisão liquidanda, o que ofenderia a coisa julgada.
Além de poder impugnar a própria admissibilidade da liquidação, pode o sujeito passivo, quando chamado a manifestar-se sobre a pretensão liquidatória, antecipar algumas das matérias previstas no art. 525, § 1º, do CPC, dedutíveis na impugnação ao cumprimento de sentença – como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença, no caso de liquidação provisória, ou ao trânsito em julgado da sentença, no caso de liquidação definitiva (inciso VII), a falta ou nulidade da citação no processo ou na fase de conhecimento, se houve revelia (inciso I), a incompetência absoluta ou relativa do juízo da liquidação (inciso VI), o impedimento ou a suspeição do juiz, nos termos dos arts. 146 e 148 (art. 525, § 2º), bem como o reconhecimento da inconstitucionalidade do ato normativo em que se fundou a sentença liquidanda (art. 525, § 12). Não teria sentido, em casos tais, exigir que o sujeito passivo aguardasse o momento próprio para apresentar impugnação, o que implicaria, muitas vezes, o dispêndio desnecessário de energia processual, com exercício inútil da função jurisdicional.
1.2. Modelos processuais de liquidação
Existem três técnicas processuais para viabilizar a liquidação de sentença: (a) fase de liquidação: a liquidação ocorre dentro de um processo já existente, como questãoprincipal de uma fase do procedimento exclusivamente destinada a esse objetivo; (b) processo de liquidação: a liquidação é objeto de um processo de conhecimento autônomo, instaurado com essa exclusiva finalidade; (c) liquidação incidental: a liquidação ocorre como um incidente processual da fase executiva do procedimento ou do processo autônomo de execução.
1.2.1. A fase de liquidação[footnoteRef:6]: A liquidação por arbitramento e a liquidação pelo procedimento comum (arts. 509, incisos I e II, respectivamente)[footnoteRef:7] devem ser buscadas, como regra, numa fase específica do processo que se abre com essa exclusiva finalidade: a fase de liquidação. [6: Para Nelson e Rosa Maria Nery, a liqudação será sempre nova ação: “Mesmo sendo ação, a atual sistemática, baseada naquela empreendida pela L 11232/05 (que modificou o CPC/1973), simplifica e agiliza a liquidação, de modo a dar-lhe rito procedimental mais expedito, sem a autonomia e independência que havia no regime do revogado CPC/1973 603/611. Mas isso não lhe retira a natureza jurídica de ação, que se exerce, contudo, dentro do mesmo processo, entendido este como sendo o conjunto formado pela cumulação de todas as pretensões e ações que se desenvolvem em simultaneus processus, sem instaurar nova relação jurídica processual. Portanto, na prática, a liquidação funciona como procedimento de sequência da ação de conhecimento sem maiores formalidades, isto é, sem necessidade de petição inicial e com dispensa da citação do réu.”] [7: Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. § 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta. § 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. § 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira. § 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.] 
Nesses casos, a liquidação de sentença constitui uma etapa - algumas vezes, necessária - de complementação da atividade cognitiva e de preparação para a atividade executiva.
Formulado o requerimento para a liquidação pelo credor ou pelo devedor (isso é, a liquidação não pode ser deflagrada de ofício pelo juízo), o juiz determinará, no caso da liquidação por arbitramento, a intimação das partes para apresentação de pareceres e documentos (CPC, art. 510) ou, no caso da liquidação pelo procedimento comum, a intimação da parte requerida para contestar no prazo de 15 dias.[footnoteRef:8] [8: Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial. Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.] 
Trata-se de intimação justamente porque não há instauração de novo processo – o procedimento de conhecimento continua, mas agora em nova fase.
A decisão que encerra a fase de liquidação em primeiro grau de jurisdição é sentença (em sentido estrito), porque finaliza uma fase cognitiva do procedimento em primeira instância, complementando a norma jurídica individualizada estabelecida na decisão liquidanda. De fato, na primeira fase de conhecimento, o magistrado certifica alguns elementos da obrigação; nesta fase, certifica-se o elemento restante (normalmente, o quantum debeatur). Não se trata de decisão interlocutória, mas de sentença.[footnoteRef:9] [9: O silêncio sobre a liquidação da sentença coletiva não impede a interpretação de que o regramento geral também se lhe aplica; ou seja, salvo quando se tratar de sentença coletiva relacionada a direitos individuais homogêneos - caso em que a liquidação deve ser buscada pelos titulares individuais, em processo autônomo -, a liquidação coletiva pode ser buscada numa fase específica do processo coletivo, sem a necessidade de instauração de um novo processo apenas com esse objetivo.] 
Quando se tratar de liquidação-fase, a competência para proceder à liquidação da sentença será do juízo que proferiu a decisão liquidanda, aplicando-se os incisos I e II do art. 516 do CPC.[footnoteRef:10] [10: Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; (…).] 
1.2.2. O processo de liquidação: A regra é a liquidação como fase do processo; mas é possível que ela seja buscada por meio de processo autônomo. Remanesce o processo de liquidação para as hipóteses de sentença penal condenatória transitada em julgado, sentença arbitral (que não possa, eventualmente, ser liquidada no juízo arbitral), sentença estrangeira homologada pelo STJ, do acórdão que julga procedente revisão criminal (art. 630 do CPP), bem como a sentença coletiva nas ações que versam sobre direitos individuais homogêneos. Nesses casos, ou não há processo anterior no qual seja possível instaurar-se uma fase de liquidação ou, mesmo havendo um processo anterior, nele não é possível instaurar-se essa fase de liquidação. Aplica-se-lhes, por analogia, o regramento previsto para a fase de liquidação, mas haverá necessidade da instauração de um processo autônomo. Assim, é necessária a citação do demandado, e não a simples intimação prevista nos arts. 510 e 511 do CPC.[footnoteRef:11] [11: Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: (…) VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; (…) § 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. ] 
Normalmente, em casos tais, a liquidação será pelo procedimento comum (art. 509, II), embora também possa ser, ao menos em tese, por arbitramento (CPC, art. 509, I), mas necessariamente ensejará um processo autônomo de liquidação, que se encerrará, em primeira instância, com a prolação de uma sentença.
Em se tratando de processo autônomo de liquidação, aplica-se o inciso III do art. 516.[footnoteRef:12] [12: Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (…) III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.] 
1.2.3. O incidente de liquidação ou liquidação incidente: Além da liquidação como fase e da subsistência, em situações especiais, do processo de liquidação, remanesce também, no atual regramento, a liquidação incidental, assim entendida aquela que ocorre como incidente processual da execução. A liquidação incidental é possível, por exemplo, na execução para a entrega de coisa ou de obrigação de fazer ou de não fazer, se, inviabilizado ou inútil o cumprimento da prestação específica, o objeto da execução é convertido em prestação pecuniária. Outro exemplo é o do § 8o do art. 854 do CPC que dispõe que “A instituição financeira será responsável pelosprejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz”. O Enunciado n. 541 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) firmou o entendimento de que “a responsabilidade que trata o art. 854, § 8º, é objetiva e as perdas e danos serão liquidadas de forma incidental, devendo ser imediatamente intimada a instituição financeira para preservação do contraditório”.
A decisão que resolve a liquidação incidental é interlocutória, por resolver incidentalmente uma questão, sem encerrar o processo executivo. Se essa decisão interlocutória versar sobre o mérito da pretensão de liquidação, tem aptidão para, tornando-se irrecorrível, fazer coisa julgada.
Quando se tratar de liquidação-incidente, não há dúvida: considerando que se trata de incidente cognitivo que surge no curso da fase executiva do processo ou no curso de processo de execução autônomo, a competência para conhecê-lo é do mesmo juízo competente para conhecer da execução.
1.3. As espécies de liquidação
A depender da providência que precise ser adotada para a complementação da decisão judicial, é possível visualizar duas espécies de liquidação (art. 509): a) a liquidação por arbitramento e b) e a liquidação pelo procedimento comum.
1.3.1. A liquidação por arbitramento: Liquidação por arbitramento é aquela em que a apuração do elemento faltante para a completa definição da norma jurídica individualizada depende da produção de prova técnica - normalmente a pericial, em qualquer das suas modalidades (exame, vistoria ou avaliação, nos termos do artigo 464 do CPC). De acordo com o art. 509, I, do CPC, deve-se optar por esse tipo de liquidação sempre que (i) assim o determinar a decisão liquidanda, (ii) houver convenção das partes nesse sentido, antes ou depois da prolação da decisão liquidanda, ou (iii) assim o exigir a natureza do objeto da liquidação.[footnoteRef:13] [13: Importa destacar que, nos termos da Súmula 344 do STJ: “A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada".] 
Normalmente, porém, é a própria natureza do objeto que exige a liquidação por arbitramento. É o que ocorre, por exemplo, quando é necessário valer-se do conhecimento especializado de engenheiro para aferir a extensão dos danos causados num prédio em virtude do desabamento do prédio vizinho, ou do conhecimento de um médico para aferir o grau da incapacidade laborativa da pessoa em favor de quem fora certificado o direito à percepção de pensão mensal decorrente de acidente do trabalho, ou ainda para se aferir o valor pecuniário da coisa que deveria ser entregue, da obrigação de fazer ou de não-fazer, que não puderam ser cumpridas na forma específica. 
É possível que a liquidação por arbitramento se desenvolva como fase do processo, como processo autônomo ou como incidente da fase executiva ou do processo de execução. 
O artigo 510 define que, deflagrada a liquidação, “o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial”.
A liquidação por arbitramento continua sendo uma liquidação deflagrada para viabilizar a produção de prova técnica, pericial. Sucede que essa prova pericial pode ser dispensada caso o juízo se sinta em condições e decidir com lastro nos pareceres técnicos e documentos eventualmente trazidos aos autos pelas partes.[footnoteRef:14] [14: Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.] 
Se a petição deflagradora da liquidação vier acompanhada de laudo técnico ou novos documentos, o juízo intimará a parte adversária, por seu advogado ou sociedade de advogados, para, querendo, apresentar, também ela, laudo técnico e novos documentos, no prazo fixado - além de poder, como visto anteriormente, apresentar defesa quanto ao pedido liquidatório. Se a parte adversária, devidamente cientificada, não apresentar seu próprio laudo técnico, ou não trouxer documentos, então o juízo precisará seguir adiante, nomeando perito para realização da análise técnica do fato probando. Se, porém, a parte adversária, cientificada, trouxer aos autos o seu laudo ou novos documentos, então o juízo deverá avaliar se a prova pericial é dispensável.
Se o liquidante não tiver laudo ou novos documentos a apresentar, deverá então deflagrar a liquidação requerendo ao juízo que nomeie perito. Deve o magistrado, nesta mesma oportunidade, nomear perito especializado no objeto da perícia, determinar que ele apresente proposta de honorários, fixar o prazo para a entrega do laudo e formular os quesitos que pretende ver respondidos pelo expert. É possível, no entanto, que as partes escolham consensualmente o perito (CPC, art. 471), caso em que a sua escolha prevalecerá.
Quando intimado da nomeação do perito, o liquidante tem 15 dias para arguir, se for o caso, o seu impedimento ou suspeição, indicar assistente técnico e apresentar quesitos (CPC, art. 465, § 1º).
A ciência ao sujeito passivo da liquidação será feita (i) quando se tratar de liquidação por arbitramento instaurada como fase de um processo ou como incidente, por intimação dirigida ao seu advogado (art. 510) ou sociedade de advogados; ou (ii) quando se tratar de processo de liquidação, por citação dirigida ao próprio sujeito passivo.
Cientificado do ato postulatório, o sujeito passivo poderá - no prazo fixado pelo juiz ou, à sua falta, no prazo de 15 dias (art. 511): (i) insurgir-se, por exemplo, contra a admissibilidade do procedimento ou contra a própria pretensão à efetivação que a liquidação visa preparar, nos termos e nos limites indicados anteriormente, no item relativo à cognição judicial na liquidação, (ii) manifestar-se sobre o laudo ou os novos documentos eventualmente apresentados pelo liquidante, podendo contrapor-lhes o seu próprio laudo particular ou seus próprios documentos; (iii) impugnar o perito nomeado, por entendê-lo inabilitado ao exercício do mister (art. 468, I), (iv) mediante petição específica, arguir o seu impedimento ou suspeição (art. 465, § 1º, I, c/c arts. 146 e 148) ou ainda (v) simplesmente apresentar os seus quesitos de perícia e indicar o seu assistente técnico.
É possível, ainda, que o sujeito passivo, embora devidamente cientificado, silencie. A despeito disso, em razão dos estreitos limites desse tipo de liquidação - que visa tão somente a complementar a norma jurídica individualizada mediante a produção de uma prova pericial -, não se pode falar em incidência dos efeitos da revelia, vez que os fatos com os quais se trabalha aqui são, necessariamente e por definição, fatos já discutidos na fase cognitiva prévia ou no processo cognitivo anterior e a solução acerca da sua existência ou inexistência já foi dada pela decisão liquidanda, que não pode ser afastada pela ausência de manifestação do sujeito passivo.
Havendo alguma reação por parte do sujeito passivo, com dedução de defesas processuais, alegação de fatos novos ou juntada de documentos, o liquidante deverá ser chamado a manifestar-se, em atenção ao contraditório, no prazo de 15 dias, em consonância com os arts. 350, 351e 437, § 1º, todos do CPC.
Ao final, o juízo proferirá (i) decisão interlocutória, quando se tratar de liquidação por arbitramento como incidente processual; (ii) sentença, quando se tratar de liquidação por arbitramento como fase ou como processo autônomo.
1.3.2. A liquidação pelo procedimento comum: Se a apuração do montante da dívida ou a individuação do objeto da prestação depender de prova de fato novo, ainda que essa prova seja pericial, deve-se proceder à liquidação pelo procedimento comum.[footnoteRef:15] [15: Art. 511. Na liquidaçãopelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.] 
Fato novo é aquele relacionado com o valor, com o objeto ou, eventualmente, com algum outro elemento da obrigação, que não foi objeto de anterior cognição na fase ou no processo de formação do título. O novo não diz respeito necessariamente ao momento em que o fato ocorreu, mas o seu aparecimento no processo: novo não é o fato posterior à decisão liquidanda, mas o fato que ainda não foi discutido no processo, ainda que anterior à decisão liquidanda. Ou seja, fato novo é aquele evento ou ocorrência ainda não verificado, dentro do processo, quer por inexistir quando da instauração do mesmo (fato novo superveniente ao processo) quer por não ter sido objeto de alegação, discussão e prova dentro do processo (aqui a novidade decorre da não alegação, discussão e prova, embora o fato não seja necessariamente novo, quanto à sua existência).
Por exemplo, se a sentença condena o réu ao pagamento das despesas com o tratamento médico a que, no futuro, o autor venha a se submeter, para que este último possa cobrar do devedor a respectiva quantia, deverá demonstrar fatos novos, que não foram objeto de conhecimento no momento de formação do título, consistentes na superveniência da despesa, na sua vinculação com o tratamento médico e no seu valor. Do mesmo modo, se a decisão confere ao sócio excluído o direito a parcela do estabelecimento comercial de determinada empresa, pode haver necessidade de alegação e demonstração de fatos novos, como a qualidade, quantidade, características e valor dos bens individuais que compõem essa universalidade de fato (art. 89 do CC).[footnoteRef:16] Por último, submetem-se também à liquidação pelo procedimento comum, para que possam ser executados, a sentença penal condenatória (art. 91, I, CP), o acórdão que julga procedente revisão criminal (art. 630, CPP) e a decisão que certifica direitos individuais homogêneo, vez que aí, necessariamente, serão imprescindíveis a alegação e a prova de fatos novos. [16: Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.] 
A liquidação, nesse caso, pode desenvolver-se como uma fase do processo ou como processo autônomo. Em ambos os casos, deve-se observar o procedimento estabelecido no art. 511 do CPC. 
A liquidação se inicia por requerimento do credor ou do devedor. Nessa petição, o liquidante indicará o fato novo (ou fatos novos) em que fundamenta o seu pedido. Em se tratando de fase de liquidação por artigos, o sujeito passivo será cientificado mediante intimação dirigida ao seu advogado ou à sociedade de advogados a que estiver vinculado (art. 511). No caso de processo autônomo de liquidação por artigos, o sujeito passivo será citado.
O art. 511 do CPC prevê que o juiz deve determinar a intimação/citação do requerido para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 dias. A partir de então, deve-se seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial do Código. A referência é ao procedimento comum, cujo regramento se inicia no art. 318 do CPC. Mas, ao contrário do que ocorre no procedimento comum, a regra é que a intimação ou citação do requerido seja diretamente para contestar e não participar de audiência de conciliação e mediação.
Na contestação, além de poder discutir os requisitos de admissibilidade da liquidação e de poder impugnar os fatos novos que compõem a causa de pedir, poderá o requerido declinar qualquer dos argumentos de defesa pertinentes à cognição judicial na liquidação.
Se, porém, não apresentar resposta, incide o efeito da revelia relativo à presunção relativa de veracidade dos fatos (novos) afirmados no requerimento de liquidação (art. 344 do CPC).
Oferecida ou não a resposta, a liquidação seguirá o procedimento comum e será decidida, necessariamente, por sentença, eis que o pronunciamento aí tem aptidão para pôr fim a uma fase cognitiva (complementar) do procedimento em primeira instância. Desde que verse sobre questão de mérito e se torne irrecorrível, a decisão que encerra a liquidação tem aptidão para revestir-se da coisa julgada material.

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