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Liquidação de Sentença (Processo Civil)

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Um dos requisitos da decisão é a liquidez. Considera-se líquida a decisão que define a extensão 
do direito subjetivo por ela certificado, isto é, define o quantum debeatur, nas prestações 
sujeitas a quantificação, bem assim aquela que individualiza completamente o objeto da 
prestação. 
Quando é ilíquida, uma decisão precisa ser liquidada para poder ser título que fundamente a 
execução. 
Não é possível falar em liquidação de título executivo extrajudicial, já que a liquidez, ao lado da 
certeza e da exigibilidade, são atributos indispensáveis para que as obrigações representadas em 
tais títulos possam permitir um processo de execução (CPC, art. 783). 
Obs: Exc: Isso, porém, não significa que não existe, ou que não pode existir, liquidação em 
processo de execução de título extrajudicial. O título extrajudicial não pode ser ilíquido; mas, 
iniciada, por exemplo, a execução para entrega de coisa ou para a satisfação de um fazer ou de 
um não-fazer, fundada em título extrajudicial, pode ser que não seja possível obter o 
cumprimento da obrigação na forma específica, o que exigirá a conversão em perdas e danos, 
a ser apurada mediante liquidação. 
A decisão deve conter pronunciamento sobre: 
a) o an debeatur (existência da dívida); 
b) o cui debeatur (a quem é devido); 
c) o quis debeat (quem deve); 
d) o quid debeatur (o que é devido); 
e) nos casos em que o objeto da prestação é suscetível de quantificação, quantum debeatur (a 
quantidade devida). 
 
A existência da dívida. A quem é devido. Quem deve. O que é devido. Quanto é devido. 
Diz-se ilíquida a decisão que deixa de estabelecer o montante da prestação (quantum 
debeatur), nos casos em que o objeto dessa prestação seja suscetível de quantificação ou que 
deixa de individualizar completamente o objeto da prestação, qualquer que seja a sua natureza 
(quid debeatur). 
 
 
 
Conceito: liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva pela qual se busca 
complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial. 
Obs: 
a) Há algumas situações em que a decisão define todos os elementos da norma jurídica 
individualizada, mas é necessário fazer cálculos aritméticos, de acordo com os 
parâmetros indicados na própria decisão ou na lei, para que se possa aferir, em pecúnia, 
o quantum debeatur; esses cálculos são feitos, conforme se verá, na chamada "liquidação 
por cálculo do credor". CÂNDIDO DINAMARCO entende que não há aí, propriamente, 
liquidação, na medida em que, segundo diz, "fazer contas não é liquidar, porque uma 
obrigação determinável por simples conta é líquida, não ilíquida" si. Não concordamos 
com o seu pensamento. Não há dúvida de que o grau de iliquidez de uma obrigação 
certificada nesses termos é menor, se comparada, por exemplo, a uma obrigação 
pecuniária cujo quantum debeatur sequer é determinado. Mas é justamente por isso que 
ela é ilíquida: as decisões podem ser mais ou menos ilíquidas, mas, em qualquer dessas 
hipóteses, serão ilíquidas. A atividade necessária para liquidá-la - se uma "simples" conta, 
uma perícia ou ampla e complexa produção probatória -determina apenas o 
procedimento de liquidação a ser adotado. É um equívoco dizer que não há liquidação 
só porque a atividade que se exige é mínima. Ora, é mínima, mas é atividade de 
quantificação. 
 
b) Em outros casos, quando as obrigações de fazer, não-fazer ou de entrega de coisa não 
podem ser cumpridas na forma específica, abre-se, no curso da fase executiva do 
processo ou do próprio processo autônomo de execução, um incidente cognitivo para 
apurar o valor em dinheiro dessa prestação, a fim de que se possa convertê-la numa 
obrigação de pagar quantia; a essa atividade de apuração do quantum debeatur 
também se dá o nome de liquidação. 
 
A decisão que encerra a liquidação: há quem entenda ser ela meramente declaratória, há quem 
a entenda constitutiva. 
De fato, tem ela caráter constitutivo, na medida em que tem por função tornar líquida uma 
prestação até então ilíquida. Com isso, promove, claramente, uma alteração na sua situação 
jurídica, o que é típico das decisões constitutivas, permitindo que o credor possa, agora sim, 
inserido nesse novo status jurídico, efetivar o título que lhe certifica um direito de prestação. 
Esse caráter constitutivo existe em qualquer decisão judicial, na medida em que cria ("constitui") 
a norma jurídica individualizada. 
Mas a decisão que encerra a liquidação tem também uma forte carga de declaração, visto que 
dispõe sobre a existência e o modo-de-ser de uma relação jurídica pré-existente. Essa afirmação 
do modo-de-ser da relação jurídica já certificada judicialmente parece ser a sua característica 
preponderante podendo-se dizer que, por isso, a decisão que encerra a liquidação é declaratória. 
É possível, como será examinado adiante, que, na liquidação, não se consiga apurar qualquer 
valor ou que se conclua pelo "valor zero". Nesse caso, a sentença também será declaratória, 
reconhecendo não haver qualquer valor a ser executado. 
 
Modelos processuais de liquidação: 
Processo autônomo de liquidação, Fase de liquidação e Liquidação incidental: 
Com a promulgação da Lei l 1 .232/2005, pretendeu-se eliminar o processo de liquidação de 
sentença. A regra agora é que a liquidação deve ser buscada numa fase do processo, que tem 
múltiplos objetivos (é sincrético): certificar o direito, liquidar (complementar a certificação) e 
efetivar a decisão judicial'. 
Pode-se dizer, pois, que, atualmente, há três técnicas processuais para viabilizar a liquidação de 
sentença: 
(a) fase de liquidação: a liquidação ocorre dentro de um processo já existente, como questão 
principal de uma fase do procedimento exclusivamente destinada a esse objetivo; 
(b) processo de liquidação: a liquidação é objeto de um processo de conhecimento autônomo, 
instaurado com essa exclusiva finalidade; 
(c) liquidação incidental: a liquidação ocorre como um incidente processual da fase executiva do 
procedimento ou do processo autônomo de execução. 
 
 
Fase de liquidação: 
 
A liquidação por arbitramento e a liquidação por artigos, atualmente, por expressa disposição 
legal (CPC, arts. 509, I e 509, II, respectivamente), devem ser buscadas numa fase específica do 
processo que se abre com essa exclusiva finalidade: a fase de liquidação. O silêncio sobre a 
liquidação da sentença coletiva não impede a interpretação de que o regramento geral também 
se lhe aplica; ou seja, salvo quando se tratar de sentença coletiva relacionada a direitos 
individuais homogêneos - caso em que a liquidação deve ser buscada por cada um dos titulares 
individuais, em processo autônomo-, a liquidação coletiva pode ser buscada numa fase 
específica do processo coletivo, sem a necessidade de instauração de um novo processo apenas 
com esse objetivo. 
Assim, por exemplo, numa ação civil pública em que se busca reparação pelo equivalente 
pecuniário em virtude de prejuízos causados ao meio ambiente, a liquidação do valor da 
indenização por danos materiais imposta ao réu deve ser buscada como fase do processo, 
previamente à instauração da fase executiva do julgado. 
Prescreve que o réu será intimado do requerimento de liquidação de sentença, na pessoa do seu 
advogado, e não mais citado como constava do texto anterior. Exige-se o contraditório, 
obviamente, mas não se fala mais em citação exatamente porque não há instauração de um 
novo processo; o processo de conhecimento continua pendente, agora em nova fase. Essa 
intimação pode ser feita pelo órgão de publicação oficial. 
A despeito de se tratar de fase do procedimento - e, por isso, submeter-se ao princípio geral do 
impulso oficial (CPC, art. 2), a liquidação depende de requerimento do interessado; é o que se 
depreende da leitura do supracitado art. 509, do CPC, que faz alusão expressa ao "requerimento" 
de liquidação de sentença. 
A liquidação, embora seja uma mera fase do procedimento,inicia-se por uma demanda, que 
contém um objeto próprio, a ser examinado pelo juiz, mediante atividade desenvolvida em 
contraditório e cooperação com as partes, mediante uma nova cognição. 
A decisão que encerra a fase de liquidação em primeiro grau de jurisdição é sentença (em 
sentido estrito), porque finaliza uma fase cognitiva do procedimento em primeira instância, 
complementando a norma jurídica individualizada estabelecida na decisão liquidanda. De fato, 
na primeira fase de conhecimento, o magistrado certifica alguns elementos da obrigação; nesta 
fase, certifica-se o elemento restante (normalmente, o quantum debeatur). 
 
Processo de liquidação: 
 
Ainda remanesce o processo de liquidação para as hipóteses de sentença penal condenatória 
transitada em julgado, sentença arbitral (que não possa, eventualmente, ser liquidada no juízo 
arbitral), sentença estrangeira homologada pelo STJ, do acórdão que julga procedente revisão 
criminal (art. 630 do CPP), bem como a sentença coletiva nas ações que versam sobre direitos 
individuais homogêneos. 
Haverá necessidade da instauração de um processo autônomo, de uma nova relação jurídica 
processual. Essa é a razão do parágrafo único do art. 515 do CPC: "Nos casos dos incisos VI, VII e 
VIII, o mandado inicial (art. 523) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para 
liquidação ou execução, conforme o caso". 
A liquidação aí normalmente será por artigos (CPC, art. 509, II), embora também possa ser, ao 
menos em tese, por arbitramento (CPC, art. 509, I), mas necessariamente ensejará um processo 
autônomo de liquidação, que se encerrará, em primeira instância, com a prolação de uma 
sentença, contra a qual se poderá interpor recurso de agravo de instrumento. 
 
Liquidação incidental (ou liquidação-incidente): 
 
Aquela que ocorre como incidente processual da execução. 
 
Ocorre nas seguintes situações: 
(a) na execução por quantia certa, quando houver necessidade de atualizar o valor devido, 
defasado pelo decurso do tempo ou por qualquer razão (v. g. pagamento parcial) modificado no 
curso do processo; 
(b) em execução para a entrega de coisa ou de obrigação de fazer ou de não fazer, quando 
inviabilizado o cumprimento da prestação específica, transforma-se o objeto da execução em 
prestação alternativa de pagar perdas e danos (CPC. art. 808, § 2º, art. 816, parágrafo único, 821, 
parágrafo único e 643); 
(c) na execução para entrega de coisa, para apurar o valor das benfeitorias indenizáveis feitas 
pelo devedor ou por terceiro (CPC, art. 810)"'. 
Liquidação incidental por apresentação de memorial de cálculos pelo credor (liquidação por 
cálculo do credor, sobre a qual se falará mais adiante), mediante planilha que acompanha o seu 
requerimento de execução do julgado; Individualização, pelo credor, no pedido de efetivação de 
título judicial ou extrajudicial que impõe obrigação de dar coisa, do bem a ser entregue pelo 
devedor, nos casos em que ao credor incumbe essa escolha (CPC, arts. 498, par. único, e 811). 
Nesses casos, a liquidação tanto pode ocorrer como um incidente da fase executiva do processo 
- p. ex., quando, para a liquidação do julgado, basta a apresentação de memorial de cálculos pelo 
credor, acompanhando o requerimento de execução (CPC, art. 509, §2º), como pode representar 
um incidente de um processo autônomo de execução - é o que ocorre, p. ex., na liquidação por 
cálculos do credor nas execuções por quantia certa movidas contra a Fazenda Pública, que ainda 
hoje exigem a instauração de um processo autônomo de execução, ou na liquidação do valor da 
indenização, quando, em execução de obrigação de fazer, não-fazer ou de dar coisa fundada em 
título judicial 18 ou extrajudicial, mostrar-se inviável a tutela específica (CPC, arts. 809, § 2°, 816, 
p. ún. 821, p. ún., e 823). 
A decisão que resolve a liquidação incidental é interlocutória, e, por isso, agravável (art. 1.015 
CPC), porque não põe fim a nenhuma fase do procedimento, mas apenas resolve um incidente 
da fase executiva. Se, no entanto, essa decisão interlocutória versar sobre o mérito da 
pretensão de liquidação, tem aptidão para, tornando-se irrecorrível, fazer coisa julgada 
material. 
Legitimidade para requerer a liquidação: 
É possível dizer, de uma forma geral, que a legitimidade para instaurar a liquidação de sentença, 
seja como processo autônomo, como fase ou como incidente, é daquele apontado como credor 
no título a ser liquidado. Nesse caso, a liquidação é instaurada contra aquele apontado como 
devedor no mesmo título. 
A Lei Federal n. 11.232/2005 revogou o art. 570 do CPC, que permitia ao devedor "instaurar" o 
processo executivo - na verdade, promover uma ação de consignação em pagamento. 
Coerentemente, retirou-se, também, a legitimidade do devedor para a instauração do 
procedimento de liquidação - que antes era conferida pelo art. 605, que foi revogado e cujo 
texto não foi aproveitado em nenhum outro dispositivo. 
ARAKEN DE Assis, no entanto, obtempera: (a) o art. 334 do CC assegura ao obrigado o direito de 
liberar-se da obrigação pela consignação; (b) o art. 523 prevê uma multa ao vencido (dez por 
cento) sobre o valor fixado na condenação ou na liquidação. Assim, "existem indícios suficientes 
apontando a existência de interesse bilateral em liquidar a dívida". O autor entende que o 
devedor tem legitimidade para requerer a liquidação de sua dívida. Eis a sua lição: 
"Tratando-se de dívida pecuniária e, portanto, passível de liquidação por intermédio de cálculo 
aritmético, o vencido requererá o depósito nos próprios autos do processo, aplicando-se, 
conforme a atitude tomada pelo credor, o art. 788 ( ...) Mas, nos casos em que se mostra 
necessária liquidação cio título por arbitramento ou por artigos, legitimar-se-á o vencido, 
ativamente, para pleiteá-la, segundo os procedimentos dos artigos 509, I e 509, II". 
A liquidação de sentença também pode ser requerida pelo devedor". 
O devedor pode dar início à liquidação da sentença para que, apurado o valor, possa cumprir 
espontaneamente a obrigação. 
 
Competência para conhecer e julgar a liquidação: 
 
Quando se tratar de liquidação-incidente, não há dúvida: considerando que se trata de incidente 
cognitivo que surge no curso da fase executiva do processo ou no curso de processo de execução 
autônomo, a competência para conhecê-lo é do mesmo juízo competente para conhecer da 
execução. 
Quando se tratar de liquidação-fase, a competência para proceder à liquidação da sentença 
será do juízo que proferiu a decisão liquidanda, aplicando-se aqui os incisos I e II do art. 516 do 
CPC. 
Em se tratando de processo autônomo de liquidação, aplica-se o inciso III do art. 516. 
 
Momento para requerer a liquidação: 
 
Não é necessário aguardar o trânsito em julgado da decisão para só então promover a sua 
liquidação. O art. 512 do CPC admite que se promova a liquidação mesmo na pendência de 
recurso - uma espécie de "Liquidação provisória". O dispositivo está assim redigido: "A liquidação 
poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de 
origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais 
pertinentes". Seguem algumas anotações. 
a) Permite-se que se faça o requerimento de liquidação da sentença na pendência do 
recurso. Não importa que o recurso tenha ou não efeito suspensivo: é possível liquidar 
a decisão judicial, enquanto pendente qualquer recurso contra a decisão liquidanda; 
b) O legislador fala em "recurso", sem especificar. É correta a opção, pois a decisão a ser 
liquidada pode ser sentença, decisão interlocutória, decisão de relator ou acórdão, sendo 
diferentes os recursos cabíveis contra cada urna dessas decisões; 
c) O requerimento de liquidação de sentença, na pendência de recurso, é incidente 
processual que possui autos próprios. Diferentemente da sistemática adotada para a 
execuçãoprovisória (CPC, art. 522), o legislador não enumerou os documentos que 
devem instruir esse incidente. Assim, cabe ao liquidante selecionar as peças que reputar 
pertinentes. Certamente, além de outras, devem constar cópias da petição inicial, da 
sentença liquidanda e das procurações outorgadas aos advogados de ambas as partes. 
d) O advogado pode valer-se do poder que lhe foi conferido pelo inciso IV do art. 405 do 
CPC, que lhe autoriza a declarar autênticas as cópias juntadas, sob sua responsabilidade 
pessoal. 
Se a decisão contiver capítulos líquidos e outros ilíquidos, é possível ao credor promover, 
simultaneamente, a liquidação destes e a execução daqueles. 
O eventual acolhimento do recurso pendente, com a consequente anulação ou reforma total 
da decisão liquidanda, esvaziará o conteúdo da atividade liquidatória, fazendo que perca o seu 
objeto. Nesse caso, considerando que todo o sistema prevê a responsabilidade objetiva nos 
casos de anulação ou reforma de provimentos fundados em cognição sumária (CPC, art. 520, I, e 
art. 302, por exemplo) e apesar de a liquidação não implicar, a princípio, nenhum ato de 
constrição do patrimônio do sujeito passivo, é possível dizer que os eventuais prejuízos que este 
último venha suportar deverão ser ressarcidos pelo liquidante que por eles responderá 
objetivamente, além de arcar com os ônus da sucumbência. 
 
Cognição da Liquidação: 
 
Não se pode, em atividade liquidatória, discutir de novo as questões resolvidas na decisão 
liquidanda, tampouco se pode modificar o seu conteúdo (CPC, art. 509, parágrafo 1º), sob pena 
de ofensa ao efeito positivo da coisa julgada ou de reconhecimento de litispendência, caso a 
decisão liquidanda ainda esteja sendo discutida em recurso. É o chamado princípio da fidelidade 
à sentença liquidanda. 
Efetivamente, os juros moratórios e a correção monetária podem, sem ofensa à coisa julgada, 
ser incluídos na liquidação, salvo se expressamente foram negados na decisão liquidanda. 
Não se admite, porém, a inclusão, na liquidação, do valor das despesas judiciais ou dos 
honorários de advogado, se a decisão liquidanda não impôs expressamente à parte o pagamento 
dessas parcelas. 
Vale observar que a inclusão dos juros moratórios e da correção monetária na liquidação, 
mesmo sendo omissa a sentença, não implica ofensa à coisa julgada material, pelo simples e 
óbvio motivo de que não houve decisão e, pois, não se pode falar em coisa julgada. 
A matéria de defesa na cognição: 
É possível ao sujeito passivo discutir questões processuais ligadas à própria liquidação, desde que 
não haja comprometimento ou incompatibilidade com o estabelecido na decisão que é objeto 
de liquidação. 
É possível que o demandado na liquidação suscite questões que não ofendam a coisa julgada, 
nem tenham sido alcançadas pela preclusão. Assim, por exemplo, não se pode alegar aqui a 
ilegitimidade, para figurar no polo passivo do processo ou da fase de liquidação, daquele que foi 
apontado como devedor no título judicial, pois o acolhimento desse argumento tornaria inócua 
a certificação implementada pela decisão liquidanda, o que ofenderia a coisa julgada. Mas é 
possível alegar, v. g., eventual ilegitimidade ativa, nos casos em que o liquidante não é aquele 
apontado como credor no título judicial, ou mesmo a inadequação do rito da liquidação. 
Além de poder impugnar a própria admissibilidade da liquidação, pode o sujeito passivo alegar, 
quando chamado a manifestar-se sobre a pretensão liquidatária, algumas das matérias previstas 
no art. 475-L do CPC, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde 
que supervenientes à sentença (inciso VI). 
Acolhida a arguição de qualquer das matérias indicadas no art. 525 e relacionadas acima, a 
liquidação será extinta com ou sem resolução do mérito, a depender da situação. 
Nos casos em que a condenação incluir prestações vencidas e vincendas (CPC, art. 323), 
fundadas em obrigações de trato sucessivo, pode o sujeito passivo da liquidação alegar em sua 
defesa, tal como poderia fazê-lo na impugnação ao pedido executivo (CPC, art. 525), a 
superveniência de fato ou de direito que altere a situação jurídica que se constituiu pela 
sentença liquidanda. Assim, por exemplo, se uma decisão condena o réu a pagar ao autor uma 
pensão mensal, a ser aferida em liquidação, até que o beneficiário complete determinada idade, 
pode o réu, no curso da liquidação, alegar a superveniência do termo final da condenação (a 
idade limite para o pagamento, v. g.), ou mesmo a morte do beneficiário, o que faz cessar, a partir 
daquele termo ou evento, a sua obrigação. Isso é possível porque a decisão liquidanda, em casos 
tais, vem marcada pela cláusula rebus sic stantibus. 
 
Espécies de Liquidação: 
 
É possível visualizar três espécies de liquidação: a) a liquidação por cálculo do credor; b) a 
liquidação por arbitramento; c) e a liquidação por artigos. 
A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada". Na 
verdade, a forma como se deve liquidar uma decisão, assim como os meios executivos impostos 
pelo magistrado, é algo que não se sujeita à coisa julgada. Justamente por isso, ainda que o título 
pré-estabeleça, por exemplo, que a liquidação deve ser feita por artigos, nada impede que ela 
se faça por arbitramento, se o seu procedimento se mostrar suficiente para a complementação 
da atividade cognitiva. 
 
Liquidação por cálculo do credor: 
 
A Lei Federal n. 8.898/94, contudo, alterando o art. 604, caput, CPC, extinguiu a chamada ação 
autônoma de liquidação por cálculo, passando a permitir que, toda vez que a apuração do 
quantum debeatur dependesse de simples cálculos aritméticos -juros, correção monetária, 
encargo etc, o ajuste das contas poderia ser realizado pelo próprio credor (seu advogado ou 
contador pessoal), no bojo da ação executiva, bastando, para tanto, que escoltasse a sua petição 
inicial com "memória discriminada e atualizada" das operações matemáticas realizadas. 
Sucede que a alteração legislativa, tal como foi feita, gerou um inconveniente: executado e 
exequente não raro passavam tempos e tempos discutindo o acerto dos cálculos no curso da 
execução - falhas matemáticas, aplicação de índices equivocados etc.-, sem aguardar o 
procedimento adequado para tanto (à época, os embargos de devedor). Com isso, a agilidade 
almejada restou comprometida. 
Assim, o legislador, não satisfeito com a simples dispensa do procedimento de liquidação por 
cálculos, resolveu incrementar a regulamentação do tema, descendo a pormenores. Incluiu, pois, 
no dispositivo do art. 604, os §§ 1° e 2° (através da Lei Federal n. l 0.444/2002), com a seguinte 
redação: Art. 604. ( ... ) § 1 º. Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados 
existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá 
requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; se os dados 
não forem, injustificadamente, apresentados, pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos 
apresentados pelo credor e a resistência do terceiro será considerada desobediência. 
Lei Federal n. 1 1.232/2005: 
Art. 509, parágrafo 2º. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de 
cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 523 desta 
Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. 
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa 
de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. 
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos 
no § 1º incidirão sobre o restante. 
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, 
mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 
 
Liquidaçãopor arbitramento: 
 
É aquela em que a apuração do elemento faltante para a completa definição da norma jurídica 
individualizada depende apenas da produção de uma prova pericial. De acordo com o art. 509 
do CPC, deve-se optar por esse tipo de liquidação sempre que (i) assim o determinar a decisão 
liquidanda, (ii) houver convenção das partes nesse sentido ou (iii) assim o exigir a natureza do 
objeto da liquidação. 
Ainda que a sentença não o diga expressamente, podem as partes convencionar, antes ou depois 
da prolação da decisão liquidanda, que a liquidação dar-se-á por arbitramento. Mas essa 
convenção será ineficaz se houver necessidade de provar fato novo, caso em que será 
obrigatória a liquidação por artigos. 
É possível que a liquidação por arbitramento se desenvolva como fase do processo, como 
processo autónomo ou como incidente da fase executiva ou do processo de execução66. 
O requerimento apresentado pelo interessado deverá pautar-se numa das hipóteses de 
cabimento desse tipo de liquidação. O art. 510 do CPC é lacônico quanto ao procedimento a ser 
seguido. A despeito do seu silêncio, é forçoso concluir que a petição em que se pede a 
instauração dessa fase do procedimento já deve declinar os quesitos sobre os quais se pretende 
obter uma resposta do perito, bem como indicar o assistente técnico-ou os assistentes técnicos, 
caso se trate de perícia complexa (CPC, art. 475). 
Admitido o requerimento, e embora também aqui seja omisso o regramento dos arts. 509 e 510 
do CPC, o juiz deve determinar que o sujeito passivo seja cientificado da postulação, podendo 
oferecer defesa. Embora não o diga o § 1 º do art. 509 do CPC, o magistrado também deve, para 
evitar dilações indevidas (CF/88, art. 5°, LXXVIII), nesta mesma oportunidade, nomear o perito, 
fixar os seus honorários ou determinar que ele mesmo apresente proposta e formular os quesitos 
que pretende ver respondidos pelo expert. 
A ciência ao sujeito passivo da liquidação será feita (i) quando se tratar de liquidação por 
arbitramento instaurada como fase de um processo ou como incidente, por intimação dirigida 
ao seu advogado (CPC, art. 509, § 1°), o que poderá ser feito por publicação veiculada na 
imprensa oficial; ou (ii) quando se tratar de processo de liquidação, por citação dirigida ao 
próprio sujeito passivo - não mais ao seu advogado, como antes admitia o hoje revogado art. 
603, par. ún., do CPC -, que poderá ser feita por mandado (CPC, art. 515, par. 1º), por via postal 
ou por edital. 
Cientificado do ato postulatório, o sujeito passivo poderá (i) insurgir-se, por exemplo, contra a 
admissibilidade do procedimento ou contra a própria pretensão à efetivação que a liquidação 
visa preparar, nos termos e nos limites indicados acima, no item relativo à cognição judicial na 
liquidação, (ii) impugnar o perito nomeado, por entendê-lo inabilitado ao exercício do mister 
(CPC, art. 468 ), (iii) mediante exceção instrumental, arguir o seu impedimento ou suspeição (CPC, 
art. 148, l li e§ 1 º) ou ainda (iv) simplesmente apresentar os seus quesitos de perícia e indicar o 
seu assistente técnico. 
É possível, ainda, que o sujeito passivo, embora devidamente cientificado, silencie. A despeito 
disso, em razão dos estreitos limites desse tipo de liquidação - que visa tão-somente a 
complementar a norma jurídica individualizada mediante a produção de uma prova pericial-, não 
se pode falar em incidência dos efeitos da revelia, sobretudo o da presunção de veracidade dos 
fatos afirmados na inicial (CPC, art. 344), vez que os fatos com os quais se trabalha aqui são, 
necessariamente e por definição, fatos já discutidos na fase cognitiva prévia ou no processo 
cognitivo anterior e a solução acerca da sua existência ou inexistência já foi dada pela decisão 
liquidanda, que não pode ser afastada pela ausência de manifestação do sujeito passivo. 
Havendo alguma reação por parte do sujeito passivo, com dedução de defesas processuais, 
alegação de fatos novos ou juntada de documentos, o liquidante deverá ser chamado a 
manifestar-se, em atenção ao contraditório, podendo o magistrado fixar-lhe o prazo de 10 dias, 
em consonância com os arts. 350 e 351 do CPC, ou, no caso de juntada de documentos, o prazo 
de 5 dias (CPC, parágrafo 1º, art 437). A falta de indicação do prazo pelo juiz, porém, fará incidir 
o art. 218 do CPC, que prevê o prazo supletivo de cinco dias. 
Oferecida exceção de imparcialidade contra o perito, contra este correrá o incidente, na forma 
do art. 148, § 1°, do CPC. Obviamente, também o liquidante, tomando ciência do perito 
nomeado, poderá arguir, por exceção instrumental, a sua parcialidade. 
 
Liquidação por artigos: 
 
Se a apuração do montante da dívida ou a individuação do objeto da prestação depender de 
prova de fato novo, ainda que essa prova seja pericial, deve-se proceder à liquidação por artigos 
(CPC, arts. 509, II e 511). Fato novo é aquele relacionado com o valor, com o objeto ou, 
eventualmente, com algum outro elemento da obrigação, que não foi objeto de anterior 
cognição na fase ou no processo de formação do título. O novo não diz respeito 
necessariamente ao momento em que o fato ocorreu, mas ao seu aparecimento no processo. 
Por exemplo, se a sentença condena o réu ao pagamento das despesas com o tratamento médico 
a que, no futuro, o autor venha a se submeter, para que este último possa cobrar do devedor a 
respectiva quantia, deverá demonstrar fatos novos, que não foram objeto de conhecimento no 
momento de formação do título, consistentes na superveniência da despesa, na sua vinculação 
com o tratamento médico e no seu valor. 
Por último, submetem-se também à liquidação por artigos, para que possam ser executados, a 
sentença penal condenatória (CP, art. 91, l), o acórdão que julga procedente revisão criminal 
(CPP, art. 630) e a decisão que certifica direitos individuais homogêneos, vez que aí, 
necessariamente, serão imprescindíveis a alegação e a prova de fatos novos. 
A liquidação por artigos pode desenvolver-se como uma fase do processo ou como processo 
autônomo. 
Qualquer que seja o procedimento a ser seguido, a liquidação será iniciada a requerimento do 
interessado (CPC, art. 509). Nessa petição, o liquidante indicará o fato novo (ou fatos novos) em 
que fundamenta o seu pedido. É nesse sentido que se fala em liquidação por artigos: é necessário 
que o pedido de liquidação articule-isto é, exponha, indique-os fatos novos em que se baseia. 
Isso consubstancia a sua causa de pedir. 
Em se tratando de fase de liquidação por artigos, o sujeito passivo será cientificado mediante 
intimação dirigida ao seu advogado (CPC, art. 509), o que poderá ser feito por publicação 
veiculada na imprensa oficial. No caso de processo autônomo de liquidação por artigos, o sujeito 
passivo será citado pessoalmente, o que poderá ser feito por mandado (CPC, art. 515.), por via 
postal ou por edital. Em regra, a citação haverá de ser feita por via postal, aplicando-se o caput 
cio art. 247 do CPC. Somente quando não for possível a citação por via postal ou quando frustrada 
a primeira tentativa de citar o demandado (CPC, art. 249) é que se deverá realizar a citação por 
oficial ele justiça. 
Uma vez citado, o sujeito passivo terá oportunidade de oferecer sua defesa - na audiência a ser 
designada, se o rito for o sumário, ou em 15 (quinze) dias, se o rito for o ordinário. Além ele poder 
discutir os requisitos de admissibilidade da própria liquidação e de poder impugnar os próprios 
fatos novos que compõem a causa de pedir, poderá ele declinar qualquer dos argumentos de 
defesa indicados anteriormente, no item relativo à cognição judicial na liquidação. 
Se, porém, não apresentar resposta, incide o efeito da revelia relativo à presunção relativa de 
veracidade dos fatos (novos) afirmados no requerimento de liquidação (CPC, art. 344). 
Prevalecendo a presunção de veracidade, admite-se o julgamento antecipadodo pedido 
liquidatório (CPC, art. 335, II). Por fim, nos casos em que a liquidação por artigos se desenvolve 
como fase do processo, se o sujeito passivo possui advogado constituído nos autos, não se aplica 
o art. 346 do CPC, e a ele devem ser dirigidas as intimações relativas aos atos subsequentes. 
Oferecida ou não a resposta, a liquidação segue o rito próprio (ordinário ou sumário) e será 
decidida, necessariamente, por sentença, eis que o pronunciamento aí tem aptidão para pôr fim 
a uma fase cognitiva (complementar) do procedimento em primeira instância. 
Liquidação com dano zero (sem resultado positivo) e o Non Liquet: 
3 situações: 
Não há dano – Obrigação de indenizar é decorrente de uma decisão – Ação coletiva (existe 
dano coletivo) 
A liquidação com dano zero ou sem resultado positivo é aquela em que se conclui que o 
liquidante não sofreu dano algum, isto é, o quantum debeatur é zero, o que torna inexistente o 
próprio an debeatur (existência da dívida). É o que ocorre, por exemplo, quando a prova pericial, 
na liquidação por arbitramento, indica que o liquidante, credor de indenização por supostos 
prejuízos decorrentes de conduta praticada pelo réu, na verdade não sofreu dano algum, ou 
quando o autor alega que os reajustes no seu benefício previdenciário deveriam ser feitos de 
acordo com um determinado índice, distinto do utilizado pela autarquia previdenciária, e vê 
reconhecido o seu direito por sentença, que remete à posterior liquidação o cálculo das 
diferenças mensais, mas na liquidação se percebe que o índice preferido pelo autor/liquidante e 
cuja aplicação foi imposta por sentença é pior do que aquele até então utilizado pela autarquia 
previdenciária. 
Essa situação teratológica (patológica) decorre de que, provavelmente, na fase cognitiva inicial 
não foram investigadas a contento as circunstâncias de fato que supostamente alicerçavam o 
direito afirmado pelo credor. O suporte fático do an debeatur não estava completo. A sentença, 
portanto, que firma juízo condenatório em situações como esta, mostra-se incerta, insuscetível 
de firmar um preceito, porque o direito por ela certificado não foi suficientemente investigado, 
o que a torna um ato jurídico nulo. Trata-se de uma anomalia juridicamente inadmissível em 
nosso sistema. 
Diante de uma situação como essa, o que deve fazer o juiz que preside a liquidação? Como fica 
ele frente à regra do art. 509, parágrafo 1º do CPC que o proíbe modificar a norma individualizada 
contida na sentença liquidanda? TEORI ZAVASCKI, acertadamente, conclui que a única forma de 
não se onerar o sujeito passivo duplamente - visto que já foi alvo de condenação anômala - é 
julgar-se improcedente o pedido de liquidação. 
Se não há o que liquidar, o caso, então, é de julgar improcedente o pedido liquidatório. Ora, a 
partir do momento em que, nas palavras do próprio julgado, "nenhuma das partes está em 
condições de demonstrar a existência e extensão desse dano", isso demonstra que há uma 
deficiência na própria decisão liquidanda, que certificou um direito à indenização sem aferir 
adequadamente essas questões de fato. 
É possível, ainda, falar em liquidação com dano zero, nos casos em que a obrigação de indenizar 
é um efeito anexo da decisão, como ocorre com a sentença penal condenatória, com as 
sentenças que extinguem execução provisória ou fazem cessar a eficácia de medida cautelar, 
ou ainda com o acórdão que julga procedente revisão criminal. Nesses casos, como o grau de 
iliquidez é maior, é perfeitamente possível que se chegue à conclusão de que dano algum 
ocorreu, caso não seja provada a sua extensão; aqui, a liquidação sem resultado positivo é um 
fenômeno fisiológico, e não patológico. 
Ademais, pode-se falar em liquidação com dano zero mesmo quando a existência do dano (an 
debeatur) já tenha sido abstratamente definida. Isso é possível nas ações individuais de 
liquidação dos títulos formados nas ações coletivas versando sobre interesses individuais 
homogêneos: nesse caso, os titulares desses direitos individuais homogêneos já certificados (em 
tese) poderão ingressar com suas respectivas ações individuais de liquidação, demonstrando os 
prejuízos concretamente sofridos, o nexo de causalidade com o dano causado pelo réu e o 
montante desses prejuízos. Se não conseguem demonstrar esses prejuízos concretamente 
sofridos, ter-se-á então liquidação com dano zero. 
Outra questão interessante, e que guarda consonância com o que aqui se diz, é a relativa à 
possibilidade, ou não, de o magistrado, não estando convencido diante das provas produzidas na 
fase ou no processo de liquidação, pronunciar o non liquet, isto é, deixar de julgar por não ter 
elementos para tanto. 
A falta de prova acerca da extensão da obrigação ou do seu objeto revela, na verdade, o mesmo 
problema apontado linhas atrás, quando se falou no "valor zero": insuficiência da investigação 
empreendida na anterior fase cognitiva acerca das circunstâncias de fato que supostamente 
alicerçavam o direito afirmado pelo credor. Provar que o valor é zero ou não provar o valor é, 
por caminhos distintos, chegar à mesma conclusão: a de que a própria obrigação não existe. 
Diante de uma situação como essa, portanto, não pode o juiz pronunciar o non liquet - atitude, 
aliás, que lhe é vedada expressamente pelo ordenamento (CPC, art. 140) -, porque não julgar 
é desrespeitar o direito fundamental do jurisdicionado de acesso à justiça (CF/88, art. 5°, XXXV). 
A participação do juiz deve ser ativa, determinando, até mesmo de oficio (CPC, art. 370), a 
produção de provas acerca dos fatos discutidos na liquidação88. Se, ainda assim, não for obtida 
prova da extensão da obrigação ou do seu objeto, cumpre-lhe aplicar as regras de ônus da 
prova e decidir pela improcedência do pedido de liquidação. 
Não se pode dizer que a liquidação deve ser extinta sem exame de mérito, porque o exaurimento 
dos meios de prova não é questão vinculada à admissibilidade do pedido de liquidação, mas 
questão afeta ao seu mérito. Tampouco se pode usar esse argumento para justificar a 
possibilidade de o liquidante reiterar o seu pedido em momento posterior, pois isso 
representaria flagrante ofensa à segurança jurídica.

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