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GESTÃO ESCOLAR Aula 1: Estado do conhecimento em supervisão, administração e orientação educacional: breve histórico Introdução Na nossa trajetória escolar, já ouvimos falar de “Diretor”, Supervisor e Orientador Educacional. Mas afinal, qual o papel de cada um especificamente no cotidiano escolar? Qual a importância do trabalho coletivo desses profissionais para se efetivar uma educação de qualidade na escola? Nesta aula, vamos refletir e discutir estas questões! Pedagogos em busca de uma identidade coletiva Repensar os novos rumos da escola significa refletir as exigências atuais dos profissionais que dela fazem parte. Para entendermos a educação contemporânea e as atribuições dos que fazem parte deste cenário, é preciso que façamos uma retrospectiva histórica. Se começarmos pela origem da palavra pedagogia, veremos que ela deriva dos termos, paidós e agogé, que teve seu início na antiga Grécia. Estamos falando em pedagogia, pois é a ciência do ensino, e a Supervisão, a Administração e a Orientação Educacional são nos dias atuais especializações dos profissionais de pedagogia. Agora que ficamos sabendo da essência da palavra pedagogia lá nos primórdios da Grécia e que o seu objeto de estudo é a educação, vamos para o Brasil dos anos 70, com a formação dos pedagogos, ou seja, os “especialistas em educação”, promulgada pela Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixava as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus. Com a seguinte redação: Art. 33 A formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas de educação será feita em curso superior de graduação, com duração plena ou curta, ou de pós-graduação. Neste momento, a grande polêmica do trabalho desses profissionais pedagogos era a compartimentação do trabalho, uma vez que o termo “especialistas” dividiu o trabalho na escola, pois as contribuições das especializações deveriam acrescentar no trabalho do cotidiano escolar, como veremos mais adiante, no decorrer de nossa conversa. Com o advento da promulgação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, percebemos sinalização de mudanças no contexto educacional, de modo a ajustar as necessidades sociais presentes e futuras e a redação em relação à formação dos profissionais da Pedagogia, ficando da seguinte forma: Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação a base comum nacional. Neste contexto, promulga-se que o Pedagogo é uma das funções de magistério, como ficou estabelecido por meio do artigo 67 da referida lei, em seu parágrafo 2º, como veremos a seguir: § 2o Para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. Em consequência do que sinalizou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394/96, a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, que Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, aponta não só mais para o trabalho do Pedagogo no Curso de Graduação em Pedagogia, mas também para a docência no conjunto das suas habilitações e extingue as habilitações nos Cursos de Graduação em Pedagogia, a partir deste momento conferindo as “especializações” aos Cursos de Pós-Graduação Lato-Sensu. Estas questões foram contempladas na Resolução das seguintes formas, nos artigos que se seguem: Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Art. 10 As habilitações em cursos de Pedagogia atualmente existentes entrarão em regime de extinção, a partir do período letivo seguinte à publicação desta Resolução. A mudança dos paradigmas da formação veio junto às mudanças de concepções filosóficas da atuação profissional do Pedagogo no ambiente escolar, após o seu Curso de Graduação, como podemos ver no artigo da Resolução CNE/CP nº 1, que abordamos anteriormente, conforme a transcrição, a seguir: Art. 3º O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades, composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia, é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. Os Pedagogos já formados começam a repensar suas atribuições dentro da realidade social vigente, inicialmente cada um dentro da sua especificidade, para depois repensar as ações conjuntas, sendo os olhares diferenciados, próprios de cada um, o elemento multiplicador das ações, na busca de uma educação de qualidade. Podemos perceber esta abordagem, pelo seguinte questionamento que envolve a Gestão, a Supervisão e a Orientação Educacional: ...) não é mais possível compreender um administrador como gestor das atividades-meio, que mais tem parecido um gestor de condomínio à cata de recursos financeiros para dar conta das necessidades mínimas da escola e de formas de baratear os custos da educação; Tampouco imaginar um supervisor especializado em currículo, que não esteja profundamente sintonizado com as mudanças no mundo de trabalho e com a gestão do trabalho pedagógico, ou um orientador especializado em dificuldades de aprendizagem, identidades, trabalho, sem que tudo isto esteja organicamente referido à totalidade do trabalho pedagógico, expresso no projeto da escola, o qual, mais do que documento, expressa síntese possível de relações sociais contraditórias, atravessada por diferentes concepções, motivações, formações e finalidades, com base nas relações de poder que se estabelecem na escola e em suas relações com a comunidade. (KUENZER, 2002, p.65) Neste momento, vamos expressar as angústias de cada um separadamente, para depois tratarmos da proposta de trabalho em equipe. Então, comecemos pela Supervisão, com a seguinte inquietação: SUPERVISOR A tradicional concepção de formação do supervisor também foi superada em decorrência das mudanças no mundo do trabalho e da ampliação da concepção de currículo e de projeto político- pedagógico, que passou a incorporar os conceitos de poder, de multiculturalismo, de saberes populares, baseados em novas formas de compreensão das relações entre trabalho, cultura e conhecimento que originaram novas formas de compreensão da teoria e das práticas pedagógicas, cujo impacto já começa a se deslocar dos cursos de pedagogia para os cursos de formação de professores nas diferentes áreas do conhecimento. (KUENZER, 2002,p.65) ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Continuando a nossa conversa, iremos constatar uma das questões referentes à Orientação Educacional, na atualidade. A Orientação, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito mais abrangente, no sentido de sua dimensão pedagógica. Possui caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de educação de qualidade nas escolas. O orientador está comprometido com a formação da cidadania dos alunos, considerando, em especial, o caráter da formação da subjetividade. Da ênfase anterior à orientação individual, reforça-se, hoje, o enfoque coletivo (a construção coletiva da escola e da própria sociedade), sem, entretanto, perder de vista que esse coletivo é composto por pessoas, que devem pensar e agir com base em questões contextuais, envolvendo tanto contradições e conflitos, como realizações bem-sucedidas. (GRINSPUN, p.31, 2006) GESTOR Assim como se refletiu a atuação dos Supervisores e Orientadores Educacionais, também se fez necessário, repensar o papel do Gestor no contexto escolar contemporâneo. Esta é uma das formas dessa reflexão, entre outras indagações da Gestão: (...) não é mais possível compreender um administrador como gestor das atividades-meio, que mais tem parecido um gestor de condomínio à cata de recursos financeiros para dar conta das necessidades mínimas da escola e de formas de baratear os custos da educação; tampouco imaginar um supervisor especializado em currículo que não esteja profundamente sintonizado com as mudanças no mundo de trabalho e com a gestão do trabalho pedagógico, ou um orientador especializado em dificuldades de aprendizagem, identidades, trabalho, sem que tudo isto esteja organicamente referido à totalidade do trabalho pedagógico, expresso no projeto da escola, o qual, mais do que documento, expressa síntese possível de relações sociais contraditórias, atravessada por diferentes concepções, motivações, formações e finalidades, a partir das relações de poder que se estabelecem na escola e em suas relações com a comunidade. (KUENZER, 2002, p.65) Aula 2: Escola e paradigmas de gestão Caminhos da gestão da escola Para iniciarmos este estudo, que tem os paradigmas da gestão escolar como foco principal, temos que nos reportar ao conceito de escola para podermos entender os paradigmas atuais da gestão no cotidiano das escolas. A ideia de instituição, presente no significado citado de escola, inicialmente não nos remete aos prédios, como temos na atualidade, pois se notarmos, se referem inicialmente à reunião em praças públicas para praticar filosofia e trocar ideias. Percebemos então, uma transmissão não sistemática de informações, diferente de nossa atualidade, em que além das pessoas envolvidas no processo de aprendizagem, temos também um prédio com mobiliários e toda uma infraestrutura de recursos humanos, no sentido de facilitar a dinâmica da instituição escolar. Podemos perceber que, com o passar dos tempos, tivemos mudanças visíveis nesta estrutura, pelo menos nas questões relativas aos prédios e mobiliários, como podemos perceber por meio das ilustrações a seguir: Convidamos você a refletir esta evolução, lendo a citação de LUCKESI. ...) Todavia, à medida que a organização da sociedade foi adquirindo a forma de divisão de classes – um segmento dominante e um segmento dominado – e que a organização social foi exigindo formas de ação mais complexas, devido à ampliação de sua produção, foi crescendo a acumulação de experiências sociais; foi se tornando necessária uma educação mais estruturada, institucionalizada. Então, a educação espontânea já não era mais suficiente para dar conta da transmissão e assimilação das condutas, dos comportamentos e dos saberes necessários à sobrevivência da comunidade. A vida social, pela complexidade que adquirira, já exigia formas de transmissão e assimilação de condutas que a pura espontaneidade da convivência já não satisfazia mais. (LUCKESI, p.79, 2001) Percebemos que as mudanças que ocorreram na dinâmica da escola se deram por necessidades de determinados momentos sociais. A nossa escola atual já passou por diversas mudanças de paradigmas para atender as questões sociais prementes, nem sempre para atender aos educandos, mas sim, por questões do poder político, onde nem todos tinham acesso à escola, pois em certa época só quem detinha o poder que frequentava o espaço escolar. Esta instituição não era para todos, como se promulga atualmente nos textos legais. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; O início da história da escola no Brasil não podia ser diferente do que já discutimos até então. Se deu com o domínio dos colonizadores, por meio dos jesuítas que representavam a Igreja Católica – exemplo de poder político da época - e tinham o objetivo inicial de “catequizar” os índios que aqui estavam quando os colonizadores chegaram. Tendo o início da escola pública no período imperial, com Dom Pedro, que inclusive institui uma Lei que organizava a educação das crianças e instituiu o dia do professor e a questão da profissão do professor e os currículos escolares. Isto aconteceu em 15 de outubro de 1827 e, desde então outras reformas e legislações aconteceram no Brasil, no âmbito educacional, que contribuíram para mudanças de paradigmas da gestão escolar no país. Refletiremos as nossas questões de estudo agora, especificamente a trajetória da escola no Brasil, com mais uma leitura de uma citação de LUCKESI: No Brasil, desde a Colônia até nossos dias, a escola foi privilégio do segmento dominante. Na Colônia, eram as novas gerações dos proprietários de terra e dos comerciantes que podiam ter acesso à educação; Hoje, quem tem acesso à escola de melhor qualidade são as gerações descendentes daqueles que possuem melhores condições econômicas. O povo quer a escola, mas nem por isso tem acesso a ela. E quando o tem, quase nunca pode permanecer nela, seja pelas condições sociais de vida, seja pelas condições satisfatórias em que o ensino se dá, seja pela má qualidade do ensino. (LUCKESI, p.79, 2001) Como percebemos na citação de LUCKESI, o acesso e permanência na escola é uma das grandes dificuldades nas nossas escolas, e constitui um dos grandes desafios da gestão de nossas escolas hoje, no Brasil, pois além da necessidade de que todos tenham acesso à educação, precisamos que a escolaridade dos brasileiros melhore com sua permanência nos bancos escolares, como promulgam os discursos legais. Vejamos: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Em nossa fala inicial, tivemos a intenção que você pudesse perceber claramente os paradigmas atuais da gestão da nossa educação escolar, tanto em nível de gestão governamental (macro), quanto em nível de gestão nas escolas (âmbito micro), quando afirmamos que as mudanças que ocorrem na dinâmica da escola se dão por necessidades de determinados momentos sociais. AULA 3: Administração/gestão – refletindo os conceitos Diferenças entre administração e gestão Administração: Do latim, ad (junto de) e ministrativo (prestação de serviço) significa ato de prestar serviço ou ajuda. Gestão: Do latim, gestione Ato de gerir; gerência, administração. Percebemos que as definições das palavras “administração” e “gestão”, têm significados parecidos, porém em nossos estudos vamos defini-las dentro de uma abordagem filosófica atual da educação, para podermos entender a mudança de termos, que inicialmente erade administração escolar e atualmente utilizamos gestão escolar. Paradigmas da educação Como vimos na aula anterior, as mudanças de paradigmas na educação aconteceram para suprir as necessidades prementes de um certo tempo social e a questão da gestão vem de encontro a um paradigma atual da educação, que já vinha sendo questionado há bastante tempo. Tomamos como exemplo um trecho do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” de 1932: Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo o de caráter econômico lhe pode disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sistema cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa, que são os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade. No entanto, se depois de 43 anos de regime republicano, se der um balanço ao estado atual da educação pública, no Brasil, se verificará que, dissociadas sempre as reformas econômicas e educacionais, que era indispensável entrelaçar e encadear, dirigindo-as no mesmo sentido, todos os nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda criar um sistema de organização escolar, à altura das necessidades modernas e das necessidades do país. Tudo fragmentário e desarticulado. A situação atual, criada pela sucessão periódica de reformas parciais e frequentemente arbitrárias, lançadas sem solidez econômica e sem uma visão global do problema, em todos os seus aspectos, nos deixa antes a impressão desoladora de construções isoladas, algumas já em ruína, outras abandonadas em seus alicerces, e as melhores ainda não, em termos de serem despojadas de seus andaimes... Onde se tem de procurar a causa principal desse estado antes de inorganização do que de desorganização do aparelho escolar, é na falta, em quase todos os planos e iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos problemas de educação. Ou, em poucas palavras, na falta de espírito filosófico e científico, na resolução dos problemas da administração escolar. (...) O modelo da administração científica e clássica de Taylor e Fayol Começamos a visualizar os pedidos de mudanças nos paradigmas de administração, por meio de parte do manifesto de 1932, porém não podemos esquecer que a administração de nossas escolas teve como modelo a administração científica e clássica de Taylor e Fayol, respectivamente. A maior crítica a este modelo de administração reside no fato de que o primordial era a produtividade, sem muitas das vezes considerar o “ser” humano como o centro da organização, ou seja, no nosso caso das instituições escolares. O modelo da administração científica e clássica de Taylor e Fayol Vamos entender agora a transição de administração para gestão no contexto educacional. Vamos observar a figura para darmos continuidade à abordagem desta aula: ➢ Liderança define e tem a supremacia sobre a estratégia. ➢ Gestores controlam a estratégia de forma fragmentada e não compartilhada. ➢ Funcionários executam tarefas sem conhecimento de seu papel estratégico. Este tipo de “administração” não mais se adequa ao contexto educacional contemporâneo, e como dissemos inicialmente, a troca dos termos de administração para gestão está ligada à atitude filosófica, pois como podemos perceber por meio da ilustração, hoje o trabalho em grupo é uma necessidade, não só da escola, mas de outros setores de nossa sociedade em geral. Em contraponto com a proposta da figura anterior, teremos outra ilustração que traduz uma proposta de trabalho em equipe, nos dando uma visão mais ampla da proposta atual de gestão educacional. Equipe ➢ Abertura de novas ideias ➢ Uma meta clara ➢ Papéis claros ➢ Compromisso com a meta ➢ Decisões por consenso ➢ Reconhecimento dos esforços de cada membro ➢ Auto-avaliação periódica ➢ Suporte da coordenação Ao finalizarmos este estudo esperamos ter caracterizado a mudança de paradigma de administração para gestão no contexto escolar, não só como uma mudança de termos, mas sim em uma mudança de postura em busca de atender a escola contemporânea em busca da efetivação de seu papel, que é ensinar com qualidade e totalidade, na certeza de uma sociedade próspera, com a contribuição do ambiente escolar. Aula 4: Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores Em nossos estudos anteriores, pudemos perceber que mudanças foram necessárias no contexto educacional contemporâneo para atender às questões prementes em nossa sociedade atual. Diante dessas mudanças, vamos refletir sobre a importância do papel da gestão neste contexto. A implementação de mudanças mais profundas na escola, que possibilitem uma melhor adequação às novas demandas sociais, proporcionando uma educação de qualidade, requer alteração na concepção de gestão das organizações escolares. Aquele modelo de gestão que utiliza processos mecânicos de decisão e repetição acrítica das velhas soluções terá que ser substituído por um novo modelo, mais dinâmico e flexível, que possibilite as adaptações necessárias com a rapidez desejável. (VIEIRA, p.14,2002) Para que você consiga visualizar as abordagens referentes à educação atual, selecionamos algumas questões promulgadas nas legislações em relação à educação no Brasil. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 9.9394/96 Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extra-escolar. XI – vinculação da educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Ser gestor desta escola é um grande desafio! Sua formação deverá ser realizada em Curso de Pedagogia e necessariamente complementada em curso de Pós Graduação em Gestão Escolar, conforme sinalizou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 e a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, que Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia. Concomitante às legislações, foram implementados Programas e Projetos Oficiais de formação de gestores das escolas públicas, como verificaremos nos quadros que se seguem: PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORESO Programa Nacional Escola de Gestores foi implementado, em caráter experimental, em 2005, sob a coordenação do INEP, tendo realizado um projeto-piloto de formação de dirigentes, por meio de um curso de 100 horas que atingiu 400 dirigentes de escolas de 10 estados da federação. Nesse curso utilizou-se o suporte tecnológico do e-Proinfo. A re-elaboração do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica tem como referência, além da avaliação do projeto-piloto realizada pelo INEP, estudo realizado sobre programas de formação de gestores escolares, que teve como objetivo analisar de forma comparativa cinco programas voltados para a formação de gestores escolares, indicando suas principais características em relação às novas tendências educativas. São eles: Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares – PROGESTÃO, Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica, Programa de Formação Continuada de Gestores da Educação Infantil e Fundamental – PROGED, Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores – CINPOP, Programa de Formação de Gestores da Educação Pública – UDJF. As definições das diretrizes do referido curso de formação continuada e as ações daí decorrentes, explicitadas nesse documento, resultam de trabalho coletivo, que envolveu o diálogo entre o Ministério da Educação, as universidades, as entidades e associações da área, bem como o CONSED e a UNDIME.Leia agora: Diretrizes Nacionais do Curso de Pós Graduação em Gestão Escolar. PROGRAMA NACIONAL “ESCOLA DE GESTORES DE EDUCAÇÃO BÁSICA” O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública faz parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e surgiu da necessidade de se construir processos de gestão escolar compatíveis com a proposta e a concepção da qualidade social da educação, baseada nos princípios da moderna administração pública e de modelos avançados de gerenciamento de instituições públicas de ensino, buscando assim, qualificar os gestores das escolas da educação básica pública, a partir do oferecimento de cursos de formação a distância. A formação dos gestores é feita por uma rede de universidades públicas, parceiras do MEC. O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública tem como objetivos gerais: - Formar, em nível de especialização (lato sensu), gestores educacionais efetivos das escolas públicas da educação básica, incluídos aqueles de educação de jovens e adultos, de educação especial e de educação profissional.- Contribuir com a qualificação do gestor escolar na perspectiva da gestão democrática e da efetivação do direito à educação escolar com qualidade social.- Como resultado dessa iniciativa, o MEC espera a melhoria dos índices educacionais das escolas e municípios atendidos. Para mais informações, leia agora: Escola de Gestores da Educação Básica. PROGESTÃO O Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares - PROGESTÃO nasceu como programa pioneiro, no Brasil, de educação à distância para capacitação de lideranças escolares. Foi desenhado a partir de uma demanda específica de um grupo de Secretários de Estados da Educação, na década de 90, tendo como meta principal o desenvolvimento de uma gestão democrática focado no sucesso escolar do aluno. O Programa propõe a discussão entre membros do colegiado escolar sobre temas como sucesso e permanência de alunos na escola, projeto pedagógico, avaliação institucional, gerenciamento financeiro, espaço físico, patrimônio da escola, avaliações externas, recursos humanos, entre outros. A partir de 2001 este Programa vem sendo implantado no país, por adesão das Secretarias de Estado da Educação e foi concebida para ser utilizada de forma descentralizada. A metodologia do Programa inclui três componentes básicos: a) os materiais instrucionais; b) o sistema de apoio à aprendizagem e c) o sistema de avaliação.Para mais informações, leia agora: O que é o Progestão? Mas, como capacitá-los para estarem aptos a administrar recursos humanos e materiais dentro destas expectativas, que não fizeram parte do cotidiano escolar destes gestores anteriormente? Diante do contexto das orientações legais da educação brasileira, percebemos que o antigo modelo de “administração” não satisfaz as concepções vigentes, sendo o modelo de gestão democrática o necessário para atender as demandas da escola a caminho da educação para todos e de qualidade O primeiro envolvido nesta sensibilização deve ser o gestor, para que ele possa entender os caminhos e ser um multiplicador dessas concepções no cotidiano escolar. Percebemos que os programas de formação de gestores ocorreram em nível nacional, utilizaram tecnologias diversas para que as capacitações fossem efetivadas e se deram na forma de capacitação continuada em serviço Por isso a necessidade que fossem cursos semipresenciais, na modalidade à distância, com tutorial, material impresso e mídias diversas. O que também propiciou outro tipo de formação a esses gestores, ou seja, a utilização de tecnologias de informação e comunicação. A incorporação das tecnologias de informação e comunicação – TIC - na escola contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para promover a criação de comunidades colaborativas de aprendizagem, que privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a formação continuada, a gestão administrativa, pedagógica e de informação. As novas relações com o saber que as TIC propiciam, principalmente com acesso à Internet, potencializam a articulação da escola com outros espaços produtores do conhecimento e provocam mudanças substanciais em seu interior, apontando para a criação de um espaço complexo, aberto e flexível, no qual o ensino, a aprendizagem e a gestão participativa se desenvolvem em um processo colaborativo com trocas recíprocas, respeito mútuo e liberdade responsável. (ALMEIDA, p. 41, 2002) Até então falamos em formação continuada dos gestores que já estavam atuando na gestão das escolas públicas. Porém, os parâmetros da formação inicial para Gestores Escolares, que atualmente se dá nos Cursos de Pós-Graduação Lato-Sensu, pois com a Resolução CNE/CP 1/2006, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, as habilitações foram extintas no Curso de Graduação em Pedagogia, que são a Orientação Educacional, Supervisão Escolar e a Gestão Escolar, são os mesmos. Como podemos constatar nos Programas de Formação de Gestores, muitos foram oferecidos como Cursos de Pós-Graduação Lato- Sensu para o grupo de gestores que já eram graduados. E se prestarmos atenção nas propostas destes cursos, concluiremos que, tanto a formação continuada, quanto a formação inicial de gestores escolares, têm a mesma linha filosófica, ou seja, a gestão democrática em busca da qualidade no ensino. Aula 05: Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil: limites e perspectivas Gestão da Escola Básica no Brasil Vamos iniciar este estudo entendendo como é a organização da educação no Brasil, por meio de um primeiro quadro, que se segue: LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 9.394/96 TÍTULO V Dos Níveis e das Modalidades da Educação e do Ensino CAPÍTULO I Da Composição dos Níveis Escolares Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I – educação básica formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. II- educação superior. Como o quadro nos mostra, a educação no Brasil está organizada em dois níveis de ensino, ou seja, a educação básica e a educação superior e nesta aula abordaremos as questões da gestão inerentes à educação básica, também visualizamos por meio do quadro anterior, que este nível de educação escolar é composto pela educação infantil, ensino fundamentale ensino médio. Vamos a um próximo quadro que evidencia uma questão comum a todas as modalidades de ensino, da educação básica: LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 9.394/96 Art. 22. A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Percebemos a questão de “assegurar a formação comum indispensável para o exercício da cidadania”, como um dos grandes desafios da gestão da educação básica, pois assegurar isto no ambiente escolar, não seria fácil responder, pela falta do exercício efetivo da cidadania no chão da escola em seu cotidiano, isto envolve uma jornada árdua e longa, tendo como ponto-chave a gestão na promoção deste processo. Além de conhecer as orientações legais referentes ao contexto educacional, é preciso que compreenda a “cultura da escola”, para que práticas relativas ao exercício da cidadania se efetivem na escola. Vamos aos exemplos deste sistema de avaliação na educação básica: (...) Compreender a escola e sua cultura antes de mudá-la! Prioriza o significado sobre a administração. Vá com calma. Seja paciente. Não desaprove prematuramente, aguarde até poder julgar de maneira sensata. A tradição é tão importante quanto a mudança (Louden, 1991). Melhorias reais significam mais do que mudanças; envolvem também a conservação daquilo que é bom. A preservação sábia requer uma compreensão profunda. Compreender a cultura não é um processo passivo. Nias e colegas (1989) defendem que a percepção constitui o cerne da questão. Tal percepção é capaz de ser altamente ativa, e deveria sê-lo. Isso envolve muita observação, saídas do gabinete, caminhadas pela escola ou aquilo a que Peters (1987) chama de Liderança Através de Caminhadas sem Compromisso. Compreender e escutar de maneira dinâmica são fundamentais para um verdadeiro líder imerso na cultura da escola. (FULLAN & HARGREAVES, p.106, 2000) Neste contexto o exercício da cidadania significa respeito, não só ao aluno como um ser individual, mais à escola como um todo, não deixando de esquecer que gestão educacional, não se relaciona somente ao gestor do espaço escolar, mas também aos gestores que estão a nível macro. Como estudamos anteriormente, neste caso as orientações também têm a necessidade de respeitar as peculiaridades de cada sistema, por isso, leis educacionais maiores deliberam e os demais sistemas de ensino regulamentam as orientações, conforme as suas realidades. Vamos a um próximo quadro para entendermos melhor esta questão: LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 9.394/96 Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de 200 dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; (...) Inicialmente relacionamos o exercício da cidadania às atitudes respeitosas que deve ter a gestão como exemplo, agora vamos além, pois a gestão da educação seja na educação básica ou na educação superior, também envolve coerência e bom senso, tanto a nível macro (MEC, secretarias estaduais e municipais de educação) ou micro (gestores e equipes que estão na escola). Quando propomos a você visualizar no quadro anterior, a carga horária e dias letivos mínimos para a organização da educação básica, foi para que você pudesse perceber que, não há a estipulação de cronograma de meses e horários para a distribuição desses dias e horas mínimas estipuladas na LDB 9.394/96, ficando a organização deste cronograma a cargo de cada sistema de ensino, conforme as peculiaridades locais. Este é um exemplo de coerência e bom senso, pois não é regra que as férias escolares têm que ser no mês de janeiro e o recesso no mês de julho, competindo a cada sistema de ensino organizar seus calendários conforme as necessidades de suas comunidade, bem como o número de dias e carga horária, só tendo que atender número de dias e horas mínimas estipuladas na LDB. Quantos conhecimentos têm que perpassar pela gestão da escola básica? Vamos visualizar um outro quadro, com mais uma das questões relacionadas à educação básica nas escolas brasileiras: LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 9.394/96 Art. 9º A União incumbir-se-á de: (...) IV – estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; (...) VI – assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino (...) Quando falamos em currículos e conteúdos mínimos, nos reportamos às Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais, em relação a cada modalidade de ensino, como os exemplos que se seguem, para facilitar a sua compreensão desta questão: ENSINO FUNDAMENTAL Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem o primeiro nível de concretização curricular. São uma referência nacional para o ensino fundamental. Têm como função subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos (...) REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Sua função é contribuir com as políticas e programas de educação infantil, socializando informações, discussões e pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO MÉDIO Estes Parâmetros cumprem o duplo papel de difundir os princípios da reforma curricular e orientar o professor, na busca de novas abordagens e metodologias. Dando continuidade aos nossos estudos, vamos entender o que vem a ser o processo nacional de avaliação do rendimento escolar, que segundo a LDB Nº 9.394/96, deve ser assegurado pela União no ensino fundamental, médio e superior, e como vimos anteriormente os currículos mínimos também já foram previstos nesta legislação. A gestão deve ter como referencial, que preparar para o exercício pleno da cidadania é propiciar ao educando um ensino de qualidade, de modo que ele possa assegurar os estudos em condições de igualdade com os demais cidadãos, de modo que seus alunos aprendam e apliquem esses conteúdos no seu cotidiano de maneira segura. Agora que você já tem conhecimento das avaliações que são de responsabilidade do INEP – Instituto Educacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” – que fazem parte do Saeb ( Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), é importante que você também saiba da Prova Brasil, como mostramos na logomarca, que se segue: Em 2005, paralelamente à avaliação do Saeb, foi realizada uma outra avaliação, essa de natureza quase censitária, o que permitiria a divulgação dos resultados por municípios e por escolas, ampliando as possibilidades de análise dos resultados da avaliação. Nasce assim, a Prova Brasil, que utiliza os mesmos procedimentos utilizados pelo Saeb. A escola básica, fará parte da formação de nossos alunos por pelo menos 09 anos de suas vidas, sem contar os anos da educação infantil, temos aí o grande desafio da gestão, pois muitas serão as aprendizagens que precisam ser significativas para o exercício pleno da cidadania dessas crianças inicialmente, que saemadolescentes ou jovens da educação básica. Vamos a uma contribuição que contempla esta questão: Cabe ressaltar que a gestão escolar é uma dimensão, um enfoque de atuação, um meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola, desenvolvam as competências que a sociedade demanda, dentre as quais evidenciam: pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas, de forma contextualizada; expressar ideias com clareza, tanto oralmente, como por escrito; empregar a aritmética e as estatísticas para resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentadas e resolver conflitos, dentre muitas outras competências necessárias para a prática da cidadania responsável. Portanto, o processo de gestão escolar deve estar voltado para garantir que os alunos aprendam sobre o seu mundo e sobre si mesmos em relação a esse mundo, adquiram conhecimentos úteis e aprendam a trabalhar com informações de complexidades gradativas e contraditórias da realidade social, econômica, política e científica, como condição para o exercício da cidadania. (LÜCK, p. 07, 2000). Aula 06: Gestão Democrática da Escola Pública Os quadros nos mostram que a gestão democrática do ensino público está prevista em lei, desde a promulgação da Constituição da República de 1988, que é a nossa lei maior e, como consequência, também está entre os princípios da educação brasileira na lei de diretrizes e bases da educação nacional nº 9.394/96. É importante refletir o conceito de democracia para discutirmos o significado de gestão democrática, que também não é de fácil entendimento, pois muitos de nós ainda não tivemos a oportunidade de vivenciar a gestão democrática da escola, e, talvez também tivesse a mesma reação da Mafalda ao ler o que é a “gestão democrática da escola”, pois só viu o exemplo contrário do significado e muitas das vezes com o rótulo de “gestão democrática”, quando não se é de fato. Democracia: ("demo+kratos") é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico. Percebemos que a democracia está relacionada à tomada conjunta de decisões, pelas pessoas ou por seus representantes eleitos para decidirem questões da coletividade. A Gestão Democrática é uma forma de gerir uma instituição, de maneira que possibilite a participação, transparência e democracia. Visualizamos a gestão democrática também como participação coletiva que está ligada à democracia, mais ainda temos que entender porque a gestão democrática da escola pública no sistema de ensino brasileiro. Para tal, recorreremos a dois quadros que serviram de exemplos na abordagem da aula 04 – “Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores” – para começarmos a desvendar os caminhos da gestão democrática da escola pública no Brasil. Quando falamos em recursos financeiros na gestão democrática do ensino público, estamos nos reportando às especificidades de cada “unidade” escolar, na decisão das suas prioridades e que “a verba é da escola”, “não do gestor”, sendo assim, a gestão junto ao grupo decidirá quais serão as aplicações feitas com as verbas recebidas, seja do governo federal, estadual ou municipal. Existem alguns programas de repasse de verbas do governo federal às escolas, sendo o PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola – um dos mais importantes, vejamos a seguir como se dá este Programa: Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) consiste no repasse anual de recursos às escolas públicas do ensino fundamental estaduais, municipais e do Distrito Federal e as do ensino especial, mantidas por organizações não governamentais (ONGs), desde que registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). O repasse dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) é feito anualmente pelo FNDE às contas bancárias das unidades escolares, cabendo a elas utilizar os recursos, de acordo com as decisões dos órgãos colegiados da escola. Os recursos podem ser utilizados para as seguintes finalidades: Aquisição de material permanente; Manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar; Aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola; Capacitação e aperfeiçoamento de profissionais da educação; Avaliação de aprendizagem; Implementação de projeto pedagógico e desenvolvimento de atividades educacionais. O valor transferido a cada escola é determinado com base no número de alunos matriculados no ensino fundamental ou na educação especial estabelecido no Censo Escolar do ano anterior ao do atendimento. Tendo em vista a importância assumida pelo PDDE no cotidiano das escolas, em razão deste programa se caracterizar pelo repasse de dinheiro direto para as escolas públicas de todo o país, vamos discutir a seguir o referido programa e o papel do Conselho Escolar na gestão do mesmo. (BRASIL, pág.66, 2006) A participação na gestão democrática da escola pública vai muito além do financeiro, pois tudo que é decidido tem como foco principal a qualidade do ensino oferecido pelas escolas. A preocupação com a qualidade de ensino tem que ser uma preocupação que perpasse por toda a educação básica, para que os alunos não cheguem despreparados ao final da educação básica. Esta questão tem que ser pensada também por toda a gestão do ensino público, de forma conjunta e respeitosa. Isso é gestão democrática do ensino público. Para concluir, destacamos que a Gestão democrática na escola pública é primordial para a qualidade do ensino nos dias atuais. É papel das instituições escolares se adequar as questões legais de todo o processo de aprendizagem e investir na educação democrática e transformadora. Aula 7: Políticas Sociais no Brasil: descentralização em um Estado federativo Nesta aula, esclareceremos o que é Política Social, sua abrangência e importância para a conquista da cidadania plena. Identificaremos os projetos e programas da Política Social brasileira, específicos do direito à educação. Percebemos durante os nossos estudos que “assegurar a formação comum indispensável para o exercício da cidadania do educando” constitui finalidade da educação básica no Brasil, deliberada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394/96. Nesta aula trataremos da questão de políticas sociais. Para discutirmos o tema proposto nesta aula, inicialmente estaremos nos reportando à questão da cidadania, não só dos educandos, mas de toda uma população brasileira. Precisamos entender o que é cidadania para podermos estudar fatos relativos às políticas sociais. Vamos ao conceito geral de cidadania no quadro a seguir: O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania pressupunha, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade. Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão. "Cidadania: direito de ter direito". Pode-se entender, portanto, que a cidadania brasileira é a soma de conquistas cotidianas, na forma da lei, de reparações a injustiças sociais, civis e políticas, no percurso de sua história e, em contrapartida, a prática efetiva e consciente, o exercício diário destas conquistas com o objetivo exemplarde ampliar estes direitos na sociedade. Neste sentido, para exercer a cidadania brasileira em sua plenitude, torna-se absolutamente necessário a percepção da dimensão histórica destas conquistas no percurso entre passado, presente e futuro da nação. Este é o caminho longo e cheio de incertezas, inferido por José Murilo de Carvalho. Esta é a originalidade e especificidade da cidadania brasileira. Quando trabalhamos com o conceito de cidadania, no início do nosso estudo, nossa intenção foi promover um melhor entendimento de o que é política social. Quando pensamos em conjunto de ação social em nível nacional por meio de planos e programas que garantam aos cidadãos o acesso aos seus direitos, estamos conceituando política social. A política social no Brasil tem como marco a Constituição da República de 1988, como veremos na contribuição, a seguir: A Constituição de 1988 espelhará os ideais universalistas acoplados a uma ideia ampliada de cidadania, em busca da expansão da cobertura de políticas sociais no que diz respeito a bens, serviços, garantias de renda e equalização de oportunidades. Ela tentará superar um sistema marcado pelo autofinanciamento, excludente e não-distributivo, procurando instituir as bases para a organização de um sistema universal e garantidor de direitos. O sistema que então emerge, em que pesem os inegáveis avanços, compõe-se ainda de políticas diferenciadas, organizadas a partir de distintos princípios de acesso, financiamento e organização institucional, reflexo tanto de suas trajetórias não homogenias como das escolhas realizadas no campo político. (Cardoso Jr. e Jaccoud, in) Leia o artigo: Políticas Sociais no Brasil: Organização, Abrangência e Tensões da Ação Estatal. A organização da política social no Brasil, atualmente, se dá por meio de uma Agenda Social, que contém o PPA - Plano Plurianual. Vejamos o que diz um documento oficial em relação à elaboração da Agenda Social e do Plano Plurianual: • A Agenda Social foi construída ao longo de 2007, em um processo coordenado pela Casa Civil, e que contou com a participação de representantes do Ministério do Plane-jamento, Orçamento e Gestão e de órgãos setoriais com iniciativas relacionadas à área social. As reuniões e discussões sobre a proposta ocorreram em paralelo aos trabalhos de elaboração do PPA 2008-2011. Assim, ao mesmo tempo em que os órgãos definiam seus programas e ações para o novo PPA, a Casa Civil coordenava reuniões para a seleção do que comporia a Agenda Social do governo federal. • A partir das discussões, foram selecionados os eixos organizadores da agenda, que tem a Câmara de Políticas Sociais da Presidência da República como instância decisória, mas cuja coordenação é descentralizada: cada eixo está sob responsabilidade de um órgão específico. É importante salientar que tal opção contrasta com a que prevaleceu no caso do PAC, que é tanto gerenciado quanto monitorado pela Casa Civil. • Em linhas gerais, os grandes objetivos da Agenda Social são: reduzir a desigualdade social; consolidar uma política garantidora de direitos; buscar a gestão integrada das políticas, promovendo oportunidades; e incentivar a pactuação federativa entre União, estados e municípios. (BRASIL, IPEA, p.15, 2008) A Agenda Social constitui questões necessárias para a garantia do acesso aos direitos básicos dos cidadãos, como falamos anteriormente. É interessante que você tenha acesso a essa Agenda, bem como saber quais são os projetos e programas, principalmente os direcionados à educação. Educação Constituído por ações destacadas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), este eixo da Agenda Social teve suas linhas gerais divulgadas em março de 2007.18 Abrange a educação básica – inclusive programas destinados a alfabetizar os adultos –, a educação profissional técnica e tecnológica, e o ensino superior. Entre as inovações trazidas encontra-se a estratégia de responsabilização das outras instâncias governa-mentais em torno de compromissos com a melhoria da qualidade da educação básica, mensurada pelo novo indicador criado pelo MEC, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Nova sistemática de apoio técnico e financeiro do ministério a estados e municípios, foi instituída com a substituição das transferências voluntárias, até então realizadas mediante convênios fragmentados, pela proposta de elaboração de Planos de Ação Articulada (PAR). Dessa forma, as transferências voluntárias passam a obedecer a um plano estratégico plurianual orientado em quatro dimensões: gestão; relação com a comunidade; projeto pedagógico; e infra-estrutura. O MEC elegeu os municípios com piores desempenhos no Ideb em 2005 como prioridade neste apoio, tendo também incluído as grandes cidades, por concentrarem em suas periferias escolas com insuficientes condições de oferta educacional. Das iniciativas do PDE integram a Agenda Social: • Alfabetização de jovens e adultos, com prioridade para os municípios com taxas mais elevadas de analfabetismo; • Expansão da formação e capacitação de professores, com a implantação do Sistema Universidade Aberta do Brasil e de pólos de apoio presencial; • Apoio à construção, reforma e aquisição de equipamentos para creches e escolas públicas de educação infantil (ProInfância); • expansão da educação profissional e tecnológica; • Reestruturação e expansão das universidades federais, com prioridade para a inte-riorização da rede de escolas federais e a garantia de vagas em universidades por meio de bolsas do ProUni; • Eletrificação de escolas mediante o Programa Luz para Todos; • Implantação de laboratórios de informática em todas as escolas públicas; e • Apoio à expansão do transporte escolar, com o Programa Caminho da Escola. Justifica-se o destaque dessas ações como iniciativas da Agenda Social pelos impactos que podem gerar sobre a redução de desigualdades de oportunidades educacionais, uma vez que favorecem segmentos menos privilegiados. A inclusão da formação de profes-sores na agenda, por seu turno, deve-se ao papel estratégico desempenhado por este profissional e à insuficiência verificada na área. Do mesmo modo, eleger a implantação de laboratórios de informática como iniciativa da agenda é reconhecer que a educação pública deve garantir a todos a oportunidade de dominar os instrumentos e linguagens essenciais à vida contemporânea. Considerando-se, entretanto, o objetivo da transver-salidade proposto pela agenda, não basta eleger tais iniciativas se a articulação com os demais eixos não for perseguida. Maior qualidade da educação é o objetivo principal da Agenda Social de Política Pública no Brasil no eixo da educação. Como discutimos em aulas anteriores, a qualidade do ensino tem que estar presente em qualquer nível de Gestão do Ensino, seja dentro ou fora do chão da escola. Aula 08: Conselhos Municipais de Educação no Brasil Nesta aula, iremos recorrer aos quadros para entender as questões relacionadas à abordagem deste estudo. Inicialmente, é necessário que procuremos entender o que são os Conselhos Municipais de Educação, como veremos no primeiro quadro: Os Conselhos são caracterizados como órgãos consultivos e deliberativos do Ministério e das secretarias de educação. Embora, entre suas funções importantes, constem as de elaborar normas e interpretar a legislação educacional, sua atuação se esgota no âmbito da estrutura de gestão do executivo, ou seja, não são dotados de natureza legislativa ou judiciária. Por meio do quadro anterior, percebemos que, inicialmente, os Conselhos Municipais de Educação tinham uma função meramente consultiva, porém, ao longo do tempo, outras funções foram agregadas a estes Conselhos. Tomamos como exemplo para explicitar estas outras funções um texto contido no documento “Conselhos Escolares:uma estratégia de gestão democrática da escola pública”, publicado no ano de 2004. Vamos ao texto? ALGUNS CONCEITOS DA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR • A função deliberativa é assim entendida quando a lei atribui ao conselho competência específica para decidir, em instância final, sobre determinadas questões. No caso, compete ao conselho deliberar e encaminhar ao Executivo, para que execute a ação por meio de ato administrativo. A definição de normas é função essencialmente deliberativa. A função recursal, também, tem sempre um caráter deliberativo, uma vez que requer do conselho competência para deliberar, em grau de recurso, sobre decisões de instâncias precedentes. Só faz sentido a competência recursal quando vem revestida de poder de mudar, ou confirmar, a decisão anterior. • A função consultiva tem um caráter de assessoramento e é exercida por meio de pareceres, aprovados pelo colegiado, respondendo à consultas do governo ou da sociedade, interpretando a legislação ou propondo medidas e normas para o aperfeiçoamento do ensino. Cabe ao Executivo aceitar e dar eficácia administrativa, ou não, à orientação contida no parecer do conselho. • A função fiscal ocorre quando o conselho é revestido de competência legal para fiscalizar o cumprimento de normas e a legalidade ou legitimidade de ações, aprová-las ou determinar providências para sua alteração. Para a eficácia desta função, é necessário que o conselho tenha poder deliberativo, acompanhado de poder de polícia. Embora mais rara nos conselhos tradicionais de educação, esta função é atribuída cada vez mais fortemente aos conselhos de gestão de políticas públicas, nas instituições públicas e na execução de programas governamentais. • A função mobilizadora é a que situa o conselho em uma ação efetiva de mediação entre o governo e a sociedade, estimulando e desencadeando estratégias de participação e de efetivação do compromisso de todos com a promoção dos direitos educacionais da cidadania, ou seja: da qualidade da educação. (MEC, p.36, 2004) Quantas informações já adquirimos a respeito dos Conselhos Municipais de Educação. Percebemos que os cidadãos que fazem parte destes Conselhos terão que aprofundar seus estudos da dinâmica dos Conselhos, principalmente das suas funções específicas, que são muitas e que requerem conhecimentos educacionais na área de legislação e políticas públicas. Não basta ter o Conselho Municipal de Educação no município. É preciso que os representantes tenham condições de atuar de maneira eficaz nos mesmos. Diante desta necessidade, o governo federal criou o Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação (Pró- Conselho). Para que possamos entender este Programa (Pró-Conselho), vamos recorrer a mais um quadro nesta aula: O programa estimula a criação de novos conselhos municipais de educação, o fortalecimento daqueles já existentes e a participação da sociedade civil na avaliação, definição e fiscalização das políticas educacionais, entre outras ações. O Pró-Conselho tem como principal objetivo qualificar gestores e técnicos das secretarias municipais de educação e representantes da sociedade civil, para que atuem em relação à ação pedagógica escolar; à legislação e aos mecanismos de financiamento e ao repasse e controle no uso das verbas da educação. Os conselhos municipais de educação exercem papel de articuladores e mediadores das demandas educacionais junto aos gestores municipais e desempenham funções normativa, consultiva, mobilizadora e fiscalizadora. Fonte: Pró-Conselho. Tivemos a oportunidade, por meio desta aula, de entender como funcionam os Conselhos Municipais de Educação nos municípios e qual a importância dos mesmos no processo de gestão democrática do ensino público. Se precisarmos obter informações a respeito dos Conselhos Municipais de Educação nos municípios brasileiros, poderemos fazer esta pesquisa por meio do “Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação” – SICME – que são disponibilizadas pelo Ministério da Educação – MEC. No SICME, teremos acesso aos dados referentes aos Conselhos existentes, como também informações referentes aos municípios que ainda precisam implantar os Conselhos. Teremos uma visão mais ampla deste sistema de informações, por meio de mais um quadro explicativo: O Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Básica, na perspectiva de construir o perfil dos Conselhos Municipais de Educação – CME - no Brasil desenvolveu o Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação - SICME. O SICME é um sistema que fornece subsídios para caracterizar o perfil dos Conselhos Municipais de Educação, bem como para estudos e pesquisas no campo da gestão democrática e da formulação da política de Educação Básica. Também um instrumento que permite o aperfeiçoamento dos processos de formação continuada para conselheiros municipais de Educação, a partir de informações atualizadas sobre a organização e o funcionamento dos Conselhos. O sistema possibilita, ainda, o monitoramento do Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação - Pró-Conselho - quanto ao seu impacto na criação e fortalecimento dos CME. A participação de todos os municípios no cadastramento de informações no SICME vai contribuir efetivamente para a definição de políticas públicas de Educação mais focadas nas necessidades locais, tais como a definição de vagas para a formação continuada de Conselheiros Municipais de Educação, seja por meio do Curso de Extensão a Distância, seja pela realização de Encontros Presenciais de Capacitação de Conselheiros, dentre outras. Anualmente, os CME devem atualizar os dados informados no SICME, sendo que, nos municípios onde ainda não existem Conselhos, a Secretaria Municipal de Educação é responsável pelo preenchimento dos dados no Sistema. Fonte: SICME. Finalizando este estudo, percebemos que os Conselhos Municipais de Educação são uma organização democrática, com representatividade do Estado e da sociedade civil, que tem como função fazer a mediação entre a sociedade e o governo, onde a constituição do mesmo respeitará as peculiaridades de cada estado ou município, só havendo orientações quanto à sua implantação e constituição. Porém, conforme o que prevê uma gestão democrática, cada Conselho Municipal de Educação terá singularidade própria. Aula 9: Gestão da Educação Básica e o Fortalecimento dos Conselhos Escolares Para iniciarmos a discutir questões relativas à educação básica, é necessário relembrarmos como ela está organizada no Brasil, por meio do quadro seguinte: EDUCAÇÃO BÁSICA EDUCAÇÃO INFANTIL - ENSINO FUNDAMENTAL - ENSINO MÉDIO Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. O quadro nos esclareceu que a gestão da educação básica prevista em lei é a gestão democrática, tendo como princípios a participação na construção do projeto pedagógico e nos conselhos escolares. O Projeto Político-Pedagógico é uma realidade no cotidiano de nossas escolas de educação básica. Porém, o mesmo ainda não se pode afirmar quanto à participação efetiva de todos os que, teoricamente, devem estar envolvidos na construção do mesmo. Só uma Gestão realmente “democrática” para garantir a participação destas pessoas no PPP (Projeto Político-Pedagógico). Nesta etapa da nossa aula vamos conceituar o que seja Projeto Político-Pedagógico, para darmos continuidade ao nosso estudo, conforme contribuição que se segue: (...) O projeto busca umrumo, uma direção. É uma ação intencional, com sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. (...) O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma organizada do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. (VEIGA, p.13, 2001) O Projeto Pedagógico e o Projeto Político-Pedagógico fazem parte da gestão da educação básica, que são documentos construídos no chão das escolas, por meio de gestões que coordenem estes processos de construção. A gestão da educação básica a nível governamental começa pela Constituição Federal de 1988, que prevê a gratuidade da educação básica, entre outras questões essenciais, para que seja assegurada pelo poder público o acesso, permanência e conclusão, do que se diz básico, para o exercício pleno da cidadania. Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. A nossa intenção é que você perceba que o direito à educação básica é um direito constitucional. Teoricamente, todos têm que ter condições de estudar pelo menos até ao ensino médio. Porém, ainda não temos garantida a oferta de ensino a todos, principalmente na educação infantil. A educação básica é um dos níveis da educação brasileira. Esta conta com três modalidades de ensino, como vimos inicialmente, tais sendo: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, tendo uma organização política, no que tange à responsabilidade, dividida entre União, Estados e Municípios, que está prevista na Lei de Diretrizes e Bases Nº 9.394/96, conforme demonstraremos nos quadros que se seguem, com as questões relacionadas à educação básica. Art. 9º A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva; IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei. Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. Percebemos que há uma organização política de responsabilidades com cada um dos níveis e modalidades de ensino da educação brasileira. Os quadros anteriores procuraram facilitar este entendimento em relação à educação básica. Esta organização facilita a gestão financeira entre outras. Até então discutimos a gestão do ensino básico a nível macro, porém cabe neste momento começarmos a discutir os espaços de gestão no cotidiano escolar, de modo que os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem nas escolas exercitem a gestão democrática, por meio de participação na busca de uma educação efetiva e de qualidade para todos. Pensar coletivamente e em nome da coletividade não é uma prática fácil, principalmente nas escolas. Contudo, no início desta aula, vimos que os Conselhos Escolares estão previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu Artigo 14, bem como a gestão democrática, no mesmo artigo. A questão principal é a participação efetiva de todos no cotidiano escolar. Não se pode pensar em gestão democrática no chão da escola sem ter que fortalecer as organizações que dela fazem parte, como, por exemplo, os conselhos escolares. Precisamos entender o que é um Conselho Escolar para darmos prosseguimento à nossa aula, como leremos em mais um quadro: O Conselho Escolar (CE) é um colegiado com membros de todos os segmentos da comunidade escolar com a função de gerir coletivamente a escola. Com suporte na LDB, lei nº 9394/96 no Artigo 14, que trata dos princípios da Gestão Democrática no inciso II – "participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes", esses conselhos devem ser implementados para se ter uma gestão democrática. Porém, como diz Carlos Drummond Andrade: "as leis não bastam. Os lírios não nascem das leis" (SEED/MEC, 1998, p. 44). O fato de o Conselho Escolar estar previsto em Lei significa um fortalecimento inicial deste órgão colegiado, visto que o legitima de forma que sua organização seja de participação efetiva dos envolvidos no contexto das escolas, tendo cada um desses Conselhos características próprias, pois suas ações são referentes a cada realidade escolar. Antunes (SEED /MEC, 1988) nos aponta alguns parâmetros importantes para que se garanta a constituição de um Conselho Escolar. Vamos a mais um quadro? Natureza do Conselho Escolar: Deve ser deliberativa, consultiva, normativa e fiscalizadora. Atribuições fundamentais: Elaborar seu regimento interno; elaborar, aprovar, acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico; criar e garantir mecanismos de participação efetiva e democrática da comunidade escolar; definir e aprovar o plano de aplicação financeiros da escola; participar de outras instâncias democráticas, como conselhos regional, municipal, e estadual da estrutura educacional, para definir, acompanhar e fiscalizar políticas educacionais. Normas de funcionamento: O Conselho Escolar deverá se reunir periodicamente, conformea necessidade da escola, para encaminhar e dar continuidade aos trabalhos aos quais se propôs; a função do membro do CE não será remunerada; serão válidas as deliberações tomadas por metade mais um dos votos dos presentes da reunião. Podemos concluir que os representantes dos Conselhos Escolares são escolhidos por eleição, que deve ser na escola, por votação direta, secreta e facultativa, sendo o gestor da unidade escolar membro nato do Conselho. Agora que já esclarecemos como é o processo de escolha dos membros do Conselho Escolar, precisamos saber como são compostos estes Conselhos, por meio de mais um quadro explicativo: Presidência do Conselho Escolar: Qualquer membro efetivo do conselho poderá ser eleito seu presidente, desde que esteja em pleno gozo de sua capacidade civil. Critérios de participação: Participam do Conselho com direito a voz e voto todos os membros eleitos por seus pares; os representantes dos estudantes a partir da 4ª série ou com mais de 10 anos terão sempre direito a voz e voto, salvo nos assuntos que, por força legal, sejam restritivos aos que estiverem no gozo de sua capacidade civil; poderão participar das reuniões do Conselho, com direito a voz e não voto, os profissionais de outras secretarias que atendam às escolas, representantes de entidades conveniadas, Grêmio Estudantil, membros da comunidade, movimentos populares organizados e entidades sindicais. Mandato: Um ano, com direito à recondução. Como já discutimos anteriormente, a gestão democrática oportuniza a participação coletiva e disso não podemos abrir mão. O fortalecimento do Conselho Escolar se dá pela participação efetiva de todos, ou seja, pela adesão dos envolvidos no contexto escolar. Quanto a esta questão, vamos recorrer a uma contribuição de Gadotti, para finalizarmos nossa reflexão: (...) A participação e a democratização num sistema público de ensino são um meio prático de formação para a cidadania. Essa formação se adquire na participação do processo de tomada de decisões. A criação dos conselhos de escola representa uma parte desse processo. Mas eles fracassam quando instituídos como uma medida isolada e burocrática. Eles só são eficazes em um conjunto de medidas políticas, em um plano estratégico de participação que vise à democratização das decisões. Esse plano supõe: autonomia dos movimentos sociais e de suas organizações em relação à administração pública; abertura de canais de participação pela administração; transparência administrativa, isto é, democratização das informações. A população precisa, efetivamente, apropriar-se das informações para poder participar; precisa compreender o funcionamento da administração particularmente do orçamento - e as leis que regem a administração pública e limitam a ação transformadora. (GADOTTI, p.27, 1998) Aula 10: A Pesquisa sobre características de escolas eficazes no Brasil: breve revisão dos principais achados e alguns problemas em aberto – Eficácia escolar e práticas de gestão Dando início ao último texto desta disciplina, precisaremos definir o que é eficácia, uma vez que trataremos de escolas eficazes: A eficácia diz respeito à coisa certa a ser feita. A eficácia está relacionada ao processo de escolha, de tomada de decisão. Enquanto a eficiência está ligada em como as coisas devem ser feitas, a eficácia refere-se ao resultado deste processo. Segundo Paulo Sandroni, mestre em economia e professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas e da Faculdade de Economia e Administração da PUC-SP, “Fazer a coisa certa de forma certa é a melhor definição de trabalho eficiente e eficaz”. Uma pessoa eficaz é aquela que não só faz algo da maneira certa, mas se preocupa com os resultados, independente do esforço e tempo que isso pode levar. Leia também: Diferença entre eficiência, eficácia e efetividade. Percebemos que a eficácia está ligada aos resultados, ou seja, antevê-los e saber o que fazer com eles e por meio deles. Isso exige planejamento. Recorreremos a mais um conceito, por meio de um de nossos quadros explicativos. Nesta etapa, temos a necessidade de saber sobre planejamento estratégico: O planejamento estratégico é um meio de estabelecer e manter um sentido de direcionamento quando o futuro torna-se cada vez mais difícil de prever. É um processo contínuo por meio do qual a organização é mantida em seu curso, fazendo ajustes à medida que os contextos interno e externo mudam. O planejamento, é claro, não termina quando o plano escrito é produzido – isso é um registro do processo conforme sua visão em determinado ponto no tempo -, a parte difícil é implementar o plano. No planejamento estratégico, a ênfase está no planejamento evolucionário ou contínuo, em que o próprio plano é alterado para se adaptar às circunstâncias cambiantes. (WEINDLING, p.224, 2006) O quadro nos esclareceu que a eficácia da escola depende de planejamento e este está ligado às necessidades prementes de cada unidade escolar, cabendo à gestão trabalhar para e com os resultados. Nos últimos anos tem havido uma preocupação muito grande com os resultados obtidos pelas Instituições Educacionais, por meio das avaliações oficiais tais como Provinha Brasil, Prova Brasil, ENEM e ENADE. A busca por melhores desempenhos necessita de eficiência e eficácia por parte dos gestores educacionais; não só dos que fazem parte da gestão nas escolas, mais de todos os níveis de gestão escolar. No intento de melhor compreender desta questão, temos como contribuição a seguinte citação: (...) A preocupação com o péssimo desempenho das escolas públicas tem sido pauta de governos e pesquisadores, não só do Brasil, mas de todo o mundo, desde que se identificou a contradição entre massificação do acesso à escola básica e queda da qualidade da educação escolar. As saídas para essa situação vêm sendo debatidas na perspectiva da didática, da psicologia, da economia e da administração. Ainda que partindo de critérios de seleção e de metodologias de investigação diferentes, todas essas pesquisas têm como objetivo inventariar as características dessas instituições e mesmo sugerir, sem pretensão de generalizações, eventuais opções de políticas capazes de induzir mudanças no "chão da escola". (...) Para tanto, estimulava-se a divulgação e a análise de experiências "exitosas" de práticas escolares em apoio às ações voltadas ao aumento da produtividade dos sistemas escolares - produtividade entendida aqui como a capacidade institucional que as escolas teriam de potencializar o atendimento às características e necessidades dos setores que passaram a frequentá-la graças às medidas de democratização do acesso. Complementarmente, defendia-se a criação de mecanismos de prestação de contas, responsabilização ou accountability, caso o desempenho da escola ficasse abaixo do necessário, esperado ou definido. Cad. Pesqui. vol.38 no.135 São Paulo Set./Dec. 2008 - Theresa Adrião; Teise Garcia. A nossa intenção é que você perceba que a eficácia nas escolas não pertencem às unidades das grandes capitais, pois depende das tomadas de decisões da gestão. Veremos a seguir: as escolas eficazes independem de localização geográfica, mas sim de sua gestão, leia agora a notícia: Três escolas públicas de Teresina estão entre as melhores do Brasil. Como percebemos por meio desta aula, muitos empecilhos existem nas escolas, impedindo a efetivação da educação de qualidade, ou seja, a conquista da cidadania, quando exercemos os nossos direitos à educação de qualidade é um desses direitos, que não pode ser negado a nenhum cidadão que busca isso na escola. Diante dos exemplos de escolas eficazes no Brasil longínquo, acreditamos que os obstáculos são muitos, porém transponíveis, tendo a gestão escolar a missão junto à comunidade escolar, superar os obstáculos que
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