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Aula 00 Curso: Direito Constitucional para CESPE Professor: Jonathas de Oliveira Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 2 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Queridos amigos e amigas! É com enorme prazer que inicio este curso aqui no Exponencial Concursos. Trata-se de um curso de Direito Constitucional com o conteúdo resumido e muitas questões, para a banca Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE/CEBRASPE). Dito isso, passemos às apresentações. Meu nome é Jonathas de Oliveira, bacharel em Turismo e graduando em Direito, e minha história nos concursos se iniciou aos 23 anos, quando em 2012, sem maior pretensão, fui aprovado para um concurso de nível municipal em Armação de Búzios (RJ). Alguns meses depois, dei início à minha preparação formal. No início de 2013 fui aprovado para Oficial de Fazenda da Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro e, em outubro daquele ano, para Auditor Fiscal da Receita do Estado do Espírito Santo, em 3º lugar, cargo que exerço atualmente, atuando como Subgerente na gerência responsável pelo julgamento de processos administrativos fiscais. Ao longo dos meus 11 meses de estudo como concurseiro, e com 4 anos de atuação como professor para concursos, pude travar contato com diferentes materiais e metodologias e constatar a dificuldade que os candidatos (com as mais diversas formações) ao almejado cargo na administração pública encontram para conciliar, resumir e esquematizar conteúdos vastos e muitas vezes demasiadamente prolixos. É nesse sentido que a formatação deste curso visa a ser não apenas um instrumento de transmissão de informações com eficiência, eficácia e efetividade, mas também uma ferramenta metodológica ao amigo e à amiga concurseiros, contribuindo para que o estudo para concursos públicos seja feito com a maior praticidade possível, obtendo os melhores resultados, sem desperdício de tempo. Na quase totalidade dos grandes concursos, seja na área fiscal, de controle, jurídica, policial, agências reguladoras, dentre diversas outras, a disciplina Direito Constitucional é um verdadeiro “pilar” que não pode ser negligenciado. É dela e das demais disciplinas-chave que o candidato vai extrair pontos que blindarão sua eliminação e o manterão na zona de competitividade. Pois bem. APRESENTAÇÃO http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 3 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Nosso curso conta com resumos dos principais pontos do conteúdo de Direito Constitucional cobrados nos editais recentes do CESPE/CEBRASPE, assim como cerca de 200 mapas mentais e cerca de 520 questões comentadas, optando-se por aquelas que melhor representam o estilo da banca. É preciso destacar também que este curso é direcionado para os concurseiros que já possuem um conhecimento básico da disciplina Direito Constitucional. Uma vez que nosso foco é a fixação de pontos centrais do conteúdo e sua revisão por meio da resolução de exercícios, as aulas trarão melhores resultados para aqueles que já tiveram um primeiro contato com nossa matéria. Se você estiver partindo do zero, recomendamos nosso curso de teoria, jurisprudência e questões comentadas. Por fim, merece destaque que, suplementarmente, vamos nos valer de questões de grandes bancas (como a ESAF, a FCC, a FGV, dentre outras). Isso nos permitirá explorar melhor um ou outro tópico da matéria coberto por poucas questões (ou questões repetitivas) do CESPE/CEBRASPE. Assim, para que nosso estudo possa ser o mais completo e robusto possível, podemos nos socorrer de questões de outras bancas com características parecidas, o que nos possibilitará ampliar o alcance das nossas revisões. ATENÇÃO: Sempre que possível, vale a pena manter a Constituição Federal aberta durante as aulas. Conforme os exercícios forem sendo feitos, vamos sempre consultar a CF/88 quando errarmos um item ou ficarmos com mais dúvidas sobre determinada informação. Assim, se, por exemplo, estamos estudando sobre o Processo Legislativo e as coisas não estiverem fluindo bem na resolução de questões, vale a pena dar uma (re)lida na Seção VIII da nossa Lei Maior. Com esta dica, o conhecimento vai sendo depurado, vamos nos protegendo das pegadinhas e aumentando o giro de revisões da matéria. No mais, qualquer dúvida e/ou esclarecimentos, estarei à disposição no fórum. Não deixe de me procurar! http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 4 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Aula Tópico 00 Introdução ao Direito Constitucional. O Direito Constitucional e os demais ramos do Direito. Estrutura da Constituição Federal de 1988. Teoria geral do Estado. Os poderes do Estado e as respectivas funções. Supremacia da Constituição. Teoria geral da Constituição: conceito, origens, conteúdo, estrutura e classificação. Supremacia da Constituição. Tipos de Constituição. Interpretação constitucional. Poder constituinte. 01 Controle de Constitucionalidade. Controle judiciário difuso e concentrado. Ação Direta de Inconstitucionalidade (genérica e por omissão), Ação Declaratória de Constitucionalidade e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Controle concentrado nos Estados. 02 Princípios fundamentais. Aplicabilidade das normas constitucionais. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Remédios constitucionais. O habeas corpus. O mandado de segurança (individual e coletivo). O mandado de injunção. O habeas data. A ação popular. A ação civil pública. 03 Direitos sociais. Nacionalidade. Direitos políticos. Partidos políticos. 04 Organização político-administrativa do Estado. Repartição de competências. Outros aspectos: Estados federados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. Intervenção federal e estadual. 05 Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos. 06 Poder Legislativo. Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal. Processo Legislativo. A fiscalização contábil, financeira e orçamentária. 07 Poder Executivo. Presidente e Vice-Presidente. Ministros de Estado. Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. 08 Poder Judiciário. Supremo Tribunal Federal. Súmulas Vinculantes. Conselho Nacional de Justiça. Superior Tribunal de Justiça. Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tribunais e Juízes do Trabalho. Tribunais e Juízes Eleitorais. Tribunais e Juízes Militares. Tribunais e Juízes dos Estados. 09 Funções essenciais à Justiça. Ministério Público. Advocacia Pública. Advocacia. Defensoria Pública. 10 Defesa do Estado e das instituições democráticas. 11 Sistema Tributário Nacional. Das limitações do poder de tributar. Impostos da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Repartição de Receitas Tributárias. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 5 de 72 www.exponencialconcursos.com.br 12 Finanças Públicas e Orçamento. Princípios gerais da atividade econômica. 13 Ordem social: base e objetivos da ordem social, seguridade social, educação, cultura e desporto, ciência, tecnologia e inovação, comunicação social, meio ambiente, família, criança, adolescente, jovem, idoso e índios. * Confira o cronograma de liberação das aulas na página do curso no nosso site.http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 6 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- Introdução ao Direito Constitucional ............................................... 7 2- Aspectos básicos de Teoria do Estado ........................................... 10 3- Teoria da Constituição ................................................................... 13 4- Interpretação constitucional ......................................................... 18 5- Poder constituinte: emenda, reforma e revisão constitucional ...... 21 6- Questões Comentadas ................................................................... 28 7- Lista de Exercícios ......................................................................... 56 8- Gabarito ........................................................................................ 71 9- Referencial Bibliográfico................................................................ 72 Olá concurseiros e concurseiras! Tendo sido feita a devida apresentação, daremos largada ao nosso curso regular de resumos com questões de Direito Constitucional voltado para os concursos do CESPE/CEBRASPE. Aspectos teórico-doutrinários de Direito Constitucional nem sempre são cobrados com rigor elevado. Ainda assim, se faz necessária a abordagem prática do tema, tanto para evitarmos surpresas desagradáveis no momento da prova quanto para contextualizarmos as próximas aulas. Comecemos! Aula 00 – Introdução ao Direito Constitucional. O Direito Constitucional e os demais ramos do Direito. Estrutura da Constituição Federal de 1988. Conceitos de teoria geral do Estado e os Poderes do Estado. Teoria geral da Constituição: conceito, origens, conteúdo, estrutura e classificação. Supremacia da Constituição. Tipos de Constituição. Interpretação constitucional. Poder constituinte. http://www.exponencialconcursos.com.br/ file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401293 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401294 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401295 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401296 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401297 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401298 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401299 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401300 file:///C:/Users/Jonathas/Desktop/Jonathas/Exponencial%20Concursos/Cursos%20ativos/TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20IBFC/Pós%20edital/Resumo%20+%20Questões/Aula%2000%20-%20Direito%20Constitucional%20TCE%20-%20TCM%20RJ%20-%20Introdução%20ao%20Direito%20Constitucional,%20Constituição%20v3.docx%23_Toc457401301 Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 7 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Vamos começar com uma pergunta. O que é o Direito Constitucional? Direito Constitucional é o ramo do Direito Público Interno que tem por objeto a Constituição dos Estados nacionais. Em sentido jurídico – aquele a que devemos dar mais atenção – a Constituição é o fundamento de validade normativa dos Estados nacionais. Vale dizer, no plano jurídico-positivo (o Direito produzido pelo Estado, vigente, que rege nosso dia a dia), a nossa Constituição Federal de 1988, situa- se no topo da pirâmide normativa. Essa pirâmide é um recurso visual consagrado com base na teoria de Hans Kelsen e que traduz o princípio da supremacia da Constituição. Em última instância, é à Constituição que todo o agir público se reporta, numa relação de verticalidade hierárquica. As normas de um ordenamento não estão todas em um mesmo plano/hierarquia. Há normas superiores e inferiores, sendo que as normas inferiores devem observância às superiores. Temos, portanto, a seguinte relação de hierarquia: DIREITO Direito Público Direito Público Interno D. Constitucional D. Administrativo D. Tributário D. Financeiro D. Econômico D. Processual D. Penal D. Urbanístico Direito Público Externo Direito Internacional Público Direito Difuso/Social D. do Trabalho D. Ambiental D. Previdenciário Direito Privado D. Civil D. Empresarial D. Internacional Privado 1- Introdução ao Direito Constitucional http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 8 de 72 www.exponencialconcursos.com.br * A norma hipotética fundamental não é positivada, mas sim pressuposta. É uma premissa jurídica e o referencial de produção das normas do ordenamento jurídico, uma espécie de consciência jurídica (ou ânimo jurídico) que por ele perpassa. Nossa Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, compreende um preâmbulo, nove títulos (divididos em capítulos, seções e subseções), além do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Vejamos o que dispõe o preâmbulo constitucional: PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. São três as posições apontadas pela doutrina em relação ao preâmbulo, vejamos: a) tese da irrelevância jurídica: o preâmbulo está no âmbito da política e não possui relevância jurídica; b) tese da plena eficácia: o preâmbulo tem a mesmaeficácia jurídica das demais normas constitucionais; Norma Hipotética Fundamental* Constituição Federal de 1988 (normas originárias) Constituição Federal de 1988 (emendas) e tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados na forma do art. 5º, §3º Outros tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos (status supralegal) Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções, tratados e convenções internacionais gerais, decretos autônomos (status legal) Normas infralegais (decretos regulamentares, portarias, ordens de serviço, instruções normativas e outras) *É a ideia lógica que sustenta o plano jurídico- positivo http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 9 de 72 www.exponencialconcursos.com.br c) tese da relevância jurídica indireta: o preâmbulo tem parte das características jurídicas da Constituição Federal, entretanto, não deve ser confundido com as demais normas jurídicas desta. O Supremo Tribunal Federal ao enfrentar a questão concluiu que o preâmbulo constitucional não se situa no âmbito do direito, mas no âmbito da política, transparecendo a ideologia do constituinte. Desta forma, o STF adotou, expressamente, a tese da irrelevância jurídica. Além do preâmbulo e das normas gerais da Constituição (Título I a IX), temos o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. O ADCT contém normas jurídicas, em grande parte, efêmeras, temporárias, que possibilitaram a passagem da ordem constitucional anterior para a atual. Sua função central, pois, é harmonizar as pendências da ordem anterior com a nova ordem. Nesse sentido, válido dizer que suas normas possuem o mesmo grau de positividade jurídica das normas centrais da Constituição. A natureza jurídica é a mesma. Não por outro motivo, o ADCT pode inclusive estabelecer exceções às normas centrais da CF/88. Esquematicamente, e desconsiderando as subdivisões dos Títulos, temos a seguinte anatomia constitucional: PREÂMBULO TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais (art. 1º a 4º) TÍTULO II– Dos Direitos e Garantias Fundamentais (art. 5º a 17) TÍTULO III – Da Organização do Estado (art. 18 a 43) TÍTULO IV – Da Organização dos Poderes (art. 44 a 135) TÍTULO V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (art. 136 a 144) TÍTULO VI – Da Tributação e Orçamento (art. 145 a 169) TÍTULO VII – Da Ordem Econômica e Financeira (art. 170 a 192) TÍTULO VIII – Da Ordem Social (art. 193 a 232) TÍTULO IX – Das Disposições Constitucionais Gerais (art. 233 a 250) ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (art. 1º a 97) Natureza político- ideológica N a tu re z a j u rí d ic a http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 10 de 72 www.exponencialconcursos.com.br O texto constitucional sofreu diversas alterações desde sua promulgação. Modificações estas, fruto dos poderes constituintes derivados de revisão (esgotado) e de reforma, conceitos a serem abordados mais adiante. Além disso, embora não promova mudança físico-formal da Carta Magna, destaque- se o fenômeno da mutação constitucional, conferindo-lhe novos sentidos interpretativos. Podemos analisar a Constituição sob mais um aspecto. Na lição de José Afonso da Silva, de acordo com sua finalidade e estrutura normativa, as normas constitucionais podem ser agrupadas em cinco categorias, ou elementos constitucionais. O Estado é instituição organizada, política, social e juridicamente, que ocupa um território definido e é regida por uma lei maior, usualmente na forma E L E M E N T O S C O N S T I T U C I O N A I S Elementos orgânicos Contidos nas normas que regulam a estrutura do Estado e dos Poderes e o sistema de governo. Na Constituição de 1988, concentram-se nos Títulos III (Da Organização do Estado), IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III do Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento) Elementos limitativos Contidos nas normas relativas aos direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais, direitos de nacionalidade, direitos políticos e democráticos. Concentram-se no Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), excetuando-se o Capítulo II (Direitos Sociais) Elementos sócio- ideológicos Contidos nas normas que traduzem o compromisso de cunho intervencionista do Estado Social Democrático . Concentram-se no Capítulo II do Título II e nos Títulos VII (Da Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social) Elementos de estabilização constitucional Contidos nas normas destinadas a garantir a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. Representam instrumentos de defesa do Estado e da paz social. Concentram- se no art. 102, I, “a” (ação de inconstitucionalidade); arts. 34 a 36 (Da Intervenção); arts. 59, I, e 60 (Processos de emendas à Constituição); arts. 102 e 103 (Jurisdição constitucional); Título V (Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, especialmente o Capítulo I, que trata do estado de defesa e do estado de sítio, uma vez que os Capítulos II e III do Título V tipificam-se como elementos orgânicos) Elementos formais de aplicabilidade Contidos nas normas que traduzem regras de aplicação da Constituição. Concentram-se no preâmbulo (embora este não tenha força normativa por si só), no ADCT e no art. 5º, § 1º, que estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 2- Aspectos básicos de Teoria do Estado http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 11 de 72 www.exponencialconcursos.com.br de Constituição. Ademais, é dirigido por um governo soberano, reconhecido interna e externamente ao território e responsável pela organização e controle social, uma vez que detém a competência legítima do uso da força e da coerção. Temos aqui três elementos centrais: povo (elemento humano), território (base física) e governo (elemento político condutor). No nosso Estado, “todo o poder emana do povo” (CF/88, art. 1º, parágrafo único). No entanto, tal poder é “dividido” (temos então, não mais um único poder, mas Poderes) e manifestado por meio de diferentes funções, ou seja, “especializações” do agir do Estado. Temos a denominada teoria da tripartição de Poderes, herdada de Montesquieu, em sua obra “O Espírito das Leis”, tipicamente identificados como Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Poder Funções típicas Funções atípicas Executivo 1- Provimento direto de bens e serviços públicos, executando atos de administração, chefia de Estado e de governo - Legislar: por exemplo, na edição de medidas provisórias (art. 62) e leis delegadas (art. 68) - Julgar: por exemplo, instaurando, inquirindo e julgando processos administrativos disciplinares (em âmbito federal, lei 8.112/90, art. 151) Legislativo 1- Elaboração de leis 2 - Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo - Executar: por exemplo, ao dispor sobre sua organização, funcionamento, funções de serviços e criação de cargos (art. 51, IV e art. 52, XIII) - Julgar: por exemplo, a Câmara dos Deputados autoriza (art. 51, I) e o Senado Federal julga o Presidente e outros agentes políticos nos crimes de responsabilidade(art. 52, I) Elementos do Estado Povo Governo Território http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 12 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Judiciário 1- Instituir a coisa julgada com base na aplicação da legislação - Executar: por exemplo, os tribunais organizam suas secretarias e serviços auxiliares, proveem cargos necessários à administração da Justiça, concedem férias, licenças e outros afastamentos a seus membros (art. 96, I) - Legislar: por exemplo, os tribunais elaboram seus regimentos internos (art. 96, I, “a”) Vejamos ainda mais algumas classificações importantes: Conceitos de teoria do Estado Formas de Estado Estado unitário Federação Simétrica ou assimétrica Cooperativa ou dual Por agregação ou desagregaçãoFormas de Governo Monarquia República Sistemas de Governo Parlamentarismo Presidencialismo Regimes de Governo Democrático Autoritário Totalitário http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 13 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Conceitos de Constituição Podemos identificar na doutrina três conceitos mais destacados de Constituição. São diferentes sentidos sob as quais tal termo pode ser compreendido. Político Principal expoente: Carl Schimtt Constituição é a decisão política fundamental (as normas que estruturam a base da sociedade). As demais normas, ainda que inscritas no mesmo documento, seriam somente leis constitucionais. Teoria Decisionista - só é constitucional o que organiza o Estado ou limita o seu poder. Se preocupa com o conteúdo (conceito material das normas) e não com a forma. Sociológico Principal expoente: Ferdinand Lassale Constituição é o somatório das forças sociais (fatores reais) que compoem o poder dentro da sociedade. Admite-se a existência de uma Constituição independente de um documento escrito. Inclusive, em último caso, o Estado pode ter duas Constituições, uma que é a folha de papel e outra que é a "real". Jurídico Principal expoente: Hans Kelsen Constituição como norma logíco-jurídica: é a norma hipotética fundamental. Constituição como norma jurídico-positiva: é a norma que fundamenta a existência das demais e lhes serve de referência. 3- Teoria da Constituição http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 14 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Regras formalmente constitucionais x materialmente constitucionais Destaque-se: o Brasil adota o critério formal na identificação da constitucionalidade de suas normas! Tipos de Constituição Não há tipologia mais ou menos acertada. As diferentes classificações dizem apenas com perspectivas a partir das quais a Constituição (para fins didáticos, entenda-se o termo aqui em seu sentido jurídico) é visualizada. Quanto à origem REGRAS MATERIALMENTE CONSTITUCIONAIS • Fator distintivo: qual a qualidade do conteúdo da regra? • É materialmente constitucional a regra que versa sobre aspecto nuclear da sociedade em seu modus operandi jurídico-positivo (forma de Estado, forma de governo, sistema de governo, divisão de Poderes etc.). • Tal critério admite a existência de regras constitucionais fora da carta constitucional. REGRAS FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS • Fator distintivo: qual procedimento legislativo de introdução da regra no ordenamento jurídico? • É formalmente constitucional a regra existente por simples manifestação do poder constituinte (originário, revisor ou reformador), independentemente do seu teor. • Tal critério admite como constitucionais regras indiferentes ao funcionamento estrutural da sociedade (ex.: CF/88, art. 242, §2º, que trata do Colégio Pedro II). Outorgadas Instituídas unilateralmente pelo agente ou classe política dirigente num movimento de auto contenção/restrição. Não obtiveram legitimidade por parte do povo. Ex.: No Brasil, as de 1824, 1937 e 1967. Promulgadas Instituídas pela via democrática, resultantes de uma Assembleia Nacional Constituinte eleita e, portanto, legitimada por parte do povo. Ex.: No Brasil, as de 1891, 1934, 1946 e 1988. Cesaristas Semelhantes às outorgadas. No entanto, referendadas/ratificadas (ação a posteriori) pelo povo. Pactuadas Se originam do compromisso (instável) de duas forças políticas rivais ou antagônicas. Surgem como tentativa institucional de equilibrar essa relação. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 15 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Quanto à forma Quanto à extensão Quanto ao conteúdo Quanto ao modo de elaboração Escritas Materializadas num documento escrito e único. Ex.: No Brasil, a de 1988. Não escritas (costumeiras) Materializadas em textos legais diversos e esparsos, além de se fazerem presentes por meio das convenções sociais, costumes, jurisprudência etc. Ex.: A Constituição da Inglaterra. Sintéticas (concisas, sumárias, sucintas) Consubstanciam princípios fundamentais e estruturais do Estado, pouco ou nada versando sobre pormenores. Tendem a ser mais duradouras e estáveis. Ex.: A Constituição norte-america e a brasileira de 1981. Analíticas (amplas, extensas, volumosas) Consubstanciam, além de elementos estruturantes, diversas minúcias de índole não essencial ao funcionamento e à organização do Estado. Ex.: No Brasil, a de 1988 (vide art. 242, §2º). Materialmente constitucionais Textos legais que contém as normas essenciais ao funcionamento e à organização do Estado. O elemento distintivo é o conteúdo normativo e não necessariamente a existência de uma Constituição escrita ou outros fatores de natureza formal. Ex.: No Brasil, a de 1824. Formalmente constitucionais Elemento distintivo é o processo de formação da norma e sua inserção no mundo jurídico por um órgão constituinte (originário ou derivado), independentemente de seu teor. Ex.: No Brasil, a de 1988. Dogmáticas Constituições escritas que são elaboradas racional e sistematicamente por um órgão constituinte, a partir de ideologias e dogmas previamente concebidos. Ex.: No Brasil, a de 1988. Históricas Constituições (escritas ou não) elaboradas gradativamente como reflexo imediato das características peculiares do povo do Estado e sua dinâmica ao longo do tempo. Ex.: A Constituição da Inglaterra http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 16 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Quanto à alterabilidade Quanto à dogmática Quanto à correspondência com a realidade (ontologia) Imutáveis (permanentes) Pretensamente eternas. Desconsideram a evolução da sociedade a qual pretendem normatizar. Super rígidas Parcialmente imodificáveis pelo poder constituinte derivado. O que as caracteriza é a existência de um núcleo de matérias impossível de ser modificado (suprimido). Ex.: Para alguns autores, no Brasil, a de 1988 (vide as cláusulas pétreas). Rígidas Processo de modificação requer um rito legislativo mais solene e moroso. Ex.: No Brasil, a de 1988 (vide processo legislativo – art. 60 – de emenda à Carta Magna). Semi rígidas Suas normas podem ser alteradas, em parte pelo processo legislativo comum e em parte, por processo especial, de emendamento à Constituição. Flexíveis (plásticas)Processo de modificação se assemelha àquele das leis infraconstitucionais (notadamente, medidas provisórias, leis ordinárias, leis complementares e leis delegadas). Ortodoxas Constituições formadas por basicamente uma única corrente ideológica. Ex.: A Constituição soviética de 1977 Ecléticas Constituições formadas por diversas correntes ideológicas. Ex.: A brasileira de 1988. Normativas Constituições que, de fato, disciplinam o agir do Estado e estabelecem em seu sistema estrutural elevada correspondência com a realidade social e política. Ex.: A brasileira de 1988 é (ou para alguns autores, ‘pretende ser’) normativa. Nominalistas Constituições que tentam estabelecer critérios limitadores ao poder político, porém não logram êxito. Estabelecem em seu sistema estrutural média correspondência com a realidade social e política. Semânticas Constituições que apenas visam a legitimar as ações dos agentes ou classes políticas dominantes. Estabelecem em seu sistema estrutural baixa correspondência com a realidade social e política. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 17 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Quanto ao sistema Quanto à origem de sua decretação Quanto à finalidade A Constituição Federal brasileira de 1988 TIPOLOGIA CF/88 Origem Promulgada Forma Escrita Extensão Analítica Conteúdo Formalmente constitucional Modo de elaboração Dogmática Alterabilidade Super rígida / Rígida Principiológicas Constituições em que predominam princípios. Ex.: A brasileira de 1988. Preceituais Constituições em que predominam regras. Heterônomas Constituições decretadas por outro Estado ou organismo internacional. Ex.: A Constituição japonesa de 1946. Autônomas Constituições decretadas pelo próprio Estado que por ela será regido. Ex.: Todas as Constituições brasileiras. Garantia (liberais ou negativas) Constituições que visam a garantir a proteção dos direitos civis e políticos dos cidadãos em face à potencial arbitrariedade do Estado, numa típica atuação negativa deste. Marcam a passagem de um Estado autoritário para um Estado de Direito. Balanço Constituições que consubstanciam princípios socialistas. Marcam a passagem de um Estado de Direito para um Estado Democrático de Direito. Dirigentes (sociais ou positivas) Constituições que estabelecem uma diretiva ou projeto de Estado, numa típica atuação positiva deste. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 18 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Dogmática Eclética Correspondência com a realidade (ontologia) Pretende ser normativa Sistema Principiológica Origem de sua decretação Autônoma Finalidade Dirigente Uma vez que a Constituição irradia o fundamento de validade do nosso ordenamento jurídico, é de nuclear importância o trabalho de adequada interpretação do seu texto. Esse trabalho é viabilizado por meio dos seguintes métodos e princípios, estudados e sistematizados pela ciência da interpretação (hermenêutica): MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO Normativo Estruturante Unidade da Constituição Científico Espiritual Concordância Prática ou Harmonização Hermenêutico Concretizador Efeito Integrador Jurídico Justeza ou Conformidade Funcional Tópico Problemático Força Normativa da Constituição Máxima Efetividade Proporcionalidade e Razoabilidade Métodos de interpretação constitucional JURÍDICO (HERMENÊUTICO CLÁSSICO) "Interpretar a Constituição é interpretar uma lei". Para tanto, o sentido desta deve ser buscado a partir dos elementos: (i) gramatical/textual - análise literal das normas; (ii) lógico/sistemático - análise da lógica entre as normas do sistema; (iii) histórico - análise da evolução das normas e do contexto em que estão inseridas; (iv) teleológico - análise da finalidade das normas; (v) genético - análise da origem dos conceitos normativos. 4- Interpretação constitucional http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 19 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Princípios de interpretação constitucional CIENTÍFICO- ESPIRITUAL Este método considera que a tarefa de interpretação constitucional deve considerar: (i) os sistemas de valores subjacentes ao texto constitucional; (ii) o sentido social e a realidade evolutiva da Lei Maior. TÓPICO- PROBLEMÁTICO Método caracterizado pelo caráter prático da interpretação. Sentido interpretativo: CASO CONCRETO →NORMA (mais específico para o mais geral) HERMENÊUTICO- CONCRETIZADOR Método caracterizado pelo grande peso das pré- compreensões do intérprete e de sua mediação entre a norma e o caso concreto. Sentido interpretativo: NORMA (pré-compreendida) → CASO CONCRETO (mais geral para o mais específico) NORMATIVO- ESTRUTURANTE Método caracterizado pela compreensão de que o texo da norma positivada é apenas a ponta do iceberg normativo. O interpréte (legislador, administrador, julgador) deverá captar a realidade social e concretizar uma aplicação prática das normas. COMPARAÇÃO CONSTITUCIONAL Método caracterizado por se valer da confrontação de diversas Constituições, seja no âmbito externo (Constituições de outros países), seja no âmbito interno (histórico de Constituições do País). UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO A Constituição deve ser interpretada como um todo harmônico. Os conflitos entre normas (vide choque de princípios e choque de regras) são apenas aparentes e devem ser sanados de modo a evitar a existência persistente de contradições. EFEITO INTEGRADOR Princípio complementar ao supracitado. Implica em interpretar a Constituição adotando os critérios e resoluções que contribuam para maior integração e coesão política e social. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 20 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Princípio da interpretação das leis em conformidade com a Constituição (interpretação conforme) Este princípio (para alguns é um método) é aplicado nos casos em que a interpretação de uma mesma norma pode produzir significados diversos (normas polissêmicas). O intuito é conduzir a interpretação desta ao sentido mais compatível com o texto constitucional, afastando-a dos vieses inconstitucionais e conservando-a no sistema normativo. Ou seja, sempre que uma norma jurídica comportar mais de um significado possível, deve o intérprete optar por aquele que melhor realize o espírito da Constituição, rejeitando as exegeses (entendimentos, interpretações) contrárias aos preceitos constitucionais. MÁXIMA EFETIVIDADE É um princípio que visa a atribuir às normas constitucionais a maior eficácia possível, extraindo o máximo de seus efeitos potenciais. Especialmente aplicável quando da interpretação dos direitos e garantias fundamentais. JUSTEZA/ CONFORMIDADE FUNCIONAL É um princípio que visa a evitar que o intérprete constitucional fragilize e subverta a estrutura organizativa estabelecida pelo poder constituinte. Especialmente aplicável nos momentos de crise institucional e conflito aparente de competências. CONCORDÂNCIA PRÁTICA / HARMONIZAÇÃO Havendo conflito aparente de normas (especialmente princípios), a solução deve ser buscada de modo a evitar o sacrifício total de um deles. Especialmente aplicável em relação aos direitos fundamentais, por exemplo, quando a liberdade de ação/expressão de um indivíduo entra em choque com a de outro ouda coletividade. FORÇA NORMATIVA Princípio idealizado por Konrad Hesse, estatui que o ânimo da Constituição deve ser o de materializar e cristalizar no mundo real a razão normativa que lhe é própria, de tal modo que a consciência sócio- política e jurídica da sociedade seja moldada (e, reciprocamente, molde) a Constituição enquanto sistema de referência. PROPORCIONALIDADE / RAZOABILIDADE Princípio que condiciona o plano jurídico- positivo, conduzindo ideais como equidade, ponderação, justiça, moderação. Pode ser destrinchado em três elementos: Adequação (eficácia do meio) Necessidade (escolha do melhor meio) Proporcionalidade estrita (equilíbrio entre meios e fins) http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 21 de 72 www.exponencialconcursos.com.br A interpretação conforme não é utilizável quando a norma impugnada admite sentido unívoco. Esta técnica pode ser com redução de texto ou sem redução de texto. Atente-se para o fato de que tal princípio apresenta alguns limites: (i) o intérprete não pode ignorar ou corromper o texto literal e o significado mais plausível da norma; (ii) o intérprete não pode estender a interpretação para além dos limites do conteúdo legal, atuando como legislador. O poder constituinte originário é uma força pré-jurídica, social e política, um poder de fato, de 1º grau, que, conforme expõem Mendes e Branco (2010), é consciente de si e disciplina as bases da convivência na comunidade política. Dele deriva o poder constituinte derivado (revisor, decorrente ou reformador), verdadeira força pós-jurídica (uma vez que nasce do Direito já estruturalmente constituído, e não antes dele), de 2º grau. Ao lado desses dois poderes, traremos à análise mais um “poder”, qual seja, o poder constituinte difuso. Poder Constituinte Originário Derivado Revisor (esgotado) Decorrente (CE dos Estados e LO do DF) Reformador (Emendas à Constituição) Difuso (mutação) 5- Poder constituinte: emenda, reforma e revisão constitucional http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 22 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Poder constituinte originário É aquele que pode estabelecer uma nova ordem jurídica constitucional. Assim, pode modificar todo o ordenamento jurídico do Estado em sua essência, rompendo com a ordem anterior. Alguns autores fazem ainda a seguinte distinção: Poder Constituinte Originário Histórico: é aquele que estabelece a primeira Constituição do Estado, que o estrutura pela primeira vez. Poder Constituinte Originário Revolucionário: é todo aquele posterior ao poder originário histórico. Por exemplo, o poder originário que deu origem à Constituição de 1988. Temos como características centrais desse poder: A ilimitação do poder originário deve ser vista de forma relativizada. Com efeito, do ponto de vista jurídico, no processo de elaboração da Constituição o poder originário inaugura um novo ordenamento jurídico, não se subordinando a qualquer norma jurídica do ordenamento anterior. Todavia, do ponto de vista político e social, o poder originário encontra limitações nos valores e regras não jurídicas da sociedade na qual se insere. Conforme apresentam Mendes e Branco (2010), “se o poder constituinte é a expressão da vontade política da nação, não pode ser entendido sem a O poder constituinte originário (de 1º grau) é: Inicial precede a ordem jurídica. O Direito do Estado começa a partir dele e não antes. Ilimitado O Direito porventura anterior (conjunto normativo do Estado anterior) não lhe serve de molde. É livre para criar e inovar o ordenamento. OBS.: por outro lado, valores suprapositivos (religiosos e éticos, por exemplo) que inspiram a nação, certamente lhe servem como parâmetro1. Incondicionado é um poder político, uma força social pré-jurídica. Permanente não se esgota após editada e outorgada ou promulgada a Constituição. Pelo contrário, é latente ao longo da existência do Estado. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 23 de 72 www.exponencialconcursos.com.br referência aos valores éticos, religiosos, culturais que informam essa mesma nação e que motivam as suas ações”. Por esse motivo, se os representantes do poder constituinte originário hostilizarem os valores sociais dominantes, podem não ser reconhecidos como manifestação de tal poder. Abrimos um breve parêntese para expor rapidamente os tópicos a seguir, correlatos ao nosso tema central. a) Recepção A pergunta inevitável é: o advento de uma Constituição implica na revogação de todas as normas infraconstitucionais (hierarquicamente, abaixo da Constituição, como as leis ordinárias e complementares, decretos e leis delegadas) da ordem anterior? Não necessariamente. Nessa situação, podemos ter dois casos: A norma recepcionada pode, inclusive, adquirir novo status! Por exemplo, se foi editada com quórum de lei ordinária, versando sobre tema que a Constituição atual reserva à lei complementar, ela será recepcionada com status de lei complementar! Vale destacar também que a recepção pode ser parcial. Norma infraconstitucional Compatível com a nova Constituição? Será recepcionada (explícita ou tacitamente, total ou parcialmente) Incompatível com a nova Constituição? Será revogada por ausência de recepção http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 24 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Por fim, a recepção se dá de diferentes formas de acordo com o que está sendo recepcionado: Recepção de norma com status infraconstitucional Pode ser tácita. Recepção de norma com status constitucional Deve ser expressa. Vejamos os requisitos para que a norma seja recepcionada. b) Repristinação (e efeito repristinatório) Imagine-se o seguinte esquema: Pois bem. O Brasil adotou como regra a impossibilidade da repristinação, que seria a restauração de norma revogada (norma da Constituição A) pelo fato da norma revogadora (norma da Constituição B) ter perdido a vigência, exceto se a nova Carta assim dispuser (o poder constituinte originário é ilimitado, estabelece o que quiser). Por outro lado, o efeito repristinatório é um fenômeno observado no controle de constitucionalidade. Ilustremos: Requisitos para recepção da norma: necessidade de que ela seja constitucional no ordenamento anterior apresentar compatibilidade formal e material com a Constituição em que fora editada necessidade de que ela esteja em vigor quando da superveniência da nova Constituição apresentar compatibilidade material com a Constituição em que é recepcionada Constituição A Norma X Constituição B (revoga efetivamente toda a Constituição A) Constituição C (Norma X é compatível e poderia ser recepcionada) http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 25 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Observe-se que a revogação é somente aparente. A norma B sendo declarada inconstitucional será considerada nula desde a origem (salvo modulação dos efeitos da decisão) e seus efeitos, inexistentes. c) Desconstitucionalização A desconstitucionalização seria o fenômeno por meio do qual as normas constitucionais da Constituição anterior,compatíveis com a nova Constituição, seriam por ela recepcionadas. Contudo, tais normas seriam “rebaixadas” à categoria de leis infraconstitucionais (leis comuns que compõe o ordenamento, hierarquicamente abaixo da Constituição). Pois bem. A menos que haja disposição expressa da nova Constituição vigente, tal fenômeno não ocorrerá de forma automática. O único modo de ocorrer tal desconstitucionalização seria por previsão do poder constituinte originário, que é ilimitado e incondicionado. Poder constituinte derivado Suas características são: Norma A Norma B (revoga aparentemente a Norma A) Norma B é declarada inconstitucional e a Norma A "recupera" sua vigência Constituição A Norma X (status de norma constitucional) Constituição B (não revoga a norma X) Constituição B Norma X (status de norma infraconstitucional) http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 26 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Poder constituinte derivado revisor Quando da promulgação da Carta Magna de 1988, assim dispôs o ADCT: Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Atualmente, a eficácia de tal poder encontra-se exaurida, ou seja, não pode mais ser usada a revisão constitucional nos termos acima. Poder constituinte derivado reformador É o poder que se manifesta por meio das emendas à Constituição. O rito processual encontra-se disposto no art. 60 da CF/88, o qual reveremos mais adiante com detalhes. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. O poder constituinte derivado (de 2º grau) é: Constituído criado pelo poder constituinte originário. Limitado deve observância aos critérios materiais, formais, temporais elencados pelo poder de 1º grau. Condicionado sua manifestação é limitada aos ritos processuais delineados pelo poder originário. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 27 de 72 www.exponencialconcursos.com.br § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Poder constituinte derivado decorrente É o poder que se manifesta na elaboração das Constituições Estaduais e da Lei Orgânica do Distrito Federal. As Leis Orgânicas dos Municípios não são fruto do poder constituinte derivado decorrente. Seu fundamento imediato de validade são as Constituições Estaduais e não a Constituição Federal. Representam, assim, um poder de terceiro grau. Esse é o entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário. Poder constituinte difuso Este é o poder que se manifesta no fenômeno das mutações constitucionais. Diferentemente dos poderes revisor e reformador (mutação formal), aqui observamos uma mutação informal. Não há mudança na literalidade do texto, mas sim no seu sentido interpretativo. O caráter aberto de muitos dos conceitos presentes nos dispositivos constitucionais (por exemplo, “função social da propriedade”, “limites da atividade econômica”, intervenção do Estado nas famílias etc.), muitas vezes assim deixados intencionalmente pelo constituinte, favorece uma interpretação constantemente atualizadora, capaz de produzir, por vezes, uma mutação constitucional difusa, informal. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 28 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Vamos agora treinar. 1- (CESPE / STJ – Conhecimentos Básicos / 2015) Julgue o item subsecutivo, acerca da República Federativa do Brasil. A Constituição é instituto multifuncional que engloba entre seus objetivos a limitação do poder e a conformação e legitimação da ordem política. Resolução: Correto. A Constituição é a lei máxima do Estado e tem como alguns de seus objetivos limitar os poderes do próprio Estado e dos particulares e estabelecer as diretrizes da ordem política. 2- (CESPE / Defensor Público Federal – DPU / 2017) A respeito da evolução histórica do constitucionalismo no Brasil, das concepções e teorias sobre a Constituição e do sistema constitucional brasileiro, julgue o item a seguir. A CF goza de supremacia tanto do ponto de vista material quanto do formal. Resolução: Correto. A supremacia formal é consequência direta da rigidez constitucional. Uma vez que as normas constitucionais devem observar um processo legislativo próprio, dotado de maior complexidade e rigidez, isso as coloca em um patamar especial. Por seu turno, a supremacia material diz com o conteúdo das normas constitucionais. Uma vez que o conteúdo do texto constitucional trata de matérias basilares em relação à organização do Estado, ela é materialmente superior a todas as demais normas do ordenamento jurídico. 3- (FGV / Estágio Forense do MPE – RJ / 2014 / Adaptada) Julgue o item a seguir: O sistema jurídico brasileiro adota o princípio da supremacia constitucional. Segundo os juristas pátrios e, principalmente, a jurisprudência do STF, o referido princípio informa-nos que o intérprete deve ter em conta que as normas constitucionais encontram-se posicionadas no topo do ordenamento jurídico e configuram o fundamento de validade de todas as demais normas do sistema que estejam em posição hierárquica inferior. 6- Questões Comentadas http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 29 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: Correto. O princípio da Supremacia da Constituição postula que a Lei Fundamental (Constituição) do Estado se encontra na parte mais elevada do ordenamento jurídico, de modo que nenhuma norma pode contrariar suas disposições normativas. Este princípio orienta toda interpretação da Constituição, lei fundamental do Estado, que não pode ser contrariada por nenhuma outra norma. 4- (CESPE / Defensor Público Estadual da DPE – RN / 2015 / Adaptada) O preâmbulo da CF possui caráter dispositivo. Resolução: Errado! Vejamos o que dispõe o preâmbulo constitucional: PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiçacomo valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Como já vimos, o STF adotou, expressamente, a tese da irrelevância jurídica. Por exemplo, sendo instado a examinar se a invocação da “proteção de Deus” seria ou não norma de reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais (CE) e Leis Orgânicas (LO) do Distrito Federal e dos Municípios, o STF se manifestou contrário a um discutível caráter normativo do preâmbulo da CF/88 (ADI 2.076/AC). Ou seja, as CE e LO não precisam invocar a “proteção de Deus”. 5- (FCC / Procurador do Ministério Público de Contas junto ao TCM – GO / 2014) Não integram a Constituição formal brasileira os comandos expressos: a) nas normas isoladas de emendas constitucionais. b) nos tratados de direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. c) no corpo permanente da Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 30 de 72 www.exponencialconcursos.com.br d) no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. e) nas súmulas vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal Federal. Resolução: Alternativa E. As súmulas vinculantes (elementos que estudaremos ao tratarmos do Poder Judiciário) são interpretações pacificadas pelo Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional e que têm efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Muito embora tenham por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas, inclusive constitucionais, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica, elas não integram o texto constitucional e tampouco têm a força normativa das normas editadas pelo poder constituinte originário. 6- (CESPE / Delegado de Polícia da PC – TO / 2008) Os elementos orgânicos que compõem a Constituição dizem respeito às normas que regulam a estrutura do Estado e do poder, fixando o sistema de competência dos órgãos, instituições e autoridades públicas. Resolução: Correto. Basta recordar que os elementos orgânicos são aqueles que compõem a regulação da organização e funcionamento do Estado. 7- (IBFC / Gestor de Transportes e Obras SEPLAG – MG / 2014) Considerando as categorias de elementos que definem o conteúdo das Constituições, pode-se afirmar que as disposições constitucionais transitórias são elementos: a) Limitativos. b) Socioideológicos. c) Orgânicos. d) Formais de aplicabilidade. Resolução: Alternativa D. O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é uma parte das normas constitucionais que contém regras de transição do regime constitucional anterior (1969) para o atual regime (1988), assim, se caracteriza como formal de aplicabilidade. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 31 de 72 www.exponencialconcursos.com.br 8- (CESPE / Analista Técnico Administrativo do MPOG / 2015) A respeito das noções de Estado, governo e administração pública, julgue o item a seguir. Povo, território e governo compõem os três elementos constitutivos do conceito de Estado. Resolução: Correto. São, respectivamente, o componente humano do Estado, a base física do Estado e o elemento condutor do Estado Advirta-se que povo não é sinônimo de população. Povo é a parcela da população vinculada política e juridicamente ao Estado. 9- (FCC / Técnico Judiciário do TRE SP / Área Administrativa / 2012) O mecanismo pelo qual os Ministros do Supremo Tribunal Federal são nomeados pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pelo Senado Federal, decorre do princípio constitucional da: a) separação de poderes. b) soberania. c) cidadania. d) inafastabilidade do Poder Judiciário. e) solução pacífica dos conflitos. Resolução: Alternativa A. Perceba-se que o mecanismo de freios e contrapesos advém do princípio da separação de poderes expresso no art. 2º da CF/88. Os demais itens caracterizam princípios fundamentais, coordenando fundamentos (soberania e cidadania), princípios do Estado referentes a regras processuais (inafastabilidade do Poder Judiciário) e princípios nas relações em âmbito internacional (solução pacífica dos conflitos) e serão tratados posteriormente. 10- (CESPE / Polícia Rodoviária Federal / 2013) No que se refere aos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF) e à aplicabilidade das normas constitucionais, julgue o item a seguir. Decorre do princípio constitucional fundamental da independência e harmonia entre os poderes a impossibilidade de que um poder exerça função típica de outro, não podendo, por exemplo, o Poder Judiciário exercer a função administrativa. Resolução: Errado. A independência dos Poderes não se confunde com a completa segregação destes. Muito pelo contrário. No Brasil, a separação entre Executivo, Legislativo e Judiciário se dá de forma abrandada. Disso deriva a http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 32 de 72 www.exponencialconcursos.com.br possibilidade de que, além de suas funções típicas, cada qual exerça funções atípicas correlatas aos demais. 11- (FCC / Juiz do Trabalho Substituto do TRT da 1ª Região / 2016) Foi um dos princípios extraídos de Montesquieu, em sua obra O Espírito das Leis, mais especificamente no capítulo sobre a Constituição da Inglaterra, que se acha expresso na Constituição de 1988 e que é considerado cláusula pétrea: a) A autonomia dos Estados da Federação. b) Autonomia do Poder Judiciário. c) A Federação. d) A soberania popular. e) A separação dos Poderes. Resolução: Alternativa E. O pensamento de Montesquieu deu a base para que a teoria da separação de poderes resultasse na ideia (consensual) de tripartição de poderes quando nos referimos ao Estado democrático de direito contemporâneo. Em nenhum desses Estados, concebidos como democracias, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são vistos sempre como independentes (ou interdependentes) e harmônicos entre si. Nesse sentido, estabelece nossa Constituição Federal: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. ... Art. 60. ... § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: ... III - a separação dos Poderes; Muito embora a forma federativa de Estado também seja cláusula pétrea (como voltaremos a ver ao tratarmos do Poder Legislativo e do Processo Legislativo), ela não é princípio extraído da obra de Montesquieu. 12- (FCC / Procurador da Assembleia Legislativa – SP / 2010) Pela Teoria Geral do Estado, é incorreto afirmar: http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 33de 72 www.exponencialconcursos.com.br a) No Estado Unitário, o ente provincial tem, dentre outras, soberania interna e externa, competência legislativa própria, capacidade de auto-organização e subordinação vinculada. b) As formas de Estado levam em consideração a composição geral do Estado, a estrutura do poder, sua unidade, distribuição e competências no território do Estado. c) O Estado Federal é aquele que se divide em províncias politicamente autônomas, possuindo duas fontes paralelas de Direito Público, uma Nacional e outra Provincial. d) Pelo fato de apresentar a centralização política, o Estado Unitário só tem uma fonte de Poder, o que não impede a descentralização administrativa. e) Dentre as características do Estado Federal, tem-se a constância dos princípios fundamentais da Federação e da República, sob as garantias da imutabilidade desses princípios, da rigidez Constitucional e do instituto da Intervenção Federal. Resolução: Alternativa A. Questão de excelente didatismo! O problema da opção “A” é que, no Estado Unitário, todos os poderes estão concentrados na mão de um ente central. Deste modo, os demais entes (regionais, subnacionais, provençais etc.) são dotados, no máximo, de alguma autonomia administrativa, porém não de autonomia para sua auto organização, exercício de capacidade legislativa e de auto governo. Ademais, outro ponto a ser observado é que a soberania é atributo exclusivo da República Federativa do Brasil. 13- (CESPE / Assistente em Administração da FUB / 2015) Julgue o item a seguir, a respeito da Constituição Federal de 1988 (CF) e dos fundamentos da República Federativa do Brasil. De acordo com a CF, o poder emana do povo, mas é dividido em três funções — executiva, legislativa e judiciária —, que, bem delimitadas, são impedidas de exercer competências umas das outras. Resolução: Errado. No Brasil, a tripartição de Poderes se dá de modo que todos os Poderes do Estado desempenham funções típicas mas também praticam atos que, a rigor, seriam de outro poder (funções atípicas), de modo que um poder limita o outro. 14- (FCC / Notário e Registrador – TJ PE / Remoção / 2013) Em relação à possibilidade de aplicação do conceito de federação assimétrica ao Brasil, é correto afirmar: http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 34 de 72 www.exponencialconcursos.com.br a) A concepção inclui a ideia de simetria de fato entre os componentes da federação, como a criação de regiões de desenvolvimento. b) O conceito compreende a noção da simetria de direito para corrigir e compensar a estrutura da federação, v.g., a fixação de benefícios legais na área tributária. c) A diferença entre os entes federados no Brasil pode ocorrer tanto na área social, como na econômica. d) Os elementos da federação assimétrica não são aplicáveis à realidade nacional diante da determinação constitucional que a federação é indissolúvel, não há permissão a secessão. e) A assimetria somente pode ser transitória e pressupõe um tratamento desigual para corrigir desigualdades. Resolução: Alternativa C. É o conceito de federalismo assimétrico. A própria Constituição Federal reconhece a existência de discrepâncias entre as regiões. Não por acaso, estatui, por exemplo: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; [...] e Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. 15- (CESPE / Analista de Infraestrutura – MPOG / Área I / 2012) Com relação aos princípios do direito constitucional, julgue o item a seguir. A Federação brasileira − formada, de acordo com o disposto na CF, pela união indissolúvel da União, dos estados-membros, do Distrito Federal e dos municípios − é um federalismo do tipo assimétrico, em razão da falta de homogeneidade entre os entes federativos. Resolução: Correto. O critério da simetria diz com a homogeneidade dos fatores econômicos, políticos e socioculturais nos diferentes entes do Estado brasileiro. A nossa federação se caracteriza por elevadas disparidades de Produto Interno Bruto, renda per capita, oferta e prestação de serviços públicos, dentre outros fatores. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 35 de 72 www.exponencialconcursos.com.br 16- (CESPE / Administrador da SUFRAMA / 2014) Julgue o item a seguir, acerca da organização político-administrativa do Estado, da administração pública e dos servidores públicos. De acordo com a CF, as atribuições dos entes federativos são de tal modo separadas que caracterizam um federalismo dual, ou seja, cada ente da Federação brasileira tem competências distintas, não se podendo falar em cooperação entre eles. Resolução: Errado. Questão bastante simples. O Brasil é caracterizado por um modelo de repartição de competências entre os entes no qual, ao mesmo tempo em que se visualizam competências exclusivas e privativas, existe um leque de atribuições concorrentes e comuns que demandam expressamente um esforço conjunto entre estes, pendente, pois, para um modelo cooperativo. 17- (CESPE / Técnico Administrativo da ANVISA / 2016) Acerca da CF, julgue o item seguinte. O neoconstitucionalismo influenciou a atual CF e promoveu o fortalecimento dos direitos fundamentais, notadamente, dos direitos sociais. Resolução: Correto. Uma vez que o neoconstitucionalismo representa a superação do positivismo jurídico e tem como carga valorativa os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana, há forte tendência do ordenamento jurídico (tendo por base a Constituição) de concretizar tais direitos, sejam individuais, sejam coletivos, como os direitos sociais. Para Lenza (2012), são pontos marcantes do neoconstitucionalismo: C O N S T IT U IÇ Ã O É o centro do sistema É norma jurídica dotada de imperatividade e superioridade Sua carga valorativa é a dignidade da pessoa humana e seus direitos fundamentais Tem eficácia irradiante em relação aos Poderes do Estado e diante dos particulares Deve efetivamente concretizar os valores nela presentes Deve promover a garantia de condições existenciais dignas http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 36 de 72 www.exponencialconcursos.com.br 18- (CESPE / Analista Judiciário do STF / Área Judiciária / 2008) Acerca da teoria geral da constituição e do Poder Constituinte, julgue o item seguinte. Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, com adaptações, de José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41...). A constituição é considerada norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. É correto afirmar que essa definição denota um conceito de constituição no seu sentido jurídico. Resolução: Correto. Vamos rever: 19- (CESPE / Analista – INCA / 2010) Julgue o item abaixo. Para Carl Schmitt, a constituição de um Estado deveriaser a soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade. Caso isso não ocorra, ele a considera como ilegítima, uma simples folha de papel. Resolução: Errado. Carl Schmitt foi o principal expoente do sentido de político de Constituição, marcado pela distinção entre Constituição e lei constitucional Já a Constituição como a soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade é conceito de Ferdinand Lassalle, consagrado na obra “A essência da Constituição”. Segundo essa visão, em última análise as questões constitucionais são questões de poder (e não de direito propriamente dito). Portanto, os fatores reais de poder que regem a sociedade podem prevalecer sobre o que está escrito no texto constitucional. Jurídico Principal expoente: Hans Kelsen Constituição como norma logíco-jurídica: é a norma hipotética fundamental. Constituição como norma jurídico-positiva: é a norma que fundamenta a existência das demais e lhes serve de referência. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 37 de 72 www.exponencialconcursos.com.br 20- (CESPE / Analista Judiciário do TRT da 7ª Região / 2017 / Adaptada) No que se refere à CF, julgue o item a seguir. Na concepção sociológica, constituição consiste no somatório dos fatores reais de poder em uma sociedade, sendo consideradas sinônimas a constituição real e efetiva e a constituição jurídica. Resolução: Errado. De fato, na concepção sociológica de Ferdinand Lassale, a Constituição é o somatório das forças sociais (fatores reais) que compõem o poder dentro da sociedade. Nesse sentido, admite-se a existência de uma Constituição independente de um documento escrito. Inclusive, em último caso, o Estado pode ter duas Constituições, uma que é a folha de papel e outra que é a "real". Tal conceito, no entanto, não se confunde com o conceito jurídico de Constituição, cujo principal expoente foi Hans Kelsen. 21- (CESPE / Técnico do MPU / Área de Administração / 2013) No que se refere à CF, julgue o item a seguir. Todas as normas presentes na CF, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária, por serem formalmente constitucionais. Resolução: Correto. Conciliando o conceito de supremacia da Constituição (relembrem a pirâmide de Kelsen) e, sabendo que no Brasil se adota o critério formal de Constituição, temos que, qualquer norma (regra ou princípio) constitucional será hierarquicamente superior à legislação infraconstitucional (leis ordinárias, complementares, decretos, resoluções etc.). IMPORTANTE: Algumas vozes doutrinárias chamam a atenção para o fato de que a partir da Emenda Constitucional nº 45 de 2004, seria adequado afirmar que o Brasil comporta um critério misto, em especial pelo o que dispõe o art. 5º, §3º da Constituição Federal: Art. 5º [...] § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Observe-se que o dispositivo condiciona a referida equivalência à matéria (tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos) e a seu modo de introdução no ordenamento jurídico (rito de aprovação idêntico ao das emendas constitucionais). Ou seja, é constitucional tanto pela forma quanto pelo conteúdo. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 38 de 72 www.exponencialconcursos.com.br De todo modo, a menos que a banca faça referência específica ao critério misto, considere-se como mais correto afirmar que o Brasil adota o critério formal! 22- (CESPE / Delegado de Polícia Civil da PC – MA / 2018) De acordo com a doutrina majoritária, quanto à origem, as Constituições podem ser classificadas como: a) promulgadas, que são ditas democráticas por se originarem da participação popular por meio do voto e da elaboração de normas constitucionais. b) outorgadas, que surgem da tradição, dos usos e costumes, da religião ou das relações políticas e econômicas. c) cesaristas, que são as derivadas de uma concessão do governante, ou seja, daquele que tem a titularidade do poder constituinte originário. d) pactuadas, que são formadas por dois mecanismos distintos de participação popular, o plebiscito e o referendo, ambos com o objetivo de legitimar a presença do detentor do poder. e) históricas, que surgem do pacto entre o soberano e a organização nacional e englobam muitas das Constituições monárquicas. Resolução: Alternativa A. As Constituições promulgadas são aquelas instituídas pela via democrática, resultantes de uma Assembleia Nacional Constituinte eleita e, portanto, legitimada pelo povo para elaborar as normas constitucionais. Vejamos os erros. A alternativa “B” erra, pois, as Constituições outorgadas, também conhecidas como ditatoriais e autocráticas, surgem unilateralmente por iniciativa do agente ou classe política dominante, sem qualquer legitimação por parte do povo, seja a priori, seja a posteriori. Já a “C” erra uma vez que as cesaristas também surgem unilateralmente por iniciativa do agente ou classe política dominante, sendo, no entanto, referendadas/ratificadas pelo povo, este sim titular do poder constituinte originário. A “D”, por seu turno, traz um conceito errado de Constituição pactuada. Esta é aquela originária do compromisso (instável) de duas forças políticas rivais ou antagônicas. Exemplos são as Constituições europeias que surgiram na transição histórica marcada pela ascensão da classe burguesa e declínio das monarquias absolutistas. Por fim, a “E” erra duplamente. Primeiramente, as Constituições não são classificadas como históricas quanto à origem, mas sim quanto ao seu modo de elaboração. Em segundo lugar, o conceito em si está descrito erroneamente. http://www.exponencialconcursos.com.br/ Curso: Direito Constitucional – Curso regular Resumo + Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 00 Prof. Jonathas de Oliveira 39 de 72 www.exponencialconcursos.com.br Constituições históricas são aquelas (escritas ou não) elaboradas gradativamente como reflexo imediato das características peculiares do povo e sua dinâmica ao longo do tempo em determinado Estado 23- (CESPE / Analista da FUNPRESP – JUD / 2016) Julgue o item subsequente, referente ao conceito e classificação da Constituição e à aplicabilidade das normas dispostas na Constituição Federal de 1988 (CF). Quanto à forma e à origem, a CF é classificada em escrita e promulgada; quanto ao modo de elaboração, é classificada como histórica. Resolução: Errado. De fato, quanto à forma, nossa Constituição Federal é classificada como escrita, e, quanto à origem, como promulgada. Porém, quanto ao modo de elaboração, nossa CF/88 é tida como dogmática, vale dizer, foi elaborada racional e sistematicamente por um órgão constituinte (Assembleia Constituinte), e não de forma gradativa, num processo de construção histórico. 24- (CESPE / Juiz Federal TRF da 1ª Região / 2009) Assinale a opção correta acerca do conceito, da classificação e dos elementos da constituição. a) Segundo a doutrina, os elementos orgânicos da constituição são aqueles que limitam a ação dos poderes estatais, estabelecem as balizas do estado de direito e consubstanciam o rol dos direitos fundamentais. b) No sentido sociológico, a constituição seria distinta da lei constitucional, pois refletiria a decisão política fundamental do titular do poder constituinte, quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, aos direitos individuais e à atuação democrática,
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