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35 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Unidade II 3 RECRUTAMENTO DE PESSOAL O recrutamento de pessoal é uma atividade do sistema de administração de recursos humanos que consiste num conjunto de procedimentos com objetivo de atrair candidatos, em número, potencial e qualificação suficientes, para suprir as vagas existentes na organização. Tal atividade abastece, assim, o processo de seleção e pode ser realizada tanto internamente, ou seja, nos quadros existente na empresa, bem como externamente. É importante compreender como isso ocorre na prática. O departamento que precisa do profissional, ou seja, que abriu a vaga, preenche um formulário que, na maioria das organizações, é denominado requisição de pessoal – RP. Nele, faz constar as características do profissional, os conhecimentos básicos necessários e outras informações complementares, por exemplo, idade, disponibilidade para viagens etc. Uma vez preenchido o formulário (RP), este é submetido à chefia imediata para aprovação. Em seguida, é encaminhado ao departamento de recursos humanos para início do processo. Marras (2000) ilustra a descrição feita anteriormente em termos de procedimentos de organização e métodos – O&M. Emissão da RP pelo requisitante Aprovação chefe imediato Início do processo Análise ARH Figura 3 Como dito, o recrutamento pode dar‑se interna ou externamente. Os meios para proceder com o recrutamento são os apontados a seguir: 36 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Quadro 5 – Formas de recrutamento Internamente Externamente Funcionários da própria empresa Cartazes Banco de dados interno Sindicatos Indicações Associações Cartazes Escolas Universidades Fornecedores Clientes Agências de emprego Anúncios classificados Consultorias Headhunters 3.1 O processo de seleção Uma vez recrutadas as pessoas que preenchem os requisitos contidos no formulário requisição de pessoal – RP, é necessário proceder com a seleção, ou seja, entre todos os candidatos requisitados, qual o mais completo para preencher a vaga. Os métodos mais utilizados são a entrevista e/ou a realização de testes. Entrevista Com a entrevista, procura‑se conhecer melhor o candidato. Por isso, pede‑se que fale sobre sua vida profissional, dando detalhes acerca de quantas empresas já trabalhou, quanto tempo ficou em cada uma delas, os motivos que o levaram a deixar a empresa ou a ser demitido da mesma. Além disso, pede‑se também que fale sobre sua vida familiar e social. O objetivo é perceber como se configura seu meio externo pessoal. Teste Os testes procuram identificar as aptidões do candidato e se essas se coadunam com as aptidões necessárias para a função a que está sendo selecionado. Normalmente, aplica‑se testes voltados para percepção da memória, inteligência e identificação do grau de atenção. Em linhas gerais, os testes são: • práticos; • situacionais; • psicológicos: de aptidão e de personalidade. 37 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Teste prático: objetiva avaliar o conhecimento específico, seja de pessoal horista (mecânicos, soldadores, eletricistas etc.), seja de pessoal mensalista (digitador, recepcionistas, contadores etc.). Teste situacional: pretende expor o candidato a situações específicas da função que exercerá para avaliar a rapidez e a eficácia em seu desempenho. Teste psicológico: permite avaliar características específicas do indivíduo no que se refere a aptidões mecânicas, mentais e visuais e ao perfil comportamental. Uma vez selecionado, o candidato será encaminhado para submeter‑se ao exame médico admissional, que é realizado por um clínico geral e tem como objetivo verificar o estado de saúde geral do candidato e registrar seu histórico no prontuário médico da empresa. Os exames a serem feitos são os laboratoriais de sangue, urina e fezes, e uma radiografia do tórax. Após a realização dos exames, se todos se mostrarem adequados, o candidato é encaminhado para admissão. Lembrete Os candidatos devem dedicar atenção especial ao teste situacional, pois sua meta é expor o candidato a situações específicas da função que exercerá, a fim de que sejam avaliadas a rapidez e a eficácia no desempenho da atividade. 3.2 Admissão do empregado Para efetivamente ser admitido, o candidato deve apresentar todos os documentos listados a seguir, a fim de que seja montada sua pasta‑dossiê. a) Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS. Nos termos do artigo 13 da CLT, é o documento obrigatório para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário. b) Atestado de Saúde Ocupacional – ASO. Comprovante do exame médico realizado. c) Cópia dos documentos pessoais: carteira de identidade – RG, cadastro de pessoa física – CPF, título de eleitor para os maiores de 18 anos, certificado de reservista ou alistamento militar, para brasileiros do sexo masculino na faixa etária de 18 a 45 anos, certidão de casamento, quando for o caso, certidão de nascimento dos filhos menores de 14 anos para recebimento de salário‑família. d) Cópia do cartão da criança, que substituiu a carteira de vacinação para os filhos com idade até 7 anos. 38 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 e) Cópia do comprovante de inscrição no PIS/Pasep. f) Carteira Nacional de Habilitação para os empregados cuja função a ser exercida envolva a condução de veículos de propriedade da empresa. g) Cópia da carteira de habilitação profissional expedida pelos Conselhos Regionais para os empregados que exercerem profissões regulamentadas, como OAB, Crea, Coren. h) Cópia do registro de habilitação na Delegacia Regional do Trabalho – DRT, anotada na CTPS, para os que exercerem as profissões de agenciadores de propaganda, publicitários, jornalistas, atuários, técnicos de arquivos, radialistas, sociólogos, vigilantes bancários, secretárias executivas com curso superior e técnico de segurança do trabalho. i) Cópia da carteira de identidade de estrangeiro – RNE. j) Fotos (normalmente duas) para colar no livro de registro de empregados. k) Em alguns casos, atestado de escolaridade. Não é obrigatório, mas algumas empresas solicitam também o atestado de antecedentes criminais. Observação As empresas não devem recusar a contratação de um profissional pelo fato de este ter promovido uma reclamação trabalhista anteriormente. Esse tipo de recusa pode levar a empresa à responder em juízo por danos morais. É importante esclarecer que há, além dos documentos mencionados, algumas particularidades inerentes à contratação de alguns profissionais. Por exemplo, no caso de artistas, deve ser exigido atestado liberatório. Esse atestado é um termo expedido pelo empregador anterior declarando que o contrato de trabalho que mantinha com o artista que está sendo contratado foi rescindido. Com os documentos necessários para o registro do empregado em mãos, é importante saber como regularizar esse registro. 3.3 Regularização do registro do empregado Para formalizar a contratação do empregado, deve‑se proceder com a rotina exposta a seguir: • I – preencher o livro ou a ficha de registro de empregados com os dados contidos na documentação entregue pelo mesmo. Proceder com o registro na carteira de trabalho, que deverá ser devolvida ao funcionário no prazo máximo de 48 horas; 39 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOSRe vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 • II – emitir e solicitar que seja assinado pelo empregado e pela empresa o contrato de trabalho. Ressalta‑se que, se houver cláusulas específicas, as mesmas deverão ser também anotadas na carteira de trabalho; • III – preencher a ficha de salário‑família para os filhos menores de 14 anos; • IV – se for comum a prática de horas extras, preencher o acordo de prorrogação de horas; • V – caso haja na empresa a prática de compensação de horas de trabalho (banco de horas), pedir ao funcionário que assine a anuência com o termo celebrado entre a empresa e o sindicato; • VI – preencher a declaração de dependentes para efeitos de informe ao Imposto de Renda. Isso para o caso de o empregado auferir rendimentos sujeitos à retenção de valores na fonte; • VII – providenciar o cartão de ponto, ou preparar a folha no livro de ponto destinada ao preenchimento de horário pelo empregado. Nos casos em que o trabalho executado for externo, providenciar controle de ponto externo; • VIII – preencher a ficha referente ao Programa Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. É nessa ficha que se registra a ocorrência dos exames médicos de rotina, bem como o acompanhamento do quadro clínico do empregado. O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos: a) admissional; b) periódico; c) de retorno ao trabalho; d) de mudança de função; e) demissional; • XIX – apurar se o empregado já figura cadastrado no Programa de Integração Social – PIS. Caso não esteja, providenciar o cadastro; • X – conferir se o empregado admitido já recolheu a contribuição sindical no emprego anterior. Caso o recolhimento já tenha sido feito, anotar no livro ou na ficha de registro de empregados. Na ausência do recolhimento, haverá o desconto. É importante salientar que a empresa tem a obrigação de informar todos os meses ao Ministério do Trabalho as admissões, as demissões ou transferências de empregados. A comunicação é realizada por intermédio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged. A seguir, explica‑se de forma pormenorizada como acessar esse cadastro pela internet. Outro ponto a ser considerado é aquele que se refere à contratação de estrangeiros. Cuidados para o registro de pessoa estrangeira A Lei que permite a contratação de estrangeiros é a de nº 6.815. Disciplina que somente poderão ser contratados os estrangeiros que possuírem visto permanente ou temporário. 40 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 No caso do estrangeiro detentor do visto permanente, não há problema conquanto o mesmo goze de todos os direitos garantidos aos brasileiros. No caso do visto temporário, somente poderão ser admitidos os estrangeiros que entrarem no Brasil na condição de artista ou desportista; cientista, professor, técnico ou profissional de outra categoria, sob o regime de contrato por tempo determinado ou a serviço do governo brasileiro. 3.4 Livros obrigatórios a serem mantidos na empresa A empresa obrigatoriamente deve manter em suas instalações, à disposição da fiscalização do Ministério do Trabalho, os seguintes livros: • livro de registro de empregados; • livro de inspeção do trabalho; • livro de registro de horário: cartão, livro de ponto ou registro magnético. Livro de registro de empregados O artigo 41 da CLT determina a obrigatoriedade de o empregador ter o registro de seus respectivos trabalhadores. Para isso, pode valer‑se de livros, fichas ou de sistema eletrônico. Os registros devem ser mantidos na empresa à disposição do fiscal do trabalho. Nesse livro, deverão constar todos os dados relativos ao empregado, como sua admissão, férias, casos de acidentes e todas as circunstâncias que interessam à proteção do trabalhador. Lembrete Como o registro é uma determinação legal, o empregador não poderá alegar em sua defesa que não registrou o empregado porque este estava em período de experiência, pois desde o primeiro dia na organização o empregado já deve estar devidamente registrado. Livro de inspeção do trabalho A Portaria nº 3.158, de 18 de maio de 1971, em seu artigo primeiro, faz constar: “ficam as empresas ou empregadores sujeitos à inspeção do trabalho obrigados a manter um livro de Inspeção do Trabalho....” (Livro de Inspeção do Trabalho). O parágrafo 1º, do artigo 628 da CLT, dispõe sobre o mesmo assunto. O parágrafo 2º, por sua vez, esclarece que, nesse livro, quando da visita do agente da inspeção à empresa, deverão ficar registradas a data e o horário de início e de término de sua inspeção, todas as irregularidades verificadas e as exigências feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento, e, de modo legível, os elementos de sua identificação funcional. 41 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Livro ou relógio‑ponto A marcação de ponto é obrigatória para empresas com mais de 10 (dez) funcionários. Consiste em apontar o horário de entrada, saída e o intervalo para repouso e deve ser realizada de forma mecânica ou eletrônica, ou ainda em forma manuscrita em livro‑ponto. 3.5 Outras exigências legais Quadro de horário de trabalho O quadro de horário de trabalho é obrigatório, devendo a empresa afixá‑lo em local visível. A Portaria do Ministério do Trabalho – MTB nº. 3.088, de 28 de abril de 1980, criou o quadro de horário de trabalho simplificado, que permite relacionar os empregados de uma mesma seção que cumpram a mesma jornada e horário. É importante ressaltar que menores de 18 anos devem ser relacionados em quadro específico e apartados dos demais empregados, denominado quadro de horário de trabalho de menores. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa Todas as empresas, públicas ou privadas, que empreguem funcionários regidos pela CLT, nos termos do artigo 163 de diploma legal, são obrigadas a manter uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa. O objetivo da comissão é apurar e relatar os riscos existentes no ambiente de trabalho, bem como solicitar medidas corretivas para eliminá‑los. Sua missão é a preservação e a integridade física dos empregados. Para desempenhar essa missão, a comissão realiza campanhas de conscientização para utilização dos equipamentos de proteção individual e treinamentos para que todos observem as áreas de riscos da organização. Quando se dá o processo eleitoral, a Norma Regulamentadora número 5 – NR 5 – disciplina quais são as atribuições da Cipa e como é o treinamento necessário para os componentes dessa comissão, que é formada por funcionários. Uma parte é indicada pela empresa e outra, em igual número de componentes, é eleita pelos próprios funcionários. O presidente da Cipa é uma pessoa escolhida pelo empregador. Ressalta‑se que a Cipa é um órgão que não está subordinado a nenhuma área ou funcionário da empresa. O mandato da comissão será de um ano, sendo permitida uma reeleição. Os componentes eleitos pelos funcionários para a Cipa, nos termos do artigo 10, inciso II, das Disposições Transitórias, ficam impedidos de serem demitidos, desde o registro de sua candidatura 42 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 até um ano após o final de seu mandato. Por isso é que se afirma que um participante da Cipa tem imunidade de dois anos. Vale‑transporte A Lei nº. 7.418, de 16 de dezembro de 1985, assegurou ao empregado o direito ao vale‑transporte, ou seja, o ressarcimento de parte do valor gasto para deslocamento de sua residênciaaté o local do trabalho. No início de cada mês, o trabalhador recebe da empresa um recibo, passes, tíquetes ou fichas adquiridas junto às empresas de transportes coletivos. No caso da cidade de São Paulo, o vale‑transporte é fornecido mediante o sistema de carregamento de bilhete único. Do total fornecido em tíquetes, fichas ou carregamento do bilhete único, a empresa poderá descontar o limite de 6% do valor gasto com transporte da folha de pagamento do empregado. Além disso, a empresa não poderá pagar o vale‑transporte diretamente ao empregado em forma de numerário. Cumprimento ao acordo ou dissídio coletivo Empresas, assim como empregados, são representadas pelos seus sindicatos. Diz‑se sindicato patronal aquele que defende os interesses das empresas, e sindicato dos empregados aquele que defende os interesses dos empregados. Toda classe trabalhadora possui um determinado mês para reajuste de seus salários. Nessa ocasião, na maioria das vezes, a pretensão dos empregados não coincide com a intenção das empresas. Quando ocorre essa discordância entre o que a empresa propõe e o que os empregados desejam, instaura‑se o dissídio, ou seja, as controvérsias que serão, no primeiro momento, discutidas pelos sindicatos, patronal e de empregados, até chegarem a um consenso, que se aplicará a todas as empresas da categoria. Nesse caso, o acordo é formalizado e enviado para homologação do Tribunal Regional do Trabalho. Quando não se alcança o acordo, as controvérsias são submetidas à Justiça do Trabalho que, se sentenciar uma decisão, esta valerá para toda a categoria. É importante ressaltar que a Reforma Trabalhista trouxe algumas alterações. O Acordo Coletivo e a Convenção Coletiva possuem força normativa em face da própria legislação nos termos do artigo 611‑A. O artigo 611‑A traz um rol de direitos que poderão ser negociados livremente. Por exemplo: • pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; • banco de horas anual; • intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; 43 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 • adesão ao Programa Seguro‑Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015. Ao todo são quinze itens de livre negociação. Já o artigo 611‑B ratifica o disposto na Constituição Federal, vedando a livre negociação e direitos constitucionais dos itens nele relacionados. Além disso, agora é possível realizar acordos trabalhistas individuais. Ou seja, a CLT está buscando prestigiar a negociação direta entre empregados e empregadores. Contudo, esses acordos também deverão respeitar os direitos constitucionais e assegurar que o empregado não sofra nenhum prejuízo, uma vez que deve prevalecer o equilíbrio na relação trabalhista. Por exemplo, o limite de jornada mensal é de 220 horas, o que equivale a 44 horas semanais ou 8 horas diárias. Esse limite não pode ser excedido, mas pode ser compensado de forma diferente: é possível firmar um acordo e trabalhar 10 horas de segunda a quinta feira e sair mais cedo na sexta. Antes, esse tipo de acordo só poderia ser coletivo, agora pode ser individual. Saiba mais Veja as alterações da Reforma Trabalhista no Direito Material – Lei 13.467/17, e a Medida Provisória 808/2017, em: BRASIL. Lei 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto‑Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2015‑2018/2017/lei/L13467.htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. 3.6 Da penalidade por falta de registro O artigo 41 da CLT impõe a todas as empresas a obrigatoriedade do registro dos respectivos trabalhadores. Para tanto, poderá valer‑se de livro, fichas ou sistema eletrônicos. A punição que as empresas recebem quando deixam de registrar um funcionário é proporcional ao porte da companhia: maior para as de médio e grande porte. Isso porque o projeto de lei 6787/2016 modifica a forma de cálculo de multas administrativas por infração trabalhista, além da falta de anotações obrigatórias, alterando o atual artigo 47 da CLT. O projeto ainda insere outro artigo (47‑A) à CLT, determinando nova multa, em valor elevado, para o caso de não registro na empresa das informações de anotações na CTPS do trabalhador. 44 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Com a penalização proporcional ao porte da companhia, para as firmas maiores a multa passa a ser de R$ 3.000,00 por empregado, acrescida de igual valor em cada reincidência, sem o benefício da dupla visita. Já para micro e pequenas empresas, a penalidade é fixada em R$ 800,00. No caso de descumprimento das demais obrigações referentes ao registro do empregado, como anotação em livros, fichas ou sistemas eletrônicos, a multa será de R$ 600 por empregado prejudicado e a aplicação da multa prevista pelo art. 47 da CLT dispensa o critério da dupla visita prevista no art. 627 da CLT, ou seja, o fiscal do Ministério do Trabalho poderá aplicar a multa no ato da primeira fiscalização. Observação Os modelos de formulários apresentados a seguir objetivam familiarizar o aluno com cada um deles. Salientamos, no entanto, que, embora as informações sejam sempre as mesmas, o formato poderá ser diferente. 3.7 Modelos da documentação a ser preenchida pela empresa Ficha de registro de empregador Figura 4 – Ficha de registro de empregador 45 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Ficha do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO Figura 5 – Ficha do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged A Lei nº. 4.923/1965 determina que as empresas registrem e comuniquem a admissão, transferência e demissão de seus empregados ao Ministério do Trabalho até o dia 7 seguinte à ocorrência. Para realizar a comunicação, a empresa deverá utilizar o site <www.mte.gov.br>, no qual encontrará o aplicativo Caged. Importante registrar que a entrega do arquivo Caged fora do prazo legal sujeitará a empresa ao pagamento de multa de 4,2000 a 12,6000 UFIRS por empregado. O arquivo gerado deverá ser enviado ao Ministério do Trabalho e Emprego – MTE via internet ou entregue em pen drive nas Delegacias Regionais do Trabalho e Emprego. O comprovante de entrega será o protocolo emitido pela internet. A empresa deverá manter arquivados a cópia do arquivo, o recibo de entrega e o extrato da movimentação processada pelo prazo de 36 meses, sendo que a data para início da contagem desse prazo é a do envio. O extrato de movimentação processada fica disponível para impressão a partir do dia 20 de cada mês, no endereço eletrônico mencionado anteriormente, escolhendo a opção Caged. 46 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Ficha de salário‑família Figura 6 – Ficha de salário‑família Declaração de dependentes Imposto de renda na fonte Nome: RG: Função: Matrícula: Estado civil: Nascimento: Figura 7 – Declaração de dependentes Podem ser dependentes, para efeito do Imposto de Renda: Podem ser dependentes, para efeito do imposto sobre a renda: 1 ‑ companheiro(a) com quem o contribuinte tenha filho ou viva há mais de 5 anos, ou cônjuge;2 ‑ filho(a) ou enteado(a), até 21 anos de idade, ou, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; 3 ‑ filho(a) ou enteado(a), se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, até 24 anos de idade; 4 ‑ irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a), sem arrimo dos pais, de quem o contribuinte detenha a guarda judicial, até 21 anos, ou em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; 5 ‑ irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a), sem arrimo dos pais, com idade de 21 anos até 24 anos, se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, desde que o contribuinte tenha detido sua guarda judicial até os 21 anos; 47 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 6 ‑ pais, avós e bisavós que, em 2013, tenham recebido rendimentos, tributáveis ou não, até R$ 20.529,36; 7 ‑ menor pobre até 21 anos que o contribuinte crie e eduque e de quem detenha a guarda judicial; 8 ‑ pessoa absolutamente incapaz, da qual o contribuinte seja tutor ou curador. Atenção: A inclusão na declaração de um dependente que receba rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual, de qualquer valor, obriga que sejam incluídos tais rendimentos na Declaração de Ajuste Anual do declarante. No caso de dependentes comuns e declaração em separado, cada declarante pode deduzir os valores relativos a qualquer dos dependentes comuns, desde que nenhum deles conste simultaneamente na declaração do outro declarante. É obrigatória a informação do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) para dependente com dezoito anos ou mais, completados até 31 de dezembro de 2012. Filho de pais separados: I – o contribuinte pode considerar como dependentes os filhos que ficarem sob sua guarda, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Nesse caso, deve oferecer à tributação, na sua declaração os rendimentos recebidos pelos filhos, inclusive a importância recebida do ex‑cônjuge a título de pensão alimentícia; II – o filho somente pode constar como dependente na declaração daquele que detém a sua guarda judicial. Se o filho declarar em separado, não pode constar como dependente na declaração do responsável; III – o responsável pelo pagamento da pensão alimentícia pode deduzir o valor efetivamente pago a este título, sendo vedada a dedução do valor correspondente ao dependente, exceto no caso de separação judicial ocorrida em 2013, quando podem ser deduzidos, nesse ano, os valores relativos a dependente e a pensão alimentícia judicial paga. Relação homoafetiva: O contribuinte pode incluir o companheiro, abrangendo também as relações homoafetivas, como dependente para efeito de dedução do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, desde que tenha vida em comum por mais de 5 (cinco) anos, ou por período menor se da união resultou filho (Parecer PGFN/ CAT nº 1.503/2010, de 19 de julho de 2010, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda em 26 de julho de 2010); (Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 35; Lei nº 11.482, de 31 de maio de 2007, alterada pela Lei nº 12.469, de 26 de agosto de 2011, art. 2º e 3º; Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/1999), art. 77, § 1º; Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001, art. 38). 48 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Dados do dependente Nome Grau de parentesco Data de nascimento Assumo inteira responsabilidade pela exatidão das informações contidas nesta declaração e comprometo‑me a comunicar qualquer alteração que venha ocorrer. _________________________________________ Assinatura do Servidor Figura 8 Saiba mais Para saber mais sobre o assunto, consulte o site <www.receita.fazenda. gov.br> e a Lei nº 9.250. Contrato de trabalho Assim dispõem a CLT em seu artigo 443: Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 1º ‑ Considera‑se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada § 2º ‑ O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório c) de contrato de experiência. 49 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 § 3o Considera‑se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria (BRASIL, 2017). Veja que, novamente, o legislador prestigia o acordo entre as partes. Quando se fala de contrato tácito, a lei refere‑se ao contrato verbal, aquele em que as cláusulas foram criadas pelo exercício do labor. Obviamente que, se a empresa não registra, ela será penalizada; o que a lei busca é garantir que, mesmo que o contrato não seja por escrito, o empregado não poderá ser penalizado, sendo garantido o previsto em lei. Em relação à duração do contrato, existem agora três possibilidades: • contrato indeterminado; • contrato determinado; • contrato intermitente. O contrato indeterminado é aquele que se mantém no tempo, não há uma previsão de fim. Quando as partes decidem rescindir, fazem a comunicação através do aviso prévio. Já os contratos determinados possuem o período pré‑determinado, início e fim. É a situação do contrato transitório e de experiência. No caso do transitório, deve‑se levar em conta o caráter da transitoriedade: • substituição de um emprego: contratar para uma função que terá uma necessidade por um período, por exemplo, pintor, pedreiro; • a empresa é que irá existir por um determinado período, exemplo: eventos como Fórmula 1, carnaval etc. Nesses casos, o contrato será de no máximo dois anos, podendo ser renovado uma vez, por exemplo: 12 meses/12 meses, 18 meses/6 meses. Experiência é o período no qual o empregado está conhecendo a empresa e a empresa conhecendo o empregado. O período máximo é de 90 dias, podendo ser renovado uma vez. Exemplo: 45/45; 30/60. 50 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 A nova modalidade é o contato intermitente. Ele possui todas as características de contrato: é registrado, tem subordinação, recebe pagamento, mas não é contínuo. Ocorre em alternâncias de períodos: períodos inativos e períodos ativos. Esses períodos podem ser em horas, dias, semanas ou meses. O que será levado em consideração é a função do empregado e a atividade do empregador. Vamos imaginar a seguinte situação: você trabalha em um RH, dentre as inúmeras funções do departamento existe a necessidade do fechamento das folhas de pagamento e dos recolhimentos de encargos. O fechamento da folha de pagamento e dos encargos é realizado uma vez ao mês. Hipoteticamente, no caso de uma grande empresa, esse trabalho demanda cinco dias. Neste caso, você irá trabalhar para a empresa nestes cinco dias. No restante, vocêestará inativo. Se quiser, pode trabalhar para outra(s) empresa(s), que também deverá(ão) efetuar o seu registro. Veja que o contrato prevê a livre estipulação. No caso acima, todos os meses, a empresa necessitará dos seus serviços no mesmo período, mas podem ocorrer situações em que a necessidade surja em períodos em que não há como prever. Neste caso, o empregador deverá convocar o empregado, com três dias de antecedência. No ato, deverá informar qual será a jornada, assim o empregado pode se programar. Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder; caso ele não responda, presume‑se que recusou. O empregado tem a liberdade de recusar sem sofrer nenhuma penalidade. Entretanto, caso tenha aceitado e não compareça por um justo motivo, deverá pagar uma multa de 50% da remuneração devida. No caso de pagamento, a forma também é diferente. Ao final de cada período de prestação, irá receber: • remuneração; • férias proporcionais com acréscimo de terço; • décimo‑terceiro salário proporcional; • repouso semanal remunerado; e • adicionais legais. Ou seja, não ficarão resíduos, recebendo todos os direitos de uma vez. O empregador também deverá recolher o FGTS. 51 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 No final de 12 meses, o empregado deverá usufruir das férias, não podendo ser convocado pela empresa. Mas, lembre‑se, o empregado já recebeu! Caso preste serviços para outras empresas, o período de férias, em cada uma delas, poderá ser diferente. Contrato de estágio A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, regula a contratação de estudantes de Ensino Médio e Superior. Estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de estudantes. O estágio integra o itinerário formativo do estudante e faz parte do Projeto Pedagógico do Curso (art. 1º e seu § 1º da Lei 11.788/2008). O estágio não caracteriza vínculo de emprego de qualquer natureza, desde que observados os requisitos legais, não sendo devidos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários (art. 3º e 15 da Lei nº 11.788/2008). I – matrícula e frequência regular do educando público‑alvo da lei; II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a Instituição de Ensino; e III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e as previstas no termo de compromisso (art. 3º, incisos I, II e III da Lei nº 11.788/2008). Contrato de aprendizagem O artigo 428 da CLT disciplina que o contrato de aprendizagem deverá ser elaborado por escrito e não ultrapassar o período de dois anos. Determina também que o salário não será inferior ao salário mínimo. Além disso, a idade do aprendiz deverá figurar no interregno entre 14 e 24 anos, desde que ele esteja inscrito em programa de aprendizagem e formação técnico‑profissional. Para o contrato de aprendizagem ser válido nos termos do parágrafo 1º. do artigo 428, pressupõe‑se a anotação, na Carteira de Trabalho e Previdência Social, da matrícula e frequência do aprendiz à escola – caso este ainda não tenha concluído o Ensino Fundamental – e a inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico‑profissional metódica. O artigo 429 da CLT determina que estabelecimentos de qualquer natureza empreguem e matriculem nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente entre 5% (no mínimo) e 15% (no máximo) do número de trabalhadores existentes em cada estabelecimento cujas funções demandem formação profissional. Na prática, esse dispositivo se aplica mais à indústria, que oferece muitas funções cujos profissionais são treinados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai. 52 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 O Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio – Senac também oferece vários cursos; todavia, embora esteja cometendo uma violação legal, o comércio ainda não respeita o percentual de contratações mencionado. 4 REMUNERAÇÃO A remuneração é a contraprestação paga, pelo empregador, ao empregado, pelo trabalho desempenhado. Sua previsão está no artigo 457 da CLT. Ela é composta DE: • Salário: que é a importância fixa, básica, que nunca pode ser inferior ao salário mínimo. • Adicionais: — horas extras; — adicional noturno; — insalubridade; — periculosidade; — penosidade. • Gorjetas. • Gratificações legais. • Comissões. A reforma trabalhista alterou também as seguintes definições: Mesmos que sejam pagas de forma habitual (constantemente) as importâncias, limitadas a 50% da remuneração mensal, a título de: • Ajuda de custo. • Auxílio‑alimentação. • Diárias para viagem. • Prêmios. 53 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Não integram a remuneração do empregado significa dizer que não irão incidir para os cálculos das horas extras, férias, 13º salário, aviso prévio, FGTS e verbas rescisórias, além de não incidirem na base de cálculo previdenciário. A definição de gorjeta também foi alterada: além do valor pago espontaneamente pelo cliente, considera‑se o valor cobrado pela empresa, a título de serviço ou adicional. A forma de rateio deverá ser definida por Acordo ou Convenção Coletiva, mas, caso não tenha ocorrido, poderá ser definida pelo conjunto de empregados. Os prêmios podem ser pagos de forma individual ou coletiva, por mérito, e também não irão integrar a remuneração. É importante frisar que a lei também reconhece como salário, além do pagamento em dinheiro, outras utilidades como: • alimentação; • habitação; • vestuário; • além de outras prestações in natura. Pense na situação de um zelador, de um caseiro, a moradia é considerada parte integrando do salário. Eles são obrigados a morar no trabalho. Os valores referentes à habitação e moradia não podem exceder, respectivamente, 25% e 20% do salário contratual. Algumas empresas, além das obrigações legais, pagam outros benefícios aos empregados. O § 2º do artigo 458 afirma que esses valores não serão considerados como salário e, dessa forma, não irão integrar a remuneração, são eles: • Vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço. • Educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático. • Transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público. 54 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 • Assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro‑saúde. • Seguros de vida e de acidentes pessoais; previdência privada; o valor correspondente ao vale‑cultura. 4.1 Formatos para o pagamento de salários Os formatos mais comuns para a realização dos pagamentos são o semanal, o quinzenal ou o mensal. O formato escolhido para pagamento pela empresa constará no contrato de trabalho assinado entre empregador e empregado, bem como em sua Carteira de Trabalho. É importante observar que o critério adotado para fixar o salário não se refere ao intervalo com o qual se paga o empregado, que pode, por exemplo, ter a base de cálculo em horas (horista) e, no entanto, receber mensalmente. Percebaque a base do cálculo é a hora; porém, o pagamento é mensal. Salário mensal É a remuneração paga estimado o período de apuração de 30 dias. Registre‑se que o sábado é tido como dia útil. O valor do salário apurado no mês deve ser pago até o quinto dia útil do mês seguinte. Outro ponto é o fato de que o mês sempre será considerado como tendo 30 dias, independentemente se tiver 28, 29 ou 31 dias. Salário quinzenal É a remuneração paga considerando o período de 15 dias. Nesse caso, o pagamento deve ser realizado, no máximo, até o quinto dia útil da quinzena seguinte. Salário semanal É a remuneração paga considerando o período de apuração de uma semana. O pagamento deve ser realizado, no máximo, até o quinto dia útil da semana seguinte. 4.2 Valor da hora extra O artigo 58 da CLT determina que a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá oito horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. Contudo, a Constituição Federal fixa o limite de horas semanais trabalhadas em 44 horas. Como dito no item salário mensal, o sábado é considerado como dia útil; logo, o cálculo para saber qual a duração normal de trabalho deve ser o seguinte: 44 horas/6 dias, que resulta em 7 horas e 20 minutos por dia, ou seja, 44/6 = 7,33 horas; logo, 7 horas e 0,33 de uma hora, que corresponde a 60 minutos. 0,33 x 60 = 20. Logo, se multiplicarmos 20 minutos por 6 dias, obteremos o total de 120 minutos, que corresponde a 2 horas. Multiplicando 7 horas por 6 dias, obteremos 42 horas. Dessa forma, 42 + 2 resulta nas 44 horas semanais. Dessa forma, o número de horas trabalhadas por dia é 7 horas e 20 minutos, e não como a doutrina equivocadamente apregoa, 7 horas e 33 minutos. 55 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Em relação à jornada de trabalho, a reforma trabalhista trouxe mais algumas previsões. Havia muita confusão em relação ao tempo despendido entre a casa/trabalho e vice‑versa, principalmente quando a empresa fornecia o transporte. Agora o artigo 58, em seu §2º deixe claro que somente será considerada jornada de trabalho o período em que o empregado está laborando em seu posto de trabalho. Por exemplo, se você vai trabalhar de transporte fretado, fornecido pela empresa, esse deslocamento não será considerado tempo à disposição do empregador. O artigo 58 A fala ainda do regime de trabalho de tempo parcial. Essa modalidade não pode ultrapassar trinta horas semanais. Neste caso, não poderão ser realizadas horas extras. Caso a jornada seja de até 26 horas semanais, poderão ser realizadas no máximo 6 horas extras semanais. A forma de remuneração dessa modalidade de jornada será proporcional ao número de horas laborado, e as horas extras serão acrescidas do percentual de 50%. Outra mudança importante é que a jornada de trabalho poderá ser objeto de acordo individual de trabalho. Empregado e empresa poderão pactuar a jornada que melhor atenda aos interesses de ambos, mas dentro do limite constitucional de 220 horas mensais. Contudo, o pagamento das horas extras será devido, caso não haja compensação dessas horas. Essa compensação será fruto de acordo coletivo ou individual. Mas, não ocorrendo a compensação, o pagamento do adicional de horas extra, de acordo com a CLT, é de 50%. 4.3 Salários adicionais Adicional noturno O parágrafo 2º do artigo 73 da CLT esclarece que é considerado noturno o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, sendo que a hora noturna possui a duração de 52 minutos e 30 segundos. Além de ter duração menor que a hora normal, a hora noturna deve ter um acréscimo mínimo de 20% em seu valor. Adicional de insalubridade A insalubridade é tratada pela CLT no artigo 189, no qual se considera como atividade ou operação insalubre aquela que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponha o empregado a agente nocivo à saúde acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos. 56 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 O artigo 190 aponta que o Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, os meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. A partir de uma pré‑classificação, o artigo 192 determina o pagamento de 40%, 20% ou 10% do salário mínimo, respectivamente à exposição máxima, média ou mínima do empregado ao agente nocivo. Adicional de periculosidade A Consolidação das Leis do Trabalho define no artigo 193 o que entende como atividade ou operação perigosa, dispondo ser aquela cuja natureza ou método de trabalho implique o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. A CLT determina ainda que seja pago ao empregado que trabalha em condições de periculosidade um adicional de 30% sobre o salário. Contudo, se o empregado tem direito também ao adicional de insalubridade, poderá optar entre um ou outro. 4.4 Salário‑maternidade e salário‑família Salário‑maternidade O Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS concede o benefício denominado salário‑maternidade à mulher gestante por ocasião do parto. Para tanto, exige que a gestante esteja contribuindo com o INSS há pelo menos dez meses. Faz jus a esse benefício qualquer empregada, seja doméstica, trabalhadora avulsa ou que figure em regime especial, desde que atendida à condição de figurar como contribuinte há pelo menos dez meses. Quanto ao valor do benefício, há características inerentes a cada tipo de trabalhadora. Para a empregada doméstica, será o valor de seu último salário de contribuição; para a empregada regularmente registrada, será o valor de seu salário integral; no caso da trabalhadora avulsa, será o valor correspondente ao recebido no último mês trabalhado. O salário‑maternidade é pago por 120 dias a contar da data do parto. Contudo, pode a empregada gestante optar por receber 28 dias antes do parto. Nesse caso, o receberá por mais 91 dias após o parto. Esse benefício é pago pelo empregador, que é ressarcido no momento em que for efetuar o pagamento do formulário Guia da Previdência Social (GPS), ou seja, ele subtrairá do valor devido aquele que destinou à empregada gestante. Caso ocorra demissão da gestante no período em que esteja de licença‑maternidade, a empresa arcará com o ônus trabalhista da demissão. 57 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Salário‑família O salário‑família é devido ao segurado empregado (com exceção do empregado doméstico), em conformidade com a portaria interministerial número 568 MPS MF, publicada em 3 de janeiro de 2011. O valor da cota do salário‑família é pago por filho ou equiparado até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade, sem limite de filhos. Quando o pai e a mãe são empregados e segurados, os valores são devidos a ambos. Os valores do salário‑família, a partir de 01/01/2015, são: Remuneração mensal Valor da quota Não superior a 725,02 37,18 Superior a 725,02 e igual ou inferior a 1089,72 26,20 Embora o salário‑família seja pago pela Previdência Social, chega ao empregado por intermédio da empresa, que efetua o pagamento e subtrai o valor do salário‑família daquele que deve recolher para o INSS. No caso de trabalhador avulso, o pagamento do salário‑família é realizado pelo sindicatoou órgão gestor de mão de obra. Um ponto relevante é o fato de o salário‑família dever ser pago ao empregado que receba auxílio‑doença ou seja aposentado por invalidez ou por idade. Nesses casos, a Previdência realiza o pagamento junto com o benefício da aposentadoria ou do auxílio‑doença. 4.5 13º salário Trata‑se de uma remuneração devida ao empregado por força da Lei nº 4.090/62 e deve ser pago em duas parcelas. A primeira, no percentual de 50%, até o dia 30 de novembro, e a segunda, no percentual restante, até o dia 20 de dezembro. Os descontos devidos incidirão sobre o valor da segunda parcela. O empregado pode, no entanto, solicitar a antecipação do pagamento da primeira parcela do 13º junto com o valor de suas férias, desde que o faça por escrito e no mês de janeiro. 4.6 Férias A CLT regula a concessão de férias nos artigos 129 e 130. Neles, faz constar que, após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias. Contudo, a CLT assinala que é preciso considerar as faltas que o empregado apresentou no decorrer do ano para estimar em dias o período de férias. Assim, o período de férias a ser concedido figurará como demonstrado a seguir: 58 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Quadro 6 Período de férias a ser concedido Considerando a quantidade de faltas no ano 30 dias Máximo de 5 faltas 24 dias Entre 6 e 14 faltas 18 dias Entre 15 e 23 faltas 12 dias Entre 24 e 32 faltas Uma vez que a concessão de férias em dias já compensou as faltas ocorridas no ano, o empregador não pode descontar do período de férias as faltas do empregado ao serviço, seja qual for o período de férias em questão. Além disso, o empregado que figurar em licença remunerada por mais de 30 dias ou receber auxílio‑doença da Previdência Social por 180 dias perde o direito a férias. O artigo 134 da CLT, que dispõe sobre as férias, foi alterado em seu § 1º. As férias permanecem sendo um período de repouso de 30 dias. Esse direito será adquirido após 12 meses de trabalho. A empresa terá até 11 meses para conceder o descanso. Funciona assim: o empregado foi admitido em 1º de junho de 2015. Em 1º de junho de 2016, ele completou 12 meses de trabalho, portanto, adquiriu o direito de férias, completou o 1º período. A empresa deverá conceder as férias até 1º de maio de 2017. Portanto, as férias deverão ser usufruídas antes de vencer o 2º período de aquisição (1º de junho de 2017). Caso isso não ocorra, o 1º período de férias será pago em dobro (artigo 137). O § 1º mudou a forma de concessão das férias: antes ela não podia ser fracionada, agora pode. Desde que haja concordância, as férias poderão ser divididas em: • um período não inferior a 14 dias; • os demais não inferiores a 5 dias cada. Por exemplo, o empregado goza 15 dias de férias seguidos em janeiro. Em maio, goza mais 7 dias. Em setembro, goza mais 8 dias. 15+ 7+8= 30 dias. 59 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 As férias não poderão ser concedidas no período de 2 dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. A concessão do período de férias deverá ser comunicada com 30 dias de antecedência. Observação O empregado não poderá entrar no gozo das férias sem que apresente ao empregador sua Carteira de Trabalho e Previdência Social para que seja anotada a respectiva concessão (artigo 135, parágrafo 1º, da CLT). Há momentos, na organização, em que não existe trabalho para todo o quadro de funcionários. Contudo, essa é uma fase passageira, o que indica que demitir funcionários por esse motivo seria demasiadamente oneroso tanto no aspecto financeiro quanto no aspecto da qualificação, já que seria a dispensa de um funcionário treinado. Nesses casos e em outras situações parecidas, a empresa pode conceder férias coletivas, fato esse que está disciplinado no artigo 139 da CLT, nos seguintes termos: poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa. Para conceder férias coletivas, o empregador deverá, com antecedência mínima de 15 dias, comunicar ao órgão local do Ministério do Trabalho as datas de início e fim das férias. Se o empregador possuir mais de um estabelecimento, é preciso identificar para quais deles o benefício será concedido. Se possuir um único estabelecimento, o empregador deverá identificar quais setores serão abrangidos pela medida. Concomitantemente, o empregador deverá comunicar a resolução aos sindicatos representativos da respectiva categoria profissional e afixar avisos nos locais de trabalho. 4.7 Remuneração e abono de férias A Constituição Federal determina no artigo 7º, inciso XVII, que o gozo de férias anuais será remunerada com pelo menos um terço a mais do que o salário normal, ou seja, o recebimento das férias corresponde ao valor do salário mais um terço do mesmo. O artigo 143 da CLT faculta a possibilidade do abono de férias, ou seja, permite ao empregado converter 1/3 de seu período de férias em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida. Por exemplo, imagine que o empregado tenha o direito a 30 dias de férias. Com o que o artigo aponta, ele poderia propor ao empregador gozar 20 dias em descanso e receber os outros dez dias de férias em dinheiro. Para exercer esse direito, o empregado deve fazer uma solicitação por escrito 15 dias antes do término do período aquisitivo. Tomando como exemplo a mesma situação exposta anteriormente, consideremos que o período analisado para a aquisição do direito seja o de 9 de janeiro de 2009 a 9 janeiro de 2010. O empregado 60 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 deverá formular o pedido de receber 1/3 em dinheiro na data de 24 de dezembro de 2009. Se não o fizer, ficará a critério do empregador converter ou não o 1/3 em dinheiro. O pagamento da remuneração das férias e do abono será efetuado até dois dias antes do início do respectivo período. O empregador não poderá deixar acumular dois períodos aquisitivos de férias, pois, se permitir que isso ocorra, pagará o valor das férias em dobro, já que o período de férias continuará a ser de 30 dias. 4.8 Faltas justificadas A CLT disciplina as situações em que o empregado poderá faltar ao trabalho, sem que haja desconto do valor de sua remuneração. A quantidade de dias consecutivos de faltas e os motivos que as justificam figuram demonstrados no quadro a seguir. Quadro 7 Justificativa Quantidade de dias consecutivos de falta Falecimento de cônjuge; ascendente; descendente; irmão ou pessoa que foi declarada como sendo sua dependente no ato da contratação. 2 Casamento 3 Nascimento de filho (licença‑paternidade) 5 Doação de sangue comprovada (uma vez por ano) 1 Para cadastramento eleitoral 2 Serviço militar – alistamento e comparecimentos O que necessitar Servindo como testemunha em processo judicial O que necessitar Até o presente momento, estudamos os passos existentes desde a abertura da vaga até a contratação do empregado. Verificaremos a seguir os pontos a serem considerados em sua demissão. 4.9 Rescisão do Contrato de Trabalho Como abordado no início deste livro‑texto, o conceito de administração é fazer coisas por meio de pessoas com o objetivo de obter o máximo de rentabilidade com o mínimo de custo possível. Dessa forma, quando o empregado não produz além do valor que ele custa para a empresa, não há razão para mantê‑lo no quadro de funcionários e, dessa forma, opta‑se por demiti‑lo. Motivospara a rescisão do contrato de trabalho Pode‑se afirmar que a rescisão do contrato de trabalho, em linhas gerais, ocorre pelos seguintes motivos: 61 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 • forma voluntária – quando o pedido parte do próprio empregado; • rescisão por justa causa; • rescisão sem justa causa; • término do contrato quando a contratação deu‑se por tempo determinado. Antes, porém, de tratarmos de cada caso mencionado, é importante considerar o termo estabilidade. A CLT, no artigo 492, define como estável o funcionário que contar com mais de dez anos de serviço na mesma empresa. Além disso, o artigo determina que esse funcionário só poderá ser demitido por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovada. São consideradas faltas graves os motivos elencados no artigo 482 da CLT, os quais serão analisados no item sobre rescisão por justa causa. Aviso prévio A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) esclarece e determina que as partes, empregado e empregador, devem realizar uma comunicação prévia de que desejam rescindir o contrato de trabalho que mantêm entre si. Para tanto, há um prazo fixo regular para que essa comunicação seja feita. De acordo com a Lei nº 12.506, de 11 de outubro de 2011, o empregado que trabalhe até um ano faz jus ao aviso prévio fixo de 30 dias. Quando trabalhar por período superior a um ano, tem direito o empregado a 3 dias adicionais de aviso prévio por cada ano complementar, até um limite de 60 dias adicionais, totalizando um aviso prévio máximo de 90 dias. Melhor explicando, para ter direito ao aviso prévio máximo, ou seja, de 90 dias, o empregado deve trabalhar, além do primeiro ano, mais 20 anos, totalizando 21 anos para ter direito ao prazo máximo de aviso prévio. Além deste período, de 21 anos, o aviso prévio continua sendo de 90 dias. Lembrete Se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, o horário normal de trabalho do empregado durante o prazo do aviso prévio será reduzido de duas horas diárias, sem prejuízo do salário integral. A falta de aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período em seu tempo de serviço. 62 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Como exemplo, temos um empregador que não avisou previamente seu empregado que este seria demitido, apenas o informou que, a partir do dia seguinte, ele não precisaria mais retornar à empresa, pois o contrato de trabalho existente entre eles estava rescindido. Considere que o empregado tenha trabalhado na empresa por 12 meses. Como o empregador está obrigado por força de lei a avisar o empregado previamente sobre a rescisão do contrato, no exemplo em questão o empregador terá de indenizar o funcionário e, para efeitos de apuração dos direitos trabalhistas, o tempo de empresa será contado como sendo de 13 meses. Esse é o significado para o trecho “dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço”. Outro ponto fundamental é quando o empregado pede a rescisão do contrato de trabalho sem avisar previamente o empregador. Nesse caso, este tem o direito de descontar‑lhe o salário correspondente ao prazo respectivo, nos termos do § 2º. do artigo 487. Uma vez dado o aviso prévio, a rescisão torna‑se efetiva depois de expirado o respectivo prazo. Contudo, se o empregador avisou ao empregado que seria dispensado – podendo sair da empresa duas horas antes para procurar outro trabalho durante o período de 30 dias – e, posteriormente, reconsiderou a demissão, a lei faculta ao empregado aceitar ou não a reconsideração do empregador. Rescisão Na rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, dispõe o artigo 477 da CLT que é direito do empregado que firmou contrato por tempo indeterminado receber do empregador uma indenização, que consistirá no valor de um mês de remuneração por ano de serviço efetivo ou por ano e fração igual ou superior a seis meses. Termo de rescisão do contrato de trabalho A rescisão efetiva do contrato de trabalho dá‑se com o preenchimento do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho por parte do empregador e a assinatura do mesmo por parte de ambos. O Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) é um documento padronizado e obrigatório nos termos da legislação trabalhista atual. No entanto, se o empregado for demitido antes de completar um ano, não terá direito a essa indenização, nos termos do § 1º. do artigo 478 do mesmo diploma legal. Homologação O § 1º do artigo 477 da CLT determina que, quando o empregado estiver há mais um ano no serviço, a quitação da rescisão somente será válida quando feita com a assistência do respectivo sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho. 63 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Para melhor fixar a determinação referida no parágrafo anterior, atentemos ao que está contido na Instrução Normativa nº 3, de 21 de junho de 2002. Essa Instrução Normativa estabelece procedimentos para assistência ao empregado na rescisão de contrato de trabalho no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego. O artigo 5º desse dispositivo legal orienta sobre quais órgãos serão competentes para prestar a assistência ao empregado. Da competência Art. 5º – São competentes para prestar a assistência ao empregado na rescisão do contrato de trabalho: I – o sindicato profissional da categoria; e II – a autoridade local do Ministério do Trabalho e Emprego. § 1º Em caso de categoria inorganizada em sindicato, a assistência será prestada pela federação respectiva. § 2º Na falta das entidades sindicais ou da autoridade prevista no inciso II, são competentes: I – o representante do Ministério Público ou, onde houver, o Defensor Público; e II – o Juiz de Paz, na falta ou impedimento das autoridades referidas na alínea anterior. Art. 6º – A assistência será prestada, preferencialmente, pela entidade sindical, reservando‑se aos órgãos locais do Ministério do Trabalho e Emprego o atendimento aos trabalhadores nos seguintes casos: I – categoria que não tenha representação sindical na localidade; II – recusa do sindicato na prestação da assistência; e III – cobrança indevida pelo sindicato para a prestação da assistência. § 1º Inexistindo declaração escrita pelo sindicato do motivo da recusa, caberá ao empregador ou seu representante legal, no ato da assistência, consignar a observância da preferência prevista no caput e os motivos da oposição da entidade sindical, no verso das 4 (quatro) vias do Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho. § 2º Constatada a ocorrência da hipótese prevista no inciso III, deverá ser comunicada à autoridade competente para as providências cabíveis. 64 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Art. 7º – No pedido de demissão de empregado estável, nos termos do art. 500 da CLT, e no pedido de demissão de empregado amparado por garantia provisória de emprego, a assistência somente poderá ser prestada pelo sindicato profissional ou federação respectiva e, na sua falta, pela autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego ou da Justiça do Trabalho. Art. 8º – O Auditor‑Fiscal do Trabalho é a autoridade competente do Ministério do Trabalho e Emprego para a prestação da assistência gratuita. Parágrafo único – É facultadoao Delegado Regional do Trabalho, mediante ato próprio, e atendendo às peculiaridades regionais, autorizar a prestação da assistência por servidor não integrante da carreira de Auditoria‑Fiscal do Trabalho. Art. 9º – No âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, o empregado poderá, excepcionalmente, ser assistido em circunscrição diversa do local da prestação dos serviços ou da celebração do contrato de trabalho (INSTRUÇÃO NORMATIVA SRT Nº 3, DE 21 DE JUNHO DE 2002). Acordo entre as partes O artigo 484 da CLT reconhece a possibilidade de extinção do contrato de trabalho através de acordo. Antes, os acordos precisavam da homologação da Justiça do Trabalho para surtir efeito. Mas, por ser um acordo, há uma diminuição dos direitos, assim dispõe o artigo: Art. 484‑A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: I – por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; e b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1º do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990; II – na integralidade, as demais verbas trabalhistas. § 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I‑A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos. 65 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 § 2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro Desemprego (BRASIL, 2017). Compreendida a importância da homologação, tratemos a seguir do seguro‑desemprego, um direito do empregado também assegurado em lei. Seguro‑desemprego O empregado, ao ser dispensado sem justa causa, tem o direito a um auxílio em dinheiro pago pelo governo, denominado seguro‑desemprego. Esse auxílio ocorre em período de tempo limitado. Dessa forma, na assinatura dos documentos necessários à rescisão do Contrato do Trabalho, o empregador entregará ao empregado demitido um formulário próprio para o recebimento do seguro‑desemprego, denominado Requerimento do seguro‑desemprego. Após o formulário estar devidamente preenchido em duas vias, o empregado deverá dirigir‑se a um dos locais de entrega (verificar esses locais no site: <http://www3.mte.gov.br/postos/default.asp>), com os seguintes documentos: • requerimento do seguro‑desemprego SD/CD (duas vias); • cartão do PIS ou cartão do cidadão; • Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS; • termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) devidamente quitado; • documentos de identificação (carteira de identidade, ou certidão de nascimento/certidão de casamento, ou carteira de habilitação, ou carteira de identificação do conselho de classe (CREA, OAB etc.); • dois últimos contracheques; • documento de levantamento dos depósitos do FGTS ou extrato probatório dos depósitos; • Cadastro de Pessoa Física – CPF. Prazo para entrega do requerimento do seguro‑desemprego O prazo para requerer o benefício é de sete a 120 dias corridos, contados a partir da data da demissão. Valor do seguro‑desemprego O cálculo do valor do seguro‑desemprego toma como base o salário que o empregado recebia no último vínculo empregatício, respeitando a seguinte ordem: 66 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 • se o empregado recebeu três ou mais salários mensais, desde seu último vínculo empregatício, o cálculo considerará a média dos salários dos últimos três meses; • se recebeu somente dois salários daquele vínculo empregatício, a média será apurada com base nos dois salários; • se recebeu somente um salário, este será o valor considerado para fins de apuração. Para o empregado que recebe salário/hora, por semana ou por quinzena, o valor que figurará no requerimento deverá ser o do salário mensal equivalente, conforme demonstrado a seguir: Quadro 8 – Cálculo do salário mensal Considerando o valor do (a) Salário mensal será Hora = z z multiplicado por 220 horas Dia = z z multiplicado por 20 dias Semana = z z dividido por 7 e multiplicado por 30 dias Quinzena = z z multiplicado por 2 Considere que o último salário será obrigatoriamente aquele recebido no mês da dispensa. Esse valor estará preenchido no TRCT, no campo Maior Remuneração. A seguir, demonstra‑se como calcular o valor da parcela do seguro‑desemprego: Quadro 9 Faixas de Salário Médio Valor da parcela Até R$ 1.222,77 Multiplica‑se salário médio por 0.8 (80%) De R$ 1.222,78 até R$ 2.038,15 O que exceder a 1.222,77 multiplica‑se por 0.5 (50%)e soma‑se a 978,22. Acima de R$ 2.038,15 O valor da parcela será de R$ 1.385,91 invariavelmente. Salário Mínimo: R$ 788,00 Obs: O valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do Salário Mínimo. Esta tabela entrou em vigor a partir do dia 11/01/2015. Esse cálculo é normalmente feito de acordo com o índice de correção do salário mínimo, ou seja, toda vez que o salário mínimo for alterado, o quadro anterior também será alterado. Novas regras seguro desemprego – Lei nº 13.134 de 17/06/2015 O quadro a seguir demonstra as regras para o trabalhador ter direito ao seguro desemprego em cada uma das solicitações do benefício. 67 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Quadro 10 Solicitação do benefício Regras para ter direito ao benefício 1º vez – não houve recebimento do benefício nenhuma vez ‑ Ter recebido 12 salários, consecutivos ou não, nos últimos 18 meses imediatamente anteriores à data da dispensa, e ‑ Ter Trabalhado 12 meses, consecutivos ou não, nos últimos 36 meses imediatamente anteriores à data da dispensa 2ª vez – houve recebimento do seguro desemprego apenas uma vez ‑ Ter recebido 9 salários, consecutivos ou não, nos últimos 12 meses imediatamente anteriores à data da dispensa, e ‑ Ter Trabalhado 9 meses, consecutivos ou não, nos últimos 36 meses imediatamente anteriores à data da dispensa A partir da terceira vez – houve recebimento do seguro desemprego duas ou mais vezes ‑Ter recebido 6 salários consecutivos, e ‑ Ter Trabalhado 6 meses, consecutivos ou não, nos últimos 36 meses imediatamente anteriores à data da dispensa Quantidade de parcelas mensais O número máximo de parcelas pagas pelo seguro‑desemprego é de cinco, e o número mínimo é de três. Para fazer jus a elas, deve‑se respeitar o lapso temporal, conforme demonstrado a seguir. Quadro 11 Solicitação do benefício Meses trabalhados Quantidade de parcelas Na primeira vez No mínimo 12 e no máximo 23 4 No mínimo 24 5 Na segunda vez No mínimo 9 e no máximo 11 3 No mínimo 12 e no máximo 23 4 No mínimo 24 meses 5 A partir da terceira vez No mínimo 6 e no máximo 11 3 No mínimo 12 e no máximo 23 4 No mínimo 24 meses 5 As parcelas são pagas contínua ou alternadamente a cada período aquisitivo. Após o empregado ter recebido as parcelas do seguro‑desemprego a que fizer jus, para obter o direito de pleitear novamente, ele deverá aguardar a carência para o recebimento do benefício. Dessa forma, a partir da data da última dispensa que o habilitou para o recebimento, deve‑se contar 16 meses, que é o período que compõe o período aquisitivo. Suspensão do benefício Descrevemos em tópico anterior que o benefício do seguro‑desemprego pode ser pago de forma contínua ou alternada. Aqui, esclarecemos como se dá o recebimento de forma alternada.68 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 As seguintes situações indicam a suspensão do recebimento do seguro‑desemprego: • falecimento do segurado; • admissão do trabalhador em novo emprego; • início do recebimento de outro benefício da Previdência Social de forma continuada, com exceção do auxílio‑acidente e da pensão por morte; Se a suspensão ocorrer devido ao fato de a pessoa ser admitida em novo emprego, isso fará com que ela não receba mais o seguro‑desemprego. Considere, por exemplo, que ela tinha o direito de receber cinco parcelas e, no ato da nova contratação, havia recebido somente três delas. Nesse caso, o trabalhador poderá receber as outras duas parcelas se vier a ser novamente dispensado sem justa causa e não tiver permanecido nesse último emprego tempo suficiente para habilitar um novo direito aquisitivo nos termos já expostos anteriormente. É importante registrar que o seguro‑desemprego é pessoal e intransferível, com exceção do trabalhador que figurar com grave moléstia, comprovada pela perícia médica do INSS. Nesse caso, outra pessoa poderá receber o benefício em seu lugar. Cancelamento do benefício O trabalhador perderá direito ao recebimento do seguro‑desemprego se for comprovada falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação do direito. Seguro‑desemprego para empregado doméstico O empregador do trabalhador doméstico não está obrigado a recolher Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS. Todavia, se optar por recolher, o empregado doméstico também fará jus ao recebimento do seguro‑desemprego, desde que tenha sido demitido sem justa causa. Nessa configuração, o valor do benefício será de um salário mínimo. As condições para fazer jus ao benefício é de que esteja inscrito no FGTS e tenha trabalhado por um período mínimo de 15 meses nos últimos 24 meses, contados da dispensa sem justa causa. É importante que na dispensa do trabalhador doméstico o empregador lhe entregue o formulário Requerimento do Seguro‑Desemprego, vendido em papelarias. Alerta para fraude Quando o empregado é admitido em novo emprego e pede ao empregador que não o registre até que ele receba todas as parcelas do seguro desemprego, ambos estão sujeitos a responderem pelo crime de estelionato. Além disso, o empregador será multado. 69 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Rescisão por justa causa A justa causa é tratada no artigo 482 da Consolidação das Leis Trabalhistas. Nesse artigo, há 12 situações que caracterizam a dispensa por justa causa, expostas nas alíneas a até l. O autor Júlio César Zanluca1 (2004) faz um pormenor das alíneas mencionadas. Explica a justa causa como sendo um ato faltoso por parte do empregado que faz desaparecer a confiança e a boa‑fé existentes na relação de trabalho. Zanluca explica que os atos faltosos e relacionados nas alíneas do artigo 482 justificam a rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador se violarem as obrigações contratuais ou transgredirem a conduta pessoal. Imputar justa causa ao empregado sem que haja elementos para tal ensejará a propositura de ação indenizatória por danos morais por parte do trabalhador. A alínea a menciona o ato de improbidade. Zanluca explica que, regra geral, improbidade é toda ação ou omissão desonesta do empregado que será caracterizada pelo abuso de confiança, pela fraude ou má‑fé, com o objetivo de obter vantagem para si ou para outrem. Como exemplo, menciona o furto, a adulteração de documentos da empresa ou próprios. A alínea b – incontinência de conduta ou mau procedimento – é explicada pelo autor como sendo duas justas causas semelhantes, mas não sinônimas. A primeira é gênero da qual a segunda é espécie. Assim, incontinência é a inconveniência de hábitos e costumes demonstrados por gestos ou linguagem inapropriada do empregado, externados por ofensa ao pudor, pornografia ou obscenidade com relação aos colegas ou à empresa. O mau procedimento está diretamente ligado ao comportamento irregular do empregado, que pode ser traduzido por atos que ofendam a dignidade das pessoas, de maneira que torne impossível a convivência nas instalações da empresa. De acordo com a Consolidação das Leis de Trabalho, a alínea c é por si autoexplicativa, pois figura na própria CLT como sendo negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço. A alínea d – nessa alínea, a aplicação da rescisão do contrato de trabalho por justa causa é permitida em razão da condenação criminal do empregado transitado em julgado, ou seja, sem comportar mais recursos e com pena de recolhimento ao cárcere. Uma vez recolhido à prisão, esse empregado não terá mais condições de exercer suas funções. Alínea e – desídia no desempenho das respectivas funções – Zanluca (2004) esclarece que é o tipo de falta grave, oriunda da repetição de pequenas faltas leves, que vão se repetindo, repetindo, até resultar na dispensa do empregado. Ocorre quando o empregado produz aquém da sua capacidade, atrasos frequentes, faltas injustificadas, desinteresse por sua função. 1 Disponível em: <www.guiatrabalhista.com.br/temáticas/ustacausa.htm>. Acesso em: 19 fev. 2011. 70 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 7/ 20 12 Alínea f – embriaguez habitual ou em serviço – a embriaguez habitual dá‑se quando o empregado tornou‑se alcoólatra, seja patológico ou não. Para configurar essa alínea, basta que se apresente embriagado ao trabalho ou venha a ficar no decorrer do expediente. Zanluca (2004) esclarece ainda que a embriaguez não necessariamente dar‑se‑á por álcool, podendo ocorrer também por psicotrópicos. Porém, o autor salienta que o estado de embriaguez deverá ser comprovado por exame médico pericial. Apesar de caracterizada, os Tribunais Trabalhistas têm entendido a embriaguez como doença e, dessa forma, não a têm reconhecido como motivo para justa causa, mas sim para encaminhamento para tratamento clínico e psicológico. Alínea g – violação de segredo da empresa – é a violação de informações da empresa a terceiros, causando‑lhe prejuízo ou a possibilidade de ocorrer o prejuízo. Alínea h – indisciplina ou insubordinação – indisciplina é a desobediência a uma ordem genérica emitida pelo empregador, seja essa verbal ou escrita. Insubordinação é a desobediência a uma ordem específica. Alínea i – abandono de emprego – é caracterizado quando o empregado falta mais de 30 dias ao trabalho sem justificar as faltas. O autor explica que existe uma situação que por si só antes de 30 dias já caracteriza o abandono ao emprego: o flagrante do empregado trabalhando em outra empresa no horário em que deveria estar nas instalações do empregador. Alínea j – ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa. As ofensas físicas caracterizam falta grave quando têm relação com o vínculo empregatício praticado em serviço ou contra superiores hierárquicos. A legítima defesa exclui a justa causa. Alínea k – ato lesivo da honra ou da boa fama. São gestos ou palavras que exponham outras pessoas ao desprezo de terceiros ou ainda possam magoar a pessoa em dignidade pessoal. Zanluca (2004) esclarece que, para aplicar a justa causa sob o argumento da alínea k, devem ser observados os hábitos de linguagem no local de trabalho, o estado de origem do empregado, haja vista que esse pode ser normal em seu Estado natal. Ainda devem ser observados a forma e o modo como as palavras foram pronunciadas,
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