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03/09/2018 1 GRÂNULOS E PELLETS JOSÉ FERNANDO DE ARAÚJO NETO GRANULAÇÃO CONCEITO: A granulação é o processo no qual se faz com que partículas de pós primárias se aglomerem, de modo a formar os grânulos. O processo de granulação proporciona a obtenção de grânulos que serão empregados no preparo de outras formas farmacêuticas, tais como comprimidos e cápsulas, ou que serão utilizados diretamente como formas farmacêuticas. GRÂNULOS Agregados sólidos de partículas cristalinas ou amorfas Características: tamanho de 0,2 a 4mm Formato irregular Podem ser usados como FF final ou misturados a excipientes para preparação de comprimidos ou cápsulas. GRÂNULOS Razões para granulação: Prevenir segregação dos constituintes de uma mistura de pós; Melhorar propriedades de fluxo de uma mistura e favorecer a uniformidade de dose; Melhorar características de compactação da mistura. Métodos: Via úmida; Via seca (sem aquecimento/ compressão e quebra) 03/09/2018 2 GRÂNULOS VANTAGENS Melhor estabilidade que os pós devido a menor área de exposição ao ar, umidade, luz e calor. Preparações extemporâneas: fármacos instáveis em solução ou suspensão podem ser dispensados na forma de grânulos secos que são dissolvidos com água antes do uso (Fluimucil ®, n-acetil cisteína, eliminação de muco das vias respiratórias) Melhor fluidez e compressibilidade: do que os pós (propriedades uteis na fabricação de comprimidos) – COMPRIMIDOS MAIS RESISTENTES GRÂNULOS VANTAGENS Possibilidade de revestimento: mascara o odor e sabor desagradável, proteção do fármaco e possibilidade de liberação modificada Reduz risco associado à produção de poeira toxica: manipulação de pós tóxicos; Ocupam menos espaço: grânulos são mais densos que pós, são estocados mais facilmente pois ocupam menor volume por unidade de peso. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Grânulos efervescentes Fármaco + excipiente + bicarbonato de sódio (base) + ácido cítrico (ácido) + (ácido tartárico) Efervescência: Em meio aquoso base e acido reagem liberando gás (CO2), que produz efervescência que mascara sabor desagradável dos fármacos. Os grânulos efervescentes proporcionam rápida dissolução do fármaco que será absorvido noTGI. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Grânulos efervescentes VANTAGENS: A solução e a liberação de CO2 mascaram sabores salinos e amargos; Os grânulos apresentam vantagem sobre os pós, pelo controle da velocidade da efervescência - o pó dissolve mais rápido (maior superfície) do que os grânulos que hidratam e dissolvem lentamente. 03/09/2018 3 PROCESSO DE GRANULAÇÃO Grânulos efervescentes DESVANTAGENS: Baixa estabilidade, devido a alta reatividade (efervescência); Dificuldade na manipulação (dificuldade de manter os ingredientes secos durante o preparo e armazenamento). MÉTODOS DE PREPARAÇÃO O processo de preparação do granulado pode ser dividido em: Granulação via úmida: cujos processos envolvem a utilização de líquidos que promovem a aglomeração das partículas. Granulação via seca: que não utilizam líquidos. MÉTODOS DE PREPARAÇÃO Granulação via úmida (grânulos) Neste processo o pó (fármaco + excipiente) é misturado na presença de um líquido. Este líquido constitui-se de aglutinante + solvente. Dentre os solventes utilizados destacam- se a água, o etanol e o isopropanol. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Via úmida: 1. Rompimento de aglomerados presentes nos pós por tamisação. 2. Mistura dos pós (diluente, desintegrante). 3. Preparação da massa úmida. Adição do líquido de aglutinação (aglutinante) e incorporação deste líquido (malaxagem). 4. Transformação da massa úmida em grânulos (granulação). 5. Secagem dos grânulos. 6. Calibração ou normalização do granulado seco para obtenção da partícula idealizada. 03/09/2018 4 PROCESSO DE GRANULAÇÃO Estas etapas podem ser conduzidas em equipamentos distintos ou associadas em uma máquina só. MISTURADOR GRANULADOR ESTUFALEITO FLUIDIZADO TAMIZ MALAXADOR PROCESSO DE GRANULAÇÃO Tamisação No processo de tamisação procura-se romper os aglomerados presentes nos pós ou selecionar frações de tamanho de partícula, de modo que o fármaco e os adjuvantes apresentem-se em uma mesma faixa de granulometria. TAMIZ PROCESSO DE GRANULAÇÃO Mistura PROCESSO DE GRANULAÇÃO Malaxagem: São adicionadas substâncias aglutinantes à mistura de fármaco-adjuvantes. BATEDEIRA PLANETÁRIA 03/09/2018 5 PROCESSO DE GRANULAÇÃO Granulação https://www.youtube.com/watch?v=0epeBaYIzY A https://www.youtube.com/watch?v=p_QhQu9ri do&pbjreload=10 PROCESSO DE GRANULAÇÃO Secagem Após a obtenção dos granulados úmidos estes são submetidos ao processo de secagem. Operação unitária que tem como objetivo remover toda ou a maior parte do líquido mediante fornecimento de calor, provocando a evaporação térmica, ou seja, o líquido é convertido em vapor. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Calibração do granulado Como a granulação não é uma operação bem controlável, e durante a secagem pode ocorrer a formação de agregados, é necessária uma operação de tamisação para normalização ou calibração do granulado. TAMIZ PROCESSO DE GRANULAÇÃO Granulação em escala industrial Leito Fluidizado: Permite efetuar mistura dos pós, granulação e secagem no mesmo equipamento com economia de custo, espaço e tempo, entretanto, o investimento inicial é elevado. https://www.youtube.com/watch?v=QYFe0SAbv H0 Leito fluidizado 03/09/2018 6 PROCESSO DE GRANULAÇÃO Vantagens Tempos de secagem menores, proporcionando um elevado rendimento de produção. Um lote de granulado por exemplo, pode ser secado em 20 a 30 minutos, enquanto com um secador de prateleiras seria necessário algumas horas. O efeito térmico sobre substâncias termolábeis é minimizado. A turbulência dentro do leito fluidizado provoca atrito sobre a superfície dos grânulos, o que propicia a obtenção de produtos mais esféricos e de fluxo livre. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Desvantagens A turbulência pode ocasionar um atrito excessivo em algumas substâncias, provocando danos em determinados tipos de grânulos, assim como a produção de poeira em demasia. As partículas finas podem ser carregadas pelo ar fluidizado, devendo ser coletadas por um tecido filtrante, tomando o cuidado de evitar a segregação e a perda da fração de pó fino. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Vantagens Mistura/granulação/secagem/revestimento realizado em 1 aparelho; Processo dinâmico; Minimiza perdas por transferência; Evita contaminação cruzada; Automatização permite maior controle. Desvantagens Elevado investimento inicial; P&D e scale up mais demorados e dispendiosos; Parâmetros críticos do processo, equipamento e produto: tipo e quantidade de aglutinante, temperatura, altura do atomizador, umidade do ar, razão do fluxo do líquido e do ar de aspersão. PROCESSO DE GRANULAÇÃO Granulação em escala industrial Spray drying: Permite obter grânulos a partir de solução ou suspensão de fármaco e adjuvantes, melhorando as propriedades de compactação. Spray drying 03/09/2018 7 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO Granulação via seca PROCESSO DE GRANULAÇÃO Via seca: A granulação é efetuada pela adição do aglutinante seco como Celulose microcristalina e Crospovidona. 1. Pós são triturados separadamente, tamisados; 2. Mistura de pós (fármaco, diluente, desintegrante, aglutinante seco, lubrificante); 3. Compactação em comprimidos grandes (briquetes); 4. Fragmentação em moinhos, formando grânulos; 5. Tamisação. Método utilizado para evitar a exposição de pós hidrolisáveis e termolábeis a umidade e calor (AAS mantém estabilidade). PROCESSO DE GRANULAÇÃO MISTURADOR GRANULADORTAMIZ COMPACTADOR OPERAÇÕES DA GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA X SECA Etapas Via seca Via úmida 1 Mistura do IA + excipiente(s) Mistura do IA + excipiente(s) 2 Compressão dos slugs Adição do aglutinante 3 Redução dos slugs Obtenção da massa 4 Calibração Granulação5 Secagem 6 Calibração 03/09/2018 8 OPERAÇÕES DA GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA X SECA VIA ÚMIDA VIA SECA Grânulos mais coesos e de maior densidade Grânulos menos coesos, desintegração e dissolução mais rápida Mais caro: equipamento para molhar e secar Menos processos Adição e remoção de solventes Emprega água (possibilidade de hidrólise) Não emprega água Possibilidade de degradação por aquecimento Maior número de etapas e equipamentos Gera mais pó Controle da umidade residual Desgasta os equipamentos EXCIPIENTES DILUENTES: Excipientes que fornecem volume à formulação permitindo ajuste do peso do comprimido (concentração variável). Deve ser quimicamente inerte, não higroscópico, biocompatível, possuir boas propriedades biofarmacêuticas (hidrossolúvel), possuir boas propriedades técnicas (compactabilidade e capacidade de dissolução), gosto aceitável e baixo custo. EXCIPIENTES DILUENTES: Solúveis: lactose, sorbitol, manitol; Insolúveis: talco, fosfato de cálcio; Hidrofílicos: celulose microcristalina, amido; EXCIPIENTES DESINTEGRANTES: Excipientes que promovem a desintegração dos grânulos (uso de 2 a 10%), absorvem água (intumescem), expandem volume e rompem. Influência na biodisponibilidade: aumento da área superficial (dissolução). Exemplos: amido, glicolato de amido sódico, celulose, carboximetilcelulose sódica, polivinilpirrolidona, polivinilpirrolidona de cadeia cruzada (crospovidona – 2 a 5%). Podem ser adicionados no(a): Mistura de pós para o preparo do granulado (desintegrante intragranular) / Granulado pronto (desintegrante extragranular). 03/09/2018 9 EXCIPIENTES AGLUTINANTES: Excipientes que facilitam a aglomeração dos pós em grânulos, por melhorar a adesão. Podem ser adicionados na forma seca ou dissolvidos/dispersos no líquido de aglutinação (água, etanol, etc). Molhagem ou Malaxagem: adição de solução do aglutinante no pó e formação de uma massa úmida e coesa. CUIDADO: excesso de líquido forma grânulos duros (ruim) / falta de liquido forma grânulos friáveis (desprendem pós). Exemplos: soluções de amido (10-20%), glicose (20-25%), sacarose, gelatina, carboximetilcelulose, metilcelulose, polivinilpirrolidona. EXCIPIENTES MOLHANTES: Excipiente de fármacos pouco solúveis ou hidrofóbicos para favorecer a molhabilidade. Surfactantes (tensoativos aniônicos e não iônicos). Influência na biodisponibilidade: facilitam o contato com os líquidos gastrointestinais, facilitando a molhagem e favorecendo a dissolução. CUIDADO:Tensoativos aniônicos incompatíveis com fármacos catiônicos. Exemplos: Lauril sulfato de sódio 1 a 2%, docusato de sódio 0,5% (aniônico), Polisorbato 80, 20, 60, lecitina de soja (não-iônico). PELLETS Unidades esféricas densas, constituídos a partir da aglomeração de pós finos contendo com IAs + excipientes.Medem entre 0.5 e 1.5 mm. Podem conter mais de 90 % de IA. Podem ser revestidos, encapsulados ou compactados. PELLETS Vantagens Ótimas propriedades de escoamento (esferas); Baixa friabilidade / perda de pó; Distribuição de tamanho mais uniforme; Incorporação de grande quantidade de IA; As esferas resultantes podem ser revestidas com polímeros de diferentes formulações e espessuras para que os princípios ativos sejam liberados em momentos diferentes. 03/09/2018 10 PROCESSO DE PELLETIZAÇÃO Processo de aglomeração de pós finos (IA + excipientes) em pequenas unidades esféricas por meio de extrusão/esferonização. 1. Mistura de pós secos; 2. Malaxagem; 3. Extrusão: a massa é forçada a passar por placa com orifícios de tamanhos definidos; 4. Esferonização: o material que sofreu o processo de extrusão é colocado em uma placa rotatória dentro de câmara cilíndrica. 5. Secagem; PROCESSO DE PELLETIZAÇÃO A extrusão-esferonização segue os mesmos estágios de processo usados na granulação úmida. No entanto, há dois estágios adicionais no final do processo. A massa úmida compactada passa pelo processo de extrusão para produzir bastonetes do material. Em seguida, esses bastonetes são divididos em esferas por meio do processamento em placas de alta rotação. https://www.youtube.com/watch?v=MExvJBD53Ko Formas Farmacêuticas Peso médio Limites de variação Pós e granulados Até 60,0 g Entre 60,0 e 150,0g ±10,0% ±5,0% Pós estéreis e liofilizados Abaixo de 40,0 mg Entre 60,0 e 150,0g Doseamento (±15,0%) ±10,0% DETERMINAÇÃO DE PESO ▪ Uniformidade de Conteúdo (Ensaio analítico individual) - Teste utilizado para garantir posologia correta das formas farmacêuticas sólidas quando: Quantidade de Fármaco <50 mg Quantidade de Fármaco <50 % do peso total da unidade de dosagem. UNIFORMIDADE DE DOSE (CONTEÚDO E PESO) ▪ Uniformidade de Dose por Peso - Utilizada quando: Quantidade de Fármaco >50 mg Quantidade de Fármaco >50 % do peso total da unidade de dosagem
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