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Hilda Hilst - o caderno rosa de lory lamby

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O Caderno Rosa de Lory Lamby - Hilda Hilst lamby.html/menumark
O Caderno Rosa de Lory Lamby Hilda Hilst
Casa do Sol http://casadosol.cjb.net
1a. ediусo (em papel) 1990 - Massao Ohno Editor
Versсo para eBook eBooksBrasil.com Fonte Digital Documento da Autora
Copyright: (c) 2000 Hilda Hilst http://hildahilst.cjb.net casa.do.sol@uol.com.br
═NDICE
Apresentaусo A Autora O Caderno Rosa de Lori Lamby Posfрcio Interessantьssimo
Apresentaусo
 
(…) Nсo tenhamos dЩvidas: O Caderno Rosa de Lory Lamby ж, sim, um livro obsceno e, como tal, passьvel de ser
catalogado ao lado de textos afins. Seria, entretanto, um equьvoco rotulр-lo como “mera pornografia” de apelo comercial; se o
fosse, aliрs, dificilmente teria sido publicado por uma editora refinada como a Massao Ohno, numa ediусo tсo bem cuidada,
com lindos desenhos de MillЗr Fernandes, e, ademais, com a tiragem de apenas 1 mil exemplares… O livro de Hilda Hilst
estр para a produусo de Adelaide Carraro assim como as novelas de Georges Bataille estсo para os best sellers de Rжgine
Deforges. Entendamos pois: O Caderno Rosa inscreve-se numa das mais nobres tradiушes de literatura erзtica, aquela que,
para citar apenas alguns autores do nosso sжculo, passa pela obra de Guillaume Apollinaire, Pierre Louys e Henry Miller.
Vale destacar, nessa breve genealogia, a ficусo de Georges Bataille, especialmente a Histзria do Olho, com o qual O
Caderno Rosa parece ter afinidades. Com efeito, ж justamente Bataille que a autora elege como passaporte de sua transiусo da
“literatura sжria” para a pornografia, ao despedir-se do leitor, na contracapa de Amavisse, seu Щltimo livro de poemas
(Masao Ohno, 1989), solicitando que lhe “poupem o desperdьcio de explicar o ato de brincar./ A dрdiva de antes (a obra)
excedeu-se no luxo./ O Caderno Rosa ж apenas resьduos de um Poatlatch. E hoje, repetindo Bataille:/ ┤Sinto-me livre para
fracassar`.
“Fracassar” significa, neste caso, a possibilidade de arriscar outras formas de dizer literрrio. Supшe liberdade - e
tambжm coragem - de excursionar por regiшes ainda nсo devassadas pelo gЖnio criador do artista, correr o risco do
desconhecido. Em outras palavras: fracassar significa transgredir, moto perpжtuo de Bataille. Ou, ainda, como a prзpria
autora sugere, propondo a ato de escrever como atividade lЩdica: brincar. E quando uma escritora do porte de Hilda Hilst
brinca e arrisca, o leitor nсo deve se furtar ao prazer do jogo. Aceitemos o convite.
(…) O Caderno Rosa de Lori Lamby ж, embora tente disfarуar, uma fina reflexсo sobre o ato de escrever como
possibilidade de jogar com os limites da lьngua. Resta-nos aguardar os Contos d’escрrnio - Textos grotescos que Hilda Hilst
promete para breve, esperando deles novos prazeres.
Eliane Robert Moraes in Jornal do Brasil, 12/5/90
Hilda Hilst
Vida
 
Nasceu em JaЩ, Sсo Paulo, aos 21 de Abril de 1930. Em 1948, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de
Sсo Paulo (Largo Sсo Francisco), formando-se em 1952. Em 1966, mudou-se para a Casa do Sol, uma chрcara prзxima a
Campinas (SP), onde ainda reside. Ali dedica todo seu tempo Я criaусo literрria.
Poeta, dramaturga e ficcionista, Hilda Hilst escreve hр quase cinqЧenta anos, tendo sido agraciada com os mais
importantes prЖmios literрrios do paьs. Participa, desde 1982, do Programa do Artista Residente, da Universidade Estadual
de Campinas - UNICAMP.
Seu arquivo pessoal foi comprado pelo Centro de Documentaусo Alexandre Eulрlio, Instituto de Estudos de linguagem,
IEL, UNICAMP, em 1995, estando aberto a pesquisadores do mundo inteiro. Alguns de seus textos foram traduzidos para o
francЖs, inglЖs, italiano e alemсo. Em marуo de 1997, seus textos Com os meus olhos de cсo e A obscena senhora D foram
publicados pela Ed. Gallimard, traduусo de Maryvonne Lapouge, que tambжm traduziu Grande Sertсo: Veredas, de Guimarсes
Rosa.
Obra
Poesia
Pressрgio - SP: Revista dos Tribunais, 1950 Balada de Alzira - SP: Ediушes Alarico, 1951. Balada do festival - RJ: Jornal de
Letras, 1955. Roteiro do SilЖncio - SP: Anhambi, 1959. Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959.
SP: Massao Ohno, 1961. Ode Fragmentрria - SP: Anhambi, 1961. Sete cantos do poeta para o anjo - SP: Massao Ohno, 1962.
(PrЖmio PEN Clube de Sсo Paulo) Poesia (1959/1967) - SP: Editora Sal, 1967. JЩbilo, memзria, noviciado da paixсo - SP:
Massao Ohno, 1974. Poesia (1959/1979) - SP: Quьron/INL, 1980. Da Morte. Odes mьnimas - SP: Massao Ohno, Roswitha
Kempf, 1980. Da Morte. Odes mьnimas - SP: Nankin/Montrжal: NoroЬt, 1998. (Ediусo bilьngЧe, francЖs-portuguЖs.)
Cantares de perda e predileусo - SP: Massao Ohno/Lьdia Pires e Albuquerque Editores, 1980. ( PrЖmio Jabuti/CРmara
Brasileira do Livro. PrЖmio Cassiano Ricardo/Clube de Poesia de Sсo Paulo.) Poemas malditos, gozosos e devotos - SP:
Massao Ohno/Ismael Guarnelli Editores, 1984. Sobre a tua grande face - SP: Massao Ohno, 1986. Alcoзlicas - SP: Maison de
vins, 1990. Amavisse - SP: Massao Ohno, 1989. Bufзlicas - SP: Massao Ohno, 1992. Do Desejo - Campinas, Pontes, 1992.
Cantares do Sem Nome e de Partidas - SP: Massao Ohno, 1995. Do Amor - SP: Massao Ohno, 1999.
Prosa
Fluxo - Floema - SP: Perspectiva, 1970. Qadзs - SP: Edart, 1973. Ficушes - SP: Quьron, 1977. (PrЖmio APCA/ Associaусo
Paulista dos Crьticos de Arte. Melhor livro do ano.) Tu nсo te moves de ti - SP: Cultura, 1980. A obscena senhora D - SP:
Massao Ohno, 1982. Com meus olhos de cсo e outras novelas - SP: Brasiliense, 1986. O Caderno Rosa de Lory Lambi - SP:
Massao Ohno, 1990. Contos D’Escрrnio/Textos Grotescos - SP: Siciliano, 1990. Cartas de um sedutor - SP: Paulicжia, 1991.
RЩtilo Nada - Campinas: Pontes, 1993. (PrЖmio Jabuti/CРmara Brasileira do Livro.) Estar Sendo Ter Sido - SP: Nankin,
1997. Cascos e Carьcias - crЗnicas reunidas (1992-1995) - SP: Nankin, 1998.
Teatro
A Possessa - 1967. O rato no muro - 1967. O visitante - 1968. Auto da Barca de Camiri - 1968. O novo sistema - 1968. Aves
da Noite - 1968. O verdugo - 1969 (PrЖmio Anchieta) A morte de patriarca - 1969. Teatro Reunido - volume 1 - SP: Nankin,
2000.
PrЖmios
 
Foram sete prЖmios literрrios, no total. Em 1962, o PrЖmio PEN Clube de Sсo Paulo, por Sete Cantos do Poeta para o
Anjo (Massao Ohno Editor, 1962). Em 1969, a peуa O Verdugo arrebata o prЖmio Anchieta, um dos mais importantes do
paьs na жpoca. A Associaусo Paulista dos Crьticos de Arte (PrЖmio APCA) considera Ficушes (Ediушes Quьron, 1977) o
melhor livro do ano. Em 1981, Hilda Hilst recebe o Grande PrЖmio da Crьtica para o Conjunto da Obra, pela mesma APCA.
Em 1984, a CРmara Brasileira do Livro concede o PrЖmio Jabuti a Cantares de Perda e Predileусo (Massao Ohno - M. Lydia
Pires e Albuquerque editores, 1983), e, no ano seguinte, a mesma obra recebe o PrЖmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia
de Sсo Paulo). E, finalmente, RЩtilo Nada, publicado em 1993, pela editora Pontes, leva o PrЖmio Jabuti como melhor
conto.
Hilda Hilst
O CADERNO ROSA DE LORI LAMBY e Posfрcio interessantьssimo
Capa e ilustraушes de MILLнR FERNANDES
└ memзria da lьngua.
“Todos nзs estamos na sarjeta, mas alguns de nзs olham para as estrelas.” Oscar Wilde
E quem olha se fode. Lori Lamby
 
Eu tenho oito anos. Eu vou contar tudo do jeito que eu sei porque mamсe e papai me falaram para eu contar do jeito que eu
sei. E depois eu falo do comeуo da histзria. Agora eu quero falar do moуo que veio aqui e que mami me disse agora que nсo ж
tсo moуo, e entсo eu me deitei na minha caminha que ж muito bonita, toda cor de rosa. E mami sз pЗde comprar essa caminha
depois que eu comecei a fazer isso que eu vou contar. Eu deitei com a minha boneca e o homem que nсo ж tсo moуo pediu
para eu tirar a calcinha. Eu tirei. Aь ele pediu para eu abrir as perninhas e ficar deitada e eu fiquei. Entсo ele comeуou a
passar a mсo na minha coxa que ж muito fofinha e gorda, e pediu que eu abrisse as minhas perninhas. Eu gosto gosto muito
quando passam a mсo na minha coxinha. Daь o homem disse para eu ficar bem quietinha, que ele ia dar um beijo na minha
coisinha.Ele comeуou a me lamber como o meu gato se lambe, bem devagarinho, e apertava gostoso o meu bumbum. Eu fiquei
bem quietinha porque ж uma delьcia e eu queria que ele ficasse lambendo o tempo inteiro, mas ele tirou aquela coisona dele,
o piupiu, e o piupiu era um piupiu bem grande, do tamanho de uma espiga de milho, mais ou menos. Mami falou que nсo podia
ser assim tсo grande, mas ela nсo viu, e quem sabe o piupiu do papi seja mais pequeno, do tamanho de uma espiga mais
pequena, de milho verdinho. Tambжm nсo sei, porque nunca vi direito o piupiu do papi. O moуo pediu pra eu dar um beijinho
naquela coisa dele tсo dura. Eu comecei a rir um pouquinho sз, ele disse que nсo era para rir nem um sз pouquinho, que
atrapalhava ele se eu risse, que era pra eu ficar quietinha e lamber o piupiu dele como a gente lambe um sorvete de chocolate
ou de creme, de casquinha, quando o sorvete estр no comecinho.
 
Entсo eu lambi. Aь ele disse pra esperar, e foi atж aquela mesinha do meu quarto perto do espelho. ╔ um espelho bem
comprido, em volta tem pintura cor de rosa, ele pediu para eu ficar deitadinha nas almofadas do chсo na frente do espelho com
as pernas bem abertas. Eu fiquei. Aь ele tirou da malinha dele uma pasta que parecia pasta de dente grande e apertou a pasta e
deu para eu experimentar e tinha o gosto de creme de chocolate. Ele passou o chocolate no piupiu dele, aь eu fui lambendo e
era demais gostoso, e o moуo falava: ai que gostoso, sua putinha. Eu tambжm achava uma delьcia mas nсo falei nada porque
se eu falasse tinha de parar de lamber. Ele pediu que eu ficasse toda peladinha, porque eu nсo tinha ainda tirado a minha saia,
e aь eu tirei. Ele pediu que eu ficasse do mesmo jeito, com as pernas bem abertas, porque ele queria ver a minha coisinha, e
que eu podia abrir a minha coisinha com a minha mсo, assim como se a minha coisinha quisesse se refrescar. Eu entсo abri.
Ele ficou de pж na minha frente, e ia mexendo no piupiu dele e aь ele disse ai ai muitas vezes, e pediu para ver a minha
coisinha bem de perto e que queira me lamber mais, e se eu deixava.
Eu disse que deixava porque era muito mais delьcia ele me lamber do que eu ficar com a mсo na minha coisinha para
refrescar. Ele perguntou me lambendo se eu gostava do dinheiro que ele ia me dar. Eu disse que gostava muito porque sem
dinheiro a gente fica triste porque nсo pode comprar coisas lindas que a gente vЖ na televisсo. Ele pediu pra eu ficar dizendo
que gostava de dinheiro enquanto ele me lambia. Eu fiquei dizendo: eu gosto do dinheiro. Depois ele pediu para eu dizer
tambжm: me lambe sem parar, papai. Eu disse que ele nсo era meu pai. Mas ele disse que era como uma brincadeira. Eu
fiquei dizendo isso entсo, e eu estava gostando muito porque o moуo sabe mesmo lamber de um jeito tсo lindo. Ele tambжm
me dр umas mordidinhas e pшe sз um pouquinho o dedo lр dentro, nсo muito, sз um pedacinho do dedo. Mami avisou o
homem que sз pode pЗr um pouquinho do dedo senсo dзi. E foi uma delьcia. E eu queria mais, mas o moуo, que a mami diz
que nсo ж tсo moуo, estava respirando alto, acho que estava cansado porque ж assim que o papi respira quando sobe um
morrinho que tem lр numa praia da casa do tio Lalau. Agora eu nсo vou contar mais porque mamсe chamou para eu tomar leite
com biscoito. Depois eu vou pЗr talquinho e зleo Johnson na minha coisinha porque ficou muito inchada e gordinha depois do
moуo me lamber tanto.
 
Mami me ensinou que a minha coisinha se chama lрbios. Achei engraуado porque lрbio eu pensei que era a boca da gente,
e mami me disse que tem atж mais de um lрbio lр dentro, foi isso que ela disse quando eu perguntei como era o nome da
coisinha. Quem serр que inventou isso da gente ser lambida e porque serр que ж tсo gostoso? Eu quero muito que o moуo
volte. Tudo isso que eu estou escrevendo nсo ж pra contar pra ninguжm porque se eu conto pra outra gente, todas as meninas
vсo querer ser lambidas e tem umas meninas mais bonitas do que eu, aь os moуos vсo dar dinheiro pra todas e nсo vai sobrar
dinheiro pra mim, pra eu comprar coisas que eu vejo na televisсo e na escola. Aquelas bolsinhas, blusinhas, aqueles tЖnis e a
boneca da Xoxa.
Eu quero falar um pouco do papi. Ele tambжm ж um escritor, coitado. Ele ж muito inteligente, os amigos dele que vЖm
aqui e conversam muito e eu sempre fico lр em cima perto da escada encolhida escutando, dizem que ele ж um gЖnio. Eu nсo
sei direito o que ж um gЖnio. Sei daquele gЖnio da garrafa que tambжm aparece na televisсo no programa do gordo, mas sei
tambжm da histзria de um gЖnio que dava tudo o que a gente pedia quando ele saia da garrafa. Ou quando ele estava dentro
da garrafa? Eu sempre pedia pro gЖnio trazer salsichas e ovos bem bastante porque eu adoro e tambжm pedia pro papi pedir
pro gЖnio tudo que a Xoxa usa e tem. Papi disse quando eu pedi isso pra eu deixar de ser mongolзide. Eu nсo sei o que ж
mongolзide, depois vou procurar no dicionрrio que eu tenho. Papi ж muito bom mas ele tem o que a mamсe chama de crse,
quero dizer crise, e aь outro dia ele pegou a televisсo e pegou uma coisa de ferro e arrebentou com ela. E comprou outra
televisсo sз pra o escritзrio dele e tambжm aquele aparelho chamado vьdeo. Por isso agora eu estou escrevendo a minha
histзria, porque ele tambжm fica escrevendo a histзria dele. Ele comprou um outro aparelho que se chama vьdeo e pos lр no
escritзrio dele. Eu jр falei isso. Mas ж sз de vez em quando que tem uma fita bonita pra mim. └s vezes papi e mami se fecham
lр, eu nсo posso entrar mas eu escuto eles rirem bastante. Eu jр vi papi triste porque ninguжm compra o que ele escreve. Ele
estudou muito e ainda estuda muito, e outro dia ele brigou com o Lalau, que ж quem faz na mрquina o livro dele, os livros
dele, porque papai escreveu muitos livros mesmo, esses homens que fazem o livro da gente na mрquina tЖm nome de editor,
mas quando o Lalau nсo estр aqui o papai chama o Lalau de cada nome que eu nсo posso falar. O Lalau falou pro papi: por
que vocЖ nсo comeуa a escrever umas bananeiras pra variar? Acho que nсo ж bananeira, ж bandalheira, agora eu sei. E falou
uma palavra feia pro Lalau, mesmo na frente dele. Agora tenho que continuar a minha histзria, mas vou deixar pra continuar
amanhс.
 
Papi nсo estр mais triste nсo, ele estр ж diferente, acho que ж porque ele estр escrevendo a tal bananeira, quero dizer a
bandalheira que o Lalau quer. Eu tenho que continuar a minha histзria e vou pedir depois pro tio Lalau se ele nсo quer pЗr o
meu caderno na mрquina dele, pra ficar livro mesmo. Eu contei pro papi que gosto muito de ser lambida, mas parece que ele
nem me escutou, e se eu pudesse eu ficava muito tempo na minha caminha com as pernas abertas mas parece que nсo pode
porque faz mal, e porque tem isso da hora. ╔ sз uma hora, quando ж mais, a gente ganha mais dinheiro, mas nсo ж todo o
mundo que tem tanto dinheiro pra lamber. O moуo falou que quando ele voltar vai trazer umas meias furadinhas pretas pra eu
botar. Eu pedi pra ele trazer meias cor-de-rosa porque eu gosto muito de cor-de-rosa e se ele trazer eu disse que vou lamber o
piupiu dele bastante tempo, mesmo sem chocolate. Ele disse que eu era uma putinha muito linda. Ele quis tambжm que eu
voltasse pra cama outra vez, mas jр tinha passado uma hora e tem uma campainha quando a gente fica mais de uma hora no
quarto. Aь ele sз pediu pra dar um beijo no meu buraquinho lр atrрs, eu deixei, ele pos a lьngua, no meu buraquinho e eu nсo
queria que ele tirasse a lьngua, mas a campainha tocou de novo. E depois quando ele saiu, eu ouvi uma briga, mas ele disse
que ia pagar de um jeito bom, ele usou uma palavra que eu depois perguntei pra mamсe e mami disse que essa palavra que eu
perguntei ж regiamente. Entсo regiamente, ele disse. Eu ouvi mami dizer que esse verсo bem que a gente podia ir pra praia,
mas eu fico triste porque nсo vamos ter as pessoas pra eu chupar como sorvete e me lamber como gato se lambe. Por que serр
que ninguжm descobriu pra todo mundo ser lambido e todo o mundo ia ficar com dinheiro pra comprar tudo oque eu vejo, e
todos tambжm iam comprar tudo, porque todo o mundo sз pensa em comprar tudo. Os meus amiguinhos lр da escola falam
sempre dos papi e das mami deles que foram fazer compras, e eu entсo acho que eles sсo lambidos todo dia. ╔ mais gostoso
ser lambido que lamber, aquele dia que eu lambi o piupiu de chocolate do homem foi gostoso mas acho que ж porque tinha
chocolate. Sem chocolate eu ainda nсo lambi ele.
 
Agora jр tem muitos dias que eu nсo escrevo aqui no meu caderno, eu tive minhas liушes e nсo ж muito fрcil escrever
nesse meu caderno, tem hora pra tudo. E aconteceu bastante coisa. Veio um outro moуo diferente, muito peludo. Ele quis que
eu andasse como um bichinho, ele falou que podia ser qualquer bichinho, eu disse que gosto muito de gatos, entсo ele pediu
para eu andar igual, como uma gatinha. Mas ele nсo pediu pra eu tirar a roupa, ele sз tirou bem devagar a minha calcinha e pra
eu ficar andando como uma gatinha e mostrando o bumbum e fazendo miau. E ele ficou cheirando a minha calcinha enquanto eu
ia andando com o bumbum tomando ar fresco, e ele passava a minha calcinha no piupiu dele e me olhava de um jeito diferente
como se estivesse brincando de meio vesgo. Depois eu fiquei brincando com uma bolinha que o homem moуo me deu. Esse
tambжm nсo ж tсo moуo, e ж muito peludo mesmo. Eu pedi pra ele trazer uma bola cor-de-rosa que aь eu ia brincar de um
jeito que ele ia gostar.
- Que jeito? - ele disse.
- Um jeito que o senhor vai gostar.
Mas no fundo eu nсo sabia que jeito que eu ia brincar. Aь ele disse que se eu brincasse com a bolinha amarela como se ela
jр fosse cor-de-rosa, ele ia me dar bastante dinheiro. Eu fiquei atrapalhada porque nсo dava tempo de pensar como eu ia
brincar com a bola cor-de-rosa que era amarela. Entсoveu peguei a bola amarela e pus no meio das minhas coxinhas. O
homem perguntou se podia pegar a bola como um cachorrinho que vai tirar a bola de outro cachorrinho. Eu disse que ele
podia. Ele ficou de quatro como os cachorrinhos, os cavalinhos, as vacas e os boizinhos e a lьngua dele ficou pra fora e ele
veio com a boca bem aberta tirar a bola que estava no meio das minhas coxinhas. Ele tirou a bola e comeуou a babar na minha
coisinha e disse pra eu dizer que era a cachorrinha dele. Eu disse que era gatinha. Mas ele queria que eu dissesse que era a
cachorrinha.
- O senhor me dр mais dinheiro se eu disser que sou a cachorrinha?
Ele riu e perguntou se eu gostava tanto de dinheiro. Eu disse que sim. Ele falou que ele gostava de eu gostar de dinheiro.
Por que serр que nсo dсo dinheiro pro papi que ж tсo gЖnio, e pra mim eles dсo sз dizendo que sou uma cachorrinha? Ele
pediu para eu segurar a coisa dele, a coisa dele era muito vermelha e eu fiquei olhando antes de pegar.
- Agrada a minha cacetinha, agrada.
- A tua coisa se chama assim?
- Chama sim, lambe a tua cacetinha, sua cadelinha.
E encostou a coisa vermelha na minha boca. Aь eu lambi e tinha gosto salgado e de repente o homem pegou na coisa dele e
espremeu a coisa dele na minha coxinha. Depois ele limpou a minha coxinha com o lenуo dele e disse que precisava se
ontolar. Mami sempre me corrige e diz que ж controlar. Que controlar ж quando a gente diz: se controla, nсo come mais doce.
Eu entendi mais ou menos.
 
Papai e mamсe tЖm brigado muito mais mas eu tenho que continuar a minha histзria e nсo posso perder tempo como diz o
papi pra mamсe. Entсo papai veio dar uma espiada no que ele chama agora de “relato”. ” O meu relato”. E disse que estava
muito monocзrdico. Eu jр perguntei o que era monocзrdico e ele disse: leva um bom dicionрrio de uma vez, vocЖ pergunta
muito. Aь ele disse que ninguжm vai dar um tostсo pro que eu escrevo. Eu perguntei por quЖ. Mamсe falou assim pro papai:
- Tem que ter muito mais bananeira, quero dizer bandalheira. (mami)
- VocЖ estр falando igualzinho ao Lalau, e quer saber? nсo te mete, eu ж que escrevo. (papi)
- ╔ que ninguжm lЖ o que vocЖ escreve, vocЖ jр sabe. (mami)
- Tu cu з que, Judas? (papi) Tu quoque Judas? (correусo do Lalau)
- Nзs vamos voltar pra aquela merda de antes. (mami)
Aь eu pedi pra todo mundo ir embora senсo eu nсo podia escrever. Depois ele me chamou e comeуou a me abraуar e
mamсe disse pra ele nсo fazer ceninhas romРnticas e ser mais objetivo. ╔ isso: objetivo. Depois eles falaram que precisava
ter mais conversa, mais diрlogo, como eles dizem. Mas como eu vou fazer pra ter diрlogo se os homens nсo falam muito e sз
ficam lambendo?
- Cacetinha? (mami)
- Mas ж a histзria de uma ninfetinha, vocЖ nсo entende? (papi)
- Ah, isso vai ficar uma bosta mesmo. (mami)
- Mas depois melhora, gente, a coisa tem que ter comeуo, meio e fim. (papi para mami e para os amigos)
- Vamos ver, eu ainda nсo dou uma tusta pra essa histзria. (Lalau)
Aь eu perguntei se posso tambжm falar do meu ditado que ж assim: A AmazЗnia ж muito grande e bonita e tem madeiras
nobres.
- Quem foi essa professora idiota que disse que tem madeiras nobre lр? Tinha, tinha, agora nсo tem picas. (papi)
- O que sсo madeiras nobres? (eu)
- Sсo madeiras muito especiais, raras. (mami)
Aь papi disse que nсo dava pra escrever com essa falaусo e eu tambжm nсo sei direito como a gente faz um diрlogo. Eu
perguntei pro papi se ele gostava de mim e se ele queria me lamber. Ele disse que nсo, que gosta de lamber a mamсe.
 
Hoje foi um dia muito maravilhoso e diferente. Apareceu um homem tсo bonito aqui e conversou com mamсe e papai. Eu
ouvi um pouco atrрs da porta do escritзrio e ele disse que precisava de cenрrio, de mais cenрrio, e se podia me levar para a
praia, que precisava de um cenрrio de saЩde. Que era bom isso de ter uma menininha e que ninguжm entendia isso, e que atж
teve uma conversa com o mжdico dele sobre isso e o mжdico deu umas bofetadas na cara dele, quero dizer que o mжdico ж
que deu umas bofetadas nele. Papai disse que era uma ideia muito boa isso da praia e cenрrio e tarado, ж, o moуo dizia, ж
negсo, cenрrio de saЩde, muito sol, isso dр certo. Entсo acho que eu vou pra praia com o moуo. Depois eu entendi sз um
pedaуo, que o sexo ж uma coisa simples, entсo acho que o sexo deve ser bem isso de lamber, porque lamber ж simples
mesmo. Depois eles falavam que a Lorinha gosta de fazer sexo, nсo ж uma vьtima, ela acha muito bom. Eles riam muito
tambжm. O homem disse que me trazia de volta Я tardezinha e que ia trazer um peixe lindo pra mamсe e papai. Entсo eu fui
com o tio Abel. Ele se chama assim. Foi lindo desde o comeуo. No carro eu sentei ao lado dele e ele pediu que eu ficasse com
as perninhas um pouco abertas. Eu fiquei. Entсo ele guiava o carro sз com uma mсo, e com a outra ele beliscava gostoso a
minha coisinha e chamava de xixoquinha a minha coisinha. Depois ele ia passando o dedo bem devagarinho e perguntava
algumas coisas. Aь eu pedi para escrever num caderninho e ele nсo entendeu. Eu expliquei que estava escrevendo a minha
histзria e que precisava ter conversa na histзria porque as pessoas gostam de conversas. Aь ele disse pra eu nсo me preocupar
com isso agora, que ele atж pode escrever um pouco pra mim, e que essas conversas se chamam diрlogos. Ele disse que um
dia tambжm sonhou em ser um escritor.
 
- Papai ж um escritor - eu disse.
- ╔ um grande escritor.
- Mas ninguжm lЖ ele.
- ╔, mas agora vсo ler.
- Por quЖ?
- Porque ele vai contar uma histзria do jeito que o Lalau gosta.
- O senhor conhece o tio Lalau?
- Conheуo sim.
- O papai briga muito com ele.
- Mas nсo vai mais brigar nсo.
 
Agora eu vou continuar a minha histзria. Aь o homem ficou sжrio e disse.
- VocЖ estр molhadinha.
- Estou sim.
- Entсo pega um pouquinho no meu pau. Eu perguntei se o pau era a cacetinha, mas esse homem disse que nсo, que era pau
mesmo. Eu peguei na coisa-pau dele e na mesma hora saiu рgua de leite. Aь tio Abel disse que aquela vez nсo valeu, mas que
lр na praia ia ser diferente. A viagem foi linda, tinha muito sol, ele parou numa barraquinha e comprou morangos, e disse que
ia pЗr um morango na minha xixoquinha e depois ia lр buscar. A gente conversou muito, e eudisse que um outro homem ia me
comprar uma bolinha pra pЗr lр dentro, uma bolinha cor-de-rosa. E que esse homem andava como um cachorro.
- Que mau gosto, ele disse.
Mas nсo teve muito diрlogos para eu colocar aqui. Depois eu continuo.
 
Aь nзs chegamos no hotel e ele falou que eu ia dizer que eu era filhinha dele.
- Que tal? - ele disse.
- Estр bem - eu disse.
Depois eu falei: tio Abel, o senhor tambжm gosta de brincar de papai? Porque um outro homem tambжm gostava. Ele
disse que todo mundo ж porco e gosta, sз que nсo fala. Eu disse: ж porco brincar de papai?
- ╔ porco sim, mas toda a humanidade, ou pelo menos noventa por cento ж gente muito porca, ж lixo, foi um grande
homem tambжm porco que disse isso. O tio Abel que disse.
- Que esquisito, nж tio? - eu disse. E noventa por cento eu nсo sei o que ж. E humanidade tambжm nсo.
Depois eu continuei dizendo que ia me atrapalhar porque eu chamava ele de tio Abel e agora ia ter de chamar ele de papai.
Entсo ele disse que nсo precisava, que tio Abel era melhor mesmo. E que Abel foi um homem muito bom, mas se fodeu.
 
- Por quЖ? - eu disse.
- Por que Caim, o irmсo dele matou ele.
- Esse foi outro porco, nж tio Abel?
- Todos nзs somos meio Caim, ou inteiro Caim, sabe Lorinha, um dia vocЖ vai saber.
Eu nсo entendi, mas o hotel era mesmo muito lindo. O quarto era tambжm muito bonito e a gente via o mar. Sз que nсo
tinha quase gente porque hoje nсo ж sрbado nem domingo. ╔ terуa-feira. Aь ele tirou a minha roupinha, me carregou no colo,
eu fiquei no colo dele, e ele disse pra eu fingir que estava com medo. Eu disse que nсo tinha medo, que estava muito gostoso.
- Faz de conta que eu sou um homem mau que te peguei e vou fazer coisas porcas com vocЖ.
Aь eu comecei a rir e disse que ele era muito bonito e eu nсo podia dizer que tinha medo. Tio Abel ficou um pouco
chateado e disse que assim nсo ia dar pra brincar. Vai dar sim, pra brincar muito, eu disse, e me encolhi toda no colo dele e
falei:
- Ai, nсo faz assim, eu estou com muito medo.
- Abre a perninha, sua putinha safada.
- Ai, tio Abel, nсo faz assim, ai ai ai.
Entсo ele pЗs as duas mсos na minha bundinha e me levantou e comeуou a beijar e a chupar a minha xixoquinha, e
desabotoou bem depressa a calуa dele, tudo meio atrapalhado, mas era uma coisa mais linda de tсo gostoso. Eu gostei bastante
de brincar de medo. Depois ele quis ficar lambendo bastante a minha coisinha, ele disse que era uma vaca lambendo o
filhotinho dela e lambeu com a lьngua tсo grande que eu comecei a fazer xixi de tсo gostoso. Tio Abel lambia com xixi e tudo
e eu disse que estava com tontura de tсo bom, e tambжm que agora estava ardendo e ficando inchada a minha xixoquinha.
- A tua bocetinha, ele disse. Que ж minha agora, ele disse. Vamos passar olinho na minha bocetinha mais piquinininha.
E ele passou зleo, e eu pus o meu maiЗ e ele tambжm pЗs e fomos pro mar. Tinha muito sol, estava um dia maravilhoso,
mas eu estava andando com as minhas perninhas meio abertas e ele disse para eu me esforуar pra andar direito senсo podiam
querer saber por que eu estava andando assim e era claro que a gente nсo podia contar.
- Claro que nсo, tio, senсo todo o mundo, todos os papi e todas as mami e todos vсo pЗr as menininhas pra serem lambidas
e tem menininha mais bonita ainda que eu, e aь eu nсo vou ganhar muito dinheiro, nж tio?
- ╔ sim, Lorinha, se tiver muita bocetinha como a sua, de gente piquinininha e tсo safadinha, vocЖ nсo vai ganhar tanto
dinheiro. VocЖ ж impressionante, Lorinha, muito inteligente mesmo, e quer saber, Lorinha? VocЖ me faz sentir que eu nсo
sou mau.
- Por que, tio? O senhor se sentia um homem mau?
- Eu me sentia um canalha.
- Papi agora tambжm diz que se sente assim. Mas antes ele dizia que a vida tava uma bosta. Mas ele melhorou e nсo fala
mais que a vida tр uma bosta depois que todo o mundo comeуou a ser lambido.
- Todo o mundo, quem? - tio Abel disse.
- Eu, a Lorinha, eu disse.
Ele riu muito, e disse que eu era demais. Eu conversei muito com tio Abel e eu nсo sei se vai dar pra pЗr tudo em
conversa, quero dizer, em diрlogo, porque dр muito trabalho de escrever toda a hora na outra linha do caderno, e o meu
caderno nсo ж muito grosso, entсo vou continuar contando do meu jeito e quando der pra pЗr na outra linha eu ponho. Nзs
fomos para o outro canto da praia, e lр tem uma pedra grande, a gente subiu atж a pedra, e no pedaуo mais difьcil de subir, o
tio subia na frente, mas ele gostava muito quando eu subia na frente no pedaуo mais fрcil, ele dizia:
- Lorinha, vocЖ tem a bundinha mais bonita que jр vi, e eu jр vi que vocЖ tem dois furinhos, duas covinhas em cima da
bundinha, e isso ж raro.
- O que ж raro?
- Raro ж quando pouca gente tem.
- O que, por exemplo?
- Dinheiro - ele disse - e os teus furinhos.
- Mas dinheiro ж fрcil.
- ╔ fрcil nada.
- Pra mim ж fрcil.
- ╔ que vocЖ ж predestinada.
Aь ficou muito complicado pra ele me explicar o que ж predestinada. Eu pedi pra ele me escrever essa palavra pra eu pЗr
aqui no caderno, ele escreveu, mas a coisa de predestinada ж mais ou menos assim: uns nascem pra ser lambidos e outros pra
lamberem e pagarem. Aь eu perguntei por que quem lambe ж quem paga, se o mais gostoso ж ser lambido. Entсo ele disse que
com gente grande os dois se lambem e tem atж gente que nсo paga nada nem pra ser lambido.
- Entсo o que ж mesmo raro, tio?
- Lorinha, nзs estavamos questionando o que ж predestinada. Raro jр passou.
- Entсo, o que ж predestinada, tio? E o que ж questionando?
- Lorinha, predestinada ж quem nasceu pra ser lambida. VocЖ. Questionando, a gente fala depois.
Fiz bastante diрlogo, e agora vou continuar sem diрlogo. Por causa daquilo que eu jр expliquei do caderno que nсo ж
muito grosso. Porque eu ouvi tambжm o Lalau dizer pro papai que nсo era pra ele escrever um calhamaуo de putaria
(desculpe, mas foi o Lalau que disse), que tinha de ser mжdio, nem muito nem pouco demais, que era preciso ter o que ele
chamou de critжrio, aь o papai mandou ele a puta que o pariu (desculpe de novo gente, mas foi o papi que falou), entсo deve
ser nem muito grosso nem muito fino, mas mais pro fino, e por isso, eu tambжm, se quiser ver meu caderno na mрquina do tio
Lalau, nсo posso escrever dois cadernos, senсo ele nсo pшe na mрquina dele de fazer livro.
 
Lр em cima da pedra tinha uma espжcie de lagoinha e dentro tinha uns peixinhos bem piquinininhos e o tio Abel falou que
eu podia sentar na lagoinha e depois ele ia espiar se algum peixinho entrou na minha bocetinha. Eu fiquei brincando na lagoa
sempre com as pernas abertas como o tio Abel gosta e como todo o mundo gosta, nсo sei atж por que nсo construiram a gente
com as pernas abertas e aь a gente nсo tinha sempre que ficar pensando se era a hora de abrir as pernas. Nenhum peixinho
entrou lр dentro, mas tio Abel olhava sempre, e punha o dedo lр dentro bem devagarinho (pra nсo assustar o peixinho que nсo
tinha, mas que podia ter, ele dizia) e punha e tirava o dedo e depois lambia o dedo, e foi fazendo assim tantas vezes e foi
ficando tсo gostoso que eu tinha vontade de rir e de chorar de tсo maravilhoso. Que bom que as pessoas tЖm lьngua e tЖm
dedo. E que bom que eu tenho bocetinha. Aь eu falei assim, sem querer: eu amo vocЖ, Abel. Aь ele ficou com os olhos
molhados e disse: eu tambжm amo vocЖ, Lorinha, agora dр uma chupadinha no meu Abelzinho. Ele ficou na beirada da
lagoinha e eu fui como um peixe chupar e lamber o Abelzinho. Achei lindo ele chamar a coisa-pau dele de Abelzinho e disse
que ia chamar assim todo o mundo. Aь ele falou: nсo faz a tonta, Lorinha, vocЖ sз pode chamar de Abelzinho o meu pau.
Depois ele me tirou da рgua e disse que precisava me ensinar a chupar o Abelzinho, que Яs vezes eu podia descansar e
conversar um pouco com ele, com o Abelzinho. E depois chupar de novo. Que era uma “falha”, ele falou assim, na minha
“educaусo sensentimental” (ele falou assim), eu nсo saber chupar o Abelzinho. Que tinha uma histзria muito bonita de um
homem que era uma espжcie de jardineiro ou que tomava contade uma floresta, e que esse homem gostava de uma moуa muito
bonita que era casada com um homem que tinha alguma coisa no Abelzinho dele, no pau, quero dizer. E disse que esse
jardineiro ou guarda da floresta ensinou a moуa a conversar com o pau dele e que lр sim ж que tinha essas conversas
chamadas diрlogos muito lindas mesmo. Ele falou que logo ele ia me trazer o livro e assim eu podia pЗr no meu caderno
algumas coisas parecidas com isso. Eu disse que nсo queria copiar ninguжm, queria que fosse um caderno das minhas coisas.
 
Agora veio um bilhete do tio Abel: Lorinha, nсo encontrei a histзria da moуa e do jardineiro pra mandar pra vocЖ. Mas
eu encontrei esta outra histзria, muito bonita tambжm. Aqui vocЖ vai aprender muitas coisas. O que vocЖ nсo entender,
depois eu explico. ╔ a primeira histзria de um caderno que vai se chamar: O Caderno Negro.
 
Vou copiar a histзria que o tio Abel me mandou, no meu caderno rosa. Quem sabe o tio Lalau vai gostar muito dessa
histзria e aь eu peуo pro tio Abel me emprestar e a gente junta o caderno negro com o caderno rosa. O nome dessa histзria ж
O CADERNO NEGRO
(Corina: A Moуa e o Jumento)
“Seu pЖnis fremia como um pрssaro”
(D. H. Lawrence) Hi, hi!
(Lori Lamby) Ha, ha!
(Lalau)
 
Minha famьlia foi parar numa cidade de Minas chamada Curral de Dentro. Nзs жramos muito pobres, e eu fui trabalhar na
roуa com meus pais. └s vezes eu pensava que a vida nсo tinha o menor sentido mas logo depois nсo pensava mais porque a
gente nem sabia pensar, e nсo dava tempo de ficar pensando no que a gente nem sabia fazer: pensar. Eu jр estava com quinze
anos, e sempre na mesma vida. A Щnica coisa que me alegrava era ver de vez em quando a Corina, filha do seo Licurgo. Ele
tinha uma pequena farmрcia e todo o mundo se tratava com ele. Corina tambжm tinha quinze anos. Peitos grandes, cabelos
negros cacheados, bunda redonda, dentes lindьssimos. Dentes lindьssimos era uma coisa muito difьcil de ver em Curral de
Dentro, porque lр nсo tinha dentista e quem arrancava os dentes por qualquer toma-lр-dр-cр era Dedж-O Falado. O nome dele
era esse porque como todo o mundo tinha que arranjar sempre um dente ou dois ou todos, sempre se fala muito no Dedж. Ele
nсo tinha dente algum. Era moуo muito delicado, maneiroso, e morava com a mсe. Ela tambжm nсo tinha dente algum. Todos
os domingos eu tentava ver a Corina na parte da manhс, porque o seu Licurgo abria a farmacinha no domingo na parte da
manhс. Um domingo cheguei na farmрcia e ouvi vozes altas e gritos e choros que vinham lр do quartinho de trрs onde se
tomava injeусo, e reconheci a voz do seo Licurgo e o choro de Corina. Ele dizia que agora, depois de as pessoas terem visto
Dedж-O Falado de mсos dadas com ela, ela nсo ia mais ficar na cidade. Ela ia ficar definitivamente na casa dele, do seo
Licurgo, na roуa, morando com a velha Cota, que tomava conta do jumento e da casa. Eu sз ouvia agora os soluуos dela, e
nunca tinha ououvido o seo Licurgo gritar daquele jeito. Fiquei desesperado e gritei: por favor, seo Licurgo, pрra com isso.
Ele saiu do quartinho lр de trрs, a cara muito vermelha, e perguntou o que ж que eu queria. Falei que queria conversar um
pouco com a Corina. Ele me disse que a Corina nunca mais ia falar com ninguжm, porque moуa desavergonhada tem que ficar
calada e trancada. Falei o mais que pude com seo Licurgo, que a Corina era uma mocinha muito direita, que as pessoas sсo
faladeiras e tЖm muita inveja da beleza e da castidade. Seo Licurgo pusou os зculos atж a ponta do nariz, me olhou da cabeуa
aos pжs e perguntou o que ж que eu entendia por castidade. Eu disse que as santas eram pessoas castas, que eu havia lido isso
num livro, uma espжcie de catecismo que os meus pais tinham guardado, e que era um livro que a minha finada avз havia
deixado. Pois olha, Edernir (esse ж o meu nome), posso atж estar errado, mas acho que vocЖ entende tanto de castidade
como eu entendo de logaritmo. Ele nсo falou desse jeito, ele tinha lр um jeito mineiro de falar, mas agora nсo me lembro mais.
Mas, continuando, achei incrьvel a palavra e perguntei o que era aquilo, o que era logaritmo. Ele respondeu que era uma coisa
bastante enredada, coisa dos nЩmeros, de aritmжtica, mas que nunca mais ele esqueceu a palavra, e achava a palavra muito
bonita, tсo bonita que deu o nome de Logaritmo para o jumento que vivia lр na roуa. “╔ um belo jumento, Edernir, mais escuro
que o normal, quase preto, e de pЖlo muito lustroso, eh pЖlo bonito, parece atж asa de urubu, quer saber Edernir, o pЖlo do
Logaritmo ж parecido com o teu cabelo.”
 
Corina nesse instante apareceu no vсo da porta com o rosto bastante desfigurado de tanto chorar. Aь seo Licurgo disse: tр
bem, minha filha, pode conversar um pouco com o moуo Edernir, ele ж um bom moуo, e diz que entende de castidade. E deu
uma risada, entrou lр no quartinho de trрs da farmрcia dizendo que precisava preparar umas poушes pra velha Cota que nсo
parava de cagar, e que a Corina ia levar o remжdio pra velha. “Vai arrumar teus trens, Corina, e depois vai e jр fica por lр.”
Mesmo desfigurada eu nunca achei a Corina tсo bonita. Ela usava uma blusa da cor do cжu azul, uma blusa de seda, e como
ela estava suada de tanto chorar e sofrer com os gritos do pai, a blusa ficou agarrada nos peitos, e apareciam os dois bicos de
pontas durinhas e saltadas. Eu disse que ela nсo se desesperasse, que eu tinha a certeza que o seo Licurgo ia mudar de idжia, e
que ainda que ele nсo mudasse, eu iria vЖ-la a cada dia lр na Serra do М. A serra tem esse nome porque as pessoas dizem
que lр viveu hр muitos anos um velho que nсo deixava ninguжm em paz enquanto as pessoas nсo diziam М quando ele
passava. - Vai me ver mesmo? - Corina perguntou. Juro por Deus, eu disse, e peguei e apertei a mсozinha dela. Aь chegou o
seu Licurgo e eu tirei depressa a minha mсo de cima da mсozinha dela. - Jр pode ir, moуo Edernir, disse o seo Licurgo. Eu fui.
No caminho de volta senti o meu pau duro dentro das calуas, cada vez que eu pensava nos peitos e nos bicos pontudos da
Corina o meu pau levantava um pouco mais. Eu tinha que ter passado pela capelinha mas do jeito que eu estava nсo podia. A
capelinha era uma construусo caindo aos pedaуos, cheia de bancos duros, e onde o padre Mel falava sempre aos domingos.
Ele se chamava padre Mel porque as beatas diziam que ele falava tсo doce que as palavras pareciam mel. O nome verdadeiro
dele era Tonhсo. Padre Tonhсo. Bem, voltando ao meu pau. Eu estava tсo perturbado que precisei pЗr a mсo dentro das
calуas, e segurei o caralho com forуa pra ver se ele se acalmava mas o efeito foi instantРneo. Esporrei. Comecei a atravessar
a pracinha muito depressa, a mсo toda molhada, a calуa tambжm, e de repente ouуo a voz da comadre Leonida: Edernir! vem
aqui um pouco, menino, leva esse bolo de fubр pra tua mсe. Eu comecei a correr mais ainda e ela atrрs de mim com bolo. Me
agarrou, me puxou pelas calуas e disse credo cruzes Edernir, onde ж que tu vai assim, vai caур o que com essa pressa? E aь
me olhou direitinho e viu a mancha na minha calуa. “E nсo ж que o moуo tр todo mijado?” Arranquei o bolo das mсos dela e
nunca corri tanto. Meus pais estavam na capelinha, ouvindo o sermсo do padre Mel, e eu aproveitei pra lavar as calуas.
Depois fiquei zanzando, e Corina nсo me saьa da cabeуa. Durante todo aquele domingo fiquei amuado, de cara amarrada, de
um tal jeito que os meus pais perguntaram se eu estava sentindo qualquer coisa, se estava doente, ou o que era. Disse a eles
que nсo era nada. └ noite fiquei pra lр e pra cр, andando na ruazinha vazia, e fazendo planos para minhas visitas futuras Я
Corina. Minha mсe me deu chр de erva cidreira dizendo que aquilo era bom pro nervoso, pro estЗmago, pra tudo. Na segunda-
feira, depois de voltar da roуa, disse a meus pais que nсo tinha vontade de comer nada nсo, que eu ia andar um pouco lр pela
Serra do М pra caуar tatu. Eles acharam esquisito porque eu nсo era de caуar tatu, tinha visto um dia meu pai caуar esse bicho
e ele levantou o rabo do bicho e pЗs o dedo dentro docu do animalzinho. ╔ assim que o tatu se aquieta. Tem gente que
tambжm se aquieta assim? pensei. E achei horrьvel. Mas inventei essa mentira e fui. Era bem uma boa lжgua atж a casa de
Corina e meu pau foi ficando duro pelo caminho sз de pensar que eu ia ver a Corina outra vez. Aь cheguei. A casa era
pequena, muito branquinha. Como jр estivesse um pouco escuro achei bom gritar o nome dela para que nсo se assustasse com
meus passos. Apareceu a velha Cota, os olhinhos apertados:
 
“Uai, que que ocЖ veio fazЖ aqui uma hora dessa?”
“Vim ver a Corina, velha Cota”.
“Uai, nсo esperava nсo, entсo vou botр um trem aqui pra ocЖ comЖ.”
Aь apareceu a Corina. Ela estava linda. Falou pra velha Cota ir dormir que aquilo nсo era assunto dela nсo. A velha saiu
resmungando e se fechou no quartinho. “Nсo liga nсo Edernir”, a Corina falou, “ela vive dormindo, ж sз dar uns gritos com
ela e ela se aquieta.” (Inda bem que a velha Cota era diferente do tatu.) A saia que Corina vestia era bem justa no corpo, bem
apertada, e eu podia ver as nрdegas estremecendo quando ela se movia. Perguntou se eu queria uns bolinhos de requeijсo, eu
disse que sim, que queria. Comeуamos a comer os tais bolinhos, ela sorria, e os dentes brilhavam muito naquela luz do
lampiсo. Perguntei se ela nсo tinha medo de ficar ali sozinha com a velha Cota, ela respondeu que tambжm nсo era assim, que
sempre tinha algum colega que vinha, depois riu e falou: e tem tambжm o Logaritmo. Eu tambжm ri. E perguntei se podia vЖ-
lo. Ela disse que jр estava escuro, e que no escuro eu nсo ia ver a belezura dele. Que os pЖlos eram muito lindos de dia, que
se pareciam mesmo com os meus cabelos, quase a mesma cor, ela disse. Eu tambжm ri porque nunca ninguжm tinha dito que
eu tinha o cabelo de jumento, sз o seu Licurgo e ela. Ela perguntou se eu nсo queria sentar na beirada da cama que era mais
gostoso que sentar na cadeira. Vi tambжm uma cadeirinha baixa, muito bonitinha, no quarto da Corina.
 
Comecei a querer ver mais de perto a cadeirinha quando ela perguntou se eu nсo estava sentindo um cheiro gostoso no
quarto. Gostoso, sim, eu disse, parece cheiro de folha de eucalipto. ╔ sim, ж eucalipto, Edernir, eu pus folha de eucalipto em
baixo das cobertas, quer ver? Entсo Corina se dobrou pra levantar as cobertas e eu nсo agЧentei e abracei-a por trрs, ela
gemeu e falou: vocЖ ж tсo bonito, Edernir. Eu fui ficando muito nervoso mas fui pondo a mсo embaixo da saia tentando
suspendЖ-la, mas nсo saia era muito justa e nсo dava pra bolinar as coxas. Ela foi-se rebolando e suspendendo a saia e
embaixo da saia nсo tinha calcinha. Fiquei muito excitado quando vi os pЖlos pretos e enroladinhos, e entсo ela perguntou
assim: “quer veer de perto a minha vaginona? Pega nela, pega”. Tremi inteiro, ajoelhando, ela comeуou a passar mсo nos
meus cabelos de jumento e foi empurrando com forуa a minha cabeуa na direусo da boceta. Eu nсo sabia muito bem o que
fazer mas beijei o pЩbis gordo e escuro de Corina. Ela dizia: abre, abre pшe a lingua lр dentro. Eu, nos meus quinze anos
quase castos, tinha um pouco de medo de abrir a vagina de Corina, entсo ela mesmo o fez, e eu comecei a lambЖ-la
desajeitado. Enfia agora o teu pau, Ed, ela falou. Gostei do meu nome assim reduzido, parecia coisa de mocinho de cinema,
porque Яs vezes eu ia atж Salinas, uma cidadezinha perto de lр, e ouvia nomes parecidos com esse. Ed, Ned. Bem, entсo
enfiei, mas Corina se contorcia meio desesperada, dizia enfia mais Ed, mais, Ed, me atravessa com o teu pau, nсo tЗ sentindo
quase, ela dizia. Eu suava tanto como se estivesse morrendo de febre malsс, alagado como se estivesse dentro d’рgua, e aquilo
de Corina dizer tantas palavras tambжm me confundia. Serр que meter ia ser sempre assim, a mulher falando tanto? Frenжtico,
eu quase metia atж as bolas lр dentro e ela esfregava as minhas bolas com tamanho frenesi, com tamanho entusiasmo, que
gozei muito antes desse discurso todo. Arriei em cima de Corina, mais pro moribundo que pro vivo. Ela ficou estрtica de
repente, me empurrou enfezada, puxou os cabelos pra trрs, e a cara parecia sжria demais. Estaria zangada? Olhei de viжs, fui
me levantando e suspendendo as calуas e depois tentei abraур-la. Ela falou: Ed, vocЖ ж muito franguinho bobo. Meu Deus, eu
queria morrer naquela hora, mas sabia que o meu pau tinha trabalhado bem, um pouco apressado talvez, mas bem no ritmo de
tanta putaria. Aь falei: Corina, se vocЖ nсo tivesse se arreganhado tanto, eu atж que podia ter demorado mais. Ela gritou:
arreganhado? arreganhado? uai, Ed, mulher se arreganha pro macho dela, seo bobo, e quer saber? teu pau ж magro pra mim, eu
gosto ж de uma boa pica igual a do Dedж. Fiquei roxo. Entсo aquele delicado maneiroso tinha um caralhсo e metia com a
minha doce Corina, aquela que eu achava uma santinha, os olhos acastanhados, as pestanas longas quase douradas, o jeitinho
que antes era meigo, o olhar cheio de ternura, aquela minha Corina fodia com o desdentado Dedж-O Falado? Cheio de ciЩme
e raiva, no entanto controlei-me. Desculpe, Corina, eu disse, amanhс eu volto e vou fazer tudo melhor. Eu te gosto. Corina,
completei. Ela riu. “VocЖ pode ir aprendendo, nж benzinho?”
E foi se achegando de novo, passou a mсo na minha bunda, nсo gostei, e disse:
 
“Epa, Corina, aь nсo.”
“VocЖ ж mesmo um tonto, Ed, traseiro de homem tambжm ж bom de passar a mсo.”
“Nсo gosto disso nсo.”
“Por quЖ? VocЖ acha que bunda de homem nсo sente? VocЖ nсo quer o meu dedo no teu buraco, Ed? ╔ gostoso.”
“Nсo sou tatu, Corina, me larga.”
Corina nсo parava de rir com essa frase, foi se chegando muito, pedindo que eu passasse a mсo nas suas nрdegas. Passei.
Mas suavemente assim como a gente alisa uma cachorrinha ou a porca nova. Ela pressionou minhas mсos na sua bundona.
“assim Ed - ela dizia -, forte assim, Ed, machuca assim”, e fez com que as minhas unhas arranhassem a sua carne. Afastei-a.
“Isso tambжm eu vou aprender, Corina.”
Voltou a me abraуar e disse: “Me dр a tua lьngua, pшe pra fora a tua lьngua. E comeуou a sugр-la como se sugam as
mangas. Minha caceta endureceu mas achei prudente nсo tentar de novo aquela noite.
 
Fui voltando pra casa meio triste, andando devagar, confuso e magoado. Como a gente ж bobo, fui pensando, a cara das
pessoas ж uma e depois no quarto vira outra, a menina Corina era uma boa puta, uma ordinрria, uma mulher da rua, e o que era
essa coisa de meter o caralho da gente numa boceta e ficar assim adoidado? E se ela queria um caralho maior que o meu, por
que nсo metia com o jumento? E como seria o pau do delicado Dedж-O Falado? Serр que todas as mulheres querem uma tora
no meio das pernas? E fui andando agora mais depressa, colжrico, tramando enormes indecЖncias, e pensando: (Corina me
fez pensar, isso devo mesmo a ela) como ж que diz mesmo o catecismo, ou seja lр o que for? Que o homem ж feito Я imagem
e semelhanуa de Deus. Cruzes, entсo, eu, Edernir, era feito Я imagem e semelhanуa de Deus? Pensando na boceta da Corina?
Estertorando em cima daquela puta? E nсo ж que o meu pau ficava duro ainda pensando naquela porca? De repende me veio
um desespero, um remorso de pЗr o meu Deus no meio daquilo tudo, e um pouco antes de chegar em casa tomei a resoluусo de
me confessar dia seguinte com o padre Tonhсo. Ia contar tudo, que tinha tesсo mas tambжm tinha raiva de Corina, que ele me
ajudasse e desse o perdсo etc etc. Depois do meu trabalho na roуa, fui no dia seguinte Я capelinha. Eram cinco da tarde.
Entrei, e lр dentro nсo havia ninguжm. A sacristia ficava bem lр no fundo da capela. Era preciso atravessar um corredorzinho,
e fui me concentrando, todo comovido e cheio de piedosas intenушes. Um silЖncio total. Ninguжm. Algumas velhas beatas
transitavam por ali. Aquela tarde, ninguжm. Chegando Я porta da sacristia entendi. Havia um bilhete do padre Mel: fui levar
os santos зleos pra um compadre meu, em Curral da Vara. Alguжm que sabia ler havia lido e espalhado pra todos. Jр ia me
afastando da sacristia quando ouvi algum ruьdo. Dentro da sacristia nсo era. De onde aquele ruьdo, comose um bicho
agonizasse? Abri devagarinho uma portinhola que dava para a horta do padre Mel. Lр, mais adiante, havia um quartinho de
ferramentas, enxadas, pрs, ancinhos, etc.
 
Meio agachado, fui atж lр. E por uma bela fresta da janela toda carcomida vi: Padre Tonhсo arfava. A batina levantada
mostrava as coxas brancas como deveriam ser as coxas de uma rainha celta. (Rainha celta… meu Deus, de onde ж que veio
isso?) O pau do padre, era, valha-me Deus, um trabuco enorme que entrava e saьa da vaginona de Corina, ela por cima, ele se
esforуando arroxeado pra ver o pau entrar e sair. Ela, com aquela discurseira toda: ai, Tonhсo, ai padre caralhudo, ai
gostosura, ai, santa mсe do senhor que te fez Tonhсo. Depois a falaусo do padre: ai, bocetuda mais gostosa, quero te pЗr no cu
tambжm, vira vira, CЗ (pensei: foi aqui que ela aprendeu a reduzir os nomes), vira, putona. Corina de quatro, e o caralho do
padre tonhсo agora entrava e saьa do buraco de trрs da moуa, ela rebolando, os olhos revirados. Aь ele tirava um pouco e ele
gemia: “Nсo faz isso, TЗ, nсo faz assim, tua жgua (coitada das жguas) vai morrer de tesсo. E ele: “Ajoelha, e pede por favor,
diz que se o meu trabuco nсo entrar mais no teu buraco tu vai morrer, diz, pede em nome do chifrudo, anda, pede”. Corina
falava bastante, mas nсo dava pra ouvir tudo. Depois se arrastava aos pжs dele, lambia-lhe os dedos do pж, e padre Tonhсo
que falava mais alto que Corina continuava o discurso: “Nсo vou por nсo, vou ж esporrar na tua boca, cadelona gostosa
(coitada das cadelas!), putinha do TЗ (coitada das putinhas)”. Corina chorava, implorando, segurava os peitos com as mсos,
fazia carinha de crianуa espancada (coitada das crianуas) e ia abrindo a boca: “Entсo esporra, TЗ, esporra na boquinha
(coitada das boquinhas!) da tua Corina”.
 
Claro que esporrei vendo e ouvindo toda aquela putaria, as pernas bambas, a garganta seca, e ainda (acreditem)
completamente desesperado de paixсo. Meu corpo estremecia inteirinho, comecei a correr como se a vara do padre estivesse
atrрs de mim (Curral da Vara, ж? pois claro que sim), atravessei como um louco a pracinha, tropicava outra vez e corria,
chorava e soluуava, o rosto inteiro molhado. E nсo ж que ouуo de repente a voz da comadre Leonida: “Edernir! Edernir!
cruzes credo, o moуo anda sempre correndo e mijado!”
Cheguei em casa, esbaforido, fingindo doenуa, a mсo nas vergonhas dizendo: “Que dor aqui, mсe! Acho que ж doenуa da
pedra na bexiga, ai, tenho que ir na privada”.
Lр dentro tirei as calуcas e gritava: “Mijei nas calуas, mсe, de dor, mсe”.
Saь de lр de dentro pрlido e trЖmulo, vomitei de nojo de mim mesmo, a mсe passava a mсo na minha cabeуa e sз dizia:
“Coitadinho, coitadinho do meu menino”.
Minha caceta estava murcha e engruvinhada. De tristeza agora. Fui pra cama, enfiei a cara no colchсo e chorava chorava, o
ranho descia pelo nariz, a mсe limpava e rezava. Tomei chр de quebra-pedra que a mсe fez, fui me acalmando, o pau jр estava
mais alegrinho, a mсe comeуou a rezar o rosрrio, agradecendo a Deus. Da minha cama eu via a noite chegando, as estrelas, a
lua cheia, e pensava: meu peito ainda estр inchado de amor pela Corina, queria sentir зdio mas nсo conseguis mais, quanto
mais puta ela se mostrava mais eu queria, minhas narinas sentiam o cheiro daquela vagina rodeada de pЖlos pretos
enroladinhos, aquela gosma que eu lambi a primeira vez parecia a gosma das jabuticabas (coitadas das jabuticabas!), aquela
puta vadia era a minha vida, o ar que eu respirava. Olhava a noite linda, estrelas, lua, e toda aquela maravilha nсo tinha a
beleza da boceta de Corina.
 
Passei alguns dias sem aparecer. Nem na roуa. Nem na casa de Corina. Ficava deitado pensando. Pensando no quarto
perfumado de Corina, na cadeirinha tсo linda. E aь me lembrei com muita nitidez de todos os detalhes dessa cadeirinha. Pois
bem, pensei, e pra que serviria aquele buraco? Alguns pensamentos imundos comeуaram a surgir. Alguжm enfiava a caceta
naquele buraco e acontecia o que lр embaixo? Nсo, mas aь seria um buraco redondo, prзprio para uma caceta, mas o buraco
era alongado. Alongado, em forma de folha larga? Virgem Maria, serр possьvel? Serр possьvel que essa moуa Corina tenha
mandado fazer um buraco especial, numa cadeirinha rara, sз para refrescar a prзpria vagina? Eu estava louco. E quem teria
sido esse artesсo? Mas isso era um absurdo, essa moуa Corina morava em Curral de Dentro, nсo morava nas Oropa, no putal
de lр, pensei, essa caipirinha nсo podia ser tсo imaginosa, tр bem que se abrisse numa falaусo, mas era falaусo de puta de
arraial mesmo, e quer saber? Eu vou atж lр, ainda que seja sз para ver de mais de perto a cadeirinha. Eram trЖs horas da
tarde. Andando bem depressa vejo tudo de dia: o jumento, a cadeirinha e Corina. Sз nсo pensei no Dedж. E foi ele mesmo
quem vi assim que cheguei. Dedж-O Falado, o delicado, o maneiroso, com a cabeуca embaixo da cadeirinha e Corina pelada,
sentada em cima. Aquela fenda na cadeira era para Corina se sentar com a vagina no buraco (acertei!) mas nсo para refrescar
a dita cuja, mas para ser lambida. O Dedж enquanto fazia isso se masturbava e arreganhava os dedos do pж se esticando todo.
Quando eu cheguei ele estava esporrando. Ela, ainda se mexendo pra frente e pra trрs, rindo gostoso. Nсo ouve o menor sinal
de constrangimento ou surpresa. Corina disse: “Vem tambжm Ed, tр de lascar”.
Dedж, largado embaixo da cadeirinha, falou molenguento: “Tр demais de bom, Ed, tр danado de bom”. Pensei com os
meus poucos botшes: serр que a velha Cota tambжm estр metendo algum pepino no vaginсo ressecado? Que gente! Era
fantрstico tudo aquilo, surpresas por todos os lados, eu era sim um perfeito imbecil. Fiquei encostado na soleira da porta,
olhando o jumento que passava logo ali. De fato, era muito bonito o Logaritmo. Quase preto, verdade, de pЖlo muito lustroso.
Passei a mсo no meu cabelo e cheguei a esboуar um sorriso. Continuei encostado na soleira da porta. E pueril e inocente
comecei a dar tratos Я bola: entсo ж isso a vida. O amor, uma bobagem. As mulheres, umas loucas varridas. Ou sз a Corina ж
que era uma louca varrida? Ou eu ж que nсo entendia nada do mundo e todo o mundo era assim? E todo o mundo tinha sua
cadeirinha escondida? As putas das mulheres do mundo inteiro tinham suas ignзbeis cadeirinhas? E por que eu nсo encarava
isso do sexo como uma enorme e gostosa e grossa porcaria e nсo comeуava agora mesmo a me divertir com Corina e Dedж?
Entсo fui tirando as calуas bem devagar, fui tirando tudo. Corina e Dedж comeуaram a sorrir delicados, e eu, pelado, fui
atж o pasto, peguei o Logaritmo, fui puxando o jumento pra mais perto de casa. Amarrei o Logaritmo na estaca da cerca,
comecei a me masturbar mansamente, e fui dizendo: “Querida Corina, vai mexendo no pau do Logaritmo que eu quero ver o
pau dele. Ela ria pra se acabar. Dedж tambжm. “Isso ж que ж invenусo gostosa”, Dedж dizia. Corina replicou: “E vocЖ
acha, tonto, que eu jр nсo buli no pau do Logaritmo?
 
Ela ajoelhou-se embaixo do bicho e esticava a pele dele pra cima pra baixo, abraуava aquela vara enorme e o bicho
zurrava, e ela ria ria, se esfregando inteira no pauzсo do jumento. Dedж chegou bem perto de mim e falou: “VocЖ ж lindo,
Edernir, eu gosto mesmo ж de vocЖ”. Dei-lhe uma tapona na boca, ele rodopiou, ficou de bunda pra minha pica, enterrei com
vontade minha linda e majestosa caceta naquele ridьculo cu do Dedж. Ridьculo ж o que eu pensava de tudo Яquela hora. Ele
gritava: “Ai ai ai que delьcia a tua cacetona Edernirzinho. Assim que esporrei (apesar de ridьculo), dei-lhe uma vastьssima
surra de cinta e quando ele jр ia desmaiando a Corina tentando fugir, agarrei-a, forуando para que continuasse a masturbar o
bicho. Comprimindo-lhe com energia as bochechas, fiz com que recebesse em plena boca a tonelada de porra do jumento. E
assim esporrada, meti-lhe um murro, quebrando-lhe os magnьficos dentes. Deixei os dois desmaiados, a velha Cota sempre
fechada no seu quarto, o jumento comendo os girassзis plantados rentes Я parede da casa, oolhar amortecido e gozoso. Voltei
para casa, meus pais ainda estavam na roуa, pus minhas tristes roupas na mala de papelсo, andei por uns atalhos, cheguei Я
estrada, tomei uma carona, fumei o primeiro cigarro daquele dia, e nunca mais voltei a Curral de Dentro.
 
Eu era um moуo muito bonito, tambжm com dentes perfeitos, e ainda hoje o sou. Tenho trinta anos. Vivo na cidade grande.
Sou dentista. Meus amigos tambжm me chamam de Ed.
 
Tio Abel, eu tive sonhos muito feios depois de ler a histзria que o senhor me mandou. Sonhei que um piupiu cor-de-rosa
muito muito grande e com cara de jumento na ponta ficava balanуando no ar e depois corria atrрs de mim. Depois o piupiu
grande passava na minha frente e eu tinha que montar nele, e a cara do piupiu que era de jumento virava para mim e passava o
linguсo dele mais quente que o do Juca na minha coninha. Eu gritei muito de medo do linguсo, mas aь apareceu o He-Man e a
princesa Lжia, e o He-Man cortou com a espada sз a cabeуa do jumento mas o piupiu ficou inteiro do mesmo jeito, sз que sem
a cabeуa grande do bicho, e entrou no meio das pernas da princesa Lжia e ela gritava ui ui e parecia bem contente. O He-Man
tambжm estava com a espada atrрs dela, da princesa, e eu estava segurando na tranуa da princesa Lжia e a gente ia voando
atж o Corcovado. Esse pedaуo foi bonito. Mas eu achei muito difьcil essa histзria que o senhor me mandou, e tambжm nсo sei
direito como ж um jumento preto. Eu conheуo ж cavalinho e boizinho e burrinho. Sabe, tio, eu achei a histзria um pouco feia
tambжm. O Edernir ficou bravo com a Corina e o Dedж? Coitado dele, nж, tio? Acho que ele ficou sentido com a Corina.
Agora eu vou colar figurinhas do He-Man e da Xoxa na beirada do caderno e tudo vai ficar mais bonito.
 
Vou continuar o meu caderno rosa. Tio Abel me ensinou a chupar. Ele fez uma espжcie de aula. No comeуo ele disse que
ia ser meio difьcil porque a minha boca ж muito piquinininha e a minha mсo tambжm.
“Lorinha, vocЖ nсo lembra daquela menininha da televisсo que dр uma mordidona na fatia de pсo com margarina?”
“Mas ж pra abrir e morder assim?”
“Claro que nсo, Lorinha, ж sз o comeуo da aula, pra vocЖ aprender a abrir a boca”.
“Eu gosto de aprender, tio Abel, papai sempre diz quando o Lalau nсo estр: como ж sacana aquele filho da puta do Lalau,
mas vivendo ж que se aprende. Entсo eu quero aprender”.
Abel tirou o Abelzinho pra fora, e ele estava muito triste e mole ainda, o Abelzinho, e aь o Abel disse:
“Agora vocЖ pega nele primeiro, aqui onde ele nasce”.
“Onde ele nasce?”
“Aqui, na raьz dele, olha”.
“Que raьz?”
“Aqui perto das bolotas, dos ovos”.
Eu fui pegando e o Abelzinho foi ficando duro, fui pegando pra cima e pra baixo, com a mсo do tio Abel em cima da minha
pra me ensinar, e o Abelzinho foi crescendo e ficando coradinho, e aь eu abri bem a boca e escondi a cabeуa dele na minha
boca. Tinha um gosto engraуado, de mandioca cozida. E quando eu escondi a cabeуa dele na minha boca, tio Abel empurrava
um pouco a minha cabeуa bem devagarinho, depois mais depressa, e ele, o tio, punha o dedo dele no meu buraquinho de trрs e
senti uma delьcia, e descansava um pouco e falava com o Abelzinho, mas o tio nсo tirava o dedo do meu cuzinho. Eu disse pro
Abelzinho: como vocЖ ж lindo meu bonequinho, como vocЖ estр todo durinho, meu amorzinho. Tio Abel de repente disse:
“Repete o que eu vou te dizer, Lorinha. Diz: pшe mais o teu dedo no meu cuzinho que eu estou adorando”.
Entсo eu repeti isso uma porусo de vezes, e aь eu senti uma espжcie de dor de barriga, mas uma dor de barriga muito
gostosa, a gente nem liga pra essa dor. ╔ uma dor coisa bonita, uma dor coisa maravilhosa.
 
Nсo sei por que as histзrias pra crianуa nсo tem o prьncipe lambendo a moуa e pondo o dedinho dele maravilhoso no
cuzinho da gente. Quero dizer da moуa. Papi poderia escrever histзrias lindas pra crianуa contando tudo isso, e entсo eu fui
falar com ele mas nсo deu muito certo porque mamсe e ele brigaram. Entсo foi assim:
“Papi, jр que o senhor quer ganhar dinheiro do salafra sacana filho da puta do Lalau”
“Nсo fala assim, menina”.
“Mas ж vocЖ que fala assim, papai”.
“Tр vendo? Tudo o que a menina fala, tр vendo?” - disse a mamсe.
Entсo o papi falou pra mami calar a boca mas a mami comeуou a falar sem parar, ela disse que o bom mesmo era ele
escrever do jeito do Henry Miller, que:
“VocЖ quer saber, Cora, eu acho o Henry Miller uma pЩstula (Cora ж o nome da mami), isso mesmo, uma pЩstula, uma
bela cagada”.
“VocЖ tem coragem de dizer que o Henry Miller ж uma pЩstula?”
“Tenho, e quer saber? sua judas, eu trabalhei a minha lьngua como um burro de carga, eu sim tenho uma obra, sua cretina”.
Aь mamсe comeуou a chorar e disse que adorava ele, que sabia que ele trabalhou muito a lьngua, que ele era raro e
comeуaram a se abraуar e eu acho que eles iam se lamber, e eu nсo consegui perguntar do prьncipe e da histзria que ele podia
escrever e tambжm nсo entendi essa coisa de trabalhar a lьngua, eu ainda quis perguntar isso pra ele mas ele mas ele jр estava
outra vez gritando que a nojeira que ele ia escrever ia dar uma fortuna, e que ele queria muito viver sз pra gozar essa fortuna
com a nojeira que ele estava escrevendo.
 
Hoje estamos todos em crise, como diz o papai. Logo cedo ouvi os dois brigando muito de um jeito forte e mais gritado.
Era assim:
Mami - Eu acho uma droga.
Papi - Por que, sua idiota?
Mami - Que histзria ж essa de cacetinha piupiu bumbum, que droga, nсo ж vocЖ que diz que as coisas tЖm nome?
 
Papi - VocЖ ж mesmo burra, Cora, isso ж o comeуo, depois vai ter ou pau ou pЖnis ou caralho, e boceta ou vagina e
bunda traseiro e cu, depois, Cora, eu jр te disse que ж a histзria de uma menininha, eu tЗ no comeуo, sua imbecil.
Mami - Por que vocЖ nсo escreve a tua madame Bovary? (Tio Abel me ensinou a escrever certo)
Papi - Porque sз teve essa madame Bovary que deu certo, e se vocЖ gosta tanto do Gustavo, lembre-se do que ele disse:
um livro nсo se faz como se fazem crianуas, ж tudo uma construусo, pirРmides, etc, e a custa de suor de dor etc.
Mami - E por que vocЖ nсo aprende isso?
Agora eu nem posso repetir tudo o que papi disse, mas num pedaуo ele falou coisas horrьveis porque mamсe falou:
Mami - VocЖ nсo estр bom nem mais pra foder.
Papi - Ah, ж? E vocЖ acha que eu posso escrever e meter com alguжm como vocЖ, Cora, que vive com essa boceta
acesa, sua ninfomanьaca (Tio Abel tambжm ajudou a escrever). NINFOMAN═ACA! ╚ isso que vocЖ ж, Cora, e se vocЖ
gosta tanto do Gustavo por que nсo se lembra que ele disse que ж preferьvel trepar com o tinteiro quando se estр escrevendo
do que ficar esporrando por ai?
Mami - Eu entсo sou por aь?
Papi - Quer saber mais? Ele tinha sьfilis.
Mami - Quem, o Flaubert? (Tio Abel ajudou a escrever esse outro)
Papi - Sim senhora, o teu adorado Gustave Flaubert tinha sьfilis.
Mami - E daь? todo mundo teve sьfilis.
Papi - Todo mundo o escambau (!), todo mundo o meu caralho, Cora, e olha aь a menina, Cora, olha aь a menina.
Aь papai disse que ia encher a cara, e bateu com toda a forуa a porta do escritзrio dele, depois abriu a porta e disse que ia
buscar a bosta do gelo, e perguntou se mami jр tinha bebido a bosta do uьsque, ou quem foi que bebeu. Aь mami disse que ele
e os amiguinhos dele ж que bebem a bosta do uьsque. Ele bateu a porta outra vez, abriu outra vez a porta e gritou pra mamсe:
“Quer saber, Cora? O Gustavo era tсo sьfilьtico que tinha a lьngua inchada de tanto mercЩrio”.
Mamсe gritou: “╔, mas escreveu a madame Bovary”.
 
Hoje, graуas a Deus, veio o tio Abel e eu posso conversar um pouco com ele. Primeiro eu perguntei quem era o Gustavo.
Ele disse que nсo sabia. Depois eu perguntei do mercЩrio. Ele disse que MercЩrio era um deus. O deus dos comerciantes.
Dos que ganham dinheiro. E eu disse: “E ele tinha a lьngua inchada?” Tio Abel disse que isso ele nсo sabia, mas achava que
nсo. Depois ele falou que por falar em ganhar dinheiro, ele, tio Abel, ia viajar, mas que ia escrever muito pra mim, pra eu nсo
ficar triste. Eufalei chorando: “Escreve mesmo tio Abel, eu amo vocЖ”. E fui correndo pro meu quarto. Ele ainda gritou:
Lorinha, escreve logo pra mim, se vocЖ escrever eu respondo, e olha, eu vou mandar muitos presentes pra vocЖ.
 
ACHO QUE N├O SEI MAIS ESCREVER.
 
Querido tio Abel, eu estou com muita saudade. Estou deitada na minha caminha com toda aquela roupinha que o senhor
mandou. Obrigada por mandar as meias furadinhas cor-de-rosa que aquele moуo nсo mandou. Vesti a calcinha cheia de renda
e pus as meias e o chapжu que ж tсo maravilhoso com aquelas duas rosas cor-de-rosa na aba. Agora eu vou contar tudo o que
eu estou fazendo pra o senhor ficar com o Abelzinho bem inchado e vermelho porque o senhor diz que assim ж que ж gostoso.
Eu estou deitadinha, abri bem as coxinhas e jр fechei o quarto bem fechado, e estou pondo o meu dedo na minha coninha
(gostei tanto dessa palavra que o senhor escreveu) mas ж muito mais gostoso quando ж o dedo do senhor, e ж um pouco triste
por nсo ter ninguжm pra me lamber agora, e tambжm sinto saudade do mar e dos tepinhas que o senhor dр na minha coninha)
(que belezinha mesmo essa palavra, no dicionрrio tem tambжm doninha, mas ж outra coisa) e sinto saudade daquela poesia
que o senhor escreveu: me dр tambжm a tua linguinha minha namoradinha abre tua cona pro Abelzinho espiar sз um
pouquinho, ele nсo vai abusar
Deve ser tсo bonito a gente fazer poesia. Papai diz que o Lalau vomita sз de ouvir a palavra poesia e que um dia o Lalau
atж peidou, fez pum, sabe? Quando papi muito engraуado mesmo disse um verso de um poeta, e o verso eu pedi pra papi
escrever pra eu decorar, e a poesia era assim: Que espжcie de demЖncia, parvo Lalau Te impele aos trambolhшes contra
meus versos? E que sorte de deus, mal-invocado Te aуula a incitar furiosa rixa?
E papai andava atrрs de tio Lalau repetindo a poesia bem alto, e o Lalau tapava os ouvidos e papi gritava: “VocЖ ж
mesmo um bronco sujo, Lalau, isso ж Catulo, embecil, Catulo!” E o Lalau dizia que preferia o Marcial, e esse eu roubei do
escritзrio do papi. ╔ muito esquisito, eu quase nсo entendi nada, sз entendo que tem a palavra cona. E o poema desse tal de
Marcial ж assim: Falas que a boca dos veados fede. Se ж verdade, Fabulo, como afirmas> que olores crЖs que exala o
lambe-conas?
 
╔ muito difьcil pra mim, por que serр que as bocas dos bichinhos fede, hein tio? E entendi isso sim a palavra cona, mas
coninha ж mais linda. Os poetas devem ser todos muito complicados porque a gente quase nсo entende o que eles falam, mas
eu gosto mesmo ж da poesia que o senhor escreveu pra mim, essa eu entendi. Quando eu for grande vou entender as outras, nж
tio Abel? ╔ claro que entendi a palavra lambe, disso a gente entende nсo ж, querido Abelzinho? Hoje nсo posso escrever
mais porque tenho muitas liушes para fazer. Hoje o ditado ж sobre o nordeste, aquele lugar que papi diz que todo mundo
morre, e quando ele fala desse lugar, ele fica meio louco e usa uma palavra esquisita, ele fala assim: “Os filhos da puta desses
polьticos sсo todos uns escrotos”. O que ж escroto, hein tio? Sсo tantas palavras que eu tenho que procurar no dicionрrio, que
quase sempre nсo dр tempo de procurar uma por uma. Mas deve ser uma palavra feia, porque filho da puta eu sei que ж feio
falar. Sз putinha ж que ж bonita, e ж mais bonita quando o senhor falar.
Carta que o tio Abel me mandou e que estou copiando no meu Caderno Rosa
 
Minha libжlula, minha rainha-menina, minha gazela de cona pequena, quero passar meu bico-pica nos teus um dia pЖlos-
penas, tuas invisьveis plumas, chupa teu Abelzinho com tua boca de rosa, menina astuta, abre teu cuzinho de pomba, enterra lр
dentro o dedo-pirulito de quem te ama, e pede mais, mais! esfrega tua bocetinha de mini-pantera na minha boca de fera, deixa
a minha lьngua danуar nas tuas gordas coxinhas, minha boneca de seda, de aуЩcar com groselha, mija amornada na minha
pica, sentadinha nela, defeca sobre minha barriga, Lorinha-estrela, bunda de neve, diz com a boca molhada de meu sЖmen e
do mel da tua saliva, diz que Lorinha quer mais, mais! minha menininha, a carta jр estр toda empapada, amanhс escrevo mais.
Teu Abelzinho.
A mamсe diz que a aura da casa estр um lixo. Porque papi tem tido crises sem parar. De repente ele abre a porta e sai aos
gritos pela casa dizendo:
- “Corno de pica do Lalau, eu nсo vou conseguir ir atж o fim!”
Mamсe diz: “Fica frio, amor, vai sim”.
Papi diz: “Entсo esquenta a tua cona na porca da minha cadeira e vЖ se inventa qualquer coisa, meu deus, meu deus, eu
nunca mais vou conseguir meter nem em vocЖ nem com nenhuma cadela, e quer saber? Tira a tua filhinha daь porque eu nсo
aguento mais ver nenhuma menininha, з meu deus que grande porcaria, que cagada de camelo”.
Mami diz: “Ela ж nзossa filhinha! Nзossa!”
Papi diz: “O senhor deus das menininhas!”
Mami diz: “E quem sabe, meu amor, se vocЖ puser um menininho, um mocinho..”
Papi diz: (aos gritos) “Cora! Cora! E por que vocЖ nсo vai dar a tua cona pra um efebozinho e escreve a tua histзria, hein,
Cora?”
Mami diz: (aos gritos) “AHHHH! ╔ isso que vocЖ quer?”
Papi diz: (aos gritos) “E onde ж que estр aquele puto que foi viajar e me mandou escrever com cenрrios, sol, mar, ostras e
зleos nas bocetas, a menina jр estр torrada de sol e varada de pica, з meu deus, onde ж que estр aquele merda do Laьto que
pensa que programa de saЩde com ninfetas dр ibope, hein? Eu quero morrer, eu quero o 38, onde ж que tр?”
Mami: “Meu Deus, eu vou buscar o calmante”.
Imaginem se dр pra eu escrever com essa gritaria de papai e mamсe! Meu Deus, eu sim ж que falo meu deus. Mas eu vou
continuar o meu caderno rosa, eu acho que ele estр lindo, e que o tio Lalau vai adorar, porque eu conto a verdade direitinho
como ela gosta.
 
Querido Abelzinho, quase nсo entendi a tua carta, mas por favor continue escrevendo, ando sempre com o dicionрrio na
mсo, nсo pergunto mais nada pro papi porque agora ele anda escrevendo o dia inteiro, mas a aura continua ainda atrapalhada.
Mami diz que aura ж uma espжcie de clima da casa. Mas nсo dр tambжm pra procurar todas as palavras que eles falam, senсo
eu nсo escrevo o meu caderno. Vou, isso sim, falar as coisas que vocЖ gosta que eu fale, e se eu ficar contando do clima da
casa vocЖ nсo me manda mais presente, nсo ж? Ontem veio aquele homem aqui, aquele que tinha me prometido as meias cor-
de-rosa e nсo deu, mas vocЖ jр deu, e entсo eu disse que vocЖ jр tinha dado, ele disse que nсo fazia mal, que eu podia pЗr
qualquer meia cor-de-rosa, a sua ou a dele. Eu pus a sua. Ele ж tсo diferente de vocЖ, Abelzinho, o pau dele ж meio pрlido, e
ж bem mais fininho, mas ele tambжm quis que eu beijasse ele, e eu beijei um pouquinho e ele me virou ao contrрrio, e
enquanto eu beijava o pau fininho dele, ele me lambia, ele lambia e enfiava a lьngua no buraquinho de trрs, esse que papai
chama de cu, mas eu nсo acho cu mais bonito que buraquinho de trрs. Depois ele mordeu com forуa a minha bundinha, e eu
gemi um pouco mas gostei muito, ж aquela dor sem dor, e ele me deu umas palmadinhas e esfregava minha bundinha nos
pЖlos dele. Foi gostoso, mas nсo ж tсo gostoso como o senhor faz, mas eu fiquei inchada e molhadinha. Olha, tio, eu nсo
encontrei a palavra bico-pica no dicionрrio. Tem bico e tem pica mas nсo tem do jeito que o senhor escreveu. E tambжm nсo
posso perguntar para o papai porque ele nem sabe que eu recebo as cartas do senhor, quem me ajuda nesse busьlis (como a
mсe diz) ж o menino preto que ж um vizinho. Depois eu conto na outra carta do menino preto que ж lindo. Mami chamou pra
tomar leite com biscoito e bolo. Hoje tem bolo de chocolate. Tua
Lorinha
 
Segunda carta do tio Abel que eu copiei no meu Caderno Rosa
 
Minha pomba rosa, minha avezinha sem penas, minha boneca de carne e de rosada cera, os cabelos castanhos de seda
roуando a cintura, meu cuzinho de amoras, a boca de pitanga mordiscando o rosa brilhante da minha pica sempre gotejando
por vocЖ, princezinha persa.
 
Ontem mandei tecidos vermelhos e dourados pra vocЖ se enrolar quando estiversozinha e pensando em mim, e mandei
tambжm duas argolinhas de ouro para as tuas orelhinhas. Olhe, se alguжm te chupar pede pra chupar em meu nome, porque
meu ciЩme ж passageiro, o melhor ж a tua e a minha fome de lascьvia, te adoro menininha, sonho com a tua vulva tсo
pequena, mas agora tсo mais gordinha de tсo manuseada e esfregada e lambida. Quando estivermos juntos de novo vou te
ensinar a montar em mim como uma macaquinha e ficar ralando a tua bocetinha no meu peito e na minha boca, lindьssima
Soraia pequenina, olhinhos de amЖndoas frescas, sovaquinho de leite… з meu deus, jр estou esporrando, perdсo putinha, a
carta vai de novo manchada. Teu Abel
 
Tio Abel, antes de responder direito, como o senhor gosta, as suas cartinhas, tenho que contar que tive de combinar com o
menino preto, nosso vizinho mais perto daqui, pra ele levar minhas cartas no correio, ele ж muito esperto, muito inteligente,
assim como a tua Lorinha, e vocЖ precisa mandar as cartas pro endereуo dele, senсo papai e mamсe vсo querer saber o que a
gente escreve, e eu nсo quero mais que nenhum dos dois pegue no meu caderno, e entсo te mando o endereуo do Juca: R.
Machado de Assis, 14. E o nome do menino ж Josж de Alencar da Silva. Sз que aconteceu uma coisa. Ele perguntou se eu era
tua namoradinha e eu disse que sim. Entсo ele parece que tambжm quer me namorar um pouco. Ele disse que se eu namorar
com ele, ele nсo conta nada pro papi e pra mami. Ele tem 11 anos, ж muito bonzinho. Ele disse tambжm que eu sou uma
belezinha. Hoje veio um senhor bem velho, viu tio, e ele quis que eu fizesse cocЗ em cima dele mas eu nсo estava com vontade
de fazer cocЗ. Aь eu perguntei se nсo servia xixi, e ele disse que servia sim. Aь ele ficou em baixo da minha coninha e de
boca bem aberta, e todo meu xixi ia para a boca dele, mas eu nсo consegui acertar dentro da boca como ele queria porque eu ri
tanto e nсo dava certo. O Abelzinho dele (ai, desculpa, tio), o pau dele era muito molinho, ele pediu pra eu segurar aquelas
bolotas que o senhor tambжm tem, mas nсo tinha nada dentro das bolotas, era tudo murcho e vazio. Depois ele ficou muito
vermelho e eu tive que dar рgua pra ele, ele sз falava assim pro pau dele:
“Seu bosta, seu merda, nem assim?”
Ficava repetindo isso e deu um tapa no pauzinho dele, mas deu muito dinheiro pra mim, mais que vocЖ dр. Mas eu gosto
muito de vocЖ, e isso do cocЗ vocЖ nсo me explicou que tem gente que pode gostar tanto assim de cocЗ. Agora mamсe me
chamou pra tomar o lanche. Eu continuo depois do lanche. Mami diz que eu estude tanto!
 
Voltei do lanche. E quero falar que as cartas que o senhor me manda sсo um barato. Parece lьngua estrangeira, mas eu leio
alto nсo muito, fechada no meu quarto, e parece uma lьngua diferente, muito mais bonita. Quando eu crescer eu quero escrever
assim como as cartas que o senhor manda. Por que o senhor tambжm nсo faz um livro com a mрquina do tio Lalau? Serр que o
papai escreve assim tambжm? Olha tio, nсo sei se o senhor vai achar gostoso, mas o menino preto, quando eu fui falar com ele
lр perto da estrada, disse que a gente podia namorar um pouco. Eu fui, e vocЖ nсo sabe como ж bonito pau preto. Ele se
chama Josж, mas chamam ele de Juca. Ele tambжm pegou na minha coninha e quis espiar, e aь ele tirou o pau lindo preto, e a
gente fez como o mжdico, ficou se olhando. Depois ele quis passar a lьngua em mim, e a lьngua dele ж tсo quente que vocЖ
nсo entende como uma lьngua pode ser quente assim. Parecia a lьngua daquele jumento do meu sonho, da histзria que o senhor
mandou. Sabe que eu estou fazendo uma confusсo com as lьnguas? Nсo sei mais se a lьngua do Juca foi antes ou depois da
lьngua daquele jumento do sonho. Mas serр que essa ж a lьngua trabalhada que o papi fala quando ele fala que trabalhou tanto
a lьngua? Eu e Juca ficamos lр no mato peladinhos, e eu ensinei ele a me lamber como o senhor me lambe, porque ele tinha a
lьngua quente mas ela ficava parada, nсo rebolava a lьngua como vocЖ faz. ╔ que ele ainda ж pequeno nж tio? Vou ensinar
ele tambжm como ele pode pЗr o dedo no meu buraquinho de trрs, e vou fazer muito xixi gostoso com aquele dedo preto tсo
lindo que ele tem. Mas nсo na boca dele, coitado.
Tua Lorinha
 
Papi hoje teve uma crse grande, quero dizer crise grande. Ele falou pra mami que quer morar no quintal, que nсo agЧenta
mais cadeiras, mesas, livros, camas, e que nunca ele vai conseguir escrever o merdaуo que o salafra do Lalau quer, que estр
tudo um cu fedido (nossa, papi!).
 
Mamсe perguntou se ele nсo quer ir pra prais e ele disse por favoooor, Cora, que ele sз quer morar no quintal, e que a
vida ж um lixo podre, que ele quer beber e foder (assim que ele disse) com as cadelas da vida, e dar o rabo dele (papi nсo
estр mesmo bem) pra qualquer jumento (outra vez a histзrinha do jumento), e meter a pica dele numa porca qualquer. Aь mami
ficou de olho esbugalhado, e eu estava espiando e ela nсo sabia, entсo a mami ficou de olho esbugalhado e perguntou se ele
nсo queria рgua com aуЩcar. Ele disse que queria o revзlver, ou cicuta (nсo sei o que ж) ou curare (o que ж, hein, tio Abel?)
ou uma espada pra fazer o sepucu (meu Deus, o que serр?), e aь mami se ajoelhou na frente dele, abraуou as pernas dele e
disse que achava que o relato estava muito bom, que pode atж dar um filme pornozinho, ele disse tambжm:
“Atж teatro, amor! Teatrinho pornЗ!”
E disse tambжm que ela jurava que ele ж o melhor que o Gustavo e o Henry e o Batalha. Sз sei muito bem quem ж o
MercЩrio que o tio Abel explicou mas parece que nсo era esse que eles falaram por causa da lьngua inchada. Aь mamсe
falou assim:
“Meu amor, vocЖ ж um gЖnio, teus amigos escritores sabem que vocЖ ж um gЖnio.”
Aь papi ficou bem louco e disse:
“GЖnio ж a minha pica, gЖnios sсo aqueles merdas que o filho da puta do Lalau gosta, e vende, VENDE!, aqueles que
falam da noite estrelada do meu caralho, e do barulho das ondas da tua boceta, e do cu das lolitas.
Aь mamсe falou pra ele se ontolar, quero dizer se controlar, e papi falou que ia se ontolar pra nсo matar o Lalau, e fazer
ele, o Lalau, engolir aqui з, com a porra da minha pica (a de papi) todos os livros dos punheteiros de merda que ele gosta, que
ele papi vai morar em Londres LONDRES! e aprender vinte anos o inglЖs e sз escrever em inglЖs porque a fedida da puta
da lьngua que ele escreve nсo pode ser lida porque sсo todos ANARFA, Cora, ANARFA, Corinha, e depois todo espumado
gritou:
“Eu sou um escritor, meu Deus! UM ESCRITOR! UM ES CRI TOR !!!, vou fazer um pato (o que serр, hein tio?) com o
demЗnio, vou vender a alma pro cornudo do imundo!
Meu Deus, papi, eu vou fazer a primeira comunhсo o mЖs que vem e fiquei agora muito assustada. Mamсe disse que vai
dar uma injeусo nele, que tudo ia passar, e que ele nсo podia gritar assim pra nсo assustar a menina. Aь ele gritou:
“Nada assusta a menina! Nem grito nem pica!”
Entсo mamсe avanуou com a injeусo e ele se agachava e gritava pra ela:
“Vem cornudo imundo, vem!”
Entсo mamсe falou pra ele abaixar as calуas, ele nсo abaixou, entсo ela abaixou as calуas do pai e ele estр dormindo
agora. Meu Deus, tio Abel, que gente! que casa! E o que serр fazer o pato com o demЗnio? O papi vai comer o pato com o
diabo, ж isso, tio Abel?
Carta do tio Abel que eu estou passando no meu Caderno Rosa
 
Minha princezinha persa. Hoje a bolsa despencou e perdi meus Щltimos tostшes. (Isso depois eu te explico) Entсo resolvi
andar um pouco pela cidade para distensionar (depois eu explico) e encontrei um lindo circo nos arredores. E entrei, e um
elefante nenen levantou a tromba pertinho de mim. Sabe o que eu pensei? Pensei que gostaria de ter a pica assim rombuda para
vocЖ sentar inteirinha em cima, vocЖ, Lorinha, vestida com os tecidos de pЩrpura que eu te mandei e com as lindas
argolinhas de ouro. Jр furou as orelhinhas? O lindo seria pЗr uma argolinha assim na tua cona gordinha, sз na beiradinha do
lрbio lр dentro (acho que alguжm jр teve essa idжia), e vocЖ sempre se lembraria de mim quando um dia Lorinha, mulher
feita, sentisse

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