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ANÁLISE ÚNICA ASSOCIATIVA DAS OBRAS O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS E O QUE É DIREITO

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ANÁLISE ÚNICA ASSOCIATIVA DAS OBRAS “O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS” E “O QUE É DIREITO?”
Em 4300, a Suprema Corte de Newgarth, foi designada a julgar o caso de quatro homens condenados pela morte de Roger Wethmore, em 4299, após estarem desbravando uma caverna e a mesma ter sofrido um desmoronamento de terra, acarretando no bloqueio da única abertura disponível. Por conseguinte, a pouca disponibilidade de alimentos necessários para a sobrevivência até o resgate levou a um acordo, proposto por Wethmore, em que um deles fosse sacrificado para a sobrevivência dos demais. Após todos concordarem, foi utilizado os dados como forma de decidir quem seria o sacrificado, sendo Whetmore o menos sortudo, mesmo tendo se arrependido da proposta e não ter sido ele quem jogara os dados em sua vez.
	Após o resgate, os exploradores foram a julgamento pela morte de Whetmore, sendo condenados à morte pela forca pelo juiz de primeira instância. Essa condenação ocorreu com base na lei de Commonwealth, a qual dizia: “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte”. Com base na obra “O Que é Direito”, de Roberto Lyra Filho, percebe-se a existência do positivismo jurídico na decisão tomada pelo ministro presidente Truepenny.
	Segundo o positivismo jurídico, o Direito é definido como ordem estabelecida, sendo essa ordem a justiça. Portanto, pode-se dizer que a espécie de positivismo que mais se relaciona com a decisão tomada pelo ministro presidente, é o legalista, ou seja, a totalidade do direito está na ordem escrita, dando à lei total superioridade, tudo ficando subordinado ao que ela determina e jamais sendo permitido invocar um costume contra a lei.
	Foster, o segundo a votar, opta por usar o direito natural para defender os acusados. O direito natural é estabelecido por algo que se encontra em uma posição superior ao do homem, como, por exemplo, a natureza ou Deus, possuindo eficácia universal, ou seja, é um conjunto de normas mais morais que jurídicas. Portanto, este juiz alega que a prisão subterrânea separava cinco homens da jurisdição, já que os réus estavam em um estado de sociedade natural, fazendo com que toda ordem jurídica perca seu significado e sua coercibilidade. Foster também usa o princípio de legítima defesa, argumentando que há séculos o tribunal teria fixado essa lei e, portanto, esta deveria ser usada de forma analógica nesse caso, mas não explica como.
	O juiz Tatting vai de encontro ao pensamento do seu colega e o questiona sobre a validade da “lei da natureza” e em que momento ela passou a valer para os réus. Este juiz se mostra como um positivista ao afirmar que a lei deve ser aplicada segundo seu propósito e questionando em qual parte do princípio de legítima defesa estaria se tratando o canibalismo. Por fim, Tatting se recusa a participar da decisão.
	Seguindo o julgamento, o juiz Keen informou que como cidadão concederia perdão total aos exploradores, pois acreditava que eles já tinham sofrido o suficiente para pagar por qualquer delito que possam ter cometido. No entanto, tendo a obrigação de um cargo que requer que se deixem as predileções pessoais de lado, ao interpretar e aplicar as leis escritas, Keen, com o princípio positivista, é a favor da sentença condenatória aos acusados.
	Por último, teve-se o posicionamento do juiz Handy, com base em uma pesquisa realizada, noventa por cento da população opinaram que os acusados deveriam ser perdoados ou deixados em liberdade, com uma espécie de pena simbólica. Este juiz é a favor do poder judiciário, do clamor público e entende que quando há regras e princípios abstratos, os juristas poderão fazes distinções. Contrariando o direito positivo, Handy absolve os réus.
	A sentença chega ao fim com um empate, levando a sentença condenatória do Tribunal de primeira instância confirmada. No dia 2 de abril do ano de 4300 os acusados morreram na forca.
	Na obra “O Que é Direito?”, o autor define a diferença entre direito e lei, ou seja: a lei emana do Estado para satisfazer os interesses das classes dominantes, já o direito é assim tratado como o reflexo dos fatores reais de poder. Fazendo a correlação entre a obra supracitada e “O Caso dos Exploradores de Caverna”, percebe-se o uso dos conceitos, haja vista, a lei escrita é usada com muito clamor pelos juízes Truepenny, Tatting e Keen, sendo uma visão positivista. Em contrapartida, percebe-se o uso do conceito de direito para os juízes que tem uma visão mais naturalista, como os juízes Foster e Handy.

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