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i RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL VOLUME III SETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA 2 0 1 2 GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL DIRETOR TÉCNICO E DE FISCALIZAÇÃO GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL Agnelo dos Santos Queiroz Filho GOVERNADOR Tadeu Filippelli VICE-GOVERNADOR Antonio Carlos Lins PRESIDENTE DA TERRACAP Luís Antônio Almeida Reis DIRETOR TÉCNICO E DE FISCALIZAÇÃO – DITEC ii DITEC EQUIPE TÉCNICA iii EQUIPE TÉCNICA iv 1 INTRODUÇÃO 2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR 3 CARACTERIZAÇÃO GERAL 3.1 NOME DO EMPREENDIMENTO 3.2 ÁREA DE ESTUDO 3.3 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA 3.4 LOCALIZAÇÃO, ACESSOS PRINCIPAIS E 3.5 OBJETIVOS DO ESTUDO 3.6 COMPATIBILIZAÇÃO DO PROJETO COM A 3.7 COMPATIBILIZAÇÃO DO PROJETO COM A LICENCIAMENTO AMBIENTAL 4 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 4.1 ÁREAS DE INFLUÊNCIA 4.2 MEIO FÍSICO ASPECTOS CLIMÁTICOS GEOLOGIA RELEVO SOLOS HIDROGRAFIA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 4.3 MEIO BIÓTICO FLORA FAUNA 4.4 MEIO SOCIOECONÔMICO REGIÃO ADMINISTRATIVA DO GAMA SETOR HABITACIONAL PONTE DE T 4.5 ASPECTOSS URBANÍSTICOS E DE ASPECTOS URBANÍSTICOS 5 PROGNÓSTICO AMBIENTA 5.1 CENÁRIO 1: DESCONSTITUIÇÃO DA 5.2 CENÁRIO 2 - CENÁRIO DE NÃO 5.3 CENÁRIO 3 - ALTERNATIVA DE 6 AVALIAÇÃO DE IMPACTO 6.1 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO E 6.2 DEFINIÇÃO E AVALIAÇÃO DOS SUMÁRIO REENDEDOR CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO MPREENDIMENTO RINCIPAIS E ZONEAMENTO ROJETO COM A LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E ORDENAMENTO ROJETO COM A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL CO AMBIENTAL AMA (RA-II) TERRA (SHPT) RBANÍSTICOS E DE INFRAESTRUTURA PROGNÓSTICO AMBIENTAL ESCONSTITUIÇÃO DA ÁREA E REMOÇÃO DAS OCUPAÇÕES ENÁRIO DE NÃO REGULARIZAÇÃO LTERNATIVA DE REGULARIZAÇÃO AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E MEDIDAS MITIGADORAS LASSIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS VALIAÇÃO DOS IMPACTOS v 1 2 3 3 3 3 3 4 RDENAMENTO TERRITORIAL 8 8 8 9 9 9 9 10 12 12 16 16 17 17 21 24 24 26 28 28 39 40 42 43 60 60 61 MATRIZ DE IMPACTOS 6.2 AÇÕES IMPACTANTES NA FASE DE LICENCIAMENTO E COMPENSAÇÃO REGULARIZAÇÃO DAS TERRAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE IMPACTOS OU 6.3 AÇÕES IMPACTANTES NA FASE DE ASPECTOS CLIMÁTICOS ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS INTERFERÊNCIAS COM RECURSOS H IMPACTOS POTENCIAIS RELATIVOS ÀS IMPACTOS SOBRE A FLORA E FAUNA 6.4 MEDIDAS PREVENTIVAS DOS 6.5 AÇÕES IMPACTANTES NA FASE DE IMPACTOS SOBRE O MEIO SOCIOCULTURAL DINAMIZAÇÃO DA ECONOMIA REGIONAL E DO ALTERAÇÃO NO MERCADO IMOBILIÁRIO EXPECTATIVAS DA POPULAÇÃO DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 6.6 MEDIDAS PREVENTIVAS DOS 6.7 IMPACTOS NAS UNIDADES DE CORREDORES ECOLÓGICOS 7 PLANO DE CONTROLE AM 7.1 PROGRAMA DE GESTÃO E M JUSTIFICATIVA OBJETIVOS ATIVIDADES 7.2 PROGRAMA DE GESTÃO DOS JUSTIFICATIVAS OBJETIVOS ATIVIDADES 7.3 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E JUSTIFICATIVAS OBJETIVOS ATIVIDADES 7.4 PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO E JUSTIFICATIVAS OBJETIVOS ATIVIDADES 7.5 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO E JUSTIFICATIVA OBJETIVO ATIVIDADES 7.6 SUBPROGRAMA DE RECUPE JUSTIFICATIVA OBJETIVOS ATIVIDADES 7.7 SUBPROGRAMA DE COMPENSAÇÃO JUSTIFICATIVA ASE DE PLANEJAMENTO OMPENSAÇÃO AMBIENTAL MPACTOS OU OTIMIZADORAS DOS BENEFÍCIOS ESPERADOS ASE DE INSTALAÇÃO EOTÉCNICOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS ELATIVOS ÀS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS AUNA REVENTIVAS DOS IMPACTOS OU OTIMIZADORASDOS BENEFÍCIOS ESPERADOS ASE DE OPERAÇÃO OCIOCULTURAL EGIONAL E DO MERCADO DE TRABALHO MOBILIÁRIO ÓLIDOS REVENTIVAS DOS IMPACTOS OU OTIMIZADORASDOS BENEFÍCIOS ESPERADOS NIDADES DE CONSERVAÇÃO PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL MONITORAMENTO DAS OBRAS ESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS OMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL RTICULAÇÃO E FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL ECUPERAÇÃO E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL UBPROGRAMA DE RECUPERAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO PAISAGÍSTICA. OMPENSAÇÃO FLORÍSTICA vi 62 84 84 84 84 84 85 85 87 88 88 SPERADOS 89 90 90 91 91 91 92 SPERADOS 92 92 94 95 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 98 98 99 99 100 100 101 101 101 101 101 101 101 102 102 102 OBJETIVO ATIVIDADES 7.8 PROGRAMA DE MONITORAMENTO E JUSTIFICATIVA OBJETIVOS ATIVIDADES 7.9 PROJETO DE MONITORAMENTO E JUSTIFICATIVA ATIVIDADES 7.10 PROJETO DE MONITORAMENTO E OBJETIVO ATIVIDADES 7.11 PROGRAMA DE ASSISTÊNC JUSTIFICATIVA OBJETIVOS ATIVIDADES 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 9 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL ONITORAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE AMBIENTAL ONITORAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE DA ÁGUA ROGRAMA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO FICA vii 102 103 104 104 104 104 105 105 105 105 105 106 107 107 107 107 110 115 FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO DO SETOR FIGURA 2 - ZONEAMENTO DO SETOR 2009.00.2.017.552-9. ................................ FIGURA 3 – LOCALIZAÇÃO DO SETOR FIGURA 4 – LOCALIZAÇÃO DO SETOR E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DE MANANCIAIS FIGURA 5 – GEOLOGIA DA ÁREA DO S FIGURA 6 - PERFIL DE LATOSSOLO VERMELHO NA ÁREA DO FIGURA 7 - OCORRÊNCIA DE LATOSSO FIGURA 8 - SOLO GLEISSOLO ENCHAR FIGURA 9 – PEDOLOGIA DA ÁREA DO FIGURA 10- DALBERGIA MISCOLOBIUM FIGURA 11 - À DIREITA: SCHEFFLERA MACROCARPA BAIXA:KIELMEYERA CORIACEA. ................................ FIGURA 12 - TRECHO DE MATA DE G FIGURA 13 - OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES DO GRUPO TERRA. ................................................................ FIGURA 14 - PRESENÇA DE CIPÓS E T ................................................................ FIGURA 15 - CAMPO DE MURUNDUS NO FIGURA 16 - ASPECTO DO TRECHO DE FIGURA 17 – LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE PONTE DE TERRA – RESOLUÇÃO Nº 428/2010).. FIGURA 18 - POPULAÇÃO DO GAMA DE ACORDO COM O DE DOMICÍLIOS (PDAD):GAMA, 2011. FIGURA 19 – RODOVIAS E FAIXAS DE FIGURA 20 - RUA ESTREITA, DESPROVIDA DE CALÇAD FIGURA 21 - RUA INTERNA DE CONDOM FIGURA 22 - PADRÃO DOS CONDOMÍNIO FIGURA 23 – EQUIPAMENTOS EXISTENT FIGURA 24- VIAS PAVIMENTADAS COM FIGURA 25 – COLETORES PARA RETIRA FIGURA 26 – PLANO DE USO E OCUPAÇÃO FIGURA 27 – FAIXAS DE DENSIDADES DE ................................................................ FIGURA 28 - EXEMPLO DE COLETORES LISTA DE FIGURAS ETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA. ................................................................ ETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA, CONFORME PDOT/2009 ................................................................................................................................ ETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA EM RELAÇÃO ÀS BACIAS HIDROGRÁFICAS ETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA EM RELAÇÃO ÀS UNIDADES DE ANANCIAIS. ................................................................................................ SETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA. ................................ ERMELHO NA ÁREA DO SHPT. ................................................................ CORRÊNCIA DE LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO NA ÁREA DE ESTUDO. ................................ OLO GLEISSOLO ENCHARCADO COM OCORRÊNCIA DE VEGETAÇÃO TÍPICA DE VEREDA EDOLOGIA DA ÁREA DO SETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA. ................................ ALBERGIA MISCOLOBIUM. ................................................................................................ CHEFFLERA MACROCARPA. À ESQUERDA, MAIS ALTA:VOCHYSIA THYRSOIDEA ................................................................................................ GALERIA NÃO INUNDÁVEL DO CÓRREGO PONTE DE TERRA. ............................... ESPÉCIES DO GRUPO PTERIDÓFITA NA MATA DE GALERIA DO CÓRREGO ................................................................................................ RESENÇA DE CIPÓS E TREPADEIRAS EM TRECHO DA MATA DE GALERIA DO CÓRREGO ................................................................................................................................ AMPO DE MURUNDUS NO LIMITE DA CABECEIRA DO CÓRREGO PONTE DE TERRA. ..............................SPECTO DO TRECHO DE MATA DE GALERIADO CÓRREGO PONTE DE TERRA. ................................ NIDADES DE CONSERVAÇÃO ( RAIO DE INFLUÊNCIA DO SETOR H 428/2010).. .............................................................................................. AMA DE ACORDO COM O GÊNERO, 2011 (FONTE: PESQUISA DISTRITAL POR 2011. CODEPLAN, DISTRITO FEDERAL). ............................................................ ODOVIAS E FAIXAS DE DOMÍNIO. ................................................................................................ DESPROVIDA DE CALÇADAS E ARBORIZAÇÃO. ............................................................ UA INTERNA DE CONDOMÍNIO ................................................................................................ ADRÃO DOS CONDOMÍNIOS E TRAÇADO DAS VIAS INTERNAS. ................................ QUIPAMENTOS EXISTENTES................................................................................................. IAS PAVIMENTADAS COM ACÚMULO DE ÁGUA NO SHPT. ................................................................ OLETORES PARA RETIRADA DE RESÍDUOS. ................................................................ CUPAÇÃO PROPOSTO. ................................................................ ENSIDADES DE OCUPAÇÃO. FAIXA 1 – MUITO BAIXA FAIXA 2 – BAIXA E ................................................................................................................................ XEMPLO DE COLETORES PARA RESÍDUOS RECICLÁVEIS. ................................................................ viii ................................ 4 PDOT/2009 E ADIN NO .................................... 5 ACIAS HIDROGRÁFICAS. ...... 6 NIDADES DE CONSERVAÇÃO ...................................... 7 ...................................................... 11 ..................................... 12 ............................................ 13 DE VEREDA. ......................... 13 .................................................... 15 ........................................... 17 OCHYSIA THYRSOIDEA, MAIS ........................................................ 18 ............................... 18 ALERIA DO CÓRREGO PONTE DE ......................................................... 19 ALERIA DO CÓRREGO PONTE DE TERRA. .................................... 19 .............................. 20 .................................... 21 HABITACIONAIS .............................. 23 ISTRITAL POR AMOSTRA ............................ 24 ................................. 29 ............................ 31 ...................................... 32 ........................................................... 33 ....................................... 34 ................................. 36 ................................................... 37 ..................................................... 52 AIXA E, FAIXA 3 – MÉDIA. .................................... 59 ................................. 97 TABELA 1 – PADRÕES DE VIAS PROPO TABELA 2 – EQUIPAMENTOS PÚBLICOS TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS REMANESCENTE. ................................ TABELA 4 – PERCENTUAL DE EQUIPAM TABELA 5 – PARÂMETROS URBANÍSTIC TABELA 6 – QUANTITATIVO DE LOTES LISTA DE TABELAS ADRÕES DE VIAS PROPOSTOS PARA O SHPT. ................................................................ ÚBLICOS COMUNITÁRIOS. ................................................................ REAS PROPOSTAS. DESTINAÇÃO E/OU USO FUTURO DE EVENTUAIS ÁREAS ............................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINID ERCENTUAL DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS E DENSIDADE ESTABELECIDOS PAR O SHPT. ARÂMETROS URBANÍSTICOS PARA O SETOR HABITACIONAL PONTE DE TERRA. ................................ UANTITATIVO DE LOTES POR USO PREVISTOS. .................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINID ix ................................................ 50 .................................................... 55 NTUAIS ÁREAS NDICADOR NÃO DEFINIDO. SHPT. .................... 57 .................................. 57 NDICADOR NÃO DEFINIDO. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) referente à regularização fundiária de (SHPT), situado na Região Trata-se de um Setor Habitacional de Regularização que agrega áreas não parceladas e a Área de Regularização de Interesse Específico (ARINE) Ponte de Terra em área urbana. O Rima retrata sinteticamente apresentando a situação atual das condições socioeconômicas e ambientais decorrentes das ocupações irregulares, bem como avalia as restrições ambientais e socioeconômicas, as alternativas e a capacidade infraestrutura urbana. Além disso, estabelec e de monitoramento dos impactos decorrentes da atividade. O presente trabalho tem como objetivo a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) referente à de área denominada Setor Habitacional Ponte de Terra (SHPT), situado na Região Administrativa do Gama – RA II. Habitacional de Regularização que agrega áreas não parceladas e a Área de Regularização de Interesse Específico (ARINE) Ponte de Terra sinteticamente os resultados do Estudo de Impacto Ambiental a situação atual das condições socioeconômicas e ambientais decorrentes das ocupações irregulares, bem como avalia as restrições ambientais e socioeconômicas, as alternativas e a capacidade de suporte dos sistemas de infraestrutura urbana. Além disso, estabelece as medidas mitigadoras, compensatórias e de monitoramento dos impactos decorrentes da atividade. 1 O presente trabalho tem como objetivo a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) referente à Setor Habitacional Ponte de Terra Habitacional de Regularização que agrega áreas não parceladas e a Área de Regularização de Interesse Específico (ARINE) Ponte de Terra, localizado os resultados do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, a situação atual das condições socioeconômicas e ambientais decorrentes das ocupações irregulares, bem como avalia as restrições ambientais e de suporte dos sistemas de as medidas mitigadoras, compensatórias 2 2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR Nome : Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) Razão Social : Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) Endereço : SAM – Bloco “F” Edifício Sede – Brasília/DF Endereço Eletrônico : www.terracap.df.gov.br Inscrição Estadual : nº 07.312.572/001-20 CNPJ: nº 00.359.877/0001-73 Representante Legal : Antonio Carlos Lins 3 3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO 3.1 NOME DO EMPREENDIMENTO Setor Habitacional Ponte de Terra (SHPT). 3.2 ÁREA DE ESTUDO O Setor Habitacional Ponte de Terra possui 786,52 ha, formado pela Área de Regularização de Interesse Específico (ARINE) Ponte de Terra. 3.3 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA De acordo com o Despacho nº 0180/2009-NUTOP - Terracap, o Setor encontra-se parte em terras desapropriadas transferidas e incorporadas ao patrimônio da Terracap (Registro R.1/2.126 do Cartório do 5º Oficio de Registro de Imóveis do Distrito Federal), parte em terras desapropriadas, atualmente registradas em nome da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap (Cartório do 1º Ofício Luziânia – GO, às fl. 144, do livro 3-k, no de ordem 11.085), e parte em terras desapropriadas em comum entre a Terracap e outros (Registro R.1.550 do 5º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal). Ainda de acordo com o documento, as terras desapropriadas, adquiridas ou desapropriadas pela Novacap, serão transferidas e incorporadas ao patrimônio da Terracap, conforme a necessidade do caso. 3.4 LOCALIZAÇÃO, ACESSOS PRINCIPAIS E ZONEAMENTO Localizado na porção lesteda Região Administrativa do Gama - RA II, o SHPT limita- se ao norte com a DF-475 e VC-341, a leste com a DF-001 e ao sul com a DF-480, principal via de acesso ao Setor (Figura 1) (MAPA 01 – Mapa de Localização). Conforme o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT/09), a ARINE Ponte de Terra incide na Zona Urbana de Uso Controlado (ZUUC II) e os demais assentamentos informais urbanos encontram-se em Zona de Contenção Urbana. Essa última Zona foi declarada inconstitucional nos termos da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN nº 2009.000.2.017.552-9, resultando para a mesma um vácuo normativo quanto às diretrizes e parâmetros de ordenamento dessa área especificamente (Figura 2) (MAPA 02 – Mapa Macrozoneamento – PDOT/2009). Hidrograficamente, o Setor localiza-se na Região Hidrográfica do Paraná, Bacia Hidrográfica do rio Corumbá, Unidade Hidrográfica Alagado/Ponte Alta (Figura 3). Ambientalmente, a área do Setor insere-se sobre a Área de Proteção Ambiental (APA do Planalto Central), (Figura 4) e das Áreas de Proteção de Manancial (APM) Ponte de Terra e Olho D’Água. 4 Figura 1 – Localização do Setor Habitacional Ponte de Terra. 3.5 OBJETIVOS DO ESTUDO O objetivo deste estudo é a regularização fundiária do assentamento urbano informalmente implantado denominado Setor Habitacional Ponte de Terra, afim de atender as disposições e estratégias constantes do Plano de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (PDOT/2009), em conformidade com as políticas ambientais urbanas, federais e distritais. O estudo contempla, ainda, a proposição de alternativas tecnológicas e de localização de projeto, a identificação e avaliação sistemática dos impactos ambientais gerados e as medidas preventivas ou mitigadoras propostas. 5 Figura 2 - Zoneamento do Setor Habitacional Ponte de Terra, conforme PDOT/2009 e ADIN no 2009.00.2.017.552-9. 6 Figura 3 – Localização do Setor Habitacional Ponte de Terra em relação às bacias hidrográficas. 7 Figura 4 – Localização do Setor Habitacional Ponte de Terra em relação às Unidades de Conservação e Áreas de Preservação de Mananciais. 8 3.6 COMPATIBILIZAÇÃO DO PROJETO COM A LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E ORDENAMENTO TERRITORIAL O Projeto de Regularização do SHPT está em conformidade com os termos do PDOT/2009, com a Constituição Federal e com a Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF) e com todos os dispositivos legais que regulamentam o parcelamento e a regularização do solo urbano,no tocante ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade, bem como a garantia de bem-estar da população. 3.7 COMPATIBILIZAÇÃO DO PROJETO COM A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL O presente estudo contempla o disposto na legislação ambiental e demais normas estabelecidas por outros instrumentos de gestão territorial e ambiental, ressaltando-se as restrições, exigências e adequações porventura impostas pelas normas relativas à preservação da Unidade de Conservação em que o assentamento se insere (APA do Planalto Central), bem como às Unidades localizadas no raio de 3 km do Setor objeto da regularização. Licenciamento Ambiental O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo qualificado como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, por meio do qual a Administração Pública controla e fiscaliza as ações dos administrados. Basicamente, com relação ao licenciamento ambiental, este documento atende a todas as exigências e normas preconizadas pela Política Nacional de Meio Ambiente e pelas Resoluções Conama nº 001/1986 e nº 237/1997. 9 4 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 4.1 ÁREAS DE INFLUÊNCIA A Área de Influência Direta (AID) para o meio físico foi considerada com a área da poligonal do Setor Habitacional Ponte de Terra e as áreas de implantação das redes coletoras de drenagem pluvial. A Área de Influência Indireta (AII), para o meio físico, foi definida como a área da bacia hidrográfica, onde se encontra o Setor. Neste trabalho, serão utilizadas como AII, as sub-bacias hidrográficas dos córregos Ponte de Terra e Olho D´Água. Para o diagnóstico ambiental do meio biótico, considerou-se a AID como a área da poligonal do Setor Habitacional Ponte de Terra, incluindo a cabeceira do córrego Ponte de Terra. Para a AII foram consideradas as sub-bacias hidrográficas dos córregos Ponte de Terra e Olho D´Água, potenciais corredores ecológicos bem como, as Áreas de Proteção de Mananciais Ponte de Terra, Olho D´Àgua, a área do Cindacta I e as áreas de realização do inventário florístico, uma vez que o estudo contemplou fragmentos de Cerrado localizados em outras bacias hidrográficas, cuja caracterização se mostrou relevante para o cálculo da compensação florestal. Para o meio antrópico, a AID corresponde à área do empreendimento e toda a Região Administrativa do Gama. A AII contempla a Regiões Administrativas do Recanto das Emas (RA-XV) e Riacho Fundo II (RA-XXI), por serem áreas limítrofes ao empreendimento e possuírem relação mais próxima de fluxo e vivência dos moradores da região 4.2 MEIO FÍSICO Aspectos Climáticos Em condições gerais, o clima da área corresponde ao clima do Distrito Federal. Segundo a classificação de Köppen, o clima é caracterizado como “Tropical de Savana” como verão chuvoso e inverno seco. A estação chuvosa inicia em outubro e termina em abril, sendo o trimestre mais chuvoso de novembro a janeiro. O clima do Distrito Federal é controlado por massas de ar provenientes da zona tropical, com ventos dominantes da componente nordeste a leste, responsáveis pelo tempo seco no inverno. No verão, geralmente, os ventos tem sentido nordeste e sudeste propiciando condições de estabilidade e tempo bom. A temperatura média no Distrito Federal tende a um leve aumento de janeiro a março e decai até os meses de junho e julho, nos quais se registram os menores valores médios de temperatura. Com a chegada do mês de agosto, a temperatura tende a crescer atingindo seu ápice no mês de setembro, quando há um novo declínio da temperatura média. A umidade relativa do ar é o parâmetro mais característico do clima do Distrito Federal. Na estação seca, nos horários da tarde, os valores podem alcançar o patamar de 14 a 15%, no mês de agosto. 10 Geologia No âmbito da Unidade Hidrográfica do Alagado/Ponte Alta, ocorrem rochas do Grupo Paranoá, xistos do Grupo Araxá, e coberturas detrítico-lateríticas do Terciário Quaternário. Na área do empreendimento, ocorrem apenas rochas do grupo Paranoá. Estas rochas são representadas pelas unidades descritas abaixo (Figura 5) (MAPA 09 – Mapa Geológico - Área de Influência Direta): Grupo Paranoá: Unidade MNPpr3 Unidade denominada de metarritmito arenoso, é formada por intercalações centimétricas a decimétricas de camadas ricas em quartzo com camadas argilosas. Apresenta coloração entre avermelhada no topo até branco na base. Estas rochas apresentam maior resistência à erosão, interrompendo o processo erosivo. Em geral, ocorrem em regiões com baixas declividades no DF, sustentando as chapadas. Porém, não foi possível identificar nenhum afloramento de rocha sã na área do Setor. Unidade MNPpq3 A Unidade Q3 é composta por rocha rica em quartzo com grânulos finos a médios, brancos a rosados, bem selecionados. Esta unidade é responsável pela manutenção do relevo elevado, marcando as bordas das chapadas no DF. Esse fato é justificado devido ao alto grau de silicificação, o que dificulta o intemperismo e alterações pelos agentes externos. Ressalta-se que esta unidade ocorre somente no emissário do lançamento de drenagem pluvial. Unidade MNPpr4 A Unidade R4, denominada de metarritmito argiloso, é rocha predominantemente argilosa; apresenta intercalações delgadas e regulares de rocha rica em quartzo. As camadas individuais são de poucos centímetros, porém localmente podem aparecer camadas de até 50 cm de quartzitos e de30 a40 cm de pacotes argilosos. Ressalta-se que esta unidade ocorre somente no emissário do lançamento de drenagem pluvial. 11 Figura 5 – Geologia da área do Setor Habitacional Ponte de Terra. 12 Relevo O relevo na região do Setor Habitacional Ponte de Terra é suave com declividade variando entre 0% a 5%, típica do Domínio de Chapada (ANEXO – MAPAS – VOLUME V - MAPA 09 – Mapa Geomorfológico – Área de Influência Indireta, II e MAPA 10 – Mapa Geomorfológico – Área de Influência Direta) Solos Na área de estudo, ocorrem Latossolos, variedades Vermelho (Figura 6), Vermelho- amarelo (Figura 7) e Solos Hidromórficos Indiscriminados, atualmente denominados Gleissolos (Figura 8) (MAPA 14 – Mapa Pedológico – Área de influência Direta). Figura 6 - Perfil de latossolo vermelho na área do SHPT. 13 Figura 7 - Ocorrência de latossolo vermelho-amarelo na área de estudo. Os Latossolos são solos de grande profundidade, argilosos e com pequena tendência natural ao desenvolvimento de processos erosivos. Há, no entanto, grande possibilidade de desenvolvimento de ravinas e voçorocas em locais onde exista grande concentração de água. Em condições especiais, estes solos podem desenvolver processos de erosão interna, representadas por “canalículos” (piping). Figura 8 - Solo gleissolo encharcado com ocorrência de vegetação típica de vereda. 14 Os Gleissolos são solos saturados em água e mal drenados, pouco profundos, muito argilosos. São solos de consistência plástica e pegajosa. Normalmente, são solos de estrutura maciça bem coerente. No que se refere a seus aspectos geotécnicos, estes solos apresentam suscetibilidade à erosão média a baixa. 15 Figura 9 – Pedologia da área do Setor Habitacional Ponte de Terra. 16 Hidrografia O SHPT está inserido na Região Hidrográfica do Paraná. Esta Região Hidrográfica é responsável pela maior área drenada do Distrito Federal e ocupa, aproximadamente, uma área de 3.658 km². É constituída pelas Bacias Hidrográficas do rio São Bartolomeu, do Lago Paranoá, do rio Descoberto, do rio Corumbá e do rio São Marcos. Por ter a maior área de drenagem, cerca de 64% de toda porção territorial do Distrito Federal, a Região Hidrográfica do Paraná é de suma importância para a região, pois nela estão localizadas todas as grandes áreas urbanas e todas as captações de água para o abastecimento público. Inserido na Região Hidrográfica do Paraná, o SHPT encontra-se situado na Bacia Hidrográfica do rio Corumbá. Esta bacia é formada pelas Unidades Hidrográficas Santa Maria e Alagado/Ponte Alta, sendo seus principais afluentes os ribeirões Ponte Alta, Alagado e Santa Maria. Essa Bacia drena uma área de aproximadamente 280,5 km² dentro do Distrito Federal, o que corresponde a 4,8% do território Com o crescimento urbano desordenado, vem ocorrendo aumento da quantidade de lançamento de esgotos sem prévio tratamento nos afluentes do rio Corumbá. Esse fato é impeditivo do processo de manutenção da qualidade da água neste manancial, podendo inviabilizá-lo como fonte futura de abastecimento para o Distrito Federal. As unidades hidrográficas do ribeirão Ponte Alta e do ribeirão Alagado drenam áreas urbanas, integrantes das Regiões Administrativas Recanto das Emas e Gama/Santa Maria respectivamente. A avaliação das características químicas de suas águas, demonstra que as duas bacias apresentam comportamento semelhante nos parâmetros condutividade, alcalinidade e pH. Na estação Ponte Alta observou-se diminuição da concentração de oxigênio dissolvido e valores mais baixos para o parâmetro nitritos e demanda bioquímica de oxigênio, evidenciando a oxidação da matéria orgânica e do nitrogênio. Essas características sugerem a contaminação por efluentes de esgotos domésticos. Os Índices de Qualidade da Água – IQA obtidos tanto para a estação Alagado como para a estação Ponte Alta indicam qualidade de água de RUIM a MÉDIA para abastecimento público. Águas Subterrâneas A área em estudo, por interferir diretamente com Áreas de Proteção de Manancial, apresenta como fator importante para sua ocupação a preservação das águas subterrâneas. Essas áreas deveriam ser protegidas contra interferências danosas e, portanto, vedadas à implantação de assentamentos, indústrias poluentes, lixões e aterros sanitários, extração mineral para a construção civil e abertura de estradas, por exemplo. Dentre as diferentes disponibilidades hídricas na região, as áreas mais significativas para a alimentação dos aquíferos estão cada vez mais restritas e alteradas ambientalmente, pois são também as de maior ocupação por assentamentos populacionais e por plantios extensivos. Para o caso do Distrito Federal, o cruzamento das informações contidas nos mapas geológico, geomorfológico, pedológico e de riscos de contaminação das águas subterrâneas possibilita a classificação da área em estudo, como área de recarga, que devem ser preservadas. As principais áreas foram identificadas, em caráter preliminar, 17 no Mapa Geológico do Distrito Federal (1:100.000), sendo confirmadas no Mapa Hidrogeológico em escala idêntica e no mapa específico elaborado por Campos e Freitas-Silva (1999), também em escala 1:100.000. Neste caso, os autores consideraram como áreas prioritárias de recarga, toda a faixa de afloramento das unidades R3 e Q3, que formam o subsistema mais importante do ponto de vista hidrogeológico e o Sistema poroso P1, considerando sua espessura, composição mineralógica e posicionamento geomorfológico. Esta associação geológica/pedológica ocorre em toda a poligonal da área do SHPT (MAPA 20 – Mapa Hidrogeológico da Área de Influência Direta) a caracterizando como importante área de recarga. 4.3 MEIO BIÓTICO Flora Em termos de vegetação, no SHPT existem apenas indivíduos arbóreos e arbustivos remanescentes em três fragmentos de Cerrado e uma Mata de Galeria situada às margens do córrego Ponte de Terra, haja vista o intenso grau de descaracterização do da vegetação, consequência dos usos e ocupações já consolidados na área (Figura 10 e Figura 11). Figura 10- Dalbergia miscolobium. 18 Figura 11 - À direita: Schefflera macrocarpa. À esquerda, mais alta:Vochysia thyrsoidea, mais baixa:Kielmeyera coriacea. O trecho de Mata de Galeria estudado do córrego Ponte de Terra foi caracterizado como não inundável (Figura 12), possuindo linha de drenagem bem definida que não ultrapassa dez metros de largura em todo seu curso. Figura 12 - Trecho de Mata de Galeria não inundável do córrego Ponte de Terra. A elevada densidade de cipós e trepadeiras, bem como de indivíduos do grupo pteridófita, evidenciam a existência de atividade antrópica e perturbação nas áreas (Figura 13 e Figura 14). 19 Figura 13 - Ocorrência de espécies do grupo Pteridófita na Mata de Galeria do córrego Ponte de Terra. Figura 14 - Presença de cipós e trepadeiras em trecho da Mata de Galeria do córrego Ponte de Terra. Próximo à nascente, encontra-se uma área de Campo de Murundus. Os Campos de Murundus são caracterizados por apresentarem predomínio do estrato graminoso e pequenos morrotes (murundus) compostos por vegetação arbóreo-arbustiva (ilhas de vegetação). Há indícios de fogo e presença de lixo/entulho (Figura 15). 20 Figura 15 - Campo de murundus no limite da cabeceira do córrego Ponte de Terra. As gramíneas e ervas sobre os murundus são espécies de Cerrado, enquanto que as espécies encontradas entre os Murundus são típicas de campo úmido. No levantamento florístico realizado na mata do córrego Ponte de Terra, foram encontradas 39 espécies arbóreas pertencentes a 29 famílias botânicas (Figura 16). Sugere-se a criação de um corredor ecológico ao longo dos cursos de água, sendo estes conexões entre diferentes ambientes e/ou fragmentos florestais próximos ao empreendimento, que permitem o fluxo gênico entre as populaçõessilvestres, minimizando o isolamento causado pela fragmentação, proporcionando vias de intercâmbio e incrementando as possibilidades de movimento de indivíduos entre populações isoladas e, consequentemente, a possibilidade de sobrevivência na meta populacional. 21 Figura 16 - Aspecto do trecho de Mata de Galeriado córrego Ponte de Terra. Compensação Florística O cálculo para quantidade de mudas para a realização da compensação florística de acordo com o que preconiza o Decreto n° 14.783/1993 , foi baseado no inventário florístico realizado no entorno da área de estudo. Segundo os cálculos realizados será necessário o plantio de 3.114.619,00 (três milhões cento e quatorze mil seiscentos e dezenove) mudas de espécies nativas. Fauna Durante as amostragens de campo, foram registradas na área de influência direta (AID): 23 espécies de anfíbios e 27 de répteis, totalizando 50 espécies da herpetofauna, sendo a maioria registrada como de provável ocorrência. Para a avifauna, registrou-se um total de 80 espécies, o que corresponde a aproximadamente 28% do total de 281 espécies esperadas para toda a região de estudo, distribuídas em 38 famílias. Em relação aos mamíferos, foram consideradas 32espécies, sendo 21 de pequenos mamíferos (pequenos roedores, marsupiais, morcegos e lagomorfos) e 11 espécies de médios mamíferos. A região não apresentou nenhuma espécie pertencente à lista da fauna brasileira ameaçada de extinção (MMA, 2003 e 2008) e apenas duas espécies de aves endêmicas do bioma Cerrado: o soldadinho (Antilophia galeata) e o pula-pula-de- sobrancelhas (Basileuterus leucophrys). Entretanto, foram registradas 14 espécies cinegéticas, sendo uma espécie de réptil, 2 de anfíbios, 4 de mamíferos e 7 de aves, além de 16 espécies que são utilizadas com xerimbabo, sendo a maior parte pertencente ao grupo das aves. Na área urbanizada do SHPT, foram registradas 5 espécies domésticas (cão, gato, porco, pombo e bovinos) e 4 exóticas (ratazana, camundongo, pardal e a lagartixa-de- parede). O habitat de Mata de Galeria foi o que apresentou a maior riqueza de espécies, para todos os grupos (116 espécies), com 25 espécies de mamíferos (78%), 48 espécies de 22 aves (60%) e 37espécies da répteis (74%), seguido pelo Campo Sujo com 14 espécies da mamíferos (44%), 32 espécies da aves (40%) e 26 espécies da répteis (52%) e pela área urbanizada com 9 espécies da mamíferos (28%), 21espécies da aves (26%) e 11 espécies da répteis (22%). Os dados sobre a presença de animais peçonhentos, de vetores ou reservatórios de zoonoses (insetos, aracnídeos, roedores e marsupiais) e sobre a incidência de doenças transmissíveis e parasitárias, identificados nas entrevistas com moradores ou nas reuniões do Plano de Mobilização Participativa, indicam um grande potencial de risco à saúde pública na área do empreendimento. Dentre os animais peçonhentos, foram mencionados escorpiões, aranhas e duas espécies de serpentes venenosas: jararaca (Bothrops sp) responsável pela maior parte dos acidentes ofídicos na Região Centro-Oeste e a coral-verdadeira (Micrurus sp). Estas espécies têm importância médica não só pelos possíveis acidentes ofídicos, mas também pelo potencial uso em diferentes linhas de pesquisas da produção de fármacos, relacionados principalmente à coagulação sanguínea e tratamento da hipertensão. Na área de estudo, foi constatada a ocorrência de doenças alérgicas, infecciosas e parasitárias, como dengue (focos de Aedes aegipiti foram encontrados em lotes vazios e em pneus abandonados), hantavirose (depósitos irregulares de lixo foram apontados como focos de proliferação de ratos silvestres, reservatórios dessa doença); parasitoses provocadas por água e verduras contaminadas; doenças respiratórias provocadas por poeira e micro-organismos, conjuntivite, miíases e outros problemas de pele por contato com águas de poços contaminados e pela presença de animais como cães, gatos, cavalos, porcos, que dispersam pulgas, sarna, carrapatos, bichos- de-pé e outros vetores. A prevenção de doenças infecciosas e parasitárias está relacionada a um efetivo investimento em saneamento básico e melhoria da qualidade de vida da população, incluindo as condições de moradia. Igualmente eficientes são as campanhas de educação ambiental voltadas para a prevenção das doenças transmissíveis, incluindo dentre outros. combate aos vetores (uso de inseticidas, remoção do lixo, evitar vasos e outros recipientes onde a água possa se acumular) e cuidados com a saúde (higiene pessoal, uso de mosquiteiros, repelentes de insetos, desinfecção da água e alimentos) Unidades de Conservação A área de estudo está localizada integralmente dentro do polígono estabelecido para a APA do Planalto Central, criada com a finalidade de proteger os mananciais, regular o uso dos recursos hídricos e o parcelamento do solo, garantindo o uso racional dos recursos naturais e protegendo o patrimônio ambiental e cultural da região. Segundo a Resolução Conama nº. 428/2010, que estabeleceu o raio de influência de três quilômetros ,medidos a partir do seu polígono, o SHPTinfluencia cinco Unidades de Conservação, das quais duas estão localizadas na Região Administrativa do Gama - RA II (Parque Vivencial Ponte Alta do Gama e Parque Urbano e Vivencial do Gama) e as demais localizadas na Região Administrativa do Núcleo Bandeirante - RA VIII (Luiz Cruls, Lauro Müller e Córrego da Onça) (Figura 17). 23 Figura 17 – Localização das Unidades de Conservação ( raio de influência do Setor Habitacionais Ponte de Terra – Resolução nº 428/2010).. 4.4 MEIO SOCIOECONÔMICO Região A dministrativa do O empreendimento em tela está situado na Região Administrativa do Gama (RA II) com uma área de 276,34 km² rural. A Região Administrativa do Gama (RA II) foi criada pela Lei dezembro de 1964. A área urbana do Gama foi planejada em formato hexagonal, e está dividida em seis setores: Norte, Sul, Leste, Oeste, Central e de Indústria. Internamente, as quadras possuem formato triangular com um número médio de 96 100 lotes e um setor comercial. A área rural é formada pelo Núcleo Rural Monjolo, Colônia Agrícola Ponte Alta e Córrego Crispim, Núcleo Rural Ponte Alta de Baixo e Ponte Alta Norte e Alagado. (DISTRITO FEDERAL, 2004, 2011a). Parte da área rural do Gama tendência de parcelamento de fazendas e chácaras em condomínios horizontais com características de habitações urbanas dando nova configuração às cidades. População: perfil pessoal A população do Gama, em 2011 gênero feminino (66,654 pessoas) conforme ilustra o gráfico abaixo. O número maior de mulheres segue o mesmo padrão do Distrito Federal, que apresentou no Censo 52% do sexo feminino e 48% do sexo mas Figura 18 - População do Gama de acordo com o gênero, Domicílios (PDAD):Gama, 2011. Codeplan, Distrito Federal). A faixa etária da população do Gama está centrada na faixa etária de 25 a 39 anos, com 23% da população. A segunda maior faixa de idade é dada por 22% população entre 40 a 59 anos. Observa 19 a 24 anos é de apenas 8% e a faixa etária de 10 a 18 anos também é baixa com 16%. 60,467 MEIO SOCIOECONÔMICO dministrativa do Gama (RA-II) O empreendimento em tela está situado na Região Administrativa do Gama (RA II) área de 276,34 km², sendo 15,37 km² de área urbana e 260,97 km² de área A Região Administrativa do Gama (RA II) foi criada pela Lei nº 4.545 dezembro de 1964. A área urbana do Gama foi planejada em formato hexagonal, e está dividida em seis setores: Norte, Sul, Leste, Oeste, Central e de Indústria. as quadras possuem formato triangular com um número médio de 96 100 lotes e um setor comercial. A área rural é formada pelo Núcleo Rural Monjolo, Colônia Agrícola Ponte Alta e Córrego Crispim, Núcleo Rural Ponte Alta de Baixo e Ponte Alta Norte e Alagado. (DISTRITO FEDERAL, 2004, 2011a). Parte da área rural do Gama está seguindo a de parcelamento de fazendas e chácaras em condomínioshorizontais com características de habitações urbanas dando nova configuração às cidades. População: perfil pessoal em 2011, foi estimada em 127.121 pessoas sendo 52,4% do (66,654 pessoas) e 47,6% do gênero masculino (60,467 pessoas) conforme ilustra o gráfico abaixo. O número maior de mulheres segue o mesmo padrão do Distrito Federal, que apresentou no Censo Demográfico de 2010 do IBGE 52% do sexo feminino e 48% do sexo masculino (Figura 18). População do Gama de acordo com o gênero, 2011 (Fonte: Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD):Gama, 2011. Codeplan, Distrito Federal). A faixa etária da população do Gama está centrada na faixa etária de 25 a 39 anos, com 23% da população. A segunda maior faixa de idade é dada por 22% população entre 40 a 59 anos. Observa-se que o número de jovens na faixa etária de 19 a 24 anos é de apenas 8% e a faixa etária de 10 a 18 anos também é baixa com 66,654 Feminino Masculino 24 O empreendimento em tela está situado na Região Administrativa do Gama (RA II), sendo 15,37 km² de área urbana e 260,97 km² de área nº 4.545, de 10 de dezembro de 1964. A área urbana do Gama foi planejada em formato hexagonal, e está dividida em seis setores: Norte, Sul, Leste, Oeste, Central e de Indústria. as quadras possuem formato triangular com um número médio de 96 a A área rural é formada pelo Núcleo Rural Monjolo, Colônia Agrícola Ponte Alta e Córrego Crispim, Núcleo Rural Ponte Alta de Baixo e Ponte Alta Norte e Alagado. está seguindo a de parcelamento de fazendas e chácaras em condomínios horizontais com características de habitações urbanas dando nova configuração às cidades. foi estimada em 127.121 pessoas sendo 52,4% do (60,467 pessoas), conforme ilustra o gráfico abaixo. O número maior de mulheres segue o mesmo emográfico de 2010 do IBGE Distrital por Amostra de A faixa etária da população do Gama está centrada na faixa etária de 25 a 39 anos, com 23% da população. A segunda maior faixa de idade é dada por 22% da se que o número de jovens na faixa etária de 19 a 24 anos é de apenas 8% e a faixa etária de 10 a 18 anos também é baixa com Feminino Masculino 25 Os critérios de escolaridade estudados apontam que 69,2% da população não estudam, enquanto 19,7% estudam em estabelecimentos públicos e 11,1% estudam em estabelecimentos particulares. Em relação à escolaridade, observa-se que quase um terço da população possui ensino fundamental incompleto representando 28,8% do total. Cerca de 4,4% são analfabetos ou analfabetos funcionais. Pouco mais de 10% da população possuem curso superior e 22,9% possuem o ensino médio completo. A população economicamente ativa que exerce atividade remunerada foi estimada, pela PDAD 2011, em 47.200 pessoas. Destes, cerca de 54% são empregados com carteira de trabalho registrada e 6,9% são empregados sem carteira de trabalho registrada. Menos de 0,5% ocupa empregos temporários e 1,3% são estagiários. O percentual de servidores públicos ou militares foi de 16,7%. Chama a atenção o percentual de 19,9% de trabalhadores autônomos. A renda per capita da população ocupada do Gama foi estimada em R$1.109,00, que seria atualmente equivalente a dois salários mínimos. A renda domiciliar estimada foi de R$3.549,00, que seria atualmente equivalente a seis e meio salários mínimos. Sistema Viário e de Transporte No Gama, 97% das vias são asfaltadas. As principais vias de acesso1 ao Gama são: DF-001; DF-290; DF-379; DF-383; DF-385; DF-475; DF-480; e DF-483. Segundo dados do DFTRANS2, em julho de 2011 havia 98 linhas de ônibus circulares com acesso ao Gama. A frota de veículos presentes na Região Administrativa apresenta 61,3% de automóveis e 5,5% de motocicletas. As bicicletas apresentam percentual de 30,8% da frota. Equipamentos Públicos Em 2007, como parte do projeto de expansão da Universidade de Brasília, o Gama recebeu uma unidade do campus universitário com enfoque em tecnologia oferecendo cursos de graduação e pós-graduação. Em 2008, existiam 42 unidades escolares públicas em zona urbana nas quais estão distribuídas 706 salas de aula. A zona rural apresentava seis unidades escolares públicas, com um total de 37 salas de aulas. Além das unidades regulares de ensino, o Gama conta com uma Biblioteca Pública e um Centro Interescolar de Línguas. O Gama apresenta um hospital com 510 leitos operacionais, além de três postos de saúde, sendo um em zona urbana e dois em zona rural; sete centros de saúde; 51 clínicas básicas; e 63 clínicas especializadas. Foram realizadas, em 2009, um total de 623.125 consultas, cerca de 2.161 cirurgias eletivas e 2.245 cirurgias emergenciais. No que tange à segurança pública, há duas Delegacias de Polícia (14ª DP e 20ª DP), um Posto da Polícia Civil, um Posto de Identificação, 14 Postos da Polícia Militar e uma Penitenciária Feminina. Esta se localiza no Setor Leste do Gama e é destinada à 1http://www.der.df.gov.br/sites/200/232/00000821.pdf, acesso em 19 de julho de 2011. 2http://www.horarios.dftrans.df.gov.br/resultado.php, acesso em 19 de julho de 2011. 26 reclusão de mulheres que aguardam julgamento ou foram sentenciadas com penas privativas de liberdade no regime semiaberto e fechado. Setor Habitacional Ponte de Terra (SHPT) O histórico de origem dos diversos parcelamentos que compõem o atual SHTP é absolutamente semelhante ao que é contado nos diferentes parcelamentos surgidos de modo “espontâneo” - fora da iniciativa governamental, presentes em muitas partes do Distrito Federal. Os moradores mais antigos na área relatam que os 786,52 ha situados na Zona Rural do Gama, denominada de Ponte Alta Norte, era uma grande fazenda, cujo dono dividiu e repassou aos seus herdeiros. Estes, por sua vez, sem intenção de utilizar produtivamente a terra, dividiram-na em glebas ainda menores, na grande parte, entre 8 ha a 2 ha (um módulo rural) e venderam a terceiros. Os documentos que “comprovam” a passagem destes bens para os novos compradores são títulos de propriedade registrados em cartórios de dois municípios goianos: Abadiânia e Luziânia. Por sua vez, os proprietários das terras de 8 ha a 2 ha, em alguns casos maiores que isso, parcelaram em lotes de 800 m², portanto, mudando a característica rural do local para urbana. Os primeiros parcelamentos surgiram entre 1995 e 1996 e, até hoje, as ofertas de venda estão disponíveis em anúncios de jornais, imobiliárias, cartazes, faixas. Foram e são vendidos com o nome de “condomínios”, com as garantias comuns a esse tipo de propriedade: segurança, tranquilidade, proximidade ao Gama etc. A documentação, que possuem os compradores dos lotes nos parcelamentos, são as chamadas sessões de uso registradas em algum cartório local. Sendo que, dos condomínios mais antigos, apenas um garante ter escritura pública lavrada no Quinto Cartório de Ofícios e Notas do Gama: o Condomínio Parque do Gama. Em meio a este novo padrão de ocupação, situado na Zona Rural Ponte Alta Norte, restam alguns poucos módulos rurais, ou propriedades de 2 ha, utilizados para festas ou para o lazer de famílias que vivem em outras cidades do Distrito Federal ou mesmo no Gama. Situação geral observada em campo A área em estudo está localiza na Região Administrativa do Gama (RA II) precisamente na faixa de terra situada entre a DF 001, a DF 480, a VC 341 e DF 475 (DER, 2009) e se estende para sudoeste até aproximadamente a linha formada pelas nascentes do córrego Ponte Alta, totalizando 786,52 ha, de acordo com informações obtidas na Terracap (2010). O SHPT está definido pelo PDOT 2009 como uma Zona Urbana de Uso Controlado II. No interior de sua poligonal e fazendo limites com ela há duas áreas que o PDOT define como “Vácuos Normativos”. Outra faixa vizinha é uma Zona Urbana de Expansão e Consolidação e todo o resto constitui Zona Rural de Uso Controlado. Há uma faixa de Áreade Proteção Permanente diretamente relacionada a uma parte do setor, justamente a cabeceira de um rio, com ocupações muitos próximas. A antiga Seduma (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente), do Governo do Distrito Federal, estimou a população local em 4.004 habitantes, no ano 27 de 2009. Recentemente, a Prefeitura local, que acompanhou os trabalhos do último Censo IBGE na região, afirma que o quantitativo de habitantes do SHPT aproxima-se de 7 mil habitantes, embora os dados do Censo não sejam apresentados desagregados e sim na somatória da população total do Gama. O número de lotes, fornecido pela Prefeitura local, é de 1.821 unidades residenciais. Ao tomar esse último valor e multiplicá-lo por um número médio de moradores por residência, aproximadamente 3,5, o total seria de 6.373,5 habitantes na região. Não há registro claro do número de condomínios efetivamente implantados. Uma contagem iniciada pela Prefeitura Comunitária do SHPT, realizada em 2009, registrou cerca de 70 condomínios. Este foi apenas um levantamento inicial, não tendo sido concluído. Estima-se, portanto, que o número seja muito maior e em franco crescimento, apesar das proibições dos órgãos do poder público do Distrito Federal. Os parcelamentos denominados de condomínios são, em grande parte, de pequeno porte, uma vez que as propriedades vendidas tinham entre 2 ha e 8 ha. A divisão levou à formação de unidades com 800 a 1.000 m², constituindo espaços com 10 a 20 lotes. Em meio a estes, há, de acordo com a Prefeitura Comunitária local e como foi verificado em campo, parcelamentos entre 100 e 200 lotes. São esses: os condomínios Residencial das Palmeiras, Park do Gama e o Fênix, com mais de 150 lotes. O condomínio Atlântida, por último, com 100 lotes, é considerado de porte médio. A poligonal da área está situada dentro da APA do Planalto Central e ainda possui duas Áreas de Proteção de Manancial (APM): a APM Ponte de Terrae a APM Córrego Olho D’Água. Apesar de essas APMs comporem a poligonal, o local está definido como Zona Urbana de Uso Controlado II, o que indica suscetibilidade ambiental a ser observada neste processo de regularização, que por sua vez conduz à necessidade de observância quanto a densidades e localizações de serviços equipamentos e possíveis áreas de risco. Ainda com relação à estrutura organizacional do SHPT, há 35 ruas cadastradas junto à Prefeitura Comunitária, todas com nome e código de endereçamento postal (CEP). Os CEPs existem desde 2009. Contudo, o serviço dos Correios ainda não atende a região pelo fato dos condomínios, em sua maioria, ainda não terem providenciado placas de identificação para a frente de seus empreendimentos. São, na verdade, ruas e avenidas, por exemplo: Jequitibás, Rodobelo I, Rodobelo II, Figueiras, JK, Corujas, São Francisco, Palmeiras. O transporte público no SHPT é considerado caótico. Existe uma linha de ônibus – Gama - Ponte Alta Norte, que passa na Avenida São Francisco em direção à DF 480. Trata-se de um transporte rural, já antigo, ou seja, serve a região, antes desta se tornar o espaço que é hoje.O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) funciona. Os caminhões passam três vezes por semana, recolhendo os resíduos sólidos de toda a região. Quanto ao serviço de energia, o que há de iluminação pública foi colocada pelos moradores e os valores foram rateados para contratação dos serviços e compra dos materiais. Existem ruas que possuem sérios problemas com escoamento de água. Um exemplo é a Avenida Buritis. Ali foram construídas bacias de contenção, a fim de evitar que a água siga em direção ao córrego Ponte de Terra. 28 Serviços e Equipamentos Públicos Presentes na Área Apenas 18,4% das residências são abastecidas de água pela rede oficial. Cerca de 42,7% das residências são abastecidas com água proveniente de poços semi- artesianos. O restante, é abastecido por cisternas e poços tubulares profundos. A coleta de esgoto, em 98% dos casos, é feita por meio de fossas. Alguns declararam utilizar fossas ecológicas. Cerca de 90% do lixo produzido no condomínio é recolhido pelo sistema de limpeza pública. Um percentual de apenas 0,3% declarou que a coleta é particular, custeado a partir de taxa paga ao condomínio e repassada a uma empresa que recolhe os rejeitos. Durante as visitas locais, não foi constatado nenhum equipamento público de saúde na área No quesito segurança pública, não há rondas e existe carência no atendimento à comunidade. Quando questionados sobre o acesso ao transporte público, cerca de 70% dos entrevistados classificaram como de difícil acesso, pois a comunidade tem que se deslocar muito para chegar aos pontos de ônibus mais próximos e, via de regra, os moradores ou saem do local com seus carros próprios ou têm que se deslocar até a rodovia, para tomar o ônibus coletivo de acordo com as linhas disponíveis. O acesso à telefonia (móvel, fixa e internet)foi considerado fácil por 50,3% dos entrevistados, enquanto 28,3% o apontam como difícil. Aspectos Arqueológicos Durante os trabalhos de campo não foram identificados vestígios arqueológicos, apenas foram registrados alguns pontos potenciais, fato este que requer a realização de um trabalho sistemático de intervenções em toda a área, recomendando-se a realização de um levantamento arqueológico sistemático, com vistorias superficiais e intervenções em subsuperfície, com o objetivo de identificar, resguardar, preservar e resgatar o patrimônio cultural e arqueológico porventura presente na área de estudo do SHPT. 4.5 ASPECTOSS URBANÍSTICOS E DE INFRAESTRUTURA ASPECTOS URBANÍSTICOS O Setor Habitacional Ponte de Terra, identificado também como Núcleo Rural Ponte Alta de Cima, localiza-se na Região Administrativa do Gama (RA-II) à cerca de cinco quilômetros de distância da área urbana da cidade. Possui área de 786,52 hectares e os principais acessos se dão através das rodovias que contornam o setor, a leste a DF-001, a sul DF-480 e norte a DF-475 e VC- 341. Atualmente predomina o uso residencial, o qual foi estimulado por diversos fatores tais como, proximidade com a cidade do Gama, relevo pouco acidentado e facilidade de acesso pelas rodovias acima citadas que circundam a área. 29 Sistema Viário A classificação viária básica estrutura-se em quatro classes de via: vias expressas, arteriais, coletoras e locais (Figura 19). Figura 19 – Rodovias e faixas de domínio. Quanto às vias expressas, o Setor Habitacional Ponte de Terra apresenta uma situação privilegiada com diversas rodovias que ligam a área com todo o DF e a região do entorno. A rodovia DF-480 principal via de ligação entre a área, a cidade do Gama e o Plano Piloto. A DF- 001 liga a área com a cidade de Riacho Fundo II e também com a DF- 480 e à cidade do Gama, a BR-060 e as cidades do Recanto das Emas, Samambaia e Santa Maria e, a DF-475 situada a norte da área que oferece mais uma alternativa de acesso à DF-001 e à VC- 341. O acesso a essas rodovias favorece a distribuição dos fluxos do setor, muito embora a maioria desses acessos se dê de forma direta, devido à inexistência de vias marginais que hierarquizem o sistema. Apenas os acessos da DF-480 são feitos através de uma via marginal, ainda sem pavimentação. O sistema viário interno do SHPT apresenta estrutura pouco hierarquizada, consequência do primeiro parcelamento que foi feito com lotes de áreas rurais (aproximadamente 2 hectares) o que resultou em quadras de grandes dimensões dificultando o sistema viário para fins urbanos. A maioria dos quarteirões tem largura de cerca de 380.000 m2, com ruas longas, com comprimento médio de mais de 1000 metros, de fraca integração e conexão entre as partes, o que acarreta em dificuldade de circulação, principalmente para os pedestres. 30 O traçado viário apresenta estrutura regular com a maioria das vias distribuídas no sentido paralelo e perpendicular às rodovias limítrofesfavorecido pela baixa declividade do terreno. Destaca-se como eixo diagonal na malha existente a chamada Avenida Buritis, que tem como continuidade uma servidão de redes de alta tensão que atravessam a poligonal do empreendimento. Outra via que se destaca como eixo de integração da malha urbana é a chamada Avenida São Francisco, que atravessa o parcelamento no sentido sudeste-nordeste, ligando a DF-480 à DF-475. Afora as duas vias acima citadas, o sistema viário não apresenta nenhuma característica que defina uma hierarquia entre vias principais e secundárias que se destacam apenas pela presença de pavimentação. Quanto às vias locais que dão acesso as áreas ainda não parceladas e aos pequenos condomínios em sua grande maioria não possuem saídas3 e nem espaço de manobra (cul de sac) o que inviabiliza a entrada de caminhões e dificulta a prestação de serviços tais como coleta de lixo. Outro problema encontrado na maioria dos condomínios é que foram criados independentemente uns dos outros e seu desenho não considerou a possibilidade de conexões futuras entre as vias. Essa situação dificulta as interferências que visem à melhoria da circulação urbana com a diminuição dos quarteirões e a implantação da rede de drenagem. Na maioria desses pequenos condomínios, o dimensionamento das vias internas também é insuficiente para implantar as calçadas e instalar a infraestrutura e o mobiliário urbano, como lixeiras, placas de sinalização, telefone público e arborização. Em alguns casos o espaço existente acomoda apenas os postes e obriga os pedestres a caminhar nas faixas de rolamento dos veículos. Mesmo as ruas que apresentam maiores dimensões não possuem largura suficiente para dimensioná-las a um aumento da densidade populacional no local, o qual acarretará limitações ao fluxo de veículos. Quanto às vias de caráter local, que servem os condomínios e as vias internas destes apresentam largura que varia de 15 metros de largura nas situações de melhor padrão até vias com cerca de 6 metros de largura nas piores situações, aonde a caixa de rolamento chega a ter menos de 4,50 metros e as calçadas cerca de 70 cm (Figura 20). Quanto ao sistema de transporte público no interior do parcelamento, existe apenas uma linha que circula pela Av. São Francisco e pela DF 480; associado a esse serviço não existem abrigos e nem paradas sinalizadas. O sistema de transporte público mais utilizado pelos moradores é oferecido pelos ônibus que trafegam pelas rodovias circundantes, onde existe uma boa distribuição de paradas de ônibus com abrigo4 Outro problema é a inexistência de oferta de vagas em estacionamentos tanto públicos quanto privados, nas vias atuais. Como a ocupação ainda é rarefeita e não existem áreas concentradas de oferta de comércio, equipamentos públicos ou serviços, este problema ainda não é sentido. Os estacionamentos existentes atualmente são encontrados apenas nas áreas dos lotes de clubes, casas de festas, posto de gasolina 3 A média de comprimentos dessas ruas sem saída é de 750 metros. 4 Os pontos das rodovias onde se localizam as paradas de ônibus não apresentam baia. 31 e comércio de grande porte, localizados em sua maioria nas áreas periféricas do parcelamento. Figura 20 - Rua estreita, desprovida de calçadas e arborização. Uso do Solo Existente A cidade do Gama, implantada em 1960, foi o quarto assentamento urbano criado no Distrito Federal destinado à transferência de moradores de assentamentos da cidade de Brasília e da Vila Planalto. Atualmente a Região Administrativa do Gama – RA-II, além da área urbana, possui diversas áreas rurais: a Colônia Agrícola Ponte Alta, o núcleo Rural Córrego Crispim, o Núcleo Rural Ponte Alta de Baixo, o Núcleo Ponte Alta Norte e o Alagado. O Setor Habitacional Ponte de Terra criado em parte de um desses núcleos rurais está em processo de parcelamento e ocupação para fins urbanos. Como já citado acima, primeiramente iniciou-se a ocupação em lotes rurais, com dimensões aproximadas de 2 hectares5 ou até de áreas maiores que surgiram logo no inicio da ocupação da região. Mais recentemente, inicia-se o reparcelamento dessas áreas rurais para fins urbanos. Este processo vem se consolidando lentamente o que fica evidenciado pela existência de grande quantidade de lotes, com dimensão de gleba rural, fragmentados por todo o parcelamento e ainda utilizados como chácaras ou áreas de lazer. Além destas glebas, na parte central da área de estudo existe uma grande área desocupada com dimensão aproximada de 41 hectares. 5Dimensão mínima de lotes de parcelamentos rurais. 32 O uso urbano apresenta-se disperso pela área e é constituída em sua maioria por pequenos condomínios horizontais residenciais unifamiliares concentrados principalmente ao longo da Avenida São Francisco e da Av. JK. Quase todos estes condomínios possuem o mesmo traçado: uma rua central com apenas um acesso e os lotes com tamanho médio de 800,00 m2, distribuídos nas laterais. Nos lotes já ocupados as construções não possuem nenhum padrão de afastamento frontal, lateral ou de gabarito. A falta de afastamento frontal cria situações de desconforto visual e dificuldades de alargamento das vias estreitas e de implantação de calçadas No geral as construções, possuem bom padrão construtivo (Figura 21). Figura 21 - Rua interna de condomínio A densidade média atual na área de estudo é de cerca de 5,7 habitantes por hectare, o que ainda pode ser considerada como uma ocupação de caráter rural. Considerando-se apenas a área dos condomínios já ocupados, a densidade média sobe para até 45 habitantes por hectare (Figura 22). 33 Figura 22 - Padrão dos condomínios e traçado das vias internas. O contexto urbano de grandes áreas residenciais horizontalizadas e de baixa densidade, como da área em foco, nem sempre tráz resultados positivos para seus moradores e para o meio ambiente. Normalmente tal situação é associada ao empobrecimento das interações sociais, dificulta a distribuição equilibrada dos serviços e equipamentos e promove o uso intensivo do transporte individual. Além desses fatores a proporção de área impermeabilizada fica muito elevada considerando-se a baixa densidade de ocupação. Assim a repetição deste padrão nas áreas ainda desocupadas pode não representar uma solução ideal tanto em relação às demandas sociais quanto ao meio ambiente. Além do uso residencial, alguns serviços e pequenos comércios são encontrados na Avenida São Francisco e na esquina desta com a Avenida. Buritis, provavelmente por se tratar de um sítio de maior acessibilidade. A maioria dos lotes situados ao longo das rodovias DF-001 e DF-475 são de uso comercial de grandes equipamentos, como posto de gasolina e armazenagem e distribuição de alimentos, além de outros, estimulados pela facilidade de acesso às demais regiões administrativas e à BR-060, que liga o Distrito Federal ao estado de Goiás e demais estados. Esta tendência de uso também é observada na margem de outras rodovias do DF e estimulada em diversas áreas urbanizadas como em Riacho Fundo II, Samambaia e outras áreas. Outros usos encontrados na área são alguns clubes e casas de festas. Equipamentos Urbanos Existentes O acesso aos equipamentos e serviços públicos é um indicador da qualidade de vida de uma população. Com esse objetivo foram verificados os equipamentos encontrados na área de estudo referentes à saúde, educação, cultura, lazer e segurança. Não existe nenhum equipamento público na área do parcelamento. Tal circunstância é amenizada pela proximidade com a cidade do Gama e do Riacho Fundo II que possuem uma estrutura de equipamentos consolidada, embora já saturada pela demanda existente nas cidades do entorno (Figura 23). 34 O PDOT estabelece para a área um percentual de 10% da área total paraEquipamentos Públicos Urbanos, Equipamentos Públicos Comunitários e Espaços Livres de Uso Público. Mesmo que não se faça necessária a instalação de equipamento de grande porte, é possível a instalação na gleba de equipamentos que complementem as necessidades existentes na região. Sistema de Endereçamento Existente Comum a quase todos os parcelamentos que surgem de maneira informal, o sistema de endereçamento do Setor apresenta algumas incoerências. Algumas ruas seguem o sistema de numeração (rua 1, rua 2) enquanto outras adotaram o sistema de nomes, Avenida São Francisco, Avenida JK etc. Estas principais ruas possuem CEP. Devido ao grande tamanho de alguns quarteirões, existem algumas dificuldades de localização e entendimento relativo ao endereçamento, tanto para os próprios moradores, como para os visitantes. Figura 23 – Equipamentos existentes. Elementos do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Pa isagístico e Cultural Não foi identificado nenhum elemento de patrimônio histórico ou arqueológico na área de estudo. Quanto a áreas de relevante interesse paisagístico, devido à baixa declividade, a área não apresenta significativas visuais de interesse paisagístico. Sistema de Abastecimento de Água Com referência ao abastecimento de água, constatou-se que poucas residências são abastecidas pela Caesb, sendo o abastecimento por água subterrânea, através de poços profundos ou cisternas o mais comum para a região. 35 Em resposta à Carta Consulta nº 125/2011, enviada à Caesb, referente a interferências de unidades existentes ou previstas com a poligonal do empreendimento, esta afirmou que atende apenas ao condomínio Residencial Palmeiras (margens DF-475). Com relação ao abastecimento de longo prazo, a Caesb está viabilizando a implantação de novos sistemas produtores: Corumbá, Lago Paranoá e Bananal. Qualquer demanda, acrescentada nas Regiões Administrativas do DF, estará condicionada ao início de operação dos novos sistemas produtores de água e das novas captações a serem implantadas no Sistema Bananal (final de 2012), Sistema Lago Paranoá (1ª Etapa – Final de 2013) e Sistema Corumbá (1ª Etapa – Final de 2013). Sistema de Esgotamento Sanitário Na ausência de redes coletoras públicas de esgotos sanitários, os esgotos provenientes das residências são depurados em fossas sépticas ou fossas rudimentares e com disposição final no solo, por meio de sumidouros. A Caesb, por meio da Carta nº. 258/2011 – DE, em resposta à Carta nº 125/2011 – Geo Lógica, informou que para uma futura implantação de sistema de esgotamento sanitário convencional, constituído de redes públicas, interceptores, estações elevatórias e linhas de recalque, deverão ser interligados ao Sistema de Tratamento de Esgotos Sanitário do Gama. Atualmente, os sistemas utilizados para a coleta e disposição dos esgotos domésticos são de fossa séptica, algumas vezes aliada a sumidouro. Esses sistemas em operação foram instalados pelos moradores, segundo as informações disponibilizadas pelo Relatório Técnico EPRC -11/015. Ainda de acordo com o Relatório Técnico, não existe projeto, recursos assegurados e nem previsão de implantação em curto prazo para o sistema de esgotamento sanitário que atenderá o Setor objeto da consulta. Sistema de Drenagem Pluvial A área em estudo não possui sistema de drenagem pluvial tradicional ou alternativo (infiltração, telhados verdes etc.). Como o Setor em estudo está em fase de consolidação urbana, os volumes de escoamento superficial estão se elevando, quando comparado com o cenário original de ocupação rural. Somente as vias de acesso principais estão pavimentadas, as demais se encontram em terra. Nas vias pavimentadas, foi observado o acúmulo de água em grande parte do pavimento, pois não há o escoamento da água (Figura 24). 36 Figura 24- Vias pavimentadas com acúmulo de água no SHPT. A compactação do solo nas vias sem asfalto diminui sua permeabilidade, favorecendo o escoamento superficial da água de chuva para os cursos d’água nas proximidades. A fim de minimizar a presença de grandes lâminas de água nas ruas não pavimentadas do SHPT, foram executadas pequenas canaletas improvisadas, direcionando o escoamento das águas pluviais para pequenas bacias, situadas nas extremidades das vias, evitando desbarrancamentos e a formação de sulcos e processos erosivos. A Novacap informou que não existem redes de águas pluviais implantadas e/ou projetadas na área denominada Ponte de Terra. Quanto à viabilidade de atendimento da demanda a ser gerada, indica a necessidade de elaboração de projeto específico para o parcelamento em questão, que obedecerá às limitações/diretrizes a serem definidas neste estudo ambiental. Sistema de Coleta de Resíduos Sólidos Os caminhões do SLU passam três vezes por semana, recolhendo os resíduos sólidos de toda a região. A parcela que pertence ao SHPT dispõe de caçambas coletoras que ficam nas extremidades das vias, facilitando a coleta pelo caminhão de limpeza urbana (Figura 25). 37 Figura 25 – Coletores para retirada de resíduos. Por meio de consulta ao SLU, na qual se solicitava informações quanto ao atendimento da área com relação à coleta de resíduos sólidos, obteve-se como resposta, não haver nenhuma restrição por parte daquele Serviço, quanto ao atendimento para coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos. Com referência aos Ecopontos, Centros de Triagem e Áreas de Transbordo, o SLU informou que as possíveis áreas destinadas às futuras instalações estão sendo estudadas. Energia Elétrica A CEB informou ter disponibilidade para atender a demanda em questão. Contudo, serão necessárias obras de expansão da rede de 15 Kv, obras previstas no Plano de Desenvolvimento da Distribuição (PDD/2011) e parcialmente em execução e que a implantação de infraestrutura de redes de distribuição de energia elétrica para atendimento a novos empreendimentos será definida oportunamente, por meio de estudo especifico. Foi verificada a existência de interferências da poligonal com as redes de distribuição de energia elétrica da CEB e CELG, e de iluminação pública. Todas as vias de acesso internas do empreendimento possuem sistema de distribuição de energia elétrica em baixa tensão (posteamento) e sistema de iluminação pública. Nas vias não pavimentadas, alguns postes não possuem lâmpadas para iluminação pública, o que prejudica a visibilidade noturna e a segurança para a população local. Sistema de telefonia fixa Na poligonal em estudo, foram observadas cabines telefônicas nas esquinas das avenidas. 38 A OI informou que existem interferências de rede telefônica na área do SHPT e nas proximidades. Ressalta que cuidados especiais devam ser tomados por ocasião das escavações,no sentido de preservar a integridade física da rede telefônica e que eventuais danos provocados à citada rede deverão ter seus custos ressarcidos à empresa. O remanejamento de rede, se necessário, será cobrado. Para o atendimento das edificações com serviços de telecomunicações, será necessária a conclusão das obras e a regularização da área pelos órgãos competentes. A recente resposta da OI (Carta nº 149/2011-OI Brasília Geo/DF), datada de 20 de junho de 2011, informou que no SHPT existem interferências com a rede telefônica. 39 5 PROGNÓSTICO AMBIENTAL As intervenções para regularização do SHPT destinam-se a implantar um projeto urbanístico na área, contemplando: sistema viário, pavimentação, projetos de saneamento ambiental, equipamentos comunitários, áreas verdes e de lazer, ciclovias e a proporcionar a interligação dos espaços, para melhoria do bem-estar, da qualidade de vida e das condições ambientais. Uma vez elaborado o diagnóstico da área de estudo, isto é, a caracterização do cenário atual, atendendo às recomendações da legislação ambiental com vistas à avaliação das consequências ambientais e sociaisdecorrentes das soluções adotadas e dos impactos futuros que essa situação poderá causar, adotou-se a metodologia de cenários. Cenários são imagens de futuro configuradas a partir da combinação de hipóteses sobre os prováveis comportamentos de variáveis determinantes de um sistema. Trata- se da descrição de um futuro – possível imaginável ou desejável – para um objeto e seu contexto. Numa primeira abordagem, como estratégia visando colher as opiniões dos moradores do SHPT sobre o processo de regularização, nas Oficinas de Mobilização Participativa, foi feita uma exposição técnica inicial, na qual foram apresentados à comunidade conceitos e princípios acerca do processo de cenarização. Foram expostos os aspectos legais e ambientais sobre a área e procurou-se fomentar o questionamento de alguns itens para que a população pudesse refletir e debater dois cenários básicos: Cenário 1 – Prazo de regularização em 4 anos com base no PDOT 2009 e legislação ambiental vigentes. Cenário 2 – Prazo de regularização em 2 anos com base no PDOT 2009 e legislação ambiental vigente. Com o avanço das discussões, as propostas elaboradas nas oficinas passaram por alterações e ajustes, tendo como princípio o atendimento, na medida do possível, às demandas dos moradores, considerando o contexto atual em que o empreendimento está inserido, as condicionantes ambientais, legais, jurídicas e administrativas que determinam a execução dos projetos de regularização. A hipótese de regularização em um prazo de dois anos mostrou-se pouco provável de se concretizar integralmente, em função das condicionantes ambientais e das limitações impostas pelas necessidades de abastecimento de água. Até que se tenham fontes alternativas de abastecimento, a Caesb recomenda que nada seja implantado nas APMs que possa diminuir a permeabilidade e a recarga dos aquíferos subterrâneos. Assim, foram construídos três cenários quanto às possibilidades de regularização da área de estudo, a saber: • Cenário 1- Hipótese de desconstituição da área e remoção dos moradores. • Cenário 2 - Cenário de não regularização. Correspondente à suspensão de todas as ações governamentais de regularização em curso e à permanência da situação atual em relação às formas de ocupação presentes no SHPT. • Cenário 3 - Alternativa de regularização. 40 5.1 CENÁRIO 1: DESCONSTITUIÇÃO DA ÁREA E REMOÇÃO DAS OCUPAÇÕES Este primeiro cenário conjectura sobre a possibilidade de desocupação total da área de estudo, por meio da remoção de toda a ocupação urbana irregular atualmente existente. Com esse objetivo, toda a população seria retirada e a área recuperada, desconstituindo toda as benfeitorias implantadas no SHPT, reiniciando em outra área um novo processo de ocupação, com a repetição de todas as ações, gastos, impactos e transtornos construtivos já ocorridos no SHPT. Pelo porte das obras, as consequências ambientais e sociais deste cenário seriam levadas ao extremo, quais sejam: • Os traumas psicológicos da remoção. • Inexistência de um novo local para abrigar todo o contingente populacional. • Problemas fundiários e ambientais no novo local. • Remoção da pavimentação existente, posteamento, canalizações, entulhos de obras. • Recuperação da área demolida. • Supressão de vegetação e o desperdício de recursos naturais. • Gastos públicos exorbitantes com infraestrutura, saneamento básico e com a elaboração e execução de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD. Além disso, os problemas com os efluentes dos canteiros de obra, provocando a degradação dos corpos hídricos e de áreas protegidas, o estabelecimento de condições favoráveis para a proliferação de vetores de endemias constituem os elementos de um panorama extremamente desfavorável do ponto de vista social e ambiental que se descortina para o futuro com este cenário. Ao fim dos referidos trabalhos, do ponto de vista ambiental, a situação da área aparentemente poderia ficar melhor do que está hoje. No entanto, as dificuldades naturais para restabelecimento da vegetação primitiva em longo prazo, os custos de tal empreitada e os impactos das obras seriam tão elevados, que na prática impossibilitariam a concretização deste cenário. Pode-se supor ainda que a paralisação do processo de regularização não evitaria a atual ocupação urbana à margem da Lei. Ao contrário disso, considerando-se a rapidez dos processos de transformação ocorridos na área nos últimos anos com a consolidação do quadro de ocupação atual, decorrência de uma conjunção de fatores, parece lícito supor que as consequências do estancamento das iniciativas governamentais produziriam o agravamento do descontrole da ocupação urbana e o respectivo uso sustentável da área, bem como o surgimento de novos parcelamentos irregulares e o consequente agravamento dos impactos ambientas pré-existentes, reproduzindo em maior escala as situações que são observadas hoje. Da mesma forma, não serão adotados os dispositivos previstos na legislação vigente, dentre os quais se destacam: ações de identificação, demarcação, cadastramento, registro e fiscalização de bens imóveis, bem como a regularização das ocupações (legitimação de posse com outorga de títulos de domínio). Essa situação continuaria gerando o aumento das condições de insegurança patrimonial no seio das famílias residentes, provocando tensões sociais que podem e devem ser evitadas. 41 Acrescente-se ainda que o SHPT, de acordo com o PDOT 2009, encontra-se em ZUUC II, composta por áreas predominantemente habitacionais de baixa e média densidade demográfica, com enclaves de alta densidade, sujeitas às restrições impostas pela sua sensibilidade ambiental e pela necessidade de proteção dos mananciais destinados ao abastecimento de água. O SHPT atende à legislação vigente, inclusive à Lei Federal nº 6.766/1979, que só permite o parcelamento do solo, para fins urbanos, de áreas consideradas pela legislação local como zonas urbanas ou de expansão urbana A relocação total seria contrária a atual política de planejamento urbano do Governo do Distrito Federal, expressas no art. 8 do PDOT, no sentido de: • Otimizar e priorizar a ocupação urbana em áreas com infraestrutura implantada e em vazios urbanos das áreas consolidadas, respeitada a capacidade de suporte socioeconômica e ambiental do território; • Manter as características de uso e ocupação do solo. • Atender as demandas da população. • Cumprir as funções sociais da propriedade. Portanto, nesta área, onde já se conta com alguma infraestrutura urbana, como sistema viário, rede de energia e iluminação pública, deve-se otimizar e priorizar a ocupação urbana, desde que atendida a legislação e os condicionantes ambientais, ao invés de criar novos parcelamentos para os quais seria necessário implantar o sistema viário e demais equipamentos públicos. Além disso, o PDOT 2009 definiu grande parte do SHPT como ARINE, que obrigatoriamente deverá ser submetida a intervenções públicas, destinadas a legalizar áreas urbanas ocupadas irregularmente para fins de habitação, desde que atendidas a legislação e as condicionantes ambientes, implicando melhorias no ambiente urbano, no meio ambiente, no resgate da cidadania e da qualidade de vida da população. Depreende-se do exposto, que a desconstituição da área fere os princípios estabelecidos na legislação vigente, especialmente o PDOT 2009/ADIN 2009.00.2.017.552-9 e o Estatuto da Cidade. Não existem justificativas técnicas ou legais para a escolha deste cenário. Trata-se, portanto, de uma hipótese inviável a ser descartada. Depreende-se do exposto, que a desconstituição da área fere os princípios estabelecidos na legislação vigente (PDOT2009), que orienta, desde que atendida a legislação e as condicionantes ambientais, no sentido de manutenção da ocupação existente, com a regularização do SHPT, inclusive com o adensamento da população para além da situação existente
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