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Aula 4 – Cimento Portland Disciplina: Disciplina: CCE1593 – Materiais de Construção Civil Docente: Prof.ª Dr.ª Julyenne M. C. Bampa Cotia - SP 1. º semestre de 2020 INSERIR TEXTO DEFINIÇÃO ✓ O Cimento Portland é um aglomerante hidráulico constituído de silicatos de cálcio que endurece através de reações com a água, formando um produto sólido e resistente à ação da água. ✓ Segundo ASTM C150-07 (Standard Specification for Portland Cement), o cimento Portland “é um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clínquer, que consiste essencialmente de silicatos de cálcio hidráulicos, usualmente com uma ou mais formas de sulfato de cálcio como um produto de adição”. Fonte: Lintz & Martinês (2018). 2 INSERIR TEXTO HISTÓRICO ✓ 1756 – Na Inglaterra o pesquisador John Smeaton inicia experiências com cales que tinham minerais argilosos em sua composição na construção do Farol de Eddystone, na costa de Cornwall. Esta cal provou ser resistente à água nas muralhas construídas sob a água e mais resistente nas muralhas expostas ao ar. Este produto utilizado por Smeaton ficou conhecido como “cal d’água”. ✓ 1818 – O Francês L. J. Vicat estabeleceu os princípios racionais da fabricação da cal hidráulica. ✓ 1822 – O inglês James Frost patenteou um cimento produzido com duas partes de calcário e uma parte de argila com o nome de British cement, uma cal hidráulica, sem obter a mesma popularidade que o cimento Portland alcançaria. Fonte: Lintz & Martinês (2018). 3 INSERIR TEXTO HISTÓRICO ✓ 1824 – Na Inglaterra, o pedreiro de Leeds, Joseph Aspdin patenteou o cimento Portland, produzido a partir da moagem de calcário e argila em meio úmido, seguido de calcinação em fornos semelhantes aos de calcinação da cal, a temperaturas bem inferiores à necessária a formação do clínquer e composição distinta dos cimentos Portland atuais. ✓ O nome dado a este cimento foi por causa das semelhanças de cor e qualidade do cimento depois de hidratado com a pedra de Portland, um calcário extraído de Dorset. Fonte: Lintz & Martinês (2018). 4 INSERIR TEXTO HISTÓRICO ✓ 1845 – Isaac Johnson criou o protótipo do cimento moderno produzindo o clínquer. ✓ 1850 - Na Inglaterra já existiam 4 indústrias de cimento Portland e na França surgia a primeira. ✓ 1898 - No Brasil, país pioneiro na fabricação de cimento na América Latina, a Usina Rodovalho colocou no mercado o cimento Santo Antônio. Fonte: Lintz & Martinês (2018). 5 INSERIR TEXTO DEFINIÇÃO ✓ O cimento utilizado no concreto armado é denominado cimento Portland. ✓ Cimento Portland é um aglomerante hidráulico artificial, obtido pela moagem de clínquer Portland, sendo geralmente feita a adição de uma ou mais formas de sulfato de cálcio, segundo a ABNT NBR 11172:1990. ✓ O clínquer, de acordo com esta mesma norma, é um produto granulado resultante da queima até a fusão parcial ou completa de constituintes minerais e que, após sua moagem, constitui-se em um produto com propriedades hidráulicas. ✓ Já o clínquer Portland é composto, em sua maior parte, por silicatos e aluminatos de cálcio hidráulicos, obtidos por queima, até a fusão parcial, de uma mistura homogênea e convenientemente proporcionada, constituída basicamente de calcário e argila. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 6 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Os constituintes fundamentais do cimento Portland são a cal (CaO), a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3), o óxido de ferro (Fe2O3), certa proporção de magnésia (MgO) e uma pequena porcentagem de anidrido sulfúrico (SO3), que é adicionado após a calcinação para retardar o tempo de pega do produto: Fonte: Oliveira & Miranda (2019); Lintz & Martinês (2018). 7 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Ainda como constituintes menores, possui impurezas, como óxido de sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O), óxido de titânio (TiO2) e outras substâncias de menor importância. ✓ Os óxidos de potássio e sódio constituem os denominados álcalis do cimento. ✓ Cal, sílica, alumina e óxido de ferro são os componentes essenciais do cimento Portland e constituem, geralmente, 95 a 96 % do total na análise de óxidos. ✓ A magnésia, que parece permanecer livre durante todo o processo de calcinação, está presente, em geral, na proporção de 2 a 3 %, limitada pelas especificações a um máximo permissível de 5 %. ✓ No Brasil, esse limite é um pouco superior (6,4 %). Os óxidos menores comparecem em proporção inferior a 1 %, excepcionalmente 2 %. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 8 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ A mistura de matérias-primas que contenha, em proporções convenientes os constituintes anteriormente relacionados, finamente pulverizada e homogeneizada, é submetida à ação do calor no forno produtor de cimento, até a temperatura de fusão incipiente, que resulta na obtenção do clínquer. ✓ Nesse processo ocorrem combinações químicas, principalmente no estado sólido, que conduzem à formação dos seguintes compostos: • silicato tricálcico (3CaO ∙ SiO2 = C3S); • silicato bicálcico (2CaO ∙ SiO2 = C2S); • aluminato tricálcico (3CaO ∙ Al2O3 = C3A); • ferro aluminato tetracálcico (4CaO ∙ Al2O3 ∙ Fe2O3 = C4AF). Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 9 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ A análise química dos cimentos Portland resulta na determinação das proporções dos óxidos inicialmente mencionados. ✓ As propriedades do cimento são, entretanto, relacionadas diretamente com as proporções dos silicatos e aluminatos, proporções estas que podem ser determinadas a partir do resultado da análise em óxidos. ✓ Denomina-se essa operação determinação da composição potencial do cimento. Normalmente, usa-se para o cálculo o chamado método de Bogue. ✓ Nesse método, o cálculo parte da proporção total de cal, deduzindo- se, a princípio, as parcelas necessárias à formação do sulfato de cálcio e a cal livre eventualmente encontrada. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 10 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Determinam-se a seguir as proporções de cal necessária para a formação do ferro aluminato de cálcio, do aluminato tricálcico e do silicato bicálcico. ✓ O saldo na proporção original de óxido de cálcio é a seguir associado à proporção de silicato bicálcico já calculada, resultando na determinação da proporção atual de silicato tricálcico. ✓ A sobra de silicato bicálcico constitui o teor desse composto no cimento. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 11 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ O cálculo pode ser efetuado dessa maneira, ou então resolvendo-se o sistema de equações que engloba a seguinte sequência: • %C3S = 4,071 × %CaO – 7,600 × %SiO2 – 6,718 × %Al2O3 – 1,430 × %Fe2O3 – 2,850 × %SO3; • %C2S = 2,867 × %SiO2 – 0,754 × C3S; • %C3A = 2,650 × %Al2O3 – 1,692 × %Fe2O3; 4.%C4AF = 3,043 × %Fe2O3. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 12 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Na figura ao lado encontra-se um nomograma apropriado para o cálculo da composição potencial do cimento Portland pelo método de Bogue. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 13 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Esse método não conduz a resultados estritamente corretos para a composição potencial do cimento Portland, que varia em função das condições de operação do forno e do subsequente resfriamento do clínquer. ✓ O encontro das correções apropriadas é objeto de trabalho de diversos investigadores, sendo, entretanto, aceita a aplicação pura e simples do método de Bogue como um instrumento de controle da mistura de matérias-primas no processo de fabricação do cimento. ✓ A importância do conhecimento das proporções dos compostos constituintes do cimento reside na correlação existente entre estes e as propriedades finais do cimento e também do concreto. ✓ O silicato tricálcico (C3S) é o maior responsável pela resistência em todas as idades, especialmente até o fim do primeiro mês de cura. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 14 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ O silicato bicálcico (C2S) adquire maior importância no processode endurecimento em idades mais avançadas, sendo largamente responsável pelo ganho de resistência a um ano ou mais. ✓ O aluminato tricálcico (C3A) também contribui para a resistência, especialmente no primeiro dia. ✓ O ferro aluminato de cálcio (C4AFe) em nada contribui para a resistência. Possui grandes vazios estruturais responsáveis pela reatividade elevada. ✓ Por exemplo: 1. SO3 = 1,5 % CaO = 1,0 % CaSO4 = 2,5 % Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 15 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES 2. Fe2O3 = 4,9 % Al2O3 = 4,3 % CaO (livre) = 1,0 % CaO = 8,8 % C4AF = 15,0 % C3A = 3,0 % 3. CaO = 61,8 % SiO2 = 24,0 % CaO anterior = 10,8 % Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 16 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Diferença: 61,8 – 10,8 = 51,0 % C2S = 50,0 % C3S = 25,0 % ✓ O aluminato de cálcio (C3A) muito contribui para o calor de hidratação, especialmente no início do período de cura. ✓ O silicato tricálcico é o segundo componente em importância no processo de liberação de calor. ✓ Os dois outros componentes pouco contribuem para a liberação de calor. ✓ O aluminato de cálcio, quando presente em forma cristalina, é o responsável pela rapidez de pega. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 17 INSERIR TEXTO CONSTITUINTES ✓ Com a adição de proporção conveniente de gesso, o tempo de hidratação é controlado. ✓ O silicato tricálcico (C3S) é o segundo componente com responsabilidade pelo tempo de pega do cimento. ✓ Os outros constituintes se hidratam lentamente, não tendo efeito sobre o tempo de pega. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 18 INSERIR TEXTO PROPRIEDADES FÍSICAS ✓ As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três aspectos distintos: - propriedades do produto em sua condição natural; - em pó; - da mistura de cimento e água e proporções convenientes de pasta; - e, finalmente, da mistura da pasta com agregado normalizado (argamassa com areia normal, conforme a ABNT NBR 7214:2015). Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 19 INSERIR TEXTO PROPRIEDADES FÍSICAS ✓ As propriedades da pasta e argamassa são relacionadas com o comportamento desse produto quando utilizado, ou seja, as suas propriedades potenciais para a elaboração de concretos e argamassas. ✓ Tais propriedades se enquadram em processos artificialmente definidos nos métodos e especificações padronizados, oferecendo sua utilidade quer para o controle de aceitação do produto, quer para a avaliação de suas qualidades para os fins de utilização dos mesmos. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 20 INSERIR TEXTO Massa Específica ✓ A utilidade do conhecimento da massa específica se encontra nos cálculos de consumo do produto nas misturas geralmente feitas com base nos volumes específicos dos constituintes. ✓ Com relação aos cimentos permite, ainda durante o processo de fabricação, controlar os teores de escória, pozolana ou calcário na mistura com o clínquer e o gesso. ✓ Também constitui um método auxiliar necessário para o cálculo da finura pelo método da permeabilidade ao ar Blaine. ✓ A massa específica do cimento Portland é usualmente considerada como 3,15 g/cm³, embora possa se situar entre 2,90 e 3,20 g/cm³. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 21 INSERIR TEXTO Massa Específica ✓ Sendo a massa específica a quantidade de massa contida na unidade de volume, é preciso que se façam duas medições: • primeiro, a determinação da massa de cimento por intermédio de uma balança; • a seguir, a determinação do volume absoluto relacionado com essa massa, ou seja, o volume ocupado pelos seus grãos, excluindo os vazios entre eles e pequenas bolhas de ar, vesículas etc. existentes em cada uma das partículas. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 22 INSERIR TEXTO Massa Específica ✓ A determinação da massa específica dos cimentos é regida pela norma ABNT NM 23:2001, que especifica que seja utilizado o frasco de Le Chatelier para tal, no qual o volume de um corpo é determinado por meio do deslocamento de um líquido (xilol, querosene ou nafta, livres de água), sendo o aumento do volume lido diretamente na escala do frasco. ✓ O volume de líquido deslocado é o próprio volume do corpo imerso. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 23 INSERIR TEXTO Massa Específica ✓ Durante a determinação da massa específica dos cimentos, deve- se evitar erros na execução dos ensaios, que podem ser causados por fatores como: a) falha ou falta de aferição do frasco de Le Chatelier, por exemplo, da escala graduada ou de perpendicularidade entre o eixo da haste graduada e a base da ampola, o que dificulta a leitura por ficar o menisco do líquido inclinado em relação à graduação; b) falha no controle da temperatura do líquido, no banho termorregulador; c) falha na preparação da amostra, que deve ser previamente peneirada para a remoção de substâncias estranhas; Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 24 INSERIR TEXTO Massa Específica d) falha na determinação da massa, por uso de balança com baixa precisão ou não aferida, por erro de taragem ou por perda de massa durante o ensaio; e) falha na eliminação do ar aprisionado durante a introdução do cimento no frasco; f) presença de sujeira no colo do frasco; g) erro de paralaxe nas leituras dos volumes iniciais e finais. Para evitá-lo é necessário que o operador posicione sua linha de visão em um plano perfeitamente perpendicular com o eixo do colo do frasco. Também é importante convencionar que a leitura seja realizada sempre na parte inferior do menisco formado pelo líquido, pois é ponto importante para determinação correta do volume deslocado. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 25 INSERIR TEXTO Exsudação ✓ A exsudação é um fenômeno de segregação que ocorre nas pastas de cimento. ✓ Os grãos de cimento, sendo mais pesados que a água que os envolve, são forçados, por gravidade, a uma sedimentação, quando possível. ✓ Resulta dessa tendência de movimentação dos grãos para baixo um afloramento do excesso de água, expulso das porções inferiores, e uma heterogeneidade indesejável. ✓ Esse fenômeno ocorre, evidentemente, antes do início da pega. ✓ A água que se acumula superficialmente é chamada exsudação e é quantitativamente expressa como a porcentagem do volume inicial da mesma na mistura. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 26 INSERIR TEXTO Exsudação ✓ É uma forma de segregação que prejudica a uniformidade, a resistência e a durabilidade dos concretos. ✓ A finura do cimento influi na redução da exsudação, o que se compreende facilmente, considerando-se que a diminuição dos espaços intergranulares aumenta a resistência ao percurso ascendente da água. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 27 INSERIR TEXTO Finura ✓ A finura do cimento é a propriedade relacionada com o tamanho dos seus grãos e intimamente ligada com a qualidade deste. ✓ O aumento da finura melhora a resistência, particularmente a resistência na primeira idade, diminui a exsudação e outros tipos de segregação, aumenta a impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos concretos e diminui a expansão em autoclave. ✓ A finura do cimento é determinada naturalmente durante o processo de fabricação para controle do mesmo, como também nos ensaios de recepção do produto, quando deve estar dentro dos limites determinados nas especificações correspondentes. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 28 INSERIR TEXTO Finura ✓ A determinação da finura do cimento ocorre, em geral, de duas maneiras distintas: pelo tamanho máximo do grão, por meio da determinação da massa do material retido na peneira com abertura de malha 75 µm e, alternativamente, pelo valor da área específica (soma das áreas superficiais dos grãos contidos em um grama de cimento). Esses dois métodos cumprem os requisitos de praticidade, rapidez e baixo custo. ✓ A determinação da finura do cimento pela determinação da porcentagem de cimento retida na peneira de abertura de malha 75 µm é importante, pois, em termos práticos, partículas de cimento maiores que 75 µm não contribuemsignificativamente na resistência aos 28 dias de idade. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 29 INSERIR TEXTO Finura ✓ As especificações brasileiras ABNT NBR 5732:1991, ABNT NBR 5733:1991 e ABNT NBR 11578:1991 prescrevem limite de retenção na peneira no 200 (de malha de 75 µm de abertura) para os cimentos Portland comum, de alta resistência inicial (ARI) e compostos, respectivamente. ✓ Para o cimento Portland comum e os compostos, o resíduo deixado nessa peneira não deve exceder 12 % em massa (para cimentos de classes 25 e 32 MPa). Para os cimentos Portland ARI, tal índice não deve exceder 6 %. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 30 INSERIR TEXTO Finura ✓ O procedimento para a determinação do percentual de cimento retido na peneira 75 µm é regido pela ABNT NBR 11579:2013 e pode ser realizado manualmente ou com o uso de um peneirador aerodinâmico. ✓ Entre as principais causas de erros neste ensaio, podem ser citados: a) falta de aferição das telas ou telas com defeitos (furos, rasgos, estufadas); b) preparação incorreta do cimento; c) erro na determinação da massa durante a pesagem; d) perda de massa durante o ensaio. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 31 INSERIR TEXTO Finura ✓ A determinação da finura do cimento por meio de sua área específica é de grande importância, pois é este o fator que governa a velocidade da reação de hidratação do mesmo e tem também sua influência comprovada na qualidade de pastas, argamassas e concretos. ✓ As especificações brasileiras ABNT NBR 5732:1991), ABNT NBR 5733:1991 e ABNT NBR 11578:1991) prescrevem os limites mínimos de área específica pelo método de permeabilidade ao ar (método de Blaine) para os cimentos Portland comum, de alta resistência inicial (ARI) e compostos, respectivamente, não devendo ser inferior a 260 m²/kg para cimento Portland comum e compostos (classe de resistência de 32 MPa) nem inferior a 300 kg/m² para cimento Portland ARI. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 32 INSERIR TEXTO Finura ✓ Na prática, a área específica dos cimentos brasileiros varia normalmente entre 300 e 450 m²/kg. ✓ A determinação da finura pela área específica Blaine é regida pela ABNT NBR NM 76:1998. ✓ Neste processo, mede-se o tempo de percolação de determinado volume de ar a partir dos vazios intergranulares de uma amostra de cimento de características definidas; segundo a NM 76, este método pode não fornecer resultados significativos para cimentos contendo materiais ultrafinos. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 33 INSERIR TEXTO Finura ✓ Na figura a seguir está esquematizado o aparelho de permeabilidade Blaine. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 34 INSERIR TEXTO Finura ✓ Esse aparelho é composto de uma célula cilíndrica, de metal inoxidável, no fundo da qual repousa um pequeno disco perfurado, que suporta um pequeno disco de papel-filtro. ✓ O cimento é introduzido nessa pequena cuba e comprimido por um pistão apropriado. ✓ Essa célula é fixada sobre um tubo em U, com cerca de um centímetro de diâmetro, dotado de quatro marcas A, B, C e D. ✓ Na parte superior do traço marcado, existe uma derivação dotada de registro e ligada a um aspirador manual de borracha, do tipo seringa. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 35 INSERIR TEXTO Finura ✓ O tubo é cheio até a marca D com um líquido de densidade conhecida, geralmente um álcool. ✓ Colocada a amostra, o ar existente é aspirado pela seringa até que o líquido suba até a marca A. ✓ O registro é fechado e inicia-se a observação da queda da coluna, que corresponde a uma percolação de ar por meio da amostra contida na cuba superior. ✓ Mede-se o tempo correspondente à descida da coluna de D até P. ✓ A superfície específica da amostra é, então, determinada pela aplicação da fórmula de Keyes. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 36 INSERIR TEXTO Finura ✓ A superfície específica determinada por esse ou outros processos conduz a valores de significado relativo, do ponto de vista de previsão para o comportamento do cimento examinado. ✓ Isso porque, em tais processos, a distribuição do tamanho dos grãos não é perfeitamente considerada. ✓ Cimentos de procedências diferentes, com os mesmos valores de superfície específica, podem mostrar comportamento diverso, tanto quanto à resistência como quanto à exsudação. ✓ De qualquer forma, porém, cumpre salientar o inestimável valor desses ensaios no controle de fabricação, quando os parâmetros perturbadores permanecem os mesmos. ✓ É preciso destacar também que os diferentes processos de determinação da superfície específica resultam em números diferentes para o mesmo tipo de material ensaiado. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 37 INSERIR TEXTO Pasta de Consistência Normal ✓ A viscosidade de uma pasta é função de diversos parâmetros, como a quantidade de água, finura do material, composição mineralógica, tipos e teores de adições etc. ✓ A pasta de cimento, com índice de consistência normal, constitui uma mistura padronizada de cimento e água que apresenta propriedade reológica constante, sendo utilizada para a verificação dos tempos de pega. ✓ Busca-se então, com o uso de pasta de consistência normal, igualar a viscosidade das pastas testadas e, desta forma, permitir que os resultados sejam comparáveis. ✓ Essa consistência normal é verificada no aparelho de Vicat, utilizando-se a chamada sonda de Tetmajer, um corpo cilíndrico, metálico, liso, de 10 mm de diâmetro e terminado em seção reta. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 38 INSERIR TEXTO Pasta de Consistência Normal ✓ A sonda é posta a penetrar verticalmente em pasta fresca por ação de um peso total (incluindo a sonda) de 300 g. ✓ Na figura a seguir está representado o aparelho de Vicat. ✓ No ensaio de consistência da pasta, a sonda penetra e estaciona a certa distância do fundo do aparelho. ✓ Essa distância, medida em milímetros, é denominada índice de consistência. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 39 INSERIR TEXTO Pasta de Consistência Normal Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 40 INSERIR TEXTO Pasta de Consistência Normal ✓ A pasta, preparada para ensaios de tempo de pega, deve ter uma consistência normal de 6 mm, isto é, a sonda de Tetmajer deve estacionar à distância de 6±1 mm do fundo da amostra. ✓ A determinação da água de consistência normal é feita por tentativas. ✓ Entretanto, o trabalho pode ser simplificado, considerando que a penetração da sonda varia quase linearmente com a quantidade de água de amassamento, permitindo, assim, o cálculo da quantidade de água que forneça a consistência normal, mas este valor necessita ser confirmado experimentalmente. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 41 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ A partir do instante em que a água entra em contato com o cimento ocorrem reações químicas, cuja consequência é um gradativo enrijecimento ou aumento de viscosidade da pasta. ✓ O fenômeno da pega do cimento compreende a evolução das propriedades mecânicas da pasta no início do processo de endurecimento, propriedade essencialmente física decorrente de um processo químico de hidratação. ✓ É um fenômeno artificialmente definido como o momento em que a pasta adquire certa consistência que a torna imprópria a um trabalho. ✓ Tal conceituação se estende, evidentemente, tanto à argamassa quanto aos concretos nos quais a pasta de cimento está presente e com missão aglutinadora dos agregados. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 42 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ No processo de hidratação, os grãos de cimento que, inicialmente, se encontram em suspensão vão-se aglutinando paulatinamente uns aos outros, por efeito de floculação, conduzindo à construção de um esqueleto sólido, finalmente responsável pela estabilidade da estrutura geral. ✓ O prosseguimento da hidratação em subsequentes idades conduz ao endurecimento responsável pela aquisição permanente de qualidades mecânicas, características do produto acabado. ✓ A pega e o endurecimento são dois aspectosdo mesmo processo de hidratação do cimento, vistos em períodos diferentes — a pega na primeira fase do processo e o endurecimento na segunda e última fase do mesmo. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 43 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ A partir de certo tempo após a mistura, quando o processo de pega alcança determinado estágio, a pasta não é mais trabalhável, não admite operação de remistura. ✓ Tal período de tempo constitui o prazo disponível para as operações de manuseio das argamassas e concretos, após o qual esses materiais devem permanecer em repouso, em sua posição definitiva, para permitir o desenvolvimento do endurecimento. ✓ A caracterização da pega dos cimentos é determinada em dois tempos distintos — o tempo de início e o tempo de fim de pega. ✓ O início de pega caracteriza o início do crescimento brusco da viscosidade e, em geral, não ocorre antes de uma hora após a adição de água. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 44 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ O tempo de fim de pega caracteriza-se pela passagem da pasta do estado plástico para o estado sólido. ✓ O procedimento de determinação dos tempos de pega é definido pela ABNT NBR NM 65:2003. ✓ Os ensaios são realizados com pasta de consistência normal e com o aparelho de Vicat. ✓ Nesse aparelho mede-se a resistência à penetração de uma agulha (agulha de Vicat) na pasta de cimento. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 45 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Essa amostra de consistência normal é ensaiada no aparelho de Vicat à penetração de uma agulha de corpo cilíndrico circular, com 1 mm² de área de seção e terminando em seção reta. ✓ A amostra é ensaiada periodicamente à penetração pela agulha de Vicat, determinando-se o início da pega no momento em que a agulha de Vicat, descendo sobre a pasta de consistência normal, estacionar a 1 mm da placa de vidro. ✓ Deve-se descer a agulha, sem choque e sem velocidade inicial até estacionar (condição que pode ser alcançada sustentando-a levemente com os dedos). ✓ A leitura é realizada 30 s após o início da penetração da agulha na pasta. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 46 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Tempo de início de pega é o intervalo decorrido entre o instante em que se lançou a água de amassamento à pasta e o instante em que se constatou o início da pega. ✓ Após a constatação do início de pega, recomenda-se fazer leituras a intervalos regulares de 10 min. ✓ A primeira entre três leituras sucessivas e iguais, superiores a 38,0 mm, constitui a indicação do fim de pega. ✓ Na obra procede-se, quando necessário — por exemplo, para eliminar a suspensão de um cimento geralmente em processo muito lento de pega — a um ensaio grosseiro, que consiste na moldagem de uma série de pequenas bolas com pastas de consistência semelhante à normal de laboratório. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 47 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Submetendo-as a posteriores esmagamentos com os dedos, quando o esmagamento deixa de ser plástico, tem-se, grosseiramente, o início da pega; quando as bolas se esfarinham por ação de esforço muito maior, tem-se o fim da pega. ✓ A importância prática deste ensaio está no controle de qualidade do cimento, verificar se as adições de gesso estão nos teores preestabelecidos, uma vez que é este que controla o fenômeno de pega no cimento ou, no caso de concretagens, o concreto precisa ser lançado no estado plástico. ✓ A ocorrência da pega do cimento deve ser regulada tendo em vista os tipos de aplicação do material, devendo-se processar ordinariamente em períodos superiores a uma hora após o início da mistura. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 48 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Nesse prazo são desenvolvidas as operações de manuseio do material, mistura, transporte, lançamento e adensamento. ✓ Há casos, entretanto, em que o tempo de pega deve ser diminuído ou aumentado. ✓ Nas aplicações em que se deseja uma pega rápida, como, por exemplo, nas obturações de vazamentos, são empregados aditivos ao cimento, conhecidos como aceleradores de pega. ✓ Tais aditivos serão tratados mais adiante, cabendo, no momento, a citação de dois exemplos de aceleradores, o cloreto de cálcio e o silicato de sódio. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 49 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Contrariamente, em outros processos tecnológicos, ressalta-se a conveniência de um tempo de pega mais longo, como, por exemplo, nas operações de injeção de pastas e argamassas e nos lançamentos de concretos sob água, quando então se empregam aditivos denominados retardadores. ✓ Entre estes, citam-se os açúcares ordinários, a celulose e outros produtos orgânicos. ✓ Em alguns cimentos, ocorre, mesmo que raramente, o fenômeno da falsa pega, que tem as características da pega ordinária, mas o período é mais curto e não corresponde à evolução já descrita para o fenômeno. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 50 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Trata-se de uma anomalia, geralmente atribuída ao comportamento do gesso adicionado ao cimento no processo de manufatura, que pode ser corrigida por destruição do incipiente esqueleto sólido e formação mediante ação enérgica de mistura ou remistura. ✓ Têm sido tentados outros procedimentos para a medida de outras características físicas da mistura que conduzissem a uma melhor caracterização de fenômenos da pega. ✓ A medida da evolução do valor do atrito interno da pasta de cimento mostra claramente pontos de estreita correlação com os ensaios de penetração de agulha, confirmando, pelo crescimento rápido desse valor no intervalo entre o tempo de início e o de fim de pega, a ocorrência de uma aglomeração de marcantes características mecânicas no interior da massa durante essa fase do processo de hidratação. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 51 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Medições realizadas sobre os valores de velocidade de propagação do som durante o início de hidratação das pastas têm mostrado pontos característicos coincidentes com os tempos de início e fim de pega definidos por penetração de agulha. ✓ O mesmo ocorre no exame dos valores de resistência elétrica a correntes de alta frequência, em que as curvas também mostram pontos característicos coincidentes com os tempos de início e fim de pega. ✓ Não há dúvida de que, embora artificialmente definido o fenômeno, ele corresponde a uma realidade física caracterizada por pontos importantes no desenvolvimento do processo de endurecimento de aglomerante nos seus primeiros tempos de vida. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 52 INSERIR TEXTO Tempo de Pega ✓ Na figura a seguir é representada a evolução dos valores das velocidades de propagação do som e da resistividade elétrica. Fonte: Oliveira & Miranda (2019). 53 INSERIR TEXTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ✓ ABITANTE, A. L.; LISBOA, E. S. Materiais de construção. 2.ª ed. Porto Alegre, SAGAH, 2017. ✓ LINTZ, R. C. C.; MARTINÊS, M. Cal, gesso e argamassa. Notas de aula: EB603 – Ciência e Tecnologia dos Materiais. Faculdade de Tecnologia, Universidade Estadual de Campinas. ✓ OLIVEIRA, H. M.; MIRANDA, L. F. R. In: BAUER, L. A. F. Materiais de construção. Coordenação João Fernando Dias. 6.ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 2019. 54