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MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE PROFESSORAS: Helisângela Araújo, Jussara Ferraz e Vanessa Corrêa. ENCONTRO 03: A Biodiversidade e extinção das espécies 1 Introdução Olá, prezados(as) alunos(as)! Estamos iniciando mais um encontro da disciplina Meio Ambiente e Sociedade e, através desse texto, você ampliará a compreensão sobre A Biodiversidade e a extinção das espécies. Abordaremos o conceito da Biodiversidade, algumas definições elencadas pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação, a classificação das espécies conforme riscos de extinção segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e as principais ameaças para esse potencial chamado biodiversidade. 2 Biodiversidade: definições e conceitos Ao pensar em meio ambiente nossa mente nos leva para as belas, encantadoras e diferentes paisagens (Fig. 1). Imaginamos vegetações delicadas e exuberantes, pequenos e grandes animais, uma variação natural e/ou com manipulação genética. Esse pensamento nos reportou ao que caracterizamos como Biodiversidade. Fig. 1 Recortes de diferentes paisagens. Disponível em: https://www.mma.gov.br/images/arquivos/Banner/areas_prioritarias.png>. Acesso em: 13 ago. 2020. 1 https://www.mma.gov.br/images/arquivos/Banner/areas_prioritarias.png Etimologicamente, a palavra biodiversidade significa diversidade da vida (do grego bios, que significa vida), ou seja, a variedade e a multiplicidade de seres vivos que há em nosso planeta. Segundo Franco (2013, p.21), o conceito de biodiversidade foi idealizado em 1985 pelo norte americano Walter G. Rosen, da Academia Nacional de Ciências (NRC/NAS). Em 1986, Rosen participou do planejamento e realização do fórum Nacional sobre Biodiversidade, cuja a principal discussão foi a importância da biodiversidade, pois é ela que sustenta o funcionamento dos ecossistemas e dos serviços ambientais que eles prestam. Barbosa e Viana (2014, p.31), complementam a definição de Biodiversidade, caracterizando-a como o conjunto de todas as espécies presentes em suas populações específicas, assim como as funções ecológicas que cada uma desempenha, para o perfeito equilíbrio de habitats, comunidades e ecossistemas. De acordo com Pimm et al. (2008), citado por Alves (2016?), o planeta Terra possui cerca de 10 milhões de espécies, excluindo micróbios e subestimando espécies de pequeno tamanho, assim como as que vivem em locais de difícil acesso para os humanos, como os oceanos. Já o total de espécies identificadas e com nomes científicos gira em torno de 1,5 milhão, sendo que algumas estimativas recentes indicam 1,75 milhão (incluindo cerca de 100 mil vertebrados terrestres, plantas com flores e invertebrados com asas ou conchas). Desse total, as aves e os mamíferos são relativamente bem conhecidos, contando cerca de 10 mil e 4,3 mil espécies, respectivamente, e novas espécies continuam sendo descobertas. Quanto às espécies marinhas, apenas 250 a 300 mil foram descritas e ainda há muito para descobrir. Em relação ao Brasil que ocupa quase metade da América do Sul, é o país com a maior diversidade de espécies no mundo, 20% do total, espalhadas nos seis biomas terrestres e nos três grandes ecossistemas marinhos. São mais de 103.870 espécies animais e 43.020 espécies vegetais conhecidas no país. Suas diferentes zonas climáticas favorecem a formação de zonas biogeográficas (biomas), a exemplo da Floresta Amazônica, maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado, com suas savanas e bosques; a Caatinga, composta por florestas semiáridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos. 2 Com essa megadiversidade, surgiu a necessidade de instituir regras e procedimentos, os quais foram implementados através da Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação. Nesta, são apresentadas algumas definições de suma importância, como por exemplo: Conservação: manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural para que se possa produzir benefícios maiores para as atuais gerações, em bases sustentáveis, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras e garantindo, assim, a sobrevivência dos seres vivos em geral (Art. 2°, inciso II); Preservação: proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, em seu estado natural, sem interferência humana, independentemente de seu valor utilitário ou econômico (Art. 2°, inciso V); Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição de não degradada que, por sua vez, pode ser diferente da condição original (Art. 2°, inciso XIII); Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original (Art. 2°, inciso XIV). No tocante as formas de manejo das espécies para as respectivas conservações, temos: Espécie endêmica: possui distribuição natural restrita a uma determinada região geográfica; se esse habitat estiver ameaçado, essa espécie se torna mais vulnerável à extinção. Exemplo: A arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é uma ave que vive somente na Caatinga baiana e está ameaçada de extinção, sendo que sua principal ameaça está relacionada ao tráfico de animais e destruição do habitat em que vive. Espécie ameaçada: essa classificação está relacionada ao desaparecimento de espécies ou grupos de espécies em um determinado ambiente. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a extinção das espécies pode ocorrer naturalmente, porém as ações do homem vêm acelerando esse processo de extinção das espécies de forma preocupante (caça, atropelamentos, incêndios, etc.). Exemplo: O tamanduá-bandeira (Mymecophaga tridactyla) é listado como "vulnerável" pela IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza. Foi extinto em algumas partes de sua distribuição geográfica, como no Uruguai, e corre grande risco de 3 extinção na América Central. Em relação aos níveis de ameaça, as espécies da fauna e da flora são classificadas conforme a IUCN, citadas por Alves (2019), em: - Espécie Bandeira: são as espécies escolhidas como símbolo de conservação da própria espécie ou de um determinado ecossistema. Como exemplo, temos o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), uma espécie ameaçada de extinção que é utilizada como espécie bandeira para a conservação da Mata Atlântica. As borboletas, aves e mamíferos grandes são os animais que mais são considerados como tipos de espécie bandeira. - Espécie Guarda Chuva: corresponde às espécies que protegem indiretamente outras espécies que vivem no mesmo habitat, mas que não são tão populares. É um termo também ligado a espécie bandeira. Estes animais são utilizados para chamar atenção de problemas que ameaçam seu ecossistema. Exemplo: tigres, ursos, lobos, corujas, baleias, etc.. - Espécie pioneira: refere-se às espécies mais resistentes aos fatores abióticos (temperatura, luz, vento, água, pressão, composição do solo e outros), responsáveis por iniciar a colonização. Elas podem desenvolver-se em locais desertos, áridos, montanhosos e vulcânicos. Exemplo: algas verdes, Ammophila, Bryophyta, Cyanobacteria e Zostera. - Espécies exóticas: termo referente às espécies presentes em locais longes da sua área de distribuição histórica ou natural, ou seja, não são nativas da região em que estão localizadas. Elas invadem novas áreas com ou sem interferência humana, embora as ações antrópicas possibilitamsua incidência. Como exemplo, temos: pombo, carpa, eucalipto, jaqueira, caramujo gigante africano, etc.. O grande impacto causado por essas espécies é o risco que elas trazem para o ecossistema local, podendo comprometer inúmeras atividades, como a agricultura e pecuária, por exemplo. - Espécies endêmicas: são espécies presentes somente em determinada região. Elas podem surgir porque não houve disseminação ou porque houve encolhimento da população, restando apenas uma parcela da espécie. - Espécies nativas: também chamadas de espécies silvestres, são espécies naturais de determinada região ou de um ecossistema. - Espécies indicadoras: nome atribuído às espécies capazes de fornecer e 4 transmitir informações sobre o ambiente em que encontram-se, por exemplo, ocorrências de mudanças ambientais, poluição, pragas, doenças, etc. Lembrem-se... Apesar da grande quantidade de espécies presentes na Terra, a maioria delas correm sérios riscos de extinção. A extinção de espécie ocorre quando o último indivíduo da espécie é morto. ALVES, M. Cada espécie presente na Terra é responsável pelo equilíbrio ambiental. Disponível em: https://agro20.com.br/especie/. Acesso em: 14 ago. 2020. 3 Principais ameaças à Biodiversidade A Revolução Industrial e a crescente presença dos humanos na Terra, intensificaram a ação antrópica sobre a natureza, incidindo em acelerada remoção e degradação ambientais, que se traduzem em fortes pressões para a perda da biodiversidade. Alves (2019) e Silva (2019), reforçam que a intervenção humana, mudanças climáticas, destruição do habitat natural, poluição e novos predadores são os fatores mais responsáveis por ocasionar a extinção de cada espécie presente no planeta. Santos (201?), além de mencionar os itens acima, complementa com o uso excessivo dos recursos naturais e a introdução de espécies invasoras. - Intervenção humana: perturbações em massa causadas pela ação humana têm alterado e destruído a paisagem em larga escala, degradando habitats, levando espécies e mesmo comunidades inteiras ao ponto de extinção. A destruição, fragmentação, degradação do habitat, a superexploração das espécies para uso humano, a introdução de espécies exóticas e o aumento da ocorrência de doenças são resultado da atividade humana que causam as maiores ameaças à biodiversidade. - Mudanças climáticas: o aumento das emissões de gases poluentes na atmosfera (efeito estufa) e o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar (aquecimento global) favorecem a extinção de um número considerável de espécies. Para diversos grupos de plantas e animais investigados, há estimativas de 15% a 37% de as espécies se extinguirem como resultado dos efeitos diretos ou indiretos (alteração do habitat) do cenário de aquecimento previsto para 2050. https://agro20.com.br/especie/ - Destruição do habitat ou perda de habitat: ocorre como consequência da urbanização e dos desmatamentos para aumento das áreas agropecuárias e desenvolvimento de grandes obras, como por exemplo, construção de estradas, ferrovias, canais, linhas de energia, cercas, tubulação de óleo, aceiros, ou outras barreiras que impedem o fluxo de espécies. Como os habitats são destruídos, várias espécies muitas vezes são obrigadas a migrar para outras áreas, enfrentando perigos e a incerteza da sobrevivência. Já aquelas espécies que são incapazes de procurar outro local para estabelecerem-se, como as plantas, acabam tendo sua população reduzida ou até, muitas vezes, extinta. - Poluição: devido a contaminação da água, do solo e do ar, muitas espécies não conseguem sobreviver por falta de alimento, dificuldade de acesso à água potável e do surgimento de doenças, o que acaba aumentando, assim, o número de espécies extintas. - Inserção de espécies exóticas e/ou novos predadores: a introdução de espécies que não vivem normalmente naquele ambiente pode competir com as outras, predar fortemente algumas espécies, reproduzir-se exageradamente e até mesmo provocar doenças. Logo, essa ação pode provocar a destruição de algumas espécies, afetando diretamente o equilíbrio daquele ecossistema. - Uso excessivo de recursos naturais: a ação de retirada das espécies sem se preocupar com o seu ciclo e importância para o meio, o desmatamento, a caça e a pesca, por exemplo, são práticas responsáveis pela diminuição do número de indivíduos de várias espécies anualmente, bem como a retirada ilegal de madeira e a exploração de plantas, como o xaxim. Além disso, o tráfico de animais e plantas silvestres é um comercio lucrativo que dificulta a conservação de vários organismos. Assim, destacamos algumas maneiras para proteger a diversidade biológica: conscientização humana sobre o uso sustentável dos recursos que a natureza oferece; preservação dos habitats naturais, através da criação e implantação de áreas protegidas, com fiscalizações eficazes e conscientização. Essas áreas visam conservar a biodiversidade, que além da variedade de espécies, também inclui a diversidade genética e o papel que cada organismo tem nos ecossistemas, e a própria diversidade de ecossistemas, sejam eles terrestres, aquáticos ou marinhos. 6 Após o fortalecimento da importância de cada ser vivo para o planeta e compreensão que a destruição de qualquer espécie, seja por ações naturais e principalmente pela ação antrópica, afeta diretamente a nossa vida, que tal conscientizar as pessoas que estão ao seu redor? Dando continuidade ao aprendizado, realize a Atividade Diagnóstica (AD). Posteriormente, assista à aula presencial, faça a Atividade de Consolidação do Conhecimento (ACC) e amplie sua aprendizagem através da leitura recomendada para o momento pós-aula. REFERÊNCIAS DE IV • <Título da Unidade IV> ALVES, M. A. dos S. Humanidade e Biodiverisdade: o risco da extinção das espécies no ecossistema terrestre. (2016?). Disponível em: https://museudoamanha.org.br/livro/06-humanidade-e-biodiversidade.html. Acesso em: 14 ago. 2020. ALVES, M. Cada espécie presente na Terra é responsável pelo equilíbrio ambiental. 2019. Disponível em: https://agro20.com.br/especie/. Acesso em: 14 ago. 2020. BARBOSA, R. P.; VIANA, V. J. Recursos naturais e biodiversidade: prevenção e conservação dos ecossistemas. 1. ed., São Paulo : Érica, 2014. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536530697/pageid/2 BRASIL. Congresso Nacional. Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9985.htm. Acesso em: 14 ago. 2020. FRANCO, J.L.A. O conceito de biodiversidade e a história da biologia da conservação: da preservação da wilderness à conservação da biodiversidade. História (São Paulo), v.32, n.2, 2013. 7 https://museudoamanha.org.br/livro/06-humanidade-e-biodiversidade.html https://agro20.com.br/especie/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536530697/pageid/2 http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9985.htm MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biodiversidade. Disponível em: https://www.mma.gov.br/biodiversidade.html. Acesso em: 14 ago. 2020. SANTOS, V. S. dos. Causas da perda de biodiversidade. (201?). Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/causas-perda- biodiversidade.htm. Acesso em: 14 ago. 2020. SILVA, L. S. espécie guarda-chuva. 2019. Disponível em: https://www.infoescola.com/ecologia/especie-guarda-chuva/. Acesso em: 14 ago. 2020. 8 https://www.mma.gov.br/biodiversidade.html https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/causas-perda-biodiversidade.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/causas-perda-biodiversidade.htmhttps://www.infoescola.com/ecologia/especie-guarda-chuva/