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Conservação de recursos naturais Disciplina: Manejo de Recursos Naturais Professora: Ana Amélia Buselli BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO • Diversidade Biológica, ou Biodiversidade, refere- se à variedade de vida no planeta terra, incluindo: • a variedade genética dentro das populações e espécies; a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos; • a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos Biodiversidade • Biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias; e inclui: • variabilidade ao nível local, • complementaridade biológica entre habitats, • variabilidade entre paisagens. Biodiversidade inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes. Biodiversidade • A Biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. • atividades agrícolas, • pecuárias, • pesqueiras • florestais , • indústria da biotecnologia. As funções ecológicas desempenhadas pela Biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora considere-se que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies . Biodiversidade • Caracteristica fundamental dos Ecossistemas • Equilibrio e Estabilidade • Fatores Economicos e Sociais • Sustentabilidade • Valores Associados • Ecológicos • Geneticos • Social / Economico • Cientifico e Educacional • Cultural e Recreativo Biodiversidade • Atualmente tem-se 1,4 milhão de espécies catalogadas: 750 mil insetos; 265 mil plantas; 41 mil vertebrados; o restante são ivertebrados, algas, fungos e microorganismos. • Estudos mencionam existência de 30 milhões de espécies apenas de insetos; • Brasil: 10 a 20% das espécies globais: Possui alguns dos biomas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais - a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A Floresta Amazônica brasileira, com aproximadamente 30 mil espécies vegetais, compreende cerca de 26% das florestas tropicais remanescentes no planeta. Biodiversidade • Brasil: setores diretamente dependentes da biodiversidade atual • Agroindustria 40% PIB Brasileiro • Florestal 4% • Moveleiro 3% • Pesqueiro 1% Biodiversidade: Como Previnir as perdas • Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e entidades não- governamentais ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em todo o mundo, e, particularmente nas regiões tropicais. • A degradação biótica que está afetando o planeta encontra raízes na condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da população humana e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos. Biodiversidade: Como Previnir as perdas Os principais processos responsáveis pela perda da Biodiversidade são: • Perda e fragmentação dos habitats; • Introdução de espécies e doenças exóticas; • Exploração excessiva de espécies de plantas e animais; • Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento; • Contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes • Mudanças climáticas. As inter-relações das causas de perda de Biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas. Biodiversidade: Como Previnir as perdas Três razões principais justificam a preocupação com conservação da diversidade biológica: 1 Acredita-se que a diversidade biológica seja uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas; 2 A diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em especial através da biotecnologia; 3 porque se acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando, inclusive com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas. O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio durante a UNCED (Rio-92), estabelece que devemos agir já e de forma preventiva ao invés de continuarmos acomodados aguardando a confirmação das previsões para então tomarmos medidas corretivas, em geral caras e ineficazes. Biodiversidade na Amazônia: Bacia Amazonica Bacia Amazonica 1. Rio Amazonas 2. Rio Solimões 3.Rio Negro 4. Rio Xingu 5. Rio Tapajós 6. Rio Jurema 7. Rio Madeira 8. Rio Purus 9. Rio Branco 10. Rio Juruá 11. Rio Trombetas 12. Rio Uatumã 13. Rio Mamoré Taxa de desmatamento da Amazônia desde 2000 Taxa de desmatamento por estado do Brasil em 2017/2018 B i o l o g i a d a C o n s e r v a ç ã o Os Biomas Brasileiros • Caatinga • Campos Sulinos (Pampas) • Floresta Amazônica • Pantanal • Zona Costeira • Mata Atlântica • Cerrado Biomas e conservação Bioma conjunto de ecossistemas caracterizados pelo clima, fitofisionomia, altitude e solo. B i o l o g i a d a C o n s e r v a ç ã o • A Mata Atlântica e o Cerrado, estão relacionados na lista dos 25 hotspots da Terra, sendo que a Mata Atlântica encontra-se entre os cinco mais ameaçados; • Uma em cada onze espécies de mamíferos existentes no mundo são encontrados no Brasil (522 espécies), juntamente com uma em cada seis espécies de aves (1677), uma em cada quinze espécies de répteis (613), e uma em cada oito espécies de anfíbios (630) e mais de 3 mil espécies de peixes, três vezes mais do que qualquer outro país. Muitas dessas são exclusivas para o Brasil, com 68 espécies endêmicas de mamíferos, 191 espécies endêmicas de aves, 172 espécies endêmicas de répteis e 294 espécies endêmicas de anfíbios. • Esta riqueza de espécies corresponde a pelo menos 10% dos anfíbios e mamíferos, e 17% das aves descritos em todo o planeta. B i o l o g i a d a C o n s e r v a ç ã o A Mata Atlântica e o Cerrado são Hotspots ! B i o l o g i a d a C o n s e r v a ç ã o O conceito Hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para resolver um dos maiores dilemas dos conservacionistas: Quais as áreas mais importantes para preservar a biodiversidade na Terra? (Conservation International) B i o l o g i a d a C o n s e r v a ç ã o Hotspots Áreas de grande diversidade biológica e com urgência de serem conservadas - pois se encontram bastante ameaçadas. B i o l o g i a d a C o n s e r v a ç ã o Hotspots Características • Áreas que possuem pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas; • Áreas onde se perdeu mais de 75% da vegetação original. Conservação de recursos genéticos • Os recursos genéticos são mantidos em condições in situ, on farm, e ex situ.; • A conservação in situ de recursos genéticos é realizada, basicamente, em reservas genéticas, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável; • Naturalmente, a conservação in situ de recursos genéticos pode ser organizada também em áreas protegidas, seja de âmbito federal, estadual ou municipal. As reservas genéticas, por exemplo, são implantadas e mantidas em áreas prioritárias, de acordo com a diversidade genética de uma ou mais espécies de reconhecida importância científica ou sócio-econômica. Conceitos complementares: • Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde exercem suas atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequenoporte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes e a proteção dos meios de vida e da cultura dessas populações. Permite visitação pública e pesquisa científica. • Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem populações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais. Permite visitação pública e pesquisa científica. Conservação in situ • Nos termos da Convenção sobre Diversidade Biológica, conservação in situ é definida como sendo a conservação dos ecossistemas e dos habitats naturais e a manutenção e a reconstituição de populações viáveis de espécies nos seus ambientes naturais e, no caso de espécies domesticadas e cultivadas, nos ambientes onde desenvolveram seus caracteres distintos. Vantagens: • permitir que as espécies continuem seus processos evolutivos; • favorecer a proteção e a manutenção da vida silvestre; • apresentar melhores condições para a conservação de espécies silvestres, especialmente vegetais e animais; • oferecer maior segurança na conservação de espécies com sementes recalcitrantes e • conservar os polinizadores e dispersores de sementes das espécies vegetais. Desvantagens • É oneroso, visto depender de eficiente e constante manejo e monitoramento; • pode exigir grandes áreas, o que nem sempre é possível; • além do que a conservação de uma espécie em um ou poucos locais de ocorrência não significa, necessariamente, a conservação de toda a sua variabilidade genética. • Pode ser considerada uma estratégia complementar à conservação in situ, já que esse processo também permite que as espécies continuem o seu processo evolutivo; • É uma das formas de conservação genética da agrobiodiversidade, um termo utilizado para se referir à diversidade de seres vivos, de ambientes terrestres ou aquáticos, cultivados em diferentes estados de domesticação; • A conservação on farm apresenta como particularidade o fato de envolver recursos genéticos, especialmente variedades crioulas - cultivadas por agricultores, especialmente pelos pequenos agricultores, além das comunidades locais, tradicionais ou não e populações indígenas, detentoras de grande diversidade de recursos fito-genéticos e de um amplo conhecimento sobre eles. Conservação on farm • Esta diversidade de recursos é essencial para a segurança alimentar das comunidades. Dentre os principais recursos fito-genéticos mantidos a campo pelos pequenos agricultores brasileiros estão a mandioca, o milho e o feijão.; • espécies de raízes e tubérculos, plantas medicinais e aromáticas, além de raças locais de animais domesticados (suínos, caprinos e aves, entre outros). A manutenção desses materiais on farm, com ênfase para as variedades crioulas, envolve recursos nativos e exóticos adaptados às condições locais. Conservação on farm Conservação Ex situ: Definição • Conservação Ex situ refere-se à conservação de espécies ou partes destas (sementes, recursos genéticos) fora do hábitat natural de ocorrência (Manders & Byers, 2005) • Ou manutenção artificial sob supervisão humana (Primack & Rodrigues, 2006) • Envolve a remoção de indivíduos de seu hábitat natural para o cativeiro (pequena ou maior escala), com o objetivo de procriação ou para manutenção dos recursos genéticos Objetivos principais • Prover suporte para sobrevivência das espécies em ambiente natural complementar conservação in situ • Estratégia de crise: restituir espécies e indivíduos ao hábitat natural • Quando a espécie não existe mais em hábitat natural única opção é manter em estruturas ex situ (Fontes: Cochrane et al., 2007; Conway, 1995; Hutchins; MCT, 2001; Maunder et al. 2000) Onde é realizada a Conservação Ex situ Fauna: • Zoológicos e aquários • Criadouros científicos (universidades), comerciais e conservacionistas • Fazendas de animais de caça: ex. África do Sul • Museus: ex.: Smithsonian nos EUA Flora • Jardins botânicos • Arboretos • Bancos de sementes • Bancos de “germoplasma” • Herbários (mortos) Por quem é realizada? Empresas ONGs Fundações Indivíduos Governos Quem? Alguns Exemplos Zoológicos e centros provisórios • Zoo de São Paulo: • reprodução em cativeiro de mico-leão preto: prioridade • Colaboração com UFSCar e IPÊ • 1º em novembro de 2015: Centro de Conservação da Fauna Silvestre do Zoo • Unir esforços com conservação In situ e Ex situ • Dados da natureza (FLONA Capão Bonito) para auxiliar viabilidade de Ex situ Mico-leão preto (Kako), Leontopithecus chrysopygus Criadouros: autorizados ( Ibama) • Comerciais: • Fauna comercializável: aves e outros animais de estimação • Conservacionistas: • Fundações • Indivíduos ou famílias Criadouros são pouco funcionais. Exemplo, em SP, resultado de levantamento dos criadouros “conservacionistas” (Pimentel & Tinoco, 2009): De 41 entidades listadas: • 41% ausentes ou falecidos •39% não atenderam a chamada • 7% o responsável havia se mudado • 2% recusaram-se a responder • 2% desativado e • 2% 1 criadouro respondeu. Jardins Botânicos • Cerca de 1500 no mundo; 33 no Brasil • Brasil: São Paulo e Rio Bancos de Sementes • Utilizadas para guardar a variedade de plantas (em especial, cultivares) • Brasil: Embrapa • Freqüentemente = bancos de germoplasma • Ex.: Jardim Botânico do Rio de Janeiro Banco de Germoplasma • Unidades para conservar material genético de uso imediato ou com potencial de uso futuro: in vivo, in vitro • Sem descarte do que não interessa comercialmente • Manter diversidade/ variabilidade genética para uso futuro • Há muitos. Exs.: • Públicos: IF, Esalq, Embrapa • Privados: Coopersucar In vivo In vitro Mudanças na orientação de zoológicos (mas tb Jd. Botânicos) Séc. XIX Séc. XX Séc. XXI Coleção de animais exóticos Parque Zoológico Centro Conservacionista Foco taxonômico, objetivo de lazer. Temas: diversidade e adaptações; Preocupações: cuidados e propagação de espécies; Exibição: gaiolas Foco ecológico, Temas: hábitats e comportamento; Preocupações: manejo de espécies cooperativo, desenvolvimento profissional; Exibição: “dioramas” (pequenas reproduções do hábitat) Foco: ecossistemas, Temas: ecossistemas e sobrevivência das espécies; Preocupações: conservação, redes; Exibição: imersão (Fontes: Rabb & Saunders, 2005) Mudança de postura • Zoológicos vistos como ameaça à conservação por ambientalistas ralo populacional • Iniciativa pioneira do zoológico de Frankfurt na África (conservação local também) • Mais tarde: • Smithsonian Institution: projetos e formação • New York Botanical Garden: projetos, pesquisa conservacionista • Hoje, zoológicos são conservacionistas, parceiros, levantam fundos adote a espécie etc • No Brasil, muitíssimo recente (e incipiente): Sorocaba e SP lembrar do caso do mico-leão preto (há outros exemplos) Aspectos positivos: Exemplos de espécies que sobrevivem apenas em cativeiro no Brasil • Atualmente extinto na natureza devido à destruição de hábitat (cana- de-açúcar) e caça (carne é apreciada) • Últimos registros na natureza em 1978, 1984 e 1987 • Todos descendem de 1♂ e 2♀ capturados nos anos 1970 (problemas genéticos) • População em cativeiro: • , 1979 (5), 60 (1986); 34 (1993); >186 (2012), 220(2017) 2 criadouros particulares • Hibridização com mutum-cavalo (parte pura avaliação genética) • Reintrodução em 2017 (RPPNs) Mutum-do-nordeste ou alagoas (Pauxi mitu) Exemplo de recuperação populacional no Brasil: mico-leão-dourado • Vive na área de baixada da Mata Atlântica do RJ Mico-leão-dourado Leontopithecus rosalia Original Remanescente Exemplo de recuperação populacional: mico-leão-dourado• Histórico: • 1960: 200 indivíduos na natureza • 1991-2 sobreviviam em fragmentos pequenos e degradados de 4 municípios (área de 105 km2):562 indivíduos em 109 grupos • Em 2001 atingiu o milésimo indivíduo: • Estratégia AMLD (www.micoleao.org.br) e Studbook • Reprodução em cativeiro: iniciativa mundial • 1/3 população natural é resultado da reintrodução • Ballou: “agência de matrimônios” genéticos • Translocação de grupos isolados • Proteção e recuperação de hábitat: Mosaico de reservas públicas e particulares (áreas baixas); restauração de MA; suplementação alimentar (bananas) • Passou de criticamente ameaçado para ameaçado em 2003 • 2012: 1700; 2017: 3200 indivíduos Mico-leão-dourado Leontopithecus rosalia (F on te s: O li ve ir a e t al ., 2 0 0 3 ; W W F , 2 0 0 3 ) http://www.micoleao.org.br/ Limitações ou Aspectos Negativos das Estratégias Ex situ (1) 1. Zoos ainda dependem de populações selvagens (ralo populacional?) 2. Foco em espécies carismáticas e importantes economicamente: - Exemplo em São Paulo dos Psitacídeos (papagaios, araras: coloridos) : são grande parte do plantel de aves em instalações ex situ (não necessariamente associado ao nível de ameaça) 3. Porcentagem atual de espécies ameaçadas nas coleções é pequeno Abrangência da conservação ex situ • Cerca de 1 em cada 7 espécies ameaçadas estão abrigadas em Zoológicos • Carisma é importante poucos anfíbios (Fonte: Conde et al., 2011) Limitações ou Aspectos Negativos das Estratégias Ex situ (2) 4. Capacidade de todos os locais é limitada: • 6000 espécies listadas como ameaçadas (fauna) • 500-1000 estimativa daquelas que podem ser mantidas em instalações ex situ (fauna) 5. Poucas espécies são adequadas para reprodução em cativeiro (ex. aspectos comportamentais) 6. Pequena variabilidade genética vulnerabilidade: • Aleatoriedade de todos os tipos • Em especial, problemas associados a populações pequenas: depressão exogâmica e endogâmica Limitações ou Aspectos Negativos das Estratégias Ex situ (3) 7. Muitas espécies não têm mais hábitat reintroduções não são possíveis ou muito custosas (restauração) 8. Custo de manutenção é alto e necessita de fluxo contínuo de R$, mas fundos praticamente não existem (Pritchard et al., 2011) 9. Espécies concentradas em local único suscetíveis a desastres; guerras e instabilidade política de países Por fim: • As três formas de conservação, in situ, on farm e ex situ, são complementares e formam, estrategicamente, a base para a implementação dos três grandes objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica: • i) conservação da diversidade biológica; • ii) uso sustentável dos seus componentes e • iii) repartição dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos
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