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Geomorfologia Dinamica

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Autarquia Belemita de Cultura Desporto e Educação – ABCDE 
 Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco – CESVASF 
 Disciplina: Geomorfologia Dinâmica 
 Prof: Inaldo Moreno de Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Geomorfologia Dinâmica 
Geomorfologia Dinâmica: componentes e conceitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém do São Francisco-PE, 2020 
 
 
INTERAÇÃO HOMEM-AMBIENTE 
 GEODINÂMICA EXTERNA 
 CONCEITOS BÁSICOS 
A seguir são apresentados alguns conceitos fundamentais relacionados à geodinâmica externa, que serão 
citados ao longo do curso. 
HIDROSFERA: camada descontínua de água que se encontra na superfície da crosta no estado líquido ou 
sólido, ocorrendo em bacias e cadeias oceânicas, plataformas e taludes continentais, além de ocorrer na forma 
de geleiras continentais e de montanhas, em rios, lagos e preenchendo fendas e poros dos solos e das rochas. 
ATMOSFERA: camada contínua que envolve o globo terrestre, formada por gases e vapor d’água . Sua 
principal divisão é denominada de troposfera, sendo onde se realizam os processos atmosféricos mais 
importantes para a dinâmica externa. A troposfera está a 9 kms de altitude nos pólos e 18 kms do Equador , 
compondo 95% da massa da atmosfera. 
BIOSFERA: porção do planeta onde se desenvolve a vida, compreendendo cerca de 5 kms da troposfera, a 
hidrosfera até grandes profundidades oceânicas e uma fina camada superficial da crosta. 
INTEMPERISMO: alteração física e/ou química das rochas, que em geral, é acompanhada pelo transporte e 
sedimentação dos materiais intemperizados. 
PROCESSO: em geral conceituado como resultante da ação de um determinado tipo de energia sobre algum 
componente material. Em Geomorfologia, segundo Embleton e Thornes (1979) apud Infanti Jr. & Fornasari 
Filho (1998), é definido como ações dinâmicas ou eventos que envolvem a aplicação de forças sobre certo 
gradiente, sendo provocadas por agentes como: chuva, vento, ondas, marés, rios, gelo, e tc. 
TEMPO: seqüência cumulativa de eventos, medida em incrementos iguais, através de instrumentos ou 
manifestação de fenômenos naturais, movendo-se somente em uma direção, o que implica na não 
reversibilidade dos eventos. 
TAXA: indica a intensidade com que ocorrem mudanças de certo parâmetro em um determinado intervalo de 
tempo, sendo que se deve levar em consideração se o processo estudado é contínuo ou discreto, ou seja, um 
processo contínuo é aquele que sempre é ativo mesmo quando observado em intervalos de tempos muito 
pequenos, em relação ao tempo total de interesse; já no processo discreto há uma interrupção da atividade. 
INCLINAÇÃO: ângulo formado entre um plano inclinado e a horizontal, medido a partir da base. Já a 
declividade é o ângulo de inclinação expresso em porcentagem, a partir da relação entre o desnível vertical e 
o comprimento na horizontal. 
EQUILÍBRIO ESTÁTICO: situação na qual a variável não se altera ou quando as modificações estão 
exatamente balanceadas (entradas - saídas = zero) . 
EQUILÍBRIO DINÂMICO: situação na qual ocorre uma mudança uniforme ao longo do tempo (entradas - 
saídas = constante). 
A seguir veremos informações sobre algumas conseqüências negativas da interação entre o 
Homem e os processos naturais. 
CONSEQÜÊNCIAS NEGATIVAS 
Atualmente, vem crescendo o incentivo e os financiamentos à estudos ambientais, principalmente aos 
relacionados a minimizar as conseqüências sócio-econômicas ocasionadas pelos processos naturais, sendo 
que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu os anos 90, como a Década Internacional para 
Redução de Desastres Naturais. 
As conseqüências negativas da ocorrência dos processos naturais são ocasionadas pela inadequada interação 
do Homem com o ambiente natural, pois como Suguio (1999) afirma "o Homem constitui a razão da 
existência do risco, já que os fenômenos naturais constituem eventos normais e freqüentemente previsíveis". 
Portanto, neste capítulo veremos algumas informações a respeito das conseqüências de acidentes naturais, 
causados por processos da dinâmica externa e interna que vimos anteriormente. 
A figura a seguir apresenta uma estimativa de mortes causadas por acidentes naturais no século XX, que 
atinge um total de 4,08 milhões. Essa estimativa foi realizada pelo Committee for Disaster Research of the 
Science Council of Japan, tendo sido anunciada em 1989. 
 
Pode-se observar na figura a relação entre os 
diferentes processos naturais e as porcentagens 
de perdas de vidas humanas. Cabe destacar as 
enormes conseqüências sociais dos acidentes 
associados aos processos de dinâmica interna, 
mais especificamente dos terremotos (50,9 %), 
das erupções vulcânicas (1,9 %) e das Tsunamis 
(0,5 %). 
Dos processos que mais freqüentemente ocorrem 
no Brasil (escorregamentos e enchentes), no 
quadro mundial apresentado na figura, o 
primeiro mostra um valor bastante modesto em 
relação aos outros processos (0,1 %). Já as 
enchentes apresentam a segunda maior causa de 
mortes (29,7 %) (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 
1999). 
 
 
ESCORREGAMENTOS 
No Brasil não há muitas informações e dados oficiais sobre as conseqüências sócio-econômicas da ocorrência 
de escorregamentos, para que seja elaborado um panorama da situação nacional. Amaral et al. (1993) apud 
Augusto Filho (1995) apresentam uma quantia de cerca de 7,1 milhões de dólares (valores da época), relativa 
aos gastos para realização de obras de contenção de encostas no Rio de Janeiro, no período de 1988 a 1991. 
O Instituto Geológico, órgão ligado a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, mantêm um 
banco de dados atualizado sobre a ocorrência de escorregamentos no litoral paulista. 
A tabela abaixo apresenta um levantamento de acidentes associados a escorregamentos ocorridos no Brasil 
(modificado de Augusto Filho, 1995). 
DATA LOCAL MORTES PERDAS SÓCIO-ECONÔMICAS 
1928 Santos (SP) 60 Destruição parcial da Santa Casa de Santos 
1948 (dez) 
Vale do Paraíba (RJ 
/MG) 
250 Destruição de centenas de casas 
1956 Santos (SP) 43 Destruição de 100 casas 
1966 (jan) Rio de Janeiro (RJ) 100 
1967 (jan) Serra das Araras (RJ) 1.200 
Destruição de dezenas de casas, rodovias e uma usina 
hidrelétrica 
1967 (mar) Caraguatatuba (SP) 120 Destruição de 400 casas 
1971 (abr) Salvador (BA) 104 Milhares de desabrigados 
1972 (ago) Campos de Jordão (SP) mais de 10 Destruição de 60 moradias 
1974 (abr) Maranguape (CE) 12 Destruição de dezenas de casas 
1986 (dez) Lavrinhas (SP) 11 Destruição de casas e pontes 
1988 (jan) Cubatão (SP) 10 
1988 (fev) Petrópolis (RJ) 171 1.100 moradias interditadas, 5.000 desabrigados 
1988 (fev) Rio de Janeiro (RJ) mais de 30 Destruição de dezenas de moradias 
1989 (jun) Salvador (BA) 
cerca de 
100 
Destruição de dezenas de moradias 
1989 (out) São Paulo (SP) 14 
1990 (jul) Recife (PE) cerca de 10 
1990 (out) Blumenau (SC) cerca de 10 Destruição de várias moradias, pontes e vias 
1990 (out) São Paulo (SP) cerca de 10 
1992 
(jan/fev) 
Belo Horizonte (MG) mais de 10 
1992 (mar) Contagem (MG) 36 
Destruição de dezenas de moradias e centenas de 
desabrigados 
1992 (mar) Salvador (BA) 11 
 
 GEODINÂMICA EXTERNA 
 PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL 
Nas próximas páginas veremos os principais processos de dinâmica superficial, com ênfase aos que mais 
ocorrem no Brasil, que são: erosão, movimentos gravitacionais de massa (rastejos, escorregamentos, 
movimentos de blocos e corridas), assoreamento, inundação e subsidências/colapsos. Também destacamos 
alguns processos relacionados aos ambientes costeiros. 
EROSÃO 
IPT (1986) apud Salomão & Iwasa (1995), define erosão como a "desagregação e remoção de partículas do 
solo e/ou fragmentos e partículas das rochas, devido a ação combinada da gravidade com a água, vento, 
gelo e organismos (plantas e animais)". 
Os processos erosivos podem ser divididosem dois grupos principais: 
EROSÃO NATURAL, GEOLÓGICA ou NORMAL: processo natural de denudação e evolução da 
superfície dos terrenos, desenvolvendo-se de forma lenta e contínua, de acordo com as condições de 
equilíbrio de formação do solo. 
EROSÃO ACELERADA ou ANTRÓPICA: processo induzido pela intervenção humana, altamente 
destrutivo, desenvolvendo-se rapidamente, sendo sua intensidade superior à formação do solo, não 
permitindo, desta forma, sua recuperação natural. 
Considerando as atuais condições climáticas do Brasil, os processos erosivos também podem ser dividid os 
em 3 diferentes grupos: 
Erosão Hídrica: processo erosivo geralmente envolvendo o solo, deflagrado pela ação de chuvas, 
compreendendo as seguintes etapas: impacto da chuva, provocando desagregação das partículas; remoção e 
transporte pelo escoamento superficial; e deposição do material formando depósitos de assoreamento. 
Apresenta 2 tipos de processos (clique nas palavras sublinhadas para obter maiores informações): 
 Laminar (em lençol ou superficial): processo de remoção de uma delgada e uniforme camada do solo 
superficial, provocada por fluxo hídrico não concentrado. 
 Linear: decorrente da ação do escoamento hídrico superficial concentrado, desenvolvendo-se em três tipos 
diferentes: Sulcos, Ravinas e Boçorocas. 
Erosão Eólica: consiste na ação combinada do vento e gravidade na desagregação e remoção de partículas de 
solo e rocha, ou seja, o processo ocorre pelo impacto das partículas sólidas carregadas pelo vento desgastando 
outros materiais e/ou pelo transporte de partículas desagregadas. 
Erosão de Leitos Rochosos: consiste na remoção de blocos rochosos pelas flutuações de pressões durante a 
dissipação de energia das quedas d´água, em cachoeiras, corredeiras e falésias. 
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter08a.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter08b.html
 
 
 
 GEODINÂMICA EXTERNA 
 PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL 
 MOVIMENTOS DE MASSA 
Movimentos de massa ocorrem basicamente quando as forças de tração, dadas pela gravidade atuando na 
declividade do terreno, superam as forças de resistências, principalmente as forças de atrito. A principal força 
de tração que causa movimentos de massas é a força de cisalhamento, quando esta supera o atrito , ocorr e o 
movimento. 
Os principais movimentos de massa existentes no Brasil são: rastejos, escorregamentos, movimento de blocos 
e corridas. Os referidos tipos de movimentos são definidos a seguir segundo Infanti Jr & Fornasari Filho 
(1998). 
RASTEJOS (Creep): movimento descendente, lento e contínuo da massa de solo de um talude, 
caracterizando uma deformação plástica, sem geometria e superfície de ruptura definidas. Ocorrem 
geralmente em horizontes superficiais de solo e de transição solo/rocha, como também em rochas alteradas e 
fraturadas. 
ESCORREGAMENTOS: movimento rápido de massas do solo e/ou rocha, com volume bem definido, 
sendo que o centro de gravidade do material se desloca para baixo e para fora do talude, seja ele natu ral, de 
corte ou aterro. Esse processo está associado a ruptura de cisalhamento, devido a o aumento das f orças de 
tensões ou a queda de resistência, em períodos relativamente curtos, podendo ser classificados de acordo com 
sua geometria e a natureza do material, da seguinte forma : 
Escorregamentos Planares (Translacionais): em maciços rochosos o movimento é condicionado por 
estruturas geológicas planares, tais como: xistosidade, fraturamento, foliação, etc. Nas encostas serranas 
brasileiras são comuns escorregamentos planares de solo, com ruptura podendo ocorrer no contato com a 
rocha subjacente. 
Escorregamentos Circulares (Rotacionais): apresenta superfície de deslizamento encurvada, correspondendo 
a movimento rotacional, segundo um eixo. Ocorre geralmente em aterros, pacotes de solo ou depósitos mais 
espessos, rochas sedimentares ou cristalinas intensamente fraturadas. 
Escorregamentos em cunha: movimento ao longo de um eixo formado pela intersecção de estruturas planares 
em maciços rochosos, que desloca o material na forma de um prisma. São comuns em taludes de corte ou 
encostas que sofreram algum tipo de desconfinamento, natural ou antrópico. 
MOVIMENTO DE BLOCOS: deslocamentos, por gravidade, de blocos de rocha, sendo divididos em 4 
tipos básicos : 
 Queda de Blocos: blocos de rochas que se desprendem do maciço e se deslocam em queda livre encosta 
abaixo, podendo ocorrer em volumes e litologias diversas. 
 Tombamento de Blocos: movimento de rotação de blocos rochosos, condicionado por estruturas geológicas 
no maciço rochoso sub-verticais. 
 Rolamento de Blocos: movimento de blocos rochosos ao longo de encostas, que ocorre geralmen te pela 
perda de apoio (descalçamento). 
 Desplacamento: movimento em queda livre ou por deslizamento de blocos rochosos, ao longo de 
superfícies estruturais (xistosidade, acamamento), que ocorre devido às variações térmicas ou por alívio de 
pressão. 
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09a.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09b.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09c.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09d.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09e.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09f.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09g.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09h.html
CORRIDAS (Flow): movimentos gravitacionais na forma de escoamento rápido, envolvendo grandes 
volumes de materiais. Caracterizados pelas dinâmicas da mecânica dos sólidos e dos fluidos, pelo volume de 
material envolvido e pelo extenso raio de alcance que possuem, chegando até alguns quilômetros, 
apresentando alto potencial destrutivo. 
Os mecanismos de geração de corridas de massa podem ser classificados quanto a origem da seguinte forma: 
• Primária: correspondem as corridas de massa envolvendo somente os materiais provenientes das 
encostas. 
• Secundária: corridas de massa nas drenagens principais, formadas pela remobilização de detritos 
acumulados no leito e por barramentos naturais, envolvendo ainda o material de escorregamentos das 
encostas e grandes volumes de água das cheias das drenagens. 
Considerando as características do material mobilizado, as corridas podem ser classificadas em 3 tipos 
básicos: 
Corrida de Terra (earth flow): fluxo de solo com baixa quantidade de água, apresentando baixa velocidade 
relativa. 
Corrida de Lama (mud flow): fluxo de solo com alto teor de água, apresentando média velocidade relativa e 
com alto poder destrutivo. 
Corrida de Detritos (debris flow): material predominantemente grosseiro, constituído por blocos de rocha de 
vários tamanhos, apresentando um maior poder destrutivo. 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL 
 ASSOREAMENTO 
Assoreamento pode ser conceituado da seguinte forma: "processos de acumulação de partículas sólidas 
(sedimentos) em meio aquoso ou aéreo, ocorrendo quando a força do agente transportador natural (curso 
d´água, vento) é sobrepujada pela força da gravidade ou quando a supersaturação das águas ou ar permite 
a deposição de partículas sólidas" . 
Os sedimentos podem ser transportados em suspensão (partículas mais finas), por tração/rolamento 
(partículas mais pesadas) ou saltação (partículas intermediárias), isso para uma mesma velocidade. A 
deposição ocorre quando a energia de fluxo não suporta mais transportar o sedimento, partícula ou fragmento 
de rocha. 
A atuação antrópica vem intensificando e acelerando os processos de assoreamento, não só pela modificação 
da velocidade dos cursosd água devido à implantação de barramentos, como também pelo aumento da erosão 
hídrica, em conseqüência de práticas agrícolas inadequadas, de obras de infra-estrutura insuficientes, entre 
outros aspectos. 
A foto a seguir ilustra uma situação ocorrida em município do interior paulista, em que o processo de 
assoreamento soterrou parcialmente uma casa, em curto período de tempo (alguns dias). Destaca-se que, em 
geral, o assoreamento de uma determinada área se dá gradativamente. 
 
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09i.html
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09j.html
O processo de assoreamento é cada vez mais comum no Brasil, afetando corpos d´água, devido 
principalmente, a intensificação dos processos de erosão, pela ação antrópica. 
As fotos a seguir ilustram o assoreamento ocorrido no mesmo local da foto anterior (Proin/Capes & 
Unesp/IGCE, 1999). 
ANTES 
 
 
DEPOIS 
 
 Os processos de assoreamento acarretam nos seguintes problemas (Oliveira, 1995): 
• Perda de volume de reservatório; 
• Redução da profundidade de canais; 
• Perda de eficiência de obras hidráulicas; 
• Produção de cheias; 
• Deterioração da qualidade da água; 
• Alteração e morte da vida aquática; 
• Prejuízos ao lazer. 
Existem duas situações típicas de abordagem de assoreamento, em: 
Regiões de Solos Arenosos Finos: processos em regiões que apresentam solos arenosos finos, podemos citar 
a região noroeste do Paraná (cidade de Caiuá) e Oeste Paulista (cidades de Presidente Prudente, Bauru, 
Marília, São José do Rio Preto, entre outras). 
Assoreamento de Reservatórios: umas das causas de assoreamento associado a obras de reservatórios é a 
modificação do perfil de equilíbrio do rio, ou seja, a alteração na forma do canal e na capacidade de 
transporte de sólidos, devido à elevação do nível de base a montante da barragem. Isto ocasiona a redução do 
tempo de vida útil do mesmo. 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL 
 INUNDAÇÃO 
A inundação constitui-se em um processo de extravasamento das águas de um curso d´água para áreas 
marginais, ou seja, ocorre quando o fluxo d´água é superior à capacidade de descarga do canal. Já a enchente 
refere-se ao acréscimo na descarga d´água por um determinado período (Infanti Jr & Fornasari Filho, 1998). 
Um dos fatores que mais interferem na ocorrência de inundação é a quantidade e o tipo de vegetação 
existente na bacia de captação da drenagem. A vegetação apresenta o caráter de f acilitar a infiltração das 
águas pluviais para o solo e diminuir a velocidade de escoamento superficial, reduzindo a quantidade de água 
no canal em um mesmo momento, e por conseqüência, diminuindo a possibilidade de ocorrência da 
inundação. Já a interferência antrópicas através de obras que impermeabilização do solo e aumento da 
velocidade de escoamento, contribui para a ocorrência cada vez mais intensa de inundações. 
Para entendermos melhor o fenômeno das inundações é necessário conhecer a dinâmica fluvial. Neste 
contexto, são apresentadas algumas definições: 
CHEIA: constitui as maiores vazões diárias ocorridas em cada ano, sem levar em consideração se causaram 
ou não inundação. 
LEITO MENOR: leito definido pelos diques marginais, sendo que o escoamento de água é constante, 
impedindo o crescimento de vegetação. 
LEITO DE VAZANTE: está encaixado no leito menor, acompanhando a linha de maior profundidade do 
leito (talvegue), sendo responsável pelo escoamento das águas na época de estiagem. 
LEITO MAIOR: corresponde ao leito menor mais a planície de inundação, sendo ocupado nas épocas de 
inundações. 
DIQUES MARGINAIS: constituem depósitos de crista baixas e alongadas acumulados ao longo das 
margens dos rios (Mendes, 1984). 
TERRAÇO: superfície horizontal ou levemente inclinada limitada por declives no mesmo sentido, 
constituindo patamar de depósito sedimentar, modelado pela erosão fluvial, marinha ou lacustre (Guerra, 
1975). 
A figura a seguir ilustra as formas fluviais descritas. 
 
 
Outro conceito fundamental em estudos de inundação é o balanço hídrico. Tal conceito corresponde à análise 
comparativa entre as quantidades de águas que entram (precipitação) e saem (escoamento superficial, 
infiltração e evapotranspiração) do sistema escolhido (bacia ou micro-bacia hidrográfica), levando-se em 
conta as variações das reservas hídricas superficiais e subterrâneas, durante um determinado período de 
tempo, sendo usado freqüentemente o anual (Jorge & Uehara, 1998). 
O termo vazão também é bastante usado nos estudo de inundação, sendo definido por Jorge & Uehara (1998) 
como "o volume de água escoado na unidade de tempo, em uma determinada seção do curso d´ água, 
geralmente expressa em metros cúbicos por segundo (m³/s) ou em litros por segundo (l/s)". 
A seguir podemos observar algumas fotos de inundações no Brasil, causando problemas sociais e econômicos 
(Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 
 
 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL 
 SUBSIDÊNCIAS E COLAPSOS 
O processo de subsidência corresponde ao movimento, relativamente lento, de afundamento de terrenos, 
devido à deformação ou deslocamento de direção, essencialmente, vertical descendente. O colapso apresenta 
a mesma definição, porém apresenta-se como um movimento brusco do terreno. 
Os colapsos de terrenos são considerados os principais causadores de acidentes sérios em regiões cársticas, 
ocasionando mortes até pelo desaparecimento súbito de pessoas tragadas pelo afundamento. Porém, a 
subsidência também causa prejuízos econômicos e mortes pelo desmoronamento total ou parcial de 
construções (Nakazawa, Prandini & Diniz, 1995). 
Os processos de subsidência podem ser divididos em 2 tipos, considerando suas causas, que são: 
PROCESSOS NATURAIS: são causados principalmente pela dissolução de rochas (carstificação) como 
calcária, dolomitos, gipsita e sal; pela acomodação de camadas no substrato, devido ao seu peso ou a 
deslocamentos segundo planos de falhas. 
PROCESSOS ACELERADOS POR AÇÃO ANTRÓPICA: são ocasionados pelo bombeamento de águas 
subterrâneas, por recalques por acréscimo de peso devido a obras e estruturas e por galerias de mineração 
subterrâneas, principalmente em minas de carvão, como é o caso ocorrido em Criciúma (SC). 
Um dos processos que mais ocasionam problemas de subsidência é denominado de carstificação, que é a 
dissolução de rochas por águas subterrâneas e superficiais, formando cavernas, dolinas, etc. A ação antrópica 
pode modificar esse processo de dissolução, através da alteração das propriedades físico-químicas das águas 
(acidificação) ou pela interferência na dinâmica das águas subterrâneas pelo bombeamento das mesmas 
(Infanti Jr & Fornasari Filho 1998). 
Um famoso caso brasileiro relacionado a esse fenômeno aconteceu na cidade de Cajamar (SP), em 1986, 
onde ocorreu o afundamento do solo formando cavidades de 32m de diâmetro e 13m de profundidade. Esses 
afundamentos foram inicialmente associados à processos de carstificação. Porém, estudos posteriores 
mostraram que os referidos processos foram intensificados pelo bombeamento de água subterrânea através de 
poços profundos de grande vazão, que provocaram a migração do solo para ocupar o espaço deixado pela 
retirada da água, ocasionando, por conseqüência, a subsidência do terreno. A figura a seguir esquematiza o 
modelo interpretativo dos fenômenos ocorridos em Cajamar. 
 
As fotos a seguir ilustram algumas conseqüências econômicas do caso de Cajamar, onde dezenas de casas 
foram destruídas ou condenadas (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 
 
 
 
 
PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL 
 
 
As áreas costeiras vêm, ao longo da história, sendo ocupadas de forma bastante rápida e desordenada, 
tornando constante a ocorrência de problemas ambientais, com elevadas conseqüências sócio -econômicas.Um dado que demonstra a intensificação do crescimento humano em zonas costeiras é a presença de 2/3 da 
população mundial vivendo ao longo da costa, sendo que no Brasil 5 das 9 áreas metropolitanas mais 
populosas situam-se nessas áreas (Souza & Suguio, 1986 apud Suguio, 1999). 
Portanto, os estudos ambientais dos processos costeiros vêm atualmente ganhando grande enfoque, 
principalmente porque permitem caracterizar as áreas costeiras e possibilitar um adequado planejamento do 
uso do solo, de modo que tais áreas possam abrigar as grandes demandas de turismo, urbanização e 
industrialização. 
No Brasil, os estudos adequados de áreas costeiras são ainda incipientes. Esta é uma área que deverá 
apresentar grande demanda nos próximos anos, dadas as características do país. 
As fotos a seguir apresentam alguns exemplos da força e da energia dos processos costeiros, que em muitos 
casos causam problemas econômicos às populações locais (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 
 
 
 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
PROCESSOS COSTEIROS 
A figura abaixo apresenta as nomenclaturas mais comuns utilizadas para se referir às zonas costeiras 
(modificada de Infanti Jr & Fornasari Filho, 1998; organizada por Fábio Reis). 
 
 
Com base na figura anterior, veremos a seguir alguns conceitos das morfologias costeiras mais encontradas 
no litoral brasileiro. 
PRAIAS: são formadas por sedimentos soltos, de granulometria variada, compostos principalmente de 
quartzo, contendo ainda feldspatos, fragmentos de rochas, entre outros mine rais. As pra ias são bastante 
dinâmicas, apresentando mudanças de sua configuração dependendo do aporte de sedimentos. Se esse aporte 
for maior do que a saída de sedimentos, ocorre a expansão da linha de costa e, se a entrada de sedimentos for 
menor que a saída, a praia encontra-se em processo de recuo da linha de costa. 
DUNAS: constituem-se de feições formadas de sedimentos arenosos que são transportados pela ação dos 
ventos. Nas zonas costeiras as dunas, ou as denominadas dunas frontais ou ante-dunas, muitas vezes, tem o 
papel de diminuir a energia das ondas, principalmente durante a ocorrência de ressacas. As dunas apresentam 
uma dinâmica bastante complexa, sendo suas migrações influenciadas pela direção dos ventos 
predominantes, que por sua vez depende da conformação costeira. 
MANGUES: morfologia costeira desenvolvida em regiões baixas e abrigadas do litoral, de declividade muito 
suave, inundadas periodicamente, onde ocorre deposição de sedimentos finos, sendo áreas parcialmente 
recobertas por vegetação característica (halófitas). Constituem-se verdadeiros berçários para muitas espécies 
do litoral. Os mangues são extremamente influenciados pelo delicado equilíbrio dinâmico entre as variações 
dos níveis de maré, o aporte fluvial e as taxas de deposição/erosão. 
RESTINGAS: são definidas como cordões arenosos paralelos e de pequena elevação, que protegem costas 
baixas ou fecham pequenas enseadas, estando sua origem ligada ao recuo do mar. Apresentam vegetação 
característica. 
LAGUNAS: correspondem a corpos de água pouco profundos, alongados paralelamente à linha de costa, 
sendo separados do mar por uma barra móvel de areia ou cascalho. A comunicação com o mar é muito 
dinâmica, podendo ser temporária ou permanente, sendo feita por aberturas nas barras. 
FALÉSIAS: são formadas pela ação erosiva das ondas sobre as rochas de uma encosta continental. Seu 
desenvolvimento está associado à escavação causada por pulsões de pressão devido à quebra de ondas, golpes 
de aríete ou compressão do ar em fraturas, que removem os fragmentos rochosos da base da falésia, 
desestabilizando-as e ocasionando o desmoronamento pela ação de seu próprio peso. 
Qual o Papel da Ação Erosiva do Mar na Evolução do Litoral? 
O mar, agente erosivo de grande poder, atua em três fases: erosão, transporte e acumulação. O mar exerce 
erosão porque as ondas atuam fortemente contra as rochas, desagregando-as. Contudo, o papel primordial é a 
ABRASÃO - erosão mecânica das ondas e das marés contras as rochas -, levada a cabo com o material 
arrancado à costa e novamente atirado contra ela. 
 
Fonte: Gomes, A., Boto, A.; (2006).; "Fazer Geografia"; Porto Editora 
Este desgaste provoca um escavamento no sopé das arribas, que, sem apoio, se vão desmoronando. Assim, a 
arriba vai recuando, desenvolvendo-se, assim, uma plataforma de abrasão que f ica a descoberta na maré 
baixa. 
 
 
QQuuaaiiss aass pprriinncciippaaiiss ffoorrmmaass ddee rreelleevvoo lliittoorraaiiss?? 
As que resultam da erosão: 
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** AArrrriibbaa 
** AArrrriibbaa FFóóssssiill 
** CCaabboo 
** BBaaííaass//EEnnsseeaaddaass 
As que resultam da acumulação: 
** PPrraaiiaa 
 **CCoorrddããoo lliittoorraall//RReessttiinnggaa 
** LLaagguunnaa//RRiiaa//HHaaffff DDeellttaa 
** TTôômmbboolloo 
 
 
Fonte: Gomes, A., Boto, A.; (2006).; "Fazer Geografia"; Porto Editora 
QQuuaaiiss aass ddiiffeerreenntteess uuttiilliizzaaççõõeess qquuee oo sseerr hhuummaannoo ffaazz ddoo lliittoorraall?? 
Desde sempre, os países banhados pelo mar têm no litoral um recurso muito importante na medida em que, 
associadas a ele, surgiram importantes atividades como a pesca, a extração de sal, a indústria, o comércio, o 
turismo, entre outras. 
Desta forma, as várias atividades atraíram a população para o litoral, o que levou à intensificação da ação 
humana, que se manifesta por diversas intervenções mais ou menos próximas da linha de costa, e que 
contribuem para alterar o aspecto do litoral. 
Os Riscos Eletivos/ As Ameaças Eminentes no LITORAL 
Quando não há a preocupação de preservar as condições naturais do litoral, estas intervenções humanas 
geram impactos que, na maior parte das vezes originam conflitos entre o desenvolvimento econômico e o 
ambiente. 
* A erosão da costa rochosa, provocada principalmente pela ação abrasiva do mar, o que contribui para o 
recuo da linha de costa e consequente diminuição das praias, podendo mesmo ocorrerem acidentes que lesem 
a vida humana. 
* A pressão urbanística, resultante do turismo que invade os espaços litorais, pode ocasionar problemas 
relacionados com a destruição do cordão dunar; dificuldades na movimentação de areias, interrompendo 
assim o ciclo natural da deposição e do transporte destas pelo mar; A poluição das águas do mar e das praias, 
através dos efluentes domésticos. 
* A instalação de fábricas junto ao litoral pode, se não for acautelado o tratamento dos seus efluentes, 
provocar a degradação ambiental dessas áreas pela libertação de fumos, águas contaminadas e resíduos de 
vária ordem. 
* A extração de inertes, que diminui a sedimentação no litoral; recuo da linha de costa e conseqüente 
diminuição das praias. 
* A extração petrolífera, que pode provocar graves problemas de poluição na área costeira. 
Como proteger o Litoral? 
Para proteger o litoral português é fundamental a elaboração de planos de ordenamento da faixa costeira, 
cujas ações incluam a recuperação das dunas, a estabilização das arribas, a construção de esporões e de 
paredões de proteção das praias, a alimentação artificial das praias, assim como a proibição de 
construção nas áreas de risco.

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