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Iter Criminis (Etapas de realização do delito) Consumação e tentativa - O crime, após ter sido pensado e planificado, passa-se à fase de exteriorização. No primeiro momento, de caráter interno, há cogitação. O segundo compreende atos externos, representados pela preparação, execução e, finalmente, consumação. Os atos preparatórios são impunes. Segundo o art. 14, I, CP, o crime é consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Assim, a consumação delitiva ocorre quando o agente realiza toda a conduta descrita no tipo penal, provocando o resultado quando este for exigido. A tentativa, segundo o art. 14, II, CP, ocorre quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Sendo assim, é a realização incompleta do tipo penal, que não se completa por circunstâncias alheias a vontade do agente. O parágrafo único do art. 14 assim dispõe sobre a punição do crime tentado: “salvo disposição em contrário, pune -se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. Importa frisar que, o momento da consumação e do início da execução são determinados de acordo com o tipo penal. Não caberá tentativa nas seguintes situações: crime culposo - o agente não atua dirigindo sua vontade para produzir um resultado, dessa forma, não há o que falar em tentativa; crime preterdoloso - é o crime que contém o dolo no antecedente e a culpa no consequente, como há culpa no consequente, não se admite tentativa; crime omissivo próprio - consuma-se com o simples não fazer de algo que a norma determina; crime unissubsistente - a ação compõe somente um ato, sendo impossível fracioná-lo; crime habitual - são delitos em que, para se chegar à consumação, é preciso que o agente pratique, de forma reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo. Ou o agente comete a série de condutas necessárias e consuma a infração penal, ou o fato por ele levado a efeito é atípico; contravenção penal. Desistência voluntária e arrependimento eficaz- O art. 15, CP diz que, “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”. Na desistência voluntária, o agente abandona ou desiste voluntariamente da execução do crime quando poderia terminá-la; no arrependimento eficaz, o processo de execução do crime se encontra realizado, tendo o agente que agir para evitar a produção do resultado. No primeiro o autor está ainda na fase de execução do crime, já no segundo, ele tenta evitar que o resultado outrora almejada ocorra. Requisitos da desistência voluntária: objetivo - interrupção definitiva do processo executivo pelo agente; subjetivo - voluntariedade da desistência. Requisitos do arrependimento eficaz: objetivo - impedimento eficaz do resultado; subjetivo - voluntariedade de evitar a produção do resultado. A voluntariedade aqui deve constar como a constatação da possibilidade de escolha entre duas condutas, ausente não só diante da impossibilidade de prosseguir na execução, mas também diante dos riscos a elas inerentes e que não podem ser razoavelmente assumidos pelo agente. A decisão resultar da própria determinação do agente. A isenção da pena só irá ocorrer se o resultado final da ação não se produzir, ainda que o agente tente de todas as forma evitá-los. Nesse sentido, o agente só responderá pelos atos já praticados. Arrependimento posterior - Dispõe o art. 16, CP “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. Os requisitos do arrependimento posterior são os seguintes: Crime praticado sem violência ou grave ameaça: alcança os delitos patrimoniais e não patrimoniais, dolosos ou culposos; Reparação do dano ou restituição da coisa: é necessário que haja a reparação do dano sofrido pela vítima ou a restituição do bem material. No caso de dano à coisa sobre a qual recaiu o crime, é necessário que, efetuada a restituição, ressarça também o agente o dano provocado. A reparação da coisa deverá ser total, porém, aceitando a vítima a reparação parcial, nada impede o reconhecimento da causa de diminuição de pena; Limite temporal: deverá ser realizado até o despacho judicial de recebimento da denúncia ou da queixa; Ato voluntário do agente: o arrependimento deve surgir da conduta voluntária do agente. Crime impossível - “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. O art. 17, CP trata do crime impossível. Trata-se de uma tentativa incapaz de produzir o resultado típico. O crime impossível pode ocorrer por duas razões: Ineficácia absoluta do meio - o meio absolutamente incapaz é aquele que, por sua natureza, é incapaz de produzir o resultado (ex:arma de brinquedo, munição de festim); Absoluta impropriedade do objeto - ocorre quando o objeto não existe ou, nas circunstâncias em que se encontra, torna impossível a consumação (ex: atirar em cadáver, prática abortiva em uma mulher que não está grávida). Cumpre destacar que, quando o meio for relativamente ineficaz e o objeto relativamente impróprio configurará tentativa. Meio relativamente ineficaz é aquele que não operou como esperado (ex: pouco veneno, arma com defeito). O objeto é impróprio quando, ocasionalmente, não está onde poderia ser atingido ou quando um elemento acidental do objeto obsta a lesão (ex: ladrão procura no bolso errado).
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