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Patrícia Negreiro Soares Prova: AV1 Direito Tributário II 1. Em 2015, devido a uma grande enchente que assolou o município X, foi aprovada uma lei que reabria, por um ano, o prazo de pagamento do IPTU já vencido dos contribuintes proprietários de imóveis localizados nas áreas atingidas pela enchente. Com base nessa situação, responda aos itens a seguir: A) Qual o nome do instituto tributário utilizado para ajudar os contribuintes das áreas mais atingidas pela enchente? RESPOSTA: O instituto é o da moratória, que é uma das modalidades de suspensão de exigibilidade do crédito tributário. Caracteriza-se por ser uma prorrogação do prazo de pagamento de tributo pelo ente competente para instituí-lo. Está previsto no Art. 151, inciso I, e nos artigos 152 a 155, todos do CTN. B) A lei poderia ter delimitado a aplicação desse instituto a apenas um conjunto de sujeitos passivos, como fez neste caso, aplicando-o somente aos contribuintes das áreas mais atingidas? Justifique as respostas. RESPOSTA: Sim, a lei que institui a moratória pode delimitar os sujeitos passivos que dela se beneficiarão, na forma do Art. 152, parágrafo único, do CTN. 2. Mévio comprou um computador da loja Varejão Ltda. e ao ver a nota fiscal percebeu que a alíquota cobrada de ICMS era de 18%, mas em função de um erro de cálculo, tal alíquota que deveria gerar um valor de R$500,00 deste imposto, acabou assinalando R$900,00. Pergunta-se: A - É Mévio, consumidor final, parte legítima para requerer a restituição do tributo pago a maior? RESPOSTA: Não, no caso em tela Mévio é contribuinte de fato, O contribuinte de fato não detém legitimidade ativa para pleitear a restituição de valores pagos a título de tributo indireto recolhido pelo contribuinte de direito, por não integrar a relação jurídica tributária pertinente. B - Poderá a empresa Acme requerer a devolução do ICMS pago a maior? Justifique as respostas. RESPOSTA: Sim, por ser considerado contribuinte de direito o contribuinte de direito tem a prerrogativa de legitimidade. O Contribuinte de direito é o sujeito passivo que tem relação pessoal e direta com fato gerador, nos termos do artigo 121, parágrafo único, I, do Código Tributário Nacional. Na cadeia tributária, é quem recolhe o tributo ao Fisco, e tem a legitimidade para requerer a devolução. 3. (adaptado de Exame de Ordem) Baseado em uma efetiva hipótese de calamidade pública, o Presidente da República edita, em março de determinado ano, Medida Provisória instituindo empréstimo compulsório que passará a incidir a partir do mês subsequente. Indaga-se: A) Pode esse empréstimo compulsório ser objeto de impugnação? Justifique. RESPOSTA: Sim. A Constituição da República veda, expressamente, a edição de Medida Provisória para dispor sobre matéria reservada à lei complementar (Art. 62, § 1º, inciso III). E os empréstimos compulsórios só podem ser instituídos por meio de lei complementar (CRFB, Art. 148). B) Qualquer que seja a resposta à questão anterior, deve o empréstimo compulsório observar o princípio da anterioridade? Justifique. RESPOSTA: O princípio da anterioridade é expressamente excepcionado com relação aos empréstimos compulsórios instituídos por força de calamidade pública (CRFB, Art. 150, § 1º, conjugado com Art. 148, inciso I). 4. Diante de ato de autoridade pública, supostamente eivado de ilegalidade, Mévio impetra Mandado de Segurança com pedido de liminar para suspender a exigibilidade do crédito tributário referente ao imposto de renda, que monta em R$ 60.000,00. Deferida a liminar, o Juízo de Primeiro Grau leva 4 anos para julgar o mérito, e, ao fazê-lo, denega a segurança. O contribuinte, então, interpõe Apelação, acreditando que, ao ser recebida no duplo efeito, esta preservará os efeitos da liminar. A Fazenda, por sua vez, ajuíza a competente execução fiscal para a satisfação do seu crédito, que a esta altura já alcança R$ 72.000,00, por estar acrescido de juros de mora e devidamente corrigido monetariamente. Na execução, o contribuinte alega que a mesma deve ser extinta em face da existência de mandado de segurança ainda não transitado em julgado. Pergunta-se: a) Nas condições apresentadas, a Execução Fiscal deve ser extinta sem resolução de mérito? RESPOSTA: Não. A execução fiscal não deve ser extinta sem resolução do mérito porque apelação em mandado de segurança não é recebida em duplo efeito, sendo assim, o crédito passa a ser exigível, podendo, portanto, ser executado. De acordo com a súmula 405, STJ a apelação não tem efeito suspensivo. b) Quais os efeitos da sentença denegatória da segurança? Justifique suas respostas. RESPOSTA: Poderá ocorrer a exigibilidade do crédito com o acréscimo dos juros e mora uma vez que a denegação da segurança tem efeitos ex-tunc. 5. A dívida não tributária poderá ser inscrita na Dívida Ativa da Fazenda Pública? Fundamente sua resposta. RESPOSTA: Em regra não. “O Controle, em tema de administração pública, é a faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro” (Hely Lopes Meirelles (2004, p. 639). tanto a CF quanto a LEF conferiram ao órgão jurídico a competência para a inscrição em dívida ativa por motivos de razoabilidade (lógica e coerência prática), proporcionalidade e legalidade. Compete ao órgão jurídico proceder à execução de todas as etapas da cobrança da dívida ativa (arts. 131, § 3º; 132, da CF e art. 2º, §§ 3º e 4º, da LEF). A norma geral, conforme visto, expressamente consignou que a inscrição se constitui no ato de controle administrativo de legalidade (art. 2º, § 3º, da LEF). Esse controle de juridicidade é ato típico (ROCHA, 2001, p. 185) e privativo da advocacia pública (ao mesmo tempo em que é atividade típica de Estado), não sendo correto que esse controle seja exercido pelo órgão fazendário, sob pena de nulidade.
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