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ÉTICA NA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA E A CRISE DE REPRESENTATIVIDADE

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Ética na política contemporânea brasileira e a crise de representatividade.
CESUPAR
Caroline Glória Rainha
Rafael Nonato
Turma A01
Resumo
O povo brasileiro não possui uma base ética muito forte, que somada com a forma de governo, as disparidades de aspirações, e a busca constante pelo poder, resulta em um país cujo único meio para manter o governo estável é buscar nos inúmeros acordos políticos tal estabilidade. Nesse sentido, outros fatores que apoiam a continuidade do problema surgem durante a reflexão. As soluções por sua vez podem ser mais fáceis ou mais difíceis, e mesmo que nem todas possam ser implantadas é necessário que pelo menos nós reflitamos sobre seus possíveis desdobramentos no âmbito brasileiro.
Palavras-chave: Ética, Crise de Representatividade, Acordos, Soluções.
1. Desenvolvimento:
A formação do pensamento ético brasileiro tem raízes históricas que não contribuem para que haja uma sociedade sensível às imoralidades. Nesse sentido, o povo brasileiro em si, possui fundamentos éticos muito escassos. Partindo desse pressuposto, mesmo que a ética do estado seja diferente da ética de convicção de Max Weber, o Brasil não possui maturidade suficiente para se apoiar em nenhuma delas.
A verdade é que vivemos em uma profunda crise moral no Brasil, é um verdadeiro problema endêmico, são as disputas pelo poder, a impunidade, o povo que não participa ativamente da política. Tudo junto tem como consequência o momento sombrio que estamos passando agora refletido na política do Brasil.
Sartori entende que não dá pra separar as duas éticas justamente porque esse homem inteiramente político, sem suas crenças e preconceitos morais simplesmente não existe.
Não há política pura porque nenhum homem ingressa na ação política se não for impulsionado por crenças e afins [...] Ninguém pode até hoje instituir com êxito uma política genuinamente pura ou uma política inteiramente ética. (SARTORI, 1965 apud GUIMARÃES, 2010. p. 41).
O que podemos entender disso é que, existe uma busca constante de poder daqueles que pleiteiam um lugar no cenário político. Cada homem aspira impor suas crenças como modelo axiológico supremo, o que não é necessariamente um problema, mas no Brasil tende a se tornar por causa do nosso modelo de governo.
No Brasil, a grande maioria das pessoas que vivem da política, são aquelas que estão longe de viver para a política. Em meio a vereadores que só buscam a dimensão monetária, e a prefeitos que mascaram desvios, todo o nosso modelo eleitoral parece estar errado.
Mas de fato, o grande problema da ética no Brasil é o mesmo que também reflete na crise de representatividade: o presidencialismo de coalizão.
O presidencialismo de Coalizão difundido por Abranches como o dilema institucional brasileiro, explica como a nossa história se relaciona perfeitamente com a pluralidade do povo e a busca incessante dos governantes por poder para transformar o governo brasileiro nesse beco sem saída da ética.
No plano macro político verificam-se disparidades de comportamento, desde as formas mais atrasadas de clientelismo até os padrões de comportamento ideologicamente estruturados. Há um claro “pluralismo de valores”, através do qual diferentes grupos associam expectativas e valorações diversas às instituições, produzindo avaliações acentuadamente distintas acerca da eficácia e da legitimidade dos instrumentos de representação e participação típicos das democracias liberais. (ABRANCHES, 1988, p.6)
Nessa perspectiva, é possível entender porque o povo brasileiro possui a crença de que a política é necessariamente corrupta. De certa maneira, no campo brasileiro, ela é. Porque há uma necessidade de concessões entre partidos na formação do executivo, necessidade essa que pode ser observada na seguinte sentença:
Dependendo da distribuição das cadeiras parlamentares entre os partidos, pode tornar-se impraticável formar coalizões mínimas. Se por exemplo, a proporção de cadeiras de um partido não for suficiente para alcançar a maioria simples e a adição de qualquer outro partido ultrapassar esta marca, é inevitável a constituição de uma grande coalizão, se o presidente considerar arriscado, inconveniente ou até mesmo inviável governar com minoria (ABRANCHES, 1988, p. 22)
Em um pensamento ético e moral ideal, nas palavras de Emmanuel Kant “A verdadeira política não pode, pois dar um passo sem antes ter se rendido preito à moral” (KANT, 2004 apud GUIMARÃES), esse seria o esperado, contudo ao observar a realidade brasileira parece que não importa quão boas são as intenções do político, ele necessariamente vai se corromper.
O que poderia ser feito para reverter esse quadro? É certo que um governo sem coalizões não se faz no Brasil, faz parte da nossa formação cultural e social, desde os primeiros governos as grandes alianças podem ser observadas, e a participação política do povo ignorada.
Para que o Brasil finalmente deixe de ser um governo de elite, medidas sérias precisam ser tomadas, principalmente porque se continuar do jeito que está, em alguns anos estaremos todos de mãos atadas, tão dependentes das coalizões que logo, todo o dinheiro da máquina pública estará predestinado antes mesmo de sair do bolso do cidadão.
Para Abranches a solução se encontra em uma reforma geral do modelo político, porque o sistema que nos encontramos atualmente é tão desestabilizado que “a ruptura da aliança, no presidencialismo, desestabiliza a própria autoridade presidencial” (ABRANCHES, 1988, p. 31).
Realmente, como podemos construir um país forte em um chão que parece estar sempre prestes a desmoronar? É um verdadeiro dilema inconstitucional, mas que pode ser resolvido, mesmo que com muita dificuldade. Vejamos o que o nosso cenário político necessita, na concepção de Abranches:
Ele requer um mecanismo de arbitragem adicional [...] de regulação de conflitos, que sirva de defesa institucional do regime – assim como da autoridade presidencial e da autonomia legislativa – evitando que as crises na coalizão levem a um conflito indirimível entre os dois polos fundamentais da democracia presidencialista. (ABRANCHES, 1988, p. 31)
A seguir ele menciona o mecanismo semelhante que havia na época do império, e como a República Velha, que já não tinha, equilibrou-se na política dos governadores.
Assim, partindo desse remédio constitucional proposto, e do que foi apresentado durante o trabalho, podemos formular outras soluções que em conjunto podem ser viáveis para resolver os problemas dissertados.
A princípio, instrumentos que regulem a diversidade, já que as posições contrárias são inevitáveis, esse é justamente um dos pressupostos do ser humano, a diferença. Pois toda essa ambiguidade de aspirações do povo também dá base para que a crise de representatividade perpetue.
Sendo ainda mais radical, uma mudança na forma de representação pode ser uma opção, é notável que essa soma de pluripartidarismo mais o presidencialismo encadeiem as coalizões, mesmo que não seja o fator principal, pelo menos uma reflexão sobre o assunto deve ser feita. Talvez estejamos tão presos ao que já estamos acostumados, que não queremos abrir os olhos para outras possibilidades.
2. Referências:
SARTORI, Giovanni. Teoria democrática, 1965. In: GUIMARÃES, Carlos Nunes. Maquiavel e Max Weber: Ética e Realismo político. Revista de filosofia, ano 2, nº 4, 2010.
ABRANCHES, Sérgio Henrique Hudson de. Presidencialismo de coalizão: o dilema institucional brasileiro. Revista de Ciências Sociais, vol. 31, n. 1, 1988, p. 5 a 34.

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