Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO: Técnico em Secretaria Escolar MÓDULO: II DISCIPLINA: Relações interpessoais: abordagem psicológica TUTORA: Mayara Kétlin N. Jardim NOME: Giselle Ramos Silveira Soares Ildice Aparecida Alves Proietti Karla Gualberto Soares Luciana de Oliveira Martins SEMINÁRIO Unidade 1 – A relação da Psicologia com a Educação O objetivo principal do autor é expor alguns pensamentos sobre psicologia como área do conhecimento. Conhecimento este, que foi construído ao longo das nossas vidas, a partir de nossas experiências. A expressão psicologia deriva das palavras gregas psyché (alma, espírito) e logos (estudo, razão); podemos assim compreendê-la como estudo da alma. O objeto de estudo da psicologia são atos e reações observáveis do comportamento e os processos mentais, tais como: nossos sentimentos, emoções e pensamentos. A vivência do dia a dia nos permite falar sobre muitas questões tratadas pela psicologia, como por exemplo: como o ser humano se desenvolve, aprende e se comporta, e esse conhecimento passou a ser chamado pela psicologia de senso comum; pois se baseia nos hábitos, preconceitos, tradições, cultura, informações passadas de geração a geração e que nos ajuda portanto, a entender sobre as coisas. A história da psicologia se formou a partir de uma sistematização do conhecimento que se valeu da ciência, partindo de um método, de uma maneira de conhecer as coisas, com determinadas regras. A cada época que vivemos, damos uma resposta às nossas questões dependendo dos recursos que a sociedade nos oferece. A ciência moderna busca uma verdade absoluta e passa a exercer um domínio sobre os outros conhecimentos. A psicologia passou a ser considerada uma ciência a partir da utilização dos estudos de laboratório experimentais, principalmente na Europa. Antes disso, era considerada apenas uma parte da filosofia. Assim a psicologia pode ser definida como: “Ciência que estuda o ser humano concreto, em todas as suas expressões e comportamentos, em seus sentimentos, a partir de suas relações sociais e de suas vivências pessoais. Considera o ser humano na sua constituição biológica, social e cultural”. Desse modo, o ser humano se constrói aos poucos, apropriando-se do material do mundo, ou seja, é ativo na sua construção e também em sua modificação. Devemos ficar atentos aos diferentes saberes para podermos entender o homem, que como toda realidade está em permanente transformação. No ambiente escolar a psicologia pode ajudar na solução de problemas. Não com a função de ditar regras e normas para a educação, nem a educação como uma aplicação da psicologia, mas necessariamente com um maior conhecimento da pessoa do aluno em sua instituição. PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: CONEXÃO ENTRE SABERES Unidade 2 – A psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem A unidade explica como se dá o desenvolvimento e a aprendizagem no ser humano. Um dos grandes problemas da psicologia é separar o biológico do social. Entretanto ela estuda a relação do desenvolvimento e da aprendizagem . Deparamos com uma visão de homem, em que os processos de desenvolvimento e aprendizagem estão relacionados e esta relação é explicada de maneiras diferentes na psicologia. A primeira explica que os processos de desenvolvimento são independentes do aprendizado, ou seja, a aprendizagem não fornece impulsos para modificar o desenvolvimento. A segunda, parte do princípio de que o aprendizado é o próprio desenvolvimento. Já a terceira, entende que embora os dois processos sejam vistos como relacionados, eles são diferentes e cada um influencia o outro. Vigotiski (Lev Semionovitch Vigotski, psicólogo, proponente da Psicologia cultural-histórica e pensador importante em sua área e época, foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida) rejeita essas três concepções, para ele, aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados. Ou seja, o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, assim à medida que aprendemos, puxamos o desenvolvimento. O autor enfatiza que o desenvolvimento é um processo descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas. Unidade 3 – A noção de estágios em psicologia do desenvolvimento Nesta unidade iremos estudar a questão das diferenças de personalidade de cada pessoa. Homens e mulheres, cada um do seu jeito de se comportar, devem ser respeitados e considerados no processo de educação no contexto escolar. A escola defendida pelo autor, no plano político-pedagógico, deve levar em consideração as diferenças sociais e os conflitos de classes, visando à construção de um projeto social de transformação. 3.1 Ciclo da vida: infância, adolescência, fase adulta e velhice como construções culturais O conceito de estágio ou etapa tem as suas origens nas noções de idade, de era, de época, de período que são usadas pela humanidade há muitos anos e se conservam até hoje. Encontramos essas divisões quando falamos da formação do universo ou simplesmente quando dividimos o tempo em dias, meses, estações do ano, anos, séculos, etc., ou mesmo quando nos referimos ao tempo de plantio, de colheita. Todas essas classificações são criadas pela constância observada nas mudanças e na evolução dos seres e das coisas. A divisão em etapas diferentes está certamente ligada às necessidades educativas daquilo que devemos aprender para melhor nos adaptarmos à vida. Também encontramos divisões de etapas na história, na geologia e na sociologia, por exemplo. A tarefa do educador é, pois, de orientar, de regular e de organizar o meio socioeducativo, ou seja, ele deve atuar em todos os ambientes da escola como um facilitador da sua própria interação com os alunos e das relações que se estabelecem entre eles. Temos com Karl Marx a descrição dos estágios da evolução da sociedade, cujas formas sucessivas são caracterizadas cada uma por um modo específico de produção: modo antigo, modo escravagista, modo feudal, modo capitalista e modo socialista (MARCONDES, 2007). A noção de estágio ou de etapa apresenta uma utilização muito ampla, aplicando-se a domínios numerosos e diferentes. O que existe de comum entre eles é que todos representam os fenômenos que mudam, que se transformam e que se desenvolvem. A noção de estágio está ligada a do “devir”, ou seja, ao que vai vir a ser. A PSICANÁLISE DE FREUD Para Freud, a sexualidade no homem não é apenas dada pelo desenvolvimento biológico, mas é formada, principalmente, por uma energia que ele chamou de libido, que é motor de busca de satisfação de nossos desejos (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 1999). O que foi bastante revolucionário na sua teoria foi o fato de ter mostrado que o impulso sexual já se manifesta no bebê e tende a uma definição de escolha da atividade sexual no adulto. Em um dos seus escritos mais importante, Três ensaios sobre a sexualidade, Freud (1905) descreveu a sequência típica das manifestações do impulso sexual, distinguindo cinco fases do seu desenvolvimento: oral, anal, fálica, latência e genital. Poderíamos apontar muitas outras contribuições da psicanálise, mas talvez o que nos interessa no momento é sabermos que não temos conhecimento total da nossa consciência, pois ela se encontra dividida em: consciente, pré-consciente e inconsciente. Isso significa que todos os nossos atos, mesmo aqueles aparentemente praticados por acaso, estão relacionados a uma série de causas, das quais nem sempre temos consciência. Foi Freud que tentou explicar porque dizemos coisas que não queríamos dizer. A TEORIA DE PIAGET Jean Piaget é outro dos teóricos de muita relevância no cenário da psicologia do desenvolvimento. Seus trabalhossão reconhecidos no mundo todo e sua contribuição para educação é considerada como essencial (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 1999). A partir dos estudos com crianças, principalmente observando sistematicamente o comportamento dos seus filhos, ele elaborou uma teoria que revolucionou a compreensão do desenvolvimento intelectual. Sua teoria explica o desenvolvimento mental do ser humano no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade. Na sua proposta teórica, o desenvolvimento cognitivo é explicado numa sucessão dos seguintes estágios: sensório-motor (0 a 2 anos); pré-operacional (2 a 6 anos); operações concretas (7 a 11 anos); operações formais (12 anos em diante). Essas idades atribuídas aos estágios não são rígidas, podendo haver grande variação individual. Piaget também contribuiu com uma sistematização do desenvolvimento da moral e sua busca pelo entendimento de o porquê as pessoas davam respostas “aparentemente erradas”, levando-o a questionar os testes de inteligência que eram aplicados na época. A partir desses questionamentos, ele concluiu que as crianças não pensam de modo algum como os adultos (PIAGET, 2003). Seu método de investigação era a entrevista em forma de perguntas do tipo: Por que chove? O que faz o sol brilhar? Quando alguém chuta uma bola, a bola sente dor? Depois ele analisava as respostas das crianças, não para avaliar se estavam certas, mas para entender como elas encontravam soluções para as perguntas. A TEORIA DE WALLON Além de Freud e Piaget, Wallon apresenta uma visão do desenvolvimento que é muito importante para a compreensão do ser humano (PEDROZA, 1993). Nós vamos estudá-la mais detalhadamente para entendermos o processo de formação da pessoa porque ele nos proporciona uma visão do ser humano mais completo, abrangendo os aspectos cognitivos, afetivos e sócios históricos da constituição do indivíduo. Segundo Wallon, a criança e o adulto formam uma unidade indissolúvel. Isso porque o desenvolvimento da criança se dá em direção à vida adulta. É preciso ver a pessoa em uma perspectiva que contemple o passado, o presente e o futuro. Wallon nos mostra a necessidade de concebermos o desenvolvimento como um processo de evolução dinâmica, sempre em movimento e sofrendo mudanças não só quantitativas, mas qualitativas a partir de uma base material, ou seja, do orgânico. Esse desenvolvimento se dá em etapas cada qual com suas características específicas (PEDROZA, 1993). Veja a seguir os estágios de desenvolvimento: Período da Vida Intrauterina – total dependência fisiológica, marcada por reações motoras. Período Impulsivo e Emocional – depois do nascimento. Abrange o primeiro ano de vida; as emoções prevalecem e permitem as primeiras interações da criança com seu meio. Período Sensório-Motor – por volta dos dois anos. Predomínio da exploração do mundo físico e caracterizado pela aquisição da marcha e da palavra. Período do Personalismo – entre três e cinco anos. Período dos confrontos e de formação da autonomia. Período da Puberdade e da Adolescência – antes da idade adulta. Crise comparada à dos três anos com o retorno da atenção sobre sua própria pessoa. Período da Fase Adulta – a pessoa atinge certo equilíbrio entre o desenvolvimento emocional e o intelectual. 3.2 Papel do educador na formação da personalidade do aluno A idade de entrada na escola, em quase todos os países, é dos seis a sete anos, quando a criança, de acordo com as etapas do desenvolvimento, torna-se capaz de reconhecer uma letra que combinando com outras, pode formar sílabas e palavras. Da mesma forma, também é capaz de compreender operações da matemática. Em termos sociais, ela agora deixa de ser função unicamente do grupo familiar e passa a ser uma unidade em condições de entrar em diferentes grupos. A ação educativa não se limita à transmissão de conhecimentos. A escola tem de se dirigir à criança de maneira a atingir toda sua personalidade, respeitando e estimulando sua espontaneidade total de ação e de assimilação. Sendo assim, a educação da inteligência e a da personalidade não podem se dissociar, fazendo-se também necessária a orientação para uma apropriação da cultura. A relação entre o educador e o aluno deve ser de interação. O educador não deve estar ausente do processo de desenvolvimento do aluno, nem se impor de forma autoritária. Ele é o responsável pela organização da relação com os educandos, cuidando para preservar sua espontaneidade. A ele compete ajudar o aluno a se livrar da dispersão que o contato com as coisas provoca em seus interesses ou em sua atividade. Uma das dificuldades da escola é fazer que o aluno tenha interesse nas atividades propostas pelos professores, pois que, muitas vezes, elas não fazem sentido de imediato. Pedir atenção dos alunos para as tarefas da escola é exigir um esforço abstrato que os fatiga excessivamente. Os educadores, portanto, devem procurar descobrir atividades e situações que toquem de perto o aluno, promovendo seu interesse, que é a grande força da atenção. 3.3 A formação pessoal do educador Nosso objetivo nesta seção é refletir a formação do educador no que diz respeito à sua pessoa. Pois bem, todos nós somos o que fomos e o que ainda vamos ser sabendo o que somos agora. Se concordarmos com isso, podemos acreditar que somos seres em constante processo de mudança. Estamos pensando a pessoa do educador em processo de formação, pois entendemos que além das exigências de conhecimento da psicologia, é importante uma formação psicológica no que se refere à pessoa do educador. Isso significa a necessidade de discutirmos como se dá esse processo, principalmente em relação ao desenvolvimento da sua personalidade. O desenvolvimento da personalidade do adulto não foi destaque na psicologia por várias décadas. A concepção dominante, nas teorias e no senso comum, é a de que após o período de turbulência da adolescência, nada de novo acontece no desenvolvimento do adulto. Com o fim da escolarização, com a entrada no mercado de trabalho e a constituição de uma nova família, só resta ao adulto esperar o inevitável fim da vida com a morte. A ideia aqui apresentada de personalidade leva em consideração um sujeito ativo em suas ações que se apoia em sua personalidade para exercer essas ações, ao mesmo tempo em que a partir da própria ação transforma sua personalidade. As relações interpessoais na escola são bastante complexas e, muitas vezes, a rotina das tarefas executadas não permite uma reflexão das nossas ações. Sendo assim, em várias ocasiões não aproveitamos os recursos que temos para educarmos os nossos alunos e agimos de maneira impensada, cansando mais do que o necessário. É fundamental que o educador esteja seguro da sua prática e de si mesmo, como profissional e adulto, para que, ao se sentir ameaçado, não ameace. Só assim, poderá ser respeitado naquilo que faz e ser reconhecido pelos outros. Acreditamos que devemos estar prontos para aprender sempre e poder ser ouvidos em relação as nossas dificuldades, desejos e expectativas no nosso cotidiano, para que a aprendizagem contínua, constitua-se como instrumento constante de inovação e de melhoria da situação pessoal e coletiva dos educadores. Unidade 4 – Temas Transversais Esta unidade trata sobre o que é disciplina e indisciplina, algo que não é nada fácil definir. 4.1 Disciplina e Motivação O conceito do que é indisciplina ou disciplina é complexo, pois não é estático, uniforme, nem universal e trazem consigo uma multiplicidade de interpretações. A palavra disciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que foram aplicadas. O entendimento de disciplina depende, em grande parte, da concepção que se tem do papel do educador no ambiente escolar, se é uma função de simplesmentese garantir a ordem na sala de aula e nos demais espaços da escola, ou se é um mecanismo que contribui com a formação do aluno como um cidadão para o futuro. No primeiro caso, a concepção de disciplina é a tradicional e coincide com a da maioria dos professores que acreditam que disciplina é obter a tranquilidade, o silêncio, a arrumação, a concentração e as posturas corretas. No entanto, esse ponto de vista não é compatível com a educação que se propõe a formar cidadãos, que não pode prescindir da colaboração dos alunos, o que acarretaria na inibição de suas curiosidades, seus interesses e suas iniciativas. Vários podem ser os fatores que dificultam a participação de alguns alunos nessa disciplina coletiva. Muitas vezes, o problema está nas relações do aluno com a classe, com o conteúdo do ensino ou com as pessoas. Em relação ao professor, a hostilidade pode ter sua causa no seu próprio fracasso escolar, na severidade do professor ou nos motivos pessoais originados na família, bem como em função da relação com os colegas. A motivação está estreitamente ligada com a questão da disciplina. Ou seja, falamos na necessidade do processo educativo fazer sentido para o aluno para despertar o interesse na participação do coletivo, tem a ver com a razão pela qual alguma coisa me leva a agir em direção a ele com o fim de obter alguma satisfação. Essa satisfação pode ser de ordem pessoal, social, cognitiva, afetiva e de muitas outras formas, que às vezes não conseguimos identificar. O importante é fazer com que o motivo pelo qual queremos envolver o aluno em uma determinada tarefa, faça sentido para ele. É importante que encontremos o sentido emocional das coisas que fazemos. Sendo assim, é necessário que tenhamos consciência do nosso trabalho para encontrarmos esse sentido emocional e nos sentirmos motivados ao realizarmos nossas tarefas. O ideal a ser atingido na escola é que cada um na sua função, no seu papel, possa exercer um poder de decisão, com a mesma igualdade de direito, sendo educador ou educando, enfrentando-se nas diferenças que cada função exige. 4.2 Gêneros nas relações escolares Desde a infância, homens e mulheres são vistos, concebidos e constituídos de forma diferente. Assim, o estudo dessa diferenciação é primordial na busca da compreensão da constituição do sujeito. Gênero, portanto, é uma dimensão muito importante da formação do ser humano, principalmente no contexto escolar. Quando ouvimos falar de gênero pensamos logo no sexo. Mas quero deixar claro que gênero não é sexo. Podemos definir gênero como sendo a atribuição de um modo de ser que reúne características sociais e culturais de homem ou de mulher (GROSSI & BORDIN, 1993). Mesmo porque sexo está definido pela característica morfológica, ou seja, pelo órgão genital, masculino ou feminino, que são definidos geneticamente. Temos dificuldade em analisar as coisas a partir dessa categoria gênero, uma vez que admitimos que tudo se dá pelo biológico. Sendo assim, acabamos por achar que as diferenças entre homem e mulher são naturalmente dadas e não culturalmente construídas. A escola como espaço de socialização de meninas e de meninos exerce uma grande influência no processo de constituição de gênero. O papel do educador nesse processo é de fundamental importância para dar flexibilidade às regras e os papéis de gênero e levar os alunos a uma reflexão sobre as relações de gênero. Por serem constituídos e constituintes dessa sociedade, os educadores são também permeados pelas concepções acerca do gênero e podem acabar por cair em naturalizações, sendo assim, é necessário um trabalho consistente e reflexivo na formação dos educadores para que eles possam, junto com os alunos, ressignificarem esses papéis de gênero e não permanecerem nos estereótipos que impedem diversidade na construção pessoal de existência. 4. 3 Diversidade cultural no processo educacional Todos nós ao nascermos já fazemos parte de uma cultura que é a forma de organização social de um grupo, com valores, crenças e costumes específicos. O que somos como seres humanos é o resultado da interação dialeticamente estabelecida entre os processos intrapessoais e interpessoais que se constituem e se transformam numa determinada cultura. Na escola ou em qualquer outra instituição educativa, temos um grupo de pessoas, com diferentes funções, que tem em comum o mesmo objetivo que é o de educar os alunos, mas com costumes e crenças diferentes. Estar em grupo não significa ser igual, ter as mesmas ideias e compartilhar as mesmas opiniões. Pelo contrário, a diversidade deve ser vista como possibilidade de enriquecer nossa visão de mundo. O grupo envolve os diferentes participantes da escola e deve ser o espaço de construção do processo democrático. Participar do grupo implica assumir o seu papel, sua função, no enfrentamento dos conflitos com os outros. É fundamental que o educador tenha clareza dos objetivos, papeis e das funções que estruturam o grupo do qual ele faz parte. É extremamente importante olharmos para os grupos formados pelos alunos, para assim podermos entender os comportamentos deles. Eles também vivenciam a diversidade cultural e, portanto, enfrentam conflitos nas diferenças do modo de vida. Nossos alunos adolescentes, por exemplo, muitas vezes são vistos como iguais. No entanto, basta olharmos com mais atenção e vamos ver que eles se organizam em diferentes grupos, que chamamos de “tribos”. Muitas vezes os grupos dos adolescentes são considerados como grupos de oposição aos adultos ou de fuga diante da realidade cotidiana. Vista assim, a tentativa por parte dos jovens para desenvolver atividades coletivas parece representar um perigo às práticas e às normas consagradas pelos adultos, principalmente dentro da escola. Muitos educadores desejariam ter diante de si indivíduos semelhantes e isolados, pois a formação de grupos de jovens tem sido, em geral, vista como estruturas sociais complexas, instáveis, ameaçadas de mudanças e elaboradas por novos valores culturais. As “gangues”, ou o grupo de adolescentes, amplamente estudados pelos psicólogos e sociólogos, são vistos como oposição ao papel do educador e ao conteúdo programático imposto pela escola e que impossibilitariam o processo de aprendizagem. Não são necessários que a diversidade cultural e os conflitos na escola entre adolescentes e adultos sejam vistos como algo negativo, destruidor. Pelo contrário, são formações particulares e não necessariamente hostis a tudo o que é diferente deles. No grupo, o adolescente distingue-se dos outros membros como um indivíduo que tem sua autoestima e constrói sua autonomia. A conquista da autonomia se dá na própria experiência, nas decisões tomadas, sempre em diálogo com o outro. O outro é de extrema importância para a constituição do sujeito em todas as etapas da sua vida. No que diz respeito à autonomia, o educador também deve conquistar a sua. Para isso, o respeito à identidade e à autonomia do educando são fundamentais (FREIRE, 1970). É nessa relação que o educador torna-se sujeito de suas ações e não um objeto manipulado por teorias psicológicas. Quanto mais nos colocamos como sujeitos do processo ensino-aprendizagem, mais capacitados estaremos para a tarefa de educador. Talvez, um dos grandes dilemas na transformação do funcionário em educador seja o sentimento de que ele não possui voz própria, que seu papel na escola resume-se à tarefa, por exemplo, de execução de servir a merenda, de fazer a limpeza ou de ser porteiro. Esse modelo de funcionário explicita o homem alienado, o homem máquina. Tal situação nos leva a refletir sobre as dificuldades que os funcionários encontram para, junto com o grupo da escola, discutir problemas, como reivindicar melhores condições de trabalho. Vimos, portanto, como é importante estarmos atentosao que acontece nas relações entre as pessoas no contexto escolar. Unidade 5 – Contexto social Nesta unidade, o autor nos fala sobre o contexto social em que estamos inseridos, nós e a escola, e nos leva a refletir sobre alguns pontos que estão presentes no nosso cotidiano, que se relacionam diretamente com o dia a dia na escola. O primeiro tema trata do papel da mídia na escola e de como todos os meios de comunicação (rádio, televisão, jornal e cinema) exercem grande influência na vida dos educadores, tanto quanto, na vida do educando. Que o espaço educativo vai além da sala de aula, sendo o papel da mídia de fundamental importância na educação escolar, e a aprendizagem que se estende a diferentes contextos vividos. Cada um dos meios de comunicação tem seu valor e importância, porém a televisão é um dos veículos de comunicação que mais provoca discussões sobre suas consequências na vida dos cidadãos, por alcançar o interesse de entretenimento das pessos, em face de sua alta tecnologia; e tem grande vantagem como concorrente da escola, principalmente por ensinar. Enquanto isso, a escola que aparentemente pretende ensinar, muitas vezes não atinge o seu objetivo, por isso como educadores, devemos ter um olhar crítico sobre o que e como a tv ensina. Tanto a tv quanto a escola nos ensina modos de falar, padrões de comportamento, modos de julgamento, informações sobre diversos assuntos, porém na escola a linguagem privilegiada é a escrita, e na tv é a oral. A tv é um meio tão influenciador, que até mesmo nas novelas nos ditam o nosso modo de vestir, e somos também influenciados, politicamente, em nosso modo de viver e sobre o mundo que vivemos, através dos noticiários apontando os diferentes acontecimentos da nossa sociedade e também de outras. Portanto, acreditamos ser de extrema importância a mídia, se tornando um instrumento que possa contribuir para uma consciência crítica do processo educativo. Se a escola pretende atender a um projeto democrático de sociedade, deve adotar os meios de comunicação como objeto de atividades escolares, explorando o seu uso em benefício da aprendizagem, entendendo que a tv e demais meios de comunicação se tratam de uma linguagem muito presente na nossa cultura. E é primordial o papel da mídia, para que sejam incorporadas às nossas atitudes cotidianas os nossos valores de cidadania e a participação comunitária. Vivemos numa era tecnológica. A mídia é um fator fundamental na vida da sociedade, onde todos os comunicadores são também educadores, e chamados de formadores de opinião por influenciar mudanças na população. Em todo o tempo essa tecnologia influencia a sociedade e, por conseguinte a educação, tanto formal, quanto informal. Devemos cuidar, pois nem tudo na tv é bom para a sociedade e para a educação, e muitas vezes as mensagens são transmitidas de maneira fragmentada ou segmentada, e cuidar principalmente no caso das interferências televisas da mídia na formação do sujeito e o mundo. Na educação, a internet é considerada uma ferramenta completa de aprendizado do mundo e cientificamente, é uma ferramenta indispensável, pois através dela temos o acesso aos mais avançados recursos de pesquisa mundial. Vamos falar um pouco sobre o nosso segundo tema, que é a educação inclusiva, que pela Constituição federal é assegurado a todos os cidadãos à educação básica. Desde o surgimento de noção de educação inclusiva, numa reunião na Unesco em 1994, que as discussões sobre o assunto ganharam força em todos os países, e no Brasil, essa discussão tomou uma dimensão que vai além da inserção dos alunos com deficiência, entendendo que não são os únicos e excluídos no processo educacional. O sistema educacional brasileiro dispunha de dois serviços até o início do século XX: a escola regular e a escola especial, onde o aluno frequentava um ou o outro. E na última década, o nosso sistema escolar converteu-se com a proposta inclusiva, adotando um único tipo de escola, a regular. Com isso, a educação inclusiva passa a compreender a educação especial dentro da escola regular transformando a escola num espaço para todos. A escola regular favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em qualquer momento de sua vida escolar. Sabendo dessas necessidades que podem interferir na aprendizagem, a escola adota uma atitude educativa específica na utilização de recursos e apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos. A educação é um direito de todos e deve ser orientada para o desenvolvimento do aluno e fortalecer sua personalidade. E para se construir uma cidadania, o primeiro passo a ser incentivado é o respeito aos direitos e liberdade do ser humano. Educar todas as crianças no mesmo contexto escolar traz um significado importante para a educação inclusiva. A opção por esse tipo de educação não significa negar as dificuldades dos estudantes e elas serem vistas, não como problema, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças. A respeito da educação inclusiva, o sistema regular de ensino tem demonstrado uma deficiência, priorizando os alunos que na escola, se adaptam ao sistema, além de um número cada vez maior de alunos que, por motivos diversos, fracassam na escola. Por muito tempo acreditou-se que havia um processo de ensino-aprendizagem “normal” a todos os sujeitos, porém àqueles que apresentassem algum tipo de dificuldades, distúrbio ou deficiência eram considerados “anormais”, e denominados de “alunos especiais” e, portanto, excluídos do sistema regular de ensino. A partir dessa concepção de normalidade, passou-se a ter dois processos de ensino-aprendizagem: o normal” e o “especial”. Uma vez que os educadores não conseguem diagnosticar um problema de seus alunos, além daquelas cujas características já são apontadas por qualquer deficiência que o aluno tenha, ou seja, ele atenta apenas ao fato do que o aluno não pode fazer, deixando de reconhecer suas potencialidades. Com isso, o aluno deixa de ser um sujeito que continua a se desenvolver e a aprender. O professor precisa estar preparado para saber lidar com as diferenças, e para se obter o êxito nos desafios da inclusão é necessária uma formação adequada a todos os educadores, adotar um processo de inserção progressiva para que os educadores e alunos com necessidades especiais encontrem a melhor maneira de saber lidar com os obstáculos, superando-os. Em nosso último tema trataremos das relações interpessoais na escola visando uma gestão democrática. Para isso recordaremos das contribuições sobre as relações entre psicologia e educação discutidos anteriormente, e entre todos que fazem parte do contexto da escola. Para que isso aconteça, é preciso a elaboração de um projeto político pedagógico que vise à superação das contradições existentes em nossa sociedade e que promovam o desenvolvimento de uma nova consciência social e de novas relações entre os homens, numa perspectiva mais humanista. A participação de todos que fazem parte do contexto escolar é importante para que esta proposta ocorra, e em especial, necessário dar atenção à nossa formação de educador, para que possamos realmente nos envolver com as mudanças indispensáveis,para a implantação da gestão democrática. E quanto á psicologia, é um instrumento que só pode contribuir com essa proposta, se tiver o compromisso social voltado para a transformação da sociedade. A construção de uma proposta pedagógica transformadora, somente será possível a partir do questionamento da realidade existente e não apenas de sua negação. O currículo, nessa visão, deve ser concebido a partir da compreensão de educação como prática socialtransformadora, baseado na visão de um ser humano ativo, cujo pensamento é construído em um ambiente histórico e social. Quando todos formularem os objetivos desse novo currículo, surge uma nova perspectiva de avaliação de todas as ações, que deve ser a mais abrangente possível, levando em consideração o conhecimento do comportamento e atitudes dos alunos também fora da sala de aula. Muitas vezes, o secretário, ou a merendeira, conhece melhor as motivações e as dificuldades dos alunos do que os professores propriamente dito, daí surge a necessidade de se reconhecer a todos na escola como educadores. Partindo disso, percebemos que uma proposta de gestão democrática revolucionária, necessita da contribuição de todos e somente dessa maneira poderá levar as transformações para a sociedade como um todo. A intenção é construir uma escola mais humanizada, onde todos os funcionários e alunos, num coletivo, cientes de suas capacidades e criatividade, sintam-se participantes e responsáveis pela coisa pública e pela construção de uma nova sociedade. Isso significa resgatar a escola como espaço público, como lugar de debate, de diálogo fundamentado na reflexão crítica coletiva. Importante observar o contexto social em que a escola está inserida e a partir daí utilizar as relações interpessoais na construção de uma educação inclusiva e democrática. E a participação da comunidade deve acontecer de forma efetiva, por meio de atividades que levem pais, alunos, professores e funcionários a perceberem que podem vir a escola para falar, expressar, opinar e não apenas para ouvir e perguntar. Sendo assim, sua participação fica cada vez maior e mais expressiva na comunidade em relação ao projeto da escola. E já que a brincadeira é uma atividade que faz parte do ser humano, é importante que se dê espaço para as atividades lúdicas. Na gestão democrática deve haver compreensão da administração escolar como meio e reunião de esforços coletivos para o implemento dos fins da educação, assim como a compreensão e aceitação do princípio de que a educação é um processo de emancipação humana, que o plano político pedagógico deve ser elaborado através de construção coletiva e que além da formação deve haver o fortalecimento do conselho escolar. Com a aplicação da política da universalização do ensino deve se estabelecer como prioridade educacional a democratização do ingresso e a permanência do aluno na escola assim como a garantia da qualidade social da Educação. A democracia na escola por si só não tem significado, ela só faz sentido se estiver vinculada a uma percepção de democratização da sociedade, envolvendo a todos. SEMINÁRIO Unidade 3 – A noção de estágios em psicologia do desenvolvimento Acreditamos que devemos estar prontos para aprender sempre e poder ser ouvidos em relação as nossas dificuldades, desejos e expectativas no nosso cotidiano, para que a aprendizagem contínua, constitua-se como instrumento constante de inovação e de mel... Unidade 4 – Temas Transversais Esta unidade trata sobre o que é disciplina e indisciplina, algo que não é nada fácil definir. 4.1 Disciplina e Motivação O conceito do que é indisciplina ou disciplina é complexo, pois não é estático, uniforme, nem universal e trazem consigo uma multiplicidade de interpretações. A palavra disciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujei... O entendimento de disciplina depende, em grande parte, da concepção que se tem do papel do educador no ambiente escolar, se é uma função de simplesmente se garantir a ordem na sala de aula e nos demais espaços da escola, ou se é um mecanismo que contr... No primeiro caso, a concepção de disciplina é a tradicional e coincide com a da maioria dos professores que acreditam que disciplina é obter a tranquilidade, o silêncio, a arrumação, a concentração e as posturas corretas. No entanto, esse ponto de vis... Vários podem ser os fatores que dificultam a participação de alguns alunos nessa disciplina coletiva. Muitas vezes, o problema está nas relações do aluno com a classe, com o conteúdo do ensino ou com as pessoas. Em relação ao professor, a hostilidade ... A motivação está estreitamente ligada com a questão da disciplina. Ou seja, falamos na necessidade do processo educativo fazer sentido para o aluno para despertar o interesse na participação do coletivo, tem a ver com a razão pela qual alguma coisa me... É importante que encontremos o sentido emocional das coisas que fazemos. Sendo assim, é necessário que tenhamos consciência do nosso trabalho para encontrarmos esse sentido emocional e nos sentirmos motivados ao realizarmos nossas tarefas. O ideal a ser atingido na escola é que cada um na sua função, no seu papel, possa exercer um poder de decisão, com a mesma igualdade de direito, sendo educador ou educando, enfrentando-se nas diferenças que cada função exige. 4.2 Gêneros nas relações escolares Desde a infância, homens e mulheres são vistos, concebidos e constituídos de forma diferente. Assim, o estudo dessa diferenciação é primordial na busca da compreensão da constituição do sujeito. Gênero, portanto, é uma dimensão muito importante da for... Quando ouvimos falar de gênero pensamos logo no sexo. Mas quero deixar claro que gênero não é sexo. Podemos definir gênero como sendo a atribuição de um modo de ser que reúne características sociais e culturais de homem ou de mulher (GROSSI & BORDIN, ... Temos dificuldade em analisar as coisas a partir dessa categoria gênero, uma vez que admitimos que tudo se dá pelo biológico. Sendo assim, acabamos por achar que as diferenças entre homem e mulher são naturalmente dadas e não culturalmente construídas. A escola como espaço de socialização de meninas e de meninos exerce uma grande influência no processo de constituição de gênero. O papel do educador nesse processo é de fundamental importância para dar flexibilidade às regras e os papéis de gênero e l... Por serem constituídos e constituintes dessa sociedade, os educadores são também permeados pelas concepções acerca do gênero e podem acabar por cair em naturalizações, sendo assim, é necessário um trabalho consistente e reflexivo na formação dos educa... 4. 3 Diversidade cultural no processo educacional Todos nós ao nascermos já fazemos parte de uma cultura que é a forma de organização social de um grupo, com valores, crenças e costumes específicos. O que somos como seres humanos é o resultado da interação dialeticamente estabelecida entre os process... Na escola ou em qualquer outra instituição educativa, temos um grupo de pessoas, com diferentes funções, que tem em comum o mesmo objetivo que é o de educar os alunos, mas com costumes e crenças diferentes. Estar em grupo não significa ser igual, ter ... O grupo envolve os diferentes participantes da escola e deve ser o espaço de construção do processo democrático. Participar do grupo implica assumir o seu papel, sua função, no enfrentamento dos conflitos com os outros. É fundamental que o educador te... É extremamente importante olharmos para os grupos formados pelos alunos, para assim podermos entender os comportamentos deles. Eles também vivenciam a diversidade cultural e, portanto, enfrentam conflitos nas diferenças do modo de vida. Nossos alunos adolescentes, por exemplo, muitas vezes são vistos como iguais. No entanto, basta olharmos com mais atenção e vamos ver que eles se organizam em diferentes grupos, que chamamos de “tribos”. Muitas vezes os grupos dos adolescentes são con... Muitos educadores desejariam ter diante de si indivíduos semelhantes e isolados, pois a formação de grupos de jovens tem sido, em geral, vista como estruturas sociais complexas, instáveis, ameaçadas de mudanças e elaboradas por novos valores culturais. As “gangues”, ou o grupo de adolescentes, amplamente estudados pelos psicólogos e sociólogos, são vistos como oposição ao papel do educador e ao conteúdo programático imposto pela escola e que impossibilitariamo processo de aprendizagem. Não são necessários que a diversidade cultural e os conflitos na escola entre adolescentes e adultos sejam vistos como algo negativo, destruidor. Pelo contrário, são formações particulares e não necessariamente hostis a tudo o que é diferente deles. No grupo, o adolescente distingue-se dos outros membros como um indivíduo que tem sua autoestima e constrói sua autonomia. A conquista da autonomia se dá na própria experiência, nas decisões tomadas, sempre em diálogo com o outro. O outro é de extrema... No que diz respeito à autonomia, o educador também deve conquistar a sua. Para isso, o respeito à identidade e à autonomia do educando são fundamentais (FREIRE, 1970). É nessa relação que o educador torna-se sujeito de suas ações e não um objeto manip... Talvez, um dos grandes dilemas na transformação do funcionário em educador seja o sentimento de que ele não possui voz própria, que seu papel na escola resume-se à tarefa, por exemplo, de execução de servir a merenda, de fazer a limpeza ou de ser port... Tal situação nos leva a refletir sobre as dificuldades que os funcionários encontram para, junto com o grupo da escola, discutir problemas, como reivindicar melhores condições de trabalho. Vimos, portanto, como é importante estarmos atentos ao que acontece nas relações entre as pessoas no contexto escolar. Unidade 5 – Contexto social
Compartilhar