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RESUMO - TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

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RESUMO – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO	
CONSTITUIÇÃO NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
A concepção de constituição ideal foi preconizada por J. J. Canotilho. Trata-se de constituição de caráter liberal, que apresenta os seguintes elementos:
· Deve ser escrita;
· Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais (liberdades negativas);
· Deve conter a definição e o reconhecimento do princípio da separação dos poderes;
· Deve adotar um sistema democrático formal.
SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO
SOCIOLÓGICO
Segundo Ferdinand Lasalle, a Constituição real e efetiva de um Estado consiste na soma dos fatores reais de poder (forças econômicas, políticas e sociais) que vigoram na sociedade.
POLÍTICO
Para Carl Schmitt, a Constituição é uma decisão política fundamental que visa estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. 
Segundo o critério político, a validade de uma constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe dá existência.
JURÍDICO
De acordo com o Kelsen, a Constituição é entendida como norma jurídica pura, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico.
Na concepção de Kelsen, ainda, a Constituição deve ser vista sob dois aspectos:
a) Lógico-jurídico: a Constituição é norma hipotética fundamental que serve de fundamento lógico transcendental de validade à Constituição em sentido jurídico positivo;
b) Jurídico-positivo: a Constituição é norma positiva suprema, que serve para regular a criação de todas as outras. 
CULTURAL
A Constituição total é condicionada pela cultura do povo e, também, atua como condicionante dessa mesma cultura. Trata-se de uma combinação das concepções anteriores de Constituição.
ESTRUTURA DAS CONSTITUIÇÕES 
PREÂMBULO 
É a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem a função de definir as intenções do legislador constituinte. Não é norma constitucional e, portanto, não serve de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade, nem estabelece limites para o poder constituinte derivado. Suas normas não são de reprodução obrigatória pelas constituições estaduais.
PARTE DOGMÁTICA
É o texto constitucional propriamente dito. 
PARTE TRANSITÓRIA 
· Visa integrar a ordem jurídica antiga à nova.
· Suas normas são formalmente constitucionais.
· Pode ser modificada por reforma constitucional.
· Pode servir como paradigma para o controle de constitucionalidade.
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES 
ELEMENTOS ORGÂNICOS
Compreendem as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Ex. Título III - Da Organização do Estado.
ELEMENTOS LIMITATIVOS
Compreendem as normas que compõem os direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação do poder estatal.
Atenção! Os direitos sociais, que são aqueles que exigem prestações positivas do Estado em favor dos indivíduos, não se enquadram como elementos limitativos. Ex. Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, exceto Capítulo II - Dos Direitos Sociais.
ELEMENTOS SOCIOIDEOLÓGICOS
São as normas que traduzem o compromisso das Constituições modernas com o bem-estar social (Estado social, intervencionista, prestacionista). Ex. Capítulo II do Título II (Dos Direitos Sociais).
ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL
Compreendem as normas destinadas a prover:
· a solução de conflitos constitucionais;
· a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. 
Ex. art. 102, I, “a” (ação de inconstitucionalidade) e arts. 34 a 36 (intervenção).
ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE
Compreendem as normas que estabelecem regras de aplicação da constituição. Ex. preâmbulo, disposições constitucionais transitórias e art. 5º, § 1º, que estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
A PIRÂMIDE DE KELSEN
A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu vértice (topo), por ser esta fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais.
Cabe, aqui, algumas observações sobre a hierarquia das normas constitucionais:
a) Normas constitucionais
· Não existe hierarquia entre:
· Normas constitucionais originárias; 
· Normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. 
· As normas constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais, ao passo que as emendas constitucionais o podem;
· As cláusulas pétreas se encontram no mesmo patamar hierárquico das demais normas constitucionais originárias.
b) Tratados e convenções internacionais de direitos humanos
· Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos, aprovados em cada casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, equivalem as emendas constitucionais; 
· Os tratados que versem sobre direitos humanos, aprovados por este rito especial, ingressam no chamado bloco de constitucionalidade;
· Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinário, têm status supralegal.
c) Normas infraconstitucionais
· As normas infraconstitucionais não possuem hierarquia entre si;
· Leis federais, estaduais, distritais, e municipais possuem o mesmo grau hierárquico. Eventual conflito entre elas dependerá da análise da repartição constitucional de competência;
· A Constituição federal situa-se num patamar superior ao das Constituições Estaduais. Essas, por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas; 
· As leis complementares têm o mesmo nível hierárquico das leis ordinárias; 
· As leis complementares podem tratar de tema reservado às leis ordinárias, caso em que serão consideradas materialmente ordinárias, podendo ser alteradas por simples lei ordinária;
· As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares.
d) Regimentos internos
· Os regimentos internos dos tribunais e os regimentos das Casas Legislativas são considerados normas primárias.
SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
	SUPREMACIA FORMAL
	Decorre da rigidez constitucional, isto é, da existência de um processo legislativo distinto, mais laborioso, para elaboração da norma constitucional.
	SUPREMACIA MATERIAL
	Decorre do conteúdo da norma constitucional. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
	CRITÉRIO
	CLASSIFICAÇÃO
	ORIGEM
	Outorgadas: impostas, surgem sem participação popular. Resultam de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante no sentido de limitar seu próprio poder.
Democráticas: nascem com participação popular, por processo democrático.
Cesaristas: outorgadas, mas necessitam de referendo popular.
Dualistas: resultam de um compromisso entre a monarquia e a burguesia, dando origem às monarquias constitucionais.
	FORMA
	Escritas: sistematizadas em documentos solenes.
Não-escritas: normas em leis esparsas, jurisprudência, costumes e convenções.
	MODO DE ELABORAÇÃO
	Dogmáticas: elaboradas em um determinado momento, segundo os dogmas em voga.
Históricas: surgem lentamente, a partir das tradições. Resultam dos valores históricos consolidados pela sociedade.
	ESTABILIDADE
	Imutáveis: não podem ser modificadas.
Rígidas: podem ser modificadas por procedimento mais complexo e solene do que aquele previsto para a elaboração das demais espécies normativas infraconstitucionais; sempre escritas.
Semirrígidas: o mesmo documento constitucional pode ser modificado segundo ritos distintos, a depender de que tipo de norma esteja para ser alterada; alguns artigos do texto (os que abrigam os preceitos mais importantes) compõem a parte rígida, de forma que só possam ser reformados por meio de um procedimento diferenciado e rigoroso, enquanto os demais (que compõem a parte flexível) se alteram seguindo processo menos complexo, menos dificultoso.
	CONTEÚDO
	Materiais: conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais da vida estatal, ainda que fora do texto constitucional escrito.
Formais: conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma constituição rígida, independentemente de seuconteúdo.
	EXTENSÃO
	Analíticas: conteúdo extenso. Contém normas apenas formalmente constitucionais.
Sintéticas: restringem-se aos elementos materialmente constitucionais.
	CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE (pretensão normativa da carta x realidade do processo de poder)
	Normativas: limitam, de fato, o poder, por corresponderem à realidade.
Nominativas: não conseguem regular o processo político, embora esse seja seu objetivo, por não corresponderem à realidade social; embora pretendam dirigir o processo político, não o fazem, efetivamente.
Semânticas: não têm por objeto regular a política estatal, mas apenas formalizar a situação da época. Suas normas são instrumentos para a estabilização e perpetuação do controle do poder político pelos detentores do poder fático.
	FINALIDADE
	Constituições-garantia: objetivam proteger as liberdades públicas contra a arbitrariedade do Estado.
Constituições-dirigentes: traçam diretrizes para a ação estatal, prevendo normas programáticas.
Constituições-balanço: descrevem e registram o estágio da sociedade em um dado momento.
	CONTEÚDO IDEOLÓGICO
	Liberais: buscam limitar o poder estatal.
Sociais: têm como objetivo realizar a igualdade material e a efetivação dos direitos sociais.
	LOCAL DE DECRETAÇÃO
	Heteroconstituições: elaboradas fora do Estado em que produzem seus efeitos.
Autoconstituições: elaboradas dentro do Estado que regem.
	SISTEMA
	Principiológicas: predominam os princípios.
Preceituais: prevalecem as regras.
	OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
	Constituição ubíqua: incorpora em seu texto normas e valores contraditórios.
Constituição chapa-branca: tem o intuito principal de tutelar interesses e privilégios tradicionalmente reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público; busca assegurar posições de poder a corporações e organismos estatais ou paraestatais.
Constituição simbólica: busca tutelar interesses dos grupos mais poderosos, que utilizam a Constituição e o Estado em geral como instrumento para satisfazer seus interesses. A juridicidade da Constituição fica comprometida pela corrupção da normatividade jurídica igualitária e impessoal.
Constituição subconstitucional: admite a constitucionalização de temas excessivos e o alçamento de detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional.
Constituição aberta: é aquela que deixa certas questões intencionalmente não-regulamentadas, para permitir um espaço de livre discussão, decisão e configuração das forças políticas.
Atribui-se viés antidemocrático à panconstitucionalização – excesso de constitucionalização do Direito -, porque, se o papel do legislador se resumir ao de mero executor de medidas já impostas pelo constituinte, nega-se autonomia política ao povo para, em cada momento de sua história, realizar suas escolhas Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto).
CFRB/88
· Rígida
· Prolixa, pelo critério da extensão das matérias contempladas no texto constitucional.
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
A eficácia de uma norma constitucional pode ser considerada não só do ponto de vista jurídico, mas também do social, ocorrendo essa eficácia social a partir do respeito à legislação pela população.
Em regra, as normas constitucionais não possuem efeito ab-rogativo sobre leis e decretos.
NORMAS DE EFICÁCIA PLENA 
Autoaplicáveis: independem de lei posterior regulamentadora que lhes complete o alcance o sentido.
Não-restringíveis: caso exista uma lei tratando de uma norma de eficácia plena, esta não poderá limitar sua aplicação.
Aplicabilidade:
· Direta: não dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos;
· Imediata: estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promulgada a Constituição;
· Integral: não podem sofrer limitações ou restrições em sua aplicação.
NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA 
Autoaplicáveis.
Restringíveis: estão sujeitas a limitações ou restrições, que podem ser impostas por lei, por outra norma constitucional ou por conceitos ético-jurídicos indeterminados.
Aplicabilidade:
· Direta;
· Imediata; 
· Integral. 
NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA 
Não-autoaplicáveis: dependem de complementação legislativa para que possam produzir efeitos.
Aplicabilidade.
· Indireta: dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos.
· Mediata: a promulgação do texto constitucional não é suficiente para que possam produzir todos os seus efeitos;
· Reduzida: possuem um grau de eficácia restrito quando da promulgação da Constituição.
Efeitos negativo e vinculativo
· Tipos:
· Normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: dependem de lei para estruturar e organizar as atribuições de instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição;
· Normas declaratórias de princípios programáticos: estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador infraconstitucional.
	Normas de eficácia contida
	Normas de eficácia limitada
	Estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que a Constituição é promulgada. A lei posterior, caso editada, irá restringir a sua aplicação.
	Não estão aptas a produzirem todos os seus efeitos com a promulgação da Constituição; elas dependem, para isso, de uma lei posterior, que irá ampliar o seu alcance.
INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Interpretar a Constituição significa compreender, investigar o significado do texto constitucional.
Segundo Peter Häberle, a interpretação da Constituição cabe, não somente ao Judiciário, mas aos cidadãos, aos órgãos públicos, à opinião pública e demais grupos sociais (sociedade aberta dos intérpretes).
No que toca à atuação do juiz quanto à interpretação constitucional, despontam duas correntes doutrinárias:
· Interpretativistas: consideram que o juiz não pode, em sua atividade hermenêutica, transcender o que diz a Constituição. Nesse sentido, o juiz deverá limitar-se a analisar os preceitos expressos e os preceitos claramente implícitos no texto constitucional. 
· Não-interpretativistas: defendem que o juiz deve pautar sua atuação em valores substantivos, tais como justiça, liberdade e igualdade. Os resultados da atuação judicial não decorrem de uma interpretação direta do texto constitucional, mas sim da aplicação de valores substantivos à apreciação de um caso concreto. Na ótica não-interpretativista, o juiz goza de um nível bem superior de autonomia, podendo transcender a literalidade da Constituição. 
Desta última corrente advém a noção de Constituição aberta: a Constituição não pode ser um sistema fechado; ela deve captar a evolução dos valores da sociedade, sob pena de perder sua força normativa, tornando-se desconectada da realidade.
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Método jurídico (hermenêutico clássico)
Ernst Horsthoff. A Constituição é uma lei como qualquer outra, devendo ser interpretada usando as regras da Hermenêutica tradicional, ou seja, os elementos:
· literal: textual, analisa o texto em sua literalidade;
· lógico-sistemático: considera o sistema em que se insere a norma, relacionando-a com outras concernentes ao mesmo objeto; busca identificar o âmbito de vigência material da norma segundo o contexto do sistema que ela integra; 
· histórico: avalia o momento de elaboração da norma (ideologia então vigente);
· teleológico: busca a finalidade da norma;
· genético: investiga a origem dos conceitos empregados na Constituição. 
Método tópico-problemático
Theodor Viehweg. Há prevalência do problema sobre a norma. Busca-se solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma constitucional.
Este método toma a Constituição como um conjunto aberto de regras e princípios, dos quais o aplicador deve escolher aquele que seja mais adequado para a promoção de uma solução justa ao caso concreto que analisa.
Método hermenêutico-concretizador
Konrad Hesse. A leitura do texto constitucional inicia-se pela pré-compreensão do aplicador do direito, a quem compete efetivar a norma a partir de uma situação histórica para que a lide seja resolvida à luz da Constituição, e não de acordo com critériossubjetivos de justiça. A espiral hermenêutica, criada por Konrad Hesse, pertence ao método hermenêutico-concretizador de interpretação das normas constitucionais.
	Método tópico-problemático
	Método hermenêutico-concretizador
	Primazia do problema sobre a norma
	Primazia da norma sobre o problema
Método integrativo ou científico-espiritual
Rudolf Smend. A interpretação da Constituição deve considerar a ordem ou o sistema de valores subjacentes ao texto constitucional, ou seja, deve basear-se na cultura do povo que se encontra sob o seu domínio, fazendo referência aos valores subjacentes que lhe deram origem. A Constituição deve ser interpretada como um todo, dentro da realidade do Estado (método de cunho sociológico). 
Método normativo-estruturante
Para Friedrich Muller, texto e norma não se confundem, de modo que é possível interpretar as normas constitucionais partindo-se do caso concreto sem que se corra o risco de encontrar um vazio jurídico ao subsumir o fato à norma.
De fato, a norma constitucional não deve ser entendida apenas como texto normativo, uma vez que ela é composta principalmente pela realidade social sobre a qual incide. A norma jurídica é diferente do texto normativo: aquela é mais ampla que este, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto seu texto quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto). A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto. 
PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Princípio da unidade da Constituição
O texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais. Assim, não há contradição verdadeira entre as normas constitucionais: o conflito entre estas é apenas aparente. Ou, em outras palavras, não há antinomias reais no texto da Constituição; as antinomias são apenas aparentes. Deve-se considerar a Constituição como um todo, e não se interpretar as normas de maneira isolada. Além disso, com base neste princípio, não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais.
Princípio da máxima efetividade (da eficiência ou da interpretação efetiva)
O intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior efetividade social.
Princípio da justeza ou da conformidade funcional ou, ainda, da correção funcional
O órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a uma conclusão que subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo constituinte.
Princípio da concordância prática ou da harmonização
Impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É geralmente usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais.
Princípio do efeito integrador ou eficácia integradora
Konrad Hesse. Busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência às determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política.
SITUAÇÕES CONSTITUCIONAIS IMPERFEITAS
Diz respeito aos casos em que há uma atenuação de declaração da nulidade, haja vista que preserva uma interpretação possível que se mostra compatível com o texto constitucional. São exemplos a interpretação conforme a constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto.
Interpretação conforme a constituição
Esse princípio, criado pela jurisprudência alemã, se aplica à interpretação das normas infraconstitucionais, podendo ser aplicado em decisões sobre constitucionalidade de emendas constitucionais.
Trata-se de técnica interpretativa, cujo objetivo é preservar a validade das normas, evitando que sejam declaradas inconstitucionais. Ao invés de se declarar a norma inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à constitucionalidade.
Não é aplicável às normas que tenham sentido unívoco (apenas um significado possível).
A interpretação conforme não pode deturpar o sentido originário das leis ou atos normativos. Não é possível ao intérprete “salvar” uma lei inconstitucional, dando-lhe uma significação “contra legem”.
Tipos de interpretação conforme
a) Interpretação conforme com redução do texto: 
Nesse caso, a parte viciada é considerada inconstitucional, tendo sua eficácia suspensa. Como exemplo, tem-se que na ADI 1.127-8, o STF suspendeu liminarmente a expressão “ou desacato”, presente no art. 7º, § 2º, do Estatuto da OAB. 
b) Interpretação conforme sem redução do texto: 
Nesse caso, exclui-se ou se atribui à norma um sentido, de modo a torná-la compatível com a Constituição. Pode ser concessiva (quando se concede à norma uma interpretação que lhe preserve a constitucionalidade) ou excludente (quando se exclua uma interpretação que poderia torná-la inconstitucional). 
Sobre o tema, vale mencionar as sentenças interpretativas de rechaço que, em simples termos, seriam aquelas em que, diante de um dispositivo que comporta duas ou mais interpretações (norma plurissignificativa), sendo uma conforme e a(s) outra(s) contrária(s) à Constituição, a Corte rechaça a(s) interpretação(ões) contrária(s), adotando apenas àquela conforme à Constituição. Com efeito, deixa-se de declarar a inconstitucionalidade da norma, que sobrevive, porém, agora, com sentido unívoco ou, ao menos, menos denso em possibilidades interpretativas.
DECISÕES INTERPRETATIVAS EM SENTIDO ESTRITO
Sentença interpretativa de rechaço: 
A Corte adota a interpretação conforme a CF e repudia qualquer outra que a contrarie.
Sentença interpretativa de aceitação
A Corte ANULA (caráter definitivo e erga omnes) uma decisão de instancia ordinária que adotou interpretação ofensiva à CF.
DECISÕES MANIPULATIVAS/MANIPULADORAS/NORMATIVAS
Sentenças Aditivas/ De Efeito Aditivo
A Corte declara inconstitucional certo dispositivo, não pelo que expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência. Ex. possibilidade de aborto de anencéfalos, greve dos servidores públicos
Sentenças Substituíveis
A Corte anula norma e substitui por outra, essencialmente diferente, criada pelo próprio tribunal. Ex. Substituição da taxa prevista no Decreto-Lei 3.365/41 pela prevista na Sumula 618 do STF
PODER CONSTITUINTE
CONTEXTO HISTÓRICO
· Século XVIII.
· Emmanuel Sieyès.
DEFINIÇÕES
Poder Constituinte: é aquele que cria a Constituição.
Poderes constituídos: são aqueles estabelecidos pela Constituição, ou seja, são aqueles que resultam de sua criação. 
TITULARIDADE 
O titular do Poder Constituinte é o povo.
FORMAS DE EXERCÍCIO 
a) Democrática ou por convenção
Quando o exercício do Poder Constituinte se dá pelo povo, por via:
(i) Direta: o povo participa diretamente do processo de elaboração da Constituição, por meio de plebiscito, referendo ou proposta de criação de determinados dispositivos constitucionais;
É correto dizer que se fala em procedimento constituinte direto, quando o projeto elaborado pela Assembleia só obtém validade jurídica por meio da aprovação direta do povo, que se manifesta através de um plebiscito ou de um referendo.
(ii) Indireta: a participação popular se dá indiretamente, por meio de Assembleia Constituinte, composta por representantes eleitos pelo povo. 
b) Autocrática ou por outorga
Quando o exercício do Poder Constituinte se dá pela ação de usurpadores do poder.
Note que em ambas as formas a titularidade do poder constituinte é do povo. O que muda é unicamente a forma de exercício deste poder. 
TIPOS DE PODER CONSTITUINTE 
A) Poder Constituinte Originário 
Também denominado poder constituinte de primeiro grau ou genuíno, traduz-se no poder de criar uma Constituição.
· Características
Político: trata-se de um poder de fato (e não um poder de direito). É extrajurídico, anterior ao direito.
Inicial: dá início a uma nova ordem jurídica, rompendo com a anterior.
Incondicionado: não se sujeita a qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua manifestação.Permanente: pode se manifestar a qualquer tempo; não se exaure com a elaboração de nova constituição; continua presente, ainda que em estado de latência.
Ilimitado juridicamente: não se submete a limites determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidadãos, por exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento jurídico anterior. Por esse motivo, o STF entende que não há possibilidade de se invocar direito adquirido contra normas constitucionais originárias
Autônomo: tem liberdade para definir o conteúdo da nova Constituição. Destaque-se que muitos autores tratam essa característica como sinônimo de ilimitado. 
· Classificação
a) Quanto a momento de sua manifestação:
Histórico (fundacional): responsável pela criação da primeira Constituição de um Estado;
Pós-fundacional (revolucionário): cria uma nova Constituição para o Estado, em substituição à anterior.
b) Quanto às dimensões:
Material: antecede o momento formal; é o poder material que determina quais serão os valores a serem protegidos pela Constituição;
Formal: sucede o poder material e fica caracterizado no momento em que se atribui juridicidade àquele que será o texto da Constituição; consagra a opção escolhida no plano normativo.
B) Poder Constituinte Derivado 
Também denominado poder constituinte de segundo grau, consiste no poder de modificar a Constituição Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais.
Uma vez aprovada proposta de emenda constitucional pelo Congresso Nacional em exercício do seu poder constituinte derivado reformador, não haverá sanção ou veto pelo presidente da República (CF, art. 60, §3º, CF).
· Características 
Jurídico: é regulado pela Constituição, estando, portanto, previsto no ordenamento jurídico vigente. 
Derivado: é fruto do poder constituinte originário.
Limitado ou subordinado: é limitado pela Constituição, não podendo desrespeitá-la, sob pena de inconstitucionalidade. 
Condicionado: a forma de seu exercício é determinada pela Constituição. Assim, a aprovação de emendas constitucionais, por exemplo, deve obedecer ao procedimento estabelecido no artigo 60 da Constituição Federal (CF/88). 
· Classificação
Poder Constituinte Reformador: consiste no poder de modificar a Constituição;
Poder Constituinte Decorrente: é aquele que a CF/88 confere aos Estados de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições.
Ambos devem respeitar as limitações e condições impostas pela Constituição Federal.

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