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Cultura Religiosa

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1) A – O que é religião? B – Qual a diferença de religiosidade? C – Qual o papel de uma ou de outra na dinâmica humana?
A – A Religião pode ser definida como uma postura intelectual ligada a uma ou a varias crenças que moldam o comportamento ou a moral de um ser humano. Religião se refere a acreditar em um poder ou princípio superior ou sobrenatural do qual pode depender o destino do ser humano e o qual o homem deve algum tipo de respeito ou obediência. Ao olhar a história vemos que a região tomou diversas formas e durante séculos o homem busca agradar um ser ou entidade superior de diferentes formas. Em um breve balanço podemos notar que milhões de pessoas mataram ou foram mortas em nome uma crença, milhares investiram vidas inteiras em sacrifícios ou peregrinações, enquanto outros milhões optam por vidas cheias de renúncia ou reclusão – tudo em nome de alguma religião. Mas nem sempre a religião toma forma extremas. Com o avança da civilização a religião foi se institucionalizando, criando crenças, ritos e credos, mas de forma forte influenciando toda a civilização. O mundo ocidental, por exemplo, tem sua cultura fortemente enraizada nos costumes e credos judaico-cristãos, e de forma indivisível molda nossas leis e costumes. Quando se institucionaliza (por meio de organizações, sociedades, comunidades e igrejas) a religião possui ainda mais poder, ditando regras para membros serem aceitos em suas comunidades e se manterem unidos e mais fortes. Com uma religião estabelecida por regras próprias, condigo de conduta e liderança assume-se um papel de forte influência em seus membros, moldando por meio de medo e esperança um padrão de comportamento esperado para aquele grupo de pessoas.
B – Religiosidade é a busca de uma compreensão maior de nossos objetivos na vida, as razões de nossa existência, o destino de nossa existência após nosso fim. No entanto, enquanto na religião existe a necessidade de estar vinculado a uma instituição ou padrão de crença ou rito, na religiosidade em seu sentido mais amplo se refere a numerosos aspectos de comportamentos que podem não estar presos necessariamente a uma instituição mas que também visam o entendimento de questões profundas e também moldam nossa moral e comportamento. Religiosidade envolve fatores que moldam nossa cognição (saber e entender), fatores que moldam nossos sentimentos (tangíveis) e comportamento (ações, comportamento religioso e comportamento participativo na sociedade). 
C – O papel da religião e da religiosidade são fundamentais na construção da sociedade humana como a conhecemos, e a relação entre elas é vital. Mas a princípio podemos afirmar que uma pessoa que possui religiosidade pode não ter uma religião (do ponto de vista ritualístico e organizacional), pois com sua religiosidade pode buscar e encontrar bons padrões de moral, comportamento e respostas para suas questões na vida. Por outra lado uma pessoa com religião necessita de religiosidade para manter-se engajada nos dogmas e costumes de sua religião, pois fazer parte de uma religião organizada é fazer parte de uma comunidade com regras e crenças próprias e possuir religiosidade é fundamental para ser fiel a sua religião.
2 – A - Por que a consciência do tempo nos leva a consciência da morte? B - Qual o papel desta consciência no surgimento da religiosidade?
A - O conceito de tempo não está apenas preso no contexto de experiência. O tempo e o passar dele está intimamente ligado a consciência de nossa própria existência. Quanto mais amadurecemos, ganhamos entendimento das consequências do passar do tempo, e principalmente de como nós somos totalmente afetados por isso e não possuímos nenhum controle sobre ele. Com a tecnologia que conhecemos hoje, somos incapazes de parar, retornar ou avançar no tempo, e com esta certeza nos deparamos com nosso maior medo – a inexistência, por meio da morte. Como exemplo, sobre consciência do tempo, podemos afirmar que provavelmente a grande maioria de todos que conhecemos hoje estão mortos em 70 anos e que certamente TODOS estarão mortos em 100. E é exatamente esta visão de quão insignificante somos em nossa existência (um ponto entre duas eternidades) que a consciência do tempo nos dá.
B – O papel de nossa consciência de nossa finitude e da brevidade da nossa vida é o alicerce para a construção da religiosidade. Animais não tem consciência de sua existência, todo animal é eterno na concepção de si mesmo. Por outro lado a certeza consciente de nosso morte nos leva a questionamentos profundos sobre a razão de nossa existência, o sentido da vida, o sentido da forma como tratamos e nos relacionamos com nosso próximo e com o meio ambiente em que estamos inseridos. Passamos a buscar e a achar formas reconfortantes e termos um proposito na vida, até mesmo uma recompensa. É aconchegante acreditar que se tivermos determinados padrões de comportamento (especialmente os moralmente exemplares) teremos algum tipo de recompensa, e que de certa forma vencemos o tempo, em essência, a religiosidade te faz acreditar na possibilidade de vencer o tempo, ao final de alguma forma você é ressuscitado, ou imortalizado, ou reencarnado ou liberado de um ciclo de reencarnação, enfim a religiosidade de proporciona ferramentas emocionais para lidar com a finitude previsível de sua vida.
3 – Elabore um paralelo de posturas que, de um lado ajudam e, de outro, que impedem a boa convivência entre pessoas com concepções religiosas distintas. Em sua resposta considere também as posturas agnósticas e ateístas. Em seguida mostre o que gera conflito beligerante (violento) entre as pessoas e o que é necessário para cultivarmos a cultura de paz
A boa convivência entre religiões distintas tem se mostrado um desafio, embora, teoricamente deveria ser contrário. Teoricamente, pessoas religiosas que são doutrinadas em conceitos de amor e tolerância deveriam conviver melhor entre si, mesmo com diferenças, mas nem sempre isso acontece.
Fatores que ajudam a boa convivência entre religiões distintas: a religião te ajuda o construir consciência, a religião de propicia entender o quanto faz parte de uma sociedade, e que como membro de uma sociedade você possui responsabilidades. Em sua essência as religiões visam fortalecer o núcleo familiar, fortalecer a relação de amor e respeito entre pais e filhos, bem como maridos e esposas. Além de estabelecer e fortalecer o núcleo familiar a religião te coloca um papel na sociedade em que está vivendo. Estabelece que há autoridades tanto governamentais humanas como espirituais. E que como individuo você possui responsabilidades perante estas autoridades. Desta forma você é moldado para ser um melhor cidadão, respeitador de leis e princípios para com leis humanas e divinas. Em resumo a religião por meio de seus ensinamentos busca controlar de sociedade para ter melhores pais, mães, cidadãos e trabalhadores, e mesmo quando em parte, estes princípios são acolhidos, há uma evolução nos padrões de convivência entre as pessoas.
Fatores que impedem a boa convivência entre religiões distintas: o erro na interpretação de alguns ensinamentos ou o radicalismo em seguir ao “pé da letra” (literalmente) algumas afirmações. Aqui vou me ater a alguns exemplos disso baseado nas religiões irmãs (Cristianismo/Judaísmo/Islamismo).
Conceitos extraídos do seu contexto de forma errada ou interpretações equivocadas se mostraram uma grande barreira não só para a boa convivência entre as pessoas, mas até mesmo para a paz mundial. Exemplos: “povo de deus escolhido na terra” (Colossenses 3:12), “Quem não está comigo, está contra mim” (Mateus 12:30), “não vim trazer paz, mas espada” (Mateus 10:34). Apenas estes três exemplos mostram o quanto estas frases podem ser inflamáveis e trazer argumentos para intolerância e ataques a quem pensa diferente. No contexto de fundamentalismo criado por religiões extremistas o princípio é: “Minha religião me faz melhor que você, e para minha forma de pensamento prevalecer a sua forma de pensamento deve ser destruída”. Tal conceito fértilno campo do fundamentalismo, permitiu desde cruzadas a até atentados terroristas sendo uma grande barreira para convivência entre pessoas.
Há ainda os ateus e agnósticos (Ateu não acredita em deus e nega sua existência, agnóstico afirma que é impossível afirmar com certeza se Deus existe ou não) que estão inseridos na sociedade. Importante frisar que o fato de alguém ser ateu ou agnóstico não tira destas pessoas a consciência do tempo e da finitude de sua existência. Obviamente o fato de serem ateus ou agnósticos não os transforma em pessoas criminosas e perigosas para a sociedade. Ao passo que não estão vinculados formalmente a organizações religiosas formais, ou a dogmas estabelecidos por credos ou livros sagradas, os ateus e agnósticos sabem que estão inseridos em um sociedade guiada por leis e constituição e também possuem consciência de sua responsabilidade e papel, onde há causa e consequência para suas ações, e que apenas não estando ligados formalmente a uma forma de pensar imposta por uma comunidade religiosa.
Neste contexto, o que se faz necessário para evitar conflitos beligerantes e promovermos a cultura de paz é conhecimento e tolerância. Conhecimento de entender o contexto de muitas das tradições de cada região, conhecimento de compreender que foram escritos em outros séculos, para pessoas que viviam debaixo de outra cultura e em outras nações (Exemplo: muitos escritos sagrados são de 20 a 35 séculos atrás, escritos para pessoas que viviam em Babilônia, Egito, Pérsia, Roma, Israel, Síria). É fundamental termos discernimento para entender que muitas coisas escritas tinha um motivo, uma lógica e um contexto para aquela ocasião e não são imputáveis aos dias de hoje. Tolerância para entender que é normal e esperado cada individuo optar por sua religião e religiosidade e que a compreensão da pluralidade de pensamentos e costumes enriquecerão a humanidade com cultura e conhecimento.
4 – Explique com suas palavras, o porquê buscar construir um sentido para a vida e como a religião pode ser uma mediação histórica para esta busca-construção
Buscar um sentido para a vida é o que nos diferencia dos animais. Buscar um sentido para a vida é o que nos ajuda a sermos pessoas melhores, como cidadãos, membros de uma família ou equipe de trabalho. É este sentido na vida nos impede de sermos um bando de caçadores coletores vagando pela terra unicamente em busca de alimento, procriação e segurança para dormir apenas. O sentido pela vida nos estimula a sermos pessoas melhores e do ponto de vista histórico, nos permitiu deixarmos de ser nômades para dominarmos agricultura, estabelecer residência, criar impérios, buscar novos horizontes, novos conhecimentos e ultrapassarmos novas fronteiras geográficas e de conhecimento.
E qual o papel da religião nisso? Do ponto de vista histórico a religião é o grande propagador de um sistema de causa e consequência totalmente impregnado no homem. Desde a regra de olho por olho e dente por dente, estabeleceu-se o conceito de que tudo o que fizer haverá uma recompensa ou uma punição. Desta forma a religião passa a trabalhar com dois grandes pilares do homem: medo e esperança (Medo da punição = morte. Esperança na recompensa = vida), e isso passa a determinar o processo decisório do homem em seu comportamento, das pequenas e simples até as grandes decisões. E este padrão não é necessariamente ruim, pelo contrário, para um número incalculável de pessoas a construção destes padrões realmente colaboram para sua evolução, onde na falta de uma orientação e imputação de bons valores, é exatamente a religião e sua mediação histórica por busca e construção do individuo que enriquecem seu desenvolvimento como ser humano.

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