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A Imunização de Impostos conforme o artigo 150 VI da Constituição Federal A constituição traz uma imensa lista de imunidades previstas no art. 150, VI, convenhamos a ressaltar que as imunidades nesse artigo. As hipóteses de imunidades previstas no artigo citado são: 1- Imunidade Reciproca A imunidade da alínea “a” é chamada de imunidade reciproca, pois a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem cobrar impostos sobre o patrimônio, renda ou serviço, um dos outros. Em preceito decorre do princípio do pacto federativo que pressupõe a autonomia dos entes públicos conforme a dicção do artigo 18 da CF/88. As autarquias e as fundações públicas também são imunes desde que pratiquem atividade vinculada as suas finalidades essenciais nos termos do art.150 § 2 da CF. Ademais prevê o § 3 do mesmo art.150, se as autarquias e fundações explorarem atividade econômica não há de se falar em imunidades em razão do princípio da livre concorrência, pois o Estado não pode se valer de vantagens não extensivas ao particular. A casa da moeda também goza de imunidade tributária pois atua em regime constitucional de monopólio como delegatória de serviços públicos destinados a emissão de papel moeda, cunhagem de moeda metálica, fabricação de fichas telefônicas e impressão de selos postais. O STF decidiu depois de vários debates, que qualquer empresa pública que preste um serviço essencial em caráter de exclusividade (sem concorrência) e irrenunciável é merecedora da imunidade. 2- Templos de qualquer culto Em homenagem a liberdade religiosa existente no país, o constituinte decidiu a imunidade de impostos tributários aos templos de qualquer culto. O STF entende que o conceito de templo não abrange somente prédio ou estrutura física em que se professa a religião, mas a própria atividade religiosa que se deve ser considerada como conjunto de bens, renda de serviços destinados a sua manutenção. Os objetos de natureza religiosa, por exemplo, santinhos, vela, imagens, medalhas, livretos etc., é imune a impostos relacionados a esta atividade (IR, IPI, ICMS). Em relação essa imunidade a interpretação do STF é a mais ampliativa possível. 3- Imunidade dos partidos políticos e fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e assistência social O art 150, VI, “c” da CF prevê a imunidade de impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e assistência sindicais sem fins lucrativos. Cumpre ressaltar que as entidades sindicais dos empregados não tem imunidade. Em relação as entidades de educação e assistência social, a constituição exige ausência de fins lucrativos. Portanto sempre que a entidade sem fins lucrativos cumprir os requisitos de A) Não distribuírem parcelas de sua renda, a qualquer título, a terceiro (salvo o pagamento de salário para empregados; B) Aplicar integralmente os recursos no Brasil e C) Manter escrituração contábil para que se comprove a destinação do dinheiro, terá direito a imunidade tributária. Um eventual desvio de recurso deverá ser apurado e demostrado pela fiscalização, a quem compete o ônus da prova para imunidade. O Tribunal de origem não dirigiu a orientação da corte no sentido de que a regra imunizante contida no art.150, VI, “c” da CF afasta a incidência do IPTU sobre os imóveis e propriedade das instituições de assistência social sem fins lucrativos, mesmo que alugados a terceiros desde que o valor dos alugueis seja aplicado nas suas atividades essenciais Súmula 724 STF. 4- Imunidade dos livros, jornais e periódicos Livros são objetos culturais publicados para a divulgação das mais variadas formas de conhecimento, razão pela qual entendeu o constituinte, em atendimento à necessidade de desenvolvimento educacional da população, considera-los imunes aos impostos. O conceito de periódicos é bastante abrangente e inclui revista, jornais, newsletters e outras formas de divulgação continuada de informações. A principal diferença entre livros e os periódicos é que os primeiros dependem de edições, enquanto os periódicos são disponibilizados com regularidade. A chamada imunidade cultural alcança o IMCS, o IPI, o II e o IE. Isso não significa que a receita auferida com venda de livros e periódicos seja imune, pois, neste caso, haverá incidência do imposto de renda sobre o valor das vendas dos livros e periódicos, bem como sobre o resultado obtido a partir da venda de espaços publicitários nas respectivas obras. Referente ao debate doutrinário em defesa da imunidade dos livros e periódicos digitais (os chamados e-books), o STF defendia a necessidade do suporte físico papel, típico dos livros tradicionais, para justificar a imunidade. No julgamento RE 330.817 o tribunal decidiu reconhecer não apenas o alcance tecnológico mas sobretudo a realidade atual, que os e-books fazem parte do cotidiano das pessoas e simplesmente não podem ser ignorados, pois o conteúdo é idêntico ao de seus similares em papel. Portanto, os e-books passaram a ser considerados imunes da mesma forma que os aparelhos exclusivamente destinados a leitura. 5- Imunidade dos fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil A emenda constitucional n. 75/2013 trouxe para o rol de imunidades do art.150, VI, imunidades para fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. Portanto, o texto constitucional, só estabelece imunidade para obras musicais produzidas no Brasil ou interpretadas por artistas brasileiros, assim uma música composta pelo “Sr. João” terá tratamento imune, diferente de uma peça de Bach interpretada pela Orquestra Filarmônica de Viena.
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