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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ (AESPI) CURSO DE BACHARELADO EM FISIOTERAPIA DISCIPLINA: ESTÁGIO CURRICULAR 8° PERÍODO - NOITE AYLA ALVES DA COSTA FREITAS RESENHA DO ARTIGO: ÓRTESES DE EVA NO TRATAMENTO PARA PÉ TORTO CONGÊNITO EM RECÉM- NASCIDOS Teresina, Piauí. 2020.2 CAMPOS, Cecília Maria Bezerra Freire et al. Órteses de EVA no tratamento para pé torto congênito em recém-nascidos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 27, n. 4, p. 703-709, 2019. O artigo inicia apresentando informações gerais sobre o Pé Torto Congênito (PTC), uma condição idiopática de origem multifatorial e inata, caracterizada por uma displasia congênita de estruturas musculoesqueléticas, osteoarticulares e neurovasculares. Além disso, a incidência é de 1 ocorrência a cada 1000 nascidos vivos, sendo predominante no sexo masculino, numa proporção de 2:1 e acometendo os dois pés em 50% dos casos. Ainda são apontadas algumas estatísticas a respeito do aumento de casos no nordeste e resultados de alguns estudos. O tratamento pode ser do tipo conservador ou cirúrgico, com início ainda no período neonatal devido ao alto potencial de resposta por conta da boa elasticidade dos ligamentos e cápsulas articulares e tendões, que por serem muito novos ainda estão em estabilização. Dentre os tratamentos conservadores, o uso de órteses não é muito citado e também não há consenso quanto ao material a ser indicado, pois para tal escolha devem ser considerados diversos elementos, como: rigidez, flexibilidade, volume, higienização, facilidade de manejo, custo de aquisição, resistência ao calor e propriedades antialérgicas. A partir da consideração de tais características, o EVA foi o material escolhido para produção de uma órtese para MMSS em 2014 pela equipe de um determinado estudo feito na região sudeste do Brasil, por conta do baixo custo de aquisição, pela fragilidade das estruturas osteoarticulares, musculoesqueléticas e neurovasculares neonatais. Nessa perspectiva, o estudo aqui resenhado teve por objetivo “oferecer intervenção precoce no tratamento de pé torto congênito de recém-nascidos e apresentar o uso do EVA como um material disponível para a produção de órteses ainda no período neonatal.” Esse foi um estudo quase experimental de intervenção, onde foram confeccionadas órteses individuais a partir de moldes retirados nos primeiros dias de vida dos recém nascidos selecionados na Unidade de Reabilitação de uma Maternidade Escola do estado do Rio Grande do Norte. A seleção foi feita a partir da investigação de recém nascidos com PTC, com idade gestacional maior que 37 semanas, sem outras malformações de natureza neurológica, traumática ou degenerativa e com pontuação diferente de 0 na Escala Pirani, o que quer dizer presença de flexibilidade diante da mobilização passiva. Foram recrutados 15 recém nascidos, dos quais apenas 10 receberam alta após evoluírem para a pontuação 0 na escala de Pirani e 5 abandonaram o tratamento. O processo de seleção, retirada de molde, confecção de órtese, entrega para as famílias e orientação de uso e cuidados aconteceu nas primeiras 72 horas de vida dos recém-nascidos, entre os meses de março e setembro de 2017. Esse processo contou com avaliação diagnóstico funcional com o terapeuta ocupacional para classificação do PTC e dos critérios de inclusão. As órteses foram feitas com EVA de 4mm de espessura, prancha de cabelo, tesoura, velcro e cola quente. As especificações de uso eram: no início, manter as órteses por 18 horas diárias, retirando apenas para higienização na hora do banho; após 15 dias, deveriam ser mantidas por 12 horas, de preferência ao dormir; após 30 dias, deveriam ser mantidas apenas durante a noite, por 6 a 8 horas diárias. As reavaliações durante a intervenção foram feitas no Ambulatório de Reabilitação, a primeira com 15 dias e as seguintes a cada 30 dias durante 3 meses, a alta dos pacientes era indicada assim que o recém-nascido alcançasse o posicionamento simétrico do pé, com pontuação 0 pela escala de Pirani e ausência de queixas posicionais pelas famílias. Além da reavaliação dos recém nascidos, foi feita também uma pesquisa de satisfação em relação às órteses por meio de entrevista narrativa com inserção aleatória de três questões norteadoras para os relatos: “Como é colocar e retirar a órtese em casa?”, “O que está achando dele(a) usar esta órtese?” e “Você vê alguma mudança na posição do pé, me mostre aqui qual?” Com 60 dias de tratamento, todos os pacientes acompanhados já tinham alcançado a pontuação 0 na escala de Pirani, no entanto não apresentavam ainda simetria dos pés e por isso foi acrescentado mais 30 dias. Ao fim desse período, todos os recém-nascidos que receberam a intervenção precoce no tratamento de PTC evoluíram com melhora da deformidade e todas as famílias demonstraram satisfação com o uso da órtese de EVA quando questionados sobre a aparência do pé. Portanto o material utilizado mostrou-se seguro, acessível e adequado à órtese confeccionada, a qual provou ser eficiente no tratamento do Pé Torto Congênito.
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