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Artes Cênicas, Visuais e Música PAS 1 Semestral (Artes) PAS 1 – Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 1 CURSO EXATAS INTRODUÇÃO À ANÁLISE DA LINGUAGEM TEATRAL O que é Teatro? Primeiro deve-se entender que ao se dizer: Vamos ao teatro? Ao sair de casa estamos abrangendo a palavra, que diz: o local destinado a apresentações das mais variadas linguagens artísticas como dança, música ou dramaturgia, isto é, um edifício institucionalizado com uma função sociocultural. Teatro é o lugar de ver. Assim podemos entender que ir ao teatro é se direcionar a um local para ver o quê? – Ver a um espetáculo teatral. A origem da palavra teatro é grega, "theastai" e tem como significado ver, contemplar, olhar. “A palavra teatro abrange ao menos duas acepções fundamentais: o imóvel em que se realizam espetáculos; e uma arte específica, transmitida ao público por intermédio do ator.” (Sábato Magaldi - Iniciação Teatral). Portanto, a arte cênica Teatro pode ser apresentada no prédio Teatro. A TRÍADE CÊNICA O fenômeno teatral, ou seja, o espetáculo em si, só se dá no momento em que há a conjunção dos três elementos essenciais, o Ator, o Texto e o Público, mas para que cada um cumpra o seu papel há um personagem que dá vida ao texto, é o dramaturgo, este existe independente da tríade, pois o seu trabalho antes de ser uma peça teatral é literatura. É o dramaturgo quem cria o texto, que fica à espera de alguém que lhe dê vida, que lhe faça falar, andar, iluminar, etc. Este é o papel do diretor teatral (ou encenador). É necessário que um Ator interprete um Texto para um Público. O fenômeno existe no momento em que o público assiste um texto executado pelo ator. Sem a tríade não há fenômeno cênico. O ATOR (atuação): É aquele que materializa o texto através da ação, emprestando ao personagem fictício sua voz e expressão. É o seu corpo vivo quem dá vida física e espiritual à imaginação do dramaturgo. Ambos são criadores, cada qual com sua parcela. É o dramaturgo que escreve o nome do seu personagem, enquanto o ator exerce o caráter do personagem. O TEXTO O texto é obra de ficção que deve conter no seu interior o seguinte esquema: Apresentação, desenvolvimento e solução do conflito. Esse processo construtivo sugere a ideia de unidades de ação, tempo e lugar, estimulando o interesse do espectador. “Alinhado na biblioteca, sem alguém que o encene, também não é teatro. Ele precisa do conjunto que compõe a linguagem teatral”. (Sábato Magaldi, Iniciação ao Teatro). Ao escrever um texto dramático, seu criador deve preocupar-se com o público e com a encenação de sua obra, para isso é importante, não obrigatório, que escreva as rubricas que oferecerá ao diretor ferramentas para desenvolver a encenação e o diretor passará as principais ideias para o ator. O PÚBLICO É o que assiste ao espetáculo. É o que vê a obra de arte. É o que responde a obra de arte e, portanto dialoga. Há uma necessidade mutua entre o público e a obra artística e entre os dois, no teatro, está o ator. Aquele que dá o oxigênio ao texto teatral. ELEMENTOS DA LINGUAGEM CÊNICA “A teatral é a mais complexa das artes”. (Stark Young – O Teatro). Seria o Teatro uma Arte impura. Apenas um apanhado de empréstimos de elementos dispersos de outras tendências? Ou seja, “é o teatro a simples soma das conquistas realizadas fora do seu âmbito... situando o teatro como arte secundária, dependente das experiências levadas a cabo em outros campos” como argumenta Sábato Magaldi em Iniciação ao Teatro? ... ? ... É exatamente essa multiplicidade, assim como essa sua capacidade de absorção de fatores artísticos que leva a arte teatral a sua essência. CENOGRAFIA A cenografia tem origem na Grécia Antiga, SKNE, que quer dizer, entre outras palavras, cena, e GRAPHIEN, escrita, desenho. SKNE + GRAPHIEN = SKNEGRAPHIEN, em português cenografia. No início, entendida apenas como a arte de adornar e decorar o teatro, evoluindo, depois, para uma definição mais abrangente e mais atual como a arte de conceber e projetar cenários para um espetáculo. O cenógrafo, como todos os outros profissionais do teatro, deve fazer uma leitura do texto a ser encenado e junto com o diretor esboça a proposta do espetáculo. A cenografia é uma linguagem visual do teatro, a primeira leitura que o publico faz da peça, portanto, a cenografia deve estabelecer a relação cena/público traduzindo a intenção do diretor e/ou dramaturgo situando a ação da peça no tempo e no espaço. A existência da cenografia é inerente ao fazer teatral, pois já na Grécia Antiga, nos festivais dionisíacos, havia uma preocupação com a ornamentação da cena, que evoluiu e diferenciou-se de acordo com o meio social e o contexto histórico. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 2 CURSO EXATAS ILUMINAÇÃO. A iluminação no teatro tem inúmeras funções. Com ela é possível perceber uma determinada atmosfera, limitar um determinado espaço cênico. Modifica a concepção da indumentária e da caracterização. Utilizando as várias cores, a luz causa efeitos emocionais, temporais, climáticos e para localização. Também o ritmo de uma peça, separando os atos. "A iluminação teatral sempre teve duas grandes preocupações: mostrar e interpretar, quer dizer, fazer com que todos pudessem ver o que o espetáculo estava apresentando e, do que estavam vendo, recebesse uma solicitação que completasse o que estava sendo ouvido e visto." (Gianni Ratto, Antitratado de Cenografia). Desde a utilização da luz natural pelos gregos, no qual o drama acompanhava o caminho do sol, passando pelas tochas, lamparinas a óleo e velas, do teatro itinerante da Idade Média à Renascença, do uso do gás na virada do século XVIII para o XIX até a chegada da energia elétrica nas últimas décadas do século XIX, a iluminação tem ocupado cada vez mais espaço dentro da encenação, um material milagroso de flexibilidade inigualável se torna um elemento de indispensável na elaboração da encenação. SONOPLASTIA. O termo sonoplastia vem da junção de duas palavras gregas, sono que significa som e plastós, modelado. A multiplicidade de sons ou ruídos produzidos para interferir no desenvolvimento da ação cênica é a sonoplastia. Naturais ou não, os ruídos devem distinguir-se da palavra, da música e do próprio ruído gerado pela cena. Sua execução é produzida nos bastidores por técnicos que utilizam várias máquinas e objetos. Atualmente alguns problemas de sonoplastia foram resolvidos com a tecnologia. Assim, alguns sons ou ruídos podem ser gravados com antecipação e controlados pelos técnicos de acordo com o desenvolvimento do drama. Música é trilha sonora, sua pesquisa, gravação execução como uma performance também pode ser uma atividade do sonoplasta. ESPAÇO CÊNICO. Todo palco é um espaço cênico, mas nem todo espaço cênico é um palco. O espaço cênico é o palco, ou o lugar onde é realizada a ação cênica. Em cada período da historia este espaço foi ocupado por uma estética particular e assim evoluiu chegando ao ponto de deixar de ser algo isolado da dramaturgia para ser um elemento intrínseco e dinâmico de toda uma concepção dramática. Como definido pelo Dicionário de Teatro de Patrice Pavis, o espaço cênico é onde o fenômeno teatral acontece independente de ser em um palco. Outra referência dos espaços cênicos é os tipos de palcos mais comuns usados hoje. Arena, Italiano e Elisabetano. INDUMENTÁRIA/FIGURINO. De imediato, devemos esclarecer e diferenciar os termos figurino, indumentária e vestimenta: Podemos dizer que indumentário seria todo o vestuário em relação a uma determinada época e povo. Vestuário, um conjunto de peças de roupas e o figurino seriao traje usado por um personagem criado. A indumentária é um elemento visual de fundamental importância para a materialização do espetáculo teatral, assim como a cenografia e os outros elementos. Historicamente a indumentária sempre fez parte do teatro. As estilizações das máscaras, das túnicas e dos coturnos da tragédia grega, já são uma concreta referência desse elemento. De modo geral, em teatro, o vestuário compõe-se de certo simbolismo das cores, seguido da caracterização, do cenário e da iluminação. A indumentária pode admitir caracteres predicativos, qualidades específicas cuja função é a de desencadear uma ou várias ações, ou identificar um ou vários personagens que desempenham na ação um determinado papel. ADEREÇO E ACESSORIO Quando se trata de adereços ou acessórios em princípio surge uma dificuldade em diferenciá-los enquanto sua utilização dentro do campo teatral. Pelo menos de forma teórica, direcionamos que Adereço é de cenário, Acessório pra figurino e ainda acrescentaremos o adereço de cena ou material de cena. Todos são objetos necessários ao jogo cênico e, como dizemos, classificaremos em três setores: Adereços de cenário, aqueles que encontraremos presentes na cena e distribuídos de forma planejada para ajudar a criar o ambiente, por exemplo, um quadro numa parede, uma estatueta ao lado da porta. Acessórios ou como também é chamado adereço de ator são objetos associados ao figurino, que o ator leva consigo para compor a personagem no contexto da trama, por exemplo, um cachecol, um anel, uma bolsa ou um broche. Adereços de cena, ou como é mais usado, material de cena, são aqueles objetos que estão em cena e de que o ator se vale deles para executar uma ação, por exemplo, uma taça ou um candelabro de velas que se utiliza para perambular pela cena. Portanto podemos perceber que não é o objeto em si que o denomina adereço, acessório ou material de cena, mas sim a sua utilização dentro da cena. “Em termos gerais, aquilo que é suplementar, adicional. Em teatro, elementos portáteis de complementação ou de decoração do cenário, tais como quadros, estátuas, placas, telas, máscaras, cubos etc. Esses elementos, usados às vezes no lugar do cenário, recebem o nome genérico de acessórios cênicos. O termo tem sido usado, também, como sinônimo de Adereço”. (Luiz Paulo Vasconcellos, Dicionário de teatro). Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 3 CURSO EXATAS MAQUIAGEM Seu objetivo mais claro é o de transformar, caracterizar o rosto do ator em personagem, podendo ser essa caracterização apenas como realce das características físicas do ator ou mesmo uma transformação mais ampla como fazer do roso da atriz uma arara. Como a maquiagem exerce uma espécie de função de absorção da luz, adaptando a cor da pele à iluminação da cena, seu desenvolvimento e evolução acompanham a trajetória da iluminação desde o gás a luz elétrica. DIREÇÃO E ENCENAÇÃO “A encenação é numa peça de teatro a parte verdadeira e especificamente teatral do espetáculo” (Artaud). A arte teatral é complexa, implica várias “vozes”, sendo que uma não é mais importante que a outra. Há um valor linear. Fazendo parte dessa linha de elementos expressivos do teatro, a encenação é algo fundamental. Desde que a figura do encenador surgiu na segunda metade do Século XIX e que sua função de organizar de modo oficial o espetáculo que a distinção entre encenador e diretor foi ficando cada vez mais tênue, sobretudo em relação a atuação desses dois operários do teatro. Desde o seu surgimento o encenador passa a ser o responsável “oficial” pela ordenação do espetáculo, antes feito pelo ensaiador ou ator principal. É o encenador que reúne e coordena os diferentes componentes da representação, provindo de tantas outras vozes: o dramaturgo, o músico, o cenógrafo, o iluminador etc. O encenador tem por principio básico organizar todos os demais elementos artísticos na criação da cena teatral. “Ele ultrapassa o estabelecimento de um quadro ou a ilustração de um texto. Torna-se o elemento fundamental da representação teatral: a mediação necessária entre um texto e um espetáculo. (...) texto e espetáculo se condicionam mutuamente; um expressa o outro” (Dort, 1971). Ou seja, o encenador é um criador, um artista com seus pinceis de luzes, figurinos, gestos e cenários pintando a cena como uma obra de arte a ser representada e apreciada. Quanto a sua definição técnica, o diretor é um executante, colocando em prática a criação do encenador. Cada diretor tem seu estilo próprio de encenar um espetáculo. Assim, o papel do diretor, no teatro moderno, converteu-se em algo diferenciado e específico. Todos têm a mesma função: ler e analisar a obra dramática, dirigir os ensaios dos atores, planejar a marcação, debater com os técnicos a cenografia, a luz, os figurinos, a maquilagem, as máscaras, a música. Tal distinção aqui citada se dá de modo muito mais de conceito do que na prática. Como dito anteriormente a execução dessas duas funções tem se tornado cada vez mais próxima, na qual se cria a encenação e se dá o rumo da execução de direção em um só momento por um só profissional. O que não impede que possamos fazer essa distinção de funções de cada um desses elementos. ORIGEM DO TEATRO E TEATRO GREGO ORIGENS Quem, como, onde, por quê? Quem inventou o teatro? De onde ele veio? Quais foram as primeiras peças interpretadas? O primeiro roteiro? Foi um drama ou uma comédia? Essas questões nos levam a compreensão de outro fator primário a esses. O de que, na trajetória da humanidade ao longo de sua história, alguns fatos não foram inventados ou criados, eles simplesmente nascem e a Arte é, sem dúvida, a essência de todos eles. Ela nasce no primeiro momento que o homem se percebe enquanto ser e passa também a perceber o meio em que vive. Ao estudarmos os motivos que levaram o homem da pré-história a fazer as imagens das pinturas rupestres, um dos motivos mais aceito é o do processo ritualístico em que se pretendia interferir na captura do animal, parte do cotidiano do caçador em que se acreditava que, ao deter o poder sobre a imagem, também o faria sobre o animal. Ao tempo em que alguns executavam a pintura na parede, outro grupo, por vezes, simultaneamente ritualizava de outras formas... Das manifestações, dentro desse ritual a linguagem visual é a que nos ficou como referência pelo seu caráter perene, entretanto, as outras manifestações são efêmeras, por isso seu entendimento exige um maior estudo e pesquisa. Podemos entender isso como uma pantomima dessa natureza, uma imitação dessa natureza a fim de harmonizar- se com ela e exercer domínio. Quanto ao entendimento da origem do teatro, percebemos aí os primeiros “conflitos” – de vida e morte, caça e caçador – dentro de um “roteiro” que, ao se repetir várias vezes, atinge outra essência do teatro. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 4 CURSO EXATAS EXERCÍCIOS 1) Em teatro tudo é linguagem: as palavras, os gestos, os objetos, a própria ação; porque tudo serve para exprimir, para significar. Tudo é linguagem. Analise os itens julgando-os. 1) ( ) O teatro pode até sobreviver sem texto, porém jamais sem um ator. 2) ( ) O ator não precisa fazer nenhum tipo de trabalho dramático, basta que tenha um corpo bonito para conseguir atuar bem. 3) ( ) Um ator prepara tanto o seu corpo como sua voz. Exercícios de controle da respiração são fundamentais nestas preparações. 4) ( ) O movimento do ator numa cena deve acontecer de forma natural, sem preocupação com a ocupação do espaço, para que o público se sinta à vontade. 2) (UnB) “A palavra teatro abrange pelo menos duas acepções fundamentais: o imóvel em que se realizam espetáculos e uma arte específica,transmitida ao público por intermédio do ator”. (Sábato Magaldi – Iniciação ao teatro). Com o auxílio do texto, julgue os itens que se seguem. 1) ( ) No teatro, diferentemente do cinema e da televisão, o ator representa face a face com a plateia, uma história como se ela estivesse acontecendo novamente naquele momento. 2) ( ) O ator consegue concentrar em si todo o fenômeno do teatro, podendo representar para uma plateia vazia. 3) ( ) Posições antagônicas colocadas dentro de uma peça teatral e defendidas por palavras, sentimentos, emoções e atos das personagens são chamadas de conflitos. 4) ( ) A personagem é um determinante da ação, recriada na cena por um artista/autor e um artista/ator. 3) Sobre o Teatro e seus elementos, julgue os itens: 1) ( ) A palavra Teatro define apenas um gênero artístico que envolve outras artes e acontece em um edifício específico. 2) ( ) Arte Cênica é uma denominação restrita ao Teatro, por este ser o único estilo artístico que é produzido a partir de cenas. 3) ( ) De acordo com a ideia tradicional acerca do Teatro, a tríade teatral é formada por 3 elementos: ator, texto e público. 4) ( ) É correto afirmar que o Teatro é uma expressão artística momentânea que tem a capacidade de reunir, em si, várias outras artes. 5) ( ) A sonoplastia é um elemento técnico que pode determinar o clima psicológico da cena sem fazer uso da cor. 6) ( ) A tríade teatral (ator, texto e público), é a essência do teatro, mantida pelos encenadores até hoje de forma incontestável. 7) ( ) O ofício do artesão é trabalhar com objetos materiais, o do ator é trabalhar com seu próprio corpo, empregando-o de tal modo que fiquem eficientemente caracterizados a personalidade humana e seu comportamento, que varia de acordo com as diversas situações. 8) ( ) O figurino é um instrumento de transformação do físico. Uma coroa e um pesado manto real darão ao ator, que anda, na rua, como qualquer pessoa, um porte majestoso. Porém, isso não basta. O que transforma o ator, de fato, são, simultaneamente, a roupa e a consciência de representar um personagem nobre. 9) ( ) O trabalho do ator é baseado, apenas, na experiência prática desenvolvida em cima do palco. Por não existir uma bibliografia consistente sobre metodologia da atuação, não é tão exigido do profissional um estudo teórico de sua atividade. 10) ( ) O Teatro é uma expressão basicamente verbal, fazendo com que a palavra seja o elemento principal da expressão dramática. 11) ( ) O vocábulo drama, que tem origem na língua grega, significa apenas um gênero teatral oposto à comédia. GABARITO 1) CECE 2) CECE 3) EECCCECCEEE Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 5 CURSO EXATAS ORIGEM DO TEATRO GREGO Para a plena compreensão da origem do teatro, faz-se necessário o resgate de fatos mitológicos, os quais estão diretamente relacionados à sociedade grega. Contextua- lizaremos melhor o nosso estudo a partir da leitura do texto abaixo: DIONISO OU BACO No princípio existia o Caos, a personificação da vida primordial, anterior à criação, no tempo em que a Ordem não tinha sido ainda imposta aos elementos do mundo recém- criado. Lá era onde tudo estava aglutinado e movido por forças contrárias: Eros (atração) e Anteros (repulsão, separação) — de onde surge a teoria do Grande Bum. Surge então Géia, a Terra, elemento primordial de onde saíram as raças divinas. Sem auxílio de nenhum elemento masculino engendrou o Céu (Urano), depois uniu-se a ele tendo a primeira geração divina - os Titãs, as Titânidas, os Ciclopes e os Hecatônquiros que eram seres monstruosos. À medida que eles nasciam o pai, Urano, os encerravam nas profundezas da terra. Géia meditou contra o esposo e tirou do próprio seio o aço e fabricou uma foice de lâmina afiada e incitou os Titãs a se sublevarem contra o pai. Todos hesitaram, menos Cronos que castrou o pai, reduzindo-o à impotência e libertando os irmãos e assim se tornou o chefe da nova dinastia. Cronos desposou sua irmã Réia, que lhe deu três filhos: Hades, Possêidon e Zeus e três filhas: Héstia, Deméter e Hera. Apavorado com um oráculo que lhe predisse que um filho seu haveria de suplantá-lo, Cronos, devorava todos os filhos, mal nasciam. Quando do nascimento de Zeus, Réia, grávida de Zeus, escondeu-se e para salvar este último filho, fugiu para Creta e lá deu à luz o menino, às escondidas. Envolveu em panos de linho uma pedra e deu-a a Cronos, como se fosse a criança, e o deus logo o engoliu. Quando cresceu, Zeus pediu a Géia uma droga para dar ao pai, a fim de que este restituísse os filhos devorados. Isso feito, à frente dos irmãos, Zeus declarou guerra a Cronos. A guerra durou dez anos e Zeus conseguiu vencer, com auxílio dos Hecatônquiros. Tornou-se chefe de uma nova geração de deuses: do Olimpo. Zeus desposa Hera, mulher defensora e protetora dos esposos. Davam-na como ciumenta e vingativa, pois frequentemente encontrava-se irritada contra Zeus por sua infidelidade, perseguindo suas amantes e os filhos adulterinos. Zeus não se contentava apenas com as deusas e por vezes se apaixonava pelas mortais. A vítima dessa vez era a princesa tebana Sêmele, mãe do segundo Dioniso. É que de Zeus e Perséfone (filha de Deméter) nasceu Zagreu, o primeiro Dioniso. Preferido do pai dos deuses e dos homens, estava destinado a sucedê-lo no governo do mundo, mas o destino decidiu o contrário. Para proteger o filho dos ciúmes de sua esposa Hera, Zeus o confiou aos cuidados de Apolo e dos Curetes que o criaram na floresta do Parnaso. Hera, mesmo assim, descobriu o paradeiro do deus ainda menino e encarregou os Titãs de raptarem-no. Palas Atena pôde ainda salvar-lhe o coração que ainda palpitava. Foi esse coração que Sêmele engoliu, tornando-se grávida do segundo Dioniso. O Segundo Dioniso, no entanto, não teve um nascimento normal. Hera, ao ter notícias das relações amorosas do esposo com Sêmele, resolveu eliminá-la. Transformando-se na ama da princesa tebana, aconselhou-a a pedir ao amante que se lhe apresentasse em todo o seu esplendor. O deus advertiu a Sêmele que semelhante pedido lhe seria funesto, mas como havia jurado pelo rio Estige jamais lhe contrariar os desejos, apresentou-se a ela com seus raios e trovões. O palácio da princesa incendiou-se e ela morreu carbonizada. Zeus recolheu do ventre da amante o fruto inacabado de seus amores e colocou-o em sua coxa, até que se completasse a gestação normal. Nascido o filho, confiou-o, para evitar novo estratagema de Hera, aos cuidados das Ninfas e dos sátiros do monte Nisa. Lá, em sombria gruta, cercada de frondosa vegetação e em cujas paredes se entrelaçavam galhos de viçosas vides, donde pendiam maduros cachos de uva, vivia feliz o filho de Sêmele. Certa vez o jovem deus colheu alguns desses cachos e pedindo que a Ninfas espremessem a frutinha em taças de ouro bebeu o suco em companhia de sua corte. Todos ficaram então conhecendo o novo néctar: o vinho acabava de nascer. Bebendo repetidas vezes, sátiros, Ninfas e Baco começaram a dançar vertiginosamente ao som dos címbalos. Embriagados do delírio báquico, todos caíram por terra semidesfalecidos. AS PRIMEIRAS PROCISSÕES Historicamente, por ocasião da vindima, celebrava-se a cada ano, em Atenas e por toda a Ática, a festa do vinho novo, em que os participantes, como outrora os companheiros de Baco, se embriagavam e começavam a cantar e dançar freneticamente, até caírem desfalecidos. Ao que parece, esses adeptos do vinho disfarçavam-se de Sátiros, que eram concebidos pela imaginação popular como "homens bodes". Teria nascido assim o vocábulo tragédia (trago = bode: odé = canto) = tragoedia em latim e tragédia em português. A história de Dioniso provocava as mais diversas emoções em seus fiéis, desde a tristeza profunda à alegriadesmedida, ou seja, dando fiel continuidade às controvérsias do período do caos: eros (atração) e anteros (repulsão), etc. Durante a celebração, seus devotos entoavam o ditirambo, canto lírico que reunia dança, poesia, coro, tudo se relacionando à religião desde o século VI a.C.. Por volta do fim do século VI a.C., o ditirambo acontecia fora das muralhas da pólis (cidade), porém, com a adesão cada vez maior de populares, tornou-se politicamente estratégico trazer essa prática para dentro das muralhas. O ditirambo caracterizava-se pela antítese dos sentimentos, bem ao gosto do deus do êxtase. Cheios de improvisos, os entonadores acabavam por passar de seus limites, pois dançavam vertiginosamente e saíam de si. Nessa perda da consciência, interagiam deus e fiel, num contato divino. Tal contato fazia-se possível quando o fiel ultrapassava o MÉTRON (medida de cada um), momento em que se deixa de ser um simples mortal e passa-se a ser ANÉR (ator) ou hypocrités (o que responde). Essa ultrapassagem desperta o ciúme dos deuses, que consideram-na uma dísmesure (violência a si próprio e aos deuses imortais), o que acarreta a punição imediata do hypocrités. É a partir daí que surge a tragédia, ou seja, da punição daqueles que desafiaram os deuses. Portanto, não só o trecho de uma história deve ser definido como trágico, mas as obras cujo conteúdo caracteriza a tragédia. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 6 CURSO EXATAS EVOLUÇÃO DO TEATRO A organização das manifestações dos rituais para Dionísio e sua difusão se tornam uma necessidade sócio- político-econômica e religiosa. Por volta de 600 a.C., no governo tirano de Periandro, deram-se as primeiras conduções para que os cultos populares agrários à vegetação se direcionassem para um cenário mais poético e mais próximo do que vemos como teatro, quando se incorporaram, de forma organizada, os cantos e danças seguindo de forma peculiar e sistemática os ditirambos. OS FESTIVAIS E SEUS REPRESENTANTES O teatro se fixou e evoluiu com a estabilização do governo democrático em Atenas. Em 534 a.C. surgiu o concurso no Estado de Pisístrato. Nessa época havia incentivos para os atores que recebiam dos coregos dinheiro, honras e moradia e a esse encargo de financiar peças dava-se o nome de liturgia. Um desses seguidores das Dionisíacas, Téspis, perambulava com sua trupe de artistas de toda espécie pela zona rural da Ática. Dançarinos e cantores entoavam os ditirambos aos camponeses em apresentações fantasiados de Sátiros. Nesse período havia três festivais por ano, nos quais cada candidato devia inscrever três textos trágicos e um drama satírico. ESTES FESTIVAIS ACONTECIAM DA SEGUINTE FORMA: Dionisíacas Rurais a mais antiga das festas Áticas, acontecia no final de dezembro; no início era apenas uma procissão, mas a partir do século V a.C. passa a ter representações dramáticas. Seus foliões eram chamados de Kômos, pois esse termo vem de uma alegre e barulhenta procissão com danças e cantos que levava por todo o cortejo uma espécie de escultura de um “falo” de grandes proporções e entoavam “canções fálicas” em homenagem a Dionísio. As Dionisíacas Rurais, que antecederam às Grandes Dionisíacas, eram, de certa forma, mais modestas e aconteciam dentro da própria região em que se celebrava. Dionisíacas Urbanas Psístrato traz Téspis para participar da Grande Dionisíaca. Mesmo sem ter a noção das proporções de suas atitudes, Téspis tem uma genial ideia de proporção histórica. Ele sai do meio do coro e se posiciona à sua frente, respondendo-lhe, de modo solista. Assim, Téspis acaba criando o “hypokrites”, que mais tarde se conduzirá para a definição da palavra ator. Como um respondedor, Téspis estabelece um diálogo com o condutor do espetáculo que é o coro. As Dionisíacas Urbanas atinge seu auge no século V a.C., e pareia com o ápice da democracia ateniense. As Dionisíacas Urbanas eram festejadas em dois momentos distintos e serviam de condutoras do próprio calendário Ático. A primeira Dionisíaca acontecia no fim do processo de maturação do vinho, em março, era o momento em que os tonéis iriam ser abertos e daí se dava a festividade. Outra dionisíaca urbana em Atenas era chamada de Leneias, ocorria no inverno, no fim de janeiro. O nome vem de Lenáion, que em grego quer descrever uma espécie de tanque em que se espremiam as uvas para o fazer do vinho novo. Ali é que se dava o início do ano de produção do vinho, na primavera, quando se providenciava o novo plantio e se bebia o vinho da safra passada, enquanto o novo processo se iniciava. Contribuiu efetivamente para o desenvolvimento das comédias (Komos = máscara da alegria), pois se caracterizava por brincadeiras e coisas alegres. As Dionisíacas Urbanas duravam seis dias e as tragédias ocupavam os três primeiros dias. ANOTAÇÕES .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... .................................................................................................... Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 7 CURSO EXATAS EXERCÍCIOS Em uma representação teatral tudo tem significado. Uma coluna de papelão significa que a cena transcorre diante de um palácio. A luz do projetor mostra um trono, e imediatamente estamos no interior do palácio. Uma coroa sobre a cabeça do ator é sinal de realeza. As rugas e a palidez do rosto, obtidas pelo uso de maquiagem, e os pés que se arrastam, são outros tantos signos de velhice. Assim como o galope de cavalos que se ouve dos bastidores, cada vez com maior intensidade, é sinal de que um viajante se aproxima. Tadeusz Kowzan. In: O Signo Teatral. 1) Sobre a evolução doTeatro no Brasil e os elementos que constituem o espetáculo, julgue os itens: 1) ( ) Os sons produzidos durante uma apresentação teatral podem significar a hora, o estado do tempo, o lugar, uma atmosfera de solenidade e circunstâncias bem variadas, de acordo com o que pede o texto dramático. 2) ( ) A iluminação teatral é utilizada unicamente para deixar visíveis ao espectador as expressões do ator, os objetos cênicos e o espaço usado na encenação. 3) ( ) Se, em determinada cena, os sinos de uma igreja começam a tocar e vozes ao longe começam a ser ouvidas, pode-se, mesmo sem a presença de cenários, imaginar o local em que se passa a ação; portanto, é correto afirmar que, em uma encenação, um elemento não poderá, em nenhum momento, substituir outro elemento. 4) ( ) Um ator nu, andando em um palco vazio, poderá, por meio dos seus movimentos corporais, comunicar a idade, o estado de ânimo, entre outras características, da personagem que representa. 5) ( ) No teatro, diferentemente do cinema e da televisão, o ator representa, face a face com a plateia, uma história como se ela estivesse acontecendo novamente naquele momento. 6) ( ) O texto dramático refere-se a um tempo e a um espaço específico nos quais ele foi criado. Porém, sua representação pode adquirir significados em um contexto histórico-social, diferente do que ele foi concebido. 7) ( ) No teatro, a palavra pode ampliar a sua conotação usual como signo linguístico a partir da entonação dada pelos atores em cena. O ator pode, por exemplo, pronunciar de várias maneiras diferentes a frase “— Bom dia!” e conseguir expressar diferentes intenções. 8) ( ) O conceito de texto teatral pode conter também variações diferentes de forma pura e simples da linguagem escrita, podendo, pois, apresentar-se em outras linguagens, como um ritual, uma obra de arte figurativa ou até uma composição musical. 2) "Sabemos que as fontes primeiras das Artes Cênicas, encontram-se nas primeiras ritualizações e celebrações cantadas e dançadas, ainda na pré-história humana". Julgue a veracidade das afirmações abaixo conforme o estudo sobre as raízes do Teatro: 1) ( ) É comum em todos os grupos primitivos humanos, até nos remanescentes tribais de hoje em dia, o desenvolvimento de uma manifestação de expressão cênica, para celebrar seus mitos e lendas. 2) ( ) A análise histórica do Teatro nos mostra como esta Arte, através das eras, florescia, chegava a um apogeu, depois declinava, chegando quase a desaparecer em alguns momentos. 3) ( ) O teatro moderno tem suas origens no Europa, mais precisamente em Tebas (Grécia), cinco séculos e meio antes do nascimento de Cristo. O mito refere-se sempre a uma "criação", contando como algo veio à existência, ou como um padrão de comportamento, uma instituição, uma maneira de trabalhar foram estabelecidos. Conhecendo-se o mito, conhece-se a "origem" das coisas. Não se trata de um conhecimento "exterior", "abstrato", mas de um conhecimento que é "vivido" ritualmente, seja narrando cerimonialmente o mito, seja efetuando o ritual ao qual ele serve de justificação. Mircea Eliade, Mito e realidade, p. 22 (com adaptações). 3) Com o auxílio dos textos acima, julgue os itens a seguir. 1) ( ) Os dramaturgos gregos tinham os mitos como referência para a elaboração de suas histórias. 2) ( ) Para que o teatro ocorra, é necessário ir até o plano da narrativa dos mitos, sendo dispensável a presença de atores. 3) ( ) Atribui-se à origem do teatro aos rituais em honra ao deus Dionísio, como as festas dionisíacas, que eram celebradas durante o preparo do vinho. 4) ( ) Nas cerimônias em homenagem ao deus Dionísio, entoava-se o ditirambo, hino de louvor ao deus, que jamais teve sua forma original modificada. 5) ( ) É quase certo que a primeira manifestação do drama grego como espetáculo, tenha sido o drama satírico, em que se misturavam o cômico e o trágico. GABARITO 1) CECCCCCC 2) CCE 3) CECEE Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 8 CURSO EXATAS ORIGEM DO TEATRO ROMANO O espírito de luta romano os levava a desprezar os princípios da cultura, mas a conquista da Grécia os fez aprender o sentido do drama e levá-lo para a sua pátria. Assim nasceu Plauto, Terêncio e Sêneca. O Império Romano se faz um Estado militar que vem a governar o mundo. Em sua expansão, seu poder foi demonstrado e imposto a todos que conquistavam e tudo estava sobre os ditames do Estado, até mesmo a relação divina, a colocação dos deuses deveria seguir a autoridade do Estado, a res publica (coisa pública) que vigorou de 509 a.C. a 31 a.C.. Com suas experiências e estreita relação com a racionalidade militar, suas festividades seguiam a mesma ordem e o teatro romano se fundamenta no princípio de sua organização política. Podemos entender que os palcos não eram terrenos de propriedades dos poetas, como na Grécia; aqui eles eram a extensão dos pisos dos palácios do governo do Estado. A Teatralidade da Res publica Em 330 a.C., enquanto, na Grécia, Aristóteles rascunhava sua Poética, os romanos iniciavam modestamente suas primeiras festividades artísticas, as ludi scaenici (de tradução livre, jogos cênicos), que consistiam em pequenas trupes com espetáculos de mimos, que continham inserções de canto e flauta acompanhadas de ritos religiosos. Assim como na Grécia, os romanos organizam e sincronizam suas festividades e sua dramaturgia dentro de seu calendário. Assim como as Dionisíacas Urbanas ou as Leneias, os romanos organizam os Ludi Romani em honra à Tríade Capitolina (Júpiter, Juno e Minerva) por volta do ano 387 a.C.. — As Atelanas (Atellanae) – consistiam numa reunião de cenas improvisadas pelo autor em torno de um argumento principal, onde eram representados, em geral, tipos característicos como o velho ridículo, o bobo, o tagarela, o corcunda, o sábio. — Os Fescennini – semelhante às Atelanas. De caráter religioso e satírico, eram diálogos recitados por camponeses em festas religiosas. Unidos às danças e ao canto, criou-se uma manifestação literária chamada Satura Dramática. O Teatro Romano: seu desenvolvimento As companhias teatrais eram formadas somente por homens e os mais humildes que nelas atuavam podiam ser escravos. Tinham apenas um chefe, livre ou liberto. Seu palco era destinado somente às comédias. As tragédias eram declamadas em banquetes. Com ausência do coro, a orquestra foi reduzida e o círculo transformado em semicírculo. Causas do “fim” do Teatro Romano O amadorismo e a crítica; O desvirtuamento dos espetáculos, substituídos pelas apresentações antiartísticas e atrativos sensuais; Preferência popular pelos jogos marciais dos circos, causando a decadência do drama clássico; Os rumos tomados pela realidade social e política do Império; O cristianismo. CARACTERES GERAIS DO TEATRO ROMANO Quanto à sua estrutura física, o teatro romano nasceu sobre grandes estruturas de madeira que eram desmontados logo após as apresentações. Esse modo de organização durou mais de dois séculos em que, gradativamente, foi sofrendo alterações que condiziam melhor a arte dramática. Entretanto, o primeiro teatro de pedra construído em Roma só foi erguido no ano 55 a.C. sobre os cuidados de Pompeu. Nas montagens teatrais, havia algumas convenções pré- estabelecidas, como o uso de máscaras para definir os tipos cômicos como o velho e o jovem, a cortesã e o cidadão, em uma ação de diferenciá-los dentro de seus próprios tipos, quem era o bom e quem era o mal, de tal modo que o uso das máscaras proporcionava um número bastante reduzido de atores no elenco, pois cada ator poderia representar mais de um personagem. O número de elementos cênicos, como máscaras, perucas, togas, eram bem significativos, o que levou à necessidadede um responsável para a organização e manutenção desses elementos cênicos, esse é o Choragus, uma espécie de contrarregra contemporâneo. O Ator romano Antes da evolução e aperfeiçoamento do teatro romano, os atores eram considerados “infames”, escolhidos entre os escravos gregos. Somente mais tarde com o desenvolvimento do teatro é que os atores, agora famosos, passaram a usar máscaras. As cores das cabeleiras é que diferenciavam os personagens de acordo com a idade e a condição: para os velhos, grisalhas; os jovens, pretas e os escravos usavam cabeleiras vermelhas. Os atores trágicos vestiam um pesado manto, a toga, e calçavam o coturno (ou crepida). Os atores cômicos diferenciavam-se pela vestimenta simbólica da personagem interpretada: o soldado, a espada; o mensageiro viajante usava chapéu e capa; o criado, túnica curta; o alcoviteiro, túnica preta, e assim por diante. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 9 CURSO EXATAS DRAMATURGIA Diferentemente dos seus inspiradores gregos, a dramaturgia romana se alternava em um mesmo autor tanto na comédia quanto na tragédia. De origem grega, Lívio Andrônico é considerado o primeiro dramaturgo romano, tendo chegado a Roma na condição de escravo no Século III, mas sua habilidade literária é sua carta de alforria e sua passagem para o mundo dos célebres da educação romana, chegando a ser um conselheiro cultural. Um de seus primeiros trabalhos foi a tradução da Odisseia, de Homero. A pedido do Estado suas primeiras adaptações de peças gregas foram a palco, onde alguns registros indicam que, como na origem de sua cultura grega, Lívio participa da montagem não somente como dramaturgo mas também em sua encenação e como ator. As primeiras expressões de comédia romana aparecem no texto de Plauto (254 a.C. – 184 a.C.). Sendo um cidadão livre, Plauto cria textos com relação à vida e aos costumes romanos. Cria o argumentum em que explica de modo minucioso ao público sobre o tema que irá tratar. Outra referência e Terêncio (190 a.C. – 158 a.C.) menos cômico do que Plauto. Moralista sério, que prefere à representação das classes baixas e suas grosseiras diversões e abre mão do uso do coro. GÊNEROS DRAMÁTICOS “Vem, ó Musa, unir-se ao coro sagrado! Deixa nosso cântico agradar-te e vê a multidão aqui sentada!”. Como citado por Margot Berthold, esses hinos cantados de As Rãs, de Aristófanes, eram entoados pelo coro que rodeava a orchestra sobre o olhar compenetrado da multidão que ocupava o teatron. Da evolução das cerimônias do culto a Dioniso, surgiram alguns gêneros dramáticos, dentre os quais, a comédia, a tragédia e o drama satírico. TRAGÉDIA A tragédia, que surgiu a partir do culto agrário para saudar Dioniso, conhecido como ditirambo, distanciou-se desses temas e passou a adotar em sua estrutura mitos e lendas, bem como a criação de heróis. Apesar do parcial distanciamento de suas origens, este gênero conservou vários traços, como a presença do altar, que remete à religiosidade; a formação do coro e a ocasião em que os espetáculos aconteciam: festas de louvor a Dioniso. Para Aristóteles a figura que interveio para o surgimento da tragédia foi o corifeu (membro do coro), que estabeleceu o diálogo com os demais componentes, surgindo assim o PROTAGONISTA. É de Téspis a introdução do costume de mascarar os atores, a fim de dissimular seus rostos e enfatizar a personalidade da personagem representada. Posteriormente, Ésquilo introduziu um segundo ator, passando o diálogo a acontecer entre dois atores e não apenas a um ator e ao coro. Finalmente, Sófocles junta à encenação grega um terceiro ator; no entanto, mesmo com três atores havia não só três papéis, mas vários, auxiliados pelo recurso das máscaras. A tragédia estrutura-se a partir de um erro de julgamento, que leva os personagens da fortuna ao infortúnio e, embora sem culpa, haverá o julgamento. ELEMENTOS BÁSICOS DA TRAGÉDIA CORO: um dos principais elementos da tragédia, composto de 12 a 15 elementos, em geral homens bastante jovens, próximos de iniciarem a carreira militar. Ao chegarem à orquestra, cantam e dançam nesse espaço, de tal modo que podemos perceber que não eram profissionais do teatro, o que nos mostra a importância do tragediógrafo também como ensaiador do coro. Limitava-se apenas a comentar a ação dramática ou expressar algum sentimento pelos personagens. Sua maior representação simbólica é a de grupo da cidade ou do exército, por exemplo. CORIFEU: era um representante do coro que, por se relacionar com a plateia, informando-a dos acontecimentos, era um membro que se destacava do coro e que executava seu texto sozinho. Em geral tem 3 tipos de funções principais: a) exortar o coro à ação, a começar o canto; b) antecipar ou resumir as palavras do coro; c) representar o coro, dialogando com os atores. ATORES: Em número reduzido, possibilitado pelo uso das máscaras, representavam deuses e heróis dialogando com o coro. Apenas homens exerciam esse papel. As personagens femininas eram interpretadas também com o recurso das máscaras e figurinos. Esses atores eram organizados e classificados de acordo com sua posição hierárquica dentro do texto encenado: Protagonista: primeiro ator. Deuteragonista: segundo ator. Tritagonista: terceiro ator. Agons são as competições tanto entre artistas quanto entre atletas. PARTES DO TEXTO TRÁGICO PRÓLOGO: A primeira cena antes da própria entrada do coro e de sua primeira intervenção. É uma espécie de narrativa que introduz o tema do texto para o público. Esse elemento não é encontrado em todos os textos trágicos. PÁRODO: A primeira entrada do coro, seja cantando e dançando na orquestra, seja mesmo sua primeira ode, poiso coro poderia já estar presente desde o início da peça no palco. ESTÁSIMOS: Eram intervenções do coro na orquestra, que separavam os episódios; criando, assim, uma marca de pausas na ação do texto. ODE: Nos textos gregos, a ode eram um poema sobre algo sublime composto para ser cantado individualmente ou em coro e com acompanhamento musical. EPISÓDIO: É uma parte completa do texto trágico, que aparece entre os estásimos e que podem variar muito de tamanho e importância. ÊXODO: Última cena logo após o último estásimo que dá fim ao texto. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 10 CURSO EXATAS BASE ARISTOTÉLICA DA POÉTICA A Poética, de Aristóteles, de 330 a.C. Sua obra está fundamentada por base nos conceitos de imitação (mimesis) e de catarse (katharsis = purgação, purificação). A mimese (mimesis), dentro do conceito conduzido por Aristóteles, a relação criativa que conduzirá o poema trágico estando esse, de certo modo, sempre ligado ao que se concebe a ideia de Arte e de Natureza, estando sempre essa Arte em busca da imitação dessa Natureza. Outra referência da poética aristotélica são as suas três unidades: a de ação, de lugar e de tempo. Na unidade de ação, toda concepção está unificada, a ação é una. Tudo se organiza dentro de um tronco principal. As outras duas unidades sofreram maiores questionamentos por parte de outros teatrólogos, pois impuseram restrições à dramaturgia. A exigência de que a ação decorra em um único lugar traduz a unidade de lugar. Talvez a mais contestada das unidades aristotélicas, a unidade de tempo é colocada por Aristóteles de modo que a ação da trama não ultrapasse o tempo de uma “revolução solar”. DRAMA SATÍRICO O drama satírico é uma variação da tragédia, com a característica de ser mais curto. Originalmente é mais antigo que a própria tragédia sem, no entanto, diferenciar-se muito dela. Ambos têm em comum a temática dos mitos e heróis, porém com o aspecto paródico, em que heróis são ridicularizados, a exemplo da comédia. A Tetralogia que era apresentada nos festivais era composta pelo drama satírico e três tragédias, sendo que esse tinha a funçãode desfazer a impressão de tristeza causada por estas. COMÉDIA Segundo Aristóteles, sua origem se dá nas canções ritualísticas e cerimônias fálicas destinadas a Dionísio. O que se pode entender que sua origem é comum a da tragédia. As celebrações eram compostas por atores, que, no início, eram apenas pessoas comuns, disfarçados de animais como golfinhos, cavalos, pássaros, levando sempre sobre suas cabeças um enorme “falo”, no qual todos dançavam e cantavam por todo o cortejo. Aproximadamente 50 anos após a tragédia, a comédia surgir assim tardiamente por questões políticas, pois seu teor satírico feria violentamente as autoridades. Aproximando-se do caricatural, o gênero visava à correção pela deformação e pelo ridículo, com um objetivo claro: o riso. Posteriormente incorporada às Dionisíacas Urbanas, a comédia do Teatro Grego era dividida em três tipos: 1ª Comédia Antiga: 500 a.C. a 400 a.C. Caracterizou-se pela sátira política e ataques pessoais violentos. O coro era composto por 24 figuras; seu maior expoente foi Aristófanes. 2ª Comédia Média ou Intermediaria: 400 a.C. a 300 a.C. Fase de transição na qual o coro desaparece, em que é enfraquecida a sátira da comédia política do período anterior. Percebe-se pelos fragmentos e estudos é que a comédia declinou dos gigantescos discursos de críticas políticas para o terreno das relações cotidianas que não mais enxovalhavam deuses, chefes de estados ou filósofos, mas sim direcionavam seus ataques satíricos aos homens comuns do meio social. 3ª Comédia Nova ou Néa: 330 a.C. Desaparece completamente o coro. A temática volta-se totalmente para a vida privada. Vemos os dramaturgos obrigados a conduzirem seus textos a criações de comédias caseiras ou de costumes. Ao contrário da Comédia Antiga de grande valor político. Fixa-se, portanto, nos tipos e costumes — Menando revela-se como principal autor. Toda essa radical transformação deu-se pela falta de liberdade política da qual Atenas não mais dispunha, após ser vencida por Esparta. A decadência econômica fez com que os concursos fossem cada vez mais raros, pois financiar o coro, tanto da comédia, quanto da tragédia, não era mais possível. IFIGÊNIA EM ÁULIS Época da ação: idade heroica da Grécia. Local: Áulis, porto onde estava reunida a armada grega. Primeira representação: provavelmente em 405 a.C., em Atenas. Dramaturgo: Eurípedes PERSONAGENS Agamêmnon – Rei de Argos e Micenas. É filho de Atreu e, junto com seu irmão Menelau, é chamado de Atrida. Velho – servo de Agamêmnon e Clitemnestra. É chamado, no início da peça, para levar a carta de Agamêmnon a Clitemnestra. Coro – É formado por um conjunto de mulheres da cidade de Cálcis. Menelau – Rei de Esparta, irmão de Agamêmnon. Clitemnestra – Esposa de Agamêmnon, mãe de Ifigênia. Ifigênia – Filha de Agamêmnon e Clitemnestra, irmã de Orestes. Aquiles – Herói grego, filho de Peleu e Tétis, neto de Éaco. É falsamente unido a Ifigênia pela sua reputação. Mensageiro – Anuncia a chegada de Clitemnestra, Ifigênia e Orestes em Áulis. Descreve o percurso do sacrifício de Ifigênia a Ártemis. Corifeu – Nas encenações teatrais era considerado o chefe do coro. Era responsável por guiar esse grupo em suas ações. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 11 CURSO EXATAS RESUMO DA PEÇA Na antiga cidade de Áulis, cem embarcações esperavam bons ventos para partirem ao ataque de Tróia para recuperar Helena (esposa de Menelau, irmão de Agamêmnon, raptada por Páris por causa de sua estonteante beleza). A demora trazia estragos materiais e morais ao exército grego comandado por Agamêmnon que pouco antes abatera uma corça num dos bosques sagrados da deusa Ártemis, vangloriando-se de ser melhor caçador que ela e provocando sua ira. Supostamente por esse motivo, Ártemis instalou uma repentina calmaria que impediu as naus de partirem. O adivinho Calcas revela o oráculo da deusa: Ifigênia deve ser sacrificada a Ártemis para que bons ventos possam chegar a Áulis. Cabe assim ao rei de Argos decidir os rumos dos gregos aportados e de sua filha. Agamêmnon, ao saber do oráculo, manda a sua esposa Clitemnestra trazer a filha Ifigênia, sob a pretensão de esta casar com Aquiles, casamento que o próprio noivo desconhece. No entanto, o chefe Átrida atormentado tenta ainda anular a vinda de ambas, mas a carta que enviara foi interceptada por Menelau, seu irmão, que o ataca depois de tomar conhecimento da decisão do irmão, pois coloca os seus interesses pessoais à frente dos da Hélade. Apesar de, posteriormente, Menelau mudar de opinião face ao sacrifício da sobrinha, Ifigênia e a mãe chegam a Áulis, acompanhadas do pequeno Orestes, e Agamêmnon decide, numa reviravolta, acatar o oráculo, pois teme uma revolta do exército, e desta forma coloca em primeiro lugar o seu dever enquanto chefe: o sacrifício será consumado. O sacrifício humano gera um conflito entre dois poderosos sentimentos: o amor cívico e os laços familiares. Esta questão é apresentada ao longo da peça: por um lado, temos Agamêmnon que tem um dever perante os exércitos que tem sob o seu comando, que o leva a tomar a difícil decisão de acatar o oráculo e sacrificar a filha; por outro, a mesma personagem, que demonstra arrependimento depois da primeira tomada de decisão face ao sacrifício, pois quem terá de sacrificar é aquela que é sangue do seu sangue. A figura que se torna crucial e que acaba por unir o lado cívico ao familiar é Ifigênia: apelando ao pai que não seja sacrificada, invocando os laços familiares que os une e transmitindo um grande amor pela vida, acata e aceita posteriormente a decisão paterna (ou melhor, oracular) do seu fim, pois sabe que morrerá em glória pela Hélade. A ADVOGADA QUE VIU DEUS, O DIABO E DEPOIS VOLTOU PARA A TERRA PERSONAGENS PRINCIPAIS Advogada – Dra. Maria Vitória. É contratada para anular o contrato do ministro Jeová Pereira Mente com o diabo. Atendentes Caim Capinha – Auxiliar do diabo (satã). Rafaelzinho – Filho da advogada Maria Vitória Ministro – Jeová Pereira Mente Santo Agostinho Satã Tio Popota – Personagem que anima a festinha de aniversário de Rafaelzinho, filho da Dra. Maria Vitória. RESUMO A peça conta a história de Maria Vitória, uma advogada com uma causa muito peculiar: desfazer o pacto de seu cliente, o ministro Jeová Pereira Mente com o diabo, pois ele sente que a cobrança do pacto, no caso a morte, está muito próxima dele. O ministro oferece um café “batizado” à advogada que a faz viajar primeiramente ao inferno. Para isso, ela passa pela burocracia do inferno, da justiça divina, consegue a carteira da ordem celestial, inocenta Caim pela morte de seu irmão e enfrenta o Diabo e finalmente anula o pacto. O grupo brasiliense G7 – grupo dos sete – assina a criação do texto dramatúrgico A advogada que viu Deus, o Diabo e depois voltou para a terra. O grupo surgiu em 2001 e é formado desde seu início por quatro atores. Pelo uso do gênero cômico, o grupo privilegia a interação com a plateia e o improviso levando o público a participar efetivamente de algumas cenas. IMPROVISO Técnica do ator que interpreta algo improvisado, não preparado antecipadamente e “inventado” no calor da ação. Há muitas formas de improvisar: a partir de um tema conhecido, a partir do “jogo dramático”, da desconstrução verbal. A voga dessa prática explica-se pela recusa do texto assim como pela crença num poder libertador do corpo e da criatividade espontânea. É um dos principais elementos utilizados em criações coletivas de teatro ou processo colaborativos. Artes Cênicas PAS 1 (SEMESTRAL) 12 CURSO EXATAS ANOTAÇÕES ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................................................................................................................................................................................................. .............................................................................................................................................................................................................. 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PAS 1 – Artes Visuais PAS 1 (SEMESTRAL) 13 CURSO EXATAS FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM VISUALCLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS 1. RACIONAIS OU GEOMÉTRICAS Como a própria designação sugere, são triângulos, quadrados, cubos... 2. LIVRES OU INFORMAIS Aqui a forma praticamente não existe, ou ao menos é de difícil percepção. São rabiscos, garatujas e grafismos. Exemplo de Grafismos indígenas como padrões em um cesto Garatujas infantis FORMAS ORGÂNICAS São aquelas que envolvem a natureza, os seres vivos, flora e fauna. Podem também ser representações de seres imaginários, como fadas, anjos, dragões... As formas orgânicas se subdividem em: 3.1 PRIMITIVISTAS São caracterizadas pela simplicidade e sintetização das formas e uso de cores saturadas, puras, sem nuances. Embora o termo pareça um tanto pejorativo, ele é utilizado para diferenciar a arte erudita, ou de quem tem uma determinada formação acadêmica, das manifestações populares, como acontece com as belas xilogravuras de J. Borges feitas para as capas dos cordéis na região Nordeste do país. Caracteriza também a arte infantil, a indígena e a pré-histórica. Artistas modernos também fizeram uso dessas formas primitivistas em suas composições, como na Pomba da Paz, de Picasso. Eles foram fortemente influenciados pela pureza e simplificação das formas presentes em artefatos, máscaras e objetos fetichistas da arte africana e de povos de outros continentes. Artes Visuais PAS 1 (SEMESTRAL) 14 CURSO EXATAS 3.2 EXPRESSIONISTAS Edvard Munch, O Grito, 1894 São caracterizadas pelo exagero e a deformação da imagem em função da eficiência da mensagem transmitida. Estão presentes na pintura expressionista, nas charges e caricaturas. 3.3 NATURALISTAS Resulta de qualquer tentativa de reproduzir o objeto natural, o modelo observado. Variam seu grau de acordo com a técnica, a habilidade e os materiais empregados. Na verdade, de certo modo o naturalismo permeia todos os desenhos, do primitivista até o realista, assim, é mais simples seguir a seguinte regra: quanto mais próximo da abstração, ou seja, quanto mais o desenho se distanciar da realidade ou do modelo observado, menor será o grau de naturalismo, quanto mais se aproximar do retrato, da fidelidade ao modelo observado, maior seu naturalismo. Policleto, O Doríforo, séc, V a.C. mármore 3.4 REALISMO É um naturalismo em grau elevadíssimo. Tem como característica o caráter fotográfico e a fidelidade ao modelo observado. Bebê Recém-Nascido, escultura de Ron Mueck. Na arte de caráter realista, destaca-se a riqueza de detalhes dos ambientes e das personagens. Em alguns casos, essa primazia é tamanha que nos leva ao espanto, como nas incríveis esculturas de Ron Mueck. Artes Visuais PAS 1 (SEMESTRAL) 15 CURSO EXATAS EXERCÍCIOS 1 Teatro Nacional de Brasilia, Projeto de Niemeyer e arte de Athos Bulcão 2 Aqua Appia, aqueduto, 312 a.C. 3 Busto de Nefertiti, rainha egípcia 4 Portinari, Retirante com Criança ao Colo, lápis sobre papel 5. Discóbolo, cópia romana da original grega do séc. V a.C. 6 Kandinsky, detalhe da obra Vermelho, Azul e Amarello, óleo sobre tela 7. Escher, Metamorfoses, xilogravura 1) A partir das imagens 1 a 7, julgue os itens em (C) certo ou (E) errado acerca das formas apresentadas. A fachada do Teatro Nacional apresenta formas que, nas artes visuais, são classificadas como orgânicas. Na obra de Kandinsky (fig 6), predomina o uso de elementos informais de modo livre. A sintetização das formas na escultura do Discóbolo (fig.5) acentua o caráter primitivista da composição. No busto de Nefertiti (fig 3) o realismo da forma é obtido através da ênfase dada aos detalhes anatômicos. O termo naturalismo pode ser aplicado a toda manifestação plástica figurativa que nos permita reconhecer o modelo utilizado. Os traços fortes, o exagero e a deformação da imagem na obra Mulher com Criança ao Colo, de Portinari (fig.4), reforçam seu caráter expressionista. A repetição de padrões geométricos nos cubos da fachada do Teatro Nacional elimina a percepção de ritmo e dinamismo visual. No aqueduto Via Appia, a repetição dos padrões dos arcos e da relação cheio e vazio gera um ritmo contínuo e regular à composição arquitetônica. A linha tem função meramente ornamental na obra de Portinari (fig 4). Na gravura Metamorfose, de Escher (fig.7), há a transição contínua de formas orgânicas para racionais e de racionais para orgânicas. 2) Continue julgando... Na obra de Kandinsky (fig.6) predomina o equilíbrio sem tensões, o que é característica marcante de todas as obras abstratas, sejam livres ou geométricas. Linhas diagonais e curvas aumentam a sensação de movimento e dinamismo na obra de Kandinsky (fig.6). As formas e linhas aplicadas nas arquiteturas do Teatro Nacional e no aqueduto Via Appia promovem o mesmo resultado visual, caracterizado pelo peso e estaticidade da composição. A justaposição dos elementos visuais na obra Metamorfose, de Escher, promove uma cena aberta com sensação de continuidade narrativa e espacial. Na escultura do Discóbolo as proporções e o congelamento da ação contribuem para a sensação de realismo da obra. Na obra Metamorfoses, de Escher (fig.7) planos e profundidade se misturam e eliminam a percepção de tridimensionalidade das formas apresentadas. Os aquedutos romanos, além de sua função, seja ela levar água de pontos distantes até as cidades do império, exerciam também uma forma de evidenciar e impor a presença do Império Romano em sua vasta extensão. A engenharia romana ultrapassou o tempo e o espaço e mesmo após sua dissolução continuou exercendo forte influência nas edificações erigidas no mundo ocidental. A escultura “Discóbolo” pertence ao primeiro período da arte grega, o Dórico, caracterizado pela intensidade dos movimentos e pela dramatização presente na expressão das figuras representadas. Artes Visuais PAS 1 (SEMESTRAL) 16 CURSO EXATAS 8. Partenenon, 447 a.C. 9. Catedral de Notre Dame, 1163 e concluída em 1245 3) Observe as duas edificações acima ilustradas nas imagens 8 e 9 e marque a alternativa CORRETA. As duas obras seguem os padrões clássicos gregos de construção. Na fachada da Catedral de Notre Dame predominam elementos visuais como simplicidade e economia de formas. A forma retangular e sólida que caracteriza a arquitetura do Parthenon confere a sensação de leveza à composição. Embora diferentes quanto ao estilo, às duas construções têm em comum o fator simetria como característica marcante. 10 Artemisia Gentileschi, Suzana e os Velhos, 1610, Óleo sobre tela 11 Rafael Sanzio, A Escola de Atenas, afresco, 1497 Para o físico, equilíbrio é o estado no qual as forças, agindo sobre um corpo, compensam-se mutuamente. Consegue-se o equilíbrio, na sua maneira mais simples, por meio de duas forças de igual resistência que puxam em direções opostas. A definição é aplicável para o equilíbrio visual. Como um corpo físico, cada padrão visual finito tem um fulcro ou centro de gravidade (...). Com exceção das configurações mais regulares, nenhum método de cálculo racional conhecido pode substituir o sentido intuitivo de equilíbrio do olho. Rudolf Arnheim, arte e percepção visual 4) Com base no texto e nas imagens ao lado, julgue os itens em (C) certo ou (E) errado. A ideia de equilíbrio visual pode ser notado na pintura A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio, pela distribuição equitativados pesos visuais. Na física, as forças que atuam sobre um corpo podem gerar tanto seu movimento, deslocamento ou o cessar, na arte a sensação de movimento, por sua vez, é gerada pela exploração de linhas curvas diagonais, como aquelas predominantes na obra Suzana e os Velhos (fig.10). Na pintura A Escola de Atenas, as personagens principais são destacadas através da proximidade de suas cabeças do centro geométrico da composição. Na obra Suzana e os Velhos a tensão espacial reside entre as mãos da personagem e as faces dos anciãos. A pintura A Escola de Atenas possui profundidade espacial obtida pela sobreposição de planos no campo visual tridimensional. Na obra de Artemisia (fig. 10) o equilíbrio visual é reforçado pela rígida simetria na distribuição dos elementos. Na obra A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio, o artista fez uso da perspectiva oblíqua, ou seja, com dois pontos de fuga, para construir o desenho. A arquitetura e o tratamento das formas na obra de Rafael Sanzio (fig.11) gera um ambiente essencialmente divino o que reforça o caráter emotivo na cena representada. Nas artes visuais, independentemente do grau de naturalismo, as figuras humanas presentes nas imagens apresentadas são classificadas como orgânicas. A obra Susana e os Velhos é caracterizada por fortes contornos e contrastes marcantes que distinguem figura e fundo. Artes Visuais PAS 1 (SEMESTRAL) 17 CURSO EXATAS PESO E EQUILÍBRIO EQUILÍBRIO: Condição essencial para o desenvolvimento humano Para a física, o resultado de forças de igual intensidade que agem sobre um corpo. Para a arte, o resultante da distribuição equitativa de pesos visuais. Semelhante, não? PESOS VISUAIS: São cores, formas, pontos, linhas, elementos que se destacam diante dos nossos olhos. O peso visual é determinado por uma série de fatores, dentre os quais temos como principais: COR: elemento de maior destaque, entre elas, quanto mais luz carregar, ou seja, quanto mais quente for, maior o destaque, maior a proximidade dos nossos olhos. Cores escuras, frias, gera a sensação de distância, profundidade espacial. PROFUNDIDADE ESPACIAL: quanto mais distante um objeto maior nosso interesse. A sensação de profundidade pode ser obtida por meio da perspectiva, da diminuição das formas ou através da relação entre cores quentes e frias. ISOLAMENTO: figuras isoladas são um convite a nossa curiosidade, por isso seu destaque. INTERESSE INTRÍNSECO: são elementos, formas que nos chamam a atenção em decorrência de fatores pessoais, culturais, como a memória, a religião, a sexualidade. TAMANHO: quanto maior um objeto, maior seu destaque. FORMA: alguns objetos, por sua forma, sugerem peso ou leveza. DISPOSIÇÃO: é como uma gangorra de um parquinho, está associado ao sentido de ordem e simetria. TIPOS DE EQUILÍBRIO 1. MECÂNICO ou SIMÉTRICO Como o próprio nome sugere, é obtido através da justa distribuição das formas de modo simétrico, matemático, sobre uma superfície. É típico da arte clássica, como a renascentista, como nessa obra, O Casamento da Virgem, do mestre Rafael Sanzio. 2. ORGÂNICO ou ASSIMÉTRICO Mais complexo que o simétrico, decorre do trabalho com a compensação de pesos visuais como cor, tamanho, profundidade, isolamento, e outros, como nessa obra intitulada A Agonia no Deserto, de El Greco. É muito comum na arte barroca e no Romantismo. 3. HOMOGÊNEO Pieter Bruegel, A Luta entre o Carnaval e a Quaresma, 1559 É caracterizado pela ampla distribuição dos elementos visuais sobre uma superfície. Nenhuma área pesa mais que a outra. É comum na arte medieval gótica na arte abstrata. DINAMISMO A ideia de dinamismo visual está associada a um conjunto de sensações geradas pelo mundo imagético diante dos olhos. Os elementos que intensificam o dinamismo visual são: 1. RITMO: a noção de ritmo nas artes não difere muito das demais linguagens, no caso, resulta da repetição de padrões visuais diante dos olhos, seja numa pintura, numa fotografia, na paisagem urbana. Esses padrões podem ser pontos, linhas, formas, pessoas, árvores, etc., e se apresentam de modo intenso, calmo, regular, alternado, crescente... 2. TENSÃO: a tensão em uma imagem resulta não só da expectativa causada pelo congelamento de uma narrativa, uma ação. Na verdade, os grandes promotores dessa sensação são os contrastes, estes podem ser de várias maneiras, claro e escuro, alto e baixo, belo e feio... 3. MOVIMENTO: a sensação de movimento é intensificada mediante a presença de linhas curvas e diagonais, linhas dinâmicas e antiestáticas. 4. RELAÇÃO FIGURA/FUNDO: a distinção entre uma figura e o fundo também proporcionam essa sensação dinâmica numa imagem. Artes Visuais PAS 1 (SEMESTRAL) 18 CURSO EXATAS EXERCÍCIOS 1 Leonardo da Vinci, A Última Ceia, afresco, 1497 2 Goya, Fuzilamento de 3 de Maio de 1808, óleo sobre tela 3 Grupo Arte Favela, Releitura do Abporu, de Tarsila do Amaral, Graffiti, 2006. 4. Galeno, painel no interior da Capela Nossa Senhora de Fátima, Brasília Para o físico, equilíbrio é o estado no qual as forças, agindo sobre um corpo, compensam-se mutuamente. Consegue-se o equilíbrio, na sua maneira mais simples, por meio de duas forças de igual resistência que puxam em direções opostas. A definição é aplicável para o equilíbrio visual. Como um corpo físico, cada padrão visual finito tem um fulcro ou centro de gravidade (...). Com exceção das configurações mais regulares, nenhum método de cálculo racional conhecido pode substituir o sentido intuitivo de equilíbrio do olho. Rudolf Arnheim, arte e percepção visual 5) Com base no texto e nas imagens acima, julgue os itens em (C) certo ou (E) errado. A ideia de equilíbrio visual pode ser notado na pintura A Santa Ceia, de Leonardo da Vinci, pela distribuição equitativa dos pesos visuais. Na física, as forças que atuam sobre um corpo podem gerar tanto seu movimento, deslocamento ou o cessar, na arte a sensação de movimento, por sua vez, é gerada pela exploração de linhas curvas diagonais, como aquelas predominantes na obra de Goya. A ênfase nos detalhes da imagem da santa na pintura de Galeno (fig 8) visa ressaltar características individuais da personagem. Na pintura A Santa Ceia, a disposição da cabeça de Cristo no centro geométrico da imagem gera estabilidade e ressalta sua importância na cena. Na releitura do Abaporu a relação entre figura e fundo é obtida por meio do contraste das cores e da diminuição das formas. Na obra de Goya (fig 6) o contraste cromático elimina a profundidade espacial. A pintura A Santa Ceia possui profundidade espacial obtida pela sobreposição de planos no campo visual tridimensional. O expressionismo da forma visando reforçar o conteúdo caracteriza tanto a releitura do Abaporu quanto a obra de Leonardo da Vinci, o que é recurso comum tanto na arte clássica quanto na primitivista. Na releitura do Abaporu a paisagem ao fundo tem finalidade meramente ornamental, sendo dispensável da composição sem prejuízo ao conteúdo abordado. Na obra de Goya, entre a personagem de branco e as armas dos soldados localiza-se a tensão espacial da cena. 6) Continue julgando... Na obra de Goya, embora a luz seja elemento de grande destaque a conduzir o olhar do espectador para o lado esquerdo da obra, o número de soldados e a sensação de profundidade espacial à direita equilibram a composição. O ritmo ordenado dos soldados perfilados na obra de Goya contrasta com a irregularidade
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