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Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) Legislação Tributária Aula 2 Paolla Hauser Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 1 Conversa Inicial Olá aluno. Tudo bem? A aula anterior teve como objetivo levar ao seu conhecimento o sistema constitucional tributário, as garantias conferidas pela Constituição Federal e os conceitos fundamentais para entendimento da nossa legislação. Na aula de hoje, vamos conversar sobre a classificação tributária no Brasil distinguindo as espécies, entre impostos, taxas e contribuições. Aprenderemos também sobre os elementos necessários para qualquer incidência tributária, como base de cálculo, alíquotas, sujeito passivo e sujeito ativo, e o que significa cada um destes elementos. Compreendendo a estrutura teórica que permeia a definição de tributos, fica mais fácil compreender a lógica de funcionamento de cada tributo, a sua aplicação e criticar a criação de um novo tributo, considerando toda essa teoria aprendida. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 2 Contextualizando Após conhecermos os principais conceitos do direito tributário brasileiro, precisamos definir algumas regras, para classificar os tributos, identificar o contribuinte do mesmo e interpretar o que o Fisco determinou com a publicação de uma norma legal. Quanto a classificação tributária, é comum ouvirmos a palavra imposto, para designar todas as espécies de tributos existentes. Muitas pessoas, utilizam a palavra imposto como gênero, para falar sobre qualquer tributo que é pago, desde o imposto de renda, por exemplo, até o INSS. Por essa razão é que nossa aula de hoje é importante, pois aprenderemos as corretas definições e elementos tributários, usando não somente o termo correto, mas sabendo qual a consequência da criação e do pagamento de determinado tributo. Depois de conheceremos então, as espécies tributárias, vamos aprender quais são os elementos que forma um tributo, identificando assim, como nasce a obrigação de pagá-lo, e quando encerra tal obrigação. Desta forma, saberemos se o tributo já existe no sistema tributário ou não, pois se faltar um elemento, não há possibilidade de efetuar o pagamento. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 3 Pesquise Classificação dos Tributos Na aula passada, utilizamos o termo tributo sem a menor preocupação com a sua classificação. Agora vamos relembrar um importante conceito, visto na aula passada e trazido pelo Código Tributário Nacional (CTN) que diz: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Sabemos então que tributo é uma prestação obrigatória devendo estar instituída em lei para que seja possível a sua cobrança. Mas não basta reconhecer o tributo, pelo seu conceito. É necessário determinar qual a espécie tributária, ou seja, a natureza específica do tributo, conforme o artigo 4º do CTN. A Classificação A Constituição Federal prescreveu detalhadamente o sistema tributário brasileiro com um regime jurídico de princípios e normas rígidas, que visam aos contribuintes direitos subjetivos a serem respeitados na instituição dos tributos. Temos nos artigos 145, 148, 149 e 149-A da CF, os institutos jurídicos dos quais os entes políticos podem se utilizar para arrecadar as receitas. Vejamos a seguir: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 4 II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. [...] Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 5 § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Art. 149. A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Existem diversas correntes na doutrina que considera tributo somente o que está descrito no artigo 145, sendo os demais classificados como subespécies. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 6 No entanto, usaremos a teoria tricotômica, que é a mais utilizada no direito tributário, defendida por Geraldo Ataliba. Neste sentido, classificaremos os tributos entre impostos, taxas e contribuições. Lembre-se sempre que tributo é gênero e os impostos, as taxas e as contribuições são espécies. Outra classificação importante que tem como fonte a circunstância de existir ou não um vínculo entre o fato descrito e uma atuação do Governo como “contrapartida” do pagamento do tributo. Desta forma, podemos classificar ainda como tributo vinculado e tributo não- vinculado. Tributo Vinculado Tributo vinculado é aquele cujo fato gerador está vinculado, relacionado, a alguma atividade estatal em prol do contribuinte, ou seja, o tributo pago será destinado apenas para essa atividade,por exemplo, uma contribuição de melhoria (quando um ente federal faz qualquer obra pública que ocorre valorização imobiliária). Tributo não-vinculado O tributo não-vinculado é aquele que pagamos, mas que poderá ter uma utilização generalizada pelo Fisco arrecadador, ou seja, em nada se relaciona com alguma atividade estatal em prol do contribuinte. Somente os impostos são tributos não-vinculados. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 7 Impostos Impostos são aqueles tributos que, quando instituído na lei, é devido independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte, ou seja, não está vinculado a nenhuma prestação específica do Fisco ao sujeito passivo. O Código Tributário Nacional define imposto em seu artigo 16, como: Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Rubens Gomes de Souza citado por Fabretti (2009) define: Impostos são as receitas que o Estado cobra tendo em vista exclusivamente o interesse público da atividade desempenhada pelo governo, sem levar em conta as vantagens que possam decorrer dessa atividade para os particulares ou mesmo a ausência de tais vantagens sob o ponto de vista individual. Devemos entender como Estado qualquer ente que esteja cobrando o imposto, seja ele Federal, Estadual ou Municipal. Podemos notar ainda que os impostos arrecadados pelo Fisco serão utilizados para qualquer despesa que o mesmo possua, não sendo necessário que a receita arrecada seja convertida em serviços aos contribuintes. Podemos ainda classificar os impostos como diretos e indiretos Impostos Diretos São aqueles impostos em que o contribuinte de direito é idêntico ao contribuinte de fato. Neste caso, não há transferência de ônus financeiro a terceiros. Exemplo: o IPVA e IPTU. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 8 Impostos Indiretos São aqueles em que é admitida a existência de duas figuras de contribuinte, o de direito e o de fato. Neste caso, a lei determina o contribuinte de direito pague o imposto, no entanto, este poderá repassar o encargo para o contribuinte de fato. Temos como exemplo o ICMS e IPI. Luz (2011) afirma ainda que tributos indiretos são aqueles em que há repasse para o preço do produto, serviço ou mercadoria, recaindo o ônus financeiro para o consumidor. Fique sabendo Contribuinte de direito é aquele que tem a obrigação legal de recolher o tributo aos cofres públicos. Contribuinte de fato é aquele que efetivamente desembolsa o valor do tributo. Aquele que suporta o ônus tributário. Existem ainda os impostos chamados de progressivos e os regressivos. Impostos Progressivos São aqueles em que a alíquota aumenta à medida que aumenta a base de cálculo. Temos o exemplo do imposto de renda pessoa física, onde, a tabela progressiva tem o objetivo de fazer com que quem tiver um salário maior recolha um imposto maior. Impostos Regressivos São aqueles que reduzem à medida que aumenta a base de cálculo, temos como exemplo o imposto de renda cobrado sobre aplicação financeira. Neste caso, quanto maior o tempo de aplicação, menor a alíquota recolhida, conforme tabela a seguir: � 22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de até 180 (cento e oitenta) dias; Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 9 � 20% (vinte por cento), em aplicações com prazo de 181 (cento e oitenta e um) dias até 360 (trezentos e sessenta) dias; � 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de 361 (trezentos e sessenta e um) dias até 720 (setecentos e vinte) dias; � 15% (quinze por cento), em aplicações com prazo acima de 720 (setecentos e vinte) dias. Os impostos que serão estudados em nossa disciplina são: Imposto de Renda, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Imposto sobre Prestação de serviços. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 10 Contribuições As contribuições são os tributos cobrados pelo fisco tendo em vista o interesse público da atividade desempenhada pelo governo. São exemplos de contribuições, cuja arrecadação tem destinação específica. � As sociais — destinam-se a financiar a seguridade social e estão previstas no artigo 195 da CF. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro. II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201 III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. � Para a saúde — a conhecida CPMF que foi cobrada por 11 anos sobre as operações bancárias. � Infraestrutura e Transporte — são as Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDEs), instituída na Lei nº 10.336/2001 incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível, cuja arrecadação destina-se especificamente para financiar programas de infraestrutura e transporte e projetos ambientais. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 11 � Categoria Profissional — são as contribuições vinculadas a entidades representativas de atividade profissional, como é o caso das anuidades pagas aos Conselhos de classe, como CRC, CRM, CREA, entre outros. As últimas contribuições citadas acima estão previstas no artigo 149 da Constituição Federal, conforme transcrito: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. [...] � Contribuição de Melhoria — são tributos que o governo pode cobrar pela valorização de imóveis em decorrência da execução de uma obra pública, como por exemplo, pavimentação de ruas. Se você tiver interesse em saber como funciona essa contribuição, assista ao vídeo a disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9JnazDDGkz8. Em nossa disciplina, não vamos tratar de todas essas contribuições, nosso foco aqui são as contribuições destinadas à seguridade social, como INSS (CPRB), PIS, COFINS e CSLL. Contribuições Sociais As contribuições sociais podem ser subdivididas em: � Previdenciárias — se destinadas especificamente ao custeio da Previdência Social, e são formadas pelas contribuições dos segurados e das empresas, conforme as previstas na Lei nº 8.212/1991 e Lei nº 12.546/2011; Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 12 � Não previdenciárias — quando voltadas para o custeio da Assistência Social e da Saúde Pública. Por exemplo: a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o PIS (Programa de Integração Social), incidentes sobre a receita ou o faturamento, e a CSLL (Contribuição Socialsobre o Lucro Líquido), que recai sobre o lucro. Essas contribuições financiam o sistema da seguridade social e não retribuem uma atividade específica do Estado, uma vez que o contribuinte tem a obrigação de pagá-las, mas não necessariamente irá usufruir algum benefício ou serviço da previdência social. Há desse modo, como hipótese de incidência, uma atuação do Poder Público indiretamente vinculado ao contribuinte: por meio do custeio da seguridade social ele terá direito a ações gratuitas da saúde pública e, eventualmente, da assistência social e da previdência social (quando se enquadrar em alguma das hipóteses legais). As contribuições sociais devem obedecer ao princípio da anterioridade restritiva, ou seja, princípio da noventena. Sendo assim, além de poder ser cobrada somente no ano seguinte da sua publicação, deverá ainda respeitar 90 dias após publicação da lei. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 13 Taxas e Empréstimos Compulsórios Taxas As taxas estão previstas no artigo 145 da Constituição Federal e são disciplinadas no Código Tributário Nacional, no artigo 77, conforme segue: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. As taxas são tributos vinculados, pois sempre estão atrelados a uma atividade em contrapartida da cobrança. Em análise ao artigo citado, entende-se como exercício regular do poder de polícia a atividade pública que limita e disciplina direito, interesse ou liberdade a favor do interesse público, no que se refere a segurança, higiene, ordem, costumes, entre outros. Podemos citar a taxa de controle e fiscalização ambiental cobrada de algumas empresas de acordo com a atividade. No que se refere a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte, podemos citar as taxas de serviços administrativos. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao imposto, nem calculada em função do capital da empresa. O contribuinte de taxa será a pessoa que provoca a atuação estatal caracterizada pelo exercício do poder de polícia, ou a pessoa a quem seja prestada, ou à disposição de quem seja colocada a atuação do Estado traduzida em um serviço público divisível. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 14 Empréstimo Compulsório Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos pela União exclusivamente para atender despesas extraordinárias, aquelas que não estejam previstas no orçamento, decorrentes de calamidade pública, guerra ou investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Este tributo está previsto no artigo 15 do CTN Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. O valor arrecadado com o empréstimo compulsório é vinculado à causa que fundamentou a sua instituição, e os valores devem ser restituídos ao contribuinte, conforme as condições estipuladas na lei complementar que os instituiu. Quadro-Resumo A seguir temos um quadro com o resumo das espécies tributárias. Tributo Vinculação Contraprestação Imposto Não — Taxa Sim Exercício regular do poder de polícia. Utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível. Contribuição de Melhoria Sim Valorização de imóveis decorrente de obra pública. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 15 Contribuições Sociais Em Parte CIDE — financiar a própria atividade interventiva. Contribuições Profissionais — vinculadas a entidades representativas de profissionais. Contribuições de seguridade social — destinadas a financiar a seguridade social. Empréstimo Compulsório Sim Custeio de despesas extraordinárias da União, decorrentes de calamidade pública, guerra ou iminência de guerra. Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Fonte: Rezende, Pereira e Alencar (2010) Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 16 Elementos Fundamentais e Complementares Antes de entrar nos conceitos e apuração de cada tributo que iremos estudar, é importante conhecermos os elementos fundamentais e os complementares para a existência e cobrança de qualquer imposto ou contribuição existente no ordenamento jurídico brasileiro. Os elementos fundamentais são: � fato gerador � contribuinte ou responsável � base de cálculo Os elementos complementares para a formação do tributo são: � alíquotas � prazo de pagamento Elementos Fundamentais Pela sua relevância, os elementos fundamentais do tributo só podem ser definidos por lei complementar, conforme previsto no artigo 146, inciso III da Constituição Federal. Fato Gerador De acordo com o Código Tributário Nacional, artigo 114 “fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Analisando essa definição, temos: � Situação: significa o fato, o conjunto de fatos, a situação de fato. Toda e qualquer ocorrência, decorrente ou não de vontade. Situação cuja ocorrência faz nascer uma obrigação. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 17 � Definida em lei: só a lei é o instrumento que pode descrever e definir a situação cuja ocorrência gera a obrigação tributária. � Necessária: sem a situação prevista em lei, não nasce a obrigação tributária. � Suficiente: a situação prevista em lei basta para o surgimento da obrigação tributária. Em resumo, podemos dizer que o fato gerador é a hipótese de incidência tributária, ou seja, é onde nasce a obrigação de pagar o tributo. Contribuinte ou Responsável O CTN, em seu artigo 121 define como sujeito passivo da obrigação tributária a pessoa obrigada ao pagamento do tributo. Neste mesmo artigo temos como sujeito passivo: [...] I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. [...] O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador, podemos citar aqui o IPVA, que tem como contribuinte do imposto o proprietário do veículo. Já o responsável é a pessoa que a lei escolher para responder como sujeito passivo da obrigação tributária, em substituição ao contribuinte de fato, em razão de maior complexidade para alcança-lo. O responsável não arca com o ônus tributário, sendo que esse é suportado pelo contribuinte de fato. O responsável atua como uma espécie de arrecadador do Fisco. Temos como exemplo de imposto, cujo o responsável difere do contribuinte o imposto de renda retido na fonte, onde o ônus é suportado pelo prestador do serviço, mas o recolhimento é feito pelo tomador, ou seja, pelo responsável. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 18 Base de Cálculo Segundo Machado (2015), base de cálculo éa expressão econômica do fato gerador do tributo e deve ser instituída em lei juntamente com a hipótese de incidência tributária. A base de cálculo é o valor sobre o qual se aplica a alíquota para determinar o montante do tributo devido. Podemos citar como exemplo o PIS que tem como base de cálculo o faturamento mensal da empresa. Elementos Complementares Diferente dos elementos fundamentais, os elementos complementares podem ser fixados em lei ordinária. Alíquota A palavra alíquota na linguagem dos matemáticos indica a parte ou a quantidade que está contida em outra em número exato de vezes. No direito tributário tem sido utilizada geralmente para indicar o percentual aplicado sobre a base de cálculo para se determinar o valor do tributo (MACHADO, 2015). Na legislação tributária, geralmente utiliza-se alíquotas denominadas de ad- valorem, isto é, sobre o valor, indicada como percentual. Temos ainda, previsto em alguns casos, as alíquotas específicas, raramente utilizadas, que servem para calcular o tributo sem considerar o valor do objeto tributado, como é o caso do IPI sobre bebidas, onde a alíquota é determinada por referência sobre a quantidade vendida, não importando o valor da venda. Prazo de pagamento O prazo de pagamento dos tributos pode ser estipulado por meio de lei ordinária. Na prática, há casos em que a lei ordinária delega ao Poder Executivo a competência para fixar prazos para pagamento, por meio de decreto. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 19 Trocando Ideias Após ler sobre o tema de pesquisa, que trata da indicação do CPF na nota fiscal, como uma premissa de redução da sonegação fiscal, e ter assistido ao vídeo que demonstra como é realizado o cálculo da devolução do ICMS, entre no fórum, disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem, e descreva o que você acha dessa iniciativa dos Estados. Se é importante para o crescimento do Brasil e deveria ser aplicada para todos os estados ou é apenas uma forma de aumentar a arrecadação do estado. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 20 Na Prática Você já deve ter percebido a quantidade de tributos que existem em nosso ordenamento jurídico. São diversas espécies, sendo possível cobrar tributos sobre tudo, renda, mercadoria, serviço, operações financeiras, entre tantas outras operações que realizamos no dia a dia. Atualmente, alguns estados têm convivido com a devolução de parte do tributo pago, sobre aquisição de mercadorias, aos contribuintes que pedem nota fiscal nos estabelecimentos e que informam o número do CPF. De acordo com a publicação na revista Exame no ano de 2015, quatro estados lançaram programas de inclusão do CPF na nota fiscal: Amazonas, Maranhão, Paraná e Piauí. Inspirados no programa Nota Fiscal Paulista, pioneiro no modelo, esses e outros estados têm contado com a ajuda da população para aumentar sua arrecadação. Mas, assim como ocorreu em São Paulo, inicialmente os programas costumam enfrentar resistências de consumidores, que temem que as notas fiscais sejam utilizadas pelos governos estaduais para reunir informações sobre a renda dos contribuintes e repassá-las ao Fisco. Esse programa foi criado para incentivar o cidadão a registrar seu CPF nas notas fiscais de estabelecimentos e com isso, reduzir a sonegação fiscal nas atividades comerciais, que ainda é muito praticada, apesar de toda fiscalização. O Estado não comercializa bens ou serviços nem possui outra natureza de negócio lucrativo. Portanto não pode gerar recursos financeiros por si só. Necessita que a sociedade contribua para bem cumprir sua missão. Daí a existência do tributo, contribuição da sociedade para o financiamento do Estado. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 21 Leia as informações a respeito deste assunto, e fique por dentro! Assim, você pode orientar seus parentes e amigos, e ajuda-los a entender melhor essa prática: Nota Fiscal Paulista: http://www.nfp.fazenda.sp.gov.br/default.asp Nota Fiscal Paranaense: http://www.notaparana.pr.gov.br/ Nota Fiscal Amazoense: https://nfamazonense.sefaz.am.gov.br/ Nota Fiscal Piauiense: http://sefaz.pi.gov.br/notapiauiense/ Nota Fiscal Maranhense: http://notalegal.sefaz.ma.gov.br/ Veja como o Estado do Paraná calcula o ICMS devolvido ao consumidor! https://www.youtube.com/watch?v=QmuPpD8N8D8&feature=youtu.be Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 22 Síntese Esta aula teve como objetivo apresentar a diferença entre tributo e imposto, trazendo ainda outras espécies de tributos que são as taxas e as contribuições. Aprendemos a diferente entre tributos vinculados e não vinculados, sendo que as taxas e as contribuições têm uma essência de tributo vinculado, ou seja, nós pagamos tais tributos, sendo que o Fisco nos devolve, em partes, em serviços públicos. A diferença é que a taxa só é paga quando o serviço está sendo prestado em determinado local, diferente das contribuições, que é de competência da União, e não necessariamente você será beneficiário da contraprestação em decorrência da contribuição recolhida. Já os tributos não vinculados, que são os impostos, são aqueles que, mesmo sendo compulsório, são recolhidos sem definição específica. Servindo para qualquer coisa que o Fisco necessite, não tendo destinação pré-estabelecida. Além disso, podemos ainda definir os tributos como diretos e indiretos, sendo que os indiretos, de uma forma simples, são aqueles que são cobrados do consumidor. Aprendemos também sobre os elementos fundamentais e complementares para a formação e cobrança dos impostos, das taxas e das contribuições. Tendo inicialmente o fato gerador, que é o nascimento da obrigação tributária, o sujeito passivo, a base de cálculo — sendo ela determinante para compreender a espécie tributária, a alíquota, qual temos, quase que como regra, os percentuais aplicados sobre valores, e por último, o prazo de pagamento do tributo, devendo atentar-se para o caso de dia determinado ser final de semana ou feriado, devendo então, antecipar o seu recolhimento. Todo esse conhecimento será importante para aprendermos melhor sobre os principais impostos e contribuições devidas pelas empresas, que veremos nas aulas seguintes. Bons estudos! Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 23 Referências ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6. ed. São Paulo. Malheiros, 2014. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei 5.172 de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. 13. ed. São Paulo. Atlas, 2013 FABRETTI, Láudio Camargo. Direito Tributário Aplicado: Impostos e Contribuições das Empresas. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2009. HACK, Érico. Noções preliminares de direito administrativo e direito tributário. 3. ed. Curitiba. Ibpex, 2010. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo. Malheiros, 2015. MARTINS NETO, Francisco. Legislação Tributária. Curitiba. Ibepex, 2007. SILVA, Roque Sergio D’Andréa Ribeiro da. Introdução ao Direito Constitucional Tributário: com ênfase à pessoa jurídica. Curitiba. Intersaberes, 2013. REZENDE, Amaury José; PEREIRA, Carlos Alberto; ALENCAR, Roberta Carvalho de. Contabilidade Tributária: Entendendo a Lógica dos Tributos e seus Reflexossobre os resultados das Empresas. São Paulo. Atlas, 2010.
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