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Introducao a Teologia 2

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Prévia do material em texto

EA
D
Conceito e Natureza da 
Teologia
2
1. OBJETIVOS
•	 Definir	teologia.
•	 Estudar	a	etimologia	do	termo	teologia.
•	 Analisar	e	enunciar	a	teologia	como	hermenêutica	da	fé,	
como	crítica	histórica	e	como	vivência	ética	da	fé.
•	 Reconhecer	como	nasce	concretamente	a	teologia.
•	 Interpretar	e	identificar	a	perspectiva	e	objeto	de	estudo	
da	teologia.
•	 Apontar	as	características	da	estrutura	do	discurso	teoló-
gico	em	particular.	
2. CONTEÚDOS
•	 Conceito	de	teologia.
•	 Origem	do	termo.
© Introdução à Teologia 24
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
•	 Teologia	como	hermenêutica	da	fé,	como	crítica	histórica	
e	como	vivência	ética	da	fé.
•	 Como	nasce	concretamente	a	teologia.
•	 Perspectiva	e	objeto	de	estudo	da	teologia.
•	 Estrutura	do	discurso	teológico	em	particular.	
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Para	aprofundar	seus	conhecimentos	sobre	os	assuntos	
referidos	 no	 texto	 principal,	 é	 importante	 que	 leia	 as	
páginas	24	e	25	da	obra	de	Geffré	denominada	Crer e 
interpretar.	Tal	obra	está	referenciada	ao	término	desta	
unidade.	
2)	 Para	ampliar	seus	conhecimentos	sobre	a	hermenêutica,	
é	importante	que	leia	as	páginas	30	e	31	da	obra	Sujeito 
e sociedades complexas,	de	Sung,	referenciada	ao	térmi-
no	desta	unidade.	
3)	 O	ato	teológico	é	um	ato	de	discernimento	ou	de	apro-
priação	espiritual	tanto	do	texto	como	da	práxis	para	pe-
netrar	mais	a	fundo	tanto	nos	mecanismos	de	morte	e	
de	dominação	como	na	força	da	ressurreição	e	da	vida	
plena	do	povo	de	Deus	no	mundo.	Com	base	nesta	afir-
mação,	 procure	 refletir	 sobre	 a	 seguinte	 questão:	 que	
feito	poderia	ser	considerado	um	ato	teológico?
4)	 Amplie	seus	conhecimentos	sobre	 imago dei.	Para	tan-
to,	acesse	o	site referenciado	a	seguir.	SOLASCRITURA.	
Imago dei.	 Disponível	 em:	 <http://solascriptura-tt.org/
AntropologiaEHamartologia/ImagemDeDeus-Barauna.
htm>.	Acesso	em:	10	jan.	2012.	
5)	 Sugerimos	que	você,	confira	a	obra,	Teoria do Método 
teológico	de	Clódovis	Boff,	referenciada	ao	término	des-
ta	unidade.
6)	 	"O	XXI	Concílio	Ecumênico,	chamado	Vaticano II,	termi-
nou	no	dia	08	de	dezembro	de	1965.	Durante	três	anos,	
25© Conceito e Natureza da Teologia
um	mês	e	vinte	e	nove	dias	(de	11	de	outubro	de	1962	
até	08	de	dezembro	de	1965)	viveu	a	Igreja	Católica	em	
estado	de	Concílio.	Neste	tempo	cerca	de	2.200	Bispos	
do	mundo	inteiro	(incluídos	os	Superiores	Maiores	das	
Ordens	 e	 Congregações)	 encontraram-se	 quatro	 vezes	
em	Roma,	vivendo,	rezando	e	trabalhando	juntos	duran-
te	281	dias"	(WIKIPÉDIA,	2011).	Para	saber	mais,	acesse	
o	site do	Vaticano	referenciado	ao	término	desta	unida-
de.	
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na	unidade	anterior,	tivemos	a	oportunidade	de	estudar	os	
conceitos	introdutórios	da	teologia,	refletindo,	de	maneira	espe-
cial,	sobre	a	importância	de	se	fazer	e	viver	a	teologia	na	práxis	e	
pela	práxis.	
Nesta	 etapa,	 vamos	 aprofundar	 nossos	 conhecimentos	 ao	
entrar	no	mundo	da	teologia	pela	argumentação	de	um	possível	
conceito	de	teologia.	
Observe	que	nossa	pretensão	não	será	de	elaborar	uma	teo-
ria	fechada.	Pretendemos,	sim,	criar	uma	plataforma	que	nos	insira	
nesta	área	do	conhecimento,	descobrir	os	elementos	básicos	para	
construir,	recriar	e	atualizar	este	saber.	Seremos,	então,	capazes	de	
interagir	e	relacionar	a	teologia	com	nossa	experiência	pessoal	e	
comunitária	da	fé	e	com	outras	áreas	do	conhecimento	geral.
Nosso	primeiro	passo	será	definir	o	conceito	de	teologia.	
5. CONCEITO DE TEOLOGIA
O	ato	teológico	fundamenta-se	na	experiência	da	fé.	Teolo-
gia	não	pode	ser	feita	sem	fé.	Sem	a	base	da	fé,	o	discurso	torna-se	
filosofia	da	religião,	sociologia	da	religião	ou	antropologia	da	reli-
gião.	Estes	conhecimentos	são	importantes	para	o	saber	teológico,	
mas	não	é	teologia.	
© Introdução à Teologia 26
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Assim,	 quem	 teologiza	 reflete	 primeiro	 sobre	 seu	 próprio	
compromisso	ou	adesão	de	fé	ou	de	sua	comunidade.	O	filósofo,	
o	antropólogo	e	o	sociólogo	da	religião	não	estão	envolvidos	na	
experiência	da	fé,	são	observadores	e	refletem	sobre	a	adesão	de	
fé	de	outros.	
Santo	Agostinho	afirmou:	crede ut intelligas,	o	que	nos	faz	
pensar	que	a	teologia	não	pode	ser	compreendida	pelo	descrente.	
Não	vamos	à	teologia	para	nossa	fé.	Teologia	existe	para	nos	dar	
uma	compreensão	maior	a	respeito	do	que	já	cremos.
Crede ut intelligas: “crê para que possas entender". 
	Nesse	sentido,	a	teologia	não	é	um	saber,	 individualizado,	
fechado	e	independente.	É	sim	a	relação	entre	a	fé	e	a	razão.	A	fé,	
entendida	como	encontro	e	adesão	a	Deus	que	se	revela	e	se	co-
munica	aos	seres	humanos,	é	o	fundamento	da	teologia.
Isso	quer	dizer	que	a	experiência	da	fé,	nas	suas	dimensões	
subjetiva	e	objetiva,	é	a	"matéria-prima"	da	teologia.	
Em	outras	palavras,	para	haver	teologia,	é	preciso	passar	pela	
experiência	de	fé.	Fé	pessoal,	mas	também	experiência	comunitá-
ria	que	está	inserida	na	história.	Pela	fé,	o	ser	humano	encontra	
Deus	e	conhece	a	si	mesmo	e	ao	mundo	de	forma	específica.	A	fé	
vivida	em	nível	pessoal	e	comunitário	–	no	presente	e	no	passado	
–	leva	ao	autoconhecimento.	
A	 fé	 exige	 do	 crente	 honestidade	 consigo	 mesmo	 e	 com	
aqueles	com	os	quais	partilha	sua	fé.	
Por	isso,	parafraseando	a	Primeira	Carta	de	Pedro	(BÍBLIA	SA-
GRADA,	2002),	a	pessoa	de	fé	necessita	"dar	as	razões	da	sua	fé"	
aos	que	perguntarem.	A	tarefa	de	compreender	a	fé	que	se	profes-
sa	tem	como	exigência	saber	articular,	interagir	com	outras	fontes	
do	 conhecimento.	Usar	 a	 razão	 iluminada	pela	 fé	 emerge	 como	
instrumento	privilegiado	na	interação	com	outros	saberes.	Desse	
modo,	a	Teologia	constitui-se	de	duas	tarefas	fundamentais:
27© Conceito e Natureza da Teologia
•	 saber	examinar	com	os	 recursos	 racionais	a	experiência	
da	fé	pessoal	e	comunitária;
•	 saber	dialogar,	interagir	com	os	diversos	conhecimentos.	
Se	a	fé	é	um	conhecimento	pessoal	de	Deus,	este	conheci-
mento	é	sempre	sacramental.	Isto	é,	nossa	percepção	de	fé	de	Deus	
é	mediada	pela	nossa	experiência	das	realidades	criadas:	pessoas,	
eventos,	objetos.	Não	existe	uma	fé	pura	sem	mediações.	Uma	fé	
real	e	viva	existe	sempre	em	um	estado	cognitivo	e	reflexivo.	Isso	
significa	que	o	ato	teológico	é	um	modo	de	se	tornar	consciente	da	
experiência	e	vivência	da	fé.	Desse	modo,	não	podemos	expressar	
a	fé	em	palavras	e	ações	independentemente	da	teologia.
A	Teologia	é	uma	disciplina	simbólica.	A	epistemologia	sobre	a	qual	
repousa	é	simbólica...	Símbolo	é	qualquer	fragmento	da	realidade	
finita,	qualquer	coisa,	evento,	pessoa,	situação,	conceito,	proposi-
ção	ou	narrativa	que	medeia	à	consciência	humana	algo	diverso	de	
si	mesmo.	No	caso	da	teologia,	a	única	forma	pela	qual	seu	objeto	
próprio	e	específico	torna-se	acessível	à	consciência	humana	é	por	
meio	da	mediação	de	símbolos	finitos	(HAIGHT,	p.	241).	
O	 termo	mais	 usado	 para	 compreender	 a	 teologia	 é	 fides 
quarens intellectum	 (fé	que	procura,	ama	saber)	proveniente	de	
Agostinho	e	de	Anselmo.	Teologia	é	o	processo	pelo	qual	trazemos	
nosso	conhecimento	e	compreensão	de	Deus	ao	nível	da	reflexão	
e	da	expressão.	É	a	articulação,	de	um	modo	mais	ou	menos	siste-
mático,	da	experiência	de	Deus	dentro	da	existência	humana.
Teologia	não	é	simplesmente	falar	ou	discursar	sobre	Deus,	
ou	sobre	Cristo	ou	sobre	a	Bíblia,	ou	mesmo	sobre	fé.	A	teologia	
procura	descobrir	a	relevância,	o	sentido,	o	significado	para	hoje	
da	comunidade	de	fé.	Teologia	na	busca	de	atualização	e	continui-
dade	histórica	entre	o	evento	fundante	(Jesus	Cristo	e	a	comuni-
dades	dos	primeiros	cristãos)	e	o	evento	atual	(Igreja-contempo-
rânea),	se	constituirá	como	vivência,	conversão,	práxis.	Este	será	o	
elemento	que	avaliará	o	processo	de	fazer	teologia,	seu	objetivo	
último.
© Introdução à Teologia 28
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
A	teologia,	então,	não	pode	ser	apenas	história	da	teologia,	
mas	reflexão	da	vivência	dafé	na	realidade	histórica	concreta	do	
povo	de	Deus	hoje.	Ela	tem	implicações	imediatas	sobre	a	dimen-
são	Pastoral	da	fé.	O	cuidado	pastoral	e	a	atividade	missionária	da	
Igreja	devem	interrogar	a	Teologia	e	dela	devem	esperar	orienta-
ção.	Há	uma	interação	constante	entre	a	Teologia	e	a	pastoral.	A	
pastoral	motiva	a	tarefa	teológica	e	a	teologia	sustenta	a	atividade	
pastoral	eficazmente.	
Do	mesmo	modo,	a	fé	tem	uma	história	e	situa-se	na	reali-
dade	atual.	Ela	não	pode	se	fechar	num	mundo	à	parte,	mas	pre-
cisa	viver	em	diálogo	com	as	mudanças	e	as	situações	concretas	
da	 vida,	 hoje.	A	 fé	 é	dinâmica	e	histórica.	 Por	 isso,	 a	 teologia	 é	
também	uma	tarefa	nunca	acabada.	A	fé	pode	também	adoecer	
ou	sofrer	um	processo	de	ideologização.	
Cabe,	dessa	forma,	à	Teologia	uma	tarefa	crítica	de	diagnos-
ticar	e	denunciar	os	processos	viciosos.	Se	a	fé	e	a	religião	são	ne-
cessárias	e	benéficas	ao	ser	humano	e	à	sociedade,	elas	só	podem	
cumprir	esse	papel	se	forem	sadias.	E	para	serem	sadias,	precisam	
de	um	processo	teológico	adequado.
A	 fé	 vivida	 situa-se	 concretamente	 na	 estrutura	 e	 na	 con-
juntura	da	realidade	social,	econômica,	política	e	cultural.	Ela	tem	
uma	dimensão	de	atualidade	e	de	dinamismo.	A	teologia,	da	mes-
ma	forma,	não	é	um	conhecimento	alheio	ao	que	vivem	as	pessoas	
no	tempo	presente.	Ela	precisa	encarnar-se	na	realidade	atual	e	
regional.	
O	Concílio Vaticano II	expressou	isso	numa	fórmula	bastante	
conhecida:	"As	alegrias	e	os	sofrimentos,	as	esperanças	e	as	an-
gústias	 dos	 homens	do	nosso	 tempo,	 são	 também	as	 alegrias	 e	
os	sofrimentos,	as	esperanças	e	as	angústias	da	Igreja".	Sendo	da	
Igreja,	são	também	do	saber	teológico.	
Como	você	pode	verificar,	aprender	teologia	é	um	processo	
complexo.	
29© Conceito e Natureza da Teologia
Mas	o	que	queremos	dizer	com	“complexo"?	
A	complexidade	é	um	modo	de	pensar	que	se	compara	com	
a	arte	de	tecer,	colocar	os	fios	juntos.	Procura	criar	relações,	tecer	
diálogos	e	perceber	a	interdependência	que	existe	entre	os	diver-
sos	aspectos	da	vida	humana.	Aplicado	à	 teologia,	pretende	em	
relação	a	ela	uma	metodologia	menos	positivista,	procurando	en-
fatizar	o	problema,	as	questões	fundamentais	apresentadas	pela	
humanidade	neste	momento	específico	da	história.
Quais	seriam	os	princípios	que	vão	nortear	este	caminho	te-
ológico?	Vejamos:	
1)	 Na	comunidade	de	fé,	lugar	privilegiado	do	fazer	teoló-
gico,	aprende-se	teologia	juntos,		todos	são	sujeitos	do	
processo;	
2)	 Dinamismo	fecundante	entre	ação	e	reflexão,	leitura	da	
tradição	e	vivência	histórica	da	fé;
3)	 Ninguém	entra	vazio	no	processo	de	elaboração	teológi-
ca	e	o	que	já	se	sabe	influencia	a	compreensão,	transfor-
mação	do	saber	teológico.	Aprende-se,	também,	desa-
prendendo,	e	desaprendendo	se	constrói	novas	pontes	
para	o	conhecimento.
4)	 No	aprendizado	o	que	vale	é	a	intensidade	e	a	qualidade	
do	processo	de	conhecimento.	Aprofundar	a	fé	é	um	de-
safio	constante	para	o	crente	e	sua	comunidade.
Você	pode	se	perguntar:	mas	onde	se	originou	este	termo?	
Teologia	é	um	termo	cristão	ou	deriva	de	um	outro	sistema	de	co-
nhecimento?
Vamos	responder	a	essas	questões	juntos.	
Origem do termo teologia 
Na	etimologia	da	palavra	 teologia,	podemos	perceber	dois	
aspectos	 importantes	 para	 sua	 compreensão:	Teo –	Deus	 é	 seu	
objeto	 principal;	 Logia	 –	 estudo,	 saber,	 discurso	 humano	 sobre	
Deus.
© Introdução à Teologia 30
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Assim,	Theologia – do	grego,	discurso	sobre	as	coisas	divinas,	
é	um	termo	pré-cristão.	Ele	aparece	pela	primeira	vez	em	Platão	
(1956)	numa	passagem	em	que	este	se	interroga	sobre	a	utilização	
pedagógica	da	mitologia.	Aristóteles	retoma	o	uso,	modificando-o	
também:	os	 "teólogos"	 são	Hesíodo	ou	Homero,	distinguidos	 fi-
lósofos.	Eles	 falam	de	filosofia	teológica	e	de	conhecimentos	te-
ológicos	para	designar	a	mais	alta	das	três	ciências	teóricas,	após	
a	matemática	 e	 a	 física.	 É	 ao	estoicismo,	 todavia,	 que	 cabe	dar	
realmente	o	direito	de	cidadania	filosófica	a	teologia	e	aos	termos	
aparentados:	a	teologia	torna-se	ali,	explicitamente,	uma	discipli-
na	filosófica.	(LACOSTE,	2004).	
Estoicismo: “doutrina fundada por Zenão de Cício (335-264 a.C.), 
e desenvolvida por várias gerações de filósofos, que se caracte-
riza por uma ética em que a imperturbabilidade, a extirpação das 
paixões e a aceitação resignada do destino são as marcas funda-
mentais do homem sábio, o único apto a experimentar a verdadei-
ra felicidade [O estoicismo exerceu profunda influência na ética 
cristã]" (DICIONÁRIO HOUAISS). 
Uso do termo na História
Na	Sagrada	Escritura,	não	é	usado	o	 termo	 teologia.	A	 te-
ologia	cristã	começa	com	os	apóstolos	como	testemunhos	de	fé,	
do	evangelista	ou	da	comunidade;	Teologia	é	um	termo	comum	e	
bem	desenvolvido	na	cultura	grega,	que	passou	a	ser	mais	utiliza-
do	com	Agostinho	e	Orígenes.	
Já	a	escolástica	utiliza	outros	 termos	como:	sacra	doutrina	
ou	doutrina	cristã.	Assim,	a	teologia	assume	o	significado	técnico	
que	tinha	a	sacra doctrina.	Na	Idade	Moderna,	surgem	outros	as-
pectos	da	teologia,	nascendo	um	pluralismo	de	teologias.
Intelecção do termo
Teologia –	reflexão	metódica	e	crítica	sobre	o	que	vem	expos-
to	no	querigma	da	Igreja,	aceito	no	ato	de	fé,	pelo	qual	a	pessoa	
31© Conceito e Natureza da Teologia
se	submete	à	Palavra	de	Deus.	Como	ato	do	teólogo	–	é	reflexão	
sobre	a	fé.	Visto	do	aspecto	do	objeto,	ela	faz	ciência	sobre	Deus.	
Estes	dois	aspectos	fundem-se	em	um	único	movimento	que	pode	
ser	lido	de	duas	maneiras:
Querigma significa, no novo testamento, pregação. É o primeiro 
anúncio do Evangelho, é como o primeiro badalar do sino, o ba-
dalo forte. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC – VATI-
CAN, 2006), o querigma pode ser considerado como a pregação 
missionária para suscitar a fé. Ele não pode ser confundido com a 
catequese, que é o passo seguinte ao querigma.
Deus	é	o	objeto	da	teologia	-	aspecto	objetivo	-	ao	qual	o	teó-
logo	tem	acesso	pela	fé	transmitida	na	pregação	viva	da	Igreja	–	as-
pecto	subjetivo	-,	e	sua	reflexão	crítica	e	metódica	se	faz	a	respeito	
de	Deus	na	mediação	da	fé	acolhida	na	tradição	viva	da	Igreja.
6. TEOLOGIA COMO HERMENÊUTICA DA FÉ
Durante	 séculos,	 a	 razão	 teológica	 foi	 identificada	 com	 a	
razão	especulativa,	no	sentido	aristotélico	da	palavra.	Aristóteles	
elabora	sua	filosofia	na	busca	das	causas	últimas,	de	uma	verdade	
absoluta	e	metafísica,	por	meio	da	lógica	e	da	comprovação	empí-
rica.	Já	a	teologia,	como	compreensão	da	fé	em	Deus	que	se	revela	
na	história	e	na	experiência	da	comunidade,	exige	que	teologizar	
seja	uma	prática	interpretativa,	isto	é,	hermenêutica.	
Podemos	 afirmar,	 portanto,	 que	 uma	 teologia	 que	 se	 pre-
tende	perfeita,	completa	e	fechada	em	si	mesma	corre	o	risco	de	
tornar-se	ideológica	e	fundamentalista.
Desse	modo,	compreender	teologia	como	hermenêutica	da	
fé	é	compreender	a	história	e	tudo	que	é	possível	relacionar	dela	
com	a	fé.	A	hermenêutica	que	a	fé	faz	da	história	se	diferencia	da	
prática	do	historiador,	a	fé	interpreta	os	eventos	históricos	como	
memoriais,	isto	é,	como	carregados	de	sentido,	de	força	e	esperan-
ça	para	a	fé	de	hoje.	
© Introdução à Teologia 32
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Como	você	já	sabe,	teologia	é	um	processo	contínuo	de	in-
terpretação	do	testemunho	da	fé,	vivenciado	na	comunidade	cris-
tã	de	ontem	que	anseia	ser	atualizada	em	nossa	experiência	histó-
rica	de	hoje.	Assim,	a	hermenêutica	da	fé	exigirá	um	diagnóstico	
rigoroso	de	nossa	situação	atual,	mas,	também,	a	reconstrução	da	
experiência	cristã	de	uma	salvação	em	Jesus	Cristo	vivida	pelos	pri-
meiros	discípulos	e	discípulas.	
Não	há	compreensão	da	fé	como	ato	teológico	sem	reinter-
pretação	criadora.	Neste	sentido,	a	revelação	será	sempre	evento	
atual,	não	um	 fato	do	passado.	Revelação	 torna-se	uma	palavra	
viva	 quando	 interpretada	para	 os	 homens	 e	mulheres	 do	nosso	
tempo.	Hermenêutica	teológica	não	se	refere	somente	às	Escritu-
ras	fundantesda	fé,	mas	também	à	releitura	da	tradição,	em	parti-
cular	das	fórmulas	dogmáticas.	
7. TEOLOGIA COMO CRÍTICA HISTÓRICA
Sabemos	que	o	ser	humano	é	localizado	e	histórico.	Desse	
modo,	ele	é	chamado	a	reconhecer	sua	universalidade	e	natura-
lidade.	Partilhamos,	 também,	 com	 todos	os	 seres	vivos	e	o	 cos-
mo	de	elementos	 comum.	Mas	esta	 compreensão	 se	dá,	no	 ser	
humano,	partindo	de	um	contexto	que	contribui	e	influencia	em	
nossa	construção	pessoal	e	coletiva	de	vida.	Estar	consciente	des-
sa	condição	é	reconhecer	os	limites	humanos.	Somos	incapazes	de	
conhecer	plenamente	a	realidade	e	de	construir	uma	sociedade	de	
acordo	com	nossas	utopias.
A	consciência	de	seus	limites	não	mata	no	ser	humano	seu	
anseio	de	plenitude,	de	transcendência,	de	felicidade.	O	ser	huma-
no	é	um	ser	de	esperança,	esta	condição	o	leva	a	criar	símbolos,	
de	elaborar	projetos	e	utopias,	de	regrar	sua	vida	e	sua	liberdade	
partindo	de	valores,	do	belo,	da	ética,	das	causas	justas.	Sua	vida,	
então,	mesmo	em	meio	às	dificuldades	e	 crises,	orienta-se	para	
um	sentido	último.
33© Conceito e Natureza da Teologia
Você	pode	pensar:	de	que	modo	a	fé	se	insere	na	dimensão	
histórica	do	ser	humano?
Para	encontrar	uma	resposta	para	essa	questão,	é	importan-
te	saber	que	a	fé	não	é	somente	um	valor	dotado	de	potencial	ético	
e	moral.	Ela	é	um	modo	de	conhecer	e	compreender	o	mundo	em	
que	vivemos.	Não	de	modo	passivo,	como	aceitação	da	realidade,	
mas	de	nos	tornarmos	sujeitos	de	transformação	da	própria	his-
tória.	A	fé	é	um	óculos	para	perceber	realidades	e	potenciais	que	
aos	olhos	superficiais	não	são	perceptíveis.	Quando	Jesus	curava	
os	doentes,	colocava	na	fé	do	doente	o	ponto	fundamental	de	sua	
cura.	"Vai,	tua	fé	te	curou".
Se	a	 fé	é	um	modo	de	ver	o	mundo	e	 interpretá-lo,	 como	
aplicar	este	pressuposto	na	argumentação	teológica?
Teologia	não	será	somente	reflexão	sobre	Deus	e	realidades	
divinas,	interpretação	de	dogmas	e	doutrinas.	É,	sobretudo,	com-
preendida	como	interpretação	da	história	que	procura	esclarecer	
e	refletir	criticamente	as	bases	que	fundamentam	as	esperanças	e	
visões	de	mundo	das	correntes	teóricas	e	sociais.	Ela	é	a	esperança	
de	que	a	injustiça	que	caracteriza	o	mundo	não	pode	ser	a	reali-
dade	 final,	que	o	 injusto	não	pode	se	considerar	 como	a	última	
palavra.
A	teologia	assume	a	tarefa	de	discernir	entre	o	"ideológico"	
e	o	"Espiritual",	o	que	vem	do	Espírito	e	que	é	simplesmente	falsifi-
cação	e	superficialidade	humana.	O	ato	teológico	é	um	ato	de	dis-
cernimento	ou	de	apropriação	espiritual	tanto	do	texto	como	da	
práxis	para	penetrar	mais	a	fundo	tanto	nos	mecanismos	de	morte	
e	de	dominação	como	na	força	da	ressurreição	e	da	vida	plena	do	
povo	de	Deus	no	mundo.	A	hermenêutica	é	um	discernimento	das	
armas	 ideológicas	da	morte	e	uma	base	da	 força	do	Espírito	da	
vida	(Jo,	1:	4	–	BÍBLIA	SAGRADA,	2006).	
© Introdução à Teologia 34
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
8. TEOLOGIA COMO VIVÊNCIA ÉTICA DA FÉ
A	 fé,	 como	 resposta	 ao	Deus	da	 revelação,	 estaria	 traindo	
sua	identidade	e	sua	vocação	se	não	afirmasse	a	dignidade	intrín-
seca	da	pessoa	humana,	os	deveres	e	direitos	humanos,	a	defesa	
da	natureza	dessa	terra	como	lar	comum	da	humanidade	e	o	bem-
comum	como	propósito	e	razão	de	ser	de	toda	ordem	social.
A	santidade	da	vida	de	fé	implica	na	afirmação	da	dignidade	
humana.	Viver	a	fé	e	compreendê-la	significa	não	compactuar	com	
o	mal,	presente	tanto	no	egocentrismo	humano,	como	nas	estru-
turas	que	geram	a	miséria,	a	exclusão,	a	opressão,	o	privilégio	de	
poucos	frente	à	exclusão	de	milhões.	
Note	que	a	fé	é	um	ato	de	liberdade	ante	o	projeto	de	Deus,	
o	que	necessariamente	defende	o	direito	da	liberdade	de	pensa-
mento	e	de	profissão	religiosa.	Defende,	também,	o	direito	à	vida,	
que	tem	sua	base	na	distribuição	daquilo	que	é	o	bem-comum,	o	
qual	torna	a	história	menos	tirana	e	mais	humana.
Hoje,	a	doutrina	social	da	Igreja	centra-se	sobretudo	nos	homens	e	
nas	mulheres	enquanto	que	estão	envolvidos	numa	complexa	rede	
de	relacionamentos,	dentro	das	sociedades	modernas.		As	ciências	
humanas	e	a	filosofia	ajudam	a	interpretar	o	lugar	central	da	pes-
soa	humana	na	sociedade	e	também	ajudam	a	compreender	o	que	
é,	afinal,	um	ser	social.		Porém,	a	verdadeira	identidade	duma	pes-
soa	só	nos	é	revelada	plenamente	através	da	fé;	e	é	precisamente	
com	a	fé	que	a	doutrina	social	da	Igreja	começa.		Enquanto	apro-
veita	todos	os	contributos	das	ciências	e	da	filosofia,	a	sua	doutrina	
social	dirige-se	para	o	auxílio	da	humanidade	na	sua	caminhada	de	
salvação	(CENTESIMUS	ANNUS,	n.	53-54).
A	ética	cristã,	por	um	lado,	afirma	o	ser	humano	como	ima-
go dei,	com	todas	as	suas	implicações;	por	outro	lado,	reafirma	a	
intrínseca	ambigüidade	moral	da	condição	humana,	a	que	a	teo-
logia	 denomina	de	pecado,	 o	mal,	 o	 egoísmo,	 tornar	o	próximo	
objeto-instrumento.	Pecado	que	está	presente	em	todos	os	seres	
humanos	e	em	todos	os	sistemas	humanos.	
A	teologia,	em	sua	esfera	pública,	deve	elucidar	para	indiví-
duos,	governantes	e	sistemas	a	realidade	do	mal	e	suas	perversas	
35© Conceito e Natureza da Teologia
conseqüências	sobre	a	vida	humana	e	a	criação.	A	Teologia	 tem	
como	tarefa,	 juntamente	com	outras	 instituições,	a	formação	da	
consciência	para	valores	humanos	e	um	chamado	constante	à	con-
versão.
Aqui,	a	teologia	tem	a	tarefa	de	ser	profética	nas	várias	di-
mensões	da	vivência	da	fé:	
1)	 pessoal;
2)	 comunitária;
3)	 social;
4)	 política.	
Assim,	 a	 competição	 representa	 a	base	da	economia	e	do	
modelo	de	sociedade	atual,	já	a	fé	e	a	ética	respondem	com	o	valor	
do	amor	e	da	solidariedade.	Ao	totalitarismo	e	ao	individualismo,	
insiste-se	com	as	noções	de	pessoa	e	de	bem-comum.	Ao	mate-
rialismo	que	destina	os	seres	humanos	à	produção	e	ao	consumo,	
responde-se	 com	 as	 necessidades	 do	 espírito:	 "Nem	 só	 de	 pão	
o	humano	viverá,	mas	de	 toda	palavra	que	procede	da	boca	de	
Deus".
A	fé	e	a	ética	afirmam	que	o	planeta	faz	parte	do	universo,	
não	é	somente	terra,	mas	também	oikos,	o	lar	comum	da	humani-
dade.	Deste	modo,	não	se	pode	aceitar	um	mundo	de	donos,	mas,	
sim,	um	mundo	onde	todos	podem	ter	um	lar.	O	oikonomos	só	tem	
sentido	se	conseguir	incluir	a	todos	no	oikos,	no	lar.	
Contudo,	como	falar	de	lar,	quando	não	se	tem	um	teto,	es-
cola,	saúde,	trabalho,	lazer,	segurança	e	realização?	Quando,	para	
muitos,	lar	tem	sentido	de	exílio,	desterro,	prisão?	Quando	muitos	
não	conseguem	ganhar	seu	pão	com	o	suor	de	seu	rosto?
O	conteúdo	de	uma	fé	que	se	torna	ética	frente	aos	grandes	
desafios	da	humanidade	não	se	baseia	em	ideologias	políticas	do	
século	19.	Está	fundado	num	patrimônio	multisecular.	Na	herança	
do	Ano Sabático	e	do	Ano do Jubileu	prescritos	na	Torah.	Também	
na	herança	dos	profetas	como	Isaías,	Jeremias,	Amós	ou	Miquéias.	
© Introdução à Teologia 36
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Nada	mais	atual	do	que	as	palavras	de	Jeremias	ao	rei:	"Assim	diz	
o	Senhor:	Executai	o	direito	e	a	justiça,	e	livrai	o	oprimido	da	mão	
do	opressor;	não	oprimais	o	estrangeiro	nem	o	órfão,	nem	a	viú-
va,	nem	derrameis	sangue	inocente	neste	lugar"	(Jr,	22:3	–	BÍBLIA	
SAGRADA,	2006).
Ano Sabático. “O termo vem do hebraico shabbath, e significa re-
pouso. É o dia de recolhimento semanal dos judeus. No Antigo 
Testamento, há referência ao ano sabático: um ano, a cada seis, 
em que a terra fica sem cultivo para depois iniciar um novo ciclo de 
fertilidade" (SABÁTICO, 2007).
 
Ano Jubileu: “O Jubileu tem suas raízes no Antigo Testamento, 
sendo comemorado a cada 7 anos = ano sabático, e depois de 7 
vezes 7 = Jubileu. Diz o Levítico: «Santificareis o qüinquagésimo 
ano, proclamando no país a liberdade de todos os que o habitam. 
Este ano será para vós jubileu, cada um de vós recobrará a sua 
propriedade e voltará para a sua família" (MONTFORT, 2007).
Torah “(do hebraico הָרֹוּת, significando instrução, apontamento, lei) 
é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também cha-
mados de Hamisha Humshei Torah, הרות ישמוח השמח - as cinco 
partesda Torá) e que constituem o texto central do judaísmo" 
Enquanto	isso,	os	direitos	sociais	estão	sendo	ridicularizados	
em	nossos	dias,	retirados	das	Constituições,	extintos,	aumentando	
a	 vulnerabilidade	e	a	 fragilidade	do	 ser	humano.	A	herança	dos	
Pais	 da	 Igreja,	 como	 Crisóstomo,	 Gregório,	 Basílio	 ou	 Ambrósio	
(s/d),	já	nos	ensinava:	"Não	é	teu	o	bem	que	distribuis	ao	pobre,	
apenas	retribuis	o	que	é	dele.	Porque	tu	és	o	único	a	usurpar	o	que	
é	dado	a	todos	para	uso	de	todos".
9. COMO NASCE CONCRETAMENTE A TEOLOGIA
Fides quaerens intellectum!	A	 clássica	expressão	de	Santo	
Anselmo	nos	dá	uma	definição	clara	da	teologia.	Esta	nasce	do	co-
ração	da	própria	fé.	Igualmente,	o	amor	nasce	da	fé	e	deseja	saber	
as	razões	por	que	ama.	Tal	é	a	dupla	fonte	objetiva	da	teologia.	
37© Conceito e Natureza da Teologia
Fides quaerens intellectum: “a fé que deseja saber". 
Quanto	à	fonte	subjetiva,	é	o	próprio	espírito	humano	que	
"deseja	naturalmente	conhecer"	(ARISTÓTELES,	s/d.)	e	disso	não	
estão	excluídas	as	coisas	da	fé.	Toda	a	pessoa	de	fé,	à	medida	que	
procura	entender	o	porquê	daquilo	que	crê,	é,	a	seu	modo,	teólo-
ga.
Em	sua	raiz	mais	profunda,	a	Teologia	nasce	da	fé,	entendida	
em	sua	unidade	como	novo	nascimento,	mais	simplesmente	como	
conversão.	Só	um	ser	profundamente	transformado	pode,	verda-
deiramente,	ter	acesso	aos	mistérios	divinos.
A	 fé	é	uma	realidade	unitária,	mas	 também	complexa.	E	é	
segundo	essa	complexidade	que	a	fé	é	fonte,	objeto	e	fim	da	Teo-
logia.	De	fato,	a	fé	compreende:
•	 um	elemento	cognitivo:	é	a	fé-palavra;
•	 um	elemento	afetivo:	a	fé-experiência;
•	 um	elemento	ativo:	a	fé-prática.
Há	uma	relação	íntima	e	orgânica	entre	fé	e	teologia.	Esta	é	
a	fé	em	estado	de	ciência.	Porém,	a	fé	sempre	precede	a	teologia	
e	tem	primado	absoluto	sobre	ela.
10. O QUE ESTUDA A TEOLOGIA E EM QUE PERSPEC-
TIVA
Vejamos	a	estrutura	do	discurso	científico	em	geral: Sujei-
to epistêmico	não	é	fruto	da	herança	genética,	nem	resultado	da	
ação	do	meio,	nem	ainda	mera	soma	desses	dois	conjuntos	de	fa-
tores;	mas,	antes,	constituído	pela	ação	do	indivíduo	sobre	o	meio	
e	sobre	si	mesmo,	numa	relação	de	troca	permanente	com	essas	
instâncias	constituidoras	do	sujeito.
© Introdução à Teologia 38
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Epistêmico: “relativo à epistema ou episteme - conhecimento ou 
saber como um tipo de experiência; puramente intelectual ou cog-
nitivo" (DICIONÁRIO HOUAISS). 
•	 Objeto teórico:	toda	investigação	parte	de	algum	proble-
ma	percebido	(posto)	ou	formulado,	de	tal	modo	que	não	
se	pode	prosseguir,	a	menos	que	se	especifique	claramen-
te	o	que	se	quer	obter.	É	necessário	delimitar	o	contexto	
da	investigação
•	 	Método específico:	uso	de	técnicas	e	ferramentas	espe-
cíficas	para	a	observação,	análise	e	elaboração	de	hipóte-
ses	sobre	o	objeto	da	investigação.	
Como	em	 toda	 ciência,	 é	 preciso	 distinguir,	 na	 Teologia,	 o	
objeto	material	e	o	objeto	formal:	
•	 Objeto material:	define	a	coisa	de	que	uma	ciência	trata,	
o	que	se	estuda	(matéria-prima,	temática,	assunto,	ques-
tão)	–	objetum quod.
•	 Objeto formal:	indica	o	aspecto	segundo	o	qual	se	trata	
o	ente	escolhido	(aspecto,	dimensão,	faceta,	lado,	nível,	
razão	específica).
O	objeto	formal	só	é	captado	partindo	de	uma	perspectiva	
particular	em	que	se	põe	o	sujeito	epistêmico.	A	perspectiva	é	o	
correlato	 (subjetivo)	do	aspecto	 (objetivo)	que	 se	 tem	em	vista.	
Objetum sub quo.			(BOFF, 1999, p. 40-56).
Perspectiva neste contexto refere-se a: ótica, visão, ponto de vis-
ta, prisma, ângulo, abordagem. 
11. ESTRUTURA DO DISCURSO TEOLÓGICO EM PAR-
TICULAR
Qual	é	a	estrutura	do	discurso	teológico?	
39© Conceito e Natureza da Teologia
Como	você	já	sabe,	o	objeto	de	estudo	da	teologia	é	Deus.	
Diante	Dele,	o	discurso	teológico	estrutura-se	da	seguinte	manei-
ra:
1)	 Objeto material da teologia:	
•	 Deus	e	tudo	o	que	se	refere	a	Ele.
•	 Deus,	como	objeto	primário	(primeiro)	principal.	
•	 Tudo	o	mais	como	objeto	secundário	(segundo),	con-
sequencial.	
.
2)	 Objeto Formal da Teologia:
•	 Deus	enquanto	revelado.
•	 Toda	e	qualquer	realidade	à	medida	que	se	relaciona	
com	o	Deus	revelado.
Trata-se,	portanto,	de	Deus	e	das	realidades	com	ele	relacio-
nadas	enquanto	vistas	à	luz	da	fé	(perspectiva).
Desse	modo,	é	o	objeto	formal	que	determina	se	um	discur-
so	é	ou	não	teológico.
12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	na	sequência,	as	questões	propostas	para	verificar	
seu	desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 Como	nasce	concretamente	a	teologia?
2)	 Qual	a	perspectiva	e	objeto	de	estudo	da	teologia?
3)	 Quais	as	características	da	estrutura	do	discurso	teológi-
co	em	particular?
4)	 Ainda	tenho	dúvidas	em	relação	aos	conteúdos	estuda-
dos	na	Unidade	2?	Quais?	Como	posso	eliminá-las?
5)	 O	que	posso	fazer	para	ampliar	meus	conhecimentos	so-
bre	teologia,	como	hermenêutica	da	fé,	crítica	histórica	
e	vivência	ética	da	fé?
© Introdução à Teologia 40
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
13. CONSIDERAÇÕES 
Nesta	unidade,	vimos	que	precisamos	aprender	a	pensar	te-
ologicamente,	adquirir	uma	 imaginação	 teológica,	passar	de	um	
modo	espontâneo	de	elaboração	teológica	para	uma	prática	teo-
lógica	mais	reflexiva	e	elaborada.	Além	disso,	vimos	que	toda	pes-
soa	de	fé,	de	alguma	forma,	elabora	teologia.	Mas	nem	sempre	de	
forma	sistemática.
Assim,	em	um	curso	de	teologia,	o	mais	importante	é	apren-
der	a	pensar,	usar	a	imaginação	teológica	de	forma	metódica	me-
diante	ferramentas	adequadas.	
O	que	significa	basicamente	fazer	o	exercício	de	pensar	de	
modo	mais	sistemático	a	teologia?
Significa,	especialmente,	aprender	a	provocar	a	reflexão.	Sig-
nifica	aprender	a	se	voltar	sobre	a	experiência	feita,	sobre	o	que	
ainda	está	no	nível	do	relato,	da	narrativa.	
Concretamente,	o	que	queremos	dizer?
1)	 Como	aprendizes	 de	 teologia,	 devemos	 saber	 levantar	
perguntas,	aprender	a	aprender.
2)	 Na	base	de	toda	experiência	de	fé	estão	os	problemas,	
as	dificuldades,	as	suspeitas	que	provocam	esse	retorno	
ao	que	foi	vivenciado.
3)	 Em	relação	ao	segredo	de	todo	aprofundamento	teoló-
gico,	está	a	habilidade	de	captar	a	questão	que	gera	a	
argumentação	teológica	e	descobrir	o	modo	mais	ade-
quado	de	debatê-la.
4)	 No	caso	pessoal,	é	importante	saber	levantar	perguntas	
ricas,	gerais,	básicas,	novas,	decisivas,	suspeitosas,	que	
nos	obriguem	a	interpretar,	recriar,	atualizar	a	experiên-
cia	da	fé.	
Na	terceira	unidade,	vamos	refletir	juntos	sobre	a	tarefa	da	
teologia,	procurando	responder	à	seguinte	questão:	para	que	te-
ologia?
Até	lá!
41© Conceito e Natureza da Teologia
14. E-REFERÊNCIAS
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