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Teoria do desenvolvimento: Uma visão alternativa

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
BRUNO SEADE BASTOS
GEOGRAFIA DOS BLOCOS MUNDIAIS DE PODER
NITERÓI
2019
Teoria do desenvolvimento: Uma visão alternativa
A inserção desigual dos países na economia mundial fez com que alguns países enriquecessem enquanto criava-se, em contrapartida, regiões pouco desenvolvidas economicamente. Na análise do sistema mundo atual, é perceptível diferentes papeis e hierarquias entre os países. Sendo, de maneira geral, firmados na oposição norte e sul global. Porém, a razão de tal desequilíbrio no desenvolvimento histórico do capitalismo industrial ainda é um tema controverso, que suscita diferentes hipóteses e pressupostos teóricos. O objetivo desse artigo é, primeiramente, fazer uma análise crítica da receita padrão para o desenvolvimento incorporada nas condicionalidades do Consenso de Washington (1990). Para em seguida apresentar uma visão alternativa, que nos ajuda a entender as raízes do desenvolvimento e do subdesenvolvimento.
 - A defesa do livre comércio como caminho para o desenvolvimento
Aparecendo em cena em 1990, o Consenso de Washington expressa um conjunto de medidas que busca promover estabilização econômica e crescimento sustentável dos chamados países subdesenvolvidos. Exigiu, entre outras coisas, a liberalização do comércio e dos fluxos de investimento direto estrangeiro, a desregulamentação dos mercados e a privatização de empresas públicas. (S.REINERT,2008)
 De acordo com a teoria neoliberal, essas medidas são necessárias e suficientes para a criação de riqueza e melhorar o bem estar da população em geral. O pressuposto de que as liberdades individuais são garantidas pela liberdade de mercado e de comercio é um elemento vital do pensamento neoliberal e há muito determina a atitude norte-americana para com o resto do mundo. (HARVEY,2008) Os pressupostos teóricos manifestado nessas medidas são produto da teoria do comércio internacional de David Ricardo (1772-1823). Ricardo tentava provar que seria mutuamente benéfico que cada país se especializasse naquilo em que era relativamente mais eficiente em comparação com o outro (S.REINERT,2008)
“O sistema comercial perfeitamente livre, em busca da vantagem individual está associado ao bem do conjunto dos países, esse é o princípio que determina que o vinho seja produzido na França e em Portugal, que o trigo seja cultivado na América e na Polônia, e que as ferramentas e outros bens sejam manufaturados na Inglaterra” (RICARDO, 1996, p. 97).
Trata-se portando de uma defesa ao Laissez-faire, condenando qualquer tipo de ação política protecionista, que por sua vez, causaria desequilíbrios no mecanismo de mercado e nunca seria capaz de trazer melhores resultados de que a ausência de barreiras comerciais. 
- A riqueza como um produto industrial
O economista norueguês Erik Steenfeldt Reinert, em seu livro como os países ricos ficaram ricos ... e por que os países pobres continuam pobres, crítica essa visão totalizante do comércio internacional que se tornou base para a atual ordem econômica mundial. De acordo com o autor “a teoria de Ricardo representa a economia mundial como uma troca de horas de trabalho desprovidas de qualidade. Uma hora de trabalho no Vale do Silício equivale a uma hora de trabalho em um campo de refugiados em Darfur, no Sudão”. Em uma palavra: a riqueza vem da indústria, não do comércio.
Para o economista, o que explica a disseminação da riqueza na Europa foram políticas industriais conscientes que a princípio reivindicavam proteção sobra a concorrência externa e subsídios estatais. Do mesmo modo se alinha a análise do coreano Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ambos destacam a importância da política econômica industrial como fomentadora do desenvolvimento, criticando as imposições costumeiras do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os países.
Caso queira compreender as causas da prosperidade americana e europeia, estude as políticas de quem a criou, não o conselho de seus esquecidiços sucessores. (S.REINERT,2008)
Portanto, a raiz do desenvolvimento desigual está no rendimento desproporcional entre um país, com sua produção voltada para produtos industriais, com alto valor agregado, tecnologia de ponta e dessa forma com grande poder de monopólio. E um país especializado em produtos primários, que enfrentam um mercado de forte concorrência, devido a pequena diferenciação desse tipo de produto, e com pouca tecnologia envolvida na produção. 
Quando você é dependente de commodities primárias há uma tendência de que o preço dos produtos caia no longo prazo em comparação com os produtos manufaturados. Além disso, os países dependentes de commodities não conseguem controlar seu destino. (Ha-Joon Chang)
Conclusão
Teorias baseada nas diferenças qualitativas das mercadorias contribuem para o entendimento do desenvolvimento desigual e centralizador do capitalismo. A percepção do papel da tecnologia na produção e na diferenciação entre países ricos e pobres, coloca em cheque a doutrina de choque neoliberal. 
Com o surgimento do neoliberalismo, perdeu-se toda uma tradição de pensamento econômico baseada na experiência, que tenta subordinar seus pressupostos e paradigmas ao desenvolvimento histórico nas nações. Trata-se de um espectro do pensamento econômico que estuda políticas econômicas que foram de fato implementadas e debatidas pelas autoridades administrativas dos países centrais do sistema.
Em contrapartida a ciência econômica padrão, é marcada por modelos matemáticos que abstraem a realidade e todas suas especificidades, em prol de um resultado conveniente e já pré-estabelecido. Nesse caso é a realidade que se adequa às premissas colocadas. 
Bibliografia
REINERT, Erik S. How rich countries got rich ...and why poor countries stay poor. Londres: Constable, 2007
El país, 15/01/2018 - “O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia”
HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo, Edições Loyola, 2008. OLIVEIRA, Leandro Dias de; RIBEIRO, Guilherme. O Ensino de Geografia Econômica em Questão: Re-Significações a partir de um Relicário Conceitual. In: VI Encontro Nacional de Ensino de Geografia: Fala Professor, 2007, Uberlândia. Concepções e Fazeres da Geografia na Educação: Diversidade em Perspectivas. Uberlândia, AGB, 2007.
RICARDO, D. Princípios de Economias Política e Tributação. São Paulo – SP. Editora Nova cultural. 1996. 317 p.

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