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Apostila de Língua Portuguesa - Curso pré universitário - Tipologia e Linguagens

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Prévia do material em texto

Teresina / PI jane iro de 2012
LEITURA E
PRODUÇÃO
DE TEXTOS
Vera Bahiense 
Elisabeth Feitosa da Silva 
 Adriana Andrade Bahiense 
 
2 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 
3LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 APRESENT APRESENTAÇÃOAÇÃO APRESENT APRESENTAÇÃOAÇÃO
Prezado aluno,
 A Faculdade Integrada do Brasil – FAIBRA nasce, no início da década de 2000, com a missão de
integrar o Brasil na formação de professores para a Educação Básica. O cenário, àquela época, era
desesperador: milhares de pessoas atuando na Educação Básica sem a formação superior exigida por
lei, no contexto da Década da Educação, objetivo maior do Governo Federal à época, preconizada
pela LDB, na sua promulgação, em 1996.
Passada a década de 2000-2010, tais objetivos não foram atingidos. A Década da Educação foi
prorrogada, o Brasil conta hoje, segundo dados do INEP, de 2010, 623.825 professores sem formação
superior, ou com formação diferente da área que atuam, atuando na Educação Básica.
Na Região Norte, este número é de 74.821 mil docentes, no Nordeste, 295.345 mil. Metade deles,
com toda a certeza, atuam na área da Pedagogia.
 A partir de uma visão educacional contemporânea, empreendedora, que alia princípios teóricos
fundantes da Pedagogia, a observação extrema da legalidade da educação superior e básica, a um
processo de gestão educacional dinâmico e criativo, baseado na responsabilidade e na inclusão
social, a FAIBRA dá início a um processo que tem possibilitado a um grande número de professores
em exercício na educação básica, o aperfeiçoamento e a conclusão de estudos na área da Pedagogia.
O Programa de Educação Continuada – PROEC, que oferece cursos ao nível do aperfeiçoamento
e da pós-graduação, utiliza, experimentalmente ao nível do aperfeiçoamento, método de ensino
semi-presencial.
Para seus processos de ensino-aprendizagem, ao nível da graduação, da pós-graduação e do
aperfeiçoamento, a FAIBRA produz este material que você tem em mãos. Ele é fruto do trabalho
da equipe que coordena o Núcleo de Educação à Distância – NEAD/FAIBRA e que visa dar
qualidade e mobilidade aos cursos oferecidos nos diferentes níveis de ensino e que já são base para
o Credenciamento da FAIBRA no MEC, para a Educação à Distância, assim que o processo seja
totalmente homologado internamente.
 A FAIBRA, nunca é demais ressaltar, tem a responsabilidade e executa todo o seu processo de
ensino aprendizagem, mesmo que este aluno esteja longe de sua sede, no caso dos cursos de
aperfeiçoamento e de pós-graduação.
Para que possamos atuar em diferentes locais e possibilitar a inclusão social de todos aqueles que
nos procuram, contamos com parceiros que dão suporte às atividades-meio dos nossos Núcleos de
Educação Continuada. Assim, nossos alunos e professores contam com apoio administrativo local
para desenvolverem seus processos de ensino, atividade-fim da Instituição.
 A Faculdade Integrada do Brasil – FAIBRA cumpre sua missão de integrar o Brasil para a formação
dos profissionais da Educação Básica. Sentimo-nos honrados em ter você como nosso aluno econtamos com seu empenho e dedicação para que este Curso seja um referencial na sua formação
e atuação profissional.
Conte com a FAIBRA através de cada um de seus colaboradores: técnicos, docentes e parceiros. Eles
estão à sua inteira disposição.
Profa. Dra. Vera Lúcia Andrade Bahiense
Diretora Acadêmica
 
FACULDADE INTEGRADA DO BRASIL – FAIBRA FACULDADE INTEGRADA DO BRASIL – FAIBRA 
Mantida pela Associação Educacional Cristã do Brasil – AECB
Credenciada pela Portaria MEC 114, de 12/01/2006.
Diretor Geral – Jonas Garcia Dias (jonas@faibra.edu.br)
Endereços eletrônicos
Página na Internet: www.faibra.edu.br
E-mail: faibra@faibra.edu.br
Fone: (86) 3223-0805
Projeto gráfico, diagramação e arte final: André Brito
Ficha Catalográfica
Leitura e Produção Textual. Org. BAHIENSE, Adriana, BAHIENSE, Vera L.A & SILVA,
Elisabeth Feitosa da. Editora Faibra:Teresina, 2012.
1. Leitura e Produção Textual. 2. Gêneros Discursivos.. 3. Ensino de Língua Portuguesa.
4. História da Escrita. 5. Linguística.
 
5LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
SUMÁRIOSUMÁRIO
 Apresentação .............................................................................................................................03
Objetivo da Disciplina..................................................................................................................06
1. A comunicação: da Pré-História à contemporaneidade............................................................06
1.1 Primeiros Sinais......................................................................................................................06
1.2 O Surgimento da escrita........................................................................................................08
1.3 A transmissão da informação.................................................................................................09
2. A Mágica da Leitura.................................................................................................................13
2.1 A leitura do mundo...............................................................................................................13
2.2 A leitura da palavra...............................................................................................................15
2.3 A importância da leitura........................................................................................................17
2.4 O papel da escola e do professor...........................................................................................18
Saiba mais..................................................................................................................................22
3. A Produção de texto................................................................................................................24
3.1 Gêneros discursivos...............................................................................................................29
3.2 Gêneros discursivos na sala de aula.......................................................................................35
3.3 Trabalhado com quadrinhos em sala de aula..........................................................................36
3.4 É possível escrever bem? .......................................................................................................41
3.5 Organização textual..............................................................................................................43
Para refletir..................................................................................................................................45
Referências.................................................................................................................................46
Sobre os Autores..................................................................................................................................................47
 
6 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Para começar...Para começar...
 Prezado (a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina Leitura e Produção de Texto.
 Através dessa disciplina, espera-se que todos compreendam a importância da leitura e da
escrita, não apenas no processo de construção de conhecimento do indivíduo, mas especialmente
na sua socialização.
 Entender a leitura e a escrita como um passaporte que permite inúmeros destinos é, então,
primordial para todos os educadores. Faça um bom estudo!
Objetivo da disciplina:Objetivo da disciplina:
 Despertar o aluno para a importância da leitura e da escrita no processo de comunicação e
consequentemente, na inserção do indivíduo na sociedade. Proporcionar fundamentação teórico-
prática acerca das diferentes concepções de leitura, de gêneros discursivos e de contextos de
interação, a partir de produções textuais.
Objetivos da unidade:Objetivos da unidade:
• Refletir sobre a importância da comunicação.
• Conhecer o processo de evolução da escrita.1. 1. A A comunicação: comunicação: da da Pré-história Pré-história à à contemporaneidadecontemporaneidade
1.1 Primeiros sinais1.1 Primeiros sinais
 Mesmo com tantos estudos até hoje realizados não se pode precisar com certeza quando de
fato o homem pré-histórico começou a usar a fala para se comunicar. No entanto, é possível estimar
quando ele começou a desenvolver diversas formas de linguagem.
 Acredita-se que as primeiras formas de comunicação ocorreram por meio da emissão de
sons e de gestos. Com o tempo, o homem primitivo passou a utilizar-se de desenhos que fazia nas
paredes das cavernas.
Pinturas rupestres:Pinturas rupestres: foram as primeiras ilustrações feitas pelo homem pré-histórico
Eram ilustrações feitas geralmente nas paredes das cavernas. Sítios arqueológicos:Sítios arqueológicos:é o local onde se pode encontrar algum tipo de vestígio do homem primitivo.
 Tais desenhos ilustravam diversas passagens do cotidiano dos nossos primeiros antepassados.
Registravam nas paredes das cavernas desde a imagem de animais a outras ilustrações que remetem
a seus medos, suas ansiedades.
 
7LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Muitos desses desenhos podem ser vistos até hoje e são um importante vestígio da história
da humanidade e são conhecidos como pinturas rupestres.
 Aqui mesmo no Brasil, existem muitos sítios arqueológicos que guardam tesouros como esses.
Vejamos alguns exemplos de pinturas rupestres nas páginas a seguir:
Figura 1 – Pintura encontrada na primeira metade do século XX em uma caverna
em Lascaux na França. Estima-se ter cerca de 17.000 anos.
Figura 2 – Série de animais descoberta nas paredes de uma caverna também na França em 1994.
Figura 3 – Encontra-se no interior de uma caverna do Sítio Arqueológico do
 Abrigo do Morcego em Carnaúba dos Dantas, no Rio Grande do Norte.
 
8 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Figura 3 Toca do Boqueirão da Pedra Furada (Pintura escolhida para a logomarca
do Parque Nacional Serra da Capivara no Piauí)
 Como se pode notar as pinturas rupestres até então representavam ilustrações cotidianas,
mas, com o passar do tempo, o homem primitivo começa a usar símbolos. Muitos atribuem esses
sinais gráficos relacionados à caça feita pelo homem do paleolítico, que faz marcas com a lança para
simbolizar os animais por ele abatidos.
 Assim, por meio das pinturas rupestres o homem primitivo começa a se comunicar por meio
de imagens, que compõem as primeiras mostras de linguagem visual da história.
1.2 O surgimento da escrita1.2 O surgimento da escrita
 Você consegue imaginar a vida de hoje sem a escrita? Consegue perceber a sua importância
para a humanidade? Para o professor e pesquisador Eduardo Gomes, da Universidade Federal do
 Amazonas (UFAM),
[...] na evolução humana, a utilização dos registros impressos,
sejam os pictogramas rupestres, sejam os primeiros símbolos
literais dos fonemas, tornaram-se indispensáveis às relações
sócio-econômico-culturais (GOMES, 2007, p. 2)
Escrita cuneiforme:Escrita cuneiforme: (do latim cuneus “cunha”, e forma “forma”) é o sistema mais antigo de
escrita conhecido até hoje. Passou a ser decifrado ainda no século XIX e até hoje tem sido objeto de estudo
 Como se vê, o surgimento da escrita foi um dos marcos mais significativos de toda a história
da humanidade, tão importante que serve como um marco representativo do fim da pré-história e
do nascimento da História.
O surgimento da escrita foi de fato um evento tão significativo que Barbosa (1991) coloca
como:
[...] aprimoramento de algo que já era anteriormente conhecido.
Infelizmente não conhecemos o nome de nenhum dos autores
das reformas mais importantes na história da escrita. Seus nomes,
como o de tantos outros grandes homens, responsáveis por
melhorias essenciais da vida humana (como por exemplo, o uso
prático da roda, do arco e flecha, da embarcação a vela) perderam-
se para sempre no anonimato da Antiguidade. (BARBOSA, 1991,
p. 34).
 Ao que se sabe, ainda que por meio de anônimos, a escrita surgiu por volta de 4.000 a.C. na
região da Mesopotâmia, pelo povo sumério. Essa forma de escrita era representada por desenhos
simplificados chamados criptogramas.
Os sumérios foram ainda os primeiros povos que tentaram abolir de suas representações
imagens que conotassem algum significado. Procuraram então associar o som da l inguagem falada
a símbolos, dando os primeiros passos rumo a uma escrita silábica.
 
9LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Com o tempo os sumérios passaram a utilizar ferramentas para gravar os criptogramas e
posteriormente os caracteres silábicos cujas pontas tinham o formato de uma cunha, o que
caracteriza a escrita cuneiformeescrita cuneiforme.
 Muitos desses registros eram feitos em tabuletas de argila que secavam ao sol, ou até mesmo
eram cozidas em forno, o que garantiu a sua durabilidade.
 Figura 4 - Tábua de argila encontrada na região que se referia a cidade de
Ur com idade entre 2900-2600 a. C.
Hieróglifo: a srcem do termo vem do grego: ἱερός (hierós) “sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita” – escrita sagrada,
que somente os sacerdotes e membros da realeza tinham acesso.
Hierática: forma simplificda dos hieróglifos, utilizada por sacerdotes nos textos sagrados.
 No entanto, os sumérios não foram os únicos a desenvolver um sistema de escrita. Os egípcios
inovaram usando o papiropapiro em rolo ao invés de argila. Além disso, utilizavam tintas e ilustrações de
forma a complementar as informações que queriam repassar.
 Os egípcios tinham duas formas de escrita: os hieróglifos (figuras sagradas) e a hierática, que
era mais comum.
Figura 5 – Hieróglifos do Papiro de Ani, o Livro dos Mortos
Papiro: uma planta srcinária das margens do Rio Nilo era preparada para receber
a escrita egípcia, e acondicionado na forma de rolo.
 
10 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Figura 6: Papiro de Ani, folhas 29 e 30, do acervo do Museu Britânico
 Além dos egípcios, outros povos passaram a desenvolver seu sistema de escrita o que levou
ao surgimento dos alfabetos. E nesse contexto os fenícios se destacaram.
 A Fenícia situava-se numa planície costeira representada hoje pelo Líbano e pela Síria. Ainda
que se discutam a presença de vestígios de um alfabeto anterior ao dos fenícios, este ainda é
considerado o primeiro, apesar de também já não haver mais registros devido ao desgaste dos anos.
 O alfabeto fenício era composto por 22 símbolos que representavam as consoantes e data
de aproximadamente fins do século XII a.C.. O povo fenício que se destacava ainda na construção
de embarcações, navegação e comércio. E acredita-se que em função disso, o seu alfabeto foi se
disseminando por várias partes.
 Já os gregos, conseguiram a elaboração de um alfabeto com vogais. Há uma controvérsia na
história com relação a questão da criação do alfabeto. Alguns estudiosos atribuem o desenvolvimento
do alfabeto grego tendo como base o alfabeto fenício. Outros pesquisadores acreditam na influência
dos gregos sobre os fenícios antes mesmo de estes elaborarem o seu modelo de alfabeto.
 O que importa, porém, é que devemos muito a essas duas civilizações, pois sem ela,
certamente essa apostila sequer teria sido construída, não é mesmo?
 Acredita-se que os gregos foram os primeiros povos a conseguir uma representação gráfica
dos sons das letras. Seu alfabeto era composto por 24 letras, contendo inclusive, vogais.
 
11LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Vale lembrar que o alfabeto grego foi um dos que mais se disseminou em toda a Antiguidade,
permitindo não somente a difusão de sua cultura clássica, mas também da sua filosofia e até
mesmo de textos bíblicos. E foi com a ajuda do alfabeto grego que surgiram outras línguas e seus
respectivos alfabetos, como por exemplo, o latim.
Comum ao povo romano o latim rapidamente espalhou-se pelo mundo antigo, como uma forma de
cultura dominante que se deu por meio das conquistas do Império Romano e a partir dele, tem-se
o surgimento de outras línguas, de outros povos.
 Com o Cristianismo a popularização do latim se intensificou,uma vez que permitia ser
falada, escrita e assim, copiada.
1.3 A transmissão da informação1.3 A transmissão da informação
 A partir do momento em que o homem começa a apropriar-se da escrita passa a utilizar-se
dela principalmente para registrar e documentar fatos e memórias. No entanto, mal sabia que ao
fazer isso, estava construindo um mundo de informações.
 Na Antiguidade havia duas formas de transmissão da informação: a oral, que certamente era
a mais comum, e a escrita que com o passar do tempo foi se intensificando e se popularizando.
 Ocorre que, com o fim do Império Romano por volta do século VI d.C. surgem os monastérios
e com eles o ensino e escrita. Os monges eram encarregados de apenas escrever, copiando os textos
bíblicos.
 De início os textos eram copiados em rolos de papiro, mas depois devido à sua inviabilidade,
passaram a ser escritos em pergaminhos, que após costurados formavam o chamado códex, que
tempos depois deu srcem aos livros à maneira que os conhecemos hoje.
 
Figura 6: Pergaminho Figura 7 - Códex
 Cada monge copista era encarregado de escrever de forma manuscrita um códex, e para
isso possuía o seu próprio espaço. E faziam essa atividade ao longo de todo o dia, só parando para
refeições e orações.
 Assim, a edição de livros, na forma de códex era de inteira responsabilidade dos clérigos
e de alguns nobres. Somente a partir do século XIII é que os copistas laicos passaram a redigir
documentos e textos relacionados à burguesia, nova classe que surgia, dando início a um longo
processo de acessibilização da leitura.
 
12 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 Até a metade do século XV a única forma de se reproduzir um livro ainda era a manuscrita.
 Até que, em 1450, o alemão Gutemberg, após já ter inventado a prensa manual, começa a imprimir
200 cópias da Bíblia.
 A prensa de Gutemberg é uma das invenções que mais revolucionou a história, uma vez que
trazia para a sociedade o livro, e com ele o seu maior tesouro: a escrita.
Figura 8 – A Bíblia de Gutemberg 
 A partir de então, as prensas foram sendo aperfeiçoadas de maneira tal que chegamos aos
dias de hoje, com incrível tiragem de jornais e revistas diariamente, além de livros, folhetos e
cartazes que encontramos no dia-a-dia.
 Ocorreu que a partir da invenção de Gutemberg o livro foi alcançando outros espaços,
saindo do limite dos monastérios e aos poucos, ganhando todo o mundo.
 De acordo com Queiroz (2005, p. 12):
O livro representa uma forma de socialização, instituindo,
destarte, valores comunitários e econômicos e identidades grupais
e individuais. O homem que lê se difere do homem que não lê.
O homem que lê se transplanta para o lugar do texto, alterando o
seu ponto de vista sobre todas as coisas.
 E a leitura hoje não ocorre somente por meio do livro, do jornal ou da revista. A leitura pode
ser feira hoje pelo computador! E o computador passa a ser entendido como meio e comunicação,
transmissor de conhecimento, que permite acesso rápido e fácil além da ampla divulgação graças a
internet.
 
13LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
Objetivos da unidade:Objetivos da unidade:
• Valorizar o processo de leitura.
• Compreender a leitura como necessária na vida das pessoas.
• Relacionar leitura de mundo e leitura de palavra.
2. A mágica da leitura
2.1 A leitura do mundo2.1 A leitura do mundo
 Já se viu aqui que as primeiras manifestações de escrita ocorreram por meio de
desenhos feitos pelo homem primitivo. A interpretação desses desenhos e sinais consistia-se numa
forma de leitura.
 
14 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Diante disso, é possível dizer que podemos ler muito mais do que palavras. Quer ver?
 
Posso dizer com certeza que você conseguiu ler cada uma dessas imagens acima, e que
interpretou cada uma delas à sua maneira, correto? Pois então, frente a essa nossa capacidade de
ler as imagens, é que Paulo Freire (1986, p. 20) já dizia que “[...] a leitura do mundo precede a
leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.
 
15LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Assim, segundo o saudoso autor, a leitura do mundo é um elemento fundamental para que
se possa ler e compreender as palavras.
 Mas o que é pra você ler o mundo? Pare e reflita antes de darmos continuidade.
 Agora escreva abaixo o que é para você essa leitura do mundo, se possível, dando alguns
exemplos:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
 Quantas vezes você já se pegou dizendo que não gosta de um sabor que nunca provou?
Como se pode não gostar daquilo que não se conhece? E o que a leitura do mundo tem a ver com
essas questões que à primeira vista, são tão simples?
 Ocorre que a leitura do mundo nada mais é do que a percepção e o julgamento de tudo o
que nos rodeia. Na verdade, nossa leitura de mundo é capaz de influenciar opiniões, afetando,
inclusive a forma como lemos as palavras.
2.2 A leitura da palavra2.2 A leitura da palavra
 Ler é muito mais do que dizer palavras em voz alta. Mas há quem diga que ler é apenas isso.
Mas e você? Como você define “ler”? O que é ler para você?
É muito emocionante ver a criança juntando os pedacinhos de uma palavra e assim conseguir
suas primeiras leituras. No entanto, o ato de ler tem um significado que vai muito além da simples
sonorização de palavras.
 Para Foucambert (1994, p. 5):
Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas
respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa
escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informações
ao que já se é.
 Então, para Foucambert a leitura auxilia na formação de uma idéia, um juízo que se encontra
enquanto se busca as respostas. Ler é buscar conhecer, entender e buscar respostas. Ler é buscar
compreender o que está escrito.
 Ler é construir um sentido por meio de cada palavra escrita, buscando um entendimento do
que as letras mos oferecem.
 Mas, Vânia Resende vai além de Foucambert e coloca a leitura como um verdadeiro mergulho
no mundo. Para a autora a leitura abre as janelas e portas de um mundo todo que deseja ser lido e
compreendido.
 
16 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 A leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho nas camadas
simbólicas dos livros, emerge-se vendo o universo interior e exterior com mais
claridade. Entra-se no território da palavra com tudo o que se é e se leu até
então, e a volta se faz com novas dimensões, que levam a re-inaugurar o que já
se sabia antes. (RESENDE, 1993, p. 164)
 Já Já segundo segundo Nagamine Nagamine (2001):(2001):
[...] o ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção
de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua capacidade simbólica
e de interação com o outro pela mediação da palavra
 Partindo então dessa idéia, de que a leitura possibilita um mundo de possibilidades ao
indivíduo é que faz mais sentido a afirmação de Paulo Freire, de que “a leitura do mundo precede
a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.
 A leitura nada mais é do que uma atribuição de sentido ao que está escrito. No entanto, é
preciso lembrar que a interpretação do que foi lido, pode variar de leitor para leitor, uma vez que
cada um já traz consigo suas impressões e visões de mundo.
 Essa questão das impressões que o leitor traz consigo é tão séria, que a seguir foram colocados
dois exercícios pra você estar a sua capacidade de leitura. São dois desafios ao seu cérebro. Já pode
começar?
Texto 1:Texto 1:
DE AORCDO COM UMA PEQSIUSA DE UMA
UINRVESRIDDAE IGNLSEA, NÃO IPOMTRA
EM QAUL ODREM AS LTERAS DEUMA PLRAVAA
ETÃSO, A ÚNCIA CSIOA IPROTMATNE É QUE A
PIREMRIA E ÚTMLIA LTERAS ETEJASM NO LGAUR
CRTEO. O RSETO PDOE SER UMA BÇGUANA TTAOL,
QUE CCOÊ ANIDA PDOE LER SEM POBRLMEA. ITSO
É POQRUE NÓS NÃO LMEOS CDAA LTERA ISLADOA,
MAS A PLRAVAA CMOO UM TDOO. SOHW DE BLOA.
Texto 2:Texto 2:
35T3 P3QU3NO T3XTO 53RV3 4P3NA45 P4R4
MO5TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3
F4Z3R CO1545 1MPR35510N4ANT35! R3P4R3
N1550! NO CO3ÇO 35T 4V4 M310 COMPL1C4D0,
M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO
0 CÓD1GO QU453 4UTOM4TIC4M3NT3,S3M PR3C1S4R
P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 FIC4R B3M
ORGULHO5O D1550! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3!
 
17LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
PARABÉNS!
O que dizem os teóricos sobre a leitura?
 Para Nagamine (2001)Nagamine (2001), o ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo
de compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao
homem: a sua capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação da palavra.
 Para Paulo Freire (1981)Paulo Freire (1981), o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita
ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo
precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade
da leitura daquele.
 Para Marisa Lajolo (2001)Marisa Lajolo (2001), Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida que se
vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí,
na chamada escola da vida...
Para Isabel Sole (1998)Isabel Sole (1998), a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste processo
tenta-se satisfazer [obter uma informação pertinente para] os objetivos que guiam sua leitura.
2.3 A importância da leitura2.3 A importância da leitura
 Quando o indivíduo lê, o faz em todos os momentos, embora na maioria das vezes não
perceba isso. Ele lê não apenas palavras, mas cenas do cotidiano, imagens, expressões faciais. Ele lê
todo o mundo! E por meio da sua leitura busca compreendê-lo. Seus olhos passam a abrir-se para
atentamente ler o que está a sua volta.
 Diante disso, é possível dizer que a leitura hoje, num mundo cheio de informações por todos
os lados, é indispensável. Vivemos na era da informação e do conhecimento e quem não sabe ler,encontra dificuldades em inserir-se nesse contexto.
 A leitura é tão importante que a escola hoje compreende que boa parte do fracasso
escolar dos alunos ocorre em função de que estes não tenham uma boa leitura. Acredita-se que a
dificuldade de leitura implica diretamente na dificuldade de entendimento e de compreensão e,
consequentemente, de aprendizagem.
 
18 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 Parece que ficou claro o quanto a leitura é importante na vida das pessoas hoje em dia. Mas,
e na sua?
 A leitura é importante em sua vida?
 Vamos refletir a esse respeito agora:
2.4 O papel da escola e do professor2.4 O papel da escola e do professor
 Diante da importância do ato de ler, fica bem claro que o papel da escola é o de formar
alunos leitores. Mas como se forma um aluno leitor?
 De acordo com os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, tem-se
o seguinte:
Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda
o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito,
identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto
que lê e os outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser
atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir
da localização de elementos discursivos. (BRASIL, 2000, p. 54)
 Entretanto, a escola forma os alunos leitores através não apenas de projetos e propostas
maravilhosas de trabalho. Mas sim, da prática pedagógica que o professor desenvolve no decorrer
de suas aulas, no seu trabalho cotidiano.
 O professor não deve se esquecer de que cada um dos seus alunos já traz consigo
conhecimento e visão de mundo que certamente estarão associados à sua leitura. Assim, para que
 
19LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
a leitura seja bem trabalhada, o professor deve continuamente proporcionar situações em que esse
aluno se depare com os mais diversos tipos de texto.
E com relação a isso, os PCN da Língua Portuguesa completam ainda que:
Para aprender a ler, portanto, é preciso interagir com a diversidade de
textos escritos, testemunhar a utilização que os já leitores fazem deles e
participar de atos de leitura de fato; é preciso negociar o conhecimento
que já se tem e o que é apresentado pelo texto, o que está atrás e diante
dos olhos, recebendo incentivo e ajuda de leitores experientes.(BRASIL,
2000, p. 56)
 O professor, portanto, deve ter claro que para que o aluno compreenda de fato um texto o
mesmo deve estar inserido num determinado contexto, de maneira a facilitar o entendimento do
aluno. Diante disso, para que o um texto possa ser de fato compreendido pelo aluno é preciso que
trabalhem juntos o seu conhecimento prévio, o seu conhecimento de mundo e ao conhecimento
textual.
 No tocante a essa questão; Kleiman (2000, p. 20) afirma que “Quanto mais conhecimento
textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, mais fácil será sua
compreensão.” Assim, pode-se dizer que para que um aluno aprenda a ler, é preciso que a ele
sejam dadas as mínimas condições para ele também se sinta capaz de produzir textos,
 Mas, para que possa formar um leitor voraz, o professor também deve sentir-se um leitor.
É inaceitável um professor que não tenha o hábito da leitura, ou que pior, não goste de ler. Como
pode o professor inspirar, tornar os alunos desejosos de leitura, se não o faz com sinceridade?
 E pior que aquele professor que não gosta de ler, é aquele que faz da leitura um pesadelo paraseus alunos. A leitura deve ser prazerosa, estimulada, capaz de permitir ao aluno o desenvolvimento
de sua linguagem, de sua oralidade, de sua capacidade de compreensão e é claro, de aprendizagem.
 Pensando nisso, segue um texto muito interessante que objetiva mostrar o que o professor
não deve fazer com o intuito de desenvolver a leitura em seus alunos:
 
20 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 
 Doze maneiras simples de tornar difícil a aprendizagem da leitura:
1. Estabeleça como meta o domínio precoce das regras de leitura;
2. Cuide bem para que a fonética seja aprendida e utilizada;
3. Ensine as letras ou as palavras, uma a uma, certificando-se de que
cada letra ou palavra foi assimilada antes de passar para a seguinte;
4. Defina como objetivo principal uma leitura palavra por palavra
perfeita;
5. Não deixe as crianças adivinharem; pelo contrário, exija que elas
leiam com atenção;
6. Procure evitar de todas as maneiras que as crianças errem;
7. Dê um feed-back imediato;
8. Detecte e corrija os movimentos incorretos dos olhos;
9. Identifique os eventuais disléxicos e trate-os mais cedo possível;
10. Esforce-se para que as crianças aprendam a importância da leitura
e a gravidade do fracasso;
11. Aproveite as aulas de leitura para melhorar a ortografia e a
expressão escrita; insista também em que os alunos falem a melhor
língua possível;
12. Se o método utilizado não lhe satisfizer, tente outro. Esteja
sempre alerta para achar material novo e técnicas novas.
(Artigo publicado em L’Education, 22 de maio de 1980. In:(Artigo publicado em L’Education, 22 de maio de 1980. In:
FOUCAMBERT, Jean. A leitura emFOUCAMBERT, Jean. A leitura em
questão. Porto Alegre: Artes questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994).Médicas, 1994). 
 
21LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
Mas e para ser um bom leitor? O que será preciso?
OS 10 MANDAMENTOS PARA UM BOM LEITOROS 10 MANDAMENTOS PARA UM BOM LEITOR
I - Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por
vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver
vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a
compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos,aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui
a ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmenteinútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.
II - Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos
clássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar
 As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad,
 Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas,
Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges,
Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec,
Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy
Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima
Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo,
Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig,
Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.
III - Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou
na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você
não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.
IV - Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie
um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16
aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler
quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por
semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360.
Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.
V - Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale
as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante
criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços
de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais
interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais
comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro
vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de
táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis;
e não empreste.
VI - Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a
literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século
XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que
foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos
quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge
de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que
 
22 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.
VII - Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que
tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça
viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioria
dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente
indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente:
há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola,
Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao
mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; nãoesqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue,
finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São
eles que estão na srcem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.
VIII - Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos
mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por
romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em
tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história,
filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-
ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem
escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.
IX - A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar
pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade
de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau.
Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada
pode ser tão estúpido quanto o preconceito.
X - Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos
inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor
é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de
uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a
escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não
leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será
um leitor.
Saiba mais...Saiba mais...
 O leitor traça planos, estratégias para obter, avaliar e utilizar informação e, assim, construir
significados, compreender o texto lido. As estratégias de leitura se constroem e se modificam, pois
o leitor desenvolve seus modos de ler através da leitura. Nós utilizamos as estratégias abaixo ao
mesmo tempo e, muitas vezes, inconscientemente.
 São quatro as estratégias de leitura.
 a) Seleção: o leitor elege os índices mais relevantes e úteis para não ficar sobrecarregado de
informações desnecessárias;
b) Antecipação: capacidade de antecipar o texto com base nas pistas do mesmo; o leitor
 
23LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
prevê o que ainda não apareceu a partir de índices como gênero do texto, autor, título, contexto de
produção. Por exemplo, o leitor, ao deparar-se com um texto de Esopo, certamente antecipará que
se trata de uma fábula, há animais como personagens e uma moral ao término da história.
 c) Inferência: percepção do que não está dito no texto de forma explícita, ou seja, deduções
que podem ser confirmadas ou não no decorrer do texto. O leitor tenta adivinhar as informações
das ‘entrelinhas’.Tais predições não são casuais; elas se baseiam nas pistas dadas pelo próprio texto,
pelo conhecimento conceitual e lingüístico do leitor.
d) Verificação: o leitor é o responsável pelo controle de sua própria leitura; é ele que pode
confirmar se foi capaz de compreender o texto, de construir sentido a partir dele, por isso faz
a análise da compreensão, permitindo confirmar ou rejeitar as deduções realizadas durante a
estratégia de inferência, por exemplo.
Saiba ainda mais sobre leitura:Saiba ainda mais sobre leitura:
Links:Links:
Mais de 100 artigos sobre leitura, divirta-se!
http://revistaescola.abril.com.br/leitura/
 Vídeos: Vídeos:
Documentário sobre a importância da leitura
 http://www.youtube.com/watch?v=l7Oyfa3CcjM
Leitura na escola
http://www.youtube.com/watch?v=a5bnWLrz5K8&feature=related
 Depois de tantas informações sobre leitura, um bom caminho para verificar se tudo o que foi
dito e discutido pode ser ‘saboreado’ é passar para a prática. Que tal ter acesso, através da leitura,
a uma palestra sobre o a importância do ato de ler no Congresso Brasileiro de Leitura (evento que
até hoje acontece a cada biênio na UNICAMP), ministrada nada mais nada menos por Paulo Freire,
nosso ‘educador universal’?
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 39.ed. – São Paulo,
Cortez, 2000.
 
24 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Objetivos da Unidade
• Refletir sobre o processo de aquisição da escrita
• Compreender a importância de ler bem
• Reconhecer a ligação entre leitura e escrita, de modo a uma colaborar com o
desenvolvimento da outra
3. A Produção de texto
 
25LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Já vimos que a invenção da escrita foi um acontecimento tão importante que acabou se
tornando um dos marcos mais significativos da história da humanidade.
 E vimos também que no mundode hoje tanto a leitura quanto a escrita são indispensáveis,
embora infelizmente o analfabetismo ainda seja uma realidade em pleno século XXI.
Foi possível compreender também que leitura e escrita andam juntas. Como se uma complementasse
a outra. Uma conduz à outra. Sem leitura, não há escrita, nem escrita sem leitura. Isso porque nós
vimos também que a leitura vai muito além do que a decodificação de letras, e sim a leitura com
sentido.
 Assim como a leitura, a produção de textos escritos é uma prática de linguagem e, como
tal, uma prática social. Quer dizer: em várias circunstâncias da vida escrevemos textos para diferentes
interlocutores, com distintas finalidades, organizados nos mais diversos gêneros, para circularem emespaços sociais vários.
Por exemplo: ao lermos um jornal, se o tratamento recebido por determinado assunto em
uma determinada matéria nos causar indignação — ou mesmo admiração — podemos escrever
uma carta para o jornal manifestando nossa forma de pensar a respeito.
Se quisermos divulgar um serviço que prestamos, podemos escrever um anúncio para uma
revista, para um determinado site , para um jornal; ou podemos escrever um folheto de propaganda
para ser distribuído na saída do metrô, ou, ainda, organizar um outdoor para veicular informação
a respeito do serviço nos lugares que se espera que circulem potenciais interessados no serviço
divulgado.
Se pretendermos divulgar dados organizados de determinada pesquisa que realizamos, por
exemplo, a respeito da evasão dos alunos, escrevemos um artigo acadêmico-científico, para ser
publicado em uma revista de educação — ou um livro — que circule no espaço no qual essa
discussão interesse.
Se quisermos ter notícias de um ente querido que se encontra distante de nós geograficamente,podemos escrever uma carta, ou enviar uma mensagem por e -mail.
Se desejarmos informar um possível contratante sobre nossa formação e experiência profissional
para que ele possa avaliar se correspondemos às expectativas que a empresa tem para um provável
funcionário, elaboramos um currículo.
 
26 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 Como se pode ver, produzimos textos em diferentes circunstâncias. A cada circunstância
correspondem:
a) finalidadesfinalidades diferentes: manifestar nossa forma de pensar a respeito de
determinada matéria lida; divulgar determinados serviços buscando seduzir
possíveis clientes; convencer a respeito de determinadas interpretações de dados;
obter notícias sobre um ente querido; informar sobre sua qualificação profissional;
b) interlocutoresinterlocutores diversos: leitores de um determinado veículo da mídia impressa (jornal, revista);
transeuntes de determinados locais (vias de circulação, rodoviária etc.); colegas de trabalho, leitoresde determinada revista acadêmico-científica ou de determinado tipo de livro; um parente próximo
ou um amigo; um possível contratante;
c) lugares de circulaçãolugares de circulação determinados: mídia impressa; academia; família ou círculo de amizades;
determinada empresa (esfera profissional); vias públicas de grande circulação de veículos e pessoas;
d) gêneros discursivosgêneros discursivos específicos: carta de leitores; anúncio; folheto de propaganda; outdoor;
artigo acadêmico-científico; carta pessoal; currículo.
Quer dizer: escrever um texto é uma atividade que nunca é a mesma nas diferentes circunstâncias
em que ocorre, porque cada escrita se caracteriza por diferentes condições que determinam a
produção dos discursos. Essas condições referem-se aos elementos apresentados acima. Mas não
apenas a eles. Um aspecto a ser considerado ainda é o lugaro lugar do qual se escreve.
Todos desempenhamos diferentes papéis na vida: o de mãe/pai, de filho/filha, de irmão/ 
irmã, de associado de determinado clube, de consumidor de determinado produto, de cidadão
brasileiro, o relativo à profissão que exercemos (professores, médicos, dentistas, vereadores,
escritores, revisores, feirantes, digitadores, diretores de escola etc), entre outros. Cada um dessespapéis estabelece entre nós e aqueles com quem nos relacionamos determinados vínculos, que
implicam responsabilidades assumidas, pontos de vista a partir dos quais os acontecimentos são
analisados, recomendações são feitas, atitudes são tomadas...
 Ainda que esses papéis se articulem todo o tempo, uma vez que são todos constitutivos do
sujeito e que, dessa forma, influenciam-se mutuamente, quando assumimos a palavra para dizer
alguma coisa a alguém, um desses papéis predomina, em função das demais características do
contexto de produção (sobretudo do lugar de circulação do discurso e do interlocutor presumido).
Por exemplo: um cineasta, quando em uma conferência ou mesa-redonda, ao analisar
determinado filme, certamente produzirá um discurso permeado por análises técnicas e históricas.
Isso ocorrerá não só porque o discurso será uma conferência, que poderá ter como interlocutores
estudantes ou outros cineastas, ou porque circulará na esfera acadêmica, tendo, portanto, que
se adequar a essas condições, mas também porque o cineasta não poderá, nessas condições
enumeradas, produzir o discurso a partir do lugar de pai, por exemplo, ou de amigo de determinado
empresário do ramo, sob pena de não ser eficaz.
Se estiver conversando com amigos em um encontro casual, ao contrário, o contexto de
produção dado lhe permitirá assumir o lugar de espectador/apreciador da arte do cinema e seu
discurso, certamente, não terá a mesma organização, nem a mesma escolha lexical, podendo
ser mais descontraído, menos comprometido com argumentações coerentes com determinadas
posições teóricas. E isto por causa de todas as condições de produção citadas, incluindo-se nestas o
papel social de onde fala o produtor. Da mesma forma, se a uma pessoa for solicitado um discurso
recomendando a redução do consumo de energia elétrica, este não será o mesmo, caso seja
 
27LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
produzido a partir do lugar de deputado federal, de industrial do ramo da produção de lâmpadas,
ou do lugar do pai que fala a seus filhos. Os argumentos serão diferentes porque, embora não
apenas por este motivo, a relação entre os interlocutores instituiu compromissos diferenciados entre
eles.
Ser um escritor proficiente, portanto, significa saber lidar com todas as características do
contexto de produção dos textos, de maneira a orientar a produção do seu discurso pelos parâmetros
por elas estabelecido [1].
[1] Adaptado do texto srcinal da autora Kátia Bräkling. Disponível em: http://www.educared.org 
 Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores escritores do nosso país. E é ele mesmo
quem nos conta como começou a escrever:
 Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil
uma vez por semana aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de
publicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete dias
mais tarde. Não dava para ler o papel transformado em mingau.
Papai era assinante da Gazeta de Notícias, e antes de aprender a ler eu me sentia fascinado
pelas gravuras coloridas do suplemento de Domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redor
das figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de
um universo de palavras que era preciso conquistar.
Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um denós tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, que me
permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressão
contido nos sinais reunidos em palavras.
Daí por diante as experiências foram se acumulando, sem que eu percebesse que estava
descobrindo a leitura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava
em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estavam germinando. Meu irmão, estudante na
Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz,tive sorte
de conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.
Então começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa do
café-sentado (pois tomava-se café sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem
incomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas
criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com
naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não
desfrutam desse tipo de amizade crítica.
Disponível em: http://www.paralerepensar.com.br/drummond_cronicas.htm. Acesso em 14/11/11
 
28 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
E você? O que se lembra do período em que começou a escrever?
 Aproveite e faça um breve exercício, contando como chegou até esse curso:
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29LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
3.1 Gêneros discursivos3.1 Gêneros discursivos
 Espero que você tenha gostado de escrever! Drummond gostava e muito e aprendeu a
brincar com as palavras explorando diversos gêneros discursivos.
Gêneros discursivos: são as diversas formas de expressão textual, que pode
ser em forma de poesia, crônica, entre outros.
 Quando usamos a leitura no dia-a-dia, utilizamos os diversos gêneros discursivos, de acordo
com a função de cada um.
 “A palavra textotexto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. Há,
portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta da ação de tecer, de
entrelaçar unidades e partes a fim de formarmos um todo inter-relacionado.
 Daí podermos falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem
sua coesão, sua unidade”. Segundo Fiorin (2003), “não é amontoando os ingredientes que se
prepara uma receita; assim também não é superpondo frases que se constrói um texto”.
 Utilizando ainda a srcem etimológica do termo, percebemos que um fio nem milharesdeles compõem um tecido. Para existir tecido é preciso que os fios, mesmo os mais diferentes
entre si, formem uma unidade, uma teia. Assim, também é com o bolo, pois colocar leite, ovos,
manteiga, açúcar e farinha de trigo num recipiente não resulta em bolo. Para que estes ingredientes
se transformem em bolo, é preciso que passem por vários processos, ou seja, acontece uma
metamorfose daqueles ingredientes que compunham meras individualidades e agora passam a ser
uma unidade composta pela diversidade.
 
30 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 Num texto, as partes não possuem significados independentes, mas cada sentido se relaciona
com o outro a fim de construir um sentido global. Entretanto, este não é dado pela soma das partes,
mas sim por uma combinação geradora de sentidos.
 Todo texto possui algumas propriedades, O texto possui algumas pou seja, algumas
especificidades básicas que o tornam texto. São elas: a coerência de sentido, a delimitação por dois
brancos e o fato de ser produzido por um determinado sujeito num certo espaço e tempo.
 Possuir coerência de sentido significa que os símbolos constituintes do texto não estão jogados
no papel. Eles se inter-relacionam. Por isso, é perigoso ler as partes do texto, juntá-las e conferir a
elas um sentido global, pois o contexto em que se insere é determinante para a compreensão do
sentido. O contexto, declara Fiorin (2003), “é a unidade maior em que uma unidade menor está
inserida. Assim a frase (unidade maior) serve de contexto para a palavra; o texto, para a frase etc”.
 “Poder-se-ia, assim, conceituar o TEXTO como uma manifestação verbal, constituída de
elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos co-enunciadores, durante a atividade verbal,
de modo a permitir-lhes, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, em
decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a interação
(ou atuação) de acordo com práticas socioculturais” (Koch, 1992).
 Existem diversos gêneros discursivos utilizados com os mais diferentes objetivos.
 A notícia, por exemplo, tem o objetivo de informar, contar um fato. Veja:
Essa manchete é engraçada não é? Pois então, ainda assim a reportagem objetiva apenas contar aos
leitores do jornal um fato ocorrido numa sala de aula.
 
31LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Já a manchete ganha ênfase para dar destaque e atrair a atenção do leitor. A manchete precisa
despertar o interesse do leitor pela notícia que está sendo veiculada.
Mas, se por acaso você deseja aprender sobre alguma coisa, lerá um artigo que tem por finalidade
apresentar o assunto e as informações sem, no entanto, influenciar nas suas emoções. E esse tipo de
texto também de caráter informativo, pode ser um verbete de dicionário e até um texto científico.
Vejamos o exemplo de um texto científico:
Os pulmões e a respiraçãoOs pulmões e a respiração11
 Jeanne M. Stellman
 O sistema respiratório é uma das mais importantes vias de entrada para as subs-
tâncias tóxicas ou poluentes. Muitas doenças profissionais resultam da acumulação
de substâncias químicas tóxicas no próprio sistema respiratório, e outras doenças são
causadas pela passagem de substâncias nocivas dos pulmões para o resto do corpo.
 A finalidade do sistema respiratório é absorver oxigênio do ar e transferi-lo para o
sangue. Ele também remove gás carbônico - que é o gás residual produzido pelos pro -
cessos do corpo - do sangue e o transfere para o ar expirado. Este processo é realizado
pelos pulmões. Os pulmões contêm milhões de minúsculos sacos aéreos (alvéolos).
 O sangue flui em torno deles e fica separado do ar por uma membrana de
apenas um milionésimo de polegada de espessura. Esta membrana é tão delgada que
os gases podem atravessá-la: oxigênio do ar para o sangue e gás carbônico do sangue
para o ar. A cada inalação, ar novo penetra em todo o trato respiratório até os alvéolos
pulmonares. O sangue absorve então o oxigênio do ar através da delgada parede do
alvéolo, enquanto descarrega gás carbônico no ar.
 Estas trocas se efetuam de modo bastante rápido e, no espaço de uns poucos
segundos, o ar dos alvéolos é expirado. Este é o processo da respiração.
 Disponível em: http://intervox.nce.ufrj.br/~diniz/d/direito/ou-Apostila_Portugues_
Texto_Informativo_5.pdf. Acesso em 16/11/11
 Observando o texto apresentado nota-se que nesse gênero discursivo há apenas o objetivo
de transmitir uma informação ao leitor de maneira clara. O texto científico não leva em consideração
impressões e sentimentos e sim, fatos concretos.
 Há ainda o texto como objetivo de ajudar passo a passo o leitor a executar uma determinada
ação, como é o caso dos manuais de instrução e até das próprias receitas culinárias:
 
32 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Disponível em: http://maringa.odiario.com/blogs/1390khz/2010/08/06/cantinho-da-receita-pudim-de-laranja/.
 Acesso em 15/11/11
Existe ainda um gênero discursivo carregado de emoção que é a poesia. Através dela o autor brinca
com as palavras de maneira a mostrar o seu mais profundo sentimento, que envolve e emociona o
leitor.
 
33LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 
 Amor a Distância Amor a Distância 22 
Cris MaiaCris Maia
Quantas vezes eu já não toquei o vazio,
na esperança de te sentir.
Quantas vezes eu já não ergui minha mão,
com vontade de acariciar teu rosto ... ou secar
uma lágrima.
Quantas vezes eu não fechei os meus olhos,
para poder visualizar tua boca sorrinEVdo...
enquanto eu sentia que tu
sorria... do outro lado.
Sinto tanto a tua falta...
Falta do teu calor...
Falta dos teus beijos...
Falta do teu olhar...
Mas a tua voz me aquece , me acaricia ,
me embala nas minhas noites vazias...
E a esperança preenche meus sonhos.
 A esperança de que não tarde o próximo dia
em que vamos nos encontrar.
E de que não tarde, o dia em que não vamos
mais nos separar...
 Ao contrário das poesias que emocionam, há ainda as tiras de quadrinhos e charges que com
bom humor compõem outro gênero discursivo:
 
34 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Disponível em: http://www.azideias.net/2007/11/tiras-pequenas.html. Acesso em 16/11/11
Os quadrinhos, ao contrário do que se pensa, não conquistam apenas as crianças, mas também os
adultos, com suas críticas e sátiras do cotidiano
Bom, até aqui vimos alguns dos diversos gêneros discursivos. Há quem prefira um a outro, mas o
que importa mesmo é que se saiba utilizá-los no cotidiano, conforme as necessidades.
Saiba mais...
Gêneros do discurso e textoGêneros do discurso e texto
 Os gêneros são formas de enunciados produzidas historicamente, que se encontram
disponíveis na cultura, como notícia, reportagem, conto (literário, popular, maravilhoso, de fadas, de
aventuras...), romance, anúncio, receita médica, receita culinária, tese, monografia, fábula, crônica,
cordel, poema, repente, relatório, seminário, palestra, conferência, verbete, parlenda, adivinha,
cantiga, anúncio, panfleto, sermão, entre outros.
Qualquer manifestação verbal organiza-se, inevitavelmente, em algum gênero do discurso,
de uma conversa de bar a uma tese de doutoramento, quer tenha sido produzida em linguagem
oral ou linguagem escrita.
Os gêneros podem ser identificados por três características fundamentais:
• o tipo de tema que podem veicular;
• a sua forma composicional;
• as marcas lingüísticas que definem seu estilo.
 As diferentes manifestações verbais concretizam-se em textos — orais ou escritos —
organizados nos gêneros. Estes se referem, portanto, a famílias de textos que possuem características
comuns.
 Não é qualquer gênero que serve para se dizer qualquer coisa, em qualquer situação
comunicativa. Se imaginarmos que alguém pretende discutir uma questão complexa como
a descriminalização das drogas, ou como a pena de morte como forma eficiente de combate à
criminalidade, essa pessoa precisará organizar o seu discurso em um gênero como o artigo de opinião,
por exemplo. Esse é o gênero que pressupõe a argumentação em favor de questões controversas,
mediante a apresentação de argumentos que possam sustentar a posição que se defende e refutar
aquelas que forem contrárias à defendida no texto.
 Se a finalidade, por outro lado, for relatar a um grande público um fato acontecido no dia
anterior, o gênero escolhido pode ser a notícia. Se o que se pretende é orientar alguém para a
realização de determinada tarefa, pode-se escrever um manual, ou relacionar instruções. Se se
deseja apresentar algum ensinamento utilizando situações vividas por animais que representam
determinadas características humanas, então a fábula é o gênero mais adequado.
Portanto, saber selecionar o gênero para organizar o seu discurso implica conhecer suas
características para avaliar sua adequação:
• às finalidades colocadas para a situação comunicativa;
• ao lugar de circulação;
• a um contexto de produção determinado.
 
35LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
 Pode-se mesmo afirmar que o conhecimento que se tem sobre um gênero determina as
possibilidades de eficácia do discurso.
 Dessa forma, a proficiência do aluno em Língua Portuguesa depende também do conhecimento
que ele possa ter sobre os gêneros e sua adequação às diferentes situações comunicativas. Suas
características, portanto, devem ser objeto de ensino, precisam ser tematizadas nas atividades de
ensino[2].
 [2] Adaptado do texto srcinal da autora Kátia Bräkling. Disponível em:
http://www.educared.org 
3.2 Gêneros discursivos na Sala de Aula3.2 Gêneros discursivos na Sala de Aula
 Entre as metodologias de trabalho em sala de aula, principalmente nas aulas de língua
portuguesa, a abordagem dos gêneros discursivos como pano de fundo é sempre muito bem-vinda.
 Como sabemos, gêneros discursivos são as funções de cada texto, podendo ser o telefonema,
o e-mail, a carta, a bula de remédio, a lista de compras, a resenha, a conferência, o cardápio de
restaurante, o outdoor, a propaganda, a charge, a aula virtual, as notícias...
 Não há comunicação que não esteja devidamente caracterizada em algum gênero e há tipos
textuais que estruturam cada manifestação de gênero.
Isto pode ser de fácil compreensão, pois há grandes e nítidas diferenças, por exemplo, naforma como um livro didático é estruturado e na forma como elaboramos uma receita culinária.
 Estes tipos textuais são, pelo menos, cinco: narração, argumentação, instrução, exposição e
descrição.
 Contudo, o que todo professor precisa considerar antes de abordar os gêneros discursivos é
o fato que muito mais importante do que estudar as características de cada gênero e sua estrutura,
é fazer com que o aluno vivencie a prática de cada gênero discursivo, de acordo, principalmente,
com a sua realidade.
 Neste ponto, é interessante o professor colocar à disposição na sala de aula o maior número
possível de gêneros, pois desta forma o aluno vai perceber, na prática, qual a funcionalidade de
cada um, o que certamente facilitará a construção de seu conhecimento.
 Ao dispor jornais, revistas, exemplos de conversa em chats online, charge, propaganda, entre
outros, o professor terá muito menos trabalho para fazer com que o aluno compreenda que a fala
precisará passar por processo de adequação em todos os momentos.
 Esta adequação não é apenas estrutural, mas também contextual, ou seja, todo aquele que
pretende ser aceito em sua forma de falar, seja por meio de propagandas, notícias, artigos, e-mail,
telefonemas e muitos outros, precisará compreender qual o contexto que envolve a comunicação
e adequar sua fala a ele.
 Desta maneira, o fato de a estrutura de uma comunicação em chat online ser mais desprovida
de regras gramaticais e ortográficas, não é adequado que assim se proceda em conversações mais
 
36 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
formais, mesmo que esta seja no mesmo chat que é usado, em outros momentos, informalmente.
De acordo com determinados contextos, é perfeitamente possível e correto que se use
abreviações e uma linguagem mais informal. É o que ocorre com os chats.
Contudo, se o chat for usado para se conversar com alguma pessoa com um grau social/ 
profissional superior ao do outro falante envolvido, as abreviações e a informalidade deverão ser
evitadas.
 Sendo assim, não é o veículo em si que deve ser foco de trabalho do professor, mas o
contexto que envolve não somente o chat, mas todos os demais gêneros discursivos que se desejarabordar.
 O aluno precisa vivenciar a prática dos gêneros para compreender com mais eficácia a razão
de sabermos dar diferentes formas às nossas falas nas mais diferentes ocasiões.
É importante compreendermos, como pais e professores, que o fato deo aluno usar
abreviações ao se comunicar na internet, não faz que ele as use em outros contextos, desde que,
evidentemente, ele tenha acesso às orientações sobre como adaptar sua fala em diversos gêneros e
contextos.
 O aluno que é bem-orientado por seu professor a respeito dos gêneros discursivos e suas
estruturas saberá, por exemplo, que não é conveniente escrever numa prova escrita na escola da
mesma maneira que ele escreve ao mandar um e-mail para um amigo, convidando-o para uma
festa, por exemplo.
 Se nós introduzirmos em nossas aulas os gêneros discursivos de maneira que eles consigam
perceber a funcionalidade prática da língua, certamente nossos alunos conseguirão adquirir as
competências necessárias para adequar a fala para o objetivo que desejar atingir, cumprindo, assim,
seu papel como cidadão que fala e é ouvido dentro de seus pontos de vistas.
 Autora: Erika de Souza Bueno. Extraído de: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.
asp?artigo=1892 seu papel como cidadão que fala e é ouvido dentro de seus pontos de vistas.
3.3 T3.3 Trabalhando com Quadrinhos em rabalhando com Quadrinhos em sala de aulasala de aula
Texto de: Juliana Carvalho (Professora e redatora)
Eu, que fui criança na década de 1980, não me lembro de ter lido (com permissão do
professor) nenhuma revista em quadrinhos em sala de aula. Infelizmente, não tive nenhum professor
pioneiro que percebesse as infinitas possibilidades desse material para o trabalho com qualquer
disciplina. Ao contrário, se qualquer aluno fosse visto com uma revistinha, ela era “sequestrada” e
se exigia a presença dos pais na escola para a devolução. Todos os dias, depois de ir à escola e fazer
as lições da cartilha Casinha Feliz, era ao chegar a casa que eu realmente aprendia a ler com o s gibis
da Turma da Mônica, comprados aos montes por meu pai. Os gibis não foram apenas coadjuvantes
na minha formação leitora; foram fundamentais no processo de aquisição da língua e de capital
cultural.
Se na década de 80 tive o incentivo dos meus pais para ler as revistinhas, nas décadas
anteriores isso não ocorria. As histórias em quadrinhos eram culpadas pelo desestímulo à leitura e à
criatividade, já que mostravam os cenários desenhados e deixavam pouco para a imaginação
do leitor, o que tornaria as crianças preguiçosas. Além disso, foi publicado nos EUA, no início
 
37LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
dos anos cinquenta, o livro Sedução dos Inocentes, de Fredrick Werthan, que apontava os gibis
como responsáveis pela delinquência juvenil.
Hoje, os tempos são outros. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI),
e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) já os contemplam e destacam sua importância ao
sugerir o trabalho com diversas mídias em sala de aula. Em 2007, dez anos depois da criação do
Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), as h istórias em quadrinhos (HQs) finalmente foram
incluídas nos acervos distribuídos a bibliotecas escolares. Foram 14 livros naquela edição e outros
16 em 2008. Em 2009, as HQs já representam 4,2% dos 540 títulos listados pelo programa.
Entre os motivos para utilizar os quadrinhos na escola, estão a atração dos estudantes por
esse tipo de leitura, a conjunção de palavras e imagens, que representa uma forma mais eficiente
de ensino, o alto nível de informação deles, o enriquecimento da comunicação pelas histórias em
quadrinhos, o auxílio no desenvolvimento do hábito de leitura e a ampliação do vocabulário. O
que se vê cada vez mais é a formalização desse gênero discursivo na sala de aula, mas muitos
professores ainda têm dúvidas sobre como utilizá-lo. Que aspectos devem ser explorados? Os
quadrinhos podem ser utilizados em qualquer disciplina? HQs, tirinhas, charges e cartuns devem
ser trabalhados da mesma forma?
Vou tentar responder a algumas dessas dúvidas e dar sugestões para atividades relacionadas
com qualquer disciplina, em especial com o ensino de língua portuguesa, do qual posso falar com
mais propriedade. Para facilitar nosso entendimento, utilizamos tirinhas utilizadas do artista Marcelo
Vital, disponíveis no site www.fulaninho.com.br.
Os quadrinhos
 As histórias em quadrinhos, charges, cartuns e tirinhas são textos multimodais, ou seja, trazem,
além da linguagem alfabética, imagens, disposição gráfica na página, cores, figuras geométricas eoutros elementos que se integram na aprendizagem. Antes de desenvolver atividades de qualquer
disciplina – um trabalho com operações matemáticas, por exemplo –, é preciso explorar todas
essas formas de representação para ampliar a capacidade leitora e garantir que a criança ou jovem
entenda ao máximo os recursos oferecidos, gerando sentido. Observe a imagem:
 A importância da imagem 
 
38 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
 Neste quadrinho, a imagem tem um peso grande, pois, se retirássemos as falas, grande
parte dele seria compreendida. A situação está visível no contraste entre a expressão facial dos pais
(surpresa e tristeza) e a do filho (feliz). É preciso explorar todos os elementos presentes no cenário,
como cores e disposição dos móveis. A sala em tons pastéis e a presença de poucos móveis passam
uma ideia de organização, e isso reforça a sujeira feita pela criança com tinta cor-de-rosa. Está a
cargo do texto escrito mostrar o equívoco do filho, ao pensar que a mãe estava chorando de alegria.
Outro fator importante é o contexto. Principalmente nas histórias produzidas para
adolescentes, como as de super-heróis, estão presentes inúmeras referências atuais e históricas à
cultura pop, guerras, personagens políticos e sociais. É fundamental mostrar o contexto em quea HQ foi produzida, no caso de quadrinhos antigos, ou acrescentar mais informações caso haja
referência a algum fato histórico.
 Charges, tirinhas, cartuns e histórias em quadrinhos O que são e como se caracteriza cada
um deles? As definições a seguir foram retiradas da Wikipédia:
 Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura,
algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de srcem
francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo
burlesco.
 Um cartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda,
de caráter extremamente crítico retratando de forma bastante sintetizada algo que envolve o dia-a-
dia de uma sociedade.
 A tirinha, também conhecida como tira diária, é uma sequência de imagens. O termo é
atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais, mas historicamente o
termo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não havendo limite máximo de quadros– tendo, claro, o mínimo de dois.
 A revista em quadrinhos,, como é chamada no Brasil, ou comic book como é predominantemente
conhecida nos Estados Unidos, é o formato comumente usado para a publicação de histórias do
gênero, desde séries românticas aos populares super-heróis.
CoresCores
 As cores são elementos importantes na comunicação visual e, portanto, nas HQs. Nos
quadrinhos, grande parte das informações é transmitida pelo uso de cores. A cor é um elemento que
compõe a linguagem dos quadrinhos; mesmo nas histórias em preto-e-branco, não se trata apenas
de um recurso estilístico. Os desenhistas americanos perceberam isso passaram a não restringir o uso
de cores apenas ao cenário. Elas assumiram a capacidade de simbolizar determinados elementos,
principalmente nos quadrinhos norte-americanos de massa, passando a simbolizar personagens na
mente do leitor.
O Incrível Hulk é verde. O Lanterna Verde também. O Capitão América tem o uniforme com
as cores da bandeira norte-americana. Os Smurfs são conhecidos por serem todos azuis. Maurício
de Souza também utilizou as cores para criar as identidades de seus personagens. Uma menina
forte como a Mônica só poderia usar um vestido vermelho; que menino travesso não desejaria dar
um nó nas orelhas de um objeto tão particular quanto um coelho de pelúcia azul?
 O conhecimentodas sensações e reações provocadas pelas cores é um importante
instrumento de comunicação que tem sido usado nas HQs. Sabemos que o rosa, por exemplo, é
uma cor feminina e juvenil, assim como o violeta. O vermelho evoca força, energia e está associado
 
39LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
à vida, por ser a cor do sangue. Também se usa o vermelho para caracterizar situações de perigo,
assim como nos sinais de trânsito. Quadrinhos com cores frias seguidos de quadrinhos com cores
quentes podem significar a passagem da tristeza para a alegria ou da doença para a saúde, por
exemplo. As estações do ano e os fenômenos climáticos também são representados por cores. O
fundo preto é muito usado para representar a imaginação das crianças, um espaço onde tudo pode
acontecer:
 Os quatro quadrinhos iniciais retratam uma situação que só acontece na cabeça da
criança. No último quadrinho, voltam a luz, as cores e, com elas, a realidade.
BalõesBalões
 Os balões são recursos gráficos utilizados para tornar sons e falas visíveis na literatura. O
balão seria o recurso gráfico representativo da fala ou do pensamento, que procura indicar um
pensamento, um monólogo ou um diálogo. O quadrinho necessita do balão para a visualização das
palavras ditas pelas personagens. Diferentemente da literatura, mesmo a ilustrada, os quadrinhos
não precisam indicar ao leitor a qual personagem corresponde aquela fala ou pensamento, pois os
balões indicam por meio do apêndice.
 O formato dos balões pode variar de acordo com as intenções do autor. O balão de fala
tem um contorno forte, nítido; o balão de pensamento tem outra forma. Ele é irregular, ondulado
ou quebrado e o apêndice tem o formato de pequenos círculos. Pensar é algo bem diferente de
falar em voz alta, ainda que seja um monólogo, por isso existe essa distinção entre os balões. O
contorno do balão pode ser tremido, indicando medo ou emoção forte, pode ser recortado, o que
indica explosão verbal ou raiva, ou mesmo pontiagudo, fazendo o leitor perceber que o som está
sendo emitido por uma máquina. Também podem ser usados alguns contornos metafóricos, como
estalactites (que indicam frieza na resposta) ou pequenas flores (que indicam o oposto). Outra
característica dos balões é ajudar a mostrar ao leitor a ordem de leitura e a passagem do tempo.
Uma exigência fundamental é que sejam lidos numa sequência determinada, para que se saiba
quem fala primeiro. Uma boa atitude é incentivar seus alunos a descobrir vários tipos de balões e a
criar os seus próprios.
Lapso de tempoLapso de tempo
 O lapso de tempo é o espaço que liga o quadro anterior ao posterior. Deve ser completado
pela imaginação do leitor, fazendo com que a história tenha sequência. Para entender o quadrinho,
é preciso entender o que aconteceu antes e o que acontecerá depois. Isoladamente, um quadrinho
que faz parte de uma história é difícil de entender, mas duas imagens constituem uma narrativa, desde
que sejam colocadas em sucessão ou que o leitor as entenda assim. Nas histórias em quadrinhos, o
leitor constrói e confirma a narrativa que faz sentido na história. O lapso de tempo aceitável está no
 
40 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
meio de duas imagens que representam continuidade. As transições são possíveis porque o leitor
está acostumado a ler o corpo do texto como narrativa. O leitor procura, então, juntar os quadros
para formar linearidade. Esta busca para “fechar” a narrativa, ou para “completá-la” estimula a
criatividade e faz das HQs importantes instrumentos para a formação de leitores.
Metáforas VisuaisMetáforas Visuais
 As metáforas visuais são usadas pelos autores para transmitir situações da história por meio
de imagens, sem utilização do texto verbal. Quando o personagem está nervoso, sai fumaça da
cabeça dele. Quando alguém está correndo muito rápido, aparecem vários traços paralelos e uma
nuvenzinha para demonstrar seu deslocamento. Cédulas e moedas indicam que a pessoa está
pensando em dinheiro, assim como corações indicam amor. Incentive seus alunos a criar metáforas
visuais. Por exemplo, como seria a metáfora visual para alguém triste?
Sugestão de atividadesSugestão de atividades
Língua Portuguesa
Observe a sequência de quadrinhos.
 Uma atividade muito comum, mas nem por isso menos valiosa, é apagar os textos dos
balões e pedir que as crianças escrevam seus próprios diálogos, fazendo a interpretação das
imagens. Tendo como base esse quadrinho, também podem ser trabalhados temas como linguagem
informal, compreensão do cenário, coerência das falas com as imagens, convívio entre crianças ou
adolescentes.
 Um fator importante nesse quadrinho é o contexto. Quem conhece a praia de Copacabana
imediatamente vai associá-la à tirinha, pelo desenho do calçadão. Quem costuma frequentar essapraia compreenderá mais facilmente os apuros vividos pelo garoto que vai embora enfaixado, pois
sabe que essa praia costuma estar cheia nos fins de semana e feriados. Crianças que moram em
ambientes onde não haja praia precisam receber essas informações.
 Essa é uma tirinha que apresenta muitos lapsos de tempo. Que situação deve ter ocorrido
entre o quarto e o quinto quadrinhos?
 
41LEITURA E PRODUÇÃ
 
O TEXTUAL
Educação ArtísticaEducação Artística
Os alunos podem analisar a linguagem dos quadrinhos e criar seus próprios personagens, balões,
quadros e onomatopeias.
MatemáticaMatemática
Os alunos podem ser levados a desenhar histórias explicando operações matemáticas, ou que
envolvam tramas cuja solução seja desvendada pela solução de um problema matemático.
História e GeografiaHistória e Geografia
Os quadrinhos de super-heróis trazem muitas referências a fatos h istóricos, principalmente guerras.
Ligas de super-heróis são geralmente compostas por heróis de várias nacionalidades. Algumas
histórias da Turma da Mônica fazem referência a fatos históricos do Brasil. Cabe ao professor
pesquisar e guardar este material para utilizar quando estiver lecionando sobre o assunto abordado.
CiênciasCiências
 Os gibis dos X-Men, por exemplo, tornaram popular o conceito de mutação e podem ser
usados para iniciar uma aula sobre Darwin. Por outro lado, muitas histórias em quadrinhos falam
sobre descobertas científicas. Pesquise os quadrinhos do Quarteto Fantástico, Watchman, Homem-
aranha, por exemplo.
 Publicado: em 19 de maio de 2009
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html
3.4 É possível escrever bem?3.4 É possível escrever bem?
 Sim, claro que é possível escrever bem! Todos podem escrever bem. Mas, certamente, se
houver dedicação.
 A leitura é um bom começo: que lê bastante, além de desenvolver a capacidade argumentativa,
aprende novas palavras e com elas, a maneira como devem ser corretamente escritas.
 Não há, portanto, necessidade de ler um dicionário para aprender novas palavras. Só as
leituras do cotidiano já ajudam nesse processo. Mas, para isso, a leitura deve ser atenta.
 Além desse conhecimento, escrever pressupõe o domínio de determinados procedimentos:
saber planejar o que vai ser escrito em função das características do contexto de produção colocado,
saber redigir o que foi planejado, saber revisar o que foi escrito — durante o processo mesmo de
escrita e depois de finalizado —, e saber reescrever o texto produzido e revisado.
Tais procedimentos precisam ser sempre articulados no processo de escrita, que é uma outra
competência que também precisa ser constituída.
 Nesse processo, conhecimentos de várias naturezas entram em jogo:
a) discursivos (relativos às características do discurso, como características do gênero no qual o texto
será organizado, do contexto de produção especificado, por exemplo);
b) pragmáticos (relativos às especificidades da situação de comunicação e às diferentes práticas
 
42 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
sociais de escrita);
c) textuais (relativos à linearidade do texto em si: relativos à sintaxe, pontuação, coesão e
coerência);
d )gramaticais;
 e) notacionais (relativos ao sistema de escrita).
Para ajudá-los no decorrer do curso,

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