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TCC_Vanessa_Melo_15_05 (1)

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FACULDADE UNIÃO ARARUAMA DE ENSINO
Curso De Graduação Em Enfermagem
VANESSA MELO DE SÁ PAIVA RANGEL
OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NA SAUDE DO HOMEM
Araruama 2020
OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NA SAUDE DO HOMEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso III do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade União Araruama de Ensino como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Andreza Amaro
Araruama 2020
OS DESAFIOS DO ENFERMEIRO NA SAUDE DO HOMEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC III, do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade União Araruama de Ensino, como requisito de avaliação final da disciplina.
Banca Examinadora:
Prof.
Examinador (a) UNILAGOS
Prof.
Examinador (a) UNILAGOS
Prof.ª Andreza Amaro Orientadora
Aprovado em _	de _	de 2020
Araruama 2020
	
1	INTRODUÇÃO
	SUMÁRIO
	
6
	2	QUESTÃO NORTEADORA
	
	8
	3	OBJETIVOS
	
	8
	3.1	Objetivo geral
	
	8
	3.1.1	Objetivos específicos
	
	8
	4	JUSTIFICATIVA
	
	9
	5	SAUDE DO HOMEM
	
	10
	6	METODOLOGIA
	
	19
	6.1	Metodologia de Análise
	
	19
	
7
	
RESULTADOS
	
20
8	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	28
1 INTRODUÇÃO
A saúde do homem requer conhecimento dos profissionais voltados para atuar nesta área, pois requer cautelas e dinamismo para que os homens deixem de lado preconceitos e atos culturais que o afastam inconsequentemente dos tratamentos preventivos. Entretanto encontramos como problema a busca por uma atenção voltada para o tratamento curativo ou paliativo, com as doenças masculinas já incorporadas e não um acompanhamento preventivo (JORGE et al, 2008).
Acredita-se que a assistência deveria se iniciar na atenção básica, e não na atenção secundária ou terciária com a doença em estágio avançada. Cuidar da saúde masculina é um processo complexo e também muito dinâmico dentro de um contexto saúde integral, que tem como base qualificar a saúde do homem voltada para a proteção e promoção a saúde, contendo prevenção e cuidados especializados.
A linha de cuidado da atenção básica no atendimento busca incluir o homem em uma atenção de prevenção da saúde dentro da atenção primária, e a política nacional integral à saúde do homem possibilita a desmistificação do reconhecimento dos agravos do sexo masculino dentro da saúde pública, através de orientações sobre a promoção e planejamento de ações de saúde contribuindo para compreensão e cuidados do homem.
Na visão de Couto, (2010) existem problemas comuns quando falamos em saúde do homem, onde as relações dos usuários do sexo masculino com os serviços de saúde são claramente contrárias as mulheres ficam mais à vontade do que os homens.
Nesse sentido, acreditamos que a falta de busca do homem que busca promoção de saúde é um ponto crucial a ser vencido com todo esse processo, cria se uma dificuldade para o profissional de enfermagem trazer e fornecer as orientações de cuidados à promoção de prevenção no sexo masculino na atenção básica.
Nos aspectos estruturais, Pas, et al., (2012) diz que há pouco investimento na organização dos serviços e que esses fatores influenciam na procura, fortalecendo o senso comum de que os homens não utilizam à atenção primária, criando escassez de programas voltados a saúde do público masculino. A consequência desses problemas pode gerar uma grande procura no atendimento terciário, pela falta da prevenção e o acarretamento do agravo da doença, o homem tende a procurar o atendimento especializado.
A atenção básica/primaria no Brasil, é entendida e definida como porta de entrada do SUS. Ou seja, é a introdução do cliente ao ambiente de promoção e prevenção de doenças, definindo o primeiro degrau de uma atenção de qualidade para prevenção de doenças, buscando a consolidação de uma assistência integral e continuada. (NERY, 2014).
Trata-se da expansão do atendimento, da rede de saúde e dos serviços das ações de promoção e prevenção à saúde almejando cada vez mais abranger serviços não só a saúde do homem, mais a toda população, tendo condições melhores de atendimentos e flexibilidade para o cliente. Oferecendo um conjunto de serviços, envolvendo aspectos educativos, culturais, e preventivos, ofertando ao mesmo conhecimento (MEDEIROS, 2013).
Estudos realizados na questão de entender o motivo de não usarem os servidores de saúde, mostram questões observadas em depoimentos analisados, que os mesmos assinalam dificuldade a o acesso aos serviços de marcação de consultas, exames, tendo que enfrentar filas, e por esse motivo, muita das vezes, causa “perda” de um dia inteiro de trabalho (MERY,2012. p.632).
Entende-se que essas questões podem ser mudadas frente a um atendimento qualitativo, onde o homem se sente seguro para responder suas dúvidas e cuidados relacionados a saúde, não só a doença, através da criação de uma confiança e vínculo com o profissional de saúde que estará acompanhando esse cliente.
O trabalho do enfermeiro de atenção básica, não deve estar focado unicamente na no tratamento, mas no processo de trabalho de organizar, educar e cuidar (MARQUES, et al, 2014)
Este trabalho traz a importância da execução a política nacional de saúde do homem, de modo a evitar possíveis evoluções patológicas especializada pelos enfermeiros.
2 QUESTÃO NORTEADORA:
Que ações relacionadas a saúde do homem podem contribuir significativamente para a prevenção do seu adoecimento?
3 OBJETIVOS:
3.1 Objetivo geral:
Compreender as ações do profissional enfermeiro direcionadas a promoção da saúde e a prevenção do adoecimento da população masculina na atenção primária.
3.1.1 Objetivos específicos:
Identificar ações que ampliem e melhorem o acesso as ações de saúde da população masculina adulta.
Apontar ações práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças desenvolvidas pelo profissional enfermeiro atuante na atenção básica de saúde.
4 JUSTIFICATIVA
Ao longo da graduação em enfermagem pode-se observar que os cuidados primários a saúde masculina não são muito trabalhados no seu individualismo e nem facilmente aderida pelo público alvo de forma preventiva, e sendo o enfermeiro um educador, orientador e cuidador na estratégia familiar tem o poder e ferramentas para mudar essa situação (BRASIL, 2018).
Muitos homens têm adoecido por causas evitáveis, e essas causas pode ser contribuída pela falta de vínculo entre profissional e usuário, sem conhecimento de que sem uma prevenção de qualidade com um cuidado continuado, pode levá-lo há um agravo patológico (MERY, 2014).
Aja visto que a atenção primária de saúde tem como foco principal o desenvolvimento de ações direcionadas a prevenção de doenças e a promoção e saúde e o enfermeiro ser um dos principais responsáveis por essas ações na atenção primária de saúde, julga-se ser de interesse estudar como atuação deste profissional pode impactar sobre essa população.
Acredita-se que o presente trabalho possa contribuir para a produção científica na área de enfermagem direcionada a atuação na promoção da saúde e prevenção de agravos de doenças que acometem a população masculina.
5 SAUDE DO HOMEM.
De acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2018, a população brasileira é composta por 48,3% de homens e 51,7% de mulheres (IBGE, 2019).
A taxa de mortalidade geral no Brasil na faixa etária de 20 a 59 anos de idade é igual a 3,5, porém é 2,3 vezes maior entre os homens do que entre as mulheres, chegando a quatro vezes mais na faixa etária mais jovem. A taxa bruta de mortalidade geral, em homens de 20 a 59 anos de idade, no Brasil, foi igual a 4,6 óbitos por mil habitantes no ano de 2018. As principais causas de óbito em homens de 20 a 59 anos de idade se refere às causas externas, numa proporção de 35%, seguida pelas doenças do aparelho circulatório (18%) e neoplasias (12%) (BRASIL, 2018).
Em 2018, foram realizadas aproximadamente 4,1 milhões de internações no Brasil na faixa etária de 20 a 59 anos(excluindo as internações por gravidez parto e puerpério) com taxa de predomínio do sexo masculino de 3.911 contra 3.619 do sexo feminino. A maior taxa de internação entre o sexo masculino ocorreu na faixa etária de 50 a 59 anos (Ministério da Saúde
– Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nesta perspectiva de adoecimento masculino, podem-se destacar as enfermidades da próstata, as quais configuram um grave problema de saúde pública e que têm sido alvo de atenção do MS. A alta incidência e mortalidade decorrente da neoplasia maligna de próstata fazem com que esse câncer seja o segundo mais comum em homens. Outro aspecto que preocupa em relação à saúde masculina é o hábito do tabagismo, que também é um fator de risco para doenças cardiovasculares, câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, doenças bucais e outras (FERREIRA, 2015).
O homem é reconhecido como forte, confiante, ativo, destemido, determinado, realizador, independente, objetivo, pragmático, racional, emocionalmente equilibrado, profissionalmente competente, financeiramente bem sucedido e sexualmente impositivo (NERY, 2014)
Segundo Karl Max a natureza do homem sempre foi seduzida para aceitar-se determinadamente uma forma do ser humano, como segundo a sua essência. Mediante a isso o homem define sua humanidade em meio à sociedade com a qual se identifica, havendo homens que olhavam sempre além das dimensões de sua própria sociedade. Um ser que não se considera
menos que o seu próprio senhor, devendo-se sua existência a si mesmo vivendo graças a sua própria independência (MAIA, 2002).
Silvia (2009) observa que, na década de 80 os estudos sobre o homem avançam trazendo o foco do gênero nas questões relacionadas a masculinidade, sendo percebido através de mudanças na terminologia que em tempos mais recentes do papel sexual do gênero.
Essas definições refletem uma construção social e histórica do ser homem enraizada em uma cultura que se designa valores comportamentos papéis e espaços distintos a serem ocupados por homens e mulheres na sociedade. Tais comportamentos seriam construídos a partir da naturalização das diferenças existentes entre homens e mulheres e instituídas por vários segmentos sociais sendo apreendidas durante o processo de aprendizagem e reproduzidos como verdades naturais dentro das relações pessoais e sociais (NERY, 2014).
Desde os tempos antigos, o homem tem a ideia de que não foi educado para se expor, por ter uma fama de ter que ser macho, forte, durão para não ser intimidado e seu perfil não ser ameaçado por sua exposição de falar o que sente e como se sente. Temendo-se que seus pontos fracos sejam descobertos e sua personalidade reduzida a outro ser. Inclusive alguns, se envergonham de falar o que estão passando, e medo de descobrir qualquer doença relacionada ao que estão passando e sentindo. Evitando a procura de profissionais qualificados que possam fazer um diagnóstico ou realizar um procedimento necessário. Esse medo faz com que o indivíduo procure ajuda quando a doença se encontra em estágio avançado. Isso porque, muitas vezes para ele o adoecimento está associado a fragilidade e não tem o entendimento que o adoecer é algo inerente ao ser, em sua própria condição sócio psíquica e biológica (NERY, 2014). Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando um pensamento mágico em que seu corpo é inabalável, não cogitando a possibilidade de adoecer, rejeitando qualquer possibilidade de que isso aconteça, tendo assim, dificuldade em reconhecer suas
necessidades de prevenção e cuidado dentro da estratégia familiar (BRASIL, 2008).
Existe influencias a atividades na construção masculina importa pela sociedade influenciando o gênero, que por sua vez gostaria de ter uma aceitação na relação do homem com sua pouca procura aos serviços de saúde na atenção básica/primaria, esse pensamento de recusa aos serviços de saúde tem proporcionado como consequência um alto índice de morbimortalidade, tendo então grande necessidade de análise de gênero e suas questões que norteiam a construção da masculinidade. Neste sentido quando se trata a saúde pública o
trabalho tem sido árduo e tem sido considerado uma barreira para o acesso, ou uma continuação de tratamento já estabelecidos, para que o homem desconstrua o pensamento de ser um indivíduo existe a possibilidade do adoecimento não havendo uma compreensão de cuidado e aceitação que o mesmo está vulnerável, e exposto ao risco de doenças, podendo acarretar em morte por desprezar o autocuidado com pensamento errôneo de invulnerabilidade. (SILVIA et. al., 2012)
Dentro da saúde são abordadas questões de sexo e gênero, diferenciando entre homem e mulher divididas em áreas distintas, o termo sexo tem como característica invariáveis biológica do homem e da mulher, e o que tange o termo gênero é caracterizado como a constituição ou seja a construção de definição masculino e feminino em diversas diferenças culturais (POZZATI ET AL. 2013).
O modelo masculinidade surgiu entre os homens com mais de 40 anos, tomou as fronteiras entre os modelos dos gêneros. Na declaração de algumas pessoas, existe uma imposição no que se espera e representa o ser homem em oposição ao que é ser mulher. Trazendo uma reflexão de que o homem não é um ser necessariamente igual, ele pode ser totalmente diferente um dos outros (GOMES, 2008).
Verificam-se na população masculina um índice elevado em seu meio de indicadores de morbidade e mortalidade e quando refletidas estas condições de perda, pode-se ver que a expectativa de vida do homem é inferior entre a população feminina. E quando analisadas as condições destes problemas, é possível ver que a população masculina está mais propensa em doenças e agravos saúde pois estão mais vulneráveis por conta da não procura aos serviços de unidade de saúde primaria/básica (BRASIL, 2009).
São diversos os fatores determinantes para a recuso do homem na procura de uma unidade básica de saúde, com por exemplo o tempo extenso para o atendimento, o longo período de espera para a efetivação deste, os intervalos prolongados entre a marcação de consulta e a realização do atendimento, e o acolhimento deficiente por parte dos profissionais (BARBOZA, 2013)
Medeiros, (2013) afirma que A influência da socialização de gênero, como também a influência das atividades laborais na construção da identidade masculina e, por sua vez, na vivência dos processos de morbimortalidade, é um fato. Neste sentido, quando se trata de cuidados com a saúde, o trabalho tem sido considerado uma barreira para o acesso aos serviços de saúde, ou a continuação de tratamentos já estabelecidos, pois há a exigência de cumprir uma
jornada laboral diária e a obrigatoriedade de executar as tarefas no tempo prescrito, o que normalmente coincide com o horário de funcionamento dos serviços de saúde, quase impedindo a procura pela assistência.
6. DOENÇAS PREVENÍVES
Incluir os homens nos serviços de saúde ainda mais falando sobre serviços de saúde primário tem sido um desafio as políticas públicas, pois não reconhecem a importância desses serviços em sua vida de promoção e prevenção de saúde (RAMOS, et al., 2010).
De acordo com o Ministério da Saúde 361.577 da população masculina no Brasil morre anualmente na faixa etária de 20 a 59 anos. Se analisarmos por sexo, 68% dessas mortes foram em homens. A maior proporção desses óbitos entre os homens, ocorreu na faixa etária de 50 a 59 anos, totalizando 38% dos casos (BRASIL, 2018).
Cada indivíduo vivencia o processo de adoecimento de maneira distinta, para os homens nunca é uma experiência fácil por conta de sua cultura de não adoecimento. Fazendo com que não haja uma procura precoce como uma questão de prevenção de saúde, isso atribui pelo mal costume da não procura rotineira aos serviços de saúde (PINTO, et al., 2014).
As doenças cardiovasculares são responsáveis por doenças que afeta o coração ou os vasos sanguíneos. Tendo diversos fatores que levam o aumento da pressão arterial, sendo eles o estressem que condicionam suas emoçõesos hábitos de alimentação inadequadas além do aumento de consumo de tabaco. Dentre os fatores de risco modificáveis, a hipertensão arterial é considerada o mais importante para as doenças isquêmicas e para o acidente vascular cerebral. (EYKEN; MORAES, 2009)
No aspecto de prevenção das doenças cardiovasculares, a prevenção de doença e promoção da saúde tornam-se fundamentais, com ações favoráveis ao desenvolvimento de hábito diferenciados, alimentação balanceada e saudável, exercícios físicos entre outros Gomes, et al., (2018).
A obesidade causada por um acúmulo anormal ou excessivo de gordura no organismo, levando um comprometimento a saúde e esse sobrepeso causado pela obesidade contribui para carga de doenças crônicas e incapacidades tendo consequências de debilidades que afetam a qualidade de vida, contribuindo para diversos fatores de risco a vida (MENDOÇA; ANJOS, 2004).
É importante o desenvolvimento de ações que promovam uma prevenção na alimentação saudáveis no controle de carências nutricionais e das doenças associadas a alimentação nutricional (PAS, 2012).
O Câncer de próstata tem sido um dos maiores problemas na saúde pública e é uma doença relativamente comum no mundo no Brasil, e tem um crescimento lento, muitas vezes associados a idade, sendo comumente diagnosticado entre idosos, que em muitos casos morrem por conta de outros problemas nem sabendo que tinha a doença presente em seu organismo (FILHO; MONCAU, 2002).
A depressão pode ter causa multifatorial que se inter-relacionam e geram como resposta alguns comportamentos, onde questões sociais, ambientais, psicológicos e biológicos podem gerar sintomas de alteração de humor, perda de energia e interesse; humor deprimido; diminuição do desejo em realizar tarefas que antes causavam prazer, insônia entre outros, comprometendo assim, a vida social, profissional e interpessoal do indivíduo (NUNES et al., 2001).
Como afirmado anteriormente, todos esses problemas mostram-se ser de causas preveníveis, com incidência diminuídas através de ações desenvolvidas na atenção básica de saúde.
Considerando o fato de a atenção primária ser considerada a porta de entrada dos serviços de saúde, as ações realizadas nesses serviços vão além da assistência curativa, e inclui também ações voltadas a prevenção e educação em saúde. Apesar desta importância os homens em sua grande maioria costumam procurar os serviços de saúde já existe uma patologia instalada, ou contrário das mulheres que estão sempre nas unidades de saúde procurando recursos preventivos para que não sejam acometidos a doenças (CARRARA, et al., 2009).
7. PROGRAMAS E LESGISLAÇÃO
Após 20 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), o ministério da Saúde entendeu que era preciso criar um político voltado a saúde nacional do homem que alguns anos depois foi criado e recebeu o nome de PNAISH (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem), e foi desenvolvida juntamente com responsáveis e gestores do SUS, juntamente com sociedades científicas, sociedade civil organizada, pesquisadores, acadêmicos e agências de cooperação internacional (BRASIL, 2008).
Os cuidados nos serviços de saúde primário definidos em Alma Ata, através da Organização Mundial de Saúde em 1978, baseia-se em tecnologias práticas e métodos, de modo a tornar-se mais acessível a sociedade. Com esta ação ouve uma compreensão nos cuidados fundamentais para as pessoas como um atendimento primário na Atenção Básica a Saúde (ABS) fazendo com que a mesma tornasse a porta de entrada aos serviços de saúde no SUS (Sistema Único de Saúde), reconhecendo o indivíduo em sua integralidade inclusão sociocultural na busca a promoção, prevenção e tratamento de doenças a saúde, trazendo consigo a redução de agravos de sofrimentos que possa afetar sua integridade e tirar a possibilidade de viver uma vida saudável. (BRASIL, 2007)
O Ministério da Saúde declara que os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer (BRASIL, 2008).
Um dos principais objetivos da PNAISH é promover ações de saúde para que contribua uma realidade masculina em seus variados contextos sociais, culturais e político-econômicos, com isso pode haver possível aumento de expectativa de vida, e a redução de adoecimentos previsíveis e a redução também, da mortalidade por conta desses adoecimentos, trazendo junto a política nacional de atenção básica um grande fortalecimento nas ações de saúde e seus serviços na rede de cuidado (BRASIL, 2018).
O documento assume que é necessário derrubar o sociocultural e educacional precisando ainda mais de ampliação das ações e serviços de saúde. Com a criação da PNAISH é observado que os homens acessam os serviços de saúde por meio da atenção terciária ou especializada, ou seja, pelos serviços de alta complexidade, por estarem com uma doença já em estado avançado, e por esse motivo o programa criado veio com o pensamento e foco de fortalecer e qualificar a atenção primária nos serviços de atenção básica a promoção da saúde e prevenção de agravos, garantindo, sobre tudo, a saúde integral e evitando o índice de mortalidade por causas evitáveis (BRASIL, 2008).
A ideia organizacional do sistema de saúde é trazer o indivíduo para a atenção primeira para evitar doenças preveníeis, mesmo estando com alguma doença é necessário a procura na atenção primária, para que a unidade de saúde faça o encaminhamento aos serviços de saúde secundários, se o problema não for resolvido, que por sua vez será encaminhada para atenção terciária diante do agravo desta patologia (BRASIL, 2000).
Um dos principais objetivos da PNAISH, é a promoção da saúde para melhoria na realidade da mesma, em seus diversos contextos, respeitando diferentes níveis e classe de desenvolvimento e organização dos sistemas na rede de saúde local, aumentando a qualidade e a expectativa de vida reduzindo morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis nessa população (BRASIL, 2008).
Segundo Jorge, et al., (2008), a qualidade em enfermagem está em um conjunto de ações, atribuído o seu conhecimento na área em que se atua, sua habilidade frente as tomadas de decisões, a humanidade e competência na atuação do atendimento trazendo como resultado satisfatório para seu cliente/paciente.
Nesse sentido é importante ressaltar que:
(...) é possível adaptar os conceitos de qualidade utilizados na indústria, para o setor saúde, até com certa facilidade, dando exemplos concretos da utilização das tradicionais ferramentas da qualidade. Contudo, a evolução da qualidade nos serviços de saúde, embora recente, seus antecedentes situam-se na metade do século XIX (INNOCENZO, 2006, p.85).
É direito de todos terem uma assistência saúde garantida mediante as políticas sociais econômicas e culturais, é dever das políticas visar à redução de risco de doenças e agravos mantendo- se as ações de saúde em promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 2003).
A consequência do agravo da morbidade por conta dos homens que adentram ao sistema de saúde pela atenção especializada tem gerado um grande retardamento e um custo alto para o SUS. Tornando preciso fortalecer, promover e qualificar cada vez mais a atenção primária para garantir a esse público uma promoção da saúde e prevenção de agravos de doenças evitáveis. (BRASIL, 2008).
Quando o indivíduo procura a assistência na atenção primária ele conserva a saúde e a qualidade de vida, evitando o sofrimento físico e emocional, tanto do paciente quanto dos familiares que ficam na luta para a recuperação deste paciente. Os tratamentos crônicos de longa duração no geral são de menor adesão, exigindo empenho dos pacientes, nesses casos é necessário modificar alguns hábitos alimentares e físicos para que cumpra seu tratamento. Essas mudanças podem ser contempladas pelas ações de promoção da saúde e prevenção das doenças, modificando o comportamento e produzindo melhor qualidade de vida (BRASIL, 2008).
8. O ENFERMEIRO FRENTE AO CUIDADO COM A SAUDE DO HOMEM.
O desafio para os profissionais da saúdee para a enfermagem é vencer a resistência masculina ao cuidado preventivo consigo. Do mesmo modo, é preciso incentivar hábitos e costumes de cuidado contínuo entre esta população antes de chegar ao nível terciário de atenção, como os serviços especializados com foco curativo e de recuperação da saúde (POZZATI et al, 2013).
O código de ética de enfermagem entende essa profissão como sendo comprometida com a saúde e qualidade de vida do indivíduo, família e coletividade. O processo cuidar/ cuidado de enfermagem está focado na lei do exercício e no Código de Ética de Enfermagem, e sua atuação compreende a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e de acordo com os preceitos legais éticos e as políticas públicas de saúde. Portanto, é dever do enfermeiro promover essas ações e proporcionar mais qualidade de vida a população masculina (COUTO, GOMES, 2012).
Partindo desse pré suposto, o enfermeiro, profissional como membro da equipe de saúde, precisa refletir, acreditar e incorporar como compromisso profissional e pessoal, além das ações que atendam às questões biológicas também às ações que mostrem ao homem os caminhos que o conduzem à saúde. O papel do enfermeiro diante da saúde do homem é o de promover ações com foco na promoção e prevenção de doenças. Sendo assim, é importante que seja abordado durante a consulta de enfermagem, assuntos que fazem parte do cotidiano masculino como álcool, violência, entre outros, para despertar o interesse de participar das consultas e grupos de apoio (GOMES, 2008).
A educação da saúde da população é a base para o sucesso das ações instituídas. O enfermeiro é um profissional com formação acadêmica direcionada para a instrução do paciente, com agilidades para perceber quais táticas de aprendizagem devem ser empregadas junto à sociedade, tendo em vista, principalmente, a busca pelos serviços de saúde pelo paciente, mesmo que não apresentem sinais e sintomas de alguma doença e que esta procura seja de forma satisfatória. Deve colaborar na formação e conhecimentos de profissionais, promovendo atualização e educação contínua do pessoal que atua nesses serviços (EYKEN, 2009).
A educação é baseada no conhecimento e na influência mútuos entre enfermeiro e o educando, fazendo com que o papel da enfermagem seja essencial para a difusão de
conhecimentos, permitindo a atualização e o desenvolvimento da população masculina diante da assistência oferecida à saúde, colaborando com seu autocuidado.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem apresenta grande sucesso, quando associado a atuação profissional qualificada, tornando notável essas mudanças que refletem através do aumento de profissionais do sexo masculino atuando nas unidades de saúde criando e desenvolvendo serviços específicos para tal público, essas mudanças têm sido bastante significativas (FIGUEIREDO, 2005).
Em muitos casos são oferecidos aos homens poucas explicações com relação a fatores de risco, patologias, sinais e sintomas, prevenção e agravos de doenças, devido ao atendimento voltado ao público masculino ser frequentemente associado a sexualidade e não há, em muitos casos aconselhamentos para que o usuário retorne a unidade para acompanhamento da patologia e para que entre no sistema de saúde através dos serviços de saúde primária (COUTO et al., 2010).
O enfermeiro é indispensável no atendimento clínico, realizando atividades assistenciais e educativas como a promoção e a prevenção em relação ao risco do tabagismo, alcoolismo e violências; o acompanhamento de portadores de doenças crônicas; consultas individuais, assim como palestras que abordem temáticas sobre a saúde do homem e, ao final, pode fazer uma avaliação do alcance dessas ações que irá favorecer a adaptação e o aperfeiçoamento dos serviços públicos de saúde (GOMES, COTTA, RIBEIRO, 2012).
Com relação à conduta do enfermeiro na promoção de saúde, pode-se enfatizar as atividades realizadas pelo mesmo que vão da implementação, manutenção e desenvolvimento de políticas de saúde tanto no nível curativo, quanto no preventivo, como a promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas doentes, avaliar o desempenho dos trabalhadores e, especialmente, fazer indicadores que proporcionem, aos gestores municipais, supervisionar as intervenções e classificar seu impacto, redirecionar as estratégias que se fizerem necessárias (FERREIRA, 2015).
Vale ressaltar que a ausência dos homens nos serviços de saúde oferecidos pela atenção primária não é de responsabilidade dos profissionais de saúde, pois o homem quando aceita os padrões ditados pela tradição masculina, acaba produzindo uma visão histórica imaginária afastando os homens das atividades de prevenção e promoção da saúde (GOMES; NASCIMENTO, 2007).
9. METODOLOGIA
Este é um estudo qualitativo, descritivo de abordagem bibliográfica. Rudio (2001, p.56) afirma que na pesquisa de caráter descritivo o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem nela interferir para modificá-la, explica ainda que descrever é narrar o que acontece conhecer o fenômeno, procurando interpretá-lo.
Gil afirma (2008, p.28) que as pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno.
Ferreira (2015, p. 34) contribui para esclarecer bem como construir uma pesquisa bibliográfica de qualidade afirmando que;
(...) a qualidade dos fatos e das relações sociais são suas propriedades inerentes, e que quantidade e qualidade são inseparáveis e interdependentes, ensejando-se assim a dissolução das dicotomias quantitativo/qualitativo, macro/micro, interioridade e exterioridade com que se debatem as diversas correntes sociológicas.
9.1 Metodologia de Análise
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, através de investigação científica que objetiva responder a uma pergunta formulada, utilizando métodos sistemáticos para identificar e avaliar as pesquisas relevantes, coletar e analisar dados de estudos incluídos na revisão. O método de revisão sistemática desempenha importante papel em estimular futuras pesquisas sobre determinado tópico, tendo em vista que a mesma tem a capacidade de criar novas ideias e direções em um campo de estudo (CORDEIRO et al, 2007).
Utilizou-se a categoria de análise para dividir e expor os dados coletados, que para Bardin, (2011) é o processo pelo qual ideias e objetos são reconhecidos, diferenciados e classificados, e consiste em organizar os objetos de um dado universo em grupos ou categorias, com um propósito específico.
As categorias definidas são: ações desenvolvidas na atenção básica para os homens – essas serão subcategorizadas em ações de promoção da saúde e ações de prevenção de doenças; ações desenvolvidas pelos enfermeiros da atenção primária direcionada aos homens; e impacto de ações de promoção da saúde e prevenção de doenças na saúde do homem.
10. RESULTADOS
Com o propósito de compreender as ações do profissional enfermeiro direcionadas a promoção da saúde e a prevenção do adoecimento da população masculina na atenção primária, efetuou-se uma revisão das publicações na área de saúde, priorizando a Biblioteca Virtual Salud, consultando-se os artigos das bases de dados Lilacs e Medline. Somente os artigos foram selecionados, com auxílio dos filtros fixos textos completos, publicados em Português, com recorte temporal dos últimos 6 anos. Além disso, foram utilizados os critérios delimitados pelos descritores específicos: "saúde do homem"; "gênero e saúde"; "atenção primária à saúde"; "masculinidades"; "enfermagem em saúde pública".
A 1 º Categoria objetivou pesquisar artigos relacionados as ações realizadas para saúde do homem na atenção básica. Para isso foram utilizados os descritores “saúde do homem”, “prevenção”, “atenção primária” e todos os demais foram excluídos, além disso, optou-se por usar como filtro de assunto principal: atenção primária à saúde, prevenção primária, promoção da saúde. Foram encontrados um total de 11 (onze) e as respostas estãodescritas no Quadro 1
	QUADRO 1: AÇÕES DESENVOLVIDAS NA ATENÇÃO BÁSICA PARA OS HOMENS
	Ações de promoção da saúde
	Ações de prevenção de doenças
	Estimular a população masculina, através da informação,	educação e comunicação, o autocuidado da saúde
	Roda de conversa sobre Infeções Sexualmente
Transmissíveis – IST’s
	Busca ativa de usuários do sexo masculino de 20 a 59 anos cadastrados nas equipes
	Grupo de Hiperdia
	Inclusão do homem nas ações de planejamento sexual e reprodutivo
	Incentivo ao uso de preservativo como medida de dupla proteção da gravidez
	
	Exames preventivos: rotina, próstata, IST’s
(Teste Rápido)
 Fonte: Elaboração Própria.
Existe uma baixa frequência de homens no serviço que é atribuída à resistência por parte deles, não sendo reconhecida sua inclusão no atendimento e nas ações educativas ou comunitárias do programa. As ações preventivas são dirigidas quase exclusivamente às mulheres, restringindo- se a assistência aos homens mais voltada para atenção curativa.
De acordo com o Ministério da Saúde (2008), existe, na prática cotidiana de muitos serviços de atenção primária, uma segmentação da clientela, destacada a partir da efetivação de diversas atividades que envolvem o programa de saúde da mulher, em contraposição às poucas ou nulas atividades voltadas para a atenção aos homens, especialmente aos adultos jovens e em idade reprodutiva. Isso amplia a histórica segmentação dos programas mediante distinção da
clientela, tais como idosos, hipertensos e/ou diabéticos, e agrava ainda mais a perspectiva da integralidade.
Diante da concepção de que os homens não se cuidam, bastante reiterada nos artigos lidos. A ausência de cuidados preventivos, incluindo o acompanhamento inadequado, pode levar a complicações e, muitas vezes, à necessidade de internações. Além dos sistemas de saúde não priorizarem atenção à saúde do homem, a formação dos profissionais que atendem essa população precisa ser discutida e alinhada às suas necessidades.
A 2 º Categoria objetivou demonstrar através dos artigos pesquisados as ações desenvolvidas pelos enfermeiros na atenção primária direcionada aos homens. Para isso foram utilizados os descritores “saúde do homem”, “enfermagem”, e todos os demais foram excluídos, além disso, optou-se por usar como filtro de assunto principal: atenção primária à saúde, prevenção primária, promoção da saúde. Foram encontrados um total de 8 (oito) e as respostas estão descritas no Quadro 2
	QUADRO 2: AÇÕES DESENVOLVIDAS PELOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DIRECIONADA AOS HOMENS
	Hiperdia
	Planejamento Familiar
	Prevenção ao Câncer de Prostata
 Fonte: Elaboração Própria.
Podemos observar nos artigos analisados que os 8 artrtigos lidos referem como ação desenvolvida pelos enfermeiros direcionada aos homens o Hiperdia. A atenção primária é a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), onde o enfermeiro é o protagonista das práticas assistenciais e preventivas de promoção à saúde. Cabe ao enfermeiro, como gestor, determinar o sucesso da implementação da (PNAISH) diante das respostas encontradas considero que não existem atividades assistenciais de prevenção e promoção à saúde masculina desenvolvidas e os processos de implantação da atenção à saúde do homem encontram-se ineficientes.
Sabe-se que, o MS formulou a PNAISH, em 2008, objetivando o acesso contínuo do homem aos serviços de saúde e tinha como prioridade não apenas o acesso do público masculino às unidades básicas de saúde, mas à criação de diretrizes visando à implementação de políticas e programas que contemplassem as demandas deste grupo populacional.
O enfermeiro é indispensável no atendimento clínico, realizando atividades assistenciais e educativas como a promoção e a prevenção em relação ao risco do tabagismo, alcoolismo e violências; o acompanhamento de portadores de doenças crônicas; consultas individuais, assim como palestras que abordem temáticas sobre a saúde do homem.
Castro (2012) relata que na realidade brasileira, as ações de saúde que conseguem atingir os homens não são exclusivamente destinadas a estes, mas ao público em geral. Além disso, o pequeno contingente masculino que utiliza os serviços primários em saúde é representado principalmente por idosos captados pelos programas de acompanhamento a hipertensos e diabéticos. Sendo assim, identifica-se que a população jovem masculina, principal foco da PNAISH, permanece ainda como pano de fundo das ações que costumam ser desenvolvidos nos serviços de saúde públicos e privados.
A 3 º Categoria objetivou investigar o impacto das ações de promoção e prevenção na sáude dos homens. Para isso foram utilizados os descritores “promoção da saúde”, “saúde do homem” e “prevenção” e todos os demais foram excluídos, além disso, optou-se por usar comofiltro de assunto principal: prevenção primária, promoção da saúde Foram encontrados um total de 11 (onze) e as respostas estão descritas no Quadro 3
	QUADRO 3: IMPACTO DE AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS NA SAÚDE DO HOMEM.
	Aproximação da população masculina aos serviços em saúde
	Implementação do Programa de Saúde do Homem nas unidades
	Mudança na cultura masculina
	Melhoria na qualidade de vida
	Prevenção de doenças
	Impantação de bons hábitos de higiene
	Conhecimento sobre doenças
Os homens tendem a assumir comportamentos poucos saudáveis, como o descuido com sua saúde, gerando fatores de risco para o adoecimento. Essas ações de promoção e prevenção refletem de maneira positiva tendo em vista que a procura tardia ao serviço de saúde traz prejuizos para saúde do homem e muitos agravos poderiam ser evitados buscassem pelos serviços ofertados. 
Para Moreiro, Gomes e Ribeiro (2016) promover saúde se impõe pela complexidade dos problemas que caracterizam a realidade sanitária em que predominam as doenças crônicas não transmissíveis, a violência e as novas endemias, busca construir espaços saudáveis. A promoção da saúde lida com estilos de vida. Deve ficar claro que a promoção da saúde não deve ser mais um nível de atenção, nem deve corresponder a ações que acontecem anteriormente à prevenção.
Segundo Barboza et al. (2013) os homens não possuem reconhecimento de suas necessidades nos serviços de saúde, o que confere uma tradição de (não) procurar por atendimento, consistindo em uma parcela da população que não é assistida rotineiramente. Aos homens cabem a procura por assistência perante agravos e doenças previamente instalados, caracterizando níveis de emergência, de urgência e até certa linha de cuidados especializados.
A prática de cuidados voltados à população masculina na Atenção Básica, separada de rótulos que configuram desafios e que estão relacionados à hegemonia masculina, à cultura, ao fator histórico e ao estigma social, repercutindo, assim, na implementação das ações profissionais voltadas aos homens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Podemos concluir com este trabalho que apesar de todos os avanços conquistados ao longo de duas décadas de descentralização do setor saúde, o SUS encontra-se, ainda, em fase de organização, no qual desafios precisam ser superados para que funcione eficientemente, conforme os princípios e diretrizes estabelecidos. Um desses desafios é a reduzida presença dos usuários do sexo masculino nos serviços de atenção básica à saúde, adentrando o sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade, o que tem como consequência o aumento da sobrecarga financeira da sociedade, com o diagnóstico mais tardio de problemas de saúde com elevada incidência neste grupo populacional.
	Em relação à reduzida presença dos usuários do sexo masculino nos serviços de atenção básica, muitas são as hipóteses. Um dos motivos seria porque elas não disponibilizam programas ou atividades direcionadas especificamente para a população masculina. A ausência dos homens ou sua invisibilidade nesses serviços é associada, também, a uma característica da identidade masculina relacionada ao seu processo de socialização que nessecaso, a identidade masculina estaria associada à desvalorização do autocuidado e à preocupação com a saúde.
	Conforme Cavalcante et al. (2014) a preocupação em buscar acesso aos serviços e informações de saúde de modo preventivo constitui uma atitude contraditória ao símbolo de superioridade e virilidade que a imagem do homem representa, tornando-o susceptível a riscos de agravos que poderiam ser evitados. Atuar nesse cenário é o desafio que se coloca aos serviços de saúde, em especial aos de Atenção Básica, dado o nível de compromisso e responsabilidade esperado dos profissionais que compõem as equipes de saúde da família.
	Percebe-se que para atuar com essa parcela da população é necessária uma mobilização para impactar situações de reflexões e até quebra de "velhos paradigmas" que tendem a restringir a adesão do usuário masculino em participar ativamente nas discussões das necessidades de saúde e definição das prioridades a enfrentar.
	Nesse sentido, observa-se que homens costumam ter mais dificuldades na busca por assistência em saúde quando veem as necessidades de cuidado como uma tarefa feminina. Assim, eles costumam só chegar aos serviços de saúde com intercorrências graves ou quando se veem impossibilitados de exercer seu papel de trabalhador, ressaltando também que, segundo a visão dos profissionais de saúde, os homens não buscam os serviços para fins preventivos.
	A maioria dos estudos relata a invisibilidade dos homens na atenção primária à saúde, uma vez que estes serviços, historicamente, têm desenvolvido mais ações destinadas à saúde de mulheres, crianças e idosos. A ausência dos homens nas unidades pode ser explicada em virtude destas não disponibilizarem atividades ou programas direcionados especificamente para este público e os homens preferirem utilizar serviços que respondem mais rapidamente e objetivamente às suas demandas, como pronto socorro. 
	Apesar da tímida implantação da PNAISH, o público dos serviços de saúde permanece majoritariamente feminino e infantil. Indo de encontro com Gomes et al. (2007), em estudo sobre a percepção dos homens a respeito dos serviços de atenção primária a saúde, mostraram que os mesmos se destinam às pessoas idosas, às mulheres e às crianças, e são considerados pelos homens como um espaço "feminilizado", o que se espera estar em modificação ao longo dos últimos anos, uma vez que o presente estudo aponta quase a totalidade dos homens com interesse em atividades da ESF.
	Os enfermeiros têm como estratégia abordar o processo saúde/doença no contexto familiar e ambiental, tendo como ação básica a prevenção dos agravos mais frequentes à saúde, além da promoção da saúde de modo a possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, conforme os princípios de universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. Porém no que se refere à Saúde do Homem, ainda há muito a ser feito: desde adequação da estrutura para atendimento na atenção básica, motivação e desenvolvimento de ações de promoção contra os agravos mais frequentes nesta população (causas externas, por exemplo) de modo a corresponsabilizar o homem pela sua própria saúde e, consequentemente, do meio do qual participa, colaborando para que ele aos poucos possa ir se percebendo como um sujeito de cuidados e de direito à saúde.
	Evidenciou-se que poucas estratégias para a atenção integral à saúde do homem vêm sendo desenvolvidas pelas(os) enfermeiras(os) nas USF, demonstrando que apesar da existência da PNAISH e que ainda não foram alcançadas muitas mudanças impactantes de promoção ou prevenção na saúde masculina. Observa-se que o cuidado ao homem permanece restrito aos programas de acompanhamento de doenças crônicas, a exemplo do Hiperdia e prevenção ao câncer de próstata, limitando esta assistência aos homens idosos. Por outro lado, o público masculino jovem e adulto, principal foco das políticas públicas permanecem desassistidos.
	
ANEXO - PLANILHA DE DADOS COLETADOS
	
Título
	
Autor
	
Ano
	
Referências
	Nº	das
categorias utilizadas
	Saúde	do homem: ações integradas na atenção
básica.
	ALVES,
Fábia Pottes
	
2016
	https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/9259
	
1,2 e 3
	
A	saúde		do homem: doenças crônicas	não transmissíveis e vulnerabilidade social.
	BIDINOTTO,
Daniele Natália Pacharone Bertolini; SIMONETTI,
Janete Pessuto; BOCCHI,
Silvia Cristina
Mangini.
	
2016
	http://analytics.scielo.org/?journal=0104-1169&collection=scl
	
3
	Atenção integral à saúde do homem: um desafio	na
atenção básica.
	CARNEIRO,
Liana	Maria Rocha et al.
	
2016
	https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/5301/pdf
	
1,2 e 3
	Perfil	do usuário homem atendido em uma unidade
básica de saúde da família.
	CZORNY,
Rildo	César Nunes et al.
	
2017
	https://pdfs.semanticscholar.org/9099/1c505e82d20a0e95ff520011929776dfa858.pdf
	
1
	Atenção Integral	à
Saúde		do Homem: Estratégias utilizadas	por Enfermeiras (os)	nas
Unidades	de
Saúde	da
Família	do
interior	da Bahia.
	MOREIRA,
Michelle Araújo; CARVALHO,
Camila Nunes.
	
2016
	https://www.redalyc.org/pdf/2653/265347623014.pdf
	
1,2 e 3
	Atenção		à saúde	dos
homens	no
âmbito	da Estratégia Saúde	da
Família.
	MOURA,
Erly Catarina de et al.
	
2014
	https://www.scielosp.org/pdf/csc/2014.v19n2/429-438/pt
	
1 e 3
	A	saúde		do homem	em questão: busca por atendimento na atenção básica
de saúde.
	OLIVEIRA,
Max	Moura de et al.
	
2015
	https://www.scielo.br/pdf/csc/v20n1/pt_1413-8123-csc-20-01-00273.pdf
	
1
	Públicos masculinos na estratégia	de
saúde	da família: estudo qualitativo em
Parnaíba-PI.
	PEREIRA,
Mayara Carneiro Alves; BARROS,
João	Paulo Pereira.
	
2015
	https://www.scielo.br/pdf/psoc/v27n3/1807-0310-psoc-27-03-00587.pdf
	
2 e 3
	O cuidado na saúde	dos homens: realidade		e
perspectivas
	POZZATI,
Rogério et al.
	
2013
	https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/10032
	
1 e 2
	Estratégias Para Estimular A	Presença
Dos Homens Nas Unidades De Saúde Da Área	De
Abrangência De Equipe Da Estrategia Saúde	Da
Família De Município Do Interior Do
Piauí.
	SILVA, Leisa Maria	da Costa; COSTA,
Ozirina Maria da.
	
2015
	https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/14659
	
1, 2 e 3
	Promoção	à
saúde	do
homem	na atenção primária		à
saúde:	um
relato	de experiência.
	SILVA,
Elaine Andrade Leal et al.
	
2016
	https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/view/15850
	
2 e 3
	Perfil de saúde dos homens atendidos em estratégias de saúde	da família
	SOARES,
Danielle Santana et al.
	
2018
	https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/3124
	
3
	Atenção	à
saúde		do homem: análise da sua resistência		na procura	dos
serviços	de saúde.
	TEIXEIRA,
Danilo	Boa Sorte.
	
2016
	http://revenfermeria.sld.cu/index.php/enf/article/view/985
	
1 e 3
	Discursos masculinos sobre prevenção	e
promoção	da
saúde	do homem.
	TRILICO,
Matheus Luis Castelan et al.
	
2015
	https://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1981- 77462015000200381&script=sci_arttext
	
1 e 3
	Planejamento, gestão e ações à	saúde	do
homem	na
estratégia	de
saúde	da
família
	PEREIRA,
Leonardo Peixoto; NERY,
Adriana Alves
	
2015
	https://www.scielo.br/pdf/ean/v18n4/1414-8145-ean-18-04-0635.pdf
	
1 e 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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