Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Cultura Organizacional e Perspectivas Estratégicas da Regionalidade Cultural Brasileira Autoria: Henrique Muzzio RESUMO Esse ensaio tem como objetivo analisar o contexto cultural brasileiro e a sua influência no universo organizacional a partir de uma perspectiva cultural regional que não se limite à visão funcionalista e avance através de conceitos contemporâneos como os fluxos culturais e os códigos culturais locais. O campo da cultura organizacional se caracteriza por uma riqueza de diversidade. Perspectivas contemporâneas do campo contemplam conhecimentos condizentes com uma época marcada pela complexidade. A relação global-local e o viés cultural regional é um exemplo do quanto as novas perspectivas podem ser úteis para acadêmicos e gestores no entendimento do comportamento organizacional. Do ponto de vista internacional os estudos comparativos que trabalham com a perspectiva de adaptação cultural já apresentam um volume significativo de pesquisas que enfatizam as distinções entre regiões ou nações. Mas, quando se trata dessa perspectiva dentro de países culturalmente diversos, parece ainda não haver no campo a mesma expressão. Em países em que é reconhecida a diversidade cultural, como o Brasil, análises que levem em conta as influências dessa variável podem contribuir para a eficiência das relações internas e externas da organização. Dado que as organizações podem operar através de filiais dentro de países culturalmente diversos, torna-se pertinente analisarmos como os elementos culturais locais interferem nas ações organizacionais. A literatura oferece uma extensa pesquisa de estudos culturais comparativos no âmbito internacional, mas não em nível regional em países onde as diferenças culturais são significativas, como no caso brasileiro. Argüimos a necessidade das organizações contemplarem em suas ações o que chamamos de legitimidade cultural local, quando as organizações atuam em distintos contextos respeitando os valores e as práticas culturais locais. Nessas regiões encontramos consumidores diferentes, códigos culturais distintos e variadas formas de gestão. Nesse sentido, esse reconhecimento proporciona meios para que as organizações obtenham êxitos na legitimidade cultural local. A crítica à visão etnocêntrica de superioridade cultural normalmente analisada no plano internacional poderia se transportar para a realidade regional brasileira. Não há uma cultura regional certa ou errada. Há regiões culturais diferentes onde encontramos consumidores diferentes, funcionários diferentes, códigos culturais distintos e variadas formas de gestão, ainda que essas diversidades estejam ancoradas em um guarda-chuva maior da cultura brasileira. Se em áreas como finanças ou produção as diferenciações regionais não causam maiores influências, em outras áreas como marketing e gestão de pessoas isto já pode ser significativo. Estratégias regionais, ações mercadológicas locais ou gestão de pessoas com adaptações regionais são exemplos onde é possível ampliar a eficiência organizacional de filiais. 2 1. Introdução Esse ensaio tem como objetivo analisar o contexto cultural brasileiro, suas multiplicidades e suas ambigüidades e a influência dessa característica no universo organizacional do país. A partir de uma perspectiva regional, discutimos a diversidade cultural superando a visão funcionalista-territorial avançando através de conceitos contemporâneos como os fluxos culturais e os códigos culturais locais. A pertinência dessa perspectiva de análise reside no fato de que o reconhecimento da heterogeneidade da cultura brasileira e a sua influência no comportamento organizacional pode contribuir para a eficiência organizacional naquilo que pode ter um componente regional de influência, como por exemplo, em ações mercadológicas ou de gestão de pessoas. Em uma perspectiva ampla a integração econômica mundial significou para as organizações a necessidade de ações vinculadas ao cenário global, mesmo que as suas operações estejam restritas a um contexto local. Para as organizações que atuam em diferentes regiões ou países é natural a convivência com realidades culturais distintas daquela encontrada em sua matriz, o que leva a inquietações e desafios adicionais aos gestores, tais como, as formas como as organizações lidam com as diferenças culturais de seus colaboradores; a adequação das estratégias organizacionais aos diferentes contextos culturais; a maneira como essas organizações agem diante da mudança de costumes de novos consumidores; etc. O atual estágio de internacionalização organizacional está associado a um processo de difusão e de intercâmbio culturais e está amparado em condições estruturais, tecnológicas e culturais (BAUMAN, 2007; TSUI, NIFADKAR; OU, 2007). Estruturas organizacionais e tecnologias são elementos no qual a agência humana é capaz de minimizar os efeitos das diferenças. Emirbayer e Mische (1998) definem agência como um “compromisso temporalmente construído por atores de diferentes ambientes estruturais — contextos de ação temporalmente- relacional — o qual através do interplay de hábito, imaginação e julgamento, reproduz e transforma essas estruturas em resposta interativa para os problemas colocados pela mudança situacional histórica”. No entanto, para a questão cultural uma pretensa uniformidade é algo mais complexo por envolver abstrações comuns aos aspectos culturais em que está envolvida a subjetividade, tais como, os valores, as crenças, os pressupostos básicos, os hábitos etc. que não são facilmente transferidos para uma outra realidade cultural. Do ponto de vista internacional os estudos comparativos que trabalham com a perspectiva de adaptação cultural já apresentam um volume significativo de pesquisas (HOFSTEDE, 1980; JOHNSON; LANARTOWICZ, 1998; KOSTOVA; ROTH, 2002; WOYWODE, 2002; GAMBLE, 2003; GEPPERT; WILLIAMS, 2006; BOUQUET; BIRKINSHAW, 2008) que enfatizam as distinções entre regiões ou nações. Mas, quando se trata dessa perspectiva dentro de países culturalmente diversos, parece ainda não haver no campo a mesma expressão. A defesa da pertinência desse nível de pesquisa ocorre a partir das investigações com foco na diversidade cultural dentro de um mesmo país quando isto se justificar. Diferenciações que podem existir facilitadas, por exemplo, pela extensão territorial e pelas dinâmicas histórico- sociais que se sucederam ao longo do tempo ou ainda pelas diferenciações geradas pelas forças da globalização. Alguns autores (LENARTOWICZ; ROTH, 2001; NELSON; GOPALAN, 2003; SANTOS; SILVEIRA, 2006; TSUI, NIFADKAR; OU, 2007; SINGH ET AL, 2008; MCSWEENEY, 2009) defendem que os estudos organizacionais não podem partir do pressuposto que existe uma homogeneidade cultural apenas por ser um único país desconsiderando a possibilidade de culturas subnacionais. No plano organizacional, diante da possibilidade das organizações operarem através de filiais dentro de um mesmo país 3 culturalmente heterogêneo, práticas gerenciais ou análises empíricas que partam de uma visão de uniformidade cultural podem ser reducionistas e significar dificuldades para dirigentes na implantação de ações estratégicas e operacionais. No caso brasileiro isto é particularmente relevante diante da diversidade regional e a reconhecida pluralidade cultural do país (PRESTES MOTTA; CALDAS, 1997; LENARTOWICZ; ROTH, 2001; FREYRE, 2002; ALCADIPANI; CRUBELLATE, 2003; BARROS, 2003; NELSON; GOPALAN, 2003; RIBEIRO, 2006; SANTOS; SILVEIRA, 2006; MUZZIO, 2006; AÑAÑA; NIQUE, 2009), fazendo com que pesquisas que o analisem de maneira culturalmente uniforme (HOFSTEDE, 1980) possam conter resultados que não expressem a complexidade e a diversidade do país. Os valores, as ideologias e as competências culturais expressas na vida organizacional são arraigados primeiramente no contexto cultural da sociedade onde estão inseridas (MCSWEENEY, 2009). Nesse sentido, quando uma empresa instala-seem uma determinada região, já encontra solidificados alguns elementos locais, tais como, as comunidades, a infra- estrutura, o sistema educacional, a cultura que emana daquela sociedade e das instituições que lhe dão sustentação e com as quais cria seus vínculos (FREITAS, 2007). Portanto, buscar entender a realidade organizacional brasileira sem levar em consideração os fatores culturais locais e a análise das diferenças pode oferecer um resultado distorcido e viesado dessa realidade. Alcadipani e Crubellate (2003, p. 64), afirmaram que “a maioria dos estudos sobre cultura brasileira desenvolvidos no âmbito da administração analisa o tema de forma homogênea, não levando em conta a pluralidade e a heterogeneidade de nosso país e de nossas organizações”. Nos últimos anos alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos para superar essa condição (BARROS, 2003; MUZZIO; CASTRO, 2008; AÑAÑA; NIQUE, 2009). Buscamos então lançar novas considerações sobre a perspectiva organizacional brasileira através da regionalidade cultural do país, para isto, estruturamos esse trabalho em mais três seções. Inicialmente introduzimos com a discussão sobre cultura e cultura organizacional. A seção seguinte explora a relação da cultura organizacional brasileira a partir de uma perspectiva cultural regional e posteriormente fazemos uma análise final do objeto e propomos sugestões para o avanço do campo. 2. Cultura e Cultura Organizacional: a Formação do Campo A Antropologia tem como seu grande objeto a compreensão do universo humano nos níveis biológico, temporal (arqueológico) e comportamental, fato que torna o campo de vasto alcance com distintas perspectivas de exploração e desafios associados para os seus investigadores (MELLO, 2005). Em específico, os antropólogos culturais vêm de longa data buscando compreender o homem enquanto membro de uma sociedade que possui um sistema de valores e que é tanto produtor como produto consciente da natureza que o cerca. Nessa trajetória emergiram diferentes visões de como a cultura é interpretada, dentre elas: como um sistema de padrões de comportamento que se encontra em permanente adaptação; como um sistema de conhecimento da realidade apreendida como um código mental de natureza cognitiva; como um sistema estrutural que ocorre através da bipolaridade natureza- cultura; como um sistema simbólico que só pode ser apreendido por outro grupo por meio de interpretação e não por meio de mera descrição (MELLO, 2005). 4 A importância da antropologia cultural foi ampliada pela diversidade que lhe marca. Se cada povo possui a sua cultura, é preciso reconhecer que cada cultura tem sua própria lógica e que, para os seus integrantes, ela é tão normal e certa, como parece ser para cada um a sua própria cultura (LARAIA, 1986), ou seja, se o homem ficar preso a uma única cultura, será não apenas cego à cultura dos outros, mas também míope em relação à sua própria (LAPLANTINE, 1988; KUPER, 2002). Geertz (1989) apóia-se no pressuposto da necessidade da interpretação da cultura como algo compartilhado pelos homens, que, para tanto, utilizam-se de elementos simbólicos. Em suas palavras, Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado (GEERTZ, 1989, p. 15). No contexto organizacional, o tema cultura ganha robustez a partir da década de 1980, notadamente com o advento da competitividade japonesa frente aos produtos norte- americanos que fez surgir a curiosidade de entender o que a cultura japonesa tinha de diferente que permitia tal competitividade (FREITAS, 2007). Inicialmente o campo foi dominado por trabalhos de visão funcionalista, de ontologia realista e epistemologia positivista que advogam uma condição de racionalidade superior onde é possível alcançar resultados operacionais satisfatórios a partir de uma visão homogênea da cultura organizacional (WILKINS; OUCHI, 1983; BARNEY, 1986; DENISON, 1990). Posteriormente, os trabalhos interpretativistas de ontologia nominalista e epistemologia antipositivista passam a oferecer uma orientação alternativa reconhecendo as organizações como espaços marcados pela heterogeneidade e fragmentação (MEEK, 1988; SACKMANN, 1992; RIAD, 2005; RODRIGUES, 2006; SINGH ET AL, 2008). Já os teóricos críticos defendem que o pós-modernismo e mesmo outras perspectivas possuem melhor condição de analisar a ambivalência do processo cultural. De acordo com esses autores, a perspectiva de uma construção social “não oferece a (ilusória) claridade e determinismo do pensamento positivista, mas pode capturar a complexidade e fragmentação da cena dos negócios internacionais” (SHENKAR, LUO; YEHESKEL, 2008, p. 914). Assim como no campo antropológico, a cultura organizacional é dotada de diferentes correntes e perspectivas. Essa pluralidade é estruturada por Smircich (1983) a partir das diferentes conceituações de organização e de cultura, provenientes de diferentes concepções ontológicas da realidade social relacionadas à objetividade e à subjetividade e também pela concepção da natureza humana, enquanto determinística ou voluntarista. Daí surge duas visões de cultura organizacional. A primeira vê a cultura como uma variável, aquilo que uma organização possui. Nessa visão, emergem duas perspectivas possíveis: i) “Gerência comparada” ou “cross-cultural”, visão de cultura como uma variável independente a partir da qual as organizações são vistas como instrumentos sociais para a realização de tarefas; ii) “Cultura corporativa”, visão da organização como autoprodutora de cultura simbólica, tais como rituais e cerimônias. Nessa perspectiva as organizações são vistas como sistemas adaptativos que existem por processos de troca com o ambiente, embora o contexto interno da organização continue sendo o foco. A cultura seria um subsistema organizacional, como o subsistema produtivo ou o subsistema administrativo. Na segunda visão, a cultura é vista como metáfora, ou seja, aquilo que uma organização é, resultado das formas e manifestações da consciência humana, não se resumindo a uma 5 abordagem econômica, mas também expressa nos seus aspectos simbólicos. A visão metafórica assume que o mundo social-organizacional só existe como um padrão de relacionamento e de significado simbólico, criado a partir de um processo contínuo de interação humana. Essa visão apresenta três perspectivas: i) A “cognição organizacional”, conforme a qual a cultura é um conjunto de conhecimentos e crenças compartilhadas que norteiam o modo de os indivíduos agirem; ii) O “simbolismo organizacional”, segundo o qual a cultura é vista como um sistema de símbolos e significados compartilhados que resultam das interações sociais dada a necessidade de interpretar a realidade e estabelecer critérios de ordenamento para as ações; iii) A “psicoestruturalista”, que vê a cultura como uma expressão do inconsciente humano. Martin (1992) discute a existência ou não de uma unicidade da cultura organizacional. A autora baseia-se nas possibilidades de multiplicidade cultural intra-organizacional, destacando três abordagens possíveis: integração, diferenciação e fragmentação, que estariam associadas respectivamente a três tipos de interesse de pesquisa: gerencial, crítico e descritivo. A abordagem de integração está ligada ao referencial gerencialista/funcionalista e orienta-se pelo consenso no nível organizacional, em que a cultura é vista como homogênea, excluindo- se qualquer possibilidade de ambigüidades. A perspectiva de diferenciação supõe um consenso no nível de subculturas, ou seja, na organização haveria espaço para várias subculturas, que podem conviver em harmonia, independência ou conflito, o que possibilitaria, por exemplo, análises sobre dinâmicas de poder, desigualdadee dominação nas organizações. A abordagem da fragmentação trabalha com uma visão de falta de consenso, uma multiplicidade de interpretações e foca a diversidade cultural e sua conseqüente ambigüidade. Enquanto a integração é caracterizada pela harmonia, a diferenciação é marcada pelo conflito e a fragmentação tem como propriedade a multiplicidade. Em cada uma dessas perspectivas encontramos distinções para variáveis do contexto organizacional, tais como: o papel do líder, a influência do ambiente ou ainda o nível de análise das mudanças, que podem ocorrer no nível organizacional, suborganizacional ou individual. A autora, embora fazendo essa divisão, sugere que pesquisadores usem simultaneamente as três abordagens, pois com isto, haveria uma complementaridade e superação das limitações individuais de cada uma delas. E ainda, essa combinação proporcionaria uma variedade de insights que cada abordagem, isoladamente, não oferece, o que permitiria interpretações mais completas sobre a cultura organizacional. A profusão de correntes acabou por proporcionar na literatura inúmeras definições de cultura organizacional. Destacamos aqui a posição de dois expoentes do campo. Hofstede (1980) defende que a cultura é para a coletividade o que a personalidade é para o indivíduo, uma programação mental que distingue membros de um grupo de outros grupos. Essa definição trabalha com a perspectiva que a cultura precisa estar na mente de todos que fazem parte da organização e não apenas nos escalões superiores. Schein (2004) afirma que a cultura é um padrão de pressupostos básicos que um determinado grupo criou, descobriu ou desenvolveu lidando com seus problemas de adaptação externa e integração interna, que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e, por isto, serem ensinados aos demais integrantes do grupo como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aos problemas. Assim como na cultura geral, as perspectivas modernas da cultura organizacional defendem que os valores, as crenças, os artefatos e os pressupostos acentuam sua mobilidade e ganham uma condição ampliada de deslocamentos entre os povos e as organizações, favorecidas pelas condições de mobilidade de produtos, de serviços e de idéias. Nessa ótica, não existe uma 6 lógica de cultura única, como uma fotografia com sua natureza estática, mas sim como um intercâmbio de várias culturas, que se entrelaçam em ondas de fluxos, irradiados de muitos lugares que são simultaneamente origem e destino desses cursos, incluindo aí os lugares virtuais. Observa-se nesse contexto uma substituição da lógica de espaço de lugares por uma outra lógica de espaço de fluxos, que é definido por Castells (1999) como uma “organização material das práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam por meio de fluxos” e esses fluxos são como “seqüências intencionais, repetitivas e programáveis de intercâmbio e interação entre posições fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas econômica, política e simbólica da sociedade” (CASTELLS, 1999, p. 436). Alguns autores (LLOYD, 2002; SCHUERKENS, 2004; CANCLINI, 2005) afirmam que muitos dos elementos dos fluxos culturais são modificados durante o processo de integração nos novos ambientes locais, sendo reinterpretados em função da realidade cultural local, transformando-se em algo novo e único como encontramos, por exemplo, no trabalho de Van Maanen (1992) sobre as diferentes leituras locais do produto norte-americano “Disneylândia” nos Estados Unidos, França e Japão. Prasad e Prasad (2007) corroboram com essa idéia quando defendem que a globalização exerce um processo de mão dupla entre o global e o local que tem como resultado o caráter mútuo e vital entre eles para o desenvolvimento de uma completa apreciação da natureza contemporânea do processo que chamam de hibridização cultural. Nessa ótica, se os fluxos culturais e a influência global sobre o local ocorrem a partir da tendência de um processo de convergência e homogeneização na sociedade em razão das influências econômicas, tecnológicas, sociais e culturais que atravessam fronteiras tradicionais como as nações e as culturas (BANERJEE; LINSTEAD, 2001; SCHUERKENS, 2004), há também um processo ambíguo onde o local acaba por ser realçado e valorizado dado que o engajamento no mundo global ocorre no nível local ou regional (LLOYD, 2002). Schuerkens (2004) chega a afirmar que o global não sobrevive sem o local. Nessa visão, o global e o local entrelaçam-se, formando uma rede onde cada um é transformado como resultado de suas próprias interconexões (GUIBERNAU, 1997; BENKO, 2002). As condições de como essas conexões ocorrem são exploradas por Prasad e Prasad (2007). Para eles, as experiências são vivenciadas e então é dado significado diferentemente em cada localidade, daí a pertinência de ver o local como um vetor significativo desse processo. Giddens (2002, p.27) afirma que “a globalização tem que ser entendida como um fenômeno dialético, em que eventos em um pólo de uma relação muitas vezes produzem resultados divergentes ou mesmo contrários em outro”. Tais pólos podem ser vistos como o global e o regional. 3. Cultura Organizacional e a Perspectiva Regional Brasileira As características gerais sobre a cultura apresentadas constituem um pano de fundo para a compreensão sobre a realidade cultural brasileira. Essa análise irá se basear nas condições sociais que produziram e produzem as bases para os valores que definem a maneira de ser do brasileiro em geral e particularmente nas organizações, abrindo-se posteriormente a discussão do aspecto regional. Duas correntes se destacam nessa análise. A primeira delas é a histórico-evolucionista. O evolucionismo, inspirado no positivismo de Comte, no darwinismo social e no evolucionismo de Spencer, procurou encontrar um nexo entre as diversas sociedades humanas, baseando-se no fato de que as sociedades evoluíam do simples (sociedades primitivas) para o complexo 7 (sociedade ocidentais européias) com o estabelecimento de leis do progresso das civilizações através da relação raça e ambiente (ORTIZ, 1994; MELLO, 2005). A segunda corrente trabalha com uma perspectiva dialética a partir do levantamento de um perfil da cultura brasileira, valorizando as condições ambíguas e paradoxais que marcam os valores do país, uma análise feita em um tempo posterior à primeira perspectiva, o que possibilita leitura mais convergente com as nuances de um contexto de intensas transformações. A perspectiva evolucionista no Brasil analisa a cultura brasileira sob uma ótica linear, temporal e racial, marcada por traços culturais (personalismo, formalismo, valorização do estrangeiro, hierarquia, paternalismo, etc.), originados ainda nas raças formadoras do país ou na confluência dessas ao longo do tempo, os quais definem a maneira de ser do brasileiro. Essas análises continham abordagens históricas, sociológicas e antropológicas que se iniciaram com a formação plural do povo com as raças portuguesa, indígena e africana e a influência de cada uma delas para a formação da matriz cultural do país (FREYRE, 2002; RIBEIRO, 2006; HOLANDA, 1995). A segunda corrente foca nos aspectos simbólicos das relações sociais, estudando suas dramatizações com ênfase nas particularidades e idiossincrasias da sociedade brasileira. O “jeitinho” brasileiro e a expressão “Você sabe com quem está falando?” são instituições que sinalizam a alma brasileira (DAMATTA,1985; 1986; 1987; BARBOSA, 2001). As perspectivas mais recentes valorizam os fluxos culturais e as re-significações locais que proporcionam condições únicas oriundas da relação global- local. No Brasil, diante da natureza multicultural da sociedade que aqui foi formada, o hibridismo emerge como característica importante para compreendermos os impactos dos fluxos culturais e do processo de globalização (NELSON; GOPALAN, 2003). Esse hibridismo chegamesmo a ser classificado como caracterizador da sociedade brasileira, que valoriza o intermediário em muitas dimensões, tais como: no mulato, a junção entre o preto e o branco; no moderno e no tradicional simultaneamente; na religião, através do sincretismo entre catolicismo e cultos africanos; na economia estatal e empreendedora ou ainda entre a casa e a rua (DAMATTA, 1986). Prestes Motta (2007) concorda com essa posição híbrida brasileira defendendo que no país há uma passagem do padrão social tradicional para o moderno que ocorre até em ritmos diferentes nas diversas regiões, porém, mesmo nas regiões mais progressistas o moderno convive com o tradicional, não se tratando de uma resistência à mudança cultural, mas sim de um sincretismo que parece existir em quase todas as manifestações culturais brasileiras. Wood Jr. (2004) leva essa perspectiva para o universo organizacional brasileiro e defende que esse ambiente é marcado pelo hibridismo, influenciado pelas condições institucionais do país que se caracteriza por um baixo grau de institucionalização, por uma pouca competição, por uma regulamentação empresarial inadequada e por um ambiente propício ao conflito entre clientes e fornecedores. Em paralelo, atuaria em nossa sociedade os traços culturais, moldando o jeito de ser do brasileiro, através do personalismo, da ambigüidade, da alta distância do poder, da plasticidade e permeabilidade, formalismo e “faz de conta”. Para o autor, a configuração sócio-cultural brasileira é complexa e multifacetada visto que o iluminismo, o positivismo e o racionalismo não deixaram aqui as mesmas marcas que deixaram em outros países, o que influencia as organizações locais e a forma como elas são gerenciadas. Segundo ele, “somos, por outro lado, também plásticos e permeáveis a influências externas. Assim, nossas organizações recebem influências muitas vezes contraditórias, gerando resultados diversos dos observados em outros contextos.” (WOOD JR., 2004, p. 254). Em uma análise posterior, Chu e Wood Jr. (2008) avaliam a influência dos traços culturais brasileiros nas organizações do país após o processo de abertura da economia 8 nacional e a convivência com realidades culturais internacionais. Os autores dividem os traços em essenciais (jeitinho, desigualdade de poder e hierarquia, flexibilidades, plasticidade, personalismo e formalismo) e periféricos (orientação para resultados, orientação para planejamento, gestão do tempo, autoritarismo, aversão ao conflito, postura de expectador e cordialidade) em um quadro comparativo da influência de cada traço nos períodos: pré- globalização e pós-globalização. Para eles, o país ainda vive um quadro híbrido de convivência e de transição entre esses dois momentos, com situações de continuidade de alguns traços e a modificação de outros. Especificamente sobre a regionalidade, a superação da visão mecânica dos evolucionistas ocorre quando a dimensão regional atualmente é vista como uma questão além da visão exclusivamente geográfica e determinística (SOJA, 1993; GUIBERNAU, 1997; YEUNG, 1998; VÄYRYNEN, 2003; ZAOUAL, 2008). Hoje, outros olhares se incorporam à análise da perspectiva regional, que não mais fica relacionada a um espaço territorial com fronteiras delimitadas, incluindo novas vertentes como os valores, as atitudes, os comportamentos, os fluxos culturais, as simbologias próprias, as re-significações locais, as dinâmicas comerciais etc., que ajudam a distinguir uma região como homogênea entre si com seus códigos culturais próprios e heterogênea frente a outras regiões. Esses autores defendem que as delimitações passam a requerer novos elementos de ordem econômica, política, social, cultural e até psicológica, dado que as regiões podem ser entendidas de forma abstrata ou mesmo como representações mentais. Diante disto, historiadores, antropólogos, sociólogos, geógrafos etc. passam a valorizar mais a identidade cultural comum como elemento norteador com a incorporação de uma visão multidisciplinar. Soja (1993) trabalha a perspectiva espacial através de um olhar contemporâneo da geografia. O autor busca colocar essa geografia além de uma visão rigidamente histórica, dando-lhe uma perspectiva humana interpretativista no que chamou de geografia pós-moderna. Nela, o espaço fica valorizado na relação tempo-espaço, dado que a variável tempo tinha até então sido preponderante nas análises sociais. Para isto, ele argumenta ser necessária uma visão dialética sócio-espacial onde o espaço físico é dado, mas a organização e o sentido do espaço são produtos da translação, da transformação e da experiência sociais. O autor sugere esse modelo baseado em uma tríade da existência humana: i) A espacialidade, a partir da qual existe uma construção das geografias humanas que refletem e configuram o ser no mundo; ii) A temporalidade, que se concretiza na construção histórica, simultaneamente cerceada e cerceadora; iii) A ordem social, responsável pela constituição da sociedade, da produção e reprodução das relações, das instituições e das práticas sociais. Ele argumenta que a fragmentação espacial com sua aparente homogeneidade é produto e parte integrante da instrumentalidade do poder político, mas a questão espacial no plano social não pode ser vista de forma independente das condições sócio-materiais, bem como não há uma relação diferenciada na importância dessas variáveis. Väyrynen (2003) traz uma perspectiva geopolítica quando defende a tese de que o espaço tem sido objeto de revisão de sua dimensão dada uma nova ordem mundial em que o mesmo é visto como elemento de disseminação de transações econômicas e como proteção da hegemonia capitalista global, ou seja, o novo regionalismo possui uma função de proteção do território contra os efeitos negativos da globalização. Nessa perspectiva o ator defende que a visão interpretativista ganha representatividade através de uma região funcional que é definida não por fatores territoriais, mas por fatores culturais e mercadológicos. Para ele o sistema global é formado por distintas regiões: as regiões econômicas são construídas através dos processos capitalistas transacionais; as regiões ambientais formam-se através da interação 9 entre as ações humanas e a biosfera, e a região cultural forma-se através da identidade comunitária. Yeung (1998) ressalta a importância de uma perspectiva relacional do espaço para compreendermos as lógicas em um mundo globalizado. Ele conclui em seu trabalho que as organizações operam internacionalmente, mas em ambientes construídos social e espacialmente, sendo esse espaço mais do que um meio onde os eventos simplesmente ocorrem, dado que a organização está imbricada em uma rede geográfica de relações locais através de um processo de estruturação e de interdependência. O autor defende com isto a pertinência da simbiose entre geografia econômica e a sociologia organizacional para compreendermos as lógicas que movem as organizações empresariais que reproduzem as lógicas das relações entre o local e o global. Essas perspectivas de análise ressaltam em geral que a globalização mais uma vez assume papel preponderante no novo contexto espacial mundial, inclusive no que diz respeito às diferenciações internas dos países (HALL, 2001; CANCLINI, 2005; PRASAD; PRASAD, 2007). Santos e Silveira (2006) julgam que o processo da globalização não ocorre de forma homogênea em algumas nações, pois hoje os países conhecem um processo mais vasto e profundo de internacionalização, mas que ocorre no espaço que é nacional e dentro desse território é possível a existência de áreas com uma “globalização absoluta”. Essa se materializa através de cadeias produtivas modernas, de produtos exportáveis, de atividades especulativas que são amparados em uma estrutura de transporte e de comunicação de grande potencialidade e onde a lógica dos atores e os comportamentos são guiados pelos valores globalizados. Ainda existem outrasáreas em que há apenas uma “globalização relativa”, onde os padrões econômico-financeiros são reduzidos, normalmente ao nível local e que não possui uma infra-estrutura de apoio para transações globais. Para os autores, o Brasil, com sua grande extensão territorial, com grandes disparidades regionais e de renda é um típico exemplo onde o processo de fluidez é seletivo e não igualitário, existindo espaços onde os impactos da globalização são vistos como mais avançados. Alguns países, tais como Israel, Índia, China, Estados Unidos e Rússia são citados na literatura como possuidores de subculturas regionais, onde tal condição leva à necessidade das políticas organizacionais contemplarem tais realidades (GENTRY ET AL., 1988; NELSON; GOPALAN, 2003; EDWARDS; KURUVILLA, 2005; SINGH ET AL., 2008). Partindo do princípio de que a cultura de uma organização é influenciada também pelo seu contexto sócio-espacial, a subcultura regional brasileira proporcionaria influência não alinhada em todos os contextos do país, somando-se a outras variáveis de influência. Encontramos a defesa dessa posição em Prestes Motta e Caldas (1997) quando afirmam que um dos fatores mais importantes a diferenciar a cultura de uma empresa das culturas de outras seria a cultura nacional; a cultura de uma empresa traz de alguma forma a marca da cultura nacional, mas também “não há como, portanto, estudar a cultura das empresas que operam em uma sociedade, sem estudar a cultura – ou as culturas – dessa sociedade” (PRESTES MOTTA; CALDAS, 1997, p. 18-19, grifo nosso). Uma indicação empírica sobre a pertinência dessa pluralidade é encontrada, por exemplo, em Barros (2003) ao replicar Hofstede e utilizar sua metodologia em uma análise com executivos de três regiões do Brasil. A autora encontra muitos resultados diferentes na escala aplicada (0 até 100) nessas regiões quando utiliza as dimensões desse autor. Na dimensão “distância do poder”, os estados da região Sudeste apresentaram os menores índices, com São Paulo 10 obtendo valor de 64, enquanto Rio de Janeiro ficou com 67 e Minas Gerais com 77, já os nordestinos Estados do Ceará e de Pernambuco apresentam os maiores índices com 84. Na dimensão “individualismo x coletivismo”, os maiores índices estão na região sudeste, como o Estado de São Paulo com valor 50, enquanto o Rio de Janeiro e o Espírito Santo ficaram com valor 49. Já os menores índices foram encontrados em estados nordestinos: Bahia com índice 12 e Pernambuco com índices 16. Quanto à dimensão “aversão à incerteza”, o Estado de São Paulo com 25 e Rio de Janeiro com 26, os com menores índices diferem muito do Estado do Rio Grande do Sul com índice 49 e da Bahia, que apresentou índice 57. Na dimensão “masculinidade x feminilidade”, o Estado da Bahia obteve valor 29, para Pernambuco 38 e para o Ceará 39, enquanto Santa Catarina obteve índice 69 e São Paulo e Paraná ficaram com 62. Quanto à dimensão “orientação de longo prazo”, o Estado do Ceará apresentou o índice mais baixo com valor 54, seguido do Rio Grande do Sul com valor 58, já com os maiores índices estão Santa Catarina com valor 76 e Minas Gerais com valor 68. Por sua vez, Hilal (2003) usou a metodologia de Hofstede et. al. (1990) para investigar a cultura organizacional de uma companhia multinacional brasileira instalada em vinte cidades de todas as regiões do país usando para isto suas práticas organizacionais. Embora a autora não tenha explorado as distinções regionais em sua análise, os números demonstram diferenciações que dão pistas dessa condição e sua conseqüente influência nas práticas organizacionais. Dentre elas, destacamos os seguintes índices de uma escala 0-100: na variável “centralidade no trabalho” a cidade de São Paulo apresentou índice 09 e a de Curitiba 29, enquanto São Luís e Campo Grande ficaram com 78 e 71, respectivamente. Na variável “necessidade de segurança”, enquanto Campo Grande e São Paulo apresentaram índices 81 e 77, Belém ficou com índice 26 e São Luís com 30. Na variável “necessidade de satisfação no trabalho” os menores índices foram: Porto Alegre com 24 e Fortaleza com 35, enquanto os maiores ficaram com Campo Grande (64) e Cuiabá (63). Já a variável “necessidade de sobrevivência”, Fortaleza teve o menor índice com 24, seguida por São Luís com 25, enquanto Florianópolis com 77 e Recife com 73 foram os maiores índices. O estudo de Lenartowicz e Roth (2001) busca mapear a existência de subculturas no país que possam influenciar a performance organizacional. Eles assumem que essas subculturas exibirão uma propensão a influenciar no comportamento humano e, conseqüentemente, nas práticas e nos resultados organizacionais. Os autores sugerem que os valores, expressos através de domínios motivacionais, tais como a realização, a alegria, a maturidade, a proteção social e a segurança, influenciam a performance das organizações. Restritos às regiões Sul e Sudeste do país, os resultados empíricos evidenciam a existência de quatro subculturas brasileiras: carioca, gaúcha, paulista e mineira com distinções estatisticamente significantes que levam a diferenças nas performances de organizações nessas subculturas. Variados estudos mais recentes permeiam a perspectiva regional cultural brasileira. Alguns deles se voltam para o viés da influência estrangeira em determinadas regiões do país, que junto com os contextos locais acabam por gerar condições regionais específicas que influenciam no contexto organizacional. Bertolazzi (2008) faz uma discussão teórica sobre a influência da identidade regional na cultura das organizações. O autor analisa a região da serra gaúcha, no Estado do Rio Grande do Sul, região com forte colonização italiana, e defende que os colonos e descendentes, com os seus aspectos comportamentais, tais como a cultura empreendedora, e aspectos culturais, influenciariam a cultura das organizações locais. Com concepção semelhante, Pandolfi, Vasconcellos e Palassi (2008) analisam a influência da imigração italiana através do habitus, baseada na cultura do trabalho, no cooperativismo, na 11 igreja e nos grupos familiares e sua influência na cultura organizacional na região de Colatina, no Estado de Espírito Santo. Outro viés de pesquisa recente no Brasil foca as particularidades culturais regionais e suas influências em determinadas práticas de gestão. O trabalho de Dantas (2004) aborda a questão da liderança em organizações singulares do Estado da Bahia, os blocos afro-carnavalescos, organizações de caráter associativo, marcadas por uma forte vinculação à cultura local, produtos de uma etnicidade única que o autor chamou de “baianidade”. O estudo traça um paralelo entre três tipos de liderança (empreendedora, ideológica e estratégica) e a identidade cultural local, resgatando a particularidade histórica e mercadológica do carnaval de Salvador. No estudo, a identidade cultural é usada como campo de análise para o estudo da liderança, ressaltando sua validade específica da cultura baiana. Silva, Faé e Antunes (2008) exploram a questão das práticas organizacionais abusivas, culturalmente vinculadas em muitas organizações nordestinas que se escondem sob novas roupagens do liberalismo, mas que significam na prática, relações extremamente desiguais de poder. Os autores realizam pesquisa em uma organização multinacional com filial no Estado do Ceará onde constatam a precária qualidade de vida no trabalho entre os empregados. Outras iniciativas realizam estudos comparativos entre determinadas culturas regionais, explorando como as particularidades locais evidenciam diferenças no contexto organizacional. Cavedon et. al. (2008) estudam os gaúchos, caracterizados pelos autores como bairristas, e os mineiros, caracterizados como hospitaleiros e desconfiados onde ambos levam essas características para o universo organizacional. Os autores evidenciam o aparecimento de culturas regionais e locais nas culturas organizacionais de bancasdos mercados públicos de Porto Alegre e Uberlândia (MG), simbolizados no amargo do chimarrão gaúcho, que fica doce pela amizade e no doce de leite mineiro, que ganha certo amargor diante da “desconfiança”. Rodrigues e Tude (2008) realizam estudo entre gaúchos e baianos que se entrelaçam através da presença de uma organização gaúcha em território baiano. Os autores desvendam significativas diferenças entre essas culturas através das percepções de uma em relação à outra usando as categorias: Impressões gerais sobre a cultura “do outro”; Relacionamento entre pares – formal e informal – no ambiente de trabalho; Desempenho de funções e resultados – normas de conduta, alcance de metas; Perspectivas em relação ao trabalho e avanço no desenvolvimento profissional. Os autores concluem com a defesa da importância de reconhecermos e valorizarmos as diferenças como política organizacional. Muzzio e Castro (2008) trabalham na perspectiva de que o Brasil merece ser compreendido organizacionalmente a partir de suas distinções culturais regionais. Os autores ilustram suas idéias com uma discussão comparativa entre o jeito de ser dos mineiros e dos cearenses e especulam sobre os setores organizacionais, as atividades e as formas de decisão mais identificadas com cada um deles Añaña e Nique (2009) exploram as influencias dos valores pessoais e de outros elementos da cultura brasileira na avaliação de uma marca de tênis de alcance mundial por meio de quatro subculturas regionais que são utilizadas como unidades de analise (mineiros, nordestinos, gaúchos e sulistas não gaúchos). Dentre seus achados está a confirmação da existência de diferenças significativas entre os elementos culturais das diversas subculturas. Como exemplo, eles confirmam que os sulistas (não gaúchos) valorizam mais as virtudes pessoais que os mineiros e os nordestinos e que os nordestinos são significativamente mais conformistas que os mineiros e mais transcendentes que os mineiros e os gaúchos. Com isto eles sugerem a importância dessa informação para a formulação de estratégias de marketing voltadas às diversas regiões do país. 12 Essas pesquisas em geral indicam a pertinência de uma análise regional cultural no país quando as organizações atuam através de filiais nas variadas regiões do país. Se em áreas como finanças ou produção as diferenciações regionais não causam maiores influências, em outras áreas isto já pode ser significativo. No plano mercadológico, o reconhecimento de que os consumidores ao longo das regiões possuem hábitos de consumo distintos induz que gestores busquem identificar fatores locais de influência de consumo, tais como, preferências; regularidade de consumo; pessoas definidoras do consumo; influências sociais do consumo, como a religiosidade, o status ou o tradicionalismo. Esse reconhecimento induz ações de marketing regionalizadas capazes de ampliar a eficiência do relacionamento com o consumidor. No plano da gestão de pessoas, as particularidades locais podem revelar formas diferenciadas, dentre outras, de relações de poder; de gestão de lideranças; de administração de benefícios; de gestão de resistência a mudanças; de motivação funcional etc. A noção dessas diferenciações possibilita uma melhor gestão de pessoas entre as filiais, potencializando as condições de motivação, comprometimento e relações interpessoais com resultados práticos para a eficiência organizacional. 4. Comentários Finais O novo entendimento de região discutido aqui nos oferece novas perspectivas de análise para compreendermos o fenômeno cultural nas organizações que extrapola o conceito apenas geográfico e volta-se para variáveis como o simbolismo, o pertencimento, as dinâmicas e os códigos culturais regionais. Em paralelo, a interculturalidade fomenta o reconhecimento e a aceitação das diferenças. No contexto organizacional, defendemos que aqueles atores com atuação em variados contextos culturais precisam reconhecer as novas nuances que estão presentes nas regiões bem como, precisam desenvolver a capacidade de analisar os códigos culturais e os comportamentos implícitos presentes em um determinado território e assim, ampliar a capacidade se relacionar com o outro, construindo benefícios mútuos. As organizações que tenham uma maior capacidade de reconhecer os códigos culturais regionais ampliam a possibilidade de ganhar legitimidade cultural local, aqui entendida como: a aceitação tácita e/ou explícita por parte dos stakeholders locais, das práticas estratégicas desenvolvidas por uma organização que atue em um delimitado contexto mercadológico, quando essas práticas forem alinhadas com os costumes, as práticas e os valores culturais locais. O caso brasileiro é particularmente oportuno para a legitimidade cultural local. Marcado por ambigüidades e realidades culturais distintas, o país não pode ser interpretado como culturalmente homogêneo. Não há um Brasil, mas sim alguns brasis que seria pertinente reconhecermos. No campo organizacional, isto é útil para potencializarmos os recursos e os resultados organizacionais, bem como ampliarmos a compreensão das organizações e das suas relações com os stakeholders. A crítica à visão etnocêntrica de superioridade cultural normalmente analisada no plano internacional poderia se transportar para a realidade regional brasileira. Não há uma cultura regional certa ou errada. Há regiões culturais diferentes onde encontramos consumidores diferentes, funcionários diferentes, códigos culturais distintos e variadas formas de gestão, ainda que essas diversidades estejam ancoradas em um guarda-chuva maior da cultura brasileira. Nesse sentido, esse reconhecimento proporciona meios para que as organizações potencializem êxitos na legitimidade cultural local quando fazem uma leitura correta daquilo 13 que é valorizado nesses espaços, podendo maximizar as ações estratégicas tanto no plano das filiais como no plano corporativo. Para avançarmos no campo e superarmos as lacunas é pertinente a compreensão daquilo que diferencia as regiões culturais brasileiras e como isto influencia nas práticas organizacionais. Pesquisas empíricas podem aprofundar essa investigação no intuito de traçar possíveis estilos de administrar que estariam mais condizentes com os códigos culturais de determinadas regiões culturais brasileiras. Referencial Bibliográfico ALCADIPANI, R.; CRUBELLATE, J. M. Cultura Organizacional Brasileira: generalizações improváveis e conceituações imprecisas. Revista de Administração de Empresas. v. 43, n. 02, p. 64-77. abr./jun. 2003. AÑAÑA, E. da S.; NIQUE, W. M. O Valor dos Valores: avaliação de uma marca global por meio dos diversos brasis culturais. Revista de Administração Mackenzie, v. 10, n. 03, p. 153- 181, 2009. BANERJEE, S. B.; LINSTEAD, S. Globalizations, Multiculturalism and Other Fictions: colonialism for the new millennium? Organization, v. 08, n. 04, p. 683-722, 2001. BARBOSA, L. O Jeitinho Brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. BARNEY, J. B. Organizational Culture: can it be a source of sustained competitive advantage? Academy of Management Review, v. 11, n. 03, p. 656-665, 1986. BARROS, B. T. de. Gestão à Brasileira: uma comparação entre América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia. São Paulo: Atlas, 2003. BAUMAN, Z. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2007. BENKO, G. Economia, Espaço e Globalização: na aurora do século XXI. 3. ed. São Paulo: Editora Hucitec; Anna Blume Editora, 2002. BERG, P. T. v. d.; WILDEROM, C. P.M. Defining, Measuring, and Comparing Organisational Cultures. Applied Psychology: An International Review, v. 53, n. 04, p. 570- 582, 2004. BERTOLAZZI, M. A. Cultura das Organizações e Identidade Regional In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 32., 2008, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ANPAD, 2008. p. 1-16. 1 CD-ROM. BOSI, A. Plural, mas não caótico. In: ______.(Org.) Cultura Brasileira: temas e situações. 4 ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 07-15. BOUQUET, C.; BIRKINSHAW, J. Weight Versus Voice: how foreign subsidiaries gain attention from corporate headquarters. Academy of Management Journal, v. 51, n. 03, p. 577- 601, 2008. CANCLINI, N. G. Diferentes, Desiguais e Desconectados: mapas da interculturalidade. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005. CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CAVEDON, N. R.; FANTINEL, L. D.; ÁVILA, L. R.; VALADÃO JÚNIOR, V. M. O mate amargo e o doce de leite: entrecruzando as culturas regionais, locais e organizacionais nos Mercados Públicos de Porto Alegre e de Uberlândia. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 05., 2008, Belo Horizonte. Anais eletrônicos... Belo Horizonte: ANPAD, 2008. p. 1-16. 1 CD-ROM. CHU, R. A.; WOOD JR. T. Cultura Organizacional Brasileira Pós-globalização: global ou local? Revista de Administração Pública, v. 42, v. 05, p. 969-991, 2008. DAMATTA, R. A Casa e a Rua. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985. 14 DAMATTA, R. O que Faz o Brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986. ______. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. DANTAS, M. Liderança em Organizações Étnico-Culturais - o caso do carnaval da Bahia In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 32., 2004, Curitiba. Anais eletrônicos... Curitiba: ANPAD, 2004. p. 1-13. 1 CD-ROM. DENISON, D. R. Corporate Culture and Organizational Effectiveness. [S.L.]: [s.n.], 1990. EDWARDS, T.; KURUVILLA, S. International HRM: national business systems, organizational politics and the international division of labour in MNCs, International Journal of Human Resource Management, v. 16, n. 01, p. 01-21, 2005. EMIRBAYER, M; MISCHE, A. What is Agency? The American Journal of Sociology, v. 103, n. 04, p. 962-1023, 1998. FREITAS, M. E. de. Cultura Organizacional: Evolução e Crítica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. FREYRE, G. Casa Grande & Senzala. 46 ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. GAMBLE, J. Transferring human resource practices from the United Kingdom to China: the limits and potential for convergence. International Journal of Human Resource Management, v. 14, n. 03, p. 369-387, 2003. GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1989. GENTRY, J. W. ET AL Do Geographic Subcultures Vary Culturally? Advances in Consumer Research, v. 15, p.411-417, 1988. GEPPERT, M.; WILLIAMS, K. Global, National and Local Practices in Multinational Corporations: towards a sociopolitical framework. International Journal of Human Resource Management, v. 17, n. 01, p. 49-69, 2006. ______. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. GUERREIRO RAMOS, A. Administração e contexto brasileiro: esboço de uma teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1983. GUIBERNAU, M. Nacionalismos: o estado nacional e o nacionalismo no século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1997. HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-modernidade. 5. ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2001. HILAL, A. Organizational Culture Dimensions: a Brazilian case. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 27., 2003, Atibaia. Anais eletrônicos... Atibaia: ANPAD, 2003. p. 1-15. 1 CD-ROM. HOFSTEDE, G. Cultures Consequences: international differences in work-related values. Beverly Hills: Sage, 1980. HOFSTEDE, G.; NEUIJEN, B.; OHAYV, D. D.; SANDERS, G. Measuring Organizational Cultures: a qualitative and quantitative study across twenty cases. Administrative Science Quarterly, v. 35, n. 02, p. 286-316, dez. 1990. HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. JOHNSON, J.; LENARTOWICZ, T. Culture, Freedom and Economic Growth: do cultural values explain economic growth? Journal of World Business, v. 33, n. 04, p. 332-356, 1998. KOSTOVA, T; ROTH, K. Adoption of an Organizational Practice by Subsidiaries of Multinational Corporations: institutional and relational effects. Academy of Management Journal, v. 45, n. 01, p. 215-233, 2002. KUPER, A. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, 2002. LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1988. LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986. 15 LENARTOWICZ, T.; ROTH K. Does Subculture within a Country Matter? A cross-cultural study of motivational domains and business performance in Brazil. Journal of International Business Studies, v. 32, n. 02, Second Quarter, p. 305-325, 2001. LIPOVETSKY, G. Tempo Contra Tempo, ou a Sociedade Hipermoderna In: LIPOVETSKY, G.; CHARLES, S. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2004. p. 49- 103. LLOYD, C. Thinking about the Local and the Global in the Algerian Context. Oxford Development Studies, v. 30, n. 02, p.151-163, 2002. MARTIN, J. Culture in Organizations: three perspectives. New York: Oxford University Press, 1992. MCSWEENEY, B. Dynamic Diversity: Variety and Variation Within Countries, Organization Studies, v. 30, n. 09, p. 933–957, 2009. MEEK, V. L. Organizational Culture: origins and weaknesses. Organization Studies, v. 09, n. 04, p. 453-473, 1988. MELLO, L. G de. Antropologia Cultural: iniciação, teoria e temas. 12.ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2005. MUZZIO, H. O Espaço Local e a Gestão da Interculturalidade Brasileira. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE PODER LOCAL, 10., 2006, Salvador. Anais Eletrônicos... Salvador: CIAGS/UFBA, 2006. p. 1-11. 1 CD-ROM. MUZZIO, H.; CASTRO, D. J. de. Quantos Somos Nós? Uma Reflexão sobre os Brasis Culturais. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 05., 2008, Belo Horizonte. Anais eletrônicos... Belo Horizonte: ANPAD, 2008. p. 1-16. 1 CD-ROM. NELSON, R. E.; GOPALAN, S. Do Organizational Cultures Replicate National Cultures? isomorphism, rejection and reciprocal opposition in the corporate values of three countries. Organization Studies, v. 24, n. 07, p. 1115-1151, 2003. ORTIZ, R. Cultura Brasileira & Identidade Nacional. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. PANDOLFI, R.; VASCONCELLOS, J. G. M.; PALASSI, M. P. Imigração Italiana e Capital Cultural: uma reflexão sobre a cultura empresarial em Colatina (ES). In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 05., 2008, Belo Horizonte. Anais eletrônicos... Belo Horizonte: ANPAD, 2008. p. 1-16. 1 CD-ROM. PRASAD, A.; PRASAD, P., Mix, Flux and Flows: the globalization of culture and its implications for management and organizations. The Journal of Global Business Issues, v. 01, n. 2, p. 11-20, 2007. PRESTES MOTTA, F. C.; CALDAS, M. P. Introdução: Cultura Organizacional e Cultura Brasileira. In: PRESTES MOTTA, F. C.; CALDAS, M. P. (org) Cultura Organizacional e Cultura Brasileira. São Paulo: Atlas, 1997. p. 15-21. PRESTES MOTTA, F. C. Cultura nacional e administração de empresas. In: CHANLAT, J. F.; FACHIN, R.; FISCHER, T. (Org.) Análise das Organizações: perspectives latinas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. p. 155-171. RIAD, S. The Power of ‘Organizational Culture’ as a Discursive Formation in Merger Integration. Organization Studies, v. 26, n. 10, p. 1529–1554, 2005. RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia de Bolso, 2006. RODRIGUES, S. B. The Political Dynamics of Organizational Culture in an Institutionalized Environment. Organization Studies, v. 27, n. 04, p.537-557, 2006. RODRIGUES G. K. M.; TUDE, J. M. Culturas Regionais no Brasil: um estudo sobre as percepções mútuas de gaúchos e baianos no ambiente de trabalho. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 05., 2008, Belo Horizonte. Anais eletrônicos... Belo Horizonte: ANPAD, 2008. p. 1-16. 1 CD-ROM. 16 SACKMANN, S. A. Culture and Subcultures: an analysis of organizational knowledge. Administrative Science Quarterly, v. 37, n. 01, p. 141-161, 1992. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedadeno início do Século XXI. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006. SCHEIN, E. H. Organizational Culture and Leadership. 3. ed. San Francisco: Jossey-Bass, 2004. SCHUERKENS, U. The Sociological and Anthropological Study of Globalization and Localization. In: ______. (Eds.) Global Forces and Local Life-worlds: social transformations. London: Sage, 2004. p.14-26. SHENKAR, O; LUO, Y; YEHESKEL, O. From “Distance” To “Friction”: substituting metaphors and redirecting intercultural research. Academy of Management Review, v. 33, n. 04, p. 905–923, 2008. SILVA, J. M. da; FAÉ, R.; ANTUNES, E. di D. Práticas Organizacionais no Nordeste Brasileiro: à Guisa de Reflexão. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 05., 2008, Belo Horizonte. Anais eletrônicos... Belo Horizonte: ANPAD, 2008. p. 1-13. 1 CD- ROM. SINGH, S. K.; SRINIVASAN, V.; SISTA, S.; PARASHAR, M. Cross Cultural Conceptualisations: a case for multiple national cultures in India. Indian Institute of Management Bangalore Management Review, v. 20, n. 03, p. 249-262, 2008. SOJA, E. W. Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zarah Editor, 1993. SMIRCICH, L. Concepts of Culture and Organizational Analysis. Administrative Science Quarterly, v. 28, n. 3, p. 339-358, 1983. TRICE, H. M.; BEYER, J. M. Studying Organizational Cultures through Rites and Ceremonials. Academy of Management Review, v. 09, n. 04, p. 653-669, 1984. TSUI, A. S.; NIFADKAR, S. S.; OU, A. Y. Cros-National, Cross-Culural Organizational Behavior Research: advances, gaps, and recommendations. Journal of Management, v. 33, n. 03, p. 426-478, 2007. VAN MAANEN, J. V. Displacing Disney: some notes on the flow of culture. Qualitative Sociology, v. 15, n. 01, p. 05-35, 1992. VÄYRYNEN, R. Regionalism: old and new. International Studies Review, v. 05, n. 01, mar., p. 25-51, 2003. WILKINS, A. L.; OUCHI, W. G. Efficient Cultures: exploring the relationship between culture and organizational performance. Administrative Science Quarterly, v. 28, n. 03, p. 468-481, 1983. WOOD JR., T. Configurações Organizacionais no Brasil: transições, rupturas e hibridismos. In: WOOD JR. (Coord.). Mudança Organizacional. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 249-267. WOYWODE, M. Global Management Concepts and Local Adaptations: working groups in the French and German Car Manufacturing Industry. Organization Studies, v. 23, n. 04, p. 497-524, 2002. YEUNG, H. W. The Social-spatial Constitution of Business Organizations: a geographical perspective. Organization, v. 05, n. 01, p. 101-128, 1998. ZAOUAL, H. Globalização e Diversidade Cultural. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008. << /ASCII85EncodePages false /AllowTransparency false /AutoPositionEPSFiles true /AutoRotatePages /None /Binding /Left /CalGrayProfile (Dot Gain 20%) /CalRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CalCMYKProfile (U.S. Web Coated \050SWOP\051 v2) /sRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CannotEmbedFontPolicy /Error /CompatibilityLevel 1.4 /CompressObjects /Tags /CompressPages true /ConvertImagesToIndexed true /PassThroughJPEGImages true /CreateJobTicket false /DefaultRenderingIntent /Default /DetectBlends true /DetectCurves 0.0000 /ColorConversionStrategy /CMYK /DoThumbnails false /EmbedAllFonts true /EmbedOpenType false /ParseICCProfilesInComments true /EmbedJobOptions true /DSCReportingLevel 0 /EmitDSCWarnings false /EndPage -1 /ImageMemory 1048576 /LockDistillerParams false /MaxSubsetPct 100 /Optimize true /OPM 1 /ParseDSCComments true /ParseDSCCommentsForDocInfo true /PreserveCopyPage true /PreserveDICMYKValues true /PreserveEPSInfo true /PreserveFlatness true /PreserveHalftoneInfo false /PreserveOPIComments true /PreserveOverprintSettings true /StartPage 1 /SubsetFonts true /TransferFunctionInfo /Apply /UCRandBGInfo /Preserve /UsePrologue false /ColorSettingsFile () /AlwaysEmbed [ true ] /NeverEmbed [ true ] /AntiAliasColorImages false /CropColorImages true /ColorImageMinResolution 300 /ColorImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleColorImages true /ColorImageDownsampleType /Bicubic /ColorImageResolution 300 /ColorImageDepth -1 /ColorImageMinDownsampleDepth 1 /ColorImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeColorImages true /ColorImageFilter /DCTEncode /AutoFilterColorImages true /ColorImageAutoFilterStrategy /JPEG /ColorACSImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /ColorImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000ColorACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000ColorImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasGrayImages false /CropGrayImages true /GrayImageMinResolution 300 /GrayImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleGrayImages true /GrayImageDownsampleType /Bicubic /GrayImageResolution 300 /GrayImageDepth -1 /GrayImageMinDownsampleDepth 2 /GrayImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeGrayImages true /GrayImageFilter /DCTEncode /AutoFilterGrayImages true /GrayImageAutoFilterStrategy /JPEG /GrayACSImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /GrayImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000GrayACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000GrayImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasMonoImages false /CropMonoImages true /MonoImageMinResolution 1200 /MonoImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleMonoImages true /MonoImageDownsampleType /Bicubic /MonoImageResolution 1200 /MonoImageDepth -1 /MonoImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeMonoImages true /MonoImageFilter /CCITTFaxEncode /MonoImageDict << /K -1 >> /AllowPSXObjects false /CheckCompliance [ /None ] /PDFX1aCheck false /PDFX3Check false /PDFXCompliantPDFOnly false /PDFXNoTrimBoxError true /PDFXTrimBoxToMediaBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXSetBleedBoxToMediaBox true /PDFXBleedBoxToTrimBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXOutputIntentProfile () /PDFXOutputConditionIdentifier () /PDFXOutputCondition () /PDFXRegistryName () /PDFXTrapped /False /CreateJDFFile false /Description << /ARA <FEFF06270633062A062E062F0645002006470630064700200627064406250639062F0627062F0627062A002006440625064606340627062100200648062B062706260642002000410064006F00620065002000500044004600200645062A064806270641064206290020064406440637062806270639062900200641064A00200627064406450637062706280639002006300627062A0020062F0631062C0627062A002006270644062C0648062F0629002006270644063906270644064A0629061B0020064A06450643064600200641062A062D00200648062B0627062606420020005000440046002006270644064506460634062306290020062806270633062A062E062F062706450020004100630072006F0062006100740020064800410064006F006200650020005200650061006400650072002006250635062F0627063100200035002E0030002006480627064406250635062F062706310627062A0020062706440623062D062F062B002E0635062F0627063100200035002E0030002006480627064406250635062F062706310627062A0020062706440623062D062F062B002E> /BGR <FEFF04180437043f043e043b043704320430043904420435002004420435043704380020043d0430044104420440043e0439043a0438002c00200437043000200434043000200441044a0437043404300432043004420435002000410064006f00620065002000500044004600200434043e043a0443043c0435043d04420438002c0020043c0430043a04410438043c0430043b043d043e0020043f044004380433043e04340435043d04380020043704300020043204380441043e043a043e043a0430044704350441044204320435043d0020043f04350447043004420020043704300020043f044004350434043f0435044704300442043d04300020043f043e04340433043e0442043e0432043a0430002e002000200421044a04370434043004340435043d043804420435002000500044004600200434043e043a0443043c0435043d044204380020043c043e0433043004420020043404300020044104350020043e0442043204300440044f0442002004410020004100630072006f00620061007400200438002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e00300020043800200441043b0435043404320430044904380020043204350440044104380438002e>/CHS <FEFF4f7f75288fd94e9b8bbe5b9a521b5efa7684002000410064006f006200650020005000440046002065876863900275284e8e9ad88d2891cf76845370524d53705237300260a853ef4ee54f7f75280020004100630072006f0062006100740020548c002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e003000204ee553ca66f49ad87248672c676562535f00521b5efa768400200050004400460020658768633002> /CHT <FEFF4f7f752890194e9b8a2d7f6e5efa7acb7684002000410064006f006200650020005000440046002065874ef69069752865bc9ad854c18cea76845370524d5370523786557406300260a853ef4ee54f7f75280020004100630072006f0062006100740020548c002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e003000204ee553ca66f49ad87248672c4f86958b555f5df25efa7acb76840020005000440046002065874ef63002> /CZE <FEFF005400610074006f0020006e006100730074006100760065006e00ed00200070006f0075017e0069006a007400650020006b0020007600790074007600e101590065006e00ed00200064006f006b0075006d0065006e0074016f002000410064006f006200650020005000440046002c0020006b00740065007200e90020007300650020006e0065006a006c00e90070006500200068006f006400ed002000700072006f0020006b00760061006c00690074006e00ed0020007400690073006b00200061002000700072006500700072006500730073002e002000200056007900740076006f01590065006e00e900200064006f006b0075006d0065006e007400790020005000440046002000620075006400650020006d006f017e006e00e90020006f007400650076015900ed007400200076002000700072006f006700720061006d0065006300680020004100630072006f00620061007400200061002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002000610020006e006f0076011b006a016100ed00630068002e> /DAN <FEFF004200720075006700200069006e0064007300740069006c006c0069006e006700650072006e0065002000740069006c0020006100740020006f007000720065007400740065002000410064006f006200650020005000440046002d0064006f006b0075006d0065006e007400650072002c0020006400650072002000620065006400730074002000650067006e006500720020007300690067002000740069006c002000700072006500700072006500730073002d007500640073006b007200690076006e0069006e00670020006100660020006800f8006a0020006b00760061006c0069007400650074002e0020004400650020006f007000720065007400740065006400650020005000440046002d0064006f006b0075006d0065006e0074006500720020006b0061006e002000e50062006e00650073002000690020004100630072006f00620061007400200065006c006c006500720020004100630072006f006200610074002000520065006100640065007200200035002e00300020006f00670020006e0079006500720065002e> /DEU <FEFF00560065007200770065006e00640065006e0020005300690065002000640069006500730065002000450069006e007300740065006c006c0075006e00670065006e0020007a0075006d002000450072007300740065006c006c0065006e00200076006f006e002000410064006f006200650020005000440046002d0044006f006b0075006d0065006e00740065006e002c00200076006f006e002000640065006e0065006e002000530069006500200068006f006300680077006500720074006900670065002000500072006500700072006500730073002d0044007200750063006b0065002000650072007a0065007500670065006e0020006d00f60063006800740065006e002e002000450072007300740065006c006c007400650020005000440046002d0044006f006b0075006d0065006e007400650020006b00f6006e006e0065006e0020006d006900740020004100630072006f00620061007400200075006e0064002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e00300020006f0064006500720020006800f600680065007200200067006500f600660066006e00650074002000770065007200640065006e002e> /ESP <FEFF005500740069006c0069006300650020006500730074006100200063006f006e0066006900670075007200610063006900f3006e0020007000610072006100200063007200650061007200200064006f00630075006d0065006e0074006f00730020005000440046002000640065002000410064006f0062006500200061006400650063007500610064006f00730020007000610072006100200069006d0070007200650073006900f3006e0020007000720065002d0065006400690074006f007200690061006c00200064006500200061006c00740061002000630061006c0069006400610064002e002000530065002000700075006500640065006e00200061006200720069007200200064006f00630075006d0065006e0074006f00730020005000440046002000630072006500610064006f007300200063006f006e0020004100630072006f006200610074002c002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e003000200079002000760065007200730069006f006e0065007300200070006f00730074006500720069006f007200650073002e> /ETI <FEFF004b00610073007500740061006700650020006e0065006900640020007300e4007400740065006900640020006b00760061006c006900740065006500740073006500200074007200fc006b006900650065006c007300650020007000720069006e00740069006d0069007300650020006a0061006f006b007300200073006f00620069006c0069006b0065002000410064006f006200650020005000440046002d0064006f006b0075006d0065006e00740069006400650020006c006f006f006d006900730065006b0073002e00200020004c006f006f0064007500640020005000440046002d0064006f006b0075006d0065006e00740065002000730061006100740065002000610076006100640061002000700072006f006700720061006d006d006900640065006700610020004100630072006f0062006100740020006e0069006e0067002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e00300020006a00610020007500750065006d006100740065002000760065007200730069006f006f006e00690064006500670061002e000d000a> /FRA <FEFF005500740069006c006900730065007a00200063006500730020006f007000740069006f006e00730020006100660069006e00200064006500200063007200e900650072002000640065007300200064006f00630075006d0065006e00740073002000410064006f00620065002000500044004600200070006f0075007200200075006e00650020007100750061006c0069007400e90020006400270069006d007000720065007300730069006f006e00200070007200e9007000720065007300730065002e0020004c0065007300200064006f00630075006d0065006e00740073002000500044004600200063007200e900e90073002000700065007500760065006e0074002000ea0074007200650020006f007500760065007200740073002000640061006e00730020004100630072006f006200610074002c002000610069006e00730069002000710075002700410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002000650074002000760065007200730069006f006e007300200075006c007400e90072006900650075007200650073002e> /GRE <FEFF03a703c103b703c303b903bc03bf03c003bf03b903ae03c303c403b5002003b103c503c403ad03c2002003c403b903c2002003c103c503b803bc03af03c303b503b903c2002003b303b903b1002003bd03b1002003b403b703bc03b903bf03c503c103b303ae03c303b503c403b5002003ad03b303b303c103b103c603b1002000410064006f006200650020005000440046002003c003bf03c5002003b503af03bd03b103b9002003ba03b103c42019002003b503be03bf03c703ae03bd002003ba03b103c403ac03bb03bb03b703bb03b1002003b303b903b1002003c003c103bf002d03b503ba03c403c503c003c903c403b903ba03ad03c2002003b503c103b303b103c303af03b503c2002003c503c803b703bb03ae03c2002003c003bf03b903cc03c403b703c403b103c2002e0020002003a403b10020005000440046002003ad03b303b303c103b103c603b1002003c003bf03c5002003ad03c703b503c403b5002003b403b703bc03b903bf03c503c103b303ae03c303b503b9002003bc03c003bf03c103bf03cd03bd002003bd03b1002003b103bd03bf03b903c703c403bf03cd03bd002003bc03b5002003c403bf0020004100630072006f006200610074002c002003c403bf002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002003ba03b103b9002003bc03b503c403b103b303b503bd03ad03c303c403b503c103b503c2002003b503ba03b403cc03c303b503b903c2002e> /HEB <FEFF05D405E905EA05DE05E905D5002005D105D405D205D305E805D505EA002005D005DC05D4002005DB05D305D9002005DC05D905E605D505E8002005DE05E105DE05DB05D9002000410064006F006200650020005000440046002005D405DE05D505EA05D005DE05D905DD002005DC05D405D305E405E105EA002005E705D305DD002D05D305E405D505E1002005D005D905DB05D505EA05D905EA002E002005DE05E105DE05DB05D90020005000440046002005E905E005D505E605E805D5002005E005D905EA05E005D905DD002005DC05E405EA05D905D705D4002005D105D005DE05E605E205D505EA0020004100630072006F006200610074002005D5002D00410064006F00620065002000520065006100640065007200200035002E0030002005D505D205E805E105D005D505EA002005DE05EA05E705D305DE05D505EA002005D905D505EA05E8002E05D005DE05D905DD002005DC002D005000440046002F0058002D0033002C002005E205D905D905E005D5002005D105DE05D305E805D905DA002005DC05DE05E905EA05DE05E9002005E905DC0020004100630072006F006200610074002E002005DE05E105DE05DB05D90020005000440046002005E905E005D505E605E805D5002005E005D905EA05E005D905DD002005DC05E405EA05D905D705D4002005D105D005DE05E605E205D505EA0020004100630072006F006200610074002005D5002D00410064006F00620065002000520065006100640065007200200035002E0030002005D505D205E805E105D005D505EA002005DE05EA05E705D305DE05D505EA002005D905D505EA05E8002E>/HRV (Za stvaranje Adobe PDF dokumenata najpogodnijih za visokokvalitetni ispis prije tiskanja koristite ove postavke. Stvoreni PDF dokumenti mogu se otvoriti Acrobat i Adobe Reader 5.0 i kasnijim verzijama.) /HUN <FEFF004b0069007600e1006c00f30020006d0069006e0151007300e9006701710020006e0079006f006d00640061006900200065006c0151006b00e90073007a00ed007401510020006e0079006f006d00740061007400e100730068006f007a0020006c006500670069006e006b00e1006200620020006d0065006700660065006c0065006c0151002000410064006f00620065002000500044004600200064006f006b0075006d0065006e00740075006d006f006b0061007400200065007a0065006b006b0065006c0020006100200062006500e1006c006c00ed007400e10073006f006b006b0061006c0020006b00e90073007a00ed0074006800650074002e0020002000410020006c00e90074007200650068006f007a006f00740074002000500044004600200064006f006b0075006d0065006e00740075006d006f006b00200061007a0020004100630072006f006200610074002000e9007300200061007a002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002c0020007600610067007900200061007a002000610074007400f3006c0020006b00e9007301510062006200690020007600650072007a006900f3006b006b0061006c0020006e00790069007400680061007400f3006b0020006d00650067002e> /ITA <FEFF005500740069006c0069007a007a006100720065002000710075006500730074006500200069006d0070006f007300740061007a0069006f006e00690020007000650072002000630072006500610072006500200064006f00630075006d0065006e00740069002000410064006f00620065002000500044004600200070006900f900200061006400610074007400690020006100200075006e00610020007000720065007300740061006d0070006100200064006900200061006c007400610020007100750061006c0069007400e0002e0020004900200064006f00630075006d0065006e007400690020005000440046002000630072006500610074006900200070006f00730073006f006e006f0020006500730073006500720065002000610070006500720074006900200063006f006e0020004100630072006f00620061007400200065002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e003000200065002000760065007200730069006f006e006900200073007500630063006500730073006900760065002e> /JPN <FEFF9ad854c18cea306a30d730ea30d730ec30b951fa529b7528002000410064006f0062006500200050004400460020658766f8306e4f5c6210306b4f7f75283057307e305930023053306e8a2d5b9a30674f5c62103055308c305f0020005000440046002030d530a130a430eb306f3001004100630072006f0062006100740020304a30883073002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e003000204ee5964d3067958b304f30533068304c3067304d307e305930023053306e8a2d5b9a306b306f30d530a930f330c8306e57cb30818fbc307f304c5fc59808306730593002> /KOR <FEFFc7740020c124c815c7440020c0acc6a9d558c5ec0020ace0d488c9c80020c2dcd5d80020c778c1c4c5d00020ac00c7a50020c801d569d55c002000410064006f0062006500200050004400460020bb38c11cb97c0020c791c131d569b2c8b2e4002e0020c774b807ac8c0020c791c131b41c00200050004400460020bb38c11cb2940020004100630072006f0062006100740020bc0f002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e00300020c774c0c1c5d0c11c0020c5f40020c2180020c788c2b5b2c8b2e4002e> /LTH <FEFF004e006100750064006f006b0069007400650020016100690075006f007300200070006100720061006d006500740072007500730020006e006f0072011700640061006d00690020006b0075007200740069002000410064006f00620065002000500044004600200064006f006b0075006d0065006e007400750073002c0020006b00750072006900650020006c0061006200690061007500730069006100690020007000720069007400610069006b007900740069002000610075006b01610074006f00730020006b006f006b007900620117007300200070006100720065006e006700740069006e00690061006d00200073007000610075007300640069006e0069006d00750069002e0020002000530075006b0075007200740069002000500044004600200064006f006b0075006d0065006e007400610069002000670061006c006900200062016b007400690020006100740069006400610072006f006d00690020004100630072006f006200610074002000690072002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002000610072002000760117006c00650073006e0117006d00690073002000760065007200730069006a006f006d00690073002e> /LVI <FEFF0049007a006d0061006e0074006f006a00690065007400200161006f00730020006900650073007400610074012b006a0075006d00750073002c0020006c0061006900200076006500690064006f00740075002000410064006f00620065002000500044004600200064006f006b0075006d0065006e007400750073002c0020006b006100730020006900720020012b00700061016100690020007000690065006d01130072006f00740069002000610075006700730074006100730020006b00760061006c0069007401010074006500730020007000690072006d007300690065007300700069006501610061006e006100730020006400720075006b00610069002e00200049007a0076006500690064006f006a006900650074002000500044004600200064006f006b0075006d0065006e007400750073002c0020006b006f002000760061007200200061007400760113007200740020006100720020004100630072006f00620061007400200075006e002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002c0020006b0101002000610072012b00200074006f0020006a00610075006e0101006b0101006d002000760065007200730069006a0101006d002e> /NLD (Gebruik deze instellingen om Adobe PDF-documenten te maken die zijn geoptimaliseerd voor prepress-afdrukken van hoge kwaliteit. De gemaakte PDF-documenten kunnen worden geopend met Acrobat en Adobe Reader 5.0 en hoger.) /NOR <FEFF004200720075006b00200064006900730073006500200069006e006e007300740069006c006c0069006e00670065006e0065002000740069006c002000e50020006f0070007000720065007400740065002000410064006f006200650020005000440046002d0064006f006b0075006d0065006e00740065007200200073006f006d00200065007200200062006500730074002000650067006e0065007400200066006f00720020006600f80072007400720079006b006b0073007500740073006b00720069006600740020006100760020006800f800790020006b00760061006c0069007400650074002e0020005000440046002d0064006f006b0075006d0065006e00740065006e00650020006b0061006e002000e50070006e00650073002000690020004100630072006f00620061007400200065006c006c00650072002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e003000200065006c006c00650072002000730065006e006500720065002e> /POL <FEFF0055007300740061007700690065006e0069006100200064006f002000740077006f0072007a0065006e0069006100200064006f006b0075006d0065006e007400f300770020005000440046002000700072007a0065007a006e00610063007a006f006e00790063006800200064006f002000770079006400720075006b00f30077002000770020007700790073006f006b00690065006a0020006a0061006b006f015b00630069002e002000200044006f006b0075006d0065006e0074007900200050004400460020006d006f017c006e00610020006f007400770069006500720061010700200077002000700072006f006700720061006d006900650020004100630072006f00620061007400200069002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002000690020006e006f00770073007a0079006d002e> /PTB <FEFF005500740069006c0069007a006500200065007300730061007300200063006f006e00660069006700750072006100e700f50065007300200064006500200066006f0072006d00610020006100200063007200690061007200200064006f00630075006d0065006e0074006f0073002000410064006f0062006500200050004400460020006d00610069007300200061006400650071007500610064006f00730020007000610072006100200070007200e9002d0069006d0070007200650073007300f50065007300200064006500200061006c007400610020007100750061006c00690064006100640065002e0020004f007300200064006f00630075006d0065006e0074006f00730020005000440046002000630072006900610064006f007300200070006f00640065006d0020007300650072002000610062006500720074006f007300200063006f006d0020006f0020004100630072006f006200610074002000650020006f002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e0030002000650020007600650072007300f50065007300200070006f00730074006500720069006f007200650073002e> /RUM <FEFF005500740069006c0069007a00610163006900200061006300650073007400650020007300650074010300720069002000700065006e007400720075002000610020006300720065006100200064006f00630075006d0065006e00740065002000410064006f006200650020005000440046002000610064006500630076006100740065002000700065006e0074007200750020007400690070010300720069007200650061002000700072006500700072006500730073002000640065002000630061006c006900740061007400650020007300750070006500720069006f006100720103002e002000200044006f00630075006d0065006e00740065006c00650020005000440046002000630072006500610074006500200070006f00740020006600690020006400650073006300680069007300650020006300750020004100630072006f006200610074002c002000410064006f00620065002000520065006100640065007200200035002e00300020015f00690020007600650072007300690075006e0069006c006500200075006c0074006500720069006f006100720065002e>
Compartilhar