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Identidade cultural_ território e desigualdades socias

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Identidade cultural, território e 
desigualdades sociais
APRESENTAÇÃO
O domínio dos conceitos é condição básica para o ensino de História e Geografia. Afinal, as 
disciplinas da área de humanidades tem como seu material fundamental de trabalho a análise 
processos, fenômenos e conceitos. Dessa forma, o professor precisar estar sempre atualizado em 
relação às novas produções da área do conhecimento da qual se ocupa, bem como às diretrizes 
expressas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que irão lhe indicar os principais 
conceitos a serem trabalhados em sala de aula.
Em um mundo globalizado, evidentemente. o próprio conceito de globalização deve ser 
investigado pelos alunos. Da mesma forma, o professor deve garantir aos alunos a autonomia 
para que explorem noções correlatas, como território, pertencimento e identidade cultural. Esta 
última, sem dúvida, tem sido profundamente afetada pela globalização e deve estar presente nas 
aulas por se referir à própria identidade dos alunos e pela sua relevância dentro dos estudos 
culturais. Assim, o professor das áreas das humanidades deve estar preparado para oferecer 
abordagens adequadas sobre as relações que existem na questão da desigualdade social com as 
políticas e planos econômicos implementados ao longo da história do país.
Afinal, as vivências dos alunos em um país que experimenta uma grande desigualdade social 
pode criar um interesse especial no tema, abrindo espaço para que o professor ajude seus 
estudantes a compreendê-lo mais profunda e significativamente.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você encontrará uma discussão sobre o conceito de identidade 
cultural e suas conexões com a questão do território e do pertencimento. Você também irá 
encontrar uma análise sobre a interferência da globalização nas identidades culturais. Além 
disso, você poderá acompanhar um debate sobre a desigualdade social brasileira e suas relações 
com políticas e planos econômicos do país.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Discutir identidade cultural e território no contexto do pertencimento.•
Demonstrar a interferência da globalização na identidade cultural.•
Reconhecer as relações entre desigualdade social e políticas e planos econômicos adotados 
no Brasil. 
•
DESAFIO
A globalização apresenta uma tendência de homogeneização do mercado de produção cultural e 
intelectual em todo o mundo. A origem disso está nas mudanças estruturais pelas quais a 
humanidade vem passando nas últimas décadas. Em especial, no que tange à criação e 
popularização de novas tecnologias, a disseminação de padrões culturais oriundos de uma 
determinada região do globo é favorecida, isto é, Europa e Estados Unidos, onde o capitalismo é 
mais desenvolvido.
Essa coincidência ocorre porque o capitalismo se tornou o modo de produção hegemônico, 
sendo responsável também pela produção e distribuição da maior parte dos bens culturais 
consumidos. Logo, os bens produzidos no centro do capitalismo passam a ser consumidos não 
somente nessa região, mas em nível mundial. É inegável o impacto que esse processo tem sobre 
as identidades culturais regionais, que tendem a se homogeneizar em seus gostos e preferências 
de consumo.
Você é professor da área de humanidades e precisa preparar uma aula para o Ensino Médio, em 
que abordará o fenômeno descrito acima. Para tornar a questão mais clara aos alunos, você deve 
buscar apresentar exemplos, além de incentivar sua colaboração ativa na construção do 
conhecimento. Assim, você deve trazer exemplos que façam parte de seus cotidianos e que 
comprovem na prática o esboço teórico que você apresenta. Não esqueça que os alunos podem e 
devem participar indicando seus próprios exemplos.
O Desafio, aqui, é demonstrar uma possibilidade de discussão sobre esse tema em sala de 
aula de forma significativa para os alunos.
INFOGRÁFICO
A economia faz parte da vida de todos e, por isso e por outros motivos, é objeto de análise 
constante nos noticiários. Dessa forma, expressões como planos econômicos e políticas 
econômicas são mencionadas a todo instante pelos comentaristas especializados. O profissional 
da área de ciências humanas também deve estar atento a alguns conceitos econômicos, já que 
eles representam importante conteúdo para a análise e ensino de História, Geografia, Sociologia, 
etc.
Um desses conceitos é a desigualdade social, que se trata de um dos traços distintivos do 
sistema capitalista. O Brasil, por se situar na periferia desse sistema, acaba por apresentar a 
desigualdade social de maneira ainda mais acentuada.
No Infográfico a seguir, além de compreender os conceitos de política e planos econômicos, 
você poderá verificar a relação que eles apresentam com a desigualdade social.
CONTEÚDO DO LIVRO
Ensinar história e geografia – ou conteúdos da área de humanidades em geral – exige do 
professor um excelente domínio dos conceitos, já que estes são o principal objeto de ensino e 
análise em sala de aula nessas áreas do conhecimento. Assim, o educador deve estar conectado 
ao que há de mais novo na área, bem como ao conteúdo da Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC), que lhes fornecerá as diretrizes básicas para atuar como docente.
Nos tempos de mundo globalizado, o próprio conceito de globalização é deveras importante 
para os alunos, do mesmo modo que outras noções correlatas, tais como território e 
pertencimento. Portanto, cabe ao professor conduzir seus alunos, estimulando sua autonomia, à 
investigação desses conceitos, que, por fim, se conectam à identidade cultural dos estudantes. 
Nesse sentido, o professor da área de humanidades precisa se preparar para oferecer 
uma abordagem correta sobre as relações existentes na desigualdade social – tão presente no 
país –, situando-a historicamente na perspectiva das políticas e dos planos econômicos adotados 
ao longo do tempo no Brasil.
No capítulo Identidade cultural, território e desigualdade social, da obra Fundamentos e 
metodologias do ensino em ciências humanas, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem, você irá encontrar um debate sobre o conceito de identidade cultural e suas 
conexões com a questão do território e do pertencimento. Você também encontrará uma 
discussão sobre a interferência da globalização nas identidades culturais. Finalmente, poderá 
acompanhar uma análise sobre a desigualdade social brasileira e suas relações com políticas e 
planos econômicos do país.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS E 
METODOLOGIAS 
DO ENSINO EM 
CIÊNCIAS 
HUMANAS
Eduardo Pacheco Freitas
Identidade 
cultural, 
território e 
desigualdades 
sociais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 > Discutir identidade cultural e território no contexto do pertencimento.
 > Demonstrar a interferência da globalização na identidade cultural.
 > Reconhecer as relações entre desigualdade social e políticas e planos 
econômicos adotados no Brasil.
Introdução
No âmbito do ensino de ciências humanas, é fundamental compreender diferentes 
conceitos, que são a matéria-prima principal com a qual o professor trabalha 
em sala de aula. Contemporaneamente, é essencial que os alunos estudem o 
conceito de globalização, assim como outras noções correlatas, como território, 
pertencimento e identidade cultural.
Na mesma linha, o professor da área das ciências humanas deve estar 
preparado para abordar as relações entre a desigualdade social e as políticas 
e planos econômicos adotados no Brasil ao longo do tempo. O fato de o Brasil 
ser um país tão desigual cria um interesse especial nesse tema, que pode e 
deve ser aprofundado em sala de aula.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de identidade cultural e verificar 
como ele se insere nos âmbitos do território e do pertencimento. Além disso, 
você vai ver como ocorre a interferência do processo de globalização na identi-
dade cultural.Por fim, vai ler uma análise sobre a desigualdade social brasileira.
Identidade cultural, território e 
pertencimento
O conceito de identidade cultural é um dos mais importantes quando se trata 
do ensino no âmbito das ciências humanas. Portanto, em sua formação, é 
importante que você tenha contato com as principais características desse 
conceito, desenvolvendo competências e habilidades fundamentais para 
exercer satisfatoriamente a docência. Nesta seção do capítulo, você vai 
estudar a identidade cultural e verificar como ela se relaciona com as noções 
de território e pertencimento.
Transformações conceituais da identidade
Como qualquer outro fenômeno humano, a questão das identidades ou da 
identidade cultural também possui a sua historicidade. Isso significa que a 
maneira como o ser humano se identifica com o meio no qual vive e a forma 
como os pesquisadores abordam o problema são transformadas ao longo 
da história.
Durante muito tempo, o ser humano foi visto como um ser unificado (com 
uma identidade coesa, fixa, conservadora, sem grandes transformações no 
espaço e no tempo). Contudo, a partir da Modernidade, ele se tornou um sujeito 
muito mais complexo, fragmentado e multifacetado. A esse processo, costuma-
-se chamar de “crise de identidade”: um velho mundo estável e conservador, 
no qual os seres humanos se encontravam solidamente atrelados, dá lugar 
a mudanças cada vez mais aceleradas nas sociedades atuais, abalando os 
tradicionais pontos de referência dos seres sociais (HALL, 2006).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais2
Para compreender melhor as diversas concepções de identidade que 
compõem a evolução histórica desse conceito, observe as definições elen-
cadas a seguir.
 � Sujeito do Iluminismo (séculos XVII a XVIII): esse tipo de identidade está 
apoiado na ideia de que o ser humano é centrado e unificado em si 
mesmo a partir de um núcleo interno que permanece o mesmo por toda 
a vida. Portanto, trata-se de uma identidade estática e individualista.
 � Sujeito sociológico (século XIX): nessa concepção, típica da Moderni-
dade, o núcleo do sujeito não possui total autonomia nem autossufi-
ciência, sendo constituído a partir das relações sociais, mediadoras 
dos valores e dos significados culturais. Trata-se de uma identidade 
interativa, isto é, a construção do sujeito se dá nas suas relações com 
outros sujeitos, ideias, objetos, etc.
 � Sujeito pós-moderno (séculos XX a XXI): a identidade do sujeito pós-
-moderno não é fixa, apresentando mutações que negam uma suposta 
essência ou permanência identitária. Assim, a identidade cultural 
de um indivíduo é moldada de acordo com os sistemas culturais aos 
quais ele é exposto, definindo-se de maneira histórica e contextual. 
Há a assunção de diferentes identidades em diferentes momentos.
Na verdade, a concepção de identidade de autores pós-modernos, que 
renega qualquer essencialismo na condição subjetiva individual, já havia sido 
preconizada por pensadores como Karl Marx. Esse filósofo alemão defendia 
que os seres humanos, enquanto sujeitos culturais, são formados pelas 
condições socio-históricas nas quais se encontram. A questão da ideologia 
é fundamental nesse processo (MARX; ENGELS, 2015).
De acordo com o marxismo, em uma de suas interpretações mais relevan-
tes do fenômeno ideológico, este funciona como uma máscara que inverte 
a realidade. Isto é, por trás das aparências fenomenológicas de processos 
e eventos, sempre existe uma essência que não é prontamente revelada, 
fazendo com que os indivíduos não percebam a natureza de suas relações 
sociais. Esse processo, ainda segundo a tradição marxista, varia ao longo do 
tempo, tendo relação com o modo de produção adotado por determinada 
sociedade, que assim condiciona a visão de mundo e, logo, a identidade 
cultural dos sujeitos. Em síntese, a identidade cultural é histórica (MARX; 
ENGELS, 2015).
Porém, as ideias de Marx representam apenas uma das conquistas da teoria 
social no que diz respeito à descentração do sujeito na esfera da identidade. 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 3
Nesse sentido, destaca-se a descoberta do inconsciente por Sigmund Freud. 
Para esse pensador, que revolucionou a forma com que se encara a identidade 
individual, a sexualidade e os desejos adquirem centralidade no estudo do 
sujeito. Freud afirma que as estruturas mentais são formadas a partir de 
movimentos simbólicos e psíquicos inconscientes (FREUD, 2013).
Além do campo psicanalítico de Freud, a seara da linguística também 
apresentou inovações acerca da identidade, por meio do pensamento de 
Ferdinand de Saussure. A lente desse pensador é deslocada para a língua, 
compreendida como um sistema de significados e cultura. Assim, o indivíduo, 
ao executar o mero ato de falar, mobiliza grande quantidade de sentidos e 
significados construídos longamente por meio da cultura, formando uma 
identidade cultural expressa pela comunicação linguística (SAUSSURE, 2017).
Já para o filósofo francês Michel Foucault, a identidade humana é condi-
cionada pelo poder. Em outras palavras, a disciplina social que é colocada em 
prática pelos governos, pela vigilância, pela regulação e pelas leis controla 
não somente a identidade dos indivíduos, mas também o seu corpo, o que 
o filósofo denomina “biopoder”. Portanto, o ser humano, constantemente 
policiado pelas instituições modernas (como o sistema escolar, os hospi-
tais, as prisões, etc.) tem regulada a sua vida social e individual, tendendo 
a desenvolver uma identidade dócil sem protestos e a defender o sistema 
(FOUCAULT, 2014).
Identidades culturais
A identidade cultural tem sua relação mais estreita com o que pode ser 
chamado de “identidade nacional”. Assim, torna-se evidente que o problema 
remete às noções de território, de pertencimento e, em especial, às influências 
que o fenômeno da globalização possui sobre as identidades. Este último 
ponto será abordado na próxima seção. Nesta, você vai se ocupar da análise 
da identidade cultural propriamente dita e de suas conexões.
Na contemporaneidade, as identidades culturais são formadas basica-
mente pelas identidades nacionais. Evidentemente, a identidade relacionada 
ao nascimento neste ou naquele país não se trata de um dado biológico, 
mas de uma questão circunstancial oriunda do fato de os pais morarem 
em determinada região. Ainda assim, é fato corriqueiro que a identidade 
nacional se torna profundamente arraigada no sujeito, caracterizando a sua 
identidade cultural. Esta relaciona-se aos costumes do país (tipos de comida 
e bebida consumidos, vestuário, esportes nacionais, idioma, etc.) de forma 
tão profunda, que o sujeito pode se tornar incapaz de dissociar aquilo que é 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais4
meramente social (sua relação com a cultura na qual está inserido) daquilo 
que é biológico (que para ele se caracterizaria como uma essência que faz 
um indivíduo ser brasileiro e outro canadense, por exemplo).
Veja o que afirma Hall (2006, p. 50–51):
As culturais nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas 
também de símbolos e representações. Uma cultura nacional é um discurso — um 
modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto 
a concepção que temos de nós mesmos. As culturas nacionais, ao produzir senti-
dos sobre “a nação”, sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem 
identidades. Esses sentidos estão contidos nas estórias que são contadas sobre 
a nação, memórias que conectam seu presente com seu passado e imagens que 
dela são construídas.
O autor destaca especialmente dois elementos que conectam identidade 
cultural e identidade nacional: discurso e identificação. Os estados-nação 
surgem a partir do século XVIII, e com eles, todo um sistema educacional 
voltado à constituição de cidadãos membros dessas comunidades, que são, 
em última análise, artificiais e imaginadas (ANDERSON, 2012). Em determinado 
território, bemdefinido por suas fronteiras, passam a existir uma língua 
nacional, símbolos nacionais (bandeira, hino, brasões, etc.), um exército e 
uma história e uma tradição compartilhadas, formando uma interconexão 
de elementos constitutivos de uma identidade. A partir desse processo, 
ocorre a identificação do indivíduo com essa série de elementos, que o fazem 
desenvolver o sentimento de pertencimento a algo maior do que ele, algo 
que aglutina todos aqueles que estão ao seu redor. Está formada, assim, a 
identidade cultural, que se liga agudamente a essa mobilização simbólica 
de tradições inventadas (HOBSBAWM; RANGER, 2012).
O historiador estadunidense Benedict Anderson (1936–2015) cunhou 
a expressão comunidades imaginadas com o objetivo de explicar a 
relação entre as identidades individuais e o contexto cultural e político no qual 
os membros de uma formação social se inserem. Para o autor, as comunidades 
imaginadas se estruturam sobre práticas administrativas e culturais existen-
tes nos estados contemporâneos (fenômeno originado na Modernidade), nos 
quais os sujeitos são condicionados a definir sua relação e suas obrigações 
como membros de comunidades que, embora, construídas historicamente de 
modo artificial, apresentam-se como entes homogêneos e naturais. Assim, seus 
membros desenvolvem uma identidade cultural conectada a essa estrutura 
social (ANDERSON, 2012).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 5
Nesse contexto, o conceito de pertencimento se torna importante para 
a compreensão da identidade cultural de maneira geral. Veja a definição de 
Moriconi (2014, p. 14):
Pertencimento é quando uma pessoa se sente pertencente a um local ou comuni-
dade, sente que faz parte daquilo e consequentemente se identifica com aquele 
local, assim vai querer o bem, vai cuidar, pois aquele ambiente faz parte da vida 
dela, é como se fosse uma continuação dela própria.
Ou seja, ao se sentir pertencente a determinada comunidade, que pode 
se manifestar das mais diversas formas (países, estados, cidades, bairros, 
clubes, torcidas de futebol e assim por diante), o indivíduo, conectado cultural 
e afetivamente a esse grupo, atuará de maneira a louvar e proteger a unidade 
e o desenvolvimento do local ao qual “pertence”. E, como ser sociológico, ele 
necessita disso, isto é, precisa sentir-se inserido.
O território assume relevância para a formação e a afirmação de identida-
des e pertencimento. Para Jorge (2009, p. 240), a identidade é “[...] resultado de 
um trabalho permanente de renovável construção social e política [...]”, porém 
ela também tem origem “geográfica, que leva em conta a extrema mobilidade 
dos agentes sociais”. Dessa forma, o espaço físico onde o indivíduo vive é o elo 
comum que conduz a identificação dos sujeitos com o ambiente que ocupam. 
Assim, as identidades seriam fixadas no território, originando aquilo que o 
mesmo autor qualifica de identidades socioespaciais, isto é, identificações 
individuais e culturais que integram um grupo em determinado espaço.
Porém, outros autores, como Bauman (2003), defendem que a identidade 
é um processo, ou seja, ela é continuamente formada e reformulada, não 
possuindo um caráter estático e definitivo na atualidade — devido à Pós-
-Modernidade e à sua complexidade. Por toda a vida de um indivíduo, a sua 
identidade cultural é transformada justamente pelas experiências diferentes 
pelas quais ele passa. O fenômeno da globalização, que conecta lugares 
distantes e aproxima culturas muito diferentes, tem sido um dos principais 
fatores a interferir na formação das identidades culturais, como você vai ver 
na próxima seção do capítulo.
Um conceito fundamental na temática das identidades culturais é 
o de tradições inventadas, desenvolvido pelos historiadores Eric 
Hobsbawm e Terence Ranger. O conjunto de práticas culturais de determinada 
sociedade é regulado por regras implícitas ou então aceitas de maneira ampla 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais6
por todos os membros de uma comunidade. Essas práticas se manifestam por 
meio de rituais simbólicos que, invariavelmente ligados a um passado histórico 
mítico ou elaborado de maneira intelectualmente sofisticada, buscam inculcar 
valores e normas sociais que seriam comuns a todos os indivíduos de determi-
nado país, por exemplo. Por meio da repetição dessas práticas, seria promovida 
uma continuação histórica tradicional, apesar de inventada, que criaria um 
forte sentimento de identidade cultural e pertencimento nos habitantes de um 
território, normalmente um estado-nação (HOBSBAWM; RANGER, 2012).
Identidade cultural e globalização
“Globalização” é uma palavra que, já há algumas décadas, inseriu-se no coti-
diano. Mas do que se trata realmente a globalização? Ela pode ser entendida 
como um processo de intercâmbio dos mercados e interligação econômica, 
política e cultural entre as mais distantes nações do globo. Porém, ela envolve 
ainda muitas outras características, em especial relacionadas à comunicação 
e ao desenvolvimento tecnológico.
Por outro lado, a globalização aproximou os mais diversos povos e culturas, 
fazendo com que determinado comportamento de uma sociedade asiática 
seja influente em um país da América Latina, por exemplo. Assim, o mundo 
se torna algo como uma “aldeia global” (expressão cunhada pelo filósofo 
Marshall McLuhan). É claro que esse processo tem atuado de maneira bas-
tante significativa sobre a identidade cultural, como você vai ver nesta seção. 
Porém, antes é necessário fazer um sobrevoo sobre alguns dos principais 
teóricos que escreveram a respeito da globalização, identificando os pontos 
essenciais do seu pensamento.
Dois autores de referência nos estudos sobre esse processo são o inglês 
David Harvey (1935–) e o brasileiro Milton Santos (1926–2001). Ambos fornecem 
subsídios para estabelecer as relações entre a globalização e, especialmente, 
os países em desenvolvimento. A globalização, de acordo com Harvey (2012), 
é um fenômeno indissociável da acumulação de capital iniciada na época dos 
grandes descobrimentos. Para o autor, essa acumulação sempre apresentou 
uma “[...] importante dimensão geográfica e espacial [...]”, sendo parte fun-
damental do processo de desenvolvimento capitalista (HARVEY, 2012, p. 8).
O autor aponta ainda para o fato de que, se não houvesse acontecido a 
expansão mundial dos europeus a partir do século XVI, ocorrida simultanea-
mente à transformação das formas geográficas regionais, não se apresenta-
riam as possibilidades para que o capitalismo se conformasse como sistema 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 7
hegemônico. Portanto, para Harvey (2012), esses são aspectos elementares 
da globalização. A desigualdade no desenvolvimento entre a Europa e suas 
colônias também foi fundamental para que o capitalismo sobrevivesse e se 
espalhasse por todo o mundo, tendo em vista que ele se estrutura com base 
na própria desigualdade.
Para Santos (2003), a globalização é o estágio mais elevado do processo de 
internacionalização iniciado no século XVI. Traçando uma linha do tempo da 
globalização, que se inicia nas grandes navegações, passa pelo capitalismo 
mercantil dos séculos XVII e XVIII e pelo industrial do XIX, Santos (2003) afirma 
que esse grande processo de trocas assume na atualidade novas caracterís-
ticas, relacionadas não somente a trocas de produtos, mas também às searas 
técnicas, financeiras e, sobretudo, culturais (SANTOS, 2003).
Embora essa contextualização do pensamento de pesquisadores reno-
mados acerca da globalização seja necessária, o objetivo aqui é verificar 
como a globalização influencia a identidade cultural. Portanto, é importante 
examinar as consequências assimiladas pelas identidades culturais por meio 
da globalização. Ao relacionar globalização e identidade cultural, você precisa 
considerar que “[...] a diversidade cultural a cada dia é mais enriquecida 
universalmente para todos, através de suas diferenças e particularidades[...]” (CAMARGO et al., 2018, p. 49).
Isto é, em termos de cultura e identidades, aquilo que sempre foi muito 
particular pode se tornar universal por meio do processo de globalização. 
Considere um exemplo do cotidiano: o cinema de Hollywood, produzido em 
um país específico (Estados Unidos) e carregado de valores únicos daquela 
sociedade. As produções hollywoodianas se tornaram mundialmente hege-
mônicas, contribuindo para a formatação de novas identidades culturais nos 
países mais improváveis e distantes, que até mesmo passaram a defender a 
cultura exógena, isto é, vinda de fora. O mesmo pode ser dito sobre a indústria 
musical estadunidense.
Hall (2006) aponta três características principais da influência da globaliza-
ção sobre as identidades culturais. A primeira é o processo de desintegração 
que ocorre nas identidades nacionais, resultado da homogeneização cultural; 
a segunda é o surgimento de movimentos locais de resistência cultural à 
globalização, tendo em vista preservar a identidade cultural regional; por 
fim, Hall (2006) destaca a aparição de culturas e identidades híbridas que 
acabam por substituir as antigas identidades nacionais.
Assim, a contemporaneidade é marcada por conflitos internos nas iden-
tidades culturais individuais. Por um lado, há o acréscimo de novas culturas 
e experiências culturais entre os membros de determinada comunidade; por 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais8
outro, é natural que os indivíduos manifestem seus próprios e particulares 
interesses. Desse modo, a globalização apresenta-se como um processo 
desigual, tanto nos aspectos políticos e econômicos quanto nos culturais. 
Como consequência, surgem inúmeras possiblidades e formas de identificação 
cultural, criando-se nesse processo identidades não tão “fixas e unificadas” 
como costumava ocorrer em um mundo não globalizado (CAMARGO et al., 
2018). Um exemplo é a internet, com suas redes sociais e a formação de 
valores baseados nesse processo.
É nesse sentido que Hall (2006) dá ênfase à questão das identidades 
culturais nacionais. Para o autor, na medida em que essas identidades se 
tornam, no avanço da globalização, mais e mais submetidas aos efeitos das 
formas culturais externas, é natural que seja cada vez mais difícil manter 
as culturas originais, ou mesmo impedir que elas entrem em decadência, 
devido à intensidade com que elementos culturais exógenos são distribuídos 
globalmente. Um dos efeitos da globalização sobre a identidade cultural de 
determinada sociedade é a formação de culturas híbridas, ou seja, culturas 
que carregam seus traços originais somados aos elementos absorvidos de 
culturas de outros povos. Hall (2006, p. 89) afirma que as culturas híbridas 
“[...] constituem um dos diversos tipos de identidade distintivamente novos 
produzidos na era da modernidade tardia [...]”. Portanto, o hibridismo cultural, 
como uma das manifestações da globalização, é, para alguns autores, um 
fenômeno típico da Pós-Modernidade.
Contudo, existem historiadores, como o inglês Burke (2003), que discor-
dam dessa perspectiva, afirmando que toda forma de cultura é híbrida e 
argumentando sobre a impossibilidade de existir uma cultura “pura”, por 
assim dizer. Para Burke (2003), os povos sempre estabeleceram contatos e 
influenciaram-se reciprocamente em termos culturais ao longo da história. 
Dessa forma, a transformação das identidades culturais não seria um processo 
característico da globalização.
Na sociedade capitalista, o consumo é uma importante — senão central 
— forma de identidade cultural. A produção industrial, de serviços e cultural 
propriamente dita (livros, músicas, filmes, etc.) faz parte do cotidiano da 
maior parte da população do Planeta. É quase impossível, na atualidade, 
encontrar uma sociedade alheia aos produtos oferecidos pelo modo de 
produção capitalista, que exerce uma hegemonia mundial, com poucos focos 
de resistência (CANCLINI, 1999).
Nesses termos, não é mais possível conceber o consumo de produtos 
unicamente locais. Mesmo que um vilarejo afastado tenha uma grande auto-
nomia na produção de produtos básicos, como roupas e alimentos, pode-se 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 9
encontrar uma situação em que os moradores têm acesso ao sinal da telefonia 
celular, à eletricidade ou simplesmente à televisão, consumindo produtos 
que, em geral, foram planejados e executados em outro canto do Planeta. 
Essa é uma situação que caracteriza a globalização e também o poder dela 
sobre a identidade cultural, já que determina padrões e expectativas de 
consumo (CANCLINI, 1999).
A importância do consumo em relação às identidades culturais é tão 
destacada, que autores como Canclini (1999) admitem que as sociedades se 
afastam cada vez mais da definição de suas identidades por meio de essências 
a-históricas. Para o autor, nos dias atuais e com intensidade crescente, as 
tecnologias de produção assumem lugar central na formação das identidades 
culturais nacionais. O consumo é um dos reguladores da cultura e, logo, da 
formação das identidades. Os novos produtos e a modernização do design ou 
da funcionalidade de produtos antigos são elementos que, além de determinar 
padrões culturais internos, servem como intermediários entre as relações 
das diferentes nacionalidades. Há um aumento das identidades globalizadas 
e dos “[...] bens de consumo que as diferenciavam [...]” (CANCLINI, 1999, p. 39).
Se a formação das identidades deixa de ser vinculada unicamente à tradi-
ção e passa a ser continuamente atrelada ao consumo, também é importante 
considerar o fator da multiterritorialidade nesse processo. Ela é entendida 
como o cruzamento de indivíduos oriundos dos mais diversos territórios em 
um mesmo espaço, como os centros urbanos. A noção de território tem sido 
basicamente definida a partir da ideia de relações de poder. Porém, para 
pensadores como Haesbaert (1995), além do poder de dominação sobre 
determinado território, é necessário levar em conta o poder simbólico.
Para Santos (2003), o território deve ser compreendido como o território 
usado, sendo a soma do seu uso prático e da identidade de quem o usa. 
Assim, há elementos que conectam a ideia de território com a formação 
da identidade cultural. No entanto, nos estudos mais atuais, não há como 
desconsiderar o conceito de multiterritorialidade, que, em suma, trata da 
existência de variados territórios dentro de um mesmo território. Isto é, em 
face da globalização, em sua constituição, comunidades de origens muito 
diversas interagem em um espaço territorial definido. Na era da globalização, 
esse fenômeno se torna ainda mais presente (HAESBAERT, 1995).
No entanto, a multiterritorialidade muitas vezes tende a ser pensada 
somente em seu aspecto positivo. Desse ponto de vista, há a possibilidade 
de acesso a uma infinidade de territórios, o que seria um processo integrador. 
Ao mesmo tempo, grupos que tradicionalmente não possuíam voz tenderiam, 
na multiterritorialidade, a obter mais espaço na mídia, divulgando suas 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais10
próprias culturas, fato que contribuiria para a constituição de identidades 
culturais (HAESBAERT, 1995).
Porém, a multiterritorialidade também apresenta um lado reverso. Na 
economia, os grandes conglomerados industriais e comerciais podem sim-
plesmente trocar de país rapidamente na medida em que isso favoreça seus 
lucros. Atualmente, com os serviços de aplicativos que operam no mundo 
todo, de maneira virtual, a multiterritorialidade se torna ainda mais explícita. 
Assim, o “[...] fenômeno da globalização e a multiterritorialidade exercem 
forte influência na identidade cultural em toda sua amplitude seja de nação/
povo quanto na diversidade de seus grupos minoritários [...]” (CAMARGO 
et al., 2018, p. 55). Por fim, em relação a estes últimos, deve-se considerar 
também o fenômeno da desterritorialização como aspecto importante para 
a formação de uma nova identidade.
Umaquestão muito presente nos dias atuais diz respeito aos refugiados, 
muitas vezes oriundos de países do Terceiro Mundo. Eles enfrentam graves 
problemas sociais e econômicos e tentam se estabelecer em diferentes locais 
do mundo, em especial na Europa. Contudo, esse processo, que está ligado 
ao conceito de desterritorialização, não é novo, existindo já há longo tempo. 
Na Figura 1, veja um grupo de belgas buscando refúgio em Paris devido à 
Primeira Guerra Mundial.
Figura 1. Grupo de refugiados belgas em Paris (1914).
Fonte: Wikipédia (1914, documento on-line).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 11
A desterritorialização pode ser descrita brevemente como uma quebra de 
vínculos com um território originário. Para as classes superiores e abastadas, 
a desterritorialização não costuma ser algo nocivo, tratando-se de uma 
multiterritorialidade segura e opcional. Para os mais pobres, a desterritoria-
lização sempre é coercitiva, oriunda de opções exíguas para a sobrevivência 
individual ou familiar, muito comum no caso dos refugiados. Catástrofes 
climáticas, guerras, disputas de fronteira e questões étnicas são as causas 
mais comuns da produção de populações refugiadas, que perdem o vínculo 
com o território original, sendo sempre estrangeiras mesmo nos locais onde 
têm a possibilidade de se assentar (HAESBAERT, 2003).
Desigualdade social no Brasil, políticas e 
planos econômicos
O debate em torno da temática da desigualdade social é muito antigo, sendo 
anterior até mesmo à fundação do Brasil como nação independente. O pro-
blema já estava na base da Revolução Francesa, por exemplo: ao adotar o 
lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, esse movimento já denunciava a 
disparidade social existente entre as classes sociais naquele período (HOBS-
BAWM, 1995). Portanto, o problema é antigo e até hoje ainda não se encontrou 
uma solução satisfatória — ou ao menos permanente — que torne possível a 
diminuição da desigualdade entre poucos privilegiados que têm quase tudo e a 
imensa maioria da população, que, com frequência, vive uma vida de carestia.
A desigualdade faz parte do sistema econômico em que você está 
inserido. O capitalismo se estrutura a partir da desigualdade. Se ela 
não existir, não existe capitalismo. Está em jogo um desenvolvimento desigual e 
combinado, como alertava Leon Trotsky em sua análise da estrutura do sistema 
capitalista (TROTSKY, 2017).
No caso brasileiro, é possível identificar uma modalidade de desigualdade 
social estrutural, constituída desde a colonização do País e desde então 
reproduzida em sua dinâmica (ALMEIDA, 2019). Para compreender correta-
mente o processo, é preciso lançar um olhar sobre a história brasileira, o 
que possibilita o esboço de um panorama geral que identifica as causas e as 
permanências do abismo entre os muito ricos e os muito pobres (SOUZA, 2017).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais12
O Brasil, como se sabe, teve sua economia, a partir do período colonial, 
constituída sobre três pilares principais: o latifúndio, a agroexportação e 
o trabalho escravo. Somente esses três elementos já indicam com clareza 
como a sociedade brasileira formou-se tão desigual. A tradição latifundi-
ária concentrou as grandes faixas de terras do País nas mãos de poucos 
proprietários; a economia voltada para a exportação (inicialmente Portugal 
e posteriormente Inglaterra) inibiu a criação de um mercado interno sólido, 
condição para o desenvolvimento social; e, por fim, a utilização do trabalho 
escravo, além de desenvolver o racismo, empurrou parcela significativa da 
população brasileira para a marginalidade social, gerando a criminalidade 
e o subemprego (PRADO JR., 1977).
Nesse estado de coisas, o acesso à educação de qualidade, à boa alimen-
tação, aos serviços de saneamento básico e de saúde e ao trabalho melhor 
remunerado acabou se tornando quase um “privilégio” de uma minoria da 
população. Já a outra parte, muito maior numericamente, década após dé-
cada, manteve-se atrelada a uma dinâmica de desigualdade que, não raro, 
aprofundava-se. As políticas econômicas adotadas pelos sucessivos governos 
do País ao longo do tempo têm influência importante na manutenção desse 
status quo, como você vai ver mais adiante (STARLING; SCHWARCZ, 2015).
Na época colonial e no período do Império, o Brasil apresentou políticas 
econômicas muito semelhantes. Na já descrita economia voltada à expor-
tação e baseada no trabalho escravo africano, houve uma correspondência 
considerável entre os dois períodos históricos. A maior diferença é que, no 
período imperial, alguns reflexos da Revolução Industrial, ocorrida primeira-
mente na Inglaterra, foram sentidos no Brasil, havendo maior abertura para 
a industrialização após 1844. No entanto, com o desenvolvimento da cultura 
do café e as primeiras grandes indústrias surgindo, sobretudo na Região 
Sudeste do País, houve uma política deliberada por parte do imperador de 
“importação” de trabalhadores brancos da Europa (PRADO JR., 1977).
Na primeira metade do século XIX, o continente europeu sofria com um 
aumento expressivo do seu contingente populacional. Esse fato ensejou 
projetos de envio de camponeses para países que demandavam cada vez mais 
mão de obra, como Estados Unidos, Brasil e outros países da América Latina. 
Do ponto de vista brasileiro, a vantagem da vinda desses imigrantes (alemães 
e italianos em especial) era o “embranquecimento” da população nacional, 
tendo em vista o típico pensamento eugenista do século XIX, muito influente 
nas teses racistas vigentes até então. Dessa forma, o Brasil poderia se tornar 
um país europeizado, escondendo a chaga da escravidão (PRADO JR., 1977).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 13
Contudo, nessa orientação política e social, uma população de milhões de 
brasileiros de origem africana era simplesmente esquecida, o que continuou 
mesmo após a proclamação da República. Dessa forma, a exclusão social 
dos negros faz com que no Brasil a desigualdade social frequentemente 
tenha cor, atingindo, sem dúvida, com mais intensidade a parcela negra da 
população. Existia a ilusão de que a abolição seria suficiente para diminuir 
a desigualdade, não havendo preocupação com a qualificação e a educação 
dos ex-escravos. Esse é um primeiro exemplo de política econômica a incre-
mentar a desigualdade social brasileira. Em termos de produção industrial e 
exploração econômica do café ou de terras ainda não cultivadas, os negros 
brasileiros foram preteridos pela vinda de uma massa de trabalhadores 
europeus (STARLING; SCHWARCZ, 2015).
No século XX, o Brasil passou por basicamente cinco grandes períodos 
políticos:
 � República Velha (1889–1930);
 � Era Vargas (1930–1945);
 � experiência democrática (1946–1964);
 � Ditadura Civil-Militar (1964–1985);
 � Nova República (1985 aos dias atuais).
Além de desenvolver projetos políticos e ideológicos diferentes em cada 
uma dessas épocas, o poder central travou relações próprias no que diz 
respeito à visão dos rumos econômicos do País. Evidentemente, cada um 
desses projetos influenciou de forma mais ou menos acentuada a desigualdade 
social, ora a diminuindo, ora a aumentando, como você vai ver.
No período da Primeira República (ou República Velha), houve mais conti-
nuidades do que rupturas com os modelos econômicos adotados no Segundo 
Império. Isso significa que o País manteve a tradição agroexportadora, con-
centrando a renda nas mãos das oligarquias de sempre e de alguns poucos 
novos ricos, oriundos da industrialização incipiente. Com essa maneira peculiar 
de condução da economia, não houve avanços na questão da desigualdade 
social do País, que continuou extrema durante o ciclo econômico da Primeira 
República. Algumas greves estouraram no período, exigindo melhores con-
dições de trabalho e, sobretudo, salários mais dignos, já que as políticas 
econômicas vigentes haviam deteriorado seu poder de compra. Para você ter 
uma ideia, o salário havia aumentadoem torno de 70% frente a um aumento 
do custo de vida de quase 200% (ROIO, 2020).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais14
A mais conhecida paralisação de trabalhadores do início do século XX no 
Brasil foi a greve de 1917, ocorrida em São Paulo, que praticamente parou a 
cidade durante cinco dias (Figura 2). Na base da organização do movimento, 
estavam imigrantes espanhóis e italianos, trabalhadores que já haviam tido 
contato com os movimentos socialistas e anarquistas na Europa. De qual-
quer forma, esses movimentos foram duramente reprimidos pelo governo. 
Embora algumas melhorias salariais tenham sido alcançadas, o problema 
estrutural da desigualdade não foi tocado. De maneira emblemática, vale 
citar a célebre fala do presidente Washington Luís: “questão social é caso 
de polícia” (ROIO, 2020).
A Era Vargas (1930–1945), no contexto socioeconômico, foi marcada pelo 
estímulo à indústria nacional e pelos direitos trabalhistas. Vargas criou o 
Ministério do Trabalho e formatou uma legislação específica para a proteção 
dos trabalhadores, corporificada na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). 
Havia uma intenção clara, de viés nacionalista, de diminuir a desigualdade 
social no País, por meio do trabalho e da educação. No entanto, os trabalha-
dores, embora beneficiados pelos novos elementos jurídicos de proteção ao 
trabalho, acabaram por ver os movimentos trabalhistas engessados, dado 
que os sindicatos agora estavam atrelados ao governo. Essa foi uma política 
Figura 2. Grande manifestação de trabalhadores em São Paulo durante a greve de 1917. As 
paralisações também ocorreram em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Fonte: Wikipédia (1917, documento on-line).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 15
deliberada de Vargas: aprovar direitos básicos para evitar insurreições dos 
trabalhadores. De outro lado, a legislação regulava rigidamente a criação de 
sindicatos, que só poderiam funcionar com a aprovação oficial do governo. 
Logo, qualquer tipo de reivindicação possuía limites bem definidos. Vargas 
conseguia, assim, contentar tanto a classe trabalhadora quanto a classe 
proprietária (SKIDMORE, 2010).
Outro aspecto fundamental do período varguista foi a proteção às riquezas 
nacionais, como o petróleo, que deveriam ter seus recursos canalizados para o 
desenvolvimento do País e, consequentemente, a redução das desigualdades. 
O varguismo se tornaria uma das principais forças políticas do País a partir 
de então, influenciando diretamente os futuros presidentes, como Juscelino 
Kubitschek, que também focariam desenvolvimento e reformas estruturais 
(SKIDMORE, 2010).
Logo na campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, em 1955, o presi-
denciável expôs um ambicioso programa denominado “Plano de Metas”, que 
visava a industrializar fortemente o País, alinhando-se a uma política econô-
mica de cunho nacional-desenvolvimentista. O nacional-desenvolvimentismo 
nada mais é do que uma parceria com o grande capital (seja nacional ou 
internacional) para a criação de indústrias de base que possibilitem a gera-
ção de riqueza que possa ser reinvestida no próprio país, gerando um ciclo 
ininterrupto de desenvolvimento (BIELSHOWSKI, 2007).
O Plano de Metas, quando colocado em marcha pelo presidente, provocou 
uma das maiores acelerações econômicas mundiais do período. Os setores 
de transporte, energia, alimentação, indústria pesada e educação foram os 
principais motores do desenvolvimento econômico brasileiro na segunda 
metade da década de 1950, buscando concretizar o slogan “50 anos em 5”, 
utilizado pelo presidente em referência ao desejo de rápido desenvolvimento 
econômico e social. De fato, houve um incremento na renda das faixas mais 
pobres da população, diminuindo a desigualdade social. Por outro lado, a 
emissão de moeda causou inflação, corroendo o poder de compra dos assa-
lariados. No entanto, o aumento de renda ocorreu por um curto período e não 
foi sustentável, pois foi efetivado somente com o crescimento econômico, 
não com o desenvolvimento. Foi baseado na abertura econômica e na vinda 
de multinacionais, não em investimento efetivo em qualidade de vida e 
educação (BIELSHOWSKI, 2007).
O governo de João Goulart foi marcado por fortes turbulências políticas, 
que levaram à sua deposição pelo golpe civil-militar de 1964. Assim, as suas 
intenções de realizar reformas estruturais na sociedade brasileira, que teriam 
forte impacto na desigualdade social, como a reforma agrária, ficaram só no 
Identidade cultural, território e desigualdades sociais16
papel. O presidente foi derrubado precisamente por sua tentativa de acabar 
com distorções econômicas e sociais históricas brasileiras, desagradando 
importantes setores conservadores da sociedade, que articularam sua queda 
(SKIDMORE, 2010).
Vale lembrar que Goulart já havia se tornado inimigo das classes domi-
nantes do País ao conceder um aumento de 100% no salário mínimo quando 
era ministro do trabalho no governo Vargas. Posteriormente, ao criar o 13º 
salário, visto como desastroso pelo patronato brasileiro, selou sua sorte, 
sendo taxado de comunista. Ao apelar aos sentimentos anticomunistas de boa 
parte da opinião pública, a oposição viabilizou a sua queda (SKIDMORE, 2010).
A Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, assinada pelo presidente João Goulart, 
instituiu o direito de todos os trabalhadores ao 13º salário. A medida causou 
forte atrito entre o governo e o setor industrial, que a partir de então entrou 
em rota de colisão com o presidente, apoiando sua deposição. Os jornais 
da época atestam o descontentamento dos industriais com o novo direito, 
utilizando como pretexto a hipótese de que o 13º salário causaria inflação, 
o que não ocorreu.
No período do regime militar (1964–1985), no qual cinco generais ocuparam 
o poder, houve investimento em grandes obras de infraestrutura, como a 
ponte Rio–Niterói e a inconclusa rodovia Transamazônica. O objetivo dessas 
obras era facilitar o escoamento da produção e incrementar os transportes, 
trazendo desenvolvimento para o País. Outra medida importante na redução 
das desigualdades no período foi a criação do Movimento Brasileiro de Alfa-
betização (Mobral), em 1968, como parte dos esforços para a diminuição do 
analfabetismo no País, que atingia espantosos 40% da população brasileira.
Além disso, o regime militar investiu em novas formas de energia e com-
bustível — por exemplo, com a criação de usinas de energia nuclear, como 
Angra 1, no Rio de Janeiro, e a utilização do álcool etanol para veículos, em 
função da crise do petróleo na década de 1970. Porém, a política econômica 
adotada pelos militares acabou gerando forte inflação, que se tornaria um 
dos principais problemas herdados pelos primeiros presidentes do período 
da redemocratização, ocorrida a partir de 1985. Assim, a época do fim da 
ditadura militar e da retomada da democracia é marcada por sucessivos 
planos econômicos, como você pode ver no Quadro 1, a seguir.
Identidade cultural, território e desigualdades sociais 17
Quadro 1. Planos econômicos dos anos 1980 e 1990
Plano Data Objetivos
Plano Cruzado Fevereiro de 1986 Congelamento de preços para 
conter a inflação.
Plano Cruzado II Novembro de 1986 Manutenção do congelamento de 
preços e implantação do gatilho 
salarial, que corrigiria o valor do 
salário automaticamente caso a 
inflação ultrapassasse os 20% ao 
mês.
Plano Bresser Junho de 1987 Novamente, controle da inflação.
Plano Verão Janeiro de 1989 Controle da inflação; criação de 
uma nova moeda atrelada ao dólar: 
cruzado novo.
Plano Collor Março de 1990 Controle da inflação e programa de 
privatizações.
Plano Collor II Janeiro de 1991 Controle da inflação, obtido por 
curto período de tempo, até maio 
de 1991.
Plano Real Julho de 1994 Controle da hiperinflação e criação 
de nova moeda atrelada ao dólar, 
o real. Foi o único plano a obter 
sucesso, controlando a inflação 
e promovendo crescimento 
econômico. Além disso, promoveu 
privatizaçõesem massa.
Fonte: Adaptado de Bielshowski (2007).
A partir do governo de Fernando Henrique Cardoso (1994–2002), houve 
maior preocupação com a diminuição da desigualdade social. Foram criados 
políticas e programas específicos para isso, como o Bolsa-Escola, desen-
volvido pelo então ministro da Educação Cristóvão Buarque. O programa 
vinculava-se à ideia de transferência de renda, buscando atacar a dispari-
dade entre os mais ricos e os mais pobres. Contudo, sua administração foi 
fortemente marcada pela ideologia neoliberal, com a abertura do mercado 
externo e privatizações recorrentes, bem como com o aumento das taxas de 
desemprego (CARDOSO, 2019).
Identidade cultural, território e desigualdades sociais18
Na sequência, no governo Lula (2003–2010), as políticas sociais se in-
tensificaram com a criação do programa Fome Zero (posteriormente Bolsa 
Família), que, além de transferir renda, promovia a permanência das crianças 
pobres na escola. No campo educacional, foi criado o Programa Universidade 
Para Todos (Prouni), que possibilitou o acesso à universidade a milhões de 
estudantes de baixa renda. No governo Dilma Rousseff (2011–2016), foi criado 
o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma tentativa de desenvol-
vimento econômico inspirada no nacional-desenvolvimentismo da década 
de 1950. Lula e Dilma afastaram-se em certa medida do modelo neoliberal 
em vigor, promovendo uma maior participação do Estado na economia e no 
combate à desigualdade social (SADER, 2015).
Como panorama geral, é válido mencionar que em nenhum dos planos 
ocorreu combate efetivo ao analfabetismo, aprimoramento da qualidade da 
educação e efetiva qualificação, com promoção do emprego e melhora na 
qualidade de vida. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), nem metade da população brasileira possui ensino médio 
completo (COSTA, 2018).
Neste capítulo, você viu como os conceitos de identidade cultural, 
território e pertencimento se inter-relacionam. O sujeito inserido 
em determinada cultura possui uma identidade própria da sociedade da qual 
faz parte, relacionando-se de maneira significativa com o território ao qual se 
julga pertencente.
Além disso, você conheceu as principais transformações que o mundo glo-
balizado produz na identidade cultural, já que a ideia de território se expande, 
surgindo conceitos como multiterritorialidade e desterritorialização. Por fim, 
você conheceu as relações profundas que existem entre a histórica questão 
da desigualdade social brasileira e os planos e políticas econômicas adotadas 
pelo País ao longo do tempo.
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Leituras recomendadas
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críticas. Petrópolis: Vozes, 2015. 
RIBEIRO, J. L. B.; BARBOSA, C. A. S. Política e identidade cultural na América Latina. São 
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SAQUET, M. A. Por Uma Geografia das Territorialidades e das Temporalidades. Rio de 
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Identidade cultural, território e desigualdades sociais 21
DICA DO PROFESSOR
O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman foi um dos mais importantes pensadores do 
século XX a refletir sobre a condição pós-moderna. Em seus estudos, ganham destaques as 
relações de identidades nacionais, culturais e globalização, no âmbito do que ele chamou de 
modernidade líquida.
Para Bauman, um dos principais conceitos para se compreender a pós-modernidade é o 
deslocamento. De acordo com ele, a globalização promove um mal-estar que causa desconforto 
e até mesmo desespero no ser humano, que, assim, sente-se deslocado em toda parte.
Nesta Dica do Professor, você irá conhecer um pouco melhor sobre o pensamento de Zygmunt 
Bauman sobre essas questões e sobre a fluidez da identidade cultural nos dias atuais. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Assim como outros fenômenos percebidos na esfera humana, a questão da identidade 
também possui a sua própria história. Ao longo do tempo, os estudos identitários e a 
identidade cultural em si sofreram transformações consideráveis. De acordo com 
Hall (2006), ao processo atual, em que o ser humano deixou de ser encarado como 
portador de uma identidade fixa e unificada, dá-se o nome de crise da identidade.
Considerando esse quadro geral, qual(is) característica(s) social(is) contemporânea(s) 
mais impacta(m) os processos de formação das identidades culturais atualmente?
A) A busca consciente por novas identidades mais modernas.
B) As mudanças cada vez mais aceleradas das sociedades atuais.
C) A expressão de uma sociedade decadente e nociva.
D) O legado do passado cada vez mais presente no dia a dia.
E) O entendimento de que tudo aquilo que vem do passado é ruim.
2) Existe uma associação entre identidade cultural e identidade nacional, sendo comum 
ambas se confundirem em algumas sociedades. Isso ocorre pois, com o advento dos 
Estados-nações no final do século XVIII, a maior parte das pessoas vive inserida em 
culturas em que o nacionalismo ocupa papel central. Dessa forma, o indivíduo tende 
a assumir uma identidade nacional que se apresenta como portadora de aspectos 
eternos e a-históricos, quando, na verdade, é fruto de um contexto social e histórico 
determinado. Ocorre a ideia da “essência” de um povo, que teria sido a mesma desde 
sempre.
Nesse cenário, qual comportamento, em termos de identidade, pode ser associado a 
um indivíduo imerso em uma determinada sociedade?
A) A concepção de que as diferenças entre as nacionalidades são irrelevantes.
B) O temor de que a cultura de um país vizinho seja influenciada pela cultura de seu país.
C) A crença de que os valores e princípios de uma sociedade são dados da natureza.
D) A vontade de transformar sua cultura, considerada, em geral, inferior às outras.
E) A tomada de decisões com base em culturas estrangeiras, vistas como mais avançadas.
No âmbito dos estudos das identidades culturais, o conceito de pertencimento adquire 
centralidade. Por meio dele, o pesquisador adquire formas para uma maior 
compreensão do fenômeno da identidade cultural de forma geral. O pertencimento de 
um indivíduo pode se manifestar de diversas maneiras, seja por uma nação, um 
bairro ou outras localidades e contextos ao qual o indivíduo se insere. Dessa forma, 
entende-se que o sujeito, sentindo-se pertencente a um local ou comunidade, fará de 
3) 
tudo para cuidar bem daquele local que lhe é tão importante.
Portanto, que característica do local de pertencimento é o mais relevante para o 
indivíduo?
A) Ele funciona como se fosse uma continuação da própria vida do indivíduo.
B) O pertencimento manifesta-se exclusivamente por meio da economia.
C) O indíviduo entende-se pertencendo a um local quando se muda para este.
D) A exigência de comprovação documental de pertencimento.
E) O esforço para tornar-se pertencente a uma comunidade.
4) A globalização é um processo que tem influenciado diretamente as identidades 
culturais em todo o mundo. Ela as proporciona conflitos internos que seriam 
impossíveis até alguns séculos atrás, devido ao isolamento cultural de grande parte 
das civilizações. Existem algumas caraterísticas principais da influência da 
globalização sobre as identidades culturais, como a desintegração de antigos 
costumes oriunda da homogeneização cultural e a resistência das culturas locais 
frente ao avanço de culturas com pretensões hegemônicas.
Tendo em vista esse cenário, qual outra característica pode ser apontada nesse 
contexto?
A) A rigidez cultural.
B) O fim da cultura.
C) O fim do nacionalismo.
D) A formação de culturas híbridas.
E) A formação de culturas isoladas.
5) A desigualdade social brasileira é um problema histórico de longa duração. Dessa 
forma, é possível afirmar que se trata de uma questão estrutural, que remonta aos 
modelos de exploração colonial e à escravidão africana. Na era contemporânea, 
sobretudo a partir do início da República, o Brasil experimentou diversas políticas e 
planos econômicos visando a aprimorar as relações entre trabalho, capital e 
sociedade, com o objetivo equivalente de combater a desigualdade social. No período 
da redemocratização do país, após 1985, diversos planos econômicos foram 
elaborados e colocados em prática por mais de um governo. De maneira geral, além 
de apresentarem objetivos específicos, tinham como meta combater um problema 
crônico que assolava a economia do país.
Considerando essas questões, qual problema era o maior alvo dos planos econômicos 
executados a partir de meados de 1980?
A) Corrupção.
B) Analfabetismo.
C) Industrialização.
D) Desnutrição.
E) Inflação.
NA PRÁTICA
Trabalhar os conceitos de pertencimento e identidade cultural nem sempre é uma tarefa simples 
para os professores. No entanto, uma boa forma de abordar o tema é trazer elementos culturais 
significativos para os alunos, a partir de diálogos com os estudantes que auxiliem na definição 
do perfil cultural da turma. 
Nesse sentido, dois importantes objetivos poderão ser atingindos: em primeiro lugar, tornar o 
ensino mais significativo para os alunos, partindo de suas referências culturais; em segundo, 
porpor a reflexão acerca da realidade social na qual eles estão inseridos. 
Neste Na Prática, você conhecerá o caso da professora Adriana, que utilizou o rap para ensinar 
seus alunos sobre pertencimento e identidade cultural. 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Desigualdades urbanas e desigualdades sociais nas metrópoles brasileiras
Neste artigo, o objeto de análise são as desigualdades urbanas nas principais cidades brasileiras. 
A partir do estudo, é possível compreender de maneira mais ampla a desigualdade social no 
país.
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Contribuições gramscianas sobre raça, identidade cultural e velhice na perspectiva de 
Stuart Hall
No artigo a seguir, os autores apresentam reflexões do filósofo italiano Antonio Gramsci sobre o 
tema identidade cultural a partir da perspectiva de Stuart Hall, um dos mais importantes autores 
contemporâneos no campo.
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Identidade, pertencimento e engajamento político nas mídias sociais
A partir de uma abordagem interdisciplinar, os autores deste artigo analisam conceitos como 
identidade e pertencimento a partir da perspectiva do engajamento político das novas gerações, 
que se dá em grande parte por meio das mídias sociais.
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