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SÍNDROME DO EDIFÍCIO DOENTE Sistemas mecânicos III 1 DE OUTUBRO DE 2020 ELIEL ROCHA SATURNO 19107834 Síndrome do Edifício Doente Doenças e alergias relacionadas aos edifícios Edi f íc io doente – fenômeno urbano recorrente A po luição do ar é preocupante, pr inc ipa lmente nas grandes c idades, mas não temos ide ia de que o per igo também está dentro dos ed i f íc ios , comercia is pr inc ipa lmente, onde a c i rcu lação de pessoas é maior. Segundo a Organização Mundia l da Saúde – OMS, passamos 80 a 90% de nossas v idas em ambientes fechados, resp i rando em torno de 10 mi l l i t ros de ar por d ia . O pr imei ro caso de Doença Relac ionada a Edi f íc io – DRE foi repor tado em ju lho de 1976, em p leno verão amer icano, no centenár io Belevue Stra t ford Hotel , onde ocorr ia a convenção anual da Legião Amer icana de Veteranos da Guerra da Coré ia . Os par t ic ipantes – idosos e, por tanto , mais suscept íve is a doenças resp i ra tór ias , começa ram a passar mal durante o evento, in ic ia lmente com insuf ic iência resp i ra tór ia , num to ta l de 182 pessoas. http://www.ambientelegal.com.br/wp-content/uploads/edificio-doente.jpg Belevue Stra t ford Hote l A bactér ia causadora da doença era um organismo de d i f íc i l d iagnóst ico laborator ia l nas condições da época. Hoje se sabe que sobrevive na água dos dutos do ar condic ionado e dissemina -se pelo ar que é ina lado no ambiente – a bactér ia fo i chamada de Legionel la pneumophi la – “doença pu lmonar dos leg ionár ios” . A leg ionelose é uma in fecção mortal se não for t ra tada precocemente, também em pessoas jovens e sadias. O microrganismo estava presente no s is tema de ar condic ionado do hote l de luxo, que estava sem a dev ida manutenção das tubu lações de água e de ar . Foram 29 casos fa ta is em poucos d ias, mas pode ter s ido mais – 34, v is to que mui tos dos legionár ios vo l taram para suas casas e morreram d ias depois . No Brasi l em 1998, o ex -Minis t ro da Comunicação Sergio Mot ta, in ternado por prob lemas cardio lóg icos, no Hospi ta l A lber t E instein em São Paulo , morreu de insuf ic iênc ia respi ra tór ia por legione lose, o que levou o Minis tér io da Saúde a regu lamentar ambientes c l imat izados. Ambiente al tamente contro lado, onde o ar deve ser pur íss imo é necessár io em vár ias a t iv idades como preparação de medicamentos, na indústr ia de componentes e le t rôn icos, nos serv iços de saúde onde são rea l izados t ransp lantes de medula , entre o utros. E nós, c idadãos comuns, o que resp i ramos? Via de regra, es tamos expostos a gases po luentes, poei ra , fungos, bactér ias , a lgas, v í rus , pro tozoários e substânc ias químicas diversas. Mesmo ao ar l i v re essa mis tura estará presente, em graus diversos. Em termos microb iológicos a quant idade média ao ar l i v re é de 200 UFC (un idades formadoras de co lôn ia) . Em edi f íc ios se lados, com sis tema de c l imat ização, a qual idade do ar in ter ior necess i ta de cuidados especiais , no mínimo l impeza per iód ica dos s is temas f i l t rantes. Sergio Mot ta com equipamento de oxigênio O pr imei ro conjunto de regras vo l tado para garant i r a qua l idade do ar em ambientes c l imat izados fo i a Por tar ia 3 .523/98, do Minis tér io da Saúde, que estabelece uma ro t ina de procedimentos de l impeza em s is temas de re f r igeração de grande por te . A Resolução n. 9 da ANVISA e a norma técn ica NBR 16401 da ABNT, def inem o que é um ar de boa qual idade. A OMS também tra ta do tema e recomenda 500 UFC, ou seja , o dobro e meio a mais da concentração microbiológica normalmente encontrada ao ar l i v re . A Síndrome dos Edi f íc ios Doentes – SDE pode ser temporár ia em construções recentes na qual há mui to mater ia l par t i culado suspenso no ar e compostos volá te is , or iundos de co las e t in tas. Os habi tantes e v is i tantes sentem -se mal nesses loca is , mas sem s in tomas especí f i cos, sem re lac ionar a causa de sua doença ao ambiente onde t raba lham. Em edi f íc ios novos, depois de alguns meses da conclusão das obras, a tendênc ia é a melhora do ambiente. Porém, há s i tuações onde a SDE será de cunho permanente dev ido a erros de pro je to , fa l ta de manutenção do s is tema de c l imat ização ou uso de f i l t ros inadequados. O b io f i lme que se desenvolve nos dutos de ar condic ionado é formado pe la colonização e contaminação microb iana (bactér ias , fungos, v í rus , pro tozoár ios) e presença de insetos e an imais . O b io f i lme contr ibui para doenças d iversas e a té morte de pessoas mais sensíve is . Em 25% dos casos de SDE permanente as causas são dev idas aos fungos e produtos do metabol ismo bacter iano, como as endotox inas. Em 15%, poei ras, em 12%, bactér ias e nos demai s casos ba ixa ou a l ta umidade re la t iva ar , ex is tênc ia de formaldeído cancer ígeno (presente nos inset ic idas) , suspensão de f ib ras de v idro e outros. O per igo é a inda maior em ambientes de pequeno por te , com número maior de pessoas compart i lhando o mesmo esp aço, necess i tando, por tanto , de trocas de ar mais f requentes para d i lu i r essas substânc ias. Os s in tomas mais comuns de SDE são: i r r i tação de olhos, nar iz e garganta, fad iga menta l , dor de cabeça, in fecção das v ias aéreas, tosse , rouquidão, resp i ração ru id osa asmát ica, d i f i cu ldade em resp i rar , coce i ra e h ipersens ibi l idade não especi f i ca , dores ar t i culares e lacr imejamento. A exposição ao b ioaerosol (poe i ra com fungos e bactér ia) causam efe i tos mais graves, como r in i te , s inusi te , con junt iv i te , pneumonia, asm a, a lveo l i te , febre do umidi f i cador , aspergi lose broncopulmonar (doença grave em pac ientes hospi ta l i zados pe la rap idez com que se genera l iza, levando ao óbi to , com sin tomas parecidos ao da gr ipe) dermati tes de contato , eczemas, ur t i cár ia de contato e micot oxicoses. Pessoas submetidas a esses ambientes, mui tas vezes pensam ser a lérgicas ao t raba lho, mas na verdade estão conv ivendo em edi f íc ios doentes. Mas como resolver permanentemente isso, v is to a extensão desse prob lema? Não basta e l iminar os fumódromos s ob a força da le i . Prec isam ser ins ta lados f i l t ros de a l ta e f ic iência e prat icados método corre tos de h ig ienização de dutos nos s is temas de ar condic ionado, com subst i tu ições per iód icas programadas dos f i l t ros . Além d isso, o ponto de captação do ar ex ter io r para renovação do ar ambienta l in ter ior deve ser pos ic ionado corre tamente – não pode ser or ig inár io de um estac ionamento ou próximo do depós i to de l ixo do préd io , como é o caso de mui tos ed i f íc ios , inc lus ive os de al to padrão. A Coordenação de Vig i lânc ia em Saúde – COVISA, órgão da Secretar ia Munic ipa l de Saúde de São Paulo , rea l izou, em 2012, operação de v is tor ia em 40 shoppings. Constatou que apenas do is de les estavam adequados em termos de qual idade do ar . A equipe conta com apenas t rês pessoas para f i sca l izar todos os ed i f íc ios da c idade de São Paulo . Com uma equipe maior , as i r regular idades autuadas provavelmente ser iam a inda mais f requentes. A lém do t r ipé bás ico para manter saudáveis os ed i f íc ios – l impeza do s is tema de c l imat ização, f i l t ragem e reno vação do ar , ex istem outros cu idados a serem tomados, como o contro le de animais , como roedores, morcegos e pombos po is e les excretam fungos mui to per igosos. As fontes de água devem ser c loradas, porque favorecema formação de colôn ias de bactér ias e a pro l i fe ração de mosqui tos , inc lusive o da dengue. Vasos de p lantas em ambientes úmidos e escuros são propíc ios para a pro l i fe ração de fungos. DRE (Doenças Relac ionadas a Edi f íc ios) ocorrem por conta da fa l ta de manutenção dos dutos de ar condic ionado. S is temas de resf r iamento e umid i f i cação do ar – os vapor izadores, também merecem atenção e normas, v is to que as got ícu las de água vaporizada podem v i r carregadas de bactér ias e v í rus . Nos parques temáticos da Disney, por exemplo, se faz t ra tamento dos s istemas com ozônio ou luz u l t ravio le ta antes da água ser vapor izada sobre as pessoas para resf r iamento. Em v i r tude da complex idade dos s is temas de c l imat ização é obr igatór io que as empresas tenham seus p lanos de manutenção, or ientação e contro le da qual idade do ar em ambientes c l imat izados, com anotação de responsabi l idade técn ica de um engenhei ro mecânico e regist rada junto ao CREA (Conselho Regional de Engenhar ia e Arqui tetura) . Esse responsável técnico deve d isponibi l i zar re la tór ios de manutenção e laudos f ís ico, químico e microb io lóg ico sobre a qual idade do ar d isponíve l a qualquer momento. Nos hospi ta is , o contro le de r iscos re lac ionados ao ambient e é a inda mais impor tante . Pacientes imunocompromet idos (com câncer , A IDS, t ransp lantados e outras doenças de base) , ass im como aqueles com doenças in fecto -contag iosas prec isam de ambiente contro lado, com pressão d i ferenc iada, a lém da f i l t ração do ar . Na t roca dos s is temas http://www.ambientelegal.com.br/wp-content/uploads/ar-condicionado.jpg f i l t rantes, seja na comunidade ou nos serv iços de saúde são necessár ios cu idados especia is , po is o f i l t ro carrega uma in f in idade de po luentes e microrganismos. Os f i l t ros de ar or iundos de serv iços de saúde devem ser descar tados como resíduos in fectantes, seguindo ro t inas di ferenc iadas. Porém, há necess idade de contro le e f i scal ização das empresas de manutenção, se rea l izam corre tamente o descar te desses f i l t ros ou se há reuso deles. E fa l ta , também, moni toramento sobre o t re inamento dado aos func ionários para essa tare fa . Em tese, fazer só o que está na le i é insuf ic iente , tem -se que prop ic iar condições saudáveis para as pessoas que conv ivem por per íodos pro longados em ambientes conf inados. Quando 20% ou mais da população de um edi f íc io ap resenta queixas ou s in tomas, já é considerada como fa tor da doença, a Síndrome do Edi f íc io Doente. Até chegarmos nesse ponto de compromet imento in t r ínseco dos gestores e da equipe de manutenção com a qual idade do ar , serão necessár ias mais normas, processos c iv is , penais , t raba lh is tas e ampla divu lgação na mídia sobre as doenças re lac ionadas ao ambiente in terno. Além disso, a lgumas outras ações podem ajudar a prevenir o surgimento da síndrome do edif íc io doente: Manter sempre o ambiente l impo. Real izar per iod icamente o contro le da presença de VOC (Compostos Orgânicos Volá te is) dentro dos ambientes. Controlar a quant idade e a qual idade dos produtos de l impeza ut i l i zados. Aval iar os aspectos f ís icos do ambiente, como i luminação, presença de p lantas, c l imat ização etc . Possu i r um s is tema de ar ex terno com taxa de renovação de ar conforme as Normas da ABNT. Ev i tar o acúmulo de rev is tas, jo rnais , carpetes e tapetes. Referências http://www.ambientelegal.com.br/doencas-e-alergias-relacionadas-aos-edificios-a- sindrome-do-edificio-doente/ Acesso em 02/10/2020 http://www.protermica.com.br/blog/sindrome-do-edificio-doente/ Acesso em 02/10/2020 Para saber mais: Legislação h t tp : / /www.anvisa.gov.br / legis /por tar i as /3523_98.htm Tese – Qual idade do Ar em um aeroporto do Rio de Janeiro h t tp : / / teses. ic ic t . f iocruz.br /pdf /s i lvei ramgd.pdf http://www.ambientelegal.com.br/doencas-e-alergias-relacionadas-aos-edificios-a-sindrome-do-edificio-doente/ http://www.ambientelegal.com.br/doencas-e-alergias-relacionadas-aos-edificios-a-sindrome-do-edificio-doente/ http://www.protermica.com.br/blog/sindrome-do-edificio-doente/ http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/3523_98.htm http://teses.icict.fiocruz.br/pdf/silveiramgd.pdf