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Disforia de Genero

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OS CONFLITOS DO GÊNERO 
 
 
Introdução 
 
 Uma criança que nasce com o órgão reprodutor feminino, mas que se sente 
mais à vontade brincando de futebol na rua, ou um individuo que tem o órgão 
reprodutor masculino e está mais adepto a brincar de boneca do que carrinhos 
acaba se tornando um tabu dentro de sua própria casa. Seria um absurdo hoje 
falar que a transexualidade precisa de tratamento, mas precisa, não por ser 
tratada como uma doença, coisa que ela não é, a transexualidade precisa de 
tratamento hormonal e cirúrgico para que a pessoa fique de acordo com o gênero 
no qual se identifica. 
 Embora essa abordagem seja um pouco ultrapassada, por ser baseada no 
paradigma de existência de dois sexos, o feminino e o masculino, ou ainda na 
certeza de que o processo de transição deveria ser finalizado com a cirurgia de 
adequação sexual. Porém nos dias de hoje um novo esquema se impõe, 
baseado principalmente em um reconhecimento maior de identidade de gênero, 
logo um novo conceito de sexo não binário que conduz a uma maior diversidade 
de expressão da identidade de gênero. 
 Disforia, substantivo feminino definido como um estado caracterizado por 
ansiedade, depressão e inquietude segundo dicionários, está altamente ligada a 
saúde mental. Disforia de gênero por sua vez é caracterizado por identificação 
forte e persistente com o gênero oposto que está altamente associada a 
ansiedade, depressão e irritabilidade. 
 Até o ano de 2012 a transexualidade era tratada como um transtorno 
psiquiátrico, mesmo mudando a nomenclatura para uma forma menos 
patologizante e de ainda constar como DSM–Manual de Diagnostico e 
Estatísticas das Perturbações Mentais como disforia de gênero, o conceito de 
transexualidade já foi retirada do rol de transtornos mentais no novo Manual de 
Saúde. 
 Este trabalho tem como objetivo discorrer e buscar explicações do que a 
disforia de gênero se trata, como ela é identificada e possíveis tratamentos, 
assim como sintomas e problemas graves que podem ser causados por conta 
de um individuo se achar inferior ou até mesmo que foi vitima de um erro 
biológico, discutindo assim algumas particularidades do tema abordado visando 
sempre uma otimização da saúde mental de pessoas nessa condição. 
 
 
 
Disforia de Gênero 
 
 Disforia de gênero é definida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM-5) como um problema clínico caracterizado pela 
incongruência afetiva e cognitiva de um indivíduo com o sexo que lhe foi atribuído 
ao nascimento, com intensidade suficiente para produzir sofrimento clinicamente 
significativo, comprometendo o funcionamento social, profissional ou outras 
áreas relevantes de sua vida. (Heloisa Junqueira FleuryI , Carmita Helena Najjar 
AbdoII) 
 A disforia de gênero pode refletir sofrimentos psicológicos pelo fato de que 
experiências adversas que tem relação com a identidade de gênero podem 
resultar em expectativa de vitimização, ou rejeição futuras e como consequência 
trás consigo a transfobia internalizada. 
 A Sociedade Americana de Psiquiatria adota o termo disforia de gênero para 
designar a condição transexual e a define como a discordância entre a 
expressão do gênero inerente a pessoa e a anatomia do seu corpo, o que faz 
com a pessoa sinta-se estar em um corpo errado. Isso faz com que o individuo 
corra atrás de uma adequação física com o seu gênero para está em harmonia 
consigo, ele busca isso através de tratamentos hormonais e até mesmo 
procedimentos cirúrgicos. O transexual feminino se trata de uma pessoa que 
nasce no corpo masculino, mas se identifica com o gênero feminino, já o trans 
masculino, é aquele que nasce no corpo feminino, mas se identifica com o 
gênero masculino. 
 A teoria que é mais aceita hoje que tenta explicar a origem da disforia de 
gênero é a que defende que a identidade de gênero está associada a fenômenos 
neuroendrócnos, e ação dos esteroides sexuais. Por exemplo, quando ainda 
feto, a testosterona acaba masculinizando o cérebro, logo a deficiência desse 
hormônio durante a vida intrauterina resulta em desenvolvimento de fetos com 
cérebro feminino. Claro que após o nascimento a criança vai sofrendo a 
influência do ambiente onde ela vive e desenvolve o papel de gênero, ou seja, 
começa a ficar mais expressivo as características que refletem ao gênero no 
qual ela mais se identifica. A disforia de gênero é reconhecida como uma 
variação do gênero binário masculino/feminino e não configura em um estado 
patológico. 
 Se trata interinamente de uma desconexão entre o sexo com que a pessoa 
nasce e a sua identidade de gênero, a pessoa com disforia também pode sentir 
que não é do sexo masculino nem feminino, mas sim uma combinação de 
ambos. Assim, essas pessoas sentem-se aprisionadas em corpos que não 
consideram seus, manifestando assim sentimentos de angústia, sofrimento e 
rejeição. 
 Os sintomas são variados, em crianças por exemplo pode ocorrer de 
teimarem que são pertencentes ao sexo oposto, fingem que não são do mesmo 
sexo em várias situações, mostram sentimentos negativos em relação aos seus 
órgãos genitais ou até mesmo evitam brincadeiras com crianças do mesmo sexo. 
Entretanto algumas pessoas já percebem que tem essa disforia na fase adulta, 
homens por exemplo podem começar a se vestir de mulher, e só depois 
percebendo que tem disforia de gênero, no entanto não de pode nem deve ser 
confundido com travestismo. 
 Também na fase adulta, algumas pessoas podem casar ou fazer alguma 
atividade característica do gênero de nascença, para massacrar esse sentimento 
de desejo a pertencer a outro sexo. Os sintomas na fase adulta podem chegar 
de forma de depressão, comportamentos suicidas, e ansiedade por não se 
aceitar e por medo de não ser aceito por amigos e família. 
 O diagnóstico deve ser feito com um profissional, ou seja, um psicólogo, ele 
deve fazer uma avaliação baseada nos sintomas, geralmente esses tipos de 
avaliações ocorrem a partir dos seis anos de idade. O diagnóstico é confirmado 
em casos que as pessoas sentem a um certo período de tempo que seus órgãos 
genitais não são compatíveis com sua identidade de gênero, sentindo angústia 
profunda, perdendo vontade e motivação para realizar tarefas simples do dia-a-
dia por exemplo. 
 As maneiras de tratamento variam entre psicoterapia ou terapia hormonal. A 
psicoterapia que também é chamada de conversa ou só terapia, é um processo 
focado em ajudar pessoas a resolverem questões emocionais, em pessoas 
trans, o objetivo não é mudar o sentimento em relação a sua identidade de 
gênero, mas sim de lidar com o sofrimento causado pela angustia de se sentir 
num corpo que não é seu e até mesmo de se sentir aceito pela sociedade. A 
terapia hormonal por sua vez consiste em um tratamento que visa a mudança 
de aspectos físicos através de hormônios, sejam eles masculinos ou femininos, 
no Brasil esse tipo de terapia é proibido para menores de 16 anos, e cirurgias de 
mudança de sexo só após a maioridade. Esse tipo de terapia também deve ser 
acompanhado por um profissional de enfermagem ou um médico específico, e 
tem que contar com um acompanhamento psicológico também. 
 Não existe um critério bem definido que permite assegurar que certos 
comportamentos de crianças e adolescentes vão configurar no diagnostico de 
uma transexualidade, e também é muito precoce olhar para uma criança do sexo 
masculino, que, se comporte e se identifique com o sexo oposto, definir que na 
fase adulta essas características resultaram em um diagnostico de DG. 
 Vale ressaltar também que o apoio da família é fundamental. É no seio familiar 
que o paciente ou a paciente encontra um certo apoio em momentos difíceis, e 
é fundamental que nesse momento tão importante também estejam presentes, 
vale salientar que é de extrema necessidade que os familiares procurem 
entender do que se trata, para assim ter uma forma mais amorosa de lidar com 
esse problema e entenderdo um pouco do que se passa com esse individuo, 
nem sempre isso acontece, as vezes os laços de família criados ao longo da vida 
com pessoas estranhas e amigos são mais fortes e importantes do que os laços 
sanguíneos. 
 Bom, as necessidades de acompanhamento médico, cuidado da saúde 
mental e um profissional de enfermagem sempre por perto são essenciais para 
a adequação do corpo ao qual o gênero se identifica. Até lá, o trabalho 
psicoterapêutico é indispensável pois ele integra uma dimensão psicopedagoga, 
adaptação cognitiva, desenvolvimento de habilidades para resolver problemas 
além de regulação de afetos, que faz com que o paciente se aceite e passe a 
entender que o problema não está nele nem em seu corpo, que é uma pessoa 
normal como qualquer outra, digna principalmente de respeito. 
 
 
 
Conclusão 
 
 Uma competência clínica e cultural, bem como conhecimento das 
especificidades dos cuidados para assegurar uma abordagem eficiente e 
sensível às suas demandas é o que um individuo transgênero portador de 
disforia de gênero exige de um profissional de saúde. Por ter uma grande 
vulnerabilidade aos transtornos mentais por causa de um contexto social muitas 
vezes caracterizados por pré-conceitos, discriminação e até mesmo agressões 
físicas, necessitam de uma atenção diferenciada para facilitar sua expressão e 
um papel de gênero muito mais confortável. 
 Dessa maneira, neste trabalho ficou claro para mais, que a disforia de gênero 
se trata de uma doença não pelo fato de ser uma pessoa transexual, mas sim 
pelo fato de que essa pessoa não se aceita como é, seja por paradigmas, ou 
porque ela não quer ser diferente daquilo que ela sempre viveu e conheceu, sem 
duvida é um tipo de pré-conceito pelo novo. Acredito que investindo em uma 
coletividade de grupos multidisciplinares de saúde, essas pessoas terão um 
apelo maior para se cuidar, se tratar e não deixar com que esse tipo de distúrbio 
se transforme em uma doença mais grave levando até mesmo a morte, seja por 
suicídio ou pelo uso inadequado de medicações que prometem transforma-los 
no que se tanto deseja, a busca por um novo corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Humaniza - Téc. Enfermagem 
Gabriel Nunes Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
1. Disforia de gênero e transexualismo Por , MD, East Tennessee State University 
2. Aspectos da Transexualidade, febras. 
3. Atualidades em disforia de gênero, saúde mental e psicoterapia Heloisa Junqueira 
FleuryI , Carmita Helena Najjar AbdoII Programa de Estudos em Sexualidade 
(ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo 
4. O que é incongruência de gênero? – Dra. Aline Rangel 
5. O QUE É DISFORIA DE GÊNERO E COMO IDENTIFICAR - TUA SAÚDE 
6. Manual orienta pediatras em casos de “disforia de gênero” em crianças 
CAROLINA SAMORANO

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