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Transtorno de sexualidade

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Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
Disforia de gênero – Parafilias - Ejaculação 
1. Compreender a disforia/incongruência de gênero: 
➢ a) (LGBTQIA+): 
• L → Lésbicas: mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outras mulheres; 
• G → Gays: homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outros homens; 
• B → Bissexuais: homens e mulheres que sentem atração afetivo/sexual pelos gêneros masculino e feminino; 
• T → Transexuais: a transexualidade não se relaciona com a orientação sexual, mas se refere à identidade de gênero. 
Dessa forma, corresponde às pessoas que não se identificam com o gênero atribuído em seu nascimento. As travestis 
também são incluídas neste grupo. Porém, apesar de se identificarem com a identidade feminina constituem um 
terceiro gênero; 
• Q → Queer: Pessoas com o gênero 'Queer' são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso das 
drag queens. A teoria queer defende que a orientação sexual e identidade de gênero não são resultado da 
funcionalidade biológica, mas de uma construção social. 
• I → Intersexo: a pessoa intersexo está entre o feminino e o masculino. As suas combinações biológicas e 
desenvolvimento corporal (cromossomos, genitais, hormônios, etc). - não se enquadram na norma binária 
(masculino ou feminino). 
• A → Assexual: não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero. Existem diferentes níveis de 
assexualidade e é comum que estas pessoas não veem as relações sexuais humanas como prioridade. 
• + → utilizado para incluir outros grupos e variações de sexualidade e gênero. Aqui são incluídos os pansexuais, por 
exemplo, que sentem atração por outras pessoas, independente do gênero. 
• A importância da sigla: maior representação de um nº cada vez maior de pessoas pelo movimento e as suas pautas 
defendidas na sociedade. Cada letra representa um grupo de pessoas na sociedade que sofrem diferentes tipos de 
violência simplesmente pelo fato de não se adequarem aquilo que foi normatizado como s endo o normal na 
sociedade. 
 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
➢ b) Definições: 
• Identidade de gênero: 
o (OMS) → Experiência de gênero interna, profunda e pessoal de cada um, podendo ou não corresponder ao sexo 
de nascimento; existe dentro de um espectro, o que significa que compreende feminino, masculino e toda uma 
gama de variações e até de neutralidade entre ambos. 
o (SBP) → É uma categoria da identidade social e refere-se à autoidentificação de um indivíduo como mulher ou 
homem ou a alguma categoria diferente do masculino ou feminino. É a experiência emocional, psíquica e social 
de uma pessoa em relação ao gênero e que pode não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento. 
o (DSM-5) → conceito fluido, que engloba sentimentos sobre o corpo, sobre os papéis sociais relacionados, 
identificação de gênero e sexualidade, abrindo espaço para identidades alternativas que não se restringem ao 
estereótipo binário homem-mulher. 
o Orientação afetivo-sexual: está relacionada ao desejo sexual e/ou afetivo por pessoas do mesmo gênero 
(homossexualidade), do gênero oposto (heterossexualidade), por ambos os gêneros (bissexualidade), por 
ambos os gêneros incluindo as possibilidades não binárias de gênero (panssexualidade) ou ausência de atração 
sexual e/ou afetiva (assexualidade). 
o Transgêneros/transexuais: pessoas cujas identidades de gênero não correspondem aos sexos biológicos 
atribuídos ao nascimento. Trata-se de um fenômeno heterogêneo que pode ganhar diferentes coloridos de 
acordo com a realidade psíquica, social e cultural de cada um. 
o (CID-10) → Transexualismo: entidade nosológica pertencente aos transtornos de identidade de gênero 
(codificada como F64, F64.2 (crianças) ou F64.9 (adolescentes)). 
• Orientação sexual: é a capacidade de cada pessoa de ter uma profunda atração emocional, afetiva e/ou sexual por 
indivíduos de gênero diferente, do mesmo gênero ou de mais de um gênero, incluindo, portanto, a 
homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade. 
• (DSM-5, APA) → DISFORIA DE GÊNERO: Desconforto ou sofrimento causados pela incongruência entre o gênero 
atribuído ao nascimento e o gênero experimentado pelo indivíduo. 
 
➢ c) Epidemiologia: 
• A prevalência não é bem conhecida devido a fatores culturais, metodológicos e, a partir de 2013, pela mudança do 
termo “transtorno de identidade de gênero”, do DSM-4 para “disforia de gênero”, no DSM-5. 
• Para indivíduos masculinos que se identificam femininos, a prevalência varia de 1:11.900 a 1:45.000; 
• Para femininos que se identificam masculinos de 1:30.400 a 1:200.000. 
• A proporção entre meninos e meninas é 2:1 a 4,5:1 na infância e 1:1 a 6,1:1 na adolescência. 
 
➢ d) Etiologia/Fatores de risco: 
• A experiência de gênero resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos, hormonais , sociais, psíquicos, 
cognitivos e relacionais. 
• Alguns estudos de neuroimagem têm demonstrado que adolescentes com disforia de gênero possuem características 
estruturais e funcionais semelhantes compatíveis com o sexo por eles desejado, mas outros trabalhos não 
reproduziram esses achados. 
• Diversos autores encontraram evidências, estudando gêmeos monozigóticos e genes envolvidos na gênese de 
esteroides sexuais e a enzima aromatase, além de questões ligadas aos receptores para andrógenos e estrogênios. 
• Também parece existir certa correlação entre influência hormonal pré-natal e o neuro-desenvolvimento cortical. 
• John Money, pioneiro no estudo da identidade de gênero, valorizava fortemente a maneira como a criança era 
educada pelos pais, porém observou que há outros fatores envolvidos como no caso que acompanhou de um menino 
que teve seu pênis acidentalmente mutilado. Embora tenha sido criado como menina, na adolescência, revelou que 
nunca havia se identificado como tal. 
• Sexualidade: é definida por uma ordem discursiva que não é dada naturalmente, mas por dispositivos políticos e 
sociais que regulam o comportamento de modo heteronormativo e têm como base a coerência entre sexo biológico, 
gênero e desejo/prática sexual. 
• Nessa dinâmica, o ato de repetir ou subverter normas pré-definidas abre espaço para que o sujeito construa novas 
formas de estar no mundo, podendo provocar efeitos políticos no contexto social. 
 
• Fatores de risco: 
o Temperamentais: 
▪ Para indivíduos com disforia de gênero sem um transtorno do desenvolvimento sexual, o comportamento 
de gênero atípico entre pessoas com disforia de gênero de início precoce se desenvolve logo no início da 
idade pré-escolar. 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
▪ É também possível que um grau elevado de atipicidade torne o desenvolvimento de disforia de gênero, 
assim como sua persistência na adolescência e na vida adulta, mais provável. 
o Ambientais: 
▪ Entre indivíduos com disforia de gênero sem um transtorno do desenvolvimento sexual, é mais comum 
que homens com disforia de gênero (na infância e na adolescência) tenham irmãos mais velhos do que 
homens sem a condição. 
▪ Fatores predisponentes adicionais que estão sendo avaliados, especialmente em indivíduos com disforia 
de gênero de início tardio (adolescência, vida adulta), incluem a transformação do travestismo fetichista 
habitual em autoginecofilia (excitação sexual associada ao pensamento/à imagem de si mesmo como 
uma mulher) e outras formas mais gerais de problemas sociais, psicológicos ou do desenvolvimento. 
o Genéticos e fisiológicos: 
▪ Evidências de familiaridade (fraca) de transexualismo entre irmãos não gêmeos, concordância aumentada 
para transexualismo em gêmeos monozigóticos em comparação com gêmeos dizigóticos do mesmo sexo, 
em indivíduos com disforia de gênero sem um transtorno do desenvolvimento sexual, suge rem alguma 
contribuição genética e algum grau de herdabilidadedo transtorno. 
▪ No que diz respeito aos achados endócrinos, não foram encontradas anormalidades endógenas sistêmicas 
nos níveis dos hormônios sexuais em indivíduos 46, XY, enquanto parecem ocorrer níveis aumentados de 
andrógenos (na faixa encontrada em mulheres hirsutas, porém muito abaixo dos níveis masculinos 
normais) em indivíduos 46, XX. 
▪ As evidências atuais são insuficientes para rotular disforia de gênero sem um transtorno do 
desenvolvimento sexual como uma forma de intersexualidade limitada ao SNC. 
 
➢ e) Quadro clínico: 
• As crianças podem expressar a certeza de serem do sexo oposto ou não estar feliz com suas características sexuais, 
preferindo roupas, brinquedos, jogos e brincadeiras culturalmente ligados ao outro sexo. 
• O grau dessa inconformidade pode ser de leve a intensa, associada ou não a distúrbios de internalização como 
ansiedade, depressão e isolamento social. 
• O estigma social relacionado à disforia de gênero pode ser um dos fatores causais que gera discriminação a essa 
minoria de pessoas, com sofrimento significativo. 
• Nos (as) adolescentes, a inconformidade com o sexo biológico, evidenciada com as mudanças corporais da 
puberdade, pode desencadear problemas psicossociais. 
• Dependendo do grau da incongruência e da forma como ela é socialmente acolhida, o quadro pode estar associado 
a algumas manifestações como ansiedade, depressão, tentativa de suicídio, automutilação e isolamento social. 
• Esses sintomas podem se constituir como transtornos psiquiátricos maiores, que influenciam negativamente o 
prognóstico, por isso a importância de identificar o início destas alterações e solicitar o acompanhamento 
pisicológico/psiquiátrico conjunto. 
• Os transtornos de humor, transtornos de personalidade, uso e abuso de drogas e ansiedade são mais frequentes 
entre sujeitos com o diagnóstico de disforia de gênero, quando comparados com a população geral. 
• O comportamento suicida também é maior, independentemente da presença de qualquer comorbidade psiquiát rica. 
• O risco, no entanto, aumenta ainda mais quando há associação com depressão, ansiedade, us o indevido de 
substâncias e fatores sociais como rejeição e discriminação dos pais. 
• Sempre lembrar que o estigma social associado, nomeado como “estresse das minorias”, repercute negativamente 
na qualidade de vida e saúde mental dos sujeitos 
 
➢ f) Diagnóstico 
• Diagnóstico delicado → Acompanhamento interdisciplinar: pediatra, endocrinologista, psicólogo, psiquiatra, 
assistente social, cirurgiões e enfermeiros na avaliação e acompanhamento destes pacientes. Outros profissionais 
como educadores e fonoaudiólogos também têm importante papel. 
• De forma geral, os critérios norteadores baseiam-se no DSM-5, onde se considera um período mínimo de 6 meses 
de incongruência acentuada, com preenchimento de 6 de 8 critérios para as crianças (Tabela 1) e no mínimo 2 de 
6 critérios para os adolescentes (Tabela 2): 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
 
 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
➢ g) Diagnóstico Diferencial: 
• Não conformidade com os papéis do gênero: 
o A disforia de gênero deve ser diferenciada da não conformidade simples com o comportamento estereotípico 
do papel do gênero pelo desejo intenso de pertencer a gênero diferente do designado e pela extensão e 
onipresença de atividades e interesses variantes de gênero. 
o O objetivo do diagnóstico não é simplesmente descrever a não conformidade em relação ao comportamento 
estereotípico do papel do gênero (ex: meninas com jeito de moleque, meninos com trejeitos femininos, 
travestismo ocasional em homens adultos). 
o Considerando o nível elevado de abertura de expressões atípicas de gênero usadas pelos indivíduos em toda a 
faixa do espectro transgênero, é importante que o diagnóstico clínico se restrinja àqueles indivíduos cujo 
sofrimento e prejuízo preencham os critérios especificados. 
• Transtorno transvéstico: 
o Ocorre em homens (raramente em mulheres) adolescentes e adultos heterossexuais (ou bissexuais) para os 
quais o comportamento de travestismo (cross-dressing) produz excitação sexual e causa sofrimento e/ou 
prejuízos sem colocar em discussão seu gênero primário. 
o Ocasionalmente, esse transtorno é acompanhado de disforia de gênero. 
o Um indivíduo com o transtorno transvéstico que também tem disforia de gênero clinicamente significativa pode 
receber os dois diagnósticos. 
o Em muitos casos de disforia de gênero de início tardio em indivíduos ginecofílicos do sexo masculino ao 
nascimento, o comportamento transvéstico com excitação sexual é um precursor. 
• Transtorno dismórfico corporal: 
o O foco principal de um indivíduo com transtorno dismórfico corporal é a alteração ou remoção de uma parte 
específica do corpo pelo fato de ela ser percebida como anormalmente formada, e não por representar o 
repúdio ao gênero designado. 
o Nos casos em que a apresentação de um indivíduo atende aos critérios tanto para disforia de gênero quanto 
para transtorno dismórfico corporal, ambos os diagnósticos podem ser dados. 
o Indivíduos com desejo de amputar um membro saudável (denominado por alguns de transtorno de identidade 
da integridade corporal) porque isso os faz sentir-se mais “completos” geralmente não desejam alterar seu 
gênero, mas viver como amputados ou inválidos. 
• Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos: 
o Na esquizofrenia, pode haver raramente o delírio de pertencer ao outro gênero. 
o Na ausência de sintomas psicóticos, a insistência de um indivíduo com disforia de gênero de que ele ou ela é do 
outro gênero não é considerada um delírio. 
o Esquizofrenia (ou outros transtornos psicóticos) e disforia de gênero podem ocorrer concomitantemente. 
• Outras apresentações clínicas: 
o Alguns indivíduos com desejo de emasculinização que desenvolvem uma identidade de gênero alternativa, nem 
homem nem mulher, têm realmente uma apresentação que preenche os critérios de disforia de gênero. 
o No entanto, alguns homens procuram castração e/ou penectomia por razões estéticas ou para remover os 
efeitos psicológicos de andrógenos sem alterar a identidade masculina; esses casos não preenchem os critérios 
de disforia de gênero. 
 
➢ h) Conduta: 
• A equipe multidisciplinar como deve ser obrigatória no acompanhamento destes pacientes, diante da vastidão e da 
complexidade da problemática da intersexualidade, estimulando reflexões éticas, por isso a necessidade sempre do 
acompanhamento a longo prazo e enfatizando que o pediatra não deve orientar sozinho nenhuma das condutas e 
sempre recorrer à equipe multidisciplinar. 
• Até um passado recente, a abordagem médica para mudar as características referentes ao sexo atribuído ao 
nascimento não teve sucesso, sendo considerada antiética. 
• A avaliação clínica inicial deve privilegiar o sujeito, acolhendo-o de forma empática e integralizada. 
• Um acompanhamento individualizado e contínuo é indispensável nestes casos e o pediatra tem um papel 
fundamental de aconselhamento e encaminhamento para o acompanhamento psicológico do adolescente e seus 
familiares. 
• Deve-se identificar se o indivíduo preenche os critérios diagnósticos, se apresenta interesse em realizar intervenções 
clínicas ou cirúrgicas para mudança de gênero no futuro, avaliar o suporte social (sobretudo para o paciente e a 
família), assim como os aspectos relacionados à saúde mental. 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
• Terapia hormonal e a cirurgia: que podem vir a ser necessárias em alguns casos, só devem ser orientadas em 
centros de referência após um período prolongado de acompanhamento psicológico/psiquiátrico e têm indicações 
precisas devido aos vários problemas sociais e de comportamento enfrentados por estes pacientes. 
• Há alguns relatos de taxas de satisfação de 87% dos pacientes MtF (indivíduoscom sexo biológico masculino e 
identidade de gênero feminina) e 97% os pacientes FtM (indivíduos com sexo biológico feminino e identidade de 
gênero masculina). A insatisfação pode acontecer, sendo de 1-1,5% dos pacientes MtF e menor de 1% dos FtM. 
• Frente a casos de desconforto com o sexo biológico, os profissionais de saúde têm a responsabilidade de ouvir, 
orientar e auxiliar na tomada de decisões. Alguns pacientes procuram apenas a terapia hormonal. 
• Por isso, a cirurgia de redesignação sexual é geralmente adiada até o paciente ter atingido uma transição satisfatória 
de papel social, após tratamento hormonal e liberação pela equipe de saúde mental após acompanhamento 
prolongado. 
• O protocolo da World Professional Association for Transgender Health (WPATH) prioriza a aceitação de gêneros variantes e a 
construção de um suporte social para saúde e bem-estar para reduzir o estresse desses pacientes e suas famílias. 
• Opções de tratamento, enfatizando-se que sempre o tratamento psicológico/psiquiátrico precisa ser realizado de 
modo prolongado; a equipe multidisciplinar em centros de referência é indispensável para abordar a complexidade 
da situação: 
o Tratamento psicoterápico: 
▪ Indicada para que a criança e o(a) adolescente estejam confortáveis com a evolução da sua sexualidade 
com melhora da ansiedade e para que se desenvolva um autoconceito positivo. 
▪ A psicoterapia (individual, casal, família ou grupo) deve ter o foco na identidade de gênero, preconceito, 
apoio social, imagem corporal, promoção da resiliência e suporte para lidar com os sintomas psíquicos 
associados ao quadro. Sugere- se que ela seja realizada antes e após a cirurgia, mantendo o seguimento até 
a vida adulta. 
▪ Um tratamento com orientação psicanalítica tem seu lugar, considerando que se trata de uma questão 
sobre a existência e o lugar que cada um ocupa ou não um desejo, que vai muito além de promover uma 
adaptação. 
▪ Um pediatra que tem essa orientação ética, pautada na singularidade do caso, na construção da relação 
médico/paciente, pode ser de grande valor para esses pacientes, indicando a atenção psicológica mantida 
durante a adolescência. 
▪ Os adolescentes e suas famílias devem receber suporte na expressão da sua identidade sexual, sequência 
de mudanças no papel de gênero e transição social. Por ex, o indivíduo pode frequentar a escola com 
transição social parcial (usar roupas e um penteado que reflete a identidade de gênero) ou completa 
(utilizar também um nome e pronomes congruentes com a identidade de gênero). 
▪ Outras questões incluem: o momento para informar aos outros a identidade real e a postura perante à 
reação alheia, modificações do corpo, pois, para alguns, a cirurgia pode ser essencial. 
o Orientações sobre alterações na expressão de gênero e assistência social: 
▪ Terapia da voz e de comunicação para desenvolver habilidade de comunicação verbal e não-verbal; 
▪ Depilação por eletrólise, a laser ou com cera; 
▪ Utilização de faixas peitorais/coletes ou enchimentos de mamas, ocultação genital ou próteses peniana ou 
de mama, enchimento dos quadris e glúteos; 
▪ Mudanças de nome e sexo nos documentos de identidade; 
▪ Recursos, grupos ou organizações comunitárias de apoio entre pares, pessoal ou online que forneçam vias 
de apoio social e promoção de direitos; 
▪ Recursos de apoio para as famílias e amigos/as, pessoal ou online. 
o Tratamento hormonal: 
▪ Só pode ser realizado por endocrinologista com experiência na área, em conjunto com a equipe 
multidisciplinar, pois são muitos os efeitos colaterais significativos e devem ser explicitados claramente aos 
pacientes e familiares. 
▪ Idealmente estas intervenções devem ser adiadas até que de fato haja uma opinião consistente da equipe 
de um centro de referência para que sejam iniciadas. 
▪ Não cabe ao pediatra orientar este tratamento hormonal. 
▪ Os critérios para intervenção hormonal compreendem: 
✓ O(A) adolescente demonstra um padrão duradouro e intenso de não conformidade de gênero ou 
disforia de gênero (seja velada ou expressa); 
✓ A disforia de gênero surgiu ou piorou com o início da puberdade; 
✓ O(A) adolescente tem condições biopsicossociais para manter o tratamento → avaliar riscos 
associados: 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
 
✓ O(A) adolescente/pais ou responsáveis assinaram o consentimento médico informado do tratamento. 
O pediatra não deve prescrever tais medicamentos. 
 
▪ As intervenções reversíveis ou parcialmente reversíveis podem ser realizadas no Brasil conforme parecer 
do Conselho Federal de Medicina nº 8/2013. 
▪ O tratamento hormonal é dividido em 2 etapas: 
✓ Supressão puberal (intervenção totalmente reversível): 
 Indicada para que o(a) adolescente possa ter tempo para explorar sua identidade sexual, 
reduzindo as preocupações com as alterações corporais induzidas pe la puberdade, além de dar 
tempo aos pais para se familiarizarem e entenderem essa nova situação. 
 Antes de ser iniciada é importante avaliar se a não conformidade de gênero é persistente ou está 
se acentuando com o surgimento das características sexuais indesejadas. 
 Também devem ser considerados outros fatores como: suporte psicológico permanente, 
entendimento das mudanças físicas e dos riscos da terapia e assinatura do termo de 
consentimento e assentimento informado pelos pais e/ou pelo adolescente. 
 É iniciada pelo menos no estágio 2 de desenvolvimento e maturação puberal, segundo os critérios 
estabelecidos por Tanner, independente da idade cronológica, com o objetivo de suprimir a 
produção dos esteroides sexuais e consequentemente, retardar as mudanças fís icas do início da 
puberdade (alterações da voz, aumento da massa muscular e pelos faciais no sexo masculino; e 
desenvolvimento mamário e menstruação no sexo feminino). 
 A importância em se aguardar o estágio 2 consiste na possibilidade de permitir ao adolescente 
que experimente a puberdade de acordo com o seu sexo natal e no fato de que, para melhores 
resultados funcionais no caso de cirurgias como a construção de neovagina, é ideal um ganho de 
comprimento prévio do falo. Entretanto, alguns indivíduos só iniciam a supressão puberal mais 
tarde, nos estágios 3-4 de Tanner. 
 Nessa fase, a terapia hormonal ainda é capaz de regredir algumas características sexuais, impedir 
a progressão puberal e cessar menstruações e ereções. 
 Quando a terapia de supressão hormonal é iniciada no final da puberdade, estágio 5 de Tanner, 
as características sexuais já são irremediavelmente bem estabelecidas. 
 A supressão do desenvolvimento e maturação puberal pode ser mantida por alguns anos, até o 
momento em que se define a terapia de reafirmação, quando então se modifica a terapia para 
um regime de reposição de hormônio feminilizante ou masculinizante. 
 A supressão puberal não leva inevitavelmente à transição social ou à alteração de identidade. 
 A mudança de um estágio para outro deverá ocorrer após a assimilação plena dos efeitos das 
intervenções anteriores pelo adolescente e seus pais. 
 Os medicamentos usados para supressão puberal são: 
– Agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina (aGnRH) são os medicamentos de 
escolha: agem diminuindo a secreção hipofisária do LH e FSH, reduzindo a secreção de 
testosterona e estrógenos. Essa supressão, com duração média de 2 anos, é totalmente 
reversível com retorno do desenvolvimento puberal após a suspensão do agonista do GnRH. 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
Apesar de reversível, o uso de análogos de GnRH pode trazer prejuízos na manutenção da 
fertilidade pela dificuldade de produção de óvulos. 
– Medroxiprogesterona: tratamento alternativo, indicado quando da indisponibilidade do 
aGnRH. Atua reduzindo a produção de gonadotrofinas e inibindo a secreção de esteroides 
sexuais nas gônadas, em indivíduos do sexo masculino ou feminino. 
– Acetato de ciproterona,espironolactona e finasterida: antiandrogênicos, indicados para 
diminuir os efeitos androgênicos em indivíduos do sexo masculino que deseja se afirmar como 
do sexo feminino. 
 
✓ Hormonioterapia para reafirmação da identidade de gênero (intervenções parcialmente reversíveis): 
 Incluem a terapia hormonal para masculinizar ou feminilizar o corpo (cross-sex hormonal therapy) 
de acordo com a identidade de gênero escolhida pelo indivíduo. 
 Adolescentes elegíveis para iniciar a terapia hormonal devem ter o consentimento dos pais, 
sincronizada com a equipe. 
 Algumas mudanças induzidas por hormônios necessitam de cirurgia reconstrutiva para reverter o 
efeito (ginecomastia causada por estrógenos), enquanto outras são irreversíveis (voz grave 
causada pela testosterona). 
 Antes de prescrever esses hormônios é fundamental avaliar os riscos e complicações a eles 
associados. 
 Para o adolescente genotipicamente masculino (mulher-trans) que irá repor estrógeno, deve-se 
avaliar e monitorar: risco elevado de trombose venosa profunda, hiperprolactinemia, disfunção 
hepática grave, hipertensão arterial, diminuição da libido e tumores estrógeno-sensíveis. 
 Para o adolescente genotipicamente feminino (homem-trans) que irá repor testosterona, deve-
se avaliar e monitorar: dislipdemia, policitemia, aumento de enzimas hepáticas, acne e alopecia 
androgenética. 
 Os hormônios utilizados para reafirmação de gênero são: 
– Estrógenos: usados para desenvolver características feminilizantes (ex: desenvolvimento de 
mamas, voz mais aguda, diminuição de pelos corporais de padrão masculino). 
– Testosterona: usada para desenvolver características masculinizantes (aumento do clitóris, 
voz grave, aumento de massa muscular, pelos faciais). 
 
 Efeitos e o tempo esperado da ação do tratamento hormonal: 
 
Tutoria | Problema 05 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
• SEGUIMENTO: 
o As pessoas em não conformidade com o gênero precisam de cuidados de saúde primária e específica ao longo 
de suas vidas para evitar e tratar os efeitos secundários negativos da gonadectomia em uma idade relativamente 
jovem e/ ou recebimento a longo prazo de terapia hormonal em altas doses. 
o Alguns pacientes com fatores de risco cardiovasculares, osteoporose e alguns tipos de câncer (mama, colo do 
útero, ovário, útero e próstata) precisam de triagem periódica e acompanhamento médico durante sua vida 
adulta. 
o O rastreio sistemático do câncer de órgãos que estão associadas com a atividade sexual pode representar 
desafios médicos e psicossociais, os quais deverão ser ponderados conforme o caso. 
o Supertriagem resulta em maior custo de cuidados de saúde, altas taxas de falsos positivos com exposição muitas 
vezes desnecessárias à radiação e/ou intervenções diagnósticas, tais como biópsias. 
o Subtriagem resulta em atraso no diagnóstico de câncer potencialmente tratável. 
o Atendimento ginecológico é necessário para pacientes FtM, principalmente os que não realizaram cirurgia 
genital e para os MtF após a cirurgia genital, além do aconselhamento pós-operatório sobre cuidados 
urogenitais, os médicos de atenção primária e ginecologistas também deve estar familiarizados com essa 
população. 
o Todos os pacientes devem receber orientações sobre higiene genital, sexualidade e prevenção de doenças 
sexualmente transmissíveis; aqueles com cirurgia genital também devem ser orientados sobre a necessidade de 
dilatação vaginal regular ou relação sexual com penetração, a fim de manter a profundidade e largura vaginais. 
o Devido à anatomia da pelve masculina, o eixo e as dimensões das neovaginas diferem substancialmente de uma 
vagina biológica. 
o Esta diferença anatômica pode afetar a relação sexual se não for entendido pelos pacientes MtF e seus 
parceiros. 
o Infecções do trato urinário inferior ocorrem com frequência em pacientes MtF com reconstrução da uretra. 
o Poderão ter distúrbios funcionais do trato urinário inferior decorrentes de dano do SN autônomo. 
o Na maioria dos pacientes FtM que não fazem vaginectomia (colpectomia) e tomam hormônios masculinizantes, 
alterações atróficas da mucosa vaginal podem ser observadas, gerando desconforto. 
o O exame ginecológico pode ser tanto físico como emocionalmente doloroso, mas a falta de tratamento pode 
agravar seriamente a situação. 
o O acompanhamento psicoterápico/psiquiátrico deve ser prolongado e sistematizado junto à equipe 
multidisciplinar, pois os transtornos de comportamento são bastante frequentes nestes indivíduos assim como 
o risco de suicídio. 
 
• Tratamento cirúrgico (irreversível): 
o Só deve ser cogitado após a maioridade, é indicado para mudar características primárias e/ou secundárias do 
sexo (mamas, tórax ou órgãos genitais externos e internos, características faciais, voz, contorno corporal) e está 
apresentado nessa tabela, enfatizando-se uma série de complicações e apenas deverá ser realizado em centros 
de referência: 
 
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o Nos serviços internacionais, geralmente iniciam-se cirurgias como a mastectomia a partir dos 16 anos e a 
transgenitalização é postergada para a maioridade. 
o No Brasil, as cirurgias podem ser realizadas pelo SUS somente a partir dos 21 anos de idade, nos serviços 
especializados e de referência. 
o A equipe de saúde mental deve auxiliar sempre no preparo emocional do paciente com expectativas claras e 
realistas, após ter vivenciado 12 meses congruentes no gênero desejado e o termo de consentimento assinado. 
o Opções reprodutivas devem ser exploradas antes de se submeter à cirurgia genital, como o armazenamento de 
células reprodutivas. 
o A intervenção cirúrgica para reafirmação de gênero pode ser iniciada por um ou dois procedimentos, a partir da 
declaração de dois profissionais de saúde mental qualificados que forneçam a documentação da história pessoal 
e tratamento, evolução clínica, elegibilidade e compartilhamento com o cirurgião da responsabilidade ética e 
legal para essa decisão. 
 
• SEGUIMENTO: 
o A regulamentação do CFM para a população adulta com disforia de gênero (ou incongruência de gênero) iniciou 
em 1997. 
o Instituído pelas Portarias nº 1.707 e nº 457 de agosto de 2008 e ampliado pela Portaria nº 2.803, de 19 de 
novembro de 2013, o Processo Transexualizador realizado pelo SUS garante o atendimento integral de saúde a 
pessoas trans, incluindo acolhimento e acesso com respeito aos serviços do SUS, desde o uso do nome social, 
passando pelo acesso à hormonioterapia, até a cirurgia de adequação do corpo biológico à identidade de gênero 
e social, como cirurgias reafirmação sexual (mudança de sexo); de mastectomia (retirada de mama); plástica 
mamária reconstrutiva (incluindo próteses de silicone) e; cirurgia de tireoplastia (troca de timbre de voz). 
o Além disso, no campo ambulatorial, inclui-se terapia hormonal e acompanhamento dos usuários em consultas 
e no pré e pós-operatório. 
o Entre 2008 e 2016, ao todo, foram realizados 349 procedimentos hospitalares e 13.863 procedimentos 
ambulatoriais relacionados ao processo transexualizador. 
o Em 2009, o MS garantiu que o nome social de travestis e transexuais fosse garantido na Carta de Usuários do 
SUS, reconhecendo a legitimidade da identidade desses grupos e promovendo maior acesso à rede pública. 
o Desde 2015, a ficha de notificação de casos de violência, preenchidas em unidades de saúde, consta a orientação 
sexual e a identidade de gênero. 
o Para ambos os gêneros, a idade mínima para procedimentos ambulatoriais é de 18 anos. 
o Esses procedimentos incluem acompanhamento multiprofissional e hormonioterapia. 
o Para procedimentos cirúrgicos, a idade mínima é de 21 anos. 
o Após a cirurgia, deve ser realizado um ano de acompanhamento pós-cirúrgico. 
o O SUS conta com serviços habilitados pelo Ministério da Saúde no processo transexualizador que realizam 
atendimento ambulatorial e hospitalar:▪ Hospital das Clínicas/Universidade Federal de Pernambuco – Recife (PE)* 
o O SUS também conta com 4 serviços habilitados pelo MS no processo transexualizador que realizam 
atendimento ambulatorial. 
o Existem na rede de saúde pública serviços ambulatoriais, criados por iniciativa estadual, destinados ao 
atendimento de travestis e transexuais no Processo Transexualizador. 
o Ainda não há posicionamento específico e objetivo do CFM em relação ao acompanhamento de crianças e 
adolescentes com incongruência de gênero, além do Parecer nº 8/2013. 
o No Brasil, não existe uma legislação que regulamenta a retificação do prenome, sexo e imagem nos documentos 
pessoais. 
o Dessa forma, os indivíduos precisam recorrer à justiça, ficando à mercê da burocracia, interpretações e 
exigências de cada juiz. 
o A solicitação de laudos psiquiátricos e psicológicos é frequente. 
o Algumas vezes, é exigido um novo laudo produzido por perito designado pela Justiça com objetivo de confirmar 
o diagnóstico. 
o Embora não haja qualquer determinação de que o sujeito deva estar engajado no processo transexualizador, 
existe certa tradição no judiciário de conceder parecer favorável especialmente para aqueles que passaram pelo 
processo cirúrgico. 
o Esse fato desconsidera certa parcela dos sujeitos com disforia de gênero que opta por não se submeter às 
intervenções médicas. 
 
✓ Conceitos importantes: 
• Binarismo de gênero: Postula que as pessoas são exclusivamente homens ou exclusivamente mulheres (ou somente masculino e ou somente 
feminino), consequentemente nega e oprime toda a multidiversidade de gênero que existe no mundo. 
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• Gênero fluido: Não tem uma identidade de gênero fixa, transitando entre os gêneros. 
• Cisgênero: Pessoa cuja identidade de gênero se identifica com o sexo biológico, aquele atribuído no nascimento baseado na genitália externa: 
pênis (homem), vagina (mulher). 
• Transgênero: Assim como transexual, o termo se refere às pessoas que não se identificam com o gênero atribuído a elas no nascimento. De acordo 
com os especialistas, é a palavra universal de identificação para pessoas “trans” e também não está necessariamente ligada à cirurgia de 
redesignação sexual. 
• Sexo biológico: Conjunto de informações cromossômicas, órgãos genitais, capacidades reprodutivas e características fisiológicas secundárias que 
diferenciam machos e fêmeas. 
• Mulher Trans: Nasceu em um corpo dito masculino, mas se identifica com o gênero feminino. 
• Homem Trans: Nasceu em um corpo dito feminino, mas se identifica com o gênero masculino. 
• Pansexual: Indivíduo que tem atração sexual por pessoas de todos os sexos e de todos os gêneros. 
• Travesti: É uma expressão de gênero que difere daquela que foi designada à pessoa no nascimento. O indivíduo assume, portanto, um papel de 
gênero diferente daquele imposto pela sociedade. Na maioria de suas expressões, manifesta-se em pessoas designadas do sexo masculino no 
nascimento, mas que objetivam a construção do feminino, podendo incluir ou não procedimentos estéticos e cirúrgicos. A categoria travesti é 
mais antiga que a categoria transexual, por isso é mais utilizada, no entanto, é marcada pelo preconceito, já que o sentido empregado é, em grande 
parte das vezes, pejorativo. 
• Trans não-binário/gêneros não-binários: São as identidades de gênero de pessoas trans que não são uma simples mulher OU um homem, ou seja: 
são gêneros que não são exclusivamente, totalmente e sempre femininos e também não são exclusivamente, totalmente e sempre masculinos. 
• Transfobia: Palavra criada para representar a rejeição e/ou aversão a indivíduos não conformes em sua apresentação ou identidade às concepções 
convencionais de gênero. A expressão está mais relacionada às ações políticas diferenciadas do movimento LGBTQIA+. 
• Andrógino: Refere-se à expressão simultânea de gêneros. É comum que a pessoa andrógina se vista com roupas consideradas unissex e use cortes 
de cabelo e acessórios que dificultem a identificação de um gênero específico. Essa categoria não está associada à orientação sexual. 
• Nome social: É o nome pelo qual pessoas preferem ser chamadas cotidianamente, em contraste com o nome oficialmente registrado que não 
reflete sua identidade de gênero. 
• Cross-dresser: é uma expressão de gênero; gostam de usar roupas ou acessórios relativos ao gênero oposto ao do seu nascimento, na maioria das 
vezes não em tempo integral, e não há identificação pessoal com o gênero oposto. Pode estar associado ou não a situações de fetiche. 
 
2. Compreender os principais Transtornos Parafílicos (pedofilia*; sadomasoquismo; fetichismo*; ninfomania): 
➢ a) Definições: 
➢ Na parafilia, os interesses sexuais de uma pessoa são direcionados principalmente para objetos em vez de para pessoas, 
para atos sexuais em geral não associados com coito ou para coito realizado sob circunstâncias bizarras. 
➢ TRANSTORNO PARAFÍLICO (TP): é um comportamento sexual que causa possível dano a outra pessoa. (Compêndio) 
• Exibicionismo (exposição dos genitais); Voyeurismo (assistir a atos sexuais); Frotteurismo (esfregar-se contra outra 
pessoa); Pedofilia (atração sexual por crianças); Masoquismo sexual (receber dor); Sadismo sexual (infligir dor); 
Fetichismo (excitação por um objeto inanimado); Travestismo (vestir-se com roupas do sexo oposto). (DSM-5 → cada 
um com critérios diagnósticos explícitos em razão de sua ameaça aos outros e/ou porque são parafilias bastante comuns; 
porém existem muitas outras que podem ser diagnosticadas.) 
• Parafilias/perversões: estímulos/atos sexuais que apresentam desvios dos comportamentos sexuais normais, mas que 
são necessários para que algumas pessoas experimentem excitação e orgasmo. 
• (DSM-5) Transtorno parafílico: casos em que uma fantasia ou um impulso sexualmente desviante foi expresso de modo 
comportamental. Indivíduos com interesses parafílicos podem experimentar prazer sexual, mas são inibidos na resposta 
a estímulos normalmente considerados eróticos. 
• A sexualidade da pessoa parafílica está sobretudo restrita a estímulos ou atos desviantes específicos. 
• As pessoas que experimentam ocasionalmente comportamento parafílico (ex: episódio infrequente de dominação ou 
vestir fantasias), mas são capazes de responder a estímulos eróticos mais típicos, não são vistas como tendo transtornos 
parafílicos. 
• Podem variar de um comportamento quase normal até um comportamento destrutivo ou doloroso para a pessoa, para 
a pessoa e o parceiro e até um comportamento considerado destrutivo ou ameaçador à comunidade em geral. 
• Uma parafilia é clinicamente significativa se a pessoa atuou essas fantasias ou se essas fantasias causam sofrimento 
acentuado ou dificuldades interpessoais ou problemas relacionados ao trabalho, mas quando a fantasia não foi atuada, 
o termo “transtorno parafílico” não deve ser aplicado. 
• Nas parafilias já listadas, com exceção da pedofilia, são acrescentados os especificadores “em ambiente protegido” 
(quando a fantasia não pode ser facilmente atuada devido a circunstâncias como estar em uma instituição) ou “em 
remissão completa” (quando o paciente não atuou as fantasias por 5 anos e não ocorreu prejuízo no funcionamento 
interpessoal/profissional em um ambiente não protegido por 5 anos). 
• Uma fantasia especial, com seus componentes inconscientes e conscientes, é o elemento patognomônico da parafilia, 
sendo excitação sexual e orgasmo fenômenos associados que reforçam a fantasia/impulso. 
• A influência dessas fantasias e suas manifestações comportamentais frequentemente se estendem além da esfera 
sexual para invadir a vida das pessoas. 
• Principais funções do comportamento sexual humano: auxiliar nos vínculos, criar prazer mútuo em cooperação com 
um parceiro, expressar e estimular o amor entre duas pessoas e procriar. 
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• Os transtornos parafílicos implicam comportamentos divergentes, uma vez que esses atos envolvam agressão, 
vitimização e unilateralidade. Os comportamentos excluem/prejudicam outras pessoas e perturbam as ligações 
potenciais entre as pessoas. Além do mais, os scripts sexuais parafílicos com frequência servem a outras funções 
psíquicas vitais. Eles podem aliviar a ansiedade, refrear agressão ou estabilizar a identidade . 
 
➢ b) Epidemiologia: 
• Praticadas por apenas uma pequena porcentagem da população, mas a natureza insistente e repetitiva do transtorno 
resulta em uma alta frequência desses atos, logo uma grande proporção da população tem sido vitimizada por pessoas 
com TP. 
• Foi sugerido que a prevalência de parafilias seja significativamente mais alta do que o nº de casos diagnosticados em 
instituições de clínica geral, com base no grande mercado comercial da parafernália pornográfica parafílica. 
• Não se sabe como muitos dos consumidores desse material atuam as fantasias parafílicas ou não conseguem responder 
aos estímulos eróticos típicos. 
• PEDOFILIA: 
o Entre os casos identificados legalmente de TP, a pedofilia é o mais comum; 
o De todas as crianças, 10-20% foram molestadas até os 18 anos de idade; 
o Como uma criança é o objeto, o ato é levado mais a sério e é feito maior esforço para monitorar o criminoso do 
que em outros TP; 
o Pessoas com exibicionismo que se exibem publicamente para crianças pequenas também costumam ser presas. 
• VOUYEURISMO: 
o Podem ser presas, mas seu risco não é grande. 
o Das mulheres adultas, 20% foram alvo de pessoas com exibicionismo/voyeurismo. 
• MASOQUISMO e SADISMO SEXUAL: 
o Estão sub-representados em todas as estimativas de prevalência. 
o O sadismo sexual em geral chama atenção apenas em casos sensacionalistas de estupro, brutalidade e 
assassinato por luxúria. 
• FETICHISMO: são envolvidas pelo sistema legal. 
• TRAVESTISMO: 
o Podem ser presos algumas vezes por perturbação da paz ou outros delitos se forem obviamente homens 
vestidos com roupas de mulheres, mas a prisão é mais comum entre aqueles com transtornos de identidade de 
gênero. 
• ZOOFILIA: como um verdadeiro TP é rara. 
 
• Parecem ser, em grande parte, condições masculinas. O fetichismo quase sempre ocorre em homens. 
• Mais de 50% de todas as parafilias têm seu início antes dos 18 anos. 
• Pacientes com parafilia frequentemente têm 3 das 5 parafilias, seja de forma concomitante, seja em momentos 
diferentes. 
• Auge do comportamento parafílico: entre 15 e 25 anos e declina de maneira gradual. 
• O DSM-5 sugere que a designação de parafilia seja reservada para aqueles que estão acima de 18 anos para evitar 
patologizar a curiosidade sexual normal e a experimentação ocasional na adolescência. 
• Em homens com mais de 50 anos, atos parafílicos criminosos são raros; aqueles que ocorrem são praticados 
isoladamente e com um parceiro cooperativo. 
 
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➢ c) Etiologia/Fatores de risco: 
• Fatores psicossociais: 
o Modelo psicanalítico clássico (Freud): as pessoas com parafilia não conseguiram completar o processo normal do 
desenvolvimento em direção ao ajustamento sexual, mas o modelo foi modificado por novas abordagens 
psicanalíticas. O que distingue uma parafilia de outra é o método escolhido por uma pessoa (em geral homem) 
para lidar com a ansiedade causada pela ameaça de castração pelo pai e a separação da mãe. Embora sua 
manifestação seja bizarra, o comportamento resultante possibilita uma saída para os impulsos sexuais e 
agressivos que de outra forma teriam sido canalizados para o comportamento sexual normal. A falha na resolução 
da crise edípica pela identificação com o pai agressor (para os meninos) ou a mãe agressora (para as meninas) 
resulta na identificação imprópria com o sexo oposto ou uma escolha imprópria do objeto para catexia libidinal. 
▪ Transexualismo e fetiche transvéstico: são transtornos, porque cada um envolve identificação com o 
genitor do sexo oposto em vez de com o genitor do mesmo sexo; ex: acredita-se que um homem que se 
vista com roupas de mulher se identifique com sua mãe. 
▪ Exibicionismo e voyeurismo podem ser tentativas de acalmar a ansiedade de castração, porque a reação 
da vítima ou a excitação do voyeur reassegura à pessoa parafílica que o pênis está intacto. 
▪ Fetichismo: é uma tentativa de evitar a ansiedade deslocando os impulsos libidinais para objetos 
inapropriados; ex: uma pessoa com um fetiche por sapatos nega inconscientemente que as mulheres 
perderam seus pênis por meio da castração, vinculando a libido a um objeto fálico, o sapato, que simboliza 
o pênis feminino. 
▪ Pedofilia e sadismo sexual: têm necessidade de dominar e controlar suas vítimas para compensar seus 
sentimentos de impotência durante a crise edípica. Escolher uma criança como objeto de amor pode ser 
um ato narcisista. 
▪ Masoquismo sexual: superam seu medo de lesão e seu sentimento de impotência mostrando que são 
refratárias a danos. Outra teoria propõe que o masoquista dirige a agressão inerente a todas as parafilias 
para si mesmo. 
 
o Embora desenvolvimentos recentes em psicanálise coloquem mais ênfase no tratamento dos mecanismos de 
defesa do que em traumas edípicos, a terapia psicanalítica para pacientes com parafilia permanece coerente 
com a teoria de Sigmund Freud. 
o Outras teorias atribuem a evolução de uma parafilia a experiências precoces que condicionam ou socializam as 
crianças para cometerem um ato parafílico: 
▪ A primeira experiência sexual compartilhada pode ser importante nesse aspecto. 
▪ Ser molestada quando criança pode predispor uma pessoa a aceitar o abuso continuado quando adulto 
ou, de maneira inversa, se tornar uma abusadora de outras pessoas. 
▪ Experiências precoces de abuso que não são especificamente sexuais, como agressão, enemas ou 
humilhação verbal, podem ser sexualizadas por uma criança e formar a base para uma parafilia. 
▪ Tais experiências podem resultar no desenvolvimento de uma criança erotizada. 
▪ EX: Um homem de 34 anos buscou tratamento com uma queixa principal de transtorno erétil. Ele frequentemente não 
conseguia obter ereção suficiente para o coito com sua esposa. O problema desaparecia sempre que ela estava disposta a 
realizar sua fantasia de submissão, amarrando-o com cordas, um cenário que ele desejava intensamente. O paciente explicou 
que se sentia livre para ser sexual quando estava amarrado porque isso o reassegurava de que podia se movimentar de forma 
vigorosa sem machucar a mulher. Além disso, trouxe uma história de ter sido amarrado “de brincadeira” quando era criança 
por uma babá, que, então, lhe fazia cócegas até que ele lhe implorasse para parar. 
o O começo de um TP pode resultar de pessoas usando como modelo para seu comportamento a conduta de 
outras pessoas que realizaram atos parafílicos, da simulação de comportamento sexual representado na mídia 
ou relembrando eventos do passado carregados emocionalmente, como ter sido molestado. 
o Fantasiar interesses parafílicos começa em idade precoce, e, como as fantasias e os pensamentos pessoais não 
são compartilhados com os outros (que poderiam bloqueá-los ou desencorajá-los), o uso e o mau uso de 
fantasias e impulsos 
o Parafílicos continuam inibidos até mais tarde na vida. Só então as pessoas começam a perceber que tais 
interesses e impulsos parafílicos são incompatíveis com as normas sociais. 
o Nesse momento, o uso repetitivo dessas fantasias tornou-se arraigado, e os pensamentos e comportamentos 
sexuais já se associaram ou ficaram condicionados às fantasias parafílicas. 
• Fatores biológicos: 
o Achados orgânicos positivos em pessoas com parafilias: 
▪ 74% com níveis hormonais anormais, 27% com sinais neurológicos acentuados ou leves, 24% com 
anormalidades cromossômicas, 9% com convulsões, 9% com dislexia, 4% com EEG anormal, 4% com 
transtornos mentais importantese 4% com deficiência mental. Essas anormalidades estão causalmente 
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relacionadas a interesses parafílicos ou são achados incidentais que não têm relevância para o 
desenvolvimento de parafilia? 
▪ Testes psicofisiológicos foram criados para medir o tamanho volumétrico do pênis em resposta a 
estímulos parafílicos e não parafílicos. 
▪ Os procedimentos podem ser de utilidade no diagnóstico e no tratamento, mas são de validade 
diagnóstica questionável, porque alguns homens são capazes de suprimir sua resposta erétil. 
 
➢ d) Diagnóstico e Quadro clínico: 
• (DSM-5): os critérios para TP requerem que o paciente tenha vivenciado excitação intensa e recorrente com sua fantasia 
desviante por pelo menos 6 meses e tenha atuado o impulso parafílico. 
• A presença de fantasia parafílica, no entanto, ainda pode causar sofrimento a um paciente, mesmo que não tenha 
havido qualquer elaboração comportamental. 
• A fantasia que causa sofrimento contém material sexual incomum relativamente fixo e apresenta apenas pequenas 
variações. 
• A excitação e o orgasmo dependem da elaboração mental, senão da encenação comportamental da fantasia. 
• A atividade sexual é ritualizada ou estereotipada e faz uso de objetos degradados, desvalorizados ou desumanizados. 
• EXIBICIONISMO: 
o É o impulso recorrente de expor os próprios genitais a um estranho ou a uma pessoa que não espera o fato. 
o A excitação sexual ocorre como antecipação da exposição, e o orgasmo é provocado pela masturbação durante 
ou após o evento. 
o São homens que se expõem a mulheres (quase 100% dos casos). 
o A dinâmica dos homens com exibicionismo é afirmar sua masculinidade mostrando seu pênis e observando as 
reações das vítimas – susto, surpresa e aversão. 
o Nesse TP, os homens inconscientemente se sentem castrados e impotentes. 
o As esposas de homens com exibicionismo com frequência substituem as mães a quem os homens eram 
apegados em excesso durante a infância ou, ao contrário, por quem eram rejeitados. 
o Em outras parafilias relacionadas, os temas centrais envolvem derivativos de olhar ou mostrar. 
o Ex: Um profissional abusador de substância afinal conseguiu atingir a sobriedade aos 33 anos de idade. Ao alcançar essa 
conquista, conheceu uma mulher e se casou, começou a trabalhar regularmente pela primeira vez na vida e conseguiu 
engravidar a esposa. Sua atividade sexual preferida tinha sido a masturbação em locais semipúblicos. O paciente tinha um 
forte sentimento de que sua mãe sempre o achara inadequado, não gostava de passar um tempo com ele e constantemente 
fazia comparações negativas entre ele e seu irmão mais moço “mimado”. Ele recordava de várias vezes em que seu pai 
tentava explicar a antipatia de sua mãe: “É uma daquelas coisas, filho: a sua mãe não parece gostar de você.” Sem o abuso 
de substância, ele abandonou seu exibicionismo, mas logo desenvolveu incapacidade sexual com sua esposa e se tornou 
“viciado” em sexo por telefone. 
o Os especificadores acrescentados ao transtorno exibicionista no DSM-5 diferenciam entre excitação pela 
exposição dos genitais a crianças pré-púberes, a indivíduos fisicamente maduros ou a ambos, crianças pré-
púberes e indivíduos fisicamente maduros. 
 
• FETICHISMO/TRANSTORNO FETICHISTA: 
o O foco sexual é em objetos (ex: sapatos, luvas, calcinhas e meias*) que estão intimamente associados ao corpo 
humano ou a partes não genitais do corpo. 
o (DSM-5) aplica o diagnóstico de transtorno fetichista ao parcialismo e vincula os seguintes especificadores desse 
transtorno: parte(s) do corpo; objetos inanimados; outros. 
o O fetiche particular usado está associado a alguém intimamente envolvido com o paciente durante a infância e 
tem uma qualidade associada a essa pessoa amada, necessária ou até mesmo traumatizante. 
o O transtorno se inicia na adolescência, embora o fetiche possa ter-se estabelecido na infância. Depois de 
instituído, o transtorno tende a ser crônico. 
o A atividade sexual pode ser voltada para o fetiche em si (ex: masturbação com ou dentro de um sapato) ou o 
fetiche pode ser incorporado à relação sexual (ex: a exigência de que sejam usados sapatos de salto alto). 
o O transtorno é encontrado quase exclusivamente em homens. 
o Freud: o fetiche serve como um símbolo do falo para pessoas com medo inconsciente de castração. 
o Estudos apontam que o objeto esteja associado à estimulação sexual em estágio precoce. 
o Ex: Um homem de 50 anos começou tratamento com a queixa principal de transtorno erétil que ocorria sobretudo com sua esposa. Ele 
estava sofrendo de uma depressão moderada relacionada a seus problemas conjugais e a problemas nos negócios. Não tinha problemas 
eréteis com mulheres que procurava em bares ou com quem marcava encontros nos bares. Os bares eram seu local preferido, em parte 
porque o fumo tinha sido proibido em outras áreas públicas em sua cidade, e o ato de uma mulher fumando um cigarro era necessário 
para sua excitação sexual. Sua história familiar incluía uma mãe alcoolista e um pai emocionalmente abusivo que era um fumante 
inveterado. Nas viagens de carro da família, o pai fumava com todas as janelas do carro levantadas. Se o paciente reclamasse de sentir 
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náuseas, o pai lhe dizia “cale a boca”. Recordava que se se sentia muito atraído por uma professora da escola dominical que fumava 
quando ele tinha 6 anos de idade. Fumou pela primeira vez quando tinha 13 anos se escondendo furtivamente atrás da casa. Seu primeiro 
cigarro foi roubado de um maço que estava sobre a mesa de cabeceira de sua mãe. 
 
• FROTTEURISMO: 
o Costuma ser caracterizado por um homem esfregando seu pênis contra as nádegas ou outras partes de uma 
mulher totalmente vestida para que atinja o orgasmo. 
o Pode usar as mãos para tocar em uma vítima que não consentiu. 
o Os atos em geral ocorrem em locais cheios, em particular no metrô ou em ônibus. 
o São extremamente passivas e isoladas, e essa é com frequência sua única fonte de gratificação sexual. 
o A expressão da agressão nessa parafilia está bem clara. 
 
• PEDOFILIA: 
o Envolve impulsos sexuais recorrentes, ou excitação, direcionados para crianças até 13 anos de idade, por um 
período de pelo menos 6 meses. 
o As pessoas com pedofilia têm pelo menos 16 anos e são pelo menos 5 anos mais velhas do que as vítimas. 
o Quando um perpetrador no fim da adolescência está envolvido em relacionamento sexual continuado com uma 
criança de 12 ou 13 anos, o diagnóstico não se justifica. 
o A maioria dos molestamentos de crianças envolve carícias genitais ou sexo oral. 
o A penetração vaginal ou anal de crianças ocorre com pouca frequência, exceto em casos de incesto. 
o Embora a maior parte das crianças vítimas que vêm a público seja de meninas, esse achado parece ser produto 
do processo de encaminhamento. 
o Os agressores relatam que, quando tocam uma criança, a maioria (60%) das vítimas é de meninos. Essa cifra 
contrasta muito com as cifras da vitimização de crianças sem toque, como espiar pela janela e exibicionismo; 
99% de todos esses casos são perpetrados contra meninas. 
o O DSM-5 acrescenta os seguintes especificadores a um diagnóstico de transtorno pedofílico: atração sexual por 
indivíduos do sexo masculino; atração sexual por indivíduos do sexo feminino; ou atração sexual por ambos. 
o Das pessoas com pedofilia, 95% são heterossexuais, e 50% haviam consumido álcool em excesso no momento 
do incidente. 
o Além de sua pedofilia, um nº significativo dos perpetradores está concomitantemente ou esteve previamente 
envolvido em exibicionismo, voyeurismo ou estupro. 
o O incesto está relacionado à pedofilia pela escolha frequente de uma criança imatura como objeto sexual, pelo 
elemento sutil ou explícito da coerção e, ocasionalmente, pela natureza preferencial da ligação adulto-criança.o Ex: Um homem casado de 62 anos havia trabalhado como professor do 4º ano durante 26 anos antes de ser transferido para distritos 
escolares e, por fim, vários anos depois, perder misteriosamente seu segundo emprego. Foi encaminhado para ajuda depois que sua 
família descobriu que havia acariciado repetidas vezes os genitais das suas netas de 4 e 6 anos. Pai de 5 filhos, que não mantinha relações 
sexuais com sua esposa havia 30 anos, depois de contestar de forma categórica por ela fumar cigarros, ele era generoso, prestativo e 
cooperativo com os filhos e netas. Intelectualmente lento, ele preferia histórias em quadrinhos e tinha uma maneira encantadora de 
brincar com crianças pequenas “como se fosse uma delas”. Segundo suas estimativas, ele havia tocado as nádegas e genitais de pelo 
menos 300 alunas, pensando apenas que elas não sabiam o que ele estava fazendo porque estava sendo afetivo e elas eram muito jovens 
para perceber o que estava acontecendo. Ele adorava a antecipação e a excitação de seu comportamento. Sua carreira como professor 
foi encerrada quando os pais se queixaram para o diretor. O diretor descobriu que aquele novo professor tinha sido transferido, não 
demitido, de seu antigo emprego pela mesma razão. O paciente havia tentado tocar a própria filha de 12 anos, que raivosamente o 
avisou para ficar longe dela, mas ele também tinha conseguido tocar as amigas dela e as filhas de seu melhor amigo quando elas se 
aproximaram da puberdade. 
 
• MASOQUISMO SEXUAL: 
o (DSM-5) masoquistas têm uma preocupação recorrente com impulsos e fantasias sexuais envolvendo o ato de 
serem humilhadas, espancadas, amarradas ou submetidas a sofrimento. 
o Especificador acrescentado a esse diagnóstico é “com asfixiofilia”/asfixia autoerótica: prática de atingir ou 
aumentar a excitação sexual por meio da restrição da respiração. 
o As práticas sexuais masoquistas são mais comuns entre homens do que entre mulheres. 
o Freud acreditava que resultava de fantasias destrutivas voltadas contra si. 
o Em alguns casos, as pessoas só conseguem se permitir experimentar sentimentos sexuais quando ocorre 
punição pelos sentimentos. 
o Tiveram experiências na infância que as convenceram de que a dor é um pré-requisito para o prazer sexual. 
o ≅ 30% também têm fantasias sádicas. 
o O masoquismo moral envolve a necessidade de sofrer, mas não é acompanhado de fantasias sexuais. 
o Ex: Uma mulher de 27 anos apresentou-se para entrevista com o diretor de um curso para que havia se candidatado e o qual estava 
ansiosa para cursar. Ela apareceu na entrevista na companhia de um homem que apresentou ao diretor dizendo: “Este é o meu amante”. 
Quando questionada sobre esse comportamento incomum durante a entrevista, a candidata disse que seu companheiro havia ordenado 
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que ela o trouxesse e fizesse aquela apresentação. Ela explicou, ainda, que fazia parte de um grupo que utilizava técnicas 
sadomasoquistas em seus jogos sexuais. 
 
• SADISMO SEXUAL: 
o (DSM-5) Excitação sexual recorrente e intensa ocasionada pelo sofrimento físico e psicológico de outra pessoa. 
o O indivíduo deve vivenciar esses sentimentos por pelo menos 6 meses e deve ter colocado em prática as 
fantasias sádicas para receber um diagnóstico de transtorno de sadismo sexual. 
o As pessoas que negam elaboração comportamental de suas fantasias parafílicas e que dizem não sofrer de 
angústia ou dificuldades interpessoais ou sociais como consequência de suas parafilias são designadas com 
interesse identificado por sadismo sexual. 
o O início do transtorno costuma ser antes dos 18 anos, e a maioria dos sadistas é do sexo masculino. 
o Freud: defesa contra o medo de castração; esses indivíduos fazem às outras pessoas aquilo que temem que lhes 
aconteça e obtêm prazer com a expressão de seus instintos agressivos. 
o O sadismo sexual está relacionado ao estupro, embora o estupro seja mais adequadamente considerado uma 
expressão de poder. 
o Alguns estupradores sádicos matam suas vítimas depois de fazerem sexo (assassinatos por luxúria) e 
normalmente têm esquizofrenia subjacente. 
o John Money acredita que os assassinos por luxúria sofram de transtorno dissociativo e talvez tenham uma 
história de trauma encefálico. 
o Ele lista 5 causas contribuintes para o sadismo sexual: predisposição hereditária, mau funcionamento 
hormonal, relações patológicas, história de abuso sexual e presença de outros transtornos mentais. 
 
• VOYEURISMO/ESCOPOFILIA: 
o É a preocupação recorrente com fantasias e atos que envolvem a observação de pessoas que ignoram estar 
sendo observadas e que estão nuas, despindo-se ou em meio a atividade sexual. 
o A masturbação até o orgasmo costuma acompanhar ou se segue ao evento. 
o O primeiro ato voyeurista em geral ocorre durante a infância, e a parafilia é mais comum em homens. 
o Quando pessoas com voyeurismo são presas, a acusação via de regra é de vadiagem. 
 
• TRANSVESTISMO - antes: “Fetichismo transvéstico”: 
o Fantasias e impulsos sexuais de se vestir com roupas do sexo oposto como um meio de excitação e como um 
adjunto da masturbação ou do coito. 
o O diagnóstico é dado quando as fantasias transvésticas foram atuadas por pelo menos 6 meses. 
o (DSM- 5) Especificadores com um diagnóstico de transtorno transvéstico com fetichismo é acrescentado se o 
paciente for excitado sexualmente por tecidos, materiais ou peças de vestuário; com autogine filia é 
acrescentado se o paciente for sexualmente excitado por pensamentos ou imagens de si mesmo como mulher. 
o Costuma se iniciar na infância ou no começo da adolescência. 
o Com o passar dos anos, alguns homens querem se vestir e viver sempre como mulheres . 
o Muito raramente, mulheres querem se vestir e viver como homens. 
o (DSM-5) Esses indivíduos são classificados como pessoas com transtorno transvéstico e disforia de gênero. 
o Em geral, uma pessoa veste mais de um artigo do vestuário do sexo oposto; com frequência está envolvido um 
guarda-roupa inteiro. 
o Quando um homem com transvestismo está travestido, a aparência de feminilidade pode ser impressionante, 
embora não seja, via de regra, até o grau encontrado no transexualismo. 
o Quando não estão vestidos com roupas de mulheres, os homens com esse transtorno podem ter aparência e 
ocupação masculinas. 
o O cross-dressing pode se apresentar em diversos graus, desde a forma solitária, deprimida, carregada de culpa, 
até uma afiliação social egossintônica a uma subcultura transvestida. 
o A síndrome clínica de transvestismo manifesta pode iniciar na latência, porém é mais frequentemente vista por 
volta da pubescência ou na adolescência. 
o O comportamento explícito de se vestir com roupas do sexo oposto em geral não se inicia até que esteja bem 
estabelecida a mobilidade e uma independência relativa dos pais. 
 
• OUTRO TRANSTORNO PARAFÍLICO ESPECIFICADO: 
o Esta classificação inclui várias parafilias que causam sofrimento pessoal que tenham sido colocadas em prática 
por no mínimo 6 meses e que não satisfaçam os critérios para nenhuma das categorias anteriormente 
mencionadas. 
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o A mesma definição se aplica ao transtorno parafílico não especificado, com a diferença de que o clínico opta 
por não especificar a parafilia particular por razões que podem incluir falta de informações suficientes para que 
seja feito um diagnóstico mais específico. 
o ESCATOLOGIA TELEFÔNICA E POR COMPUTADOR: 
▪ Caracterizada por telefonemas obscenos e envolve um parceiro inocente. 
▪ Tensão e excitação iniciam-se em antecipação ao telefonema; o destinatário ouve enquanto o interlocutor 
(em geral homem) expõe verbalmente suas preocupações ou o induz a falar sobre sua atividade sexual. 
▪ A conversa é acompanhada por masturbação, que é com frequência concluída depois que o contato é 
interrompido. 
▪ As pessoas tambémusam redes de computador interativas, às vezes de forma compulsiva, para enviar 
mensagens obscenas por correio eletrônico e transmitir mensagens e imagens de vídeo sexualmente 
explícitas. 
▪ Devido ao anonimato dos usuários, que usam pseudônimos em salas de bate-papo, o sexo on-line ou por 
computador (cybersex) possibilita a algumas pessoas fazer o papel do sexo oposto (“flexão de gênero”), o 
que representa um método alternativo de expressão de fantasias transvésticas ou transexuais. 
▪ Um perigo do cybersex on-line é que os pedófilos frequentemente fazem contato com crianças ou 
adolescentes que são atraídos por eles e então molestados. 
▪ Muitos contatos on-line evoluem para ligações off-line. 
▪ Embora algumas pessoas relatem que os encontros off-line evoluem para relacionamentos significativos, 
a maioria desses encontros é repleta de decepções e desilusões, já que a pessoa fantasiada não 
corresponde às expectativas inconscientes do parceiro ideal. 
▪ Em outras situações, quando os adultos se encontram, pode ocorrer estupro e até mesmo homicídio. 
o NECROFILIA: 
▪ É uma obsessão com a obtenção de gratificação sexual com cadáveres. 
▪ A maioria das pessoas com esse transtorno encontra cadáveres em necrotérios, mas algumas são 
conhecidas por roubarem sepulturas ou até mesmo matarem para satisfazer seus impulsos sexuais. 
▪ Nos poucos casos estudados, aqueles com necrofilia acreditavam que estavam infligindo a maior 
humilhação concebível às suas vítimas sem vida. 
▪ Richard von Krafft-Ebing: o diagnóstico de psicose é, sob todas as circunstâncias, justificado. 
o PARCIALISMO/TRANSTORNO DE PARCIALISMO: 
▪ Concentram sua atividade sexual em uma parte do corpo com exclusão de todas as outras. 
▪ O contato boca-genitais – como cunnillingus (contato oral com os genitais externos de uma mulher), 
fellatio (contato oral com o pênis) e anilingus (contato oral com o ânus) – está normalmente associado às 
preliminares; Freud: reconheceu as superfícies mucosas do corpo como erotogênicas e capazes de 
produzir sensação de prazer. 
▪ No entanto, quando uma pessoa usa essas atividades como a única fonte de gratificação sexual e não 
consegue ter ou se recusa a ter coito, existe uma parafilia. Isso também é conhecido como ORALISMO. 
o ZOOFILIA: 
▪ Animais (que podem ser treinados a participar) são preferencialmente incorporados às fantasias de 
excitação ou atividades sexuais, incluindo relação sexual, masturbação e contato oral-genital. 
▪ A zoofilia como uma parafilia organizada é rara. 
▪ Para muitas pessoas, os animais são a maior fonte de intimidade, portanto não é de causar surpresa que 
uma ampla variedade de animais domésticos seja usada sensual ou sexualmente. 
▪ As relações sexuais com animais podem algumas vezes ser resultado da disponibilidade ou conveniência, 
sobretudo em partes do mundo onde as convenções rígidas impedem a sexualidade antes do casamento 
e em situações de isolamento forçado. 
▪ No entanto, como a masturbação também está disponível em tais situações, uma predileção pelo contato 
com animais está provavelmente presente na zoofilia oportunista. 
o COPROFILIA E CLISMAFILIA: 
▪ Coprofilia: prazer sexual associado ao desejo de defecar sobre um parceiro, que o parceiro defeque sobre 
o indivíduo ou de comer fezes (coprofagia). Uma variante é dizer palavras obscenas (coprolalia). 
▪ Essas parafilias estão associadas à fixação no estágio anal do desenvolvimento psicossexual. 
▪ Clismafilia: o uso de enemas como parte da estimulação sexual, está relacionada à fixação oral. 
o UROFILIA: 
▪ Forma de erotismo uretral; é o interesse no prazer sexual associado ao desejo de urinar sobre um parceiro 
ou que o parceiro urine sobre o indivíduo. 
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▪ Tanto em homens quanto em mulheres, o transtorno pode estar associado a técnicas masturbatórias 
envolvendo a inserção de objetos estranhos na uretra para estimulação sexual. 
o MASTURBAÇÃO: 
▪ É uma atividade normal comum em todos os estágios da vida, desde a infância até a velhice, mas esse 
ponto de vista nem sempre é aceito. 
▪ Freud: acreditava que a neurastenia era causada pela masturbação excessiva. 
▪ Pode ser definida como uma pessoa atingir o prazer sexual (que em geral resulta em orgasmo) sozinha 
(autoerotismo). 
▪ Não existe mais prevalência entre homens e mulheres. 
▪ A frequência da masturbação varia de 3 a 4 vezes por semana na adolescência e 1 a 2 vezes por semana 
na idade adulta. Ela é comum entre pessoas casadas (em média, 1 vez por mês entre pessoas casadas). 
▪ As técnicas de masturbação variam entre os sexos e entre as pessoas. 
▪ A técnica mais comum é a estimulação direta do clitóris ou do pênis com a mão ou os dedos. 
▪ Também pode ser usada estimulação indireta, como se esfregar contra um travesseiro ou apertando as 
coxas. 
▪ 2% das mulheres conseguem atingir o orgasmo apenas da fantasia. 
▪ Homens e mulheres inserem objetos na uretra para atingir o orgasmo. 
▪ O vibrador manual é atualmente usado como um aparelho masturbatório para ambos os sexos. 
▪ A masturbação é anormal quando é o único tipo de atividade sexual realizada na idade adulta se um 
parceiro estiver ou poderia estar disponível, quando sua frequência indicar uma compulsão ou disfunção 
sexual ou quando for constantemente preferida ao sexo com um parceiro. 
o HIPOXIFILIA: 
▪ Desejo de atingir um estado alterado de consciência secundário a hipoxia durante o orgasmo. 
▪ As pessoas podem usar uma droga (ex: nitrito volátil/óxido nitroso) para produzir hipoxia. 
▪ A asfixia autoerótica também está forma de masoquismo sexual. 
 
➢ e) Diagnóstico diferencial: 
• Diferenciar uma parafilia de um ato experimental que não é recorrente ou compulsivo e que é realizado por seu caráter 
de novidade; 
• A atividade parafílica inicia-se mais provavelmente durante a adolescência; 
• Algumas parafilias (em especial os tipos bizarros) estão associadas a outros transtornos mentais, como esquizofrenia. 
• Doenças cerebrais também podem liberar impulsos perversos. 
 
➢ f) Seguimento (curso e prognóstico): 
• A dificuldade de controle e cura dos TP reside no fato de que é difícil as pessoas abandonarem o prazer sexual sem uma 
garantia de que novas rotas de gratificação sexual serão obtidas. 
• Um mau prognóstico para esses transtornos está associado ao início em estágio precoce, alta frequência dos atos, 
nenhuma culpa ou vergonha quanto ao ato e abuso de substância. 
• O curso e o prognóstico são melhores quando os pacientes têm uma história de coito além da parafilia e quando buscam 
tratamento por conta própria, em vez de serem encaminhados por uma agência legal. 
 
➢ g) Tratamento: 
• 5 tipos de intervenções psiquiátricas são usados para tratar pessoas com TP e interesses parafílicos: controle externo, 
redução dos impulsos sexuais, tratamento de condições comórbidas (ex: depressão ou ansiedade), terapia cognitivo-
comportamental e psicoterapia dinâmica. 
• A prisão é um mecanismo de controle externo para crimes sexuais que em geral não contém um elemento de 
tratamento. 
• Quando ocorre vitimização em uma família ou no ambiente de trabalho, o controle externo provém da informação sobre 
o problema aos supervisores, pares ou outros membros adultos da família, alertando-os para que eliminem as 
oportunidades em que o perpetrador possa colocar em prática seus impulsos. 
 
• Terapia medicamentosa (incluindo medicação antipsicótica ou antidepressiva): 
o Indicada para o tratamento de esquizofrenia ou transtornos depressivos se a parafilia estiver associada a eles. 
o Antiandrogênios, como acetato de ciproterona (Europa) e acetato de medroxiprogesterona (EUA) podem 
reduzir o impulso de se comportar sexualmente, reduzindo os níveis séricos da testosterona até 
concentrações subnormais. 
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o Agentes serotonérgicos (ex: fluoxetina)já foram usados com sucesso limitado em alguns pacientes com 
parafilia. 
 
• Terapia cognitivo-comportamental: 
o Usada para romper os padrões parafílicos aprendidos e modificar o comportamento para torná-lo socialmente 
aceitável. 
o As intervenções incluem treinamento em habilidades sociais, educação sexual, reestruturação cognitiva 
(confrontar e destruir as racionalizações usadas para apoiar a vitimização dos outros) e o desenvolvimento de 
empatia pela vítima. 
o Dessensibilização imaginária, técnicas de relaxamento e aprendizagem do que desencadeia o impulso parafílico 
de modo que esses estímulos possam ser evitados também são ensinados. 
o No ensaio do comportamento aversivo modificado, os perpetradores são filmados colocando em prática sua 
parafilia com um manequim. 
o Então, o paciente com TP é confrontado por um terapeuta e um grupo de outros transgressores que fazem 
perguntas sobre sentimentos, pensamentos, motivos associados ao ato e repetidamente tentam corrigir 
distorções cognitivas e apontar a ausência de empatia do paciente com a vítima. 
o A psicoterapia orientada para o insight é uma abordagem de tratamento de longa duração; os pacientes têm a 
oportunidade de entender sua dinâmica e os eventos que fizeram a parafilia se desenvolver. Em particular, eles 
tomam consciência dos eventos diários que fazem atuar seus impulsos (ex: uma rejeição real/fantasiada). 
o O tratamento os ajuda a lidar de forma mais efetiva com os estresses da vida e reforça sua capacidade de se 
relacionar com um companheiro de vida. 
o Permite que os pacientes recuperem a autoestima, o que lhes possibilita a aproximação de um parceiro de uma 
maneira sexual mais normal. 
o Terapia sexual: é um adjunto apropriado para o tratamento de indivíduos com disfunções sexuais específicas 
quando eles buscam atividades sexuais não desviantes. 
o Bons indicadores prognósticos incluem a presença de apenas uma parafilia, inteligência normal, ausência de 
abuso de substância, ausência de traços de personalidade antissocial não sexual e a presença de um vínculo 
adulto bem-sucedido. 
o Os TP, no entanto, continuam a ser desafios de tratamento significativos mesmo diante dessas circunstâncias. 
(COMPENDIO) 
 
3. Compreender os distúrbios da ejaculação (ejaculação precoce e ejaculação tardia): 
❖ EJACULAÇÃO PREMATURA/PRECOCE: 
➢ a) Características: 
• Manifesta-se pela ejaculação que ocorre antes ou logo após a penetração vaginal, avaliada pela estimativa individual de 
latência ejaculatória (tempo decorrido antes da ejaculação) após a penetração vaginal. 
• As latências ejaculatórias intravaginais estimadas e medidas estão altamente correlacionadas, levando-se em conta as 
latências ejaculatórias de curta duração; portanto, os autorrelatos das estimativas de latência ejaculatória são 
suficientes para fins diagnósticos. 
• O tempo de latência ejaculatória intravaginal de 60 seg é um ponto de corte adequado para o diagnóstico de ejaculação 
prematura (precoce) ao longo da vida em homens heterossexuais. 
• Não existem dados suficientes para determinar se esse critério de duração pode ser aplicado à ejaculação prematura 
(precoce) adquirida. 
• A definição de duração aplica-se a indivíduos do sexo masculino de várias orientações sexuais, considerando que as 
latências ejaculatórias parecem ser semelhantes entre os homens com orientações sexuais diferentes e entre atividades 
sexuais distintas. 
 
➢ b) Fisiopatologia: 
• A etiologia da EP está uma hipossensibilidade dos recetores 5-HT2C ou uma hipersensibilidade dos receptores 5-HT1A. 
• Esta teoria é suportada pela eficácia no tratamento da EP com SSRI. 
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➢ c) Epidemiologia: 
• As estimativas da prevalência de ejaculação prematura (precoce) variam amplamente de acordo com a definição 
utilizada. 
• Em termos internacionais, mais de 20-30% dos homens com idades entre 18 e 70 anos demonstram preocupação com 
a rapidez da ejaculação. 
• Com a nova definição de ejaculação prematura (precoce) (ejaculação que ocorre dentro de ≅ 1min após a penetração 
vaginal), somente 1-3% dos homens seriam diagnosticados com esse transtorno. 
• A prevalência da disfunção pode aumentar com a idade. 
 
➢ d) Critérios diagnósticos: 
• A. Padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre durante a atividade sexual com parceira dentro de 
aproximadamente um minuto após a penetração vaginal e antes do momento desejado pelo indivíduo. 
o Obs: Embora o diagnóstico também possa ser aplicado a indivíduos envolvidos em atividades sexuais não vaginais, não 
foram estabelecidos critérios específicos para o tempo de duração dessas atividades. 
• B. Os sintomas do Critério A devem estar presentes por pelo menos 6 meses e devem ser experimentados em quase 
todas ou todas as ocasiões (≅ 75-100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, caso 
generalizada, em todos os contextos). 
• C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para o indivíduo. 
• D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma 
perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma 
substância ou medicamento ou a outra condição médica. 
• Determinar o subtipo: 
o Ao longo da vida: A perturbação esteve presente desde que o indivíduo se tornou sexualmente ativo. 
o Adquirida: A perturbação iniciou depois de um período de função sexual relativamente normal. 
• Determinar o subtipo: 
o Generalizada: Não se limita a determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. 
o Situacional: Ocorre somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. 
• Especificar a gravidade atual: 
o Leve: A ejaculação ocorre dentro de ≅ 30 seg a 1 min após a penetração vaginal. 
o Moderada: A ejaculação ocorre dentro de aproximadamente 15-30 seg após a penetração vaginal. 
o Grave: A ejaculação ocorre antes da atividade sexual, no início da atividade sexual ou dentro de 15 seg após a 
penetração vaginal. 
 
➢ e) Fatores de risco: 
• Muitos homens com queixa de ejaculação prematura (precoce) queixam-se de uma sensação de falta de controle sobre 
a ejaculação e demonstram apreensão a respeito da incapacidade prevista para retardar a ejaculação em futuros 
encontros sexuais. 
• Fatores que podem ser relevantes na avaliação de qualquer disfunção sexual: 
o 1) fatores relacionados à parceira (ex: problemas sexuais, estado de saúde); 
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o 2) fatores associados ao relacionamento (ex: comunicação inadequada, discrepâncias no desejo para atividade 
sexual); 
o 3) fatores relacionados a vulnerabilidade individual (ex: má imagem corporal; história de abuso sexual ou 
emocional), comorbidade psiquiátrica (ex: depressão, ansiedade) ou estressores (ex: perda de emprego, luto); 
o 4) fatores culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes em 
relação à sexualidade); 
o 5) fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. 
 
➢ f) Seguimento (Desenvolvimento e Curso): 
• Definição: começa durante as primeiras experiências sexuais masculinas e persiste durante toda a vida do indivíduo. 
• Alguns podem experimentar ejaculação prematura (precoce) durante os encontros sexuais iniciais, mas adquirir 
controle ejaculatório ao longo do tempo. 
• É a persistência dos problemas ejaculatórios por mais de seis meses que determina o diagnóstico da disfunção. 
• Alguns homens, por sua vez, desenvolvem o transtorno após um período de latência ejaculatória normal, conhecido 
como ejaculação prematura (precoce) adquirida. 
• Sabe-se muito menos sobre a ejaculação prematura (precoce) adquirida do que sobre a ejaculação prematura (precoce) 
ao longo da vida. 
• A forma adquirida

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