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INTRODUÇÃO-À-SEXOLOGIA-1

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1 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO 3 
2 O NASCIMENTO DA SEXOLOGIA 4 
2.1 O nascimento da sexologia no Brasil 8 
3 DIFERENÇAS ENTRE GÊNERO, SEXO E SEXUALIDADE 11 
4 SEXUALIDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 14 
4.1 Período infantil 15 
4.2 Período juvenil 17 
4.3 Puberdade e adolescência 18 
4.4 Manifestações da sexualidade na idade adulta 21 
4.5 Sexualidade na terceira idade 21 
5 A SEXUALIDADE NO CICLO DE VIDA 22 
6 O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NA EDUCAÇÃO 
SEXUAL 27 
7 QUESTÕES DE GÊNERO E PROBLEMAS SOCIAIS 
CONTEMPORÂNEOS 31 
8 DISFUNÇÕES SEXUAIS 34 
9 ASPECTO BIOLÓGICO QUE ENVOLVE A SEXUALIDADE 37 
10 ASPECTO PSICOLÓGICO QUE ENVOLVE A SEXUALIDADE 39 
11 BIBLIOGRAFIA 41 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
2 O NASCIMENTO DA SEXOLOGIA 
 
Fonte: pixabay.com 
A sexologia é uma ciência que resolve o problema do comportamento sexual 
humano. Envolve não apenas o comportamento sexual em si, mas também sexo e 
todos os fatores relacionados ao sexo, incluindo fatores biológicos, psicológicos, 
sociais e culturais. 
É no cenário de empoderamento do saber médico enquanto agente da 
normalização que, segundo o sociólogo francês André Béjin (1987a) nasce a 
sexologia ou a ciência sexual. Para este autor ela teve na verdade dois nascimentos. 
O primeiro, na segunda metade do século XIX quando a preocupação se voltava mais 
para a nosografia do que para a terapêutica e a centralidade estava nas doenças 
venéreas, na psicopatologia da sexualidade e no eugenismo. Bozon (2004 apud 
GARCIA, 2007) acrescenta que o objetivo da primeira sexologia consistia claramente 
no controle dos desvios sexuais conhecidos como perversões. 
Segundo Béjin (1987a) a segunda sexologia, ou sexologia atual, nasce após a 
Primeira Guerra mundial. Apresenta como marcos deste nascimento os estudos do 
psicólogo William Reich sobre a potência orgástica em 1922 e a publicação do 
primeiro livro do entomólogo Alfred Kinsey sobre o comportamento sexual masculino. 
Para este autor, diferentemente da primeira sexologia, a segunda “circunscreve e 
define como seu problema central o orgasmo” afirma GARCIA, (2007). 
 
 
 
5 
 
 
No mesmo sentido, a análise de Bozon (2004 apud GARCIA, 2007) destaca 
que no nascimento da segunda sexologia, há uma mudança de paradigma que passa 
da noção de perversão para a noção de disfunção. Ele acrescenta que há uma terceira 
sexologia, que denomina contemporânea, e que se estabeleceu a partir dos anos 60 
com Masters & Johnson atribuindo o funcionamento sexual normal como 
correspondente a um ato que satisfaça aos dois parceiros. Apesar de não a classificar 
como sexologia contemporânea, Béjin também reconhece na terapia de Masters & 
Johnson o paradigma das terapias sexuais atuais. Tanto Bozon quanto Béjin, 
concordam que a partir desta mudança de objeto da sexologia nasce a figura do 
sexólogo e da terapia sexológica. Esta terapia vai se introduzir num campo que até 
então, era domínio da psicanálise. 
Segundo GARCIA (2007) ressalta, porém Béjin que, ao definir como seu objeto 
central o orgasmo e sua norma fundamental – o orgasmo ideal, na realidade a 
sexologia moderna substituiu a oposição marcada entre normalidade e anormalidade 
da primeira sexologia, por um contínuo da disfunção. Para este autor tal fato 
representa um aumento da clientela potencial dos sexólogos (que compreendia 
originalmente os grandes pervertidos e portadores de doenças venéreas), pois, “face 
à norma exigente do celeste orgasmo, somos todos a partir daí disfuncionantes 
sexuais virtuais ou atuais” (p. 228). 
Conforme GARCIA (2007), Béjin (1987b) ainda destaca que o avanço 
tecnológico que permitiu o acesso à informação pelos meios de comunicação de 
massa, provocou a origem da queixa sexual (insatisfação em não atingir o “auge 
ideal”) e, por consequência, o nascimento de uma enorme demanda aos terapeutas 
sexuais, na medida em que as pessoas, principalmente as mulheres, passaram a 
considerar que tinham problemas funcionais em relação à sexualidade. Tal contexto, 
segundo o autor, favoreceu a emergência e o fortalecimento do poder sexológico. “A 
tecnocracia sexológica não se desenvolve apesar da democracia, mas graças a ela” 
(p. 246). 
Segundo GARCIA (2007), neste contexto proliferam as clínicas do orgasmo e 
os sexólogos passam a uma posição dominante no mercado das terapias sexuais. 
Os sexólogos consolidam sua posição tecendo uma dupla rede, discursiva e 
institucional com a implantação no ensino de segundo grau e por vezes até 
do primeiro da educação sexual que muitas vezes consiste apenas na 
inculcação da vulgata sexológica do momento. Invadem o mundo editorial, de 
um modo geral os meios de comunicação em massa, contribuindo para 
 
 
 
6 
 
 
sensibilizar o público para as disfunções menores e para moldar os idioletos 
sexuais sobre o dialeto sexológico. (1987, p. 232 apud GARCIA, 2007). 
A antropóloga e pesquisadora do Centro Latino Americano em sexualidade e 
direitos humanos (CLAM) Fabíola Rohden (2007 apud GARCIA, 2007), em seu 
trabalho intitulado “O gênero na ciência do sexo: dos fundamentos às intervenções”, 
faz uma retrospectiva da história da sexologia, aborda a questão da medicalização da 
sexualidade e o panorama da ciência da sexologia atual – século XXI. Ela propõe em 
seu trabalho outra análise da história da sexologia - a de que há duas abordagens: a 
da “sexologia científica”, calcada nos parâmetros metodológicos da ciência e na 
prática e autoridade médicas, e outra, de uma “sexologia humanista”, mais enraizada 
nos saberes psicológicos e centrada no reconhecimento da sexualidade como foco de 
realização pessoal, autoconhecimento e satisfação individual, que teve impacto a 
partir da década de 1970. Para sua análise, Rohden se fundamenta na obra “Disorders 
of desire” da socióloga norte-americana Jane Irvine (2005 apud GARCIA 2007), obra 
que tem como foco as décadas de 1940 a 1980 e na qual a autora demonstra como o 
campo da sexologia se constituiu nos Estados Unidos, sofrendo um processo de 
rápida institucionalização no século XX. 
Segundo GARCIA (2007), ao longo de sua análise do contexto atual da 
sexologia, inspirada em vários autores, Rohden elabora diversas reflexões entre as 
quais se destaca: 
 O desenvolvimento das tecnologias associadas à reprodução e, 
principalmente, a pílula anticoncepcional, em meados do século XX, 
foram precursores da nova farmacologia do sexo; GARCIA (2007). 
 Uma mesma linha ligaria a pílula, tida como liberadora da sexualidade 
feminina das consequências reprodutivas, e o Viagra, suposta garantia 
da satisfação sexual masculina; GARCIA (2007). 
 A centralidade anatômico-fisiológica e a consequente circunscrição da 
sexualidade à função genital, também serviu de guia para as primeiras 
investidas farmacológicas no tratamento da disfunçãosexual feminina; 
GARCIA (2007). 
 A medicalização da sexualidade feminina inaugura a nova era das 
disfunções sexuais que leva à explosão no crescimento de clínicas para 
tratar a disfunção sexual feminina; GARCIA (2007). 
 
 
 
7 
 
 
 A disfunção sexual feminina configura um caso clássico de tática de 
promoção de uma nova doença pela indústria farmacêutica e outros 
agentes da medicalização; GARCIA (2007). 
 A representação da instabilidade corporal chega agora ao corpo 
masculino e ameaça a noção de homem “naturalmente potente 
 ”; GARCIA (2007). 
 O que prevalece é uma redução da experiência sexual e da subjetividade 
dos homens à norma antômico-fisiológica da ereção, vista apenas no 
contexto das relações heterossexuais; GARCIA (2007). 
 O que assistimos, quando finalmente a sexualidade das mulheres passa 
a ser tratada para além da reprodução, parece ser uma redução, em 
diferentes vias, da sexualidade feminina a um suposto modelo 
masculino; GARCIA (2007). 
 Poucas pesquisas têm estimulado as mulheres a descreverem suas 
experiências a partir do próprio ponto de vista, o que mostraria as 
evidentes diferenças entre a sexualidade masculina e feminina; GARCIA 
(2007). 
 O emprego da testosterona (hormônio masculino) para tratar o desejo 
sexual hipoativo das mulheres indica que, para ter uma sexualidade 
satisfatória as mulheres precisariam recorrer ao que física e 
simbolicamente representaria um processo de masculinização, na 
medida em que somente se aproximando mais da economia corporal 
masculina é que chegariam mais perto da tão propagada satisfação 
sexual, GARCIA (2007). 
Ao finalizar sua análise a autora afirma: 
O que se conclui analisando a trajetória de construção da disfunção sexual 
masculina e feminina, para além de considerações mais gerais a respeito do 
complexo processo de medicalização da sociedade, é uma marcada 
referência aos estereótipos de gênero que estão tanto presentes nas 
preconcepções defendidas pelos pesquisadores quanto naquilo que é 
retransmitido à sociedade na fase de promoção de um novo diagnóstico e 
tratamento. [...] A dúvida é se o novo modelo proposto não acaba também 
ratificando determinadas normas de gênero. A ideia de que a sexualidade 
feminina é mais complexa, de que as mulheres são mais permeáveis aos 
aspectos subjetivos ou emocionais, de que a excitação física seria secundária 
podem estar mais uma vez reforçando uma determinada imagem do feminino 
associada às representações herdadas pelo menos desde o século XIX de 
 
 
 
8 
 
 
um contraste radical entre os gêneros que encobre tensões políticas bem 
mais amplas. (ROHDEN, 2007, p. 29 apud GARCIA (2007). 
Sintetizados os nascimentos da clínica e da sexologia ocidental, torna-se 
fundamental contextualizar o seu surgimento no Brasil. 
2.1 O nascimento da sexologia no Brasil 
Segundo os antropólogos Sérgio Carrara e Jane Russo (2002 apud GARCIA, 
2007) o início da psicanálise e da sexologia, no Brasil, se situa na década de 1920 e 
seu florescimento se dá ao longo das décadas de 1930 e 1940, sendo os discursos 
especializados sobre sexo articulados, sobretudo por médicos ligados às 
especialidades da medicina legal, psiquiatria, eugenia, higiene ou ginecologia. Dois 
médicos podem ser, segundo estes autores, considerados os primeiros sexólogos do 
Brasil: o gaúcho Hernani de Irajá e o carioca José de Albuquerque, sendo que nenhum 
dos dois pertencia às prestigiosas academias ou sociedade médicas brasileiras, às 
quais se opunham. 
As décadas de 30 e 40 também foram cenários do recrudescimento da 
divulgação de inúmeros trabalhos sobre sexo, escritos por outros especialistas e, 
principalmente, pela tradução e publicação de obras de autores europeus e norte-
americanos que hoje são considerados fundadores dessa disciplina. A sexologia 
atraía sobre si suspeita de imoralidade e seus cultores nem sempre escapavam ao 
estigma de perversos ou pervertidos, embora a anatomia e a fisiologia dos órgãos 
sexuais imprimissem a aura de cientificidade à nova disciplina. (CARRARA e RUSSO, 
2002 apud GARCIA, 2007). 
 
 
 
9 
 
 
 
Fonte: pixabay.com 
A estratégia utilizada pelas editoras brasileiras para apresentarem a literatura 
sobre sexualidade sem correrem o risco de serem acusadas de licenciosas, era 
apresentar os livros de sexologia como o resultado de disciplinas mais respeitáveis, a 
medicina, por exemplo. Para Carrara e Russo, só na década de 30 surgem os 
primeiros profissionais que se autodesignavam como sexólogos e psicanalistas e que 
trabalhariam em prol da constituição de disciplinas específicas. Aludem os autores 
que os sexólogos ocupavam posição marginal e que dificilmente partilhavam das 
mesmas editoras que publicavam os livros de médicos com maior prestígio. Enquanto 
editoras de prestígio como a José Olympio preferissem os autores católicos, editoras 
com tendências marxistas como a Calvino, ou dirigidas por judeus, como a 
Guanabara, reservaram espaço maior para a literatura sobre sexualidade, 
considerada perigosa do ponto de vista dos católicos. (CARRARA, S e RUSSO, J. 
2002 apud GARCIA, 2007) 
Em sua dissertação de mestrado intitulada “A difusão da sexologia no Brasil na 
primeira metade do século XX: um estudo sobre a história de Hernani de Irajá” a 
psicóloga Sabrina Pereira Paiva (2002 apud GARCIA, 2007) analisa a constituição da 
sexologia no Brasil na primeira metade do século XX, centrada sobre o exame da 
tradução desse discurso para o público “leigo”, através da análise dos escritos do 
sexólogo Hernani de Irajá. 
 
 
 
10 
 
 
Segundo GARCIA (2007), a autora conclui ao final de seu trabalho que, no caso 
brasileiro, as transformações começaram a se fazer presentes a partir de fins do 
século XIX e início do seguinte, quando se presenciou um intenso movimento 
civilizador de busca de formação de uma identidade nacional. A identidade brasileira 
foi marcada, naquele momento, por concepções majoritariamente negativas, tendo o 
sexo funcionado como polo aglutinador dessas características identitárias. 
Desse modo, destaca-se que o século XX assistiu à corporificação de 
concepções médicas sobre o sexo, com a criação de novas especialidades, 
aumento de cursos sobre sexologia, publicação de periódicos sobre o 
assunto, entre outras coisas. A reflexão sobre a disseminação para o público 
leigo do discurso científico sobre sexo foi vista como parte fundamental do 
processo civilizador, na medida em que se buscava a adoção de 
determinados comportamentos adequados a uma nação moderna. Os 
escritos de Hernani de Irajá são extremamente representativos da tensão 
entre a pretensão científica e a preocupação com a recepção por um público 
consumidor não especializado, na medida em que oscila entre a 
coloquialidade e a expressão erudita, estando sempre polvilhado de 
exemplos e conselhos normativos voltados para a educação sexual da 
família. (2002, p.1 apud GARCIA 2007). 
As temáticas das mudanças no campo das representações sociais sobre 
sexualidade também foram estudadas pela historiadora Roselane Neckel (2004 apud 
GARCIA, 2007), que ao analisar revistas masculinas e femininas da década de 1970, 
concluiu que no final dos anos 60 e durante os anos 70 houve um aumento de 
publicações de revistas de comportamento, com artigos que orientavam seus leitores 
em torno da sexualidade e do relacionamento conjugal diante das mudanças advindas 
da “revolução sexual”. Observou que informações para alcançar a adequação sexual 
eram apontadas como indicativo de felicidade conjugal. Para a autora, estas revistas 
foram responsáveis pela divulgação dos discursos científicos, ao publicizar aspectos 
da vida íntima, antes restritos aos especialistas. 
Conforme GARCIA, (2007) neste mesmo movimento, é em 19809 que a 
Sexologia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como especialidade 
médica (resolução 1019/80, referendada pela resolução 1441, de 12/08/1994)e em 
1986 é criada a SBRASH (Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana), a partir do 
Comitê Nacional de Sexologia da FEBRASGO (Federação Brasileira das Sociedades 
de Ginecologia e Obstetrícia). A SBRASH mantém congressos bianuais e a Revista 
Brasileira de Sexualidade Humana, publicação semestral. 
Em Conferência proferida em Curitiba, na 1ª Jornada Sul-Brasileira de 
Sexualidade Humana, em 1992 o médico ginecologista e à época presidente da 
 
 
 
11 
 
 
Federação Latino-Americana de Sociedades de Sexologia e Educação Sexual, 
Ricardo C. Cavalcanti (apud GARCIA, 2007) afirmou: 
Houve época que se afirmava que 90% dos problemas sexuais eram de 
causa psicológica, enquanto outros grupos defendiam que 90% dos 
problemas eram de causa orgânica. E nesta luta entre psicologistas e 
organicistas quem perdia era o ser humano. Perpetuava-se e, infelizmente 
ainda hoje se perpetua o mito do fracionamento do homem. É irrelevante 
medir com a fita métrica de suas preferências o que é orgânico e o que é 
psicológico. Melhor seria que medissem o que é humano... (GARCIA, 2007) 
Conforme GARCIA, (2007) Cavalcanti destaca a ocorrência do primeiro 
Encontro Nacional de Sexologia, em maio de 1983, em São Paulo. Sublinha que o 
ano de 1985 foi marcado pelo movimento da criação de uma sociedade sexológica 
multidisciplinar que abrigasse não apenas médicos e psicólogos, mas também 
sociólogos, antropólogos, educadores – todos que estivem interessados no estudo da 
sexologia. Destaca ainda a luta dos ginecologistas e sexólogos Nelson Vitiello e Paulo 
Canela na criação da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Segundo 
Cavalcanti, durante o V encontro Nacional de Sexualidade Humana, em Gramado, Rio 
Grande do Sul em maio de 1985, ocorreu a Assembleia de Fundação da Sociedade 
Brasileira de Sexualidade Humana – SBRASH, cujo primeiro Congresso foi realizado 
no Rio de Janeiro, em maio de 1989. 
3 DIFERENÇAS ENTRE GÊNERO, SEXO E SEXUALIDADE 
 
 
 
 
12 
 
 
Fonte: pixabay.com 
Primeiramente, é preciso entender a importância de separar cada conceito e 
conhecer seu significado. Num segundo momento, cabe compreender que esses 
conceitos podem ser pensados em conjunto, ou seja, a pessoa pode ter tal sexo, 
seguir tal orientação sexual e se entender com tal gênero, afirma BARROSO, 2018. 
O sexo pode ser determinado pela questão biológica (Figura 1). Nesse sentido, 
o foco de análise é o corpo do indivíduo. A mulher seria aquela que nasce com órgão 
sexual feminino, e o homem, aquele que nasce com órgão sexual masculino. Bourdieu 
(1999, p. 20 apud BARROSO, 2018) afirma que: 
A diferença biológica entre os sexos, isto é, entre o corpo masculino e o corpo 
feminino, e, especificamente, a diferença anatômica entre os órgãos sexuais, 
pode ser vista como justificativa natural da diferença socialmente construída 
entre os gêneros e, principalmente, da divisão social do trabalho. 
Segundo BARROSO, (2018) essa seria uma divisão geral, que poderia ser 
considerada a partir do nascimento do indivíduo. Assim, logo que o bebê nasce, uma 
olhada rápida em seu corpo faz com que o médico reconheça as suas características 
físicas, enquadrando-o como homem ou mulher. 
 
 
Figura 1 - Fonte: Soleil Nordic/Shutterstock.com 
 
 
 
13 
 
 
Mas até mesmo a biologia e a noção de natureza desafia a pensar o que é 
sexo. Afinal, ainda que haja uma aparente definição biológica e cromossômica dos 
sexos, é preciso lembrar que alguns dos indivíduos podem nascer na condição de 
intersexo. É o que explica Santos (2013, p. 4 apud BARROSO, 2018): 
Os seres humanos são meticulosamente medidos e regulados, desde o 
interior ao exterior, de modo a que ninguém fique fora das reconhecidas 
categorias “homem” e “mulher”. Contudo, existem pessoas cujas 
características sexuais primárias ou secundárias não preenchem os 
requisitos médicos ou/e sociais passíveis de integração num desses dois 
grupos. Por vezes, quando do nascimento, o sexo genital pode suscitar 
dúvidas: o órgão erétil pode ser demasiado grande para um clitóris “normal” 
ou demasiado pequeno para um pênis “normal”; a genitália pode ser 
anatomicamente do sexo feminino, mas os lábios vaginais envolverem 
testículos; ou, por outro lado, parecer ter um pênis e apresentar vagina. Mas 
não só no nascimento se encontram ambiguidades. O que no início parecia 
ser “normal” pode revelar posteriormente discrepâncias nos órgãos genitais 
e/ou nas características sexuais secundárias. BARROSO, (2018). 
Para além do reconhecimento do corpo como definidor do sexo no momento 
do nascimento, também cabe enfatizar que o próprio corpo pode ser modificado, 
construído e redefinido com o passar dos anos na vida de um indivíduo. 
O outro pilar dessa discussão é a sexualidade. Para Toneli (2012, p. 152 apud 
BARROSO, 2018), “A sexualidade é da ordem do indivíduo. Diz respeito aos prazeres 
e às fantasias ocultos, aos excessos perigosos para o corpo e passou a ser 
considerada como a essência do ser humano individual e núcleo da identidade 
pessoal”. Desse modo, para compreender o conceito de sexualidade, você deve levar 
em consideração as relações estabelecidas pelo indivíduo que definem sua orientação 
sexual. Como diz Dall'Agnol (2003, p. 28 apud BARROSO, 2018), a orientação sexual 
pode ser identificada na “[...] adoção de comportamentos bissexuais, heterossexuais 
e homossexuais”. Ou seja, o indivíduo pode sentir desejo por pessoas do mesmo sexo 
que ele, por pessoas do sexo oposto ao dele, ou mesmo ter desejo por pessoas do 
mesmo sexo que ele e do sexo oposto. Ainda cabe lembrar que é possível que o 
indivíduo seja assexuado. Isso quer dizer que ele não tem desejo de se relacionar 
sexualmente com outra pessoa. Por último, você deve atentar ao conceito de gênero. 
Para a definição desse conceito, também é relevante pensar qual é o sexo e qual é a 
sexualidade do indivíduo. Por isso, Butler (1990, p. 7 apud BARROSO, 2018) propõe 
a definição a seguir: 
O gênero pode também ser designado como o verdadeiro aparato de 
produção através do qual os sexos são estabelecidos. Assim, o gênero não 
 
 
 
14 
 
 
está para a cultura como o sexo para a natureza; o gênero é também o 
significado discursivo/cultural pelo qual a “natureza sexuada” ou o “sexo 
natural” é produzido e estabelecido como uma forma “pré-discursiva” anterior 
à cultura, uma superfície politicamente neutra sobre a qual a cultura age. 
BARROSO (2018). 
Ou seja, é por meio do gênero que o indivíduo se expressa no mundo, e essa 
expressão perpassa seu corpo e seus desejos. Scott (1990, p. 14 apud BARROSO, 
2018) ainda reforça que gênero é “[...] um elemento constitutivo de relações sociais 
fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é um primeiro 
modo de dar significado às relações de poder”. Nesse sentido, o gênero confere 
identidade ao indivíduo, fazendo com que ele se relacione com o grupo social por meio 
da identidade que considera legítima para si. 
4 SEXUALIDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
 
Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br 
Segundo PEREIRA, (2014) se é indiscutível que os esteroides gonadais 
desempenham um papel particularmente importante na diferenciação psicossexual do 
indivíduo, especialmente na puberdade, quando reforçam a identidade sexual e os 
padrões de comportamento, a identificação de género não é apenas determinada 
pelas hormonas gonadais. É fundamental o processo de aprendizagem que se 
desenvolve durante os primeiros anos de vida. Na verdade, a identidade de género – 
 
 
 
15 
 
 
eu sou homem ou sou mulher – está completamente estabelecida até aos 24 meses 
de idade. O desenvolvimento sexual é um processo mais lento, que se estende pela 
idade infantil e juvenil até atingir, no final da adolescência, a maturação sexual e 
reprodutora completa. 
4.1 Período infantil 
A diferenciação psicossexual desenvolve-se logo após o nascimento, embora 
os psicanalistas gostem de pensarque se iniciou ainda mais cedo, na vida fetal. A 
infância vai ser um período riquíssimo na aprendizagem dos afetos, fundamental para 
a estruturação da vida relacional da criança, incluindo a sua sexualidade. Tanto a mãe 
como o pai vão atribuindo ao bebê um género sexual, que quase sempre corresponde 
ao sexo anatómico. Esta atribuição projetada sobre o bebê, em parte consciente, em 
parte inconsciente, vai deixar marcas fundas na construção da sua identidade de 
género (Coimbra, 1996 apud PEREIRA, 2014). 
Depois do nascimento, produz-se uma diminuição dos níveis circulantes de 
hCG (Human Chorionic Gonadotropin) e de esteroides de origem placentária, com um 
aumento da resposta à secreção pulsátil de GnRH (Gonadotropin Releasing 
Hormone), o que origina fortes descargas episódicas de gonadotrofinas até aos seis 
meses de vida nos rapazes e até ao um ano nas meninas. Curiosamente, os níveis 
de esteroides gonadais circulantes, não placentários, também aumentam neste 
período, afirma PEREIRA, (2014). 
 
 
 
 
16 
 
 
 
Fonte: ninguemcrescesozinho.com.br 
De acordo com PEREIRA, (2014) tanto no sexo masculino como feminino, após 
o primeiro ano de vida dá-se a inibição do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, ou porque 
se intensifica o efeito inibitório do SNC ou porque aumenta a sua sensibilidade a esse 
efeito inibitório. Como resultado, o gerador hipotalâmico pulsátil de GnRH diminui de 
amplitude e frequência. Diminui também a sensibilidade das gonadotrofinas 
hipofisárias à ação da hormona. Os níveis circulantes de gonadotrofinas e de 
esteroides sexuais passam a ser muito baixos, o que vai caracterizar toda a infância. 
O facto da inibição do eixo persistir, mesmo na ausência de gónadas, faz pensar que 
o papel do mecanismo inibitório dos esteroides sexuais sobre o eixo é muito pouco 
importante neste período, ao contrário do que acontecia no período fetal. 
Segundo PEREIRA, (2014) entre os 12 e os 24 meses, a criança começa a dar 
atenção cada vez maior ao mundo que a rodeia, criando o sentimento de haver dois 
sexos, e dela própria pertencer só a um deles. Ao mesmo tempo consolida a ideia de 
que existe uma geração de grandes, a dos pais, e uma geração de pequenos, a dela 
própria. 
Progressivamente começa a gostar do seu corpo, a mostrá-lo, a obter prazer 
com ele, nomeadamente com a manipulação do pénis para práticas masturbatórias. 
Gostam de brincar aos pais e às mães, brincar ao escuro. Dão-se os primeiros jogos 
sexuais. Muitas dessas condutas são censuradas, porque não são socialmente 
aprovadas. É a primeiro contato com a realidade social. Mas o desenvolvimento 
 
 
 
17 
 
 
psicossexual não para, não se interrompe. E a criança vai descobrindo novos 
sentimentos, como a ternura e o carinho. Surge o interesse pela atividade física, a 
curiosidade intelectual, o desenvolvimento das faculdades mentais. Torna-se assim 
possível a escolarização, afirma PEREIRA, (2014). 
4.2 Período juvenil 
Segundo PEREIRA, (2014) entre os seis anos e a chegada da puberdade, 
continua a inibição do eixo hipotálamohipófise-gonadal, com baixa atividade do 
gerador hipotalâmico pulsátil de GnRH e com baixos níveis circulantes de 
gonadotrofinas e esteroides sexuais. Neste período, os mecanismos de controlo 
hipotálamo-hipofisário são cerca de cinco vezes superiores aos da idade adulta. 
Mas neste período, tanto nos rapazes como nas meninas, inicia-se a 
adrenarquia, ou seja, o processo de maturação da glândula suprarrenal, que é 
independente da produção de ACTH (Adrenocorticotropic Hormone) e de LH 
(Luteinizing Hormone) e que tem como consequência o aumento da produção de 
androgénios. Como o aumento de esteroides suprarrenais é anterior à puberdade, 
chegou a postular-se que estes poderiam facilitar a maturação do eixo hipotálamo-
hipófise-gonadal e contribuir para a chegada da mesma. Grande número de estudos 
clínicos indica que os dois fenómenos são independentes e que cada um deles pode 
ser ativado sem o outro (ap. Grumbach et al., 1990 apud PEREIRA, 2014). Sendo 
assim, os níveis normais de esteroides suprarrenais não exercem um papel 
fundamental na chegada da puberdade, só intervindo para estimular o crescimento 
dos pelos púbicos e axilares. 
 
 
 
 
18 
 
 
 
Fonte: wordpress.com 
É na idade juvenil que se dá a maturação do SNC e dos nervos periféricos, o 
que permite uma maior capacidade intelectual e a realização de movimentos físicos 
cada vez mais coordenados. O crescimento longitudinal do corpo, a partir dos seis 
anos e até à pré-adolescência, torna-se relativamente constante, com um incremento 
de cerca de seis centímetros por ano, tanto no rapaz como na rapariga. O aumento 
da estatura acompanha-se de um aumento de peso de cerca de 3-3.5 kg por ano 
(Frisch e Révelle, 1990 apud PEREIRA, 2014). O tecido linfático do timo, do baço e 
de outras localizações viscerais atinge, durante este período, o seu máximo 
desenvolvimento, excedendo mesmo o que irá existir na idade adulta. 
O período juvenil é o da idade escolar. Descobre o entusiasmo, a amizade e o 
companheirismo. Há uma clara atenuação do interesse pelos colegas do sexo oposto. 
Em breve virá a tempestade da adolescência. 
4.3 Puberdade e adolescência 
De acordo com PEREIRA, (2014) a puberdade é o período de desenvolvimento 
fisiológico durante o qual aparece a fertilidade e o corpo começa a adquirir os 
caracteres sexuais secundários. Definem-se, afinal, as diferenças somáticas 
essenciais entre o género masculino e feminino. No processo contínuo do 
desenvolvimento corporal, a puberdade masculina é marcada pelo aparecimento das 
 
 
 
19 
 
 
primeiras ejaculações noturnas (na rapariga pela menarca). A idade da chegada da 
puberdade é variada, geralmente mais tarde no sexo masculino do que no feminino, 
situando-se entre os 12-14 anos no rapaz e os 11-15 anos na rapariga. Entre os 
fatores que contribuem para essa variabilidade conhecem-se os genéticos, nutritivos, 
económicos, sociais. A puberdade marca o fim da infância e o início da adolescência. 
 
 
Fonte: pixabay.com 
A adolescência deve ser considerada o verdadeiro período de transição entre 
o estado juvenil e a idade adulta, onde, para além de se desenvolverem os caracteres 
sexuais secundários e haver uma clara aquisição da capacidade de procriar, se 
intensifica o crescimento corporal e têm lugar profundas modificações psicológicas. O 
seu começo coincide com a puberdade. O seu termo varia de acordo com os critérios 
físicos, mentais, emocionais, culturais e sociais que definem a adultícia, mas 
habitualmente situa-se entre os 18 e os 20 anos, afirma PEREIRA, (2014). 
Alguns autores defendem existir um período pré-puberal, que se inicia pelos 12 
anos nos rapazes e pelos 10 anos nas raparigas. Nesse período começa a haver uma 
diminuição progressiva do efeito inibitório do SNC sobre o gerador hipotalâmico 
pulsátil de GnRH e sobre a libertação de gonadotrofinas. Daí resulta um progressivo 
aumento, geralmente noturno, da amplitude dos pulsos de GnRH e de gonadotrofinas, 
com o consequente aumento da libertação de esteroides sexuais pelas gónadas 
(Conte e Grumbach, 1994 apud PEREIRA, 2014). 
 
 
 
20 
 
 
As modificações físicas da puberdade são o resultado da crescente e uma 
fortíssima ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, com aumento da produção 
de FSH (Follicle-Stimulating Hormone) e de LH e a ativação da produção dos 
esteroides sexuais. São estes que induzem o desenvolvimento dos caracteres sexuais 
secundários e a aquisição da capacidade reprodutora, com o aparecimento da 
espermatogénese (ou das ovulações, na rapariga). Os mecanismos que levam à 
estimulação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal devem-se não só à acentuada 
diminuição da inibição que o SNC estava a exercer sobre o gerador hipotalâmico 
pulsátil de GnRH, como também à diminuição da sensibilidade do eixo hipotálamo-
hipófise ao efeito inibidor dos esteroidesgonadais. A dupla ação desses mecanismos 
vai produzir um aumento da amplitude e frequência dos pulsos hipotalâmicos de 
GnRH. Se na pré-puberdade e no início da puberdade há uma associação clara entre 
o sono e a libertação pulsátil da hormona, gradualmente a sua produção estende-se 
a todo o dia, adquirindo os padrões pulsáteis da idade adulta, ou seja, cerca de um 
pulso cada 90 minutos. Também, de início, a produção hipofisária de FSH e de LH é 
exclusivamente noturna, mas pouco a pouco adquire os padrões pulsáteis do adulto, 
bastantes constantes no sexo masculino e fortemente variáveis ao longo do ciclo 
ovárico feminino, afirma PEREIRA, (2014). 
Para PEREIRA, (2014) a dessensibilização do hipotálamo e da hipófise ao 
efeito negativo dos esteroides sexuais, determina um novo equilíbrio de retrocontrolo, 
que perdurará durante toda a idade adulta. Nas raparigas, com a puberdade, 
estabelece-se um retrocontrolo positivo entre estrogénios e LH, que se dá diretamente 
a nível hipofisário. Para isso acontecer é necessário que a hipófise esteja exposta a 
elevadas concentrações de GnRH, mecanismo indispensável para que surja a 
menarca e comecem as ovulações. Nos rapazes esse retrocontrolo positivo entre 
androgénios e LH não acontece. 
Para além das modificações pubertárias sobre o eixo hipotálamo-hipófise-
gonadal, outras glândulas endócrinas igualmente aumentam a sua atividade. É o caso 
da tiroideia, com uma atividade aumentada de tiroxina e de TBG (Thyroxine Binding 
Globulin), e o caso das glândulas suprarrenais, que aumentam a sua produção de 
esteroides contribuindo para o desenvolvimento dos pelos axilares e púbicos, afirma 
PEREIRA, (2014). 
 
 
 
21 
 
 
4.4 Manifestações da sexualidade na idade adulta 
O comportamento sexual de um indivíduo está frequentemente relacionado a 
toda a sua história de vida passada e depende principalmente de como a família trata 
o desempenho sexual. A maturidade sexual vem aos 30 anos, porém acompanhada 
com os preconceitos e a educação sexual recebidos. As mulheres tendem a sofrer 
pressão social na busca do orgasmo, enquanto os homens podem ser “obrigados” a 
proporcionar orgasmo a suas/ seus parceiras (os) sexuais. A disfunção sexual pode 
se tornar mais evidente devido a problemas como a ejaculação precoce e a disfunção 
erétil. Por outro lado, as mulheres que são educadas sob repressão sexual podem 
desenvolver vaginismo (dor durante a relação sexual, geralmente causada por medo 
e estresse excessivo) e dispareunia (dor intensa durante a relação sexual e 
imediatamente após o comportamento). Nesse estágio, a terapia sexual pode ajudar 
muito os casais e parceiros. 
4.5 Sexualidade na terceira idade 
 
Fonte: sexplicando.com 
Segundo VITIELLO; et al., (1993) reconhecer que, mesmo sem manifestar-se 
de maneira exuberante, o potencial para o exercício da sexualidade existe enquanto 
durar a vida humana, por mais longa que ela seja. Mesmo em se considerando as 
 
 
 
22 
 
 
naturais diferenças, os idosos sadios apresentam (ou ao menos deveriam apresentar) 
conservado seu potencial de resposta sexual. As limitações ocorrem por 
desconhecimento de que a sexualidade, embora com certas diferenças, pode ser 
prazerosamente exercida em qualquer idade, e que embora as características da 
resposta sexual se alterem, permanecem presentes durante toda a vida. 
Os homens, por exemplo, apresentam episódios mais espaçados de desejo, 
com ereções mais demoradas e menos firmes, que permitem, no entanto, uma cópula 
perfeitamente satisfatória. A região dos genitais, e a pele em torno deles, afirma-se 
como principal zona erógena, ocorrendo ainda uma mais rápida perda de ereção após 
a ejaculação. As mulheres, após a menopausa, apresentam lubrificação vaginal 
menos intensa e de mais demorado aparecimento, evento este simplesmente 
corrigido com o uso de lubrificantes locais. Os orgasmos, embora mais curtos, têm a 
mesma intensidade daqueles experimentados pelas mulheres mais jovens, afirma 
VITIELLO; et al., (1993). 
De acordo com VITIELLO; et al., (1993) podemos concluir não haver qualquer 
motivo fisiológico para que se apague a sexualidade com o avançar da idade a que, 
respeitando-se as alterações referidas, a prática da atividade sexual pode ser tão 
gratificante na velhice quanto na juventude ou na idade adulta. 
5 A SEXUALIDADE NO CICLO DE VIDA 
 
Fonte: acertodecontas.br 
 
 
 
23 
 
 
Todos, homens e mulheres, nascem com seu sexo, o que é biológico. O sexo 
os define e classifica a partir de características fisiológicas e fenotípicas aparentes no 
corpo. Porém, a sexualidade é um conceito diferente, que vai sendo desenvolvido ao 
longo de toda a vida, desde a infância. Portanto, não é algo natural, e sim fruto de uma 
produção social: “A sexualidade não é apenas uma questão pessoal, mas é social e 
política [...] a sexualidade é ‘aprendida’, ou melhor, é construída, ao longo de toda a 
vida, de muitos modos, por todos os sujeitos” (LOURO, 2000, p. 5 apud BES, 2019). 
Entender o conceito de sexualidade é o primeiro passo para perceber que o 
mundo estabeleceu padrões e papéis sociais para homens e mulheres devido ao seu 
sexo, priorizando, nesse caso, as relações heterossexuais como norma. Isso fez com 
que, ao longo dos últimos séculos, falar sobre sexo ou sexualidade se tornasse um 
grande tabu, fato que não impediu que a sociedade se esforçasse por regular, 
controlar, manipular e conter todo e qualquer comportamento sexual desviante do 
padrão socialmente aceito. Bee e Boyd (2011, p. 279 apud BES, 2019) esclarecem 
que “Geralmente, sexo é reservado para os aspectos biológicos de masculinidade e 
feminilidade. Em contraste, gênero se refere aos aspectos psicológicos e sociais de 
masculinidade e feminilidade”. 
Foucault (2011, p. 34 apud BES, 2019), ao analisar a história da sexualidade 
humana, argumenta que nos colégios do século XVIII: 
[...] o espaço da sala, a forma das mesas, o arranjo dos pátios do recreio, a 
distribuição dos dormitórios (com ou sem separação, com ou sem cortina), os 
regulamentos elaborados para a vigilância do recolhimento e do sono, tudo 
fala da maneira mais prolixa da sexualidade das crianças (BES, 2019). 
Segundo apud BES, (2019), o autor destaca que já no século XVIII era 
perceptível que a sexualidade entre as crianças era ativa e se manifestava, devendo 
ser controlada e vista como um problema público. Esse problema foi reforçado pelas 
questões religiosas e jurídicas, que classificam e tratam os temas da sexualidade sob 
a lógica do pecado e da perversão e do lícito e ilícito, noções ainda muito presentes 
na sociedade contemporânea. 
Mas o fato é que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação 
Sexual (BRASIL, 1997, p. 291 apud BES, 2019), “[...] as manifestações da sexualidade 
afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são respostas habituais 
dadas por profissionais da escola, baseados na ideia de que a sexualidade é assunto 
para ser lidado apenas pela família”. 
 
 
 
24 
 
 
Conforme BES, (2019) a ênfase aqui é o fato de a sexualidade se encontrar 
manifesta desde a infância, bem como o fato de que o sistema educacional brasileiro 
deve contribuir com sua parcela de responsabilidade para que exista de fato uma 
educação sexual das crianças e adolescentes. Tal educação deve promover 
conhecimentos sobre os cuidados dos alunos consigo mesmos e desenvolver o 
respeito pela diversidade. 
A sexualidade dos indivíduos começa desde os primeiros dias de vida, por meio 
dos contatos com a mãe e das primeiras sensações de prazer (ao mamar, por 
exemplo). Dessa forma, “[...] assim como a inteligência, a sexualidade será construída 
a partir das possibilidades individuais e de sua interação com o meio e a cultura” 
(BRASIL, 1997, p. 296 apud BES, 2019). Você também deve notar que a sexualidade, 
por se tratar de uma produção social e cultural, está associada ao universodas 
interações que o indivíduo vivencia durante as etapas de sua vida. Veja: 
Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos primeiros movimentos 
exploratórios que a criança faz na região genital e aos jogos sexuais com 
outras crianças. As crianças recebem então, desde muito cedo, uma 
qualificação ou “julgamento” do mundo adulto em que estão imersas, 
permeado de valores e crenças atribuídos à sua busca de prazer, os quais 
estarão presentes na sua vida psíquica (BRASIL, 1997, p. 296 apud BES, 
2019). 
No início do século XX, o psicanalista Sigmund Freud desenvolveu uma teoria 
que afirma que todos os seres humanos possuem uma libido, uma pulsão sexual 
básica que se manifesta desde a infância. Segundo Bee e Boyd (2011, p. 36 apud 
BES, 2019): 
[...] em um recém-nascido, a boca é a parte mais sensível do corpo, portanto 
a energia libidinal é focalizada lá. O estágio é chamado de estágio oral. À 
medida que o desenvolvimento neurológico progride, o bebê tem mais 
sensação no ânus (daí o estágio anal) e posteriormente nos órgãos genitais 
(estágio fálico e, eventualmente, o genital, BES, 2019). 
As teorias de Freud costumam ser estudadas por se referirem às crianças 
pequenas e romperem com a ideia naturalizada de que elas estariam completamente 
alheias a qualquer manifestação de ordem sexual. O interessante é que o autor não 
se utiliza de marcadores de sexo para suas formulações do que viria a ser a libido do 
homem ou da mulher, especificamente, afirma BES, (2019). 
Paniagua e Palacios (2008 apud BES, 2019), ao referirem-se aos aspectos da 
sexualidade presentes na rotina das escolas infantis, comentam que deve ser 
 
 
 
25 
 
 
valorizada a convivência entre ambos os sexos na educação infantil. Além disso, 
devem ser abertas possibilidades que permitam quebrar as normas sexistas 
construídas para o brincar, por exemplo, pois se constituíram brincadeiras “de menina” 
ou “de menino” no interior da escola. Em relação às condutas sexistas, porém, os 
autores advertem que “[...] pode acontecer que os pais e as mães das crianças da 
classe tenham comportamentos estereotipados e sexistas, e por isso seria igualmente 
negativo fazer uma crítica direta sobre a conduta e o modo de vida de seus pais” 
(PANIAGUA; PALACIOS, 2011, p. 90 apud BES, 2019). 
De acordo com BES, (2019) intervenção nesses aspectos da sexualidade na 
educação infantil deve ser sutil e constante, já que são aspectos da constituição da 
cultura das famílias. Como você sabe, ainda existem muitos marcadores sexistas na 
escola. É o caso da utilização de cores associadas aos meninos e às meninas e da 
proposição de brincadeiras e brinquedos mais ou menos apropriados de acordo com 
o sexo biológico. Isso deve ser problematizado, uma vez que produz ações 
preconceituosas em relação àqueles que não se adequam a tais comportamentos. 
Um exemplo disso é o das meninas que gostam de jogar futebol e que, além 
disso, possuem habilidade nesse esporte. Essas meninas podem sofrer preconceitos 
e bullying de seus colegas, meninos e meninas, quando não existe a intervenção dos 
professores em relação à questão. Nos playgrounds da educação infantil, 
normalmente ocorre a divisão dos espaços: os meninos ficam associados com os 
brinquedos mais movimentados e dinâmicos, enquanto as meninas condicionam-se à 
casinha e seus acessórios (pias, fogões, geladeira e panelinhas), como se ambos, 
meninas e meninos, não pudessem vivenciar as mesmas experiências, afirma BES, 
(2019). 
É na puberdade que as maiores transformações hormonais e físicas ocorrem 
no corpo e colocam em xeque a sexualidade de meninos e meninas devido às grandes 
diferenças entre eles. Bee e Boyd (2011, p. 125 apud BES, 2019) alertam que: 
[...] a maioria das meninas adquire um tipo físico endomórfico ou um pouco 
flácido, culturalmente indesejável, como resultado da puberdade. Portanto, 
meninas de desenvolvimento precoce devem ter mais problemas de 
ajustamento do que meninas de desenvolvimento médio ou tardio. 
Similarmente, a puberdade proporciona à maioria dos meninos um tipo físico 
mesomórfico, ou magro e muscular, culturalmente admirado. BES, (2019) 
 
 
 
26 
 
 
Segundo BES, (2019) as diferenças na constituição física adquirida na 
puberdade podem causar desconforto e diminuir a autoestima. Também podem 
ocasionar estágios de depressão entre os adolescentes, que, em alguns casos, não 
sabendo lidar com seus hormônios em expansão, manifestam atitudes agressivas, 
explosivas e mesmo violentas no interior das escolas que frequentam. A educação 
sexual na escola pode contribuir também para amenizar tais circunstâncias e 
promover melhor aceitação de si e dos outros colegas de classe nessa fase da vida. 
A adolescência na contemporaneidade: 
[...] é a fase de novas descobertas e novas experimentações, podendo 
ocorrer as explorações da atração e das fantasias sexuais com pessoas do 
mesmo sexo e do outro sexo. A experimentação dos vínculos tem relação 
com a rapidez e a intensidade da formação e da separação de pares 
amorosos entre os adolescentes (BRASIL, 1997, p. 296 apud BES, 2019). 
A educação sexual deve procurar entender as particularidades de cada fase da 
vida dos alunos, respeitando sua constituição e a identidade de gênero que tenham 
assumido para si. Essas ideias, porém, chocam-se com os modelos historicamente 
construídos e aceitos como normais, que você viu anteriormente. Dessa forma, 
segundo César (2009, p. 49 apud BES, 2019), é necessário desestabilizar o 
conhecimento existente, propondo o entendimento de que “[...] sexualidade, educação 
sexual e diversidade sexual se referem a práticas de liberdade, na medida em que os 
limites de nosso pensamento deverão ser transcendidos em nome de outras 
possibilidades tanto de conhecer como de amar”. 
De acordo com BES, (2019) como você pode perceber, para trabalhar com as 
temáticas da educação sexual, você precisa revisitar seus próprios conceitos sobre 
os temas, visando a ampliar o seu olhar sobre eles e, em alguns casos, até mesmo 
trabalhar com algum tipo de preconceito que possa constituí-lo. 
 
 
 
27 
 
 
6 O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NA EDUCAÇÃO SEXUAL 
 
Fonte: pixabay.com 
Segundo FORECHI, (2021) quando falamos nos meios de comunicação como 
produtores de conhecimento e como artefatos pedagógicos, dentro da perspectiva das 
pedagogias culturais, logo pensamos nos meios de comunicação de massa, 
especialmente na televisão e nos jornais. 
Porém, devemos considerar que os meios de comunicação que influenciam os 
processos educativos não se limitam a esses, ligados a grandes conglomerados de 
mídia, em sua maioria, e disponíveis para públicos muito ampliados. Meios de 
comunicação podem ser tidos, no contexto em que tratamos de sua relação com a 
educação, como artefatos que transmitem alguma informação. Assim, um jornal, um 
mural ou uma cartilha são meios de comunicação. Mas, aqui, vamos falar 
especialmente dos meios de comunicação de massa, por consideramos sua 
abrangência e seu potencial pedagógico na sociedade contemporânea. Além desses, 
temos que considerar as mídias digitais, que envolvem, entre outras, as redes sociais 
digitais, os vlogs, os blogs, os canais de vídeo e as plataformas de produção e 
distribuição de podcast, afirma FORECHI, (2021). 
Para FORECHI, (2021) diferentes temas podem ser trabalhados 
pedagogicamente utilizando-se os meios de comunicação. Alguns deles, no entanto, 
ocupam lugar de destaque nos meios de comunicação de massa e nas mídias sociais 
 
 
 
28 
 
 
na internet, devido a sua multiplicidade de abordagens e a seu caráter multidisciplinar. 
Apesar de já constar como obrigatória nos currículos escolares, a educação sexual 
ainda é um tema considerado do âmbito da vida privada e há, por conta disso, diversos 
conflitos sobre sua abordagem, inclusive questionando se realmente deve ser 
discutido nas escolas. 
Quando falamos, no entanto, da mídiacomo uma pedagogia cultural, estamos 
nos referindo ao modo como as mídias ensinam e contribuem para consolidar valores, 
modos de ser, ideologias, identidades e conceitos por meio de suas mensagens e de 
sua penetração na sociedade. As narrativas midiáticas veiculam saberes e 
representações sociais na sociedade. Douglas Kellner (2001 apud FORECHI, 2021) 
afirma que há uma cultura de imagens e sons veiculada pela mídia e que domina o 
tempo de lazer das pessoas, fornecendo material que as ajudam a moldar suas 
personalidades. 
Nesse sentido, a cultura da mídia, segundo Kellner (2001 apud FORECHI, 
2021), é um terreno de disputa marcado por uma pluralidade de discursos e 
espetáculos, que se afastam das ou dialogam com as diferentes culturas da 
sociedade. As narrativas midiáticas, portanto, tanto podem ser facilitadoras da 
circulação de discursos educativos, livres de preconceitos ou estereótipos, quanto 
podem ser disseminadoras de modos conservadores de viver em sociedade, 
reproduzindo representações estereotipadas e preconceituosas de pessoas ou grupos 
de pessoas. 
Delton Felipe e Samilo Takara (2020, documento on-line apud FORECHI, 2021) 
destacam que um dos papéis da mídia, como terreno de disputa por representações, 
é “[...] dar lugar à pluralidade de vozes sociais, expressando a multiplicidade de formas 
culturais e incluindo os que parecem viver à margem da sociedade”. Esse campo 
midiático, ainda segundo os autores, é responsável por contribuir para “[...] a definição 
de papéis e da afirmação de valores e sentidos na sociedade” (FELIPE; TAKARA, 
2020, documento on-line apud FORECHI, 2021). 
Para além das análises de produtos midiáticos, como fazem Felipe e Takara 
(2020 apud FORECHI, 2021), é possível pensar a sexualidade em sua relação com 
as narrativas midiáticas a partir de processos psicológicos que se difundem na 
coletividade para compreender o papel estratégico das mídias. Paulo Roberto 
Carvalho (2010 apud FORECHI, 2021) destaca que, na televisão, toda a discussão 
 
 
 
29 
 
 
sobre sexualidade contemporânea vem acompanhada de conteúdo com apelo erótico, 
distribuído em diferentes canais. 
Partindo da análise de peças publicitárias inseridas nos intervalos das novelas, 
o autor destaca que há modelos de relacionamento sexual e amoroso sempre 
veiculados e que esses, ao serem instituídos como legítimos, apagam outras formas 
de manifestações que não se encontram contempladas pelas regras consideradas 
válidas. Para Carvalho (2010 apud FORECHI, 2021), há várias implicações sobre 
esses modelos de sexualidade impostos pela mídia. Uma delas seria o que se fala 
sobre sexualidade na sociedade, pois é a partir dessa fala que as pessoas buscam 
subsídios para viverem suas sexualidades. 
Segundo FORECHI, (2021) atualmente, os meios de comunicação tradicionais 
(TV, rádio, jornais) já não podem mais ser considerados os únicos a produzirem 
representações da realidade por meio de suas narrativas. Temos que considerar os 
diferentes meios disponíveis no ambiente digital, incluindo portais e sites 
especializados em temas como sexualidade e gênero. Com isso, o acesso à 
informação é ampliado, tornando a busca de informações mais fácil. Isso não significa, 
no entanto, qualquer tipo de garantia sobre a qualidade do conteúdo disponibilizado. 
As redes sociais são espaços por onde circulam informações de diferentes 
naturezas, e é por meio delas, muitas vezes, que adolescentes e jovens obtêm 
“respostas” para as questões envolvendo sexualidade. Nesse sentido, devemos 
considerar que, ao falarmos em meios de comunicação, estamos nos referindo a uma 
diversidade de suportes e artefatos. Clay Shirky (2011 apud FORECHI, 2021) acredita 
ser necessária uma nova conceituação para a palavra “mídia”, que inclua outros 
produtores que não os profissionais da comunicação. Henri Jenkins (2011 apud 
FORECHI, 2021) é outro autor que acredita haver um novo conjunto de regras que 
devem ser consideradas quando pensamos em processos midiáticos. 
Outra questão importante a se considerar quando falamos de sexualidade e o 
papel das mídias é que não faz sentido mais separar mídia pública de mídia privada. 
Segundo Shirky (2011 apud FORECHI, 2021), o que temos hoje é um tipo de mídia 
de mão dupla que parece deslizar de uma para outra. Ele menciona, por exemplo, um 
livro que pode estimular uma discussão pública em inúmeros lugares 
simultaneamente (SHIRKY, 2011 apud FORECHI, 2021). 
 
 
 
30 
 
 
Assim, pensar o papel dos meios de comunicação na produção de narrativas 
sobre sexualidade não pode ocorrer sem que se leve em consideração esse novo 
ambiente comunicacional, que provoca mudanças, inclusive, na dinâmica das mídias 
de massa. Algumas iniciativas têm sido desenvolvidas no sentido de qualificar 
profissionais da comunicação para lidar com temas que se relacionam à sexualidade, 
afirma FORECHI, (2021). 
Fabbri Jr. e Ormanezi (2018 apud FORECHI, 2021) destacam a ausência de 
uma disciplina voltada para questões de sexualidade e gênero nos currículos 
formativos de profissionais de comunicação, especialmente de jornalistas. Eles 
apontam algumas iniciativas, porém, que se voltam para essa formação, como, por 
exemplo, um curso de extensão denominado “Gênero, discurso e mídia: da reflexão à 
cobertura jornalística”, oferecido pela Universidade Estadual de Campinas, e que foi 
inspirado em um curso com a mesma temática, oferecido na Universidade de Paris. 
Segundo FORECHI, (2021) existem, ainda, outras iniciativas não ligadas a 
instituições de ensino e que utilizam a mídia para oferecer subsídios a jornalistas sobre 
como exercer de forma mais consistente coberturas sobre a temática da sexualidade. 
Um bom exemplo é o material denominado “Minimanual de Jornalismo Humanizado”, 
produzido pelo portal Think Olga, voltado para as boas práticas de profissionais da 
comunicação. 
 
 
 
 
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7 QUESTÕES DE GÊNERO E PROBLEMAS SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS 
 
Fonte: pixabay.com 
Segundo BARROSO, (2018) alguns dos grupos sociais que se sentem 
discriminados se articulam por meio dos movimentos sociais a fim de explicitar seus 
problemas e demandar uma nova interpretação da realidade. Ainda que esses grupos 
tenham pautas em comum, isso não quer dizer que não haja subgrupos com pautas 
específicas. Você deve ter em mente que os movimentos sociais não são 
necessariamente homogêneos. A seguir, você vai ver alguns pontos de suas lutas e 
demandas. 
Primeiramente, você deve estar familiarizado com o conceito de movimentos 
sociais. Segundo Gohn (2011, p. 333–334 apud BARROSO, 2018): 
Uma das premissas básicas a respeito dos movimentos sociais é: são fontes 
de inovação e matrizes geradoras de saberes. Entretanto, não se trata de um 
processo isolado, mas de caráter político-social. Por isso, para analisar esses 
saberes, deve-se buscar as redes de articulações que os movimentos 
estabelecem na prática cotidiana e indagar sobre a conjuntura política, 
econômica e sociocultural do país quando as articulações acontecem. Essas 
redes são essenciais para compreender os fatores que geram as 
aprendizagens e os valores da cultura política que vão sendo construídos no 
processo interativo. BARROSO, (2018). 
Assim, é por meio dessas redes que os grupos se mobilizam e articulam suas 
demandas em lutas políticas para conseguirem que a discriminação sofrida seja 
 
 
 
32 
 
 
enquadrada como crime. Esse é um dos meios de inibir novas discriminações 
relacionadas ao gênero, mas também de visibilizar os casos de discriminação para 
que a sociedade reflita sobre essa situação, afirma BARROSO, (2018). 
Em relação à condição da mulher na sociedade, Pinto (2003 apud BARROSO, 
2018) destaca três momentos de articulação na luta contra a discriminação, 
especialmente no Brasil: a luta pelo voto e pelos direitos políticos; a discussão sobre 
a sexualidade e as relações de poder; e os processos de institucionalizaçãoe 
discussão das diferenças intragênero no processo de redemocratização. No entanto, 
essa luta ainda não atingiu todos os seus objetivos e segue na busca por igualdade 
de condições entre os gêneros. 
Com relação a essa luta, Pedro e Guedes (2010, p. 8 apud BARROSO, 2018) 
evidenciam algumas conquistas legislativas dos movimentos feministas brasileiros, 
mas também ressaltam os desafios ainda presentes: 
A criação da Lei Maria da Penha (11.240/06) possibilitou o esclarecimento 
perante a definição do que seria violência. Até então, entendia-se por 
violência apenas agressões que deixassem marcas visíveis, como 
hematomas ou feridas. Nesta Lei se discorre sobre as diversas formas da 
violência: caráter físico, psicológico, sexual, moral ou patrimonial. É, portanto, 
uma lei na qual a compreensão da violência refere-se a tudo aquilo que fere 
a integridade da pessoa. […] cabe, enfim, considerar que as políticas de 
gênero não ultrapassam os movimentos sociais, ao contrário mostram a 
importância da atuação desses movimentos no que tange ao protagonismo 
dos sujeitos sociais. Apesar das grandes conquistas femininas no último 
século, sobretudo estas legais que apresentamos, ainda há muito que fazer 
para que se finde o quadro de submissão feminina. É fundamental que o 
Estado invista cada vez mais nas Políticas Públicas voltadas para mulheres, 
e que o protagonismo do movimento feminista amplie a presença das 
mulheres na cena pública na luta pela garantia de direitos conquistados e 
ampliação de novos direitos. BARROSO, (2018). 
Outro grupo que também se organiza para lutar por seus direitos, uma vez que 
sofre discriminação pela condição de gênero, constitui o movimento LGBT. Esse 
movimento tem como uma de suas principais demandas o combate à homofobia e a 
defesa da diversidade sexual. Sobre esse conceito, veja o que fala Vianna (2015, p. 6 
apud BARROSO, 2018): 
A utilidade do conceito de diversidade sexual refere-se, portanto, à 
legitimidade das múltiplas formas de expressão de identidades e práticas da 
orientação sexual e expressões das identidades de gênero. […] A palavra 
diversidade tem, portanto, muitos significados, politicamente construídos e 
dirigidos a problemáticas muito diferentes e às vezes até contraditórias da 
discriminação. […] Assim, utilizo a palavra diversidade por fazer parte do 
contexto analisado, mas ela está teoricamente embasada no conceito de 
diferença/desigualdade, voltado para o exame de um quadro extremamente 
 
 
 
33 
 
 
complexo, no qual se articularam demandas LGBT para a educação pública 
com movimentos internacionais, com mudanças na sociedade, com o 
fomento da produção de conhecimento sobre o tema, articulando o direito à 
educação com as temáticas de diversidade sexual, raça, geração, gênero e 
com pressões de agências multilaterais e organismos multinacionais. 
BARROSO, (2018). 
Conforme BARROSO, (2018) como enfatizado, o movimento LGBT ainda traz 
discussões específicas, como as questões de transexuais, lésbicas e homens que 
fazem sexo com outros homens, o que demanda ações específicas da área de saúde. 
De forma geral, as demandas da população LGBT têm ganhado visibilidade, mas 
ainda há muito a se fazer na sociedade contemporânea. 
Os problemas contemporâneos relacionados à questão de gênero têm ganhado 
espaço na arena das políticas públicas tanto no nível nacional como no nível 
internacional. No entanto, todo esse movimento ainda é apenas o começo de uma 
mobilização social que precisa continuar para modificar formas de pensar que incidem 
no preconceito, na discriminação e na violência de gênero. Por fim, lembre-se de que 
“[...] o preconceito é a valoração negativa que se atribui às características da 
alteridade. Implica a negação do outro diferente e, no mesmo movimento, a afirmação 
da própria identidade como superior/ dominante” (BANDEIRA; BATISTA, 2002, p. 138 
apud BARROSO, 2018). Por isso, considere que, na reflexão sobre gênero, está em 
jogo o questionamento das relações de poder estabelecidas na sociedade há muito 
tempo. Assim, a mudança de pensamento não é simples, rápida nem automática. 
Contudo, é fundamental iniciá-la e refletir sobre os problemas contemporâneos. 
 
 
 
34 
 
 
8 DISFUNÇÕES SEXUAIS 
 
Fonte: terapiando.com.br 
Segundo o DSM-5, (2014) as disfunções sexuais incluem ejaculação retardada, 
transtorno erétil, transtorno do orgasmo feminino, transtorno do interesse/excitação 
sexual feminino, transtorno da dor gênito- -pélvica/penetração, transtorno do desejo 
sexual masculino hipoativo, ejaculação prematura (precoce), disfunção sexual 
induzida por substância/medicamento, outra disfunção sexual especificada e 
disfunção sexual não especificada. As disfunções sexuais formam um grupo 
heterogêneo de transtornos que, em geral, se caracterizam por uma perturbação 
clinicamente significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou 
de experimentar prazer sexual. Um mesmo indivíduo poderá ter várias disfunções 
sexuais ao mesmo tempo. Nesses casos, todas as disfunções deverão ser 
diagnosticadas. 
De acordo com DSM-5, (2014) o julgamento clínico deve ser utilizado para 
determinar se as dificuldades sexuais são resultado de estimulação sexual 
inadequada; mesmo nessas situações ainda pode haver necessidade de tratamento, 
embora o diagnóstico de disfunção sexual não seja aplicável. Esses casos incluem, 
mas não se limitam a, condições nas quais a falta de conhecimento sobre estimulação 
eficaz impede a experiência de excitação ou de orgasmo. 
 
 
 
35 
 
 
Conforme DSM-5, (2014) os subtipos são usados para designar o início da 
dificuldade. Em muitos indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do 
quadro poderá indicar etiologias e intervenções diferentes. Ao longo da vida refere-se 
a um problema sexual que está presente desde as primeiras experiências sexuais, e 
adquirido aplica-se aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de 
função sexual relativamente normal. Generalizado refere-se a dificuldades sexuais 
que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros, e situacional 
aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem somente com determinados tipos de 
estimulação, situações ou parceiros. 
Afirma o DSM-5, (2014) que além dos subtipos ao longo da vida/adquirido e 
generalizado/situacional, inúmeros fatores devem ser considerados durante a 
avaliação de uma disfunção sexual, tendo em vista que poderão ser relevantes para 
a etiologia e/ou tratamento e contribuir, em maior ou menor grau, para a disfunção nos 
indivíduos: 1) fatores relacionados ao parceiro (p. ex., problemas sexuais; estado de 
saúde); 2) fatores associados ao relacionamento (p. ex., falta de comunicação; 
discrepâncias no desejo para atividade sexual); 3) fatores relacionados a 
vulnerabilidade individual (p. ex., má imagem corporal; história de abuso sexual ou 
emocional), comorbidade psiquiátrica (p. ex., depressão, ansiedade) ou estressores 
(p. ex., perda de emprego, luto); 4) fatores culturais ou religiosos (inibições 
relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes em relação à 
sexualidade); e 5) fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. 
De acordo com DSM-5, (2014) o julgamento clínico sobre o diagnóstico de 
disfunção sexual deve levar em consideração fatores culturais que possam influenciar 
expectativas ou criar proibições sobre a experiência do prazer sexual. O 
envelhecimento pode estar associado a redução na resposta sexual normal para o 
período. 
Segundo o DSM-5, (2014) a resposta sexual tem uma base biológica essencial, 
embora, em geral, seja vivenciada em um contexto intrapessoal, interpessoal e 
cultural. Portanto, a função sexual envolve uma interação complexa entre fatores 
biológicos, socioculturais e psicológicos. Em muitos contextos clínicos, não se 
conhece com exatidão a etiologia de um determinado problema sexual. Não obstante,o diagnóstico de uma disfunção sexual requer a exclusão de problemas que são mais 
bem explicados por algum transtorno mental não sexual, pelos efeitos de uma 
 
 
 
36 
 
 
substância (p. ex., droga ou medicamento), por uma condição médica (p. ex., devido 
a alguma lesão no nervo pélvico) ou por perturbação grave no relacionamento, 
violência do parceiro ou outros estressores. 
Conforme DSM-5, (2014) nos casos em que a essência da disfunção sexual for 
explicável por outro transtorno mental não sexual (p. ex., transtorno depressivo ou 
transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, 
transtorno psicótico), deve-se, então, diagnosticar apenas o outro transtorno mental. 
Problemas que forem mais bem explicados pelo uso, abuso ou descontinuação de um 
medicamento ou substância devem ser diagnosticados como disfunção sexual 
induzida por substância/medicamento. Nos casos em que a disfunção for atribuível a 
outra condição médica (p. ex., neuropatia periférica), o indivíduo não deve receber um 
diagnóstico psiquiátrico. Se perturbação grave do relacionamento, violência do 
parceiro ou outros estressores significativos explicarem melhor as dificuldades 
sexuais, não se aplica o diagnóstico de uma disfunção sexual; deve-se registrar um 
código adequado V ou Z para o problema do relacionamento ou para os estressores. 
Em muitos casos, é impossível estabelecer uma relação etiológica precisa entre 
alguma outra condição (p. ex., condição médica) e uma disfunção sexual. 
De acordo com DSM-5, (2014), segue: 
 
 Ejaculação Retardada Critérios Diagnósticos 302.74 (F52.32) 
 Transtorno Erétil Critérios Diagnósticos 302.72 (F52.21) 
 Transtorno do Orgasmo Feminino Critérios Diagnósticos 302.73 
(F52.31) 
 Transtorno do Interesse/Excitação Sexual Feminino Critérios 
Diagnósticos 302.72 (F52.22) 
 Transtorno da Dor Gênito-pélvica/Penetração Critérios Diagnósticos 
302.76 (F52.6) 
 Transtorno do Desejo Sexual Masculino Hipoativo Critérios Diagnósticos 
302.71 (F52.0) 
 Ejaculação Prematura (Precoce) Critérios Diagnósticos 302.75 (F52.4) 
 
 
 
 
 
37 
 
 
9 ASPECTO BIOLÓGICO QUE ENVOLVE A SEXUALIDADE 
 
Fonte: terapiaesexualidade.files.wordpress.com 
Segundo MELO; et al., (2005) quando a literatura se reporta ao aspecto 
biológico que envolve a sexualidade, há predominância da abordagem do 
funcionamento dos órgãos genitais e da fisiologia da resposta sexual humana. Kaplan 
afirma que para o funcionamento sexual adequado, é primordial a integridade dos 
órgãos genitais. Porém, Hogan ressalta que a integridade dos sistemas nervoso 
central, endócrino e vascular é tão importante quanto a dos órgãos genitais. 
Com isso, no que diz respeito ao aspecto biológico, é importante relacionar o 
quadro patológico geral do cliente às drogas utilizadas no tratamento e os achados do 
exame físico à sexualidade do cliente. A doença e sua terapêutica, ao comprometer 
um ou mais sistemas do organismo, pode ter influência em uma ou mais fases da 
resposta sexual humana compreendidas como fases genitais que se dividem em 
quatro estágios: excitação, platô, orgasmo e resolução, afirma MELO; et al., (2005). 
De acordo com MELO; et al., (2005) em 1979, foi apresentada uma 
compreensão significativa dessas fases, que ficaram conhecidas como fases 
biológicas da resposta sexual humana, contemplando: desejo, excitação e orgasmo, 
as quais, apesar de serem fases distintas, estão interligadas entre si. Fundamentado 
nessas fases, surge o conceito de disfunção sexual que consiste em qualquer 
desajuste, total ou parcial, que ocorra em uma dessas fases. A fase do desejo é 
 
 
 
38 
 
 
caracterizada como um "comportamento encoberto", ou seja, subjetivo. Porém, a 
Enfermagem, deve compreender que se trata de dado subjetivo, mas diretamente 
relacionado ao aspecto biológico. 
Logo, na entrevista, é importante que seja abordado não só o interesse da 
pessoa em participar de atividade sexual, mas também a sensação de se sentir ou 
não desejável pelo outro, pois aquele que não se sente desejável, dificilmente 
conseguirá despertar o desejo sexual no outro. Vale ressaltar que ao referir à atividade 
sexual, estamos abordando a relação sexual e a masturbação e recomendamos que 
o enfermeiro, ao coletar esses dados, não use a palavra desejável e, sim, atraente 
e/ou sensual, afirma MELO; et al., (2005). 
Porém, o fato de sentir-se ou não desejável está relacionado com a 
autoimagem que, por sua vez, está relacionado ao aspecto psicológico que envolve a 
sexualidade. Em face dessas considerações, temos que admitir que há uma grande 
dificuldade em avaliar as consequências das doenças físicas sobre a sexualidade, não 
tendo como delimitar "até onde vai a ação direta da doença ou onde começa a 
manifestação psicológica", afirma MELO; et al., (2005). 
Conforme MELO; et al., (2005) na fase da excitação, se o sujeito for homem, 
deve-se questionar problemas relacionados ao alcance ou manutenção da ereção. No 
caso da mulher, a investigação centraliza-se na lubrificação vaginal e na presença de 
dispareunia. Considerando que essa fase se caracteriza por um fenômeno 
vasocongestivo e, também, reflexo nos homens, um distúrbio do sistema 
cardiovascular e/ ou do sistema nervoso podem, certamente, comprometer a 
excitação masculina e feminina. Sendo assim, a Enfermagem diante de distúrbios 
dessa natureza deve orientar o cliente sobre as possíveis complicações da doença. 
De acordo com MELO; et al., (2005) quanto à fase do orgasmo, deve ser 
questionada a capacidade de atingir a satisfação sexual, manifestada pela sensação 
de prazer sexual e, no caso dos homens, também a percepção em atingir o prazer 
muito rápido. Com relação à mulher, é importante, ainda, investigar a vida reprodutiva 
e ginecológica, com dados a respeito da história menstrual, gravidez, aborto e 
frequência a consultas ginecológicas. 
Além da coleta de dados sobre as três fases da resposta sexual, relacionando 
os dados com os do exame físico, sugerimos que seja questionada a percepção do 
cliente a respeito de alguma limitação do estado de saúde ou do tratamento na sua 
 
 
 
39 
 
 
vida sexual, a fim de completar todas as possíveis alterações e para facilitar a 
investigação, é desejável que se faça uma comparação da resposta sexual, antes e 
após a mudança do estado de saúde, se for o caso, ou desde a época em que se 
iniciaram suas atividades sexuais até o aparecimento da alteração, afirma MELO; et 
al., (2005). 
10 ASPECTO PSICOLÓGICO QUE ENVOLVE A SEXUALIDADE 
 
Fonte: pixabay.com 
Conforme MELO; et al., (2005) considerando-se o aspecto psicológico, Hogan 
orienta que devem ser avaliadas as alterações na autoimagem sexual, sendo esta 
definida como a imagem que temos de nós próprios como homens e mulheres, 
influenciados pela imagem corporal. 
Kolodny et al. (apud MELO; et al., 2005) salientam que, mediante uma 
modificação negativa na autoimagem, principalmente, decorrente de processos 
patológicos ou terapêuticos, pode ocorrer um sentimento de inferioridade, por se sentir 
feia ou diferente das outras pessoas. 
Segundo MELO; et al., (2005) sendo assim, é importante investigar a respeito 
das alterações físicas, decorrentes do processo patológico e terapêutico, vivenciadas 
atualmente e a interferência dessas alterações na vida sexual, pois sabe-se que um 
distúrbio da imagem corporal está diretamente relacionado à autoestima que, por sua 
 
 
 
40 
 
 
vez, também influencia a sexualidade. A abordagem das práticas e hábitos sexuais 
pode contemplar tanto os aspectos biológicos quanto o psicológico que envolvem a 
sexualidade. Se o enfoque for a avaliação de riscos de se adquirir doenças através da 
relação sexual, comprometendo a integridade dos órgãos genitais, trata-se de como 
aspecto biológico que envolve a sexualidade. Porém, se a avaliação se centralizar no 
comportamento da pessoa diantedas suas atividades sexuais, refere-se ao aspecto 
psicológico. 
De um modo geral, a literatura, a respeito de práticas e hábitos sexuais, engloba 
a investigação sobre a parceria sexual, especificando, se caracteriza uma parceria 
fixa ou não, o número de parceiros por ano e, principalmente, o uso de métodos 
contraceptivos e de proteção física, afirma MELO; et al., (2005). 
Conforme MELO; et al., (2005) sabe-se que o uso da camisinha é um hábito 
que deve ser praticado por todos; portanto, cabe à Enfermagem exercer sua prática 
educativa, no que diz respeito à orientação do uso desse método. Ressaltamos que, 
durante a assistência de enfermagem a pacientes portadores de distúrbios onco-
hematológicos, que caracterizam uma população em que o uso da camisinha é 
essencial, devido ao comprometimento de sua imunidade, observamos que essa 
prática não está se efetuando, em parte importante dessa clientela que tem vida 
sexual ativa. 
Esse fato nos remete à necessidade de identificar tais hábitos, para se reforçar 
ou introduzir ações educativas de promoção à saúde e prevenção de doenças à 
população e à clientela de pacientes imunossuprimidos em especial, afirma MELO; et 
al., (2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
11 BIBLIOGRAFIA 
BARROSO, Priscila Farfan. ESTUDOS CULTURAIS E ANTROPOLÓGICOS, 2018. 
BES, Pablo Rodrigo. SOCIEDADE, CULTURA E CIDADANIA, 2019. 
FORECHI, Marcilene. A sexualidade nos meios de comunicação, 2021. 
GARCIA, Olga Regina Zigelli. Sexualidades femininas e prazer sexual: uma 
abordagem de gênero, 2007. 
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS - DSM-5, 
2014 
MELO, Alexandra de Souza; CARVALHO, Emília Campos de. A ABORDAGEM DA 
SEXUALIDADE HUMANA NA COLETA DE DADOS EM ENFERMAGEM: DESAFIO 
PARA ENFERMEIROS, 2005 
PEREIRA, Nuno Monteiro. Sexualidade na infância e adolescência, 2014. 
VITIELLO Nelson; CONCEIÇÃO, Isméri Seixas Cheque. Manifestações da 
Sexualidade nas Diferentes Fases da Vida. 1993

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