Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Projeto de Edificações Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Concepção Estrutural Concepção Estrutural • Conhecer os conceitos gerais que devem nortear um engenheiro na escolha dos sistemas estruturais, tanto sob o aspecto tecnológico, quanto pelo aspecto do custo e tempo de execução; • Conhecer o conceito de concepção e de estruturas de concreto armado; • Conhecer as concepções das estruturas de aço e de madeira. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Conceitos de Concepção; • Concepção de Estruturas de Concreto Armado; • Concepção de Estruturas de Aço; • Concepção de Estruturas de Madeira. UNIDADE Concepção Estrutural Introdução O termo concepção vem da palavra latina conceptĭo, que é associada à ação e ao resultado da criação de algo. Assim, a ideia de concepção é sinônimo de fecundação, ou mesmo de geração, no sentido da criação de algo novo e exclusivo. Dessa maneira, a palavra concepção também pode ser entendida como a ca- pacidade de conceber, entender ou julgar algo. Significa realizar a concepção no sentido de percepção, ideia, ou mesmo a noção da concepção em relação a algo ou a alguém. Entre os diversos conceitos, a concepção pode ser percebida como sinônimo de elaboração, sendo assim relacionada à criação de um plano ou projeto. Conceitos de Concepção A concepção de um empreendimento de construção civil está relacionada a várias áreas de conhecimento (disciplinas) que são inter-relacionadas como, por exemplo, estruturas (superestrutura e infraestrutura), instalações (elétricas, hidrossanitárias, de ar-condicionado, segurança patrimonial etc.) e acabamentos (pinturas, revestimento de paredes, revestimento de pisos etc.), coberturas. Todas as áreas de conhecimento que são relacionadas à concepção de um empre- endimento (arquitetura, estruturas, instalações elétricas, instalações hidrossanitárias, instalações de segurança patrimonial etc.), têm como objetivo atender às necessi- dades e aos desejos do consumidor e futuro usuário das edificações. Para isso, os empreendimentos devem atender a requisitos de desempenho e de sustentabilidade. Uma das mais importantes áreas de conhecimento (disciplina) de um empreendi- mento de construção civil é a área estrutural. É fundamental a característica compor- tamental das estruturas, sendo a escolha adequada de sua concepção estrutural um dos fatores principais para a viabilidade financeira de um empreendimento. A concepção da estrutura de uma edificação, chamada também de estruturação ou lançamento da estrutura, é a escolha de um sistema estrutural que seja autopor- tante, isto é, capaz de suportar adequadamente todas as demais cargas que poderão ocorrer nas edificações, durante a sua vida útil. Na edificação, a estrutura é definida como o conjunto de elementos estruturais que a compõe (lajes, vigas, pilares, fundações etc.), com a função de manter as edifi- cações estáveis, estaticamente seguras durante a construção e utilização. As estruturas têm a função de possibilitar a execução das diferentes formas arqui- tetônicas a que as edificações foram projetadas, possibilitando a constituição dos es- paços livres para a utilização das pessoas (corredores, banheiros, garagens, piscinas, quadras, salas, salões etc.) nos ambientes das edificações. 8 9 O projeto arquitetônico é a base inicial para a elaboração dos projetos estruturais das edificações. A partir do projeto de arquitetura é feito o posicionamento dos ele- mentos estruturais, de forma a atender à distribuição dos diferentes ambientes compar- timentalizados (corredores, banheiros, garagens, piscinas, quadras, salas, salões etc.) nos diversos pavimentos das edificações. Ademais, as estruturas devem ser adequadas às características resistentes do solo em que serão apoiadas as edificações (capacidade de carga do solo, altura do nível de lençol freático etc.). A concepção das estruturas das edificações tem como resultado um arranjo es- trutural, que é representado pela combinação adequada dos diversos elementos que compõem as estruturas, cuja finalidade é resistir adequadamente às ações que pode- rão atuar durante a sua vida útil. O arranjo dos elementos estruturais tem como objetivo atender, simultaneamen- te, a requisitos de projeto como, por exemplo, estética, durabilidade, funcionalidade e segurança. Algumas diretrizes do projeto de arquitetura são importantes na condução da concepção das estruturas das edificações como, por exemplo: • Dimensões máximas dos elementos estruturais: as dimensões das estruturas em planta devem ser limitadas, geralmente, a 30 m, no máximo. Essa limitação tem como objetivo atender à Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento. A intenção das dimensões-limites dos elementos estruturais é diminuir os efeitos da retração, causados pela variação de temperatura (tensões e deformações que podem gerar esforços não previstos no cálculo estrutural, bem como fissuras nos materiais construtivos frágeis como as alvenarias de vedação). Para atender a essa prescrição da NBR pode ser ne- cessária a utilização de juntas de dilatação (juntas de separação estrutural), que resultam em blocos de estruturas independentes entre si; • Elementos estruturais embutidos: esta condição, geralmente, ocorre nas edi- ficações residenciais. Nestes tipos de edificações, comumente, os projetos de arquitetura determinam que as vigas e os pilares devem estar embutidos nas paredes de alvenaria de vedação dessas edificações; • Estética: os elementos estruturais devem atender às condições determinadas nos projetos de arquitetura, quanto à forma e estética global; • Estabilidade global das estruturas: nas edificações que são compostas por múltiplos pavimentos, a verificação da estabilidade global das estruturas tem grande importância para o conjunto estrutural não entrar em colapso em de- terminado tipo de carregamento. Nestes tipos de edificações, a ação horizontal de atuação do vento nas estruturas pode ter carga com valores significativos. Deve-se ter cuidado com as especificações adequadas às seções transversais das vigas e dos pilares, e com as especificações dos elementos que compõem as estruturas de contraventamento dessas edificações; 9 UNIDADE Concepção Estrutural • Locação dos elementos estruturais: estes devem ser posicionados em função de seus comportamentos primários. Por exemplo, vigas devem trabalhar a flexão, enquanto os pilares devem trabalhar a compressão; • Posicionamento de pilares: no caso da distribuição dos pilares nas edificações, deve-se ter atenção para que os seus posicionamentos não os faça passar em vãos de portas ou de janelas, bem como que no pavimento das garagens os seus posicionamentos possibilitem a existência do maior número possível de vagas, e facilitem adequadamente o fluxo dos veículos nesses pavimentos; • Transmissão direta das cargas: deve ocorrer da forma mais direta possível, isto é, sem a utilização de elementos estruturais secundários. Ademais, deve dis- tribuir os elementos estruturais para que as ações (cargas permanentes, cargas variáveis etc.) tenham a trajetória mais curta, isto é, pelo menor número possível de elementos estruturais até chegarem às fundações (lajes se apoiando em vigas e estas se apoiando em pilares). Deve-se evitar, sempre que possível, a trans- missão de cargas de vigas sobre outras vigas (apoios indiretos) e apoio de pilares sobre vigas (vigas de transição). Existem diferentes alternativas para a execução das estruturas das edificações como, por exemplo (Figura 1): Exemplos de alternativas para estruturas de edi�cações Concreto moldado in loco Concreto pré-fabricado Estruturas mistas Parede armada Lajes nervuradas Lajes planasAço Alvenaria estrutural Figura 1 – Exemplos de alternativas para estruturasde edificações Entre as concepções estruturais que são possíveis de serem realizadas nas edifica- ções, é importante saber identificar qual será capaz de oferecer vantagens significa- tivas com relação às demais alternativas. Para maximizar os investimentos que deverão ser aplicados na construção das edificações, entre os possíveis aspectos que serão considerados nas concepções es- truturais, deve-se definir quais serão os mais importantes. A concepção estrutural a ser adotada em determinada edificação é aquela que tra- rá mais benefícios que as demais opções. Por isso é importante identificar os fatores que devem ser utilizados para essa tomada de decisão. 10 11 Os aspectos mais relevantes que devem ser considerados na comparação de solu- ções estruturais são os seguintes (Figura 2): Aspectos para comparação de soluções estruturais 1. Características do empreendimento 3. Método de Trabalho da Construtora 2. Fluxo de Caixa da Obra 4. Ênfase no custo Figura 2 – Aspectos para a comparação de soluções estruturais Características do Empreendimento Cada empreendimento tem particularidades que influenciam diretamente a esco- lha da melhor concepção estrutural, entre as quais, por exemplo (Figura 3): • Altura da construção: geralmente as construções com mais de vinte pavimen- tos tornam inviável a alternativa baseada em alvenaria estrutural, por questões técnicas e/ou econômicas; • Tipo de ocupação (residencial, comercial, industrial): as construções que utilizam forros nos ambientes internos (por exemplo, as edificações comerciais) empregam estruturas com lajes nervuradas (lajes grelhas). A utilização de lajes nervuradas não é comum nas edificações com uso residencial; • Geometria e vãos livres: as formas geométricas das edificações, quando são consideravelmente irregulares, podem dificultar a utilização da alvenaria estru- tural como concepção também estrutural. Neste caso, é necessária a utilização de complementos estruturais que sejam feitos com formas e concretos especiais (graute). A utilização de complementos estruturais reduz a produtividade desse processo construtivo estrutural; • Repetitividade: quando existente nas obras industriais, auxilia no aumento da velocidade de execução das estruturas, reduzindo significativamente os custos do processo construtivo; • Localização da obra: pode ser um fator importante para a obtenção dos in- sumos necessários à execução da construção e, consequentemente, redução de seu custo; • Tipo de solo: quando o tipo de solo onde será feita a construção tiver pouca capacidade de carga, será necessária a utilização de estruturas mais leves, para que possa haver economia na execução de suas fundações. 11 UNIDADE Concepção Estrutural Características que in�uenciam a concepção estrutural 1. Altura da contrução 2. Tipo de Ocupação 3. Geometria e vãos livres 4. Repetitividade 5. Localização da obra 6. Tipo de Solo Figura 3 – Características que influenciam a concepção estrutural. Fluxo de Caixa da Obra O fluxo de caixa é uma das variáveis importantes para a comparação das possí- veis soluções estruturais. É definido pela quantidade monetária que será aplicada na construção, conforme um cronograma físico-financeiro. A velocidade das atividades dos processos construtivos utilizados nas edificações é diretamente relacionada ao seu fluxo de caixa. Em obras industriais e comerciais (shopping centers), os processos construtivos in- dustrializados (processos pré-fabricados), geralmente são mais viáveis. Nesses casos, os elementos pré-fabricados possibilitam a redução do tempo de construção, viabilizando o retorno do investimento – Return Over Investment (ROI) – mais rápido, devido à ante- cipação da utilização dessas edificações. Nesse caso, o custo mais elevado de processos construtivos pré-fabricados pode ser compensado pela antecipação da entrega da obra. Obras residenciais, geralmente, não utilizam estruturas pré-fabricadas por ques- tões de arquitetura e necessidade de maiores investimentos em seu início. Portanto, nas obras residenciais a utilização de processos pré-moldados, ou de outros sistemas industrializados, somente se justifica em função de fatores como os seguintes (Figura 4): Fatores que justi�cam sistemas industrializados em obras residenciais 3. Ganho de Qualidade 2. Redução de Desperdícios 1. Racionalização da construção Figura 4 – Fatores que justificam sistemas industrializados em obras residenciais 12 13 Método de Trabalho da Construtora Os métodos de trabalho utilizados pelas construtoras, ou critérios de execução de obras, geralmente limitam, ou direcionam, as opções de concepção estrutural. Algumas das variáveis associadas à experiência das construtoras, que podem ex- cluir algumas concepções estruturais, são as seguintes: • Características da mão de obra disponível para a execução da estrutura; • Insucessos na aplicação de tecnologias estruturais anteriores; • Localização dos empreendimentos e disponibilidade de insumos; • Receio de realizar mudanças na concepção estrutural por questões de implanta- ção de novas rotinas de procedimento; • Incertezas dos resultados (financeiros, tecnológicos, temporais etc.) dos empre- endimentos com a utilização de novas concepções estruturais. Qualquer concepção estrutural a ser adotada na construção de uma edificação será segura, sempre que forem observadas as normas técnicas relacionadas a cada sistema estrutural. As NBR da ABNT indicam que no projeto estrutural das edificações devem ser observados os limites de ruptura dos elementos estruturais constituintes – Estados Limites Últimos (ELU) –, bem como observadas as características com relação ao funcionamento das estruturas em serviço – Estados Limites de Serviço (ELS) – como, por exemplo, a verificação de deformações, abertura de fissuras e vibrações. Ênfase no Custo A construtibilidade das edificações está associada à concepção construtiva que permita processos mais produtivos e, consequentemente, que gere menores custos finais aos empreendimentos. Para conseguir os melhores resultados econômicos e de desempenho nas cons- truções, é necessário ter uma visão sistêmica dos processos construtivos. A escolha de um sistema estrutural em um empreendimento deve ter como obje- tivo obter o menor custo final para cada edificação. Assim, para definir um sistema estrutural devem ser considerados, na sua análise, itens como: Materiais, Mão de obra, Planejamento, Racionalização de processos e Projetos (FIgura 5). Materiais No caso dos materiais empregados em uma estrutura de edificação, a redução de seu custo nem sempre produz redução no custo final das construções. A utilização de materiais com maior valor agregado, em algumas situações pode signi- ficar um custo inicial maior. Contudo, esse investimento inicial maior pode trazer benefí- cios posteriores como, por exemplo, o aumento na produtividade, a redução de perdas, ou mesmo a melhoria da interação da estrutura com os demais sistemas de obras. 13 UNIDADE Concepção Estrutural Mão de Obra Em algumas situações, a maneira de como é feita a contratação da mão de obra e a sua capacitação pode ter influência direta na obtenção dos custos finais relacio- nados à mão de obra. Planejamento Cada sistema construtivo deve ter o seu planejamento específico e ser detalhado para cada edificação. Deve-se ter atenção a itens específicos como, por exemplo, o planejamento: • Do canteiro de obras; • Da logística de movimentação e armazenamento dos materiais; • Das equipes de trabalho. Racionalização de Processos As construções têm os seus diversos sistemas inter-relacionados, por isso devem ser analisadas de forma sistêmica integrada. A análise sistêmica das atividades construtivas possibilita a otimização de recursos e a consequente redução de desperdícios nas obras. Projetos Todas as obras devem ter as suas possíveis soluções analisadas antecipadamente na fase de projetos. Os projetos das diferentes especialidadesdevem ser estudados de forma integrada e serem alinhados com os objetivos dos empreendimentos. Itens da Análise de Sistemas Estruturais Materiais ProjetosRacionalização de processos PlanejamentoMão de obra Figura 5 – Itens da análise de sistemas estruturais Concepção de Estruturas de Concreto Armado A concepção de estruturas de concreto armado nas edificações tem o seu início através da integração geométrica entre os projetos de arquitetura e estruturas. Essa atividade de integração ocorre na fase do estudo preliminar de arquitetura com o estudo de viabilidade da estrutura. 14 15 A estrutura dos pavimentos das edificações é feita procurando-se obter alternativas técnica e economicamente viáveis. Deve-se verificar o impacto da estrutura no projeto arquitetônico, especificadamente em relação à forma e estética da construção. Pilares O início do lançamento da estrutura de concreto armado é feito através da loca- lização dos pilares. Para isso, utiliza-se os desenhos de arquitetura, começando pelo posicionamento dos pilares de canto. Após a localização desses pilares, devem ser posicionados os pilares que estarão nas áreas que são comuns a todos os pavimentos (por exemplo, área de elevadores e de escadas), cobertura da edificação, casa de máquinas e reservatórios superiores de água. Em seguida, devem ser posicionados os pilares de extremidade e os demais pilares internos. No caso de edificações residenciais, deve-se embutir os pilares nas paredes, ou outros procedimentos que são descritos nos projetos de arquitetura (Figura 6). Figura 6 – Exemplos de pilares de canto, extremidade e internos Fonte: Acervo do conteudista A Figura 6 apresenta os pilares de canto (P1, P4, P9 e P11), de extremidade (P2, P3, P5, P8 e P10) e os pilares internos (P6 e P7). Geralmente, os pilares são posicionados na planta de arquitetura de maneira que as distâncias entre os seus eixos sejam de 4 a 6 m. As grandes distâncias entre os pilares conduzem a vigas com dimensões que são, geralmente, incompatíveis com os projetos de arquitetura (vigas consideravelmente altas), bem como provocam maiores custos à construção (por exemplo, maiores se- ções transversais dos pilares, das taxas de armadura, dificuldades na montagem da armação e formas etc.). Os pilares situados próximos entre si conduzem a interferências nos elementos de fundação e no aumento do consumo de materiais e de mão de obra, elevando os custos das obras. Os projetos de estruturas de concreto armado devem atender às prescrições con- tidas na NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento. 15 UNIDADE Concepção Estrutural Essa NBR determina que para a menor dimensão dos pilares deve-se adotar, pelo menos, a medida de 19 cm. Deve-se, também, adotar a maior dimensão de forma a garantir a rigidez adequada para a estrutura, nas duas direções. A NBR indica, ainda, que em casos especiais, admite-se que uma das dimensões dos pilares seja de até 12 cm, desde que a área da seção transversal seja maior ou igual a 360 cm2. Recomenda que a maior dimensão da seção transversal dos pilares não seja superior ao dobro da menor dimensão. Após o posicionamento dos pilares no pavimento-tipo (pavimento que se repete em vários andares comuns das edificações), deve-se verificar as suas interferências nos de- mais pavimentos que compõem a edificação (caixa de água, cobertura, térreo e subsolos). As interferências dos pilares nos demais elementos das edificações podem ser, por exemplo, se esses passam por elementos de arquitetura como portas e janelas nos pavimentos dos andares-tipo, térreo e subsolos, ou se interferem nas áreas sociais, tais como recepção, sala de estar, salão de jogos e de festas. No caso dos locais de movimento de veículos, como no pavimento térreo e sub- solos, deve-se verificar se o arranjo dos pilares permite a realização adequada das manobras dos veículos. Se for impossível realizar a compatibilização da distribuição dos pilares entre os diversos pavimentos das edificações, pode haver a necessidade da execução de um pavimento de transição. Neste caso, a prumada do pilar será alterada, empregando- -se uma viga especial, denominada viga de transição. As vigas de transição recebem as cargas dos pilares superiores e as transferem para os pilares inferiores, nas suas novas posições. Nos edifícios altos, com muitos andares, devem ser evitadas grandes transições, pois os esforços nas vigas de transição podem ser elevados, conduzindo a um aumento significativo de custos das edificações. As vigas de transição podem ter altura de 5 metros, representando, por exemplo, a medida vertical entre dois pavimentos. Nesse caso, tem-se um pavimento sem ocu- pação, existindo apenas as vigas de transição, que são fechadas por lajes nas suas partes superior e inferior (Figura 7). Figura 7 – Viga de transição Fonte: Acervo do conteudista 16 17 Os pilares, sempre que possível, devem ser colocados de forma alinhada, com o objetivo de formar quadros (pórticos) juntamente com as vigas que os unem. Os quadros, assim constituídos, contribuem significativamente na estabilidade global das estruturas das edificações. Após a definição da localização dos elementos estruturais da superestrutura (pila- res, vigas e lajes), é realizado o seu pré-dimensionamento. Essa atividade é feita com base no comportamento de cada elemento estrutural, com o objetivo de determinar as suas dimensões, de forma a obter menor custo para a obra e atender às normas técnicas específicas. As dimensões dos elementos estruturais variam, por exemplo, com as ações atu- antes, os vãos, materiais empregados e o tipo estrutural adotado. Lajes As lajes são os elementos planos das estruturas que têm como finalidade receber a maior parte das ações aplicadas nas estruturas. As ações atuantes nas lajes são provenientes da ocupação dos compartimentos das edificações (pessoas, mobiliário, máquinas, materiais), dos revestimentos (pisos e argamassas), dos elementos de ve- dação (paredes) e outros fatores. As ações atuantes nas lajes são normalmente perpendiculares ao plano da laje (devido à ação do campo gravitacional), podendo ser divididas em cargas: • Distribuídas na área (peso próprio, revestimento de piso etc.); • Distribuídas linearmente (paredes sobre lajes); • Concentradas (pilar apoiado sobre a laje). As ações recebidas pelas lajes são, geralmente, transmitidas para as vigas que as apoiam, que são situadas nas suas bordas. Em alguns tipos de estruturas as ações nas lajes podem ser transmitidas diretamente aos pilares (lajes “cogumelo”). As lajes que são utilizadas para piso (lajes de piso) devem ter espessura mínima de 7 cm, sendo geralmente feitas com espessura de 10 cm. Vigas As vigas são elementos estruturais lineares onde o esforço principal é de flexão, sendo, geralmente, retas e horizontais. Recebem as ações provenientes das lajes, de outras vigas, de paredes de alvenaria, e eventualmente de pilares – no caso das vigas de transição. As vigas devem vencer vãos e transmitir as ações atuantes para os apoios, que podem ser outras vigas, mas em geral são os pilares. As ações atuantes nas vigas (concentradas e/ou distribuídas) costumam ser per- pendiculares ao seu eixo longitudinal. As vigas podem ainda receber forças normais de compressão ou de tração, na direção do eixo longitudinal, principalmente as provenientes de sua função como 17 UNIDADE Concepção Estrutural elemento de estabilização estrutural, trabalhando em conjunto com os pilares, for- mando quadros estáveis. Assim como as lajes e os pilares, as vigas fazem parte da estrutura de contraven- tamento, que é responsável pela estabilidade global das edificações para as ações verticais e horizontais. As vigas, geralmente, têm as suas larguras de forma a serem embutidas nas alve- narias das edificações e as suas alturas, em geral, são estimadas a 10% do vão. Sistema Estrutural O arranjo estrutural pode ser analisado segundo doisplanos, o horizontal (piso) e o vertical. A análise no plano vertical é importante para garantir a estabilidade global das edificações. Juntamente com as vigas, as lajes formam os pavimentos, que são utilizados para receber as ações de utilização das edificações (pessoas, mobiliário, equipamentos, máquinas, veículos etc.). A estrutura de contraventamento, ou sistema de contraventamento, é o conjunto es- trutural formado por pilares, vigas e lajes, que garante a estabilidade global das estruturas. O sistema de contraventamento deve assegurar a resistência e o equilíbrio para as ações verticais e horizontais, atuando de maneira simultânea – ou não. Para obter a melhor solução estrutural é necessário conhecer todas as condições que as construções devem atender como, por exemplo (Figura 8): Cargas atuantes Facilidade de construção Rapidez de construção Materiais disponíveis na região da obra Existência de mão de obra especializada Finalidade da obra Estética Economia Itens In�uentes na melhor solução estrutural Figura 8 – Itens influentes na melhor solução estrutural É necessário estabelecer a hierarquia, ou a prioridade, entre os diversos requisitos que podem existir nos sistemas estruturais. A melhor estrutura a ser adotada será aquela que atender, de forma mais eficiente possível, a todos os requisitos existentes, segundo a hierarquia em que forem colocadas as diversas variáveis intervenientes. As estruturas de concreto armado, denominadas estruturas convencionais de con- creto armado, são aquelas em que as lajes são apoiadas em vigas e estas sobre pilares. 18 19 Concepção de Estruturas de Aço Tratam-se de elementos estruturais em aço. Para o projeto de estruturas metálicas e de estruturas mistas de aço e concreto deve ser utilizada a NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. As estruturas de aço são casos particulares das estruturas metálicas, sendo pos- sível ter estruturas metálicas constituídas por outros materiais como, por exemplo, alumínio e ferro fundido. Os elementos estruturais de aço são feitos de ligas metálicas, estas que são cons- tituídas principalmente por ferro e carbono. A sua resistência estrutural depende da quantidade de carbono utilizado, isto é, do tipo de liga produzida. Quanto maior a quantidade de carbono (teor de carbono) presente na liga metáli- ca, maior será a resistência do aço para a estrutura metálica – porém, esse material será mais duro e frágil. É importante que o projeto estrutural para estruturas de aço tenha a sua concep- ção e o seu dimensionamento conforme o tipo de aço a ser utilizado. Aço-carbono é o tipo mais usual nas estruturas de aço, porque tem o teor de carbono máximo de 0,45% – o teor de carbono aumenta a resistência e dureza, mas reduz a sua ductilidade (capacidade de se deformar sem se romper). Os aços mais comuns em estruturas metálicas são os indicados na norma técnica brasileira da ABNT, aço MR250 (tensão de escoamento σy = 250 MPa), e o seu equivalente na norma técnica estadunidense da American Society for Testing and Materials (ASTM), aço A36 (tensão de escoamento σy = 36 ksi = 250 MPa). Ademais, os elementos estruturais de aço podem ser utilizados em vários tipos de estruturas, ou elementos estruturais, por exemplo, para a execução de vigas, colu- nas, terças, treliças de telhados, mezaninos, pórticos e pergolados. Os elementos estruturais de aço que são específicos para estruturas metálicas não são as barras redondas de aço utilizadas em estruturas de concreto armado (CA25, CA50 e CA60), pois esses aços possuem propriedades e comportamentos distintos. Nas estruturas de concreto armado as barras de aço são utilizadas em as- sociação ao concreto para suprir a deficiência do concreto em resistir aos esforços de tração. Nas estruturas de aço existem diferenças no comportamento mecânico e processo construtivo em relação às estruturas de concreto armado. Para a execução das estruturas metálicas deve-se atentar a itens importantes como, por exemplo (Figura 9): 19 UNIDADE Concepção Estrutural Estruturas Metálicas Itens importantes para execução Projeto de Arquitetura Projeto Estrutural Plano de Prevenção contra Incêndio Orçamento e Planejamento da Obra Figura 9 – Itens influentes na execução de estruturas metálicas Projeto de Arquitetura Este projeto indica as condições e os locais onde haverá peças aparentes, peças revestidas, cores e acabamentos em geral. Projeto Estrutural O modelo para estruturas em aço atende aos princípios da análise estrutural, sendo avaliadas as cargas de projeto, que são previstas em normas técnicas específicas, as liga- ções dos elementos estruturais e seções transversais que estão disponíveis no mercado. Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) O comportamento ao fogo dos materiais estruturais como concreto armado, ma- deira, estrutura metálica e quaisquer outros materiais são diferentes. As estruturas de aço rapidamente perdem as suas características mecânicas, quando em contato com altas temperaturas causadas por incêndios. Por isso, no caso de estrutu- ras de aço, existe considerável preocupação em elaborar um plano eficaz de prevenção contra incêndio, constituído de sistemas passivos e ativos de combate a incêndio. Orçamento e Planejamento da Obra Qualquer cronograma e planejamento de obra são relacionados à tecnologia construtiva adotada para a edificação. Isso influi diretamente nos recursos necessá- rios para a construção (mão de obra e recursos físicos). Para o planejamento da obra e das estruturas de aço deve-se ter o detalhamento completo da estrutura. Após a análise dos custos envolvidos de fornecimento do material e transporte, será feita a escolha dos fornecedores. 20 21 Os custos de fornecimento dos materiais são associados ao volume de material estrutural envolvido e a distância entre fornecedor (empresa fabricante da estrutura de aço) e o canteiro de obras. As estruturas de aço são usinadas (fabricadas) em empresas metalúrgicas. Assim, os projetos de fabricação, que são feitos pelas empresas projetistas, devem ser envia- dos para a empresa metalúrgica escolhida para produzir as peças necessárias para a execução da estrutura da obra da edificação. Após a fabricação das peças pela empresa metalúrgica, devem ser enviadas para o canteiro de obras. No recebimento de qualquer material no canteiro de obras deve ser feita a confe- rência das peças estruturais, tendo como objetivo verificar se os materiais que foram recebidos conferem, em qualidade e quantidade, com o pedido de fabricação. Diferentemente de outros materiais, é mais difícil identificar as possíveis alterações de dimensões da seção das peças estruturais entre os materiais pedidos e aqueles efetivamente produzidos (desbitolamentos). Os processos executivos das estruturas de aço podem ser diferentes, conforme cada tipo de estrutura e tecnologia executiva que for empregada. Geralmente as treliças de telhado são produzidas diretamente nas empresas meta- lúrgicas. No caso de treliças de aço, podem ser utilizadas mesmo quando o restante do sistema construtivo não for metálico. Por exemplo, é possível utilizar pilares em concreto armado, ou em concreto protendido pré-moldado. A execução da montagem de treliças de aço consiste na fixação das peças com- ponentes entre si e com a infraestrutura – por exemplo, as fundações ou os pilares em concreto armado. Os elementos de fundações, tais como estacas ou sapatas, e as vigas baldrame de- verão já ter sido devidamente locados e executados, estando prontos para servirem de apoios às colunas metálicas. Os pilares em concreto armado, quando for o caso, devem estar prontos para apoiar as treliças metálicas. As ligações das estruturas de aço podem ser feitas utilizando soldas ou parafusos. Para vigas e pilares metálicos, como são autoportantes, não é necessário utilizar cimbramento por muito tempo. As peças metálicas devem ser estabilizadasaté que fiquem adequadamente unidas e em suas posições definitivas. Para isso, são utilizados equipamentos de içamento, tais como gruas, mastros com tirfor e mão de obra especializada. Para estruturas de pequeno porte, como alguns tipos de mezaninos ou pergo- lados, é possível manusear as peças de aço sem utilizar equipamentos para içar – mesmo esses tipos necessitam de mão de obra especializada para a estabilização da estrutura de aço. As estruturas de aço podem apresentar as seguintes vantagens (Figura 10): • Peças estruturais esbeltas: devido ao módulo de elasticidade do aço (E = 205 GPa), a estrutura de aço pode ser projetada com seções transversais mais esbeltas 21 UNIDADE Concepção Estrutural que as estruturas em concreto armado. Esta condição proporciona melhora no uso dos espaços nas edificações, reduzindo a carga sobre as fundações, podendo gerar economia nas construções. Tal condição é útil em edificações consideravelmente altas, isto é, em edificações com mais de 40 andares – skyscraper, ou arranha-céu; • Maior controle da qualidade: os perfis metálicos são produzidos em indústrias metalúrgicas, o que garante maior controle, confiabilidade e padrão industrial nas características de cada seção transversal dos elementos estruturais. Isso con- duz aos dimensionamentos estruturais com menor majoração da resistência dos elementos estruturais, devido à incerteza da estrutura, se comparado às peças estruturais executadas em concreto armado; • Acabamentos uniformes: o padrão mais uniforme de acabamento das estru- turas de aço permite aplicações comerciais com estruturas aparentes, sem pre- juízo à estética do conjunto estrutural. Como exemplo, tem-se as treliças de telhados que podem ser aparentes em lojas, estacionamentos e supermercados; • Canteiro de obras enxuto: tem-se menor quantidade de material estocado, se comparado a obras em concreto armado. Esta condição conduz a uma reduzida movimentação de materiais, proporcionando construções mais limpas; • Material reciclável: embora haja impacto ambiental na produção de perfis me- tálicos, as peças metálicas em aço podem ser reutilizadas, ou mesmo recicladas; • Maior vão livre: as vigas de aço, se comparadas às vigas em concreto armado, podem ser utilizadas em vãos livres maiores, possibilitando mais espaços vagos. Vantagens das estruturas de aço 6. Maior Vão Livre 4. Canteiro de Obras Enxuto 5. Material Reciclável 3. Acabamentos Uniformes 1. Peças Estruturais Esbeltas 2. Maior Controle da Qualidade Figura 10 – Vantagens das estruturas de aço As estruturas de aço também podem apresentar algumas desvantagens como, por exemplo (Figura 11): • Elementos estruturais esbeltos: as estruturas em aço possuem menores se- ções transversais. Esta condição conduz a elementos estruturais mais esbeltos, possibilidade que exige maiores cuidados com os aspectos relacionados à flam- bagem dos elementos estruturais que são comprimidos; • Susceptibilidade a ventos fortes: as estruturas de aço que são leves, como as estruturas de coberturas, estão mais sujeitas a sofrerem efeitos de ventos fortes. Por exemplo, os elementos estruturais podem ficar contorcidos após a ação de ventos fortes; 22 23 • Comportamento frente o fogo: o comportamento das estruturas de aço, quan- do submetidas à ação do calor do fogo, exige atenção, porque sofre grande dilatação térmica e perda da capacidade resistente. Em condições normais, os elementos estruturais em concreto armado estão mais protegidos, pelo fato de os cobrimentos existentes (argamassas, cerâmicas) não serem inflamáveis. Por isso, a necessidade de atenção no plano de Prevenção e Proteção Contra Incên- dios (PPCI), que deve atender às condições particulares das estruturas de aço. O projeto de arquitetura deve prever a proteção dos elementos estruturais de aço (placas, vigas, pilares e demais barras de aço) através da aplicação de materiais incombustíveis (pintura intumescente, lã de rocha, entre outros); • Pré-conceito tecnológico: a possível resistência à aceitação da construção de edificações residenciais multifamiliares, ou algumas formas de prédios comer- ciais, com estruturas de aço; • Ruídos e vibrações: em estruturas de aço, o ruído gerado, ou as vibrações, como no caso de mezaninos, pode ser incômodo ao usuário de edificações. Deve-se prestar atenção nas construções residenciais para o atendimento da NBR 15.575-2:2013 – Edificações habitacionais – desempenho – parte 2: requisitos para os sistemas estruturais; • Corrosão: os elementos estruturais de aço são sujeitos à corrosão (oxidação lenta) devido à presença do oxigênio do ar atmosférico, principalmente sem a manutenção de sistemas protetivos (pinturas especiais, galvanização, proteção catódica e ligas especiais); • Mão de obra especializada: a falta de mão de obra especializada pode con- duzir a falhas executivas na concepção estrutural, na fabricação e montagem das estruturas de aço. Tais condições podem gerar danos e a possibilidade de colapso nas estruturas metálicas. Desvantagens das estruturas de aço 6. Corrosão 5. Ruídos e Vibrações 4. Pré-conceito Tecnológico 3. Comportamento frente o Fogo 2. Susceptibilidade a Ventos Fortes 1. Elementos Estruturais Esbeltos 7. Mão de obra Especializada Figura 11 – Desvantagens das estruturas de aço Concepção de Estruturas de Madeira Para realizar o projeto de estruturas de madeira deve-se conhecer as propriedades físicas da madeira a ser empregada em cada estrutura. Essas propriedades podem 23 UNIDADE Concepção Estrutural influenciar significativamente o desempenho e a resistência da madeira utilizada es- truturalmente. Os fatores que influenciam nas características físicas da madeira es- trutural são os seguintes (Figura 12): Fatores Intervenientes nas características físicas da madeira estrutural Anatomia do Tecido Lenhoso Variação da Composição Química Solo e Clima da Região de Origem da Árvore Fisiologia da Árvore Espécie da Árvore Figura 12 – Fatores intervenientes nas características físicas da madeira estrutural Os valores das propriedades da madeira, obtidos em ensaios laboratoriais osci- lam, apresentando ampla dispersão, que pode ser adequadamente representada pela distribuição normal de Gauss. Entre as características físicas da madeira estrutural, tem-se as seguintes (Figura 13): Características Físicas da Madeira Estrutural Densidade Durabilidade Natural Resistência ao Fogo Resistência QuímicaRetratibilidade Umidade Figura 13 – Características físicas da madeira estrutural Como a madeira é um material ortotrópico, ou seja, com comportamentos di- ferentes em relação à direção de crescimento das fibras, deve-se conhecer as suas propriedades conforme a orientação de suas fibras (longitudinal, radial e tangencial). A NBR 7190:1997 – Projeto de estruturas de madeira – apresenta tópicos como a durabilidade da madeira, os cuidados na execução das estruturas, dimensões mínimas de elementos estruturais e dos conectores, assim como as características do próprio projeto estrutural. O projeto de estruturas de madeira deve garantir a durabilidade da própria madei- ra através do escoamento das águas, da ventilação das faces vizinhas e paralelas às peças em madeira e as utilizando com adequados tratamentos preservativos. Assim, o projeto de estruturas de madeira deve permitir a inspeção e os trabalhos de con- servação dos elementos estruturais de madeira. A NBR 7190:1997 – Projeto de estruturas de madeira – determina que todo trabalho de carpintaria deve ser desenvolvido por profissionais qualificados, que se- 24 25 jam capazes de executar as sambladuras (entalhes), os encaixes, as ligações de juntas e articulações que sejam perfeitamente ajustadas em todas as superfícies. Todas as perfurações, escareações, ranhuras e fresagens para os meios de li- gações das estruturas de madeira devem ser feitos com máquinas e perfeitamente ajustados. As peças estruturais que, na montagem, não se adaptarem perfeitamenteàs ligações, ou que tenham empenado prejudicialmente devem ser substituídas por outras adequadamente compatíveis. A mesma NBR estabelece as dimensões mínimas para as seções transversais dos elementos estruturais, das arruelas, da espessura de chapas de aço e dos diâmetros de pinos e cavilhas. As peças estruturais principais que são isoladas, tais como vigas e barras longitu- dinais de treliças, a área mínima das seções transversais será de 50 cm2 e a espessu- ra mínima de 5 cm. Nas peças secundárias esses limites reduzem-se respectivamente a 18 cm2 e 2,5 cm (Figura 14). Figura 14 – Dimensões transversais mínimas de peças estruturais isoladas Fonte: Acervo do conteudista Para as peças principais múltiplas, a área mínima da seção transversal de cada ele- mento componente será de 35 cm2 e a espessura mínima de 2,5 cm. Nas peças secun- dárias múltiplas esses limites reduzem-se respectivamente a 18 cm2 e 1,8 cm (Figura 15). Figura 15 – Dimensões transversais mínimas de peças estruturais múltiplas Fonte: Acervo do conteudista 25 UNIDADE Concepção Estrutural A espessura mínima das chapas de aço das ligações será de 9 mm nas pontes e de 6 mm em outros casos. A NBR 7190:1997 – Projeto de estruturas de madeira – estabelece que na fixação dos parafusos devem ser usadas arruelas com diâmetro ou comprimento do lado de, pelo menos, 3 d – onde d é o diâmetro do parafuso – sob a cabeça e porca. As arruelas devem estar em contato total com as peças de madeira. A espessura mínima das arruelas de aço será de 9 mm nas pontes, de 6 mm em outras estruturas de madeira, não devendo em caso algum ser inferior a 1/8 do lado, no caso de arruelas quadradas, ou do diâmetro, no caso de arruelas circulares. A área útil mínima das arruelas deve ser tal que permita utilizar todo o esforço de tração ad- missível no parafuso, sem exceder a resistência à compressão normal da madeira. O diâmetro dos pregos estruturais deve ser de 3 mm, respeitando a resistência carac- terística de escoamento dos pregos (fyk = 600 MPa), enquanto o dos parafusos estrutu- rais deve ser de 10 mm, respeitando a resistência característica de escoamento fyk = 240 MPa. As cavilhas estruturais são admitidas somente com diâmetros de 16, 18 e 20 mm. Segundo a NBR 7190:1997, o projeto de estruturas de madeira é constituído de memorial justificativo e de desenhos. Quando necessário, deve-se apresentar um plano de montagem. O memorial justificativo de estruturas de madeira deve conter: • Descrição do arranjo global tridimensional da estrutura; • Ações e condições de carregamento admitidas, incluídos os percursos das car- gas móveis; • Esquemas adotados na análise dos elementos estruturais e identificação de suas peças; • Análise estrutural; • Propriedades do material; • Dimensionamento e detalhamento esquemático das peças estruturais; • Dimensionamento e detalhamento esquemático das emendas, uniões e ligações. Os desenhos de projeto de estruturas de madeira são constituídos pelos desenhos de conjunto, de detalhes e de montagem (Figura 16). Desenhos Constituintes dos Projetos de Estruturas de Madeira Desenhos de Conjunto Desenhos de Detalhes Desenhos de Montagem Figura 16 – Desenhos constituintes dos projetos de estruturas de madeira 26 27 Os desenhos de conjunto representam o arranjo geral das estruturas de madeira por meio de plantas, elevações, seções e cortes. Devem ser feitos em escalas ade- quadas ao tamanho da obra a ser representada – geralmente são utilizadas as escalas 1:10, 1:50 e 1:100. Os desenhos de detalhes são utilizados para representar minúcias necessárias à execução e ao arranjo de componentes. Podem incluir plantas, elevações, seções e cortes, recomendando-se as escalas 1:1, 1:5, 1:10, 1:20. 27 UNIDADE Concepção Estrutural Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Análise estrutural KASSIMALI, A. Análise estrutural. São Paulo: Cengage Learning, 2016. Leitura NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimentos ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro, 2014. https://bit.ly/34CnEvh NBR 6122: Projeto e execução de fundações ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010. https://bit.ly/3j4tGcp NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988. https://bit.ly/3gEJJvX NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980. https://bit.ly/3iTEUQA 28 29 Referências PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme NBR 6118/2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2016. ________. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2013. 29
Compartilhar