Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO NICÉIA APARECIDA DOMINGUES DE MORAES CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ 2008 GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE NICÉIA APARECIDA DOMINGUES DE MORAES CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO Proposta de Ação na escola em forma de Caderno de Apoio Pedagógico apresentado à Coordenação Estadual do Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria do Estado da Educação do Paraná, como requisito parcial à obtenção de título de Professor/PDE. Orientadora: Professora Ms. Silvana Rodrigues Quintilhano Ferreira. CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ 2008 CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. PROFESSORA PDE: Nicéia Aparecida Domingues de Moraes 1.2. ÁREA PDE: Língua Portuguesa 1.3. NRE: Ibaiti 1.4. PROFESSORA ORIENTADORA: Silvana Rodrigues Quintilhano Ferreira 1.5 IES: UENP 2. TEMA DE ESTUDO Formação do leitor crítico - O Papel da Mulher na Sociedade 3. TÍTULO A Leitura Literária como Construtora do Conhecimento CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO INTRODUÇÃO_____________________________________________04 UNIDADE I - Determinação do horizonte de expectativas____________06 Música: Ela é bamba________________________________________ 06 Filme: O sorriso de Monalisa__________________________________ 06 Conto: I Love my husband____________________________________ 09 Estratégias________________________________________________ 09 UNIDADE II - Atendimento do horizonte de expectativas____________ 10 Música: Mulheres de Atenas__________________________________ 10 Música: Sexo frágil__________________________________________12 Tela de Renoir: Mulheres amamentando_________________________13 Conto: Amor_______________________________________________14 Estratégias________________________________________________ 14 UNIDADE III - Ruptura do horizonte de expectativas________________15 Romance: Senhora__________________________________________15 Estratégias________________________________________________ 16 UNIDADE IV – Questionamento do horizonte de expectativas_________17 Estratégias_________________________________________________18 UNIDADE V – Ampliação do horizonte de expectativas______________ 19 Livro: A asa esquerda do anjo__________________________________19 Livro: Vozes do deserto_______________________________________19 Livro: As três Marias_________________________________________ 19 Avaliação__________________________________________________20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________21 INTRODUÇÃO Esse Caderno Pedagógico aqui proposto tem como objetivo auxiliar o professor PDE na implementação do seu projeto em sala de aula no terceiro período do Programa de Desenvolvimento da Educação. Visto que os alunos do Ensino Médio encontram dificuldades em ler e interpretar textos literários, o trabalho visa à formação do leitor, proporcionar a ampliação dos horizontes, transformar a visão de mundo através da Leitura Literária. Embora todos os tipos textuais sejam importantes, a obra literária traz uma intertextualidade através dos temas, das épocas diferentes, há o diálogo entre obra/autor/receptor, isso demonstra o quanto ela é ativa e está sempre em transformação. O método a ser utilizado será o Recepcional, organizado por Bordini & Aguiar (1988), pois este atende às perspectivas das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa e Literatura. Algumas etapas serão desenvolvidas para que o horizonte de expectativa do aluno, em relação à Literatura, seja ampliado. Os objetivos desse método, com relação ao estudante, são: de ler, compreender, interpretar e interferir nos textos; ser aberto a novas leituras, de acordo com o seu universo; analisar os textos lidos; mudar seu horizonte de expectativa e também dos que o rodeiam. Desse modo, sugerem cinco etapas a serem desenvolvidas: - Determinação do horizonte de expectativas; - Atendimento do horizonte de expectativas; - Ruptura do horizonte de expectativas; - Questionamento do horizonte de expectativas; - Ampliação do horizonte de expectativas. Para que o método seja eficaz e que o aluno alcance uma postura mais consciente quanto à Literatura, os textos selecionados devem referir-se ao universo do aluno, e em seguida romper com ele. Deve-se desenvolver a reflexão, transformando o aluno em um agente de aprendizagem, que dará continuidade ao processo, enriquecendo-se intelectualmente. Pretende-se fazer a implementação do projeto com alunos da terceira série do Ensino Médio, matutino, no terceiro período do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), quando do retorno às salas de aula. O Caderno Pedagógico será constituído de unidades, com abordagem centrada em um tema específico, contendo textos de fundamentação com sugestões de atividades a serem trabalhadas com os alunos. Neste Caderno constarão todos os encaminhamentos, passo a passo, do trabalho a ser realizado a partir do Método Recepcional, Bordini & Aguiar (1988). Objetivamos desenvolver em nossos alunos o espírito crítico e a compreensão dos textos literários para que se tornem sujeitos atuantes na sociedade contemporânea. O tema escolhido para a realização desse trabalho é: O papel da mulher na sociedade contemporânea, pois nesse momento a mulher está tentando conquistar seu espaço e buscando construir sua identidade. É importante fazer com que o jovem discuta sobre esse papel da mulher, reflita e descubra através de pesquisas e leituras o porquê de haver essa desigualdade entre homens e mulheres, pensar se sempre foi assim ou houve alguma sociedade em que não havia hierarquia, questionar que mesmo conquistando o seu espaço, exercendo funções que até pouco tempo atrás só pertencia aos homens, mas continuam sendo esposas, mães, educadoras dos filhos, tendo dupla jornada de trabalho. Pretende-se levar os alunos a ampliação dos seus horizontes, alterando a sua maneira de ver a mulher e conscientizando-se de que em pleno século XXI não deve haver mais lugar para discriminação, e que homens e mulheres são iguais em direitos e deveres. UNIDADE I DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS Neste primeiro capítulo, conforme ressaltam Bordini & Aguiar (1988), será realizada uma investigação, através do diálogo e trabalhos em classe, para detectar os horizontes de expectativas trazidos pelos alunos, estes estarão recheados de valores, crenças, preconceitos, mostrarão, nesta fase, o grau de interesse quanto à Literatura. Para atrair os alunos e motivá-los para trabalharem o tema, o professor trará para a sala de aula a música Ela é bamba, de Ana Carolina e também o filme O sorriso de Monalisa, filme dirigido por Mike Newell, Columbia Pictures. A partir da música e do filme pretende-se que os alunos analisem o enfoque dado ao papel que a mulher representa na sociedade hoje. Ela é Bamba Ana Carolina Composição: Totonho Villeroy Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bambá! Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bambá!... Ela é bamba! mulher universal quatro filhos pequenos Prá criar Passa o dia no trampo Pau e pau Ainda arranja um tempinho Prá sambar... Quando cai na avenida Ela é demais Todo mundo de olho Ela nem aí Fantasia bonita Ela mesmo faz Manda todas Não erra a mira... Mãe, passista, atleta Manicure, diplomata Dona da boutique Enfermeira, acrobata... (Bailábailá) Bamba! Ela é bamba! Ela é bamba Ela é bambá! (Balábalá) Bamba! (Bailábailá)...Ela é bamba Essa índia da central Vai no ombro Um cestinho com neném Oito quilos de roupa no varal Ainda vende cocada nesse trem Toda sexta Ela fica mais feliz Vai dançar numa boate do Jaú Faz um jeito E já pensa que é atriz Cada dia inventa um nome... Flor Rosalva Emilia Terezinha e Marina Ana, Rita, Joana Iracema e Carolina... Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bamba!...(2x) Dora, Isaura, Emília Terezinha e Marina Ana, Rita, Joana Iracema e Carolina Laura, Lígia, Luma Lucineide, Luciana Quer seu nome escrito Numa letra bem bacana... Ela é bala A mestiça é todo gás Cada braço é uma viga do país Abre o olho com ela meu rapaz Ela é quase tudo que se diz... Quando compra uma briga Ela é demais Vai no groove E não deixa desandar Ela é pop, ela é rap Ela é blues e jazz E no samba é primeira linha... "Vamo lá": Laura, Ligia, Luma Lucineide, Luciana) Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bambá! Ela é bamba! Ela é bamba! Ela é bambá!...(2x) Disponível em: http://letras.terra.com.br/ana-carolina/44122/ Acesso em 21/10/08. Após ouvir a música e assistir ao filme, serão feitos comentários comparativos a partir dos assuntos evidenciados nos mesmos: a) MÚSICA: mulher, trabalho, bamba, sustentação, verossimilhança, valores. b) FILME: sociedade dos anos 50, submissão, mentalidade liberal, machismo, crenças, papel da mulher na educação. - Propor aos alunos um GVGO (grupo de verbalização, grupo de observação) para discutirem o nível de abordagem sobre o tema, na música Ela é bamba e no filme O sorriso de Monalisa. Através dessa tarefa, será possível a identificação da intencionalidade dos produtores em relação ao papel ocupado pelas mulheres em contextos sociais diferenciados. A música mostra a mulher trabalhando fora, mas também com a responsabilidade dentro de casa, sendo vista de forma discriminada. O filme mostra a problemática do papel da mulher na sociedade, sua submissão em relação com o homem, a relevância na sustentação da sociedade, ao mesmo tempo em que não lhe é conferido poder algum. Nesse sentido, os alunos perceberão que nos dois contextos a mulher ainda não assumiu uma identidade, pois é marginalizada. Após essa atividade, o professor deverá pedir aos alunos que selecionem reportagens, notícias, atualidades que envolvam o tema MULHER e, em sala de aula, organizem um painel com o material trazido pelos mesmos. Em seguida será feita a leitura do conto I love my husband, de Nélida Piñon, para discutir a problemática da submissão feminina, relacionando passado e presente. Pretende-se que, a partir dessas atividades, os alunos estejam motivados e/ou interessados a discutir sobre o tema MULHER. UNIDADE II ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS Após as atividades relativas ao perfil da mulher, e tendo despertado nos alunos o interesse pelo assunto, a segunda etapa do método iniciará com textos de músicas um pouco mais exigentes, pois segundo as autoras Bordini & Aguiar, (1988), uma vez detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos com respeito à Literatura, após essa sondagem, a segunda etapa consiste no atendimento do horizonte de expectativas - etapa em que serão levados para a classe textos literários que os alunos apreciem, e as estratégias deverão ser trabalhadas na forma que eles conheçam e não tenham dificuldades. Para que isso ocorra, foram escolhidas duas músicas: Mulheres de Atenas de Chico Buarque e Sexo Frágil de Erasmo Carlos. Mulheres de Atenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram, Se ajoelham, pedem, imploram Mais duras penas Cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas Quando eles embarcam, soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam, sedentos Querem arrancar, violento Carícias plenas, obscenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras falenas Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade, Nem defeito, nem qualidade, Têm medo apenas, Não têm sonho, só têm presságios Pro seu homem apenas, Seu homem, mares, naufrágios, Lindas sirenas, morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas e as gestantes abandonadas Não fazem cenas, vestem-se de negro Se encolhem, se conformam e se recolhem Fazem-se suas novenas, serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Secam-se por seus maridos Orgulho e raça de Atenas. (Chico Buarque de Holanda e Augusto Boal, 1976). Letra extraída do livro: Redação para o 2º grau, Ernani & Nicola, Pensando, Lendo e Escrevendo, editora scipione. Página 35. SEXO FRÁGIL Dizem que a mulher é o sexo frágil, Mas que mentira absurda. Eu que faço parte da rotina de uma delas Sei que a força está com elas. Vejam como é forte a que eu conheço, Sua sapiência não tem preço. Satisfaz meu ego, se fingindo submissa Mas no fundo me enfeitiça. Quando eu chego em casa à noitinha Quero uma mulher só minha Mas quem deu luz não tem mais jeito Porque um filho quer seu peito O outro já reclama a sua mão E o outro quer o amor que ela tiver Quatro homens dependentes e carentes Da força da mulher. Mulher, mulher Do barro em que você foi gerada Me veio inspiração Pra decantar você nesta canção Mulher, mulher Na escola em que você foi ensinada, Jamais tirei um dez Sou forte, mas não chego aos seus pés. (Erasmo Carlos) Disponível em http://vagalume.uol.com.br/erasmo- carlos/mulher-sexo-fragil.html Acesso em 22/10/08. Após ouvirem e refletirem sobre as músicas, será apresentada a imagem da tela Mulheres amamentando de Renoir: upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/... Em seguida será proposta aos alunos uma discussão em grande grupo sobre os seguintes tópicos: - O papel da mulher no passado; - Que tipos de mulheres são focalizados nas músicas e na tela; - Discutir sobre o trabalho doméstico ser considerado obrigação do sexo feminino, e certas profissões serem exercidas somente pelas mulheres. - Estabelecer comparações e diferenças entre as mulheres representadas nas músicas e na tela. Feita a discussão, os alunos poderão fazer a produção escrita de uma ficha sobre a rotina de uma mulher da família (mãe, avó, irmã...), relatar o trabalho realizado no espaço doméstico e fora dele. Os resultados serão apresentados em painéis, com cartazes, recortes de jornais, revistas, fotos e outros recursos. Esse trabalho será exposto oralmente através de uma assembléia em que serão divididos em pequenos grupos, em que cada grupo discutirá um ponto com relação ao tema mulher, se forem seis grupos, três abordarão a mulher no passado, e três, a mulher no presente: situação da mulher no trabalho, na sociedade, em casa, visão da igreja, preconceito. Dessa atividade surgirão aspectos conflitantes sobre o tema, pois os alunos se depararam com a figura feminina e o seu real papel na sociedade, percebendo conseqüentemente que o preconceito ainda existe em muitos aspectos sociais. De posse dos resultados obtidos, o professor desafiará os seus alunos a uma ruptura em relação à leitura, proporcionando-lhes uma obra mais exigente e complexa tanto no nível de linguagem e estilo quantoao tipo de contexto histórico. No entanto, em sala de aula, o professor organizará uma roda de leitura e fará com os alunos a leitura do conto Amor, de Clarice Lispector – é aconselhável que se divida em capítulos, devido a extensão do conto. Amor traz a história de uma mulher chamada Ana, dona de casa, como qualquer outra, e que um dia sai para fazer compras e cumprir com suas obrigações domésticas, e algo inusitado acontece, fazendo com que ela não seja mais a mesma a partir desse fato. UNIDADE III RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS Neste capítulo, de acordo com a metodologia das autoras Bordini & Aguiar, (1988), os textos a serem trabalhados, bem como as atividades a serem propostas, deverão abalar as certezas dos alunos, apresentando maiores exigências, porém devem assemelhar-se no tema, tratamento, estrutura ou linguagem; tendo em vista que nessa proposta de trabalho optamos pela semelhança temática. O aluno deverá perceber que está adentrando um campo ainda desconhecido, pois o mesmo tema passa a ser abordado de maneira mais complexa. Foi escolhida a obra Senhora, de José de Alencar. Este romance apresenta a história de Aurélia Camargo, mulher pobre que se apaixona por Seixas, este a deixa por outra mulher com melhores condições financeiras. Aurélia, depois de algum tempo, já órfã de mãe e pai, recebe uma grande herança do avô, passando a ser mulher de destaque na sociedade carioca. Ela manda oferecer um dote a Fernando, e casa- se com ele, mas deixa claro que o comprou. Durante meses, vivem uma relação cheia de ironias e ofensas. Ele trabalha e consegue devolver o dinheiro do dote em troca da separação, ela é vencida pelo amor e ficam juntos No livro escolhido, os alunos deverão focar na personagem Aurélia, sua personalidade, suas atitudes, farão a análise comportamental das mulheres do século XIX. O professor poderá introduzir a estética literária a qual pertence o livro, Romantismo, analisando o contexto histórico, social e político. Os alunos verificarão, através desse estudo, como as mulheres eram vistas nesse contexto social. Um prazo será dado para que todos os alunos possam ler o livro. Terminado o prazo para a leitura e compreensão da obra de José de Alencar, o professor pedirá para que os alunos produzam uma caricatura de Ana, protagonista do conto Amor e uma de Aurélia, protagonista do romance Senhora. Após a apresentação das caricaturas, os alunos serão divididos em grupos e convidados a mostrar a trajetória feminina, expondo a discriminação sofrida pelas mulheres na sociedade, as conquistas feitas por elas. Um grupo montará uma peça com a história de Ana, outro, com a personagem Aurélia, e outro com a mulher (não tem nome) do conto I Love my husband. Cada grupo representará essas personagens, com todas as características presentes nas obras, trajados de acordo com a época, mostrará as semelhanças e diferenças entre as realidades vividas pelas mulheres das obras literárias: a) A relação de desigualdade social entre homens e mulheres. b) A postura de Aurélia quanto ao casamento. c) Os estereótipos masculinos que aparecem. d) As atitudes das personagens em relação aos homens de suas vidas. e) A epifania que se revela na personagem Ana e os conflitos psicológicos que ela carrega. f) A superficialidade da personagem do conto de Nélida Piñon, a essência versus aparência. g) A visão de mundo do narrador de cada obra. h) O contexto sócio-político-econômico dos séculos XIX ao XXI. i) Pesquisar sobre as lutas feministas que promoveram a emancipação feminina. Ao final dessa etapa, os alunos deverão ser capazes de retomar as diferenças e semelhanças fundamentais das personagens, trazê-las para a vida real e compará-las com mulheres atuais, observando quais problemas elas enfrentam hoje. UNIDADE IV QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS A próxima etapa a ser desenvolvida com os alunos é, conforme citam Bordini & Aguiar (1988), de questionamento do material literário trabalhado. Quais textos exigiram um nível mais alto de reflexão, farão análise e comparações das leituras realizadas, através disso detectarão as dificuldades que ainda existirem, e perceberão que o conhecimento e a experiência que tinham ajudaram na compreensão dos textos vistos. O professor pedirá que os alunos montem uma pesquisa – com questionário semi-estruturado - nos bairros da cidade para detectar qual o grau de preconceito existente em relação à mulher, buscará dados estatísticos junto à polícia militar sobre ocorrências de violência sofrida por mulheres, o machismo, presente nos jornais locais e toda forma de exclusão no mercado de trabalho, inclusive com depoimento de mulheres. Os alunos se organizarão em equipes e sairão a campo. Feita a pesquisa, os resultados serão analisados pelas equipes e comparados com os estudos realizados no decorrer do trabalho e demonstrados através de relatórios e exposição desses à comunidade escolar. Em seguida, os dados serão confrontados, os alunos se reunirão em um grande grupo e será proposto a eles montarem uma amostra sobre o papel da mulher na sociedade do século XIX, XX e contemporânea. Os trabalhos serão distribuídos de acordo com as habilidades de cada aluno. - Os alunos com facilidade em desenhos ficarão com a parte artística: desenhos, caricaturas, histórias em quadrinhos sobre a condição das mulheres do passado e de hoje. - Os que tiverem aptidão para redigir, elaborarão uma Declaração dos Direitos Femininos, contendo as idéias fundamentais para que não exista mais discriminação com o sexo feminino. Outros farão paródias, poemas enfocando o tema estudado para serem declamados - Os alunos que tiverem facilidade em expor opiniões, defenderão a posição da mulher hoje, e os textos escritos serão apresentados pelos alunos com desenvoltura em retórica na amostra. - Capacidade de análise, levantarão as características básicas para a mulher ideal. - Criatividade e dinamismo, farão sugestões de como a mulher poderá conquistar plenamente a sua identidade. - Senso de justiça, discutirão em que os homens precisam mudar para haver igualdade e respeito às diferenças, e o que as mulheres podem fazer para garantir essa igualdade de direitos e esse respeito às diferenças. - Habilidade em comunicação e integração, os alunos apresentarão para a escola, em local a ser definido, através de uma amostra literária, o resultado obtido com esse estudo. Após esse trabalho, serão discutidos os pontos encontrados nas pesquisas, e o que a sociedade pode fazer para contribuir com a diminuição do preconceito e da discriminação ainda, mesmo que veladamente, sofrida pelas mulheres. Será organizado um folder ilustrativo e distribuído para toda comunidade escolar. UNIDADE V AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS Nesta última etapa, conforme afirmam Bordini & Aguiar (1988), os alunos perceberão que os textos literários não são apenas tarefas da vida escolar, mas estarão conscientes das aquisições feitas e das alterações vividas por meio da experiência com a Literatura, assim sendo, eles buscarão outras leituras, isso ampliará ainda mais os seus horizontes. A partir dessa etapa, o processo se reinicia com uma nova aplicação do método. O professor poderá sugerir ainda a leitura de outras obras sobre o tema: 1- LUFT, Lia. A asa esquerda do anjo. Gisela conta a história de sua família, seus segredos, é criada em uma rígida família alemã, comandada por sua avó. Dividida entre a obrigação de seguir as duras normas da educação e a vontade de ser como as outras crianças, a menina cresce censurada pelo olhar crítico da avó e sofre por ser a imagem da exclusão e pelo autoritarismo da matriarca da família e depois de adulta refaz sua trajetóriaem busca de sua identidade. 2- PIÑON, Nélida. Vozes do deserto. Este romance revela a mulher que está por trás da visão mítica da famosa contadora de história da literatura oriental, Scherezade. Ela se comunica com o Califa com a sua habilidade de contar histórias. Almeja envolvê-lo em uma teia de palavras, para que não mate mais nenhuma mulher. 3- QUEIROZ, Rachel. As três Marias. O romance é em primeira pessoa, Guta, a protagonista do enredo, é quem conta a história. Ela vai para um internato aos doze anos, faz amizade com mais duas meninas, Maria José e Maria da Glória, e ficam conhecidas como As três Marias. Juntas, ajudavam as outras colegas em seus problemas. Quando adultas, cada uma segue seu caminho, mas a amizade prevalece. Glória logo se casa; Maria José torna-se professora; e Guta volta para o interior, mas não se acostuma. Retornando à Fortaleza, mora com Maria José, conhece Raul, depois Aluísio, e, nas férias no Rio, conhece Isac. No final das férias, volta para a casa de seus pais e pensa estar grávida. AVALIAÇÃO A aplicação desse método obterá sucesso e eficácia desde que nossos estudantes sintam-se motivados a ir além, ultrapassem o seu horizonte de expectativas ao encontro de novas leituras, as quais contribuirão para que a visão de mundo do aluno possa ser ampliada. Também deverão estar aptos para analisar os textos literários lendo nas entrelinhas, comparando-os com o mundo real e questionando as situações vividas pelos personagens com senso crítico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, V.T. de; B., M. da G. Literatura: a formação do leitor – alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. ALENCAR, J. de; Senhora. Série Bom Livro. São Paulo: Ática, 27ª ,1997. BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 41ª , 1997. CAMPAGNOLI, A. de F. P. F.; COSTA, A. C.; FIGUEIREDO, A. M.de S.; KOVALESKI, N. V. J. A mulher, seu espaço e sua missão na sociedade. Análise crítica das diferenças entre sexos. Disponível em http://www.uepg.br/emancipacao/pdfs/Emancipa%E7%E3o%203.pdf#page=127 . Acesso em 13/11/2008. FERNANDES, M. M. O papel da mulher na sociedade brasileira. Disponível em: www.monteirolobato.com.br/material/palestra_miriam.doc. Acesso em 16/11/2008. IGNÁCIO, R. A mulher na sociedade: entre sempre e jamais. Revista Mundo Jovem, p.11, mar 2008. LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Educação em ação. 5ª São Paulo: Ática, 2002. LUFT, L. A asa esquerda do anjo, 11ª, São Paulo: Record, 2003. MACEDO, J. R.; OLIVEIRA, M. W. Brasil – Uma história em construção. p. 124 a 128, 272 a 280, cap. 14, Guarulhos: Ed. do Brasil S/A. 1996. MARTINS, A. A.; BRANDÃO, H. M. B.; MACHADO M.Z.V. Escolarização da leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2006. MATTOS, M. L.B. Caminhos de emancipação da mulher. Revista mundo Jovem, p. 8, mar 2006. MELO, C. Leitura literária na escola e valores. Inovar a tradição. in Puertas a la lectura, n° 3, novembro de 2000, Cáceres, Universidade de Extremadura. MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. p. 212- 451, Rio de Janeiro:Objetiva, 2001. MÚSICA, Sexo frágil, (Erasmo Carlos). Disponível em http://vagalume.uol.com.br/erasmo-carlos/mulher-sexo-fragil.html. Acesso em 22/10/08. MÚSICA, Ela é bamba. (Ana Carolina). Disponível em: http://letras.terra.com.br/ana-carolina/44122/ Acesso em 21/10/08. OLIVEIRA, R. S. de. Mulher e homem, as diferenças que impedem a igualdade. Revista Mundo Jovem, p. 3, mai. 2006. O SORRISO de Monalisa. EUA: Colúmbia Pictures. Direção de Mike Newell, 125min. 2003. PARANÁ, Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Livro Didático Público de História do Estado. p. 88 a 92, 272 a 280. Vários autores. Curitiba. 2006. PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/livro_e_diretrize s/diretrizes/diretrizeslinguaportuguesa72008.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2008. PIÑON, N. Vozes do deserto. São Paulo: Record, 2004. QUEIROZ, R. As três Marias. São Paulo: José Olímpio, 1956. RENOIR, Mulheres amamentando, Disponível em : uplo ad.wikimedia.org/Wikipédia/commons/thumb/... Acesso em: 24/11/2008. REVISTA ÉPOCA. Mulheres. São Paulo: n° 95, Globo, mar. 2000. Edição especial. REVISTA VEJA. Mulher. São Paulo: n° 2062, Abril, mai. 2008. Edição especial. TAMARINI, M. Cosmologia e o mundo das deusas. As raízes da desigualdade. In apostila I Grupo de Estudos de Sexualidade, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento da Diversidade. Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos. Curitiba, 2008. TERRA, E. NICOLA, J. Redação para o 2° grau. São Paulo: Scipione, p.35, 1996. ZILBERMAN, R. Estética da Recepção e História da Literatura. Série Fundamentos 41. São Paulo: Ática, 1989.