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Ensino de História Experiência e interculturalidade Aliny D. P. de Medeiros Pranto Paulo Souto Maior Azemar dos Santos Soares Jr (Organizadores) Ideia – João Pessoa – 2021 Todos os direitos dos organizadores(as). A responsabilidade sobre textos e imagens é do respectivo autor(a). Editoração/Capa: Magno Nicolau Ilustração da capa https://www.istockphoto.com/br/foto/reserve-gm484017844-70996017 (STILLFX) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD E598 Ensino de História: experiência e interculturalidade [recurso eletrônico] Aliny D. P. de Medeiros Pranto, Paulo Souto Maior, Azemar dos Santos Soares Júnior, Organizadores. – João Pessoa: Ideia, 2021. 6.3mb; pdf ISBN 978-65-5608-147-2 1. História – ensino. Paraíba. 2.Ensino de história - prática docente. 3. Colóquio de Ensino de História – UFRN, Brasil. I. Pranto, Aliny D. P. de Medeiros. II. Souto Maior, Paulo. III. Soares Júnior, Azemar dos Santos. IV. Título. CDU 94:37(813.2) Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810 EDITORA contato@ideiaeditora.com.br www.ideiaeditora.com.br http://www.ideiaeditora.com.br/ S U M Á R I O Apresentação 10 Aliny D. P. de Medeiros Pranto Paulo Souto Maior Azemar dos Santos Soares Jr Ensino de História e Gênero My Little Girl: Abordando em sala de aula a figura feminina nas canções de rock dos anos 50 e 60 12 João Paulo Brito Lima Memórias escolares revisitadas na pandemia: Gênero na Antiguidade (PIBID-2015) 20 Emanuella Bezerra de Oliveira Ensino de História e Gênero: uma reflexão da figura do feminino e sua relevância como agentes da história 28 Elaine Cristina dos Santos Silva Jamilly J. Martins Fernandes Independência dos corpos e seus prazeres: sair do armário ainda é proibido... ao menos no “7 de Setembro” 35 Walber Ferreira da Silva O papel da mulher no período colonial: a(s) perspectiva(s) dos discentes sobre novos temas nas aulas de História 41 José Evangilmárison Lopes Leite Ensino de História e Novas Tecnologias As Novas Tecnologias no ensino da Segunda Guerra Mundial: O caso dos objetos educacionais digitais 50 Maria Luiza Pérola Dantas Barros A Memetização do Ensino de História 57 Pedro Henrique Ribeiro Fernandes Julia Beatriz Silva Vicente Chaves História e História em Quadrinhos: novas abordagens para o ensino de história 63 Natalia Santos Amorim Aline de Souza Silva Ensino de História e seus desafios: A utilização do método audiovisual como fonte e metodologia em sala de aula 68 Aline de Souza Silva Práticas Educativas Digitais: Técnicas Imersivas no SESI Museu Digital de Campina Grande 73 Thiago Acácio Raposo Vivian Galdino de Andrade Escutas da Docência: Aulas de História sobre a Ditadura 81 Thyara de Lemos Cavalcante Pesquisando e inventariando os lugares de memória no brejo paraibano por meio das TIC 86 Amanda Tavares da Silva Aline Ferreira da Silva A importância de pensar historicamente: dilemas da contemporaneidade 93 Luciana Angelice Biffi Jogos em realidade virtual no ensino de História- Experiência com BV128 para o ensino de História de Roraima 98 Édla Sonaira Salazar de Oliveira Experiências no Ensino de história na Educação Básica Literatura e ensino de História: mandela, ontem um filho da África, hoje, o pai dos africanos 105 Luana Pereira da Cunha Paulo Roberto Souto Maior Junior Representatividade nas páginas do livro didático sobre as religiões e cultura de matriz africana 113 José Luiz Xavier Filho Currículo, mediação pedagógica e atitude historiadora: a utilização de fontes históricas na Educação Básica 121 Eduardo José Neves Santos Tiago Ricardo Luciano História africana e afro-brasileira como prática antirracista 129 Viviane Aline Marcolino de Lima Layson Gabriel Brito Silva Pedagogia cultural: a construção de um perfil emancipador na educação 136 Rander de Souza Ferreira Urano Augusto Lopes Ferreira da Silva Práticas docentes no ensino de história em João Pessoa durante a pandemia de 2020144 Maday de Souza Morais Pereira Alyne Rosiwelly Araújo Figueiredo Produzindo um inventário pedagógico para o ensino de história local: os lugares de memória em Bananeiras e Solânea/PB 148 Emanuela Rocha da Silva Arcanjo Sabrina Castro de Almeida Estágio IV e a experiência do Ensino Remoto na Pandemia do Novo Coronavírus 159 Laís Eunice Oliveira Dantas Sarah Karolina Sucar Ferreira Ensino de história e literatura afro-brasileira: possibilidades metodológicas na poesia de Solano Trindade 166 Jamilly Jessica Martins Fernandes Natalia Santos Amorim História e Ilustração Literária: a importância dos estudos da África no ensino básico brasileiro 173 Vivian Vital Gualberto A falta de compreensão sobre a utilidade do ensino de História: uma pesquisa de amostragem 179 Augusto Agostini Tonelli (UEM) Letícia da Silva Leite História do Ensino de História Perpectivas em pauta: o ensino de história na história da educação brasileira 185 Maria Artenisia da Costa Lima O ensino de história e suas abordagens em diferentes contextos históricos 191 Flavia Moraes Cartaxo Do conceito à representação: a Eugenia e as obras didáticas de História 196 Cintia Rufino Franco Shintate O ensino da história em manuais didáticos soviéticos traduzidos para o Brasil na década de 1960 200 Flávio José Dalazona Formação de professores de história e ensino de história: a trajetória da ANPUH através das páginas da revista brasileira de história e revista história hoje 208 Silvano Fidelis de Lira O livro didático e o ensino de história: uma breve análise 215 Caroline Cataneo O acervo de escolas extintas de goiânia um local de memórias 222 Arleth Barbosa Ferreira Pereira Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida Ensino de História e História Oral Um banquete de oralidade na moita: Práticas alimentares de uso dos cactos e das bromélias na comunidade Moita de Boqueirão-PB (2002-2004) 228 José Carlos Silva Iranilson Buriti de Oliveira Patrimônios históricos culturais de Aquidauana/MS: análise e discussão sobre o Museu Marechal José Machado Lopes, morro dos mirantes e cultura imaterial do tereré 237 Letícia Mortari Fonseca As rendeiras e bordadeiras como preservação da memória oral através do ensino de história 240 Roberta Mendes de Sá Práticas do ensino de História na Educação Básica Luz, câmera, ação: o cotidiano do ensino de História como invenção 249 Anna Gabriella de Souza Cordeiro Maria Inês Sucupira Stamatto As grandes navegações e a importância do Rio Grande no Oeste da Bahia 253 Rafaela Martins Oliveira Relações étnico-raciais nos espaços escolares: religiões de matriz africana da educação básica 256 José Luiz Xavier Filho Continuando os diálogos Conhecer, empoderar, resistir: os desafios de uma História plural 262 Aliny Dayany P. de M. Pranto Anotações sobre ensinar História com sensibilidade ou a defesa de uma prática docente não fascista 267 Azemar dos Santos Soares Júnior E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 10 SUMÁRIO A p r e s e n t a ç ã o Este e-book reúne todas as comunicações apresentadas no I Colóquio Ensino de História: experiência e interculturalidade, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na formato remoto, entre os dias 4 e6 de novembro de 2020. A proposta do evento foi discutir questões relacionadas aos usos do passado na sala de aula, as experiências de docentes da Educação Básica, as possibilidades colocadas pela memória social, o ensino de história frente às novas tecnologias e temas sensíveis, a exemplo dos marcadores de raça, gênero, classe, pertencimento religioso, além da formação inicial e continuada de professores de História. Acreditamos que o evento, nas suas mesas, simpósios temáticos e roda de conversa com professores da educação básica trouxe a possibilidade de refletirmos diversos temas caros à nossa área, bem como reflexões sobre o ensino de história durante a pandemia de coronavirus. Nesse sentido, a/o leitor/a tem em mãos o resultado da primeira edição do nosso Colóquio e, com isso, uma oportunidade de conhecer trabalhos que, mais conclusivos ou em passos iniciais, é mais uma perspectiva dos combates atuais na área de ensino de História. Aliny D. P. de Medeiros Pranto Paulo Souto Maior Azemar dos Santos Soares Jr Ensino de História e Gênero E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 12 SUMÁRIO My Little Girl: Abordando em sala de aula a figura feminina nas canções de rock dos anos 50 e 60 João Paulo Brito Lima1 joaopaulolima156@gmail.com INTRODUÇÃO Os anos 50 e 60 do século XX, foram de intensas mudanças e transformações socioculturais, grande parte devido as várias manifestações e movimentos sociais, tais como: o movimento feminista, a contracultura hippie, e os movimentos de direito civis; apenas para citar os mais importantes movimentos e mobilizações sociais que irradiaram dos Estados Unidos e da Europa, para o resto do mundo. Dito isto, é possível fazer uma abordagem a respeito de como era retratada e cantada figura feminina dessa época, correlacionando com as músicas compostas e lançadas. O relacionamento entre História e Música é bastante enriquecedor e pode ser utilizado em sala de aula devido a sua importância como bem cultural e transformador da sociedade. A relação entre elementos tão complexos como a História e a Música não foi algo que as academias e o campo historiográfico levaram muito a sério no tocante como a música sendo uma fonte, um objeto de estudo. Mas, quando levamos em consideração que a sonoridade, a música caminhou e se aperfeiçoou junto com a humanidade desde seus primórdios; que a música está intrinsecamente vinculada ás práticas culturais, aos rituais religiosos, ao dia-a-dia da população, esse cenário muda e ganha novos formatos, novas possibilidades. Uma única música, se analisada de forma correta, analisada com uma “lente historiográfica”, pode trazer em seus versos, em suas linhas, em suas estrofes, muito a respeito da época em que ela foi concebida. A música, sendo analisada minuciosamente em sua composição, letra e melodia, pode mostrar ao historiador aspectos e particularidades são somente do próprio (ou próprios) compositor(es), mas também acerca da sociedade em que foi feita e difundida. Qual o gênero estava em alta naquele momento? Quais os acontecimentos sociais e culturais estavam eclodindo naquela época e que foram cantados por determinado vocalista? Por que esse tema tão polêmico ganhou vida nas letras de música de determinada banda? Essas e muitas outras questões podem ser respondidas analisando a música sem se desvencilhar do contexto histórico. A música é um elemento lúdico, de uma linguagem comum a todos e que mexe com percepções cerebrais ativando sistemas motores, que nos fazem dançar, cantarolar, ou bater o pé acompanhando o ritmo. Ela também pode ser utilizada no trabalho de habilidades linguísticas. Sabemos que a música também é uma ótima forma de promover uma interação 1 Graduado do curso de licenciatura plena em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em 2017. Atualmente mestrando no Programa de Pós Graduação em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), aluno bolsista do CNPQ. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 13 SUMÁRIO social, criando uma atmosfera de alegrias, risadas, conversas. Em sala de aula, pode facilitar a aprendizagem de certos conteúdos, de forma mais prazerosa, descontraída. Sobre música como uma fonte histórica e um elemento de construção social, hoje em dia, é de conhecimento que, “[...] As informações presentes nas canções ajudam a ilustrar os acontecimentos sociais, políticos, econômicos e eventos do cotidiano de determinado país. Grosso modo, podemos dizer que a canção é uma interlocutora de acontecimentos culturais e sociais no mundo contemporâneo. [...]” (MANOEL, 2014, p.04). Dito isto, este trabalho vem abordar uma forma diferente de trabalhar questões de gênero em sala de aula, através da análise de algumas letras de música que fizeram muito sucesso em suas épocas e são perpetuadas até hoje sem que nos toquemos do conteúdo sexista e machista de suas letras. Também traremos um pouco sobre o que é o rock and roll, um pouco sobre o que é feminismo e qual feminismo essas músicas estão inseridas, além de trazer em algumas composições das décadas de 50 e 60, como as músicas do gênero rock and roll desenhavam a figura feminina e como isso pode ser abordado nas aulas de História. Será feito a análise de 4 músicas de artistas e bandas da época nas quais poderemos ter uma noção de como a mulher, jovem, era vista e retratada nessas canções. Além de um apanhado geral sobre o que é o rock and roll, o feminismo e como inserir estes assuntos didaticamente, em sala de aula. [...] Música é linguagem (...) Outro aspecto fundamental na relação entre História, música e o processo de aprendizagem é a articulação entre o texto e o contexto para que a análise histórica não seja reduzida, limitando, assim, a própria importância do objeto analisado. O grande desafio do pesquisador é mapear os sentidos embutidos numa obra musical, bem como suas fontes de inserção na sociedade e na história. [...] (ABUD, 2010, p. 61-62). “LUTE COMO UMA MULHER”: nascimento e ascensão do feminismo nos Estados Unidos Primeiramente, para que possamos discutir a categoria “gênero” utilizamos autores como Ferreira (2008), que vai na direção de uma definição de gênero enquanto construção social. Em seus estudos, Ferreira (2008) traz o conceito de gênero, e o coloca na importância de ser uma construção social das diferenças sexuais ou anatômicas. Tendo a clareza de que os sujeitos, plurais em seus pensamentos e seus corpos, não são iguais também do ponto de vista fisiológico, e que portanto estes não deveriam ser considerados uns inferiores aos outros. Dito isto, ele aponta que, [...] gênero respeita a cultura, o tempo, o lugar, as condições sociais. Implica produções de significados, de identidades múltiplas e plurais, de mulheres e de homens no interior das práticas sociais, portanto, dentro de relações de poder. As formas como homens e mulheres se relacionam não apenas instituem os sujeitos, mas também dão sentidos às instituições (FERREIRA, 2008, p. 61). Portanto, sendo a sexualidade entendida e analisada como uma construção social e histórico-cultural, se vê necessária ser abordada, discutida e analisada em um espaço tão privilegiado e provedor de encontros de pluralidades e sensibilidades como a escola. Trazer a abordar esses e outros assuntos nas nossas salas de aula se faz bastante necessário, tendo em E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 14 SUMÁRIO vista que a escola, um ambiente de relações interpessoais e proximidades, de desenvolvimentos de amizades e relações afetivas, tambémé um ambiente de bullying, de segregação racial, de machismo e sexismos. Abordar o tema do respeito as diferenças é de extrema importância e necessidades, para desenvolver o aprendizado e o respeito ao cidadão, ao seu colega de sala, a seu parente ou vizinho, independentemente de sua orientação sexual ou de gênero. E a música, como uma integradora social, pode facilitar esse aprendizado em sala de aula. Dito isso, a princípio, ao abordar o tema do feminismo, pode-se abranger vários outros temas como, o emprego da música nessa temática; os seus usos em sala de aula; como a música, relacionada com o contexto histórico na qual foi composta, gravada, lançada e difundida, pode vir a explicar as mensagens contidas em seus linhas e estrofes; além de demonstrar como a figura feminina estava sendo abordada depreciativamente, fazendo entender suas motivações para as lutas e protestos. Sobre o feminismo, ele foi, a princípio, um movimento surgido no final do século XIX, nos Estados Unidos. Esse movimento ficou conhecido como “Primeira Onda Feminista”, e ocorreu devido a insatisfação das mulheres norte-americana pelo fato dos ex-escravos recém libertados do sul (1863), terem conquistado o direito ao voto, primeiro do que elas. Elas lutaram para conquistar não somente o direito ao voto, mas a outros direitos como, direitos políticos, jurídicos, melhorias de salário e de condições de trabalho nas fábricas. Ficaram conhecidas como “Sufragistas”. As sufragistas em protesto pedindo por direito ao voto, no fim do século XIX. Fonte: https://movimentorevista.com.br/2018/02/sufragistas-primeira-onda-feminismo/. Acessado dia 16/11/2020. Segundo Levi, [...] O feminismo, portanto, era visto como um ramo destas “perigosas” ideologias de esquerda — a ameaçar a “estabilidade” da Pátria, da Família e da Religião —, em alguns casos ultrapassando-as para chegar até ao Anarquismo, derradeira escolha anti-americana e, portanto, “digna” de ser erradicada com todos os meios [...]. (LEVI, 2007, p. 64). E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 15 SUMÁRIO Já nos anos 1960, deu-se o movimento que ficou conhecido como a “Segunda Onda Feminista”. Na segunda metade da década de 60, as mulheres participantes desse movimento buscavam escandalizar os abusos diários sofridos, a grande censura por parte do seus parceiros em termos de escolhas, empregos, vestimentas, entre outros; além dos abusos e autoridades do serviço doméstico. Em suas pautas feministas, elas buscaram direitos sexuais e reprodutivos, além de poderem contestar seus papéis na sociedade e em suas residências. [...] Na maioria das vezes, pensam que feminismo se trata de um bando de mulheres bravas que querem ser iguais aos homens. Essas pessoas nem pensam que o feminismo tem a ver com direitos – é sobre mulheres adquirirem direito iguais [...] (HOOKS, 2020, p. 12). Passeata de mulheres em Los Angeles, em 27/08/1970. Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/feminismo-manifestacoes-partir-de-68-inspiraram- mobilizacao-atual-16512352. Acesso: 16/11/2020. Dito isto, é neste contexto social da chamada “Segunda Onda Feminista” que se deu o surgimento do rock and roll, a adesão dos jovens que mergulharam nesse estilo musical e viveram intensamente sobre carros possantes, jaquetas de couro, bebidas e muita música e dança. No próximo tópico iremos abordar um pouco do surgimento desse ritmo que levou milhões de jovens a loucura. “BEM, ELA SÓ TINHA DEZESSETE ANOS, VOCÊ SABE O QUE EU QUERO DIZER”: Um pouco da história do Rock ‘N’ Roll O título deste tópico é de um trecho de uma música escrita por Paul McCartney e depois finalizada com a ajuda de John Lennon em 1962, e fala de um garoto que viu uma garota de 17 anos sozinha, no canto do salão onde estava tendo um baile, mas que se apaixonou perdidamente por ela, e que depois disso, não poderia deixá-la sozinha nem dançar com outra menina. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 16 SUMÁRIO É um tanto romântico quando ouvimos a música e lemos a letra dessa canção. Somos imediatamente transportados para um momento onde, dois jovens adolescentes, com suas emoções a flor da pele, se olharam e se apaixonaram perdidamente em meio a toda multidão que os rodeava, e ficamos a imaginar quantos momentos especiais não aconteceram dessa forma? Quantos rapaz poderiam dançar com outra quando viram ela parada lá? A imaginação flui com essas histórias românticas... Mas também, agora com um viés histórico e crítico, percebemos que esta canção, como tantas outras que surgiram nesta época, relega a jovem moça a um papel de inocente, desprotegida, de uma beleza inspiradora, e que ela está somente esperando seu jovem rapaz para “tirá-la para dançar”. Escutar com atenção letras de canções pode ser uma aula de história! Devemos propor uma contextualização entre a música com a época, a região, os grupos sociais e seus costumes, além de interpretar as gírias e metáforas utilizadas na letra, gerando conversas sobre história, sociedade, política, cultura e tantos outros elementos. [...] A importância da música como disciplina é um assunto relevante desde a antiguidade, pois a formação musical oferece o auxílio ideal para o desenvolvimento psíquico e emocional de crianças e jovens, porém aqui queremos ressaltar o uso da mesma em sala de aula para melhor aproveitamento dos conteúdos programáticos. [...] (MOREIRA & SANTOS & COELHO, 2014, p. 01). O fenômeno do surgimento e ascensão do rock and roll ou pop/rock nos Estados Unidos e na Europa, e posteriormente no resto do globo, não se deu do dia para a noite, e muito menos pelo acaso. Existiram elementos decisivos que criaram o rock e alçaram ao estrelato da fama internacional, passando a fazer parte não somente como gosto musical, mas também uma filosofia, um estilo de vida para algumas pessoas. Hobsbawn (2017) em sua obra sobre a história social do Jazz, nos dá uma ideia de como e em que sociedade este estilo musical surgiu e foi difundido. O rock and roll como conhecemos hoje em dia é um produto artístico nascido na fusão de vários outros elementos artísticos, como o country, do rhythm & blues e o jazz, predominantemente tocado pelos negros de Chicago. Esse ritmo mudou gerações em todo o mundo, e ainda hoje faz muito sucesso. É uma forma, creio eu, bastante criativa e divertida de levar para dentro da sala de aula para tratar de assuntos de tamanha seriedade como a questão de gênero e até mesmo de raça. “Tratar pedagogicamente do gênero e sexualidade nas escolas significa inserir os assuntos referentes a este tema da diversidade no currículo, por meio dos conteúdos contemplados nas diretrizes curriculares.” (GOMES, 2013, p.02). Portanto, vamos as letras das canções e as respectivas analises. Sobre as letras das canções que podem servir de exemplo para analisar e serem abordadas em sala de aula, a primeira é Baby, Let's Play House – Elvis Presley (Querida, vamos brincar de casinha), de 1955. “Bem, você pode ir à universidade / Você pode ir à escola / Você pode ter um Cadillac cor de rosa / Mas não seja a idiota de ninguém...”2. Podemos ver neste pequeno trecho que o homem coloca a mulher como uma propriedade sua, e que ela pode ter aquilo que ele disse, mas não pode ser idiota de ninguém, denotando que ela é uma pessoa inocente e que tivesse cuidado. 2 “Well, you may go to college / You may go to school / You may have a pink cadillac / But don't you be nobody's fool…” É uma canção escrita por Arthur Gunter em 1954 e foi gravada e lançada por Elvis Presley em 25 de abril de 1955. Possui 2:55 de duração. Letra e tradução disponíveis em https://www.letras.mus.br/elvis-presley/31582/,acessado em 16/11/2020. https://www.letras.mus.br/elvis-presley/31582/ En s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 17 SUMÁRIO Seguindo a analise, trago Everybody’s Trying To Be My Baby – Carl Perkins (Todas Estão Tentando Ser Minhas), de 1957. Vendo pela perspectiva do garoto, o seguinte trecho da letra diz o seguinte: “Quando saí na noite passada, eu não fiquei até tarde, / Antes de voltar para casa, eu tive dezenove encontros, / E todas estão tentando ser minhas, / Todas estão tentando ser minhas, / Todas estão tentando ser minhas, agora...”3. Podemos perceber neste trecho que o jovem rapaz está dizendo que está sendo altamente cobiçado por todas as mulheres, todas elas agora estão “tentando ser dele”, demonstrando um superego, e que todas as garotinhas estão parando suas vidas e se concentrando em apenas serem dele. A próxima música analisada é The Last Time – Rolling Stones (A Última Vez), 1965. O seguinte trecho da música diz assim: “Bem, eu lhe disse uma vez e lhe disse duas vezes / Mas você nunca escuta meus avisos / Você não se esforça para me satisfazer / Com o que você conhece, isto deveria ser fácil...”4. Notemos como o jovem rapaz interpela a mulher, em tom de reclamação e desaprovação, e até mesmo sugere que ela tem um conhecimento sexual e erótico demasiado, que ela não se esforça para satisfazê-lo mesmo sendo fácil para ela, denegrindo a sua imagem e como se ela ou qualquer mulher tivesse essa obrigação em um relacionamento. Seguindo para a próxima e última música desse nosso trabalho, trago a letra em que considero uma das mais pesadas em termos de machismo contra a mulher. A música Run For Your Life – The Beatles (Corra Por Sua Vida), de 1965, traz em seu conteúdo, o seguinte trecho: “É melhor você salvar sua vida, se puder, garotinha, / Esconda sua cabeça na areia, garotinha, / Te pegar com outro homem é o fim, garotinha, / Que isso seja um aviso, falo sério tudo o que disse, / Baby, estou determinado e prefiro te ver morta...”5. Podemos perceber com este tipo de letra o quanto é agressiva e violenta a abordagem que o garoto (que não é o mesmo compositor da canção) aborda a garota, e que até mesmo chega a ameaçá-la de agredir ela e até mesmo morte caso ela esteja com outro garoto fazendo qualquer coisa, por mais simples que seja. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como propõe Durval (2010), por uma educação que deforme, devemos deformar o ensino, mas não no sentido negativo da palavra. Mas, pelo contrário, devemos fazer diferente. Diferenciar, fazer abordagens sensíveis aos alunos da sala de aula, problematizar os sentimentos e os desejos desses alunos, respeitar suas alteridades. Devemos desmistificar a escola como um lugar chato, corriqueiro, obrigatório. Devemos iluminar nossas salas e ensinar 3 “Went out last night, I didn't stay late‘ / Fore I got home I had ninteen dates, / Everybody's trying to be my baby, / Everybody's trying to be my baby, / Everybody's trying to be my baby, now…” É uma canção escrita por Carl Perkins em 1956 e foi gravada e lançada no mesmo ano. Possui 2:15 de duração. Letra e tradução disponíveis em https://www.letras.mus.br/carl-perkins/30535/, acessado em 16/11/2020. 4 “Well, I told you once and I told you twice / But ya never listen to my advice / You don't try very hard to please me / With what you know it should be easy…” É uma canção escrita por Mick Jagger e Keith Richards em 1965 e foi gravada e lançada pelos Rolling Stones em 26 de fevereiro de 1965 no Reino Unido e 13 de março do mesmo ano nos Estados Unidos. Possui 3:41 de duração. Letra e tradução disponíveis em https://www.letras.mus.br/the-rolling- stones/33934/traducao.html/, acessado em 16/11/2020. 5 “You better run for your life if you can, little girl / Hide your head in the sand, little girl / Catch you with another man, that's the end, little girl / Let this be a sermon, I mean everything I've said / Baby, I'm determined and I'd rather see you dead…”. É uma canção composta por John Lennon e Paul McCartney, que foi gravada e lançada em 3 de dezembro de 1965. Possui 2:20 de duração. Letra e tradução disponíveis em https://www.letras.mus.br/the- beatles/273/traducao.html, acessado em 16/11/2020. https://www.letras.mus.br/carl-perkins/30535/ https://www.letras.mus.br/the-rolling-stones/33934/traducao.html/ https://www.letras.mus.br/the-rolling-stones/33934/traducao.html/ https://www.letras.mus.br/the-beatles/273/traducao.html https://www.letras.mus.br/the-beatles/273/traducao.html E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 18 SUMÁRIO os alunos a iluminarem suas mentes com as luzes do respeito, da curiosidade, do aprendizado, da alegria em ensinar e aprender, no respeitar, ajudar e aceitar o próximo. [...] Fazer as aulas de História “fazerem sentido” para o aluno precisa ser um exercício contínuo do professor. Para isso, sensibilidade, imaginação e experiência são fundamentais. Essas são palavras que combinam com uma prática cotidiana. (...) ou seja, trazer á tona aquilo que se sente, que se pensa e que tantas vezes fica apenas no interior dos corpos e mentes pela ausência de oportunidade de expor. Revelar a sensibilidade em sala de aula torna-se uma oportunidade de expressão, de autoafirmação, de comunicar o que sentimos ao outro, de deixar à mostra nossas fragilidades e, ao mesmo tempo, nossa fortaleza. [...] (SOARES JR, 2019, p.7-8). As escolas reconhecem que recebem inúmeras crianças de vários níveis sociais, religião, etnia, orientação sexual, culturas, entre outros, uma diversidade de sujeitos e, acredito que a música, seja ela de qualquer ritmo mas em especial o rock ‘n’ roll pois é um ritmo que tenho maior afinidade, possa proporcionar uma integralização dessas diferenças e demonstrar, através das letras e melodias das canções, como foi feito acima, de como a sociedade machista e patriarcal se comportava (e se comporta ainda) em relação a mulher, como pensavam a mulher e a relegavam a um lugar desprovido de ações, pensamentos e desejos próprios, e que caso ela não quisesse ou não pudesse se enquadrar neste arquétipo desenhado pela sociedade machista e misógina, haveria sérias consequências, até mesmo pela sua vida. Dos anos 50/60 até a atualidade, apesar das enorme publicidade, das políticas públicas e do peso da lei, pouca coisa mudou em relação a agressividade e a visão distorcida e violenta do homem para com a figura feminina na sociedade. Coisas assim foram ditas, lidas, cantadas e aprendidas. Apesar de serem músicas e bandas muito boas, que embalaram festas e imaginações de gerações, não podemos perpetuar a mensagem assassina que trazem em suas letras. A música deve viver, o desejo desvelado e incitado por elas, não. REFERÊNCIAS ABUD, Kátia Maria. Ensino de história / Kátia Maria Abud, André Chaves de Melo Silva, Ronaldo Cardoso Alves. – São Paulo: Cengage Learning, 2010. ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Por um ensino que deforme: o docente na pós-modernidade. Disponível em: www.cnslpb.com.br/arquivosdoc/MATPROF.pdf. Acesso em: 01 nov. 2020. FERREIRA, J. L. Homens ensinando crianças: continuidade-descontinuidade das relações de gênero na escola rural. João Pessoa. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal da Paraíba, 2008. GOMES, Andréa Regina de Carvalho. Gênero e Sexualidade na Escola. XI Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2013. (pp. 20699-20706). HOBSBAWM, Eric. História Social do Jazz: [tradução Angela Noronha], – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017. HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras/ bell hooks; tradução Bhuvi Libiano. – 11ª ed. – Rio de Janeiro: Rosa Dos Tempos, 2020. LEVI, Joseph Abraham. Estudos de Mulher e Gênero nos Estados Unidos da América. Séculos XIX-XXI: Temáticas e Abordagens. 2007.(pp. 63 – 76). MANOEL, Diogo Silva. "Música para Historiadores: [RE]PensandoCanção Popular como Documento e Fonte Histórica.”. Encontro Regional de História: Profissão Historiador: Formação e Mercado de Trabalho, XIX. Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora (2014). MOREIRA, Ana Claudia. & SANTOS, Halinna. & COELHO, Irene S. A Música na Sala de Aula – A Música Como Recurso Didático. UNISANTA Humanitas – p. 41-61; Vol. 3 nº 1, (2014). E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 19 SUMÁRIO NAPOLITANO, Marcos. História & Música: História cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. SOARES JR. Azemar dos Santos. Ensino de História e Sensibilidade: O Ver, o Ouvir e o Imaginar Nas Aulas de História. História & Ensino, Londrina, v. 25, n. 02, p. 167-190, jul./dez. 2019. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 20 SUMÁRIO Memórias escolares revisitadas na pandemia: Gênero na Antiguidade (PIBID-2015) Emanuella Bezerra de Oliveira1 professoraemanuellabezerra@gmail.com INTRODUÇÃO Procuramos inicialmente refletir sobre a história da disciplina História, e o papel do professor. Ao fazermos isso identificamos que as práticas de aulas dos professores, a muito tempo, valorizavam o papel do professor como o sujeito transmissor do conhecimento. As professoras e professores de história no exercício do devir da profissão por muito tempo seguiram a forma de ensinar os conteúdos de forma pragmática, sem reflexão e problematização dos conteúdos expostos no currículo de história. A proposta de desenvolver o ensino de História de forma problematizada vai de encontro com o pensamento de Bittencourt (2004, p. 211): “apenas conhecer datas e memoriza-las, como se sabe, não constitui um aprendizado significativo, a não ser que se entenda o sentido das datações”. Nos dias de hoje muitos professores ainda julgam que os alunos são desinteressados para as atividades propostas em sala de aula. Acreditamos que isso ainda acontece devido a forma como o conteúdo é apresentado em sala de aula, ou seja, os professores normalmente solicitam que os alunos leiam o livro didático e respondam os exercícios propostos nestes livros. Ao percebermos que essas práticas de aula ainda são comuns nas escolas, propomos investigar quais eram as necessidades dos alunos da escola fundamental? E, quais eram suas expectativas em relação ao ensino? Ao fazermos isso percebemos que diferentes questões surgiram em relação ao processo de ensino de História. Entre elas destacamos que os alunos não percebiam qual era o sentido de entender questões do passado para as suas vidas cotidianas? Portanto, o aluno questionava constantemente “pra que eu vou querer aprender um conteúdo que não vai apresentar nenhum sentido pra a minha realidade de vida?”. Segundo Circe Bittencourt2, a divisão da história em grandes períodos (Antiguidade, média, moderna e contemporânea), criada para organizar os estudos escolares acabou por definir as divisões das disciplinas históricas universitárias. Essa organização das disciplinas é uma das evidencias que permitem refletir sobre as relações entre o conhecimento acadêmico e o escolar. A modificação do currículo do ensino fundamental e médio, como quer as recentes propostas do ensino temático, implica mudanças no currículo de nível superior. A história escolar tem um perfil próprio, mas há um intercâmbio de legitimações entre as duas entidades específicas. A articulação entre as disciplinas escolares e as disciplinas acadêmicas é, portanto, complexa e não pode ser entendida como um processo mecânico e linear, pelo qual o que se produz enquanto conhecimento histórico acadêmico seja necessariamente transmitido e incorporado pela escola. O professor é quem transforma o 1 Mestranda em História pela UFCG, professoraemanuellabezerra@gmail.com 2BITTENCOURT; Circe Maria F: “Ensino de História: Fundamentos e Métodos” São Paulo. Ed Cortez, 2004. P. 33-55. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 21 SUMÁRIO saber a ser ensinado em saber aprendida, ação fundamental no processo de produção do conhecimento. Conteúdos, métodos e avaliações constroem-se nesse cotidiano e nas relações entre professores e alunos. (BITTENCOURT, 2004, P. 50). PLANEJAMENTO DO PROJETO Sejamos professores de desejo, nos resinificar, nos reconstruir a cada momento. Sandra Corazza A frase dessa professora foi a última fala de um texto que li, em uma disciplina do componente curricular ESO I, com a minha professora e amiga, in memoria Marisa Tayra, em que questionava junto a mesma a solução para o ensino, para a escola como conseguiríamos driblar o sistema tradicional educacional, esse que nos embrutece tanto. E claro, não chegamos a um ponto final desta indagação e sim ao início de um belo parágrafo, logo procuramos nos reinventar, procuramos antes de tudo o desejo pelo ensinar e aprender com a escola. Tais reflexões são relevantes para pensar a escola como espaço de sensibilidade e questionar o nosso lugar como docente. Bom o que fazer para trabalhar conteúdos3 que eram tidos como desinteressantes para os alunos? A antiguidade por apresentar um largo espaço de temporalidade com o contemporâneo, oferece uma distância maior aos jovens adolescentes em pleno século XXI, então começamos o ano letivo com um diálogo com as turmas 1ºF, 1ºC, 1ºB. Em que indicamos para as turmas saber o “porque” eles deviam estudar história, qual o significado para as suas vidas a história tinha. Muitas expressões foram apresentadas como: “estudar história é bom para conhecer o passado” “é importante estudar história para saber o que aconteceu com nossos antepassados” “estudar história é importante para sabermos os acontecimentos importantes, as datas”. Frases como estas, estão congeladas no nosso currículo e na própria formação acadêmica da disciplina de história é preciso se liberta das correntes da escola tradicional e que procurava apenas a memorização como Bittencourt exclama: os métodos de memorização utilizados para os alunos dominarem inúmeras informações, o que, na prática significava saber de cor saber a maior quantidade possível de acontecimentos da história nacional. Evidentemente que estas práticas passaram a sofrer críticas mais tarde pelas professoras que utilizavam os métodos ativos. Que eram propostas metodológicas que envolviam e incentivavam os alunos na aprendizagem. É importante diferenciar a memorização consciente do “saber de cor”, pois a memorização mecânica (de cor) é o grande vilão dos métodos de aprendizagem. Entretanto, é necessária a memorização consciente para aprender História. Porém outros resultados foram apresentados por uma minoria em sala de aula, que vão demonstrar uma quebra com o currículo tradicional e com os métodos de memorização e que a perspectiva histórico critica se torna mais prevalecente. DISCENTE (A) Eu estudo história e gosto da matéria de história pelo fato dessa matéria estudar coisas que já aconteceram no nosso passado, mais que ainda hoje fazem parte do nosso presente mesmo 3 Antes do início das atividades do PIBID 2015.1, nos reunirmos com o coordenador geral que discutiu sobre a proposta de estabelecer um ensino que se partilha da vivencia do aluno como Bourdier menciona parafraseando devemos nos adaptar a vivencia do aluno e ao seu capital cultural, se não temos o erudito vamos buscar nos reinventar a partir da realidade do meu aluno. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 22 SUMÁRIO acontecido a vários anos, sem a história não seriamos o que somos hoje. A história vai ser sempre relevante ao nosso presente e também ao nosso futuro. DISCENTE (B) Eu gosto muito de história, essa matéria é muito importante para todos nós. Tem várias históriasque é muito legal como por exemplo a Ditadura militar essa história foi a que eu mais gostei na minha vida. Essa matéria é muito importante para obter conhecimento sobre nossa cidade e outros lugares como a colonização Europeia e outros lugares do mundo. DISCENTE (C) Estudar história é muito importante, nela aprendemos coisas que tem sentido em nosso cotidiano. A história estar presente em todos os lugares em nossa vida, na televisão. Agente ver coisas impressionantes coisas que nunca vimos antes imagens que aprendemos com ela [...] gente que não gosta de estudar história é porque não entende o significado dela. Essas respostas são três exemplos4 de um exercício proposto em sala de aula como formar de fazer a abordagem dos conhecimentos prévios. Durante o semestre trabalhamos com três turmas porém a metodologia aplicada em uma turma não apresenta o mesmo significado que nas demais. Em uma turma começamos o ano letivo com uma proposta de dialogar sobre a epistemologia do que seria a própria Clio a história e se a disciplina tinha algum sentido para eles, porém em uma turma mais introspectiva fizemos a seguinte questão: “Fale porque estudar história e qual o significado para seu cotidiano?” Essa proposta não buscava respostas prontas e acabadas, queríamos o movimento o questionamento dos alunos. Depois de ministrar aula sobre o seguinte conceito da disciplina de história. Que abordamos como a disciplina seria no antigo modelo tradicional positivista e como está se modifica com as reformas na academia e explicamos também a própria escola que se modificava com o tempo. Após a aula inaugural nos reunirmos com a professora supervisora na escola em que nos incorporarmos com os alunos para sondar seus conhecimentos, sobre a temática, procuramos nos reunir e saber qual o recorte histórico iriamos abordar para o conteúdo da Antiguidade em que trabalhamos Egito e Mesopotâmia, o que estabeleceria em sentido e uma aprendizagem significativa. O Egito foi abordado no viés da história cultural, em que não procuramos apenas saber o nome dos faraós, sua organização econômica mas algo que trouxesse sentido sócio cultural, assim partimos com o documento do MEC5 em que se instrui trabalhar gênero desde o ensino no fundamental I, O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006), assinado pelo Ministério da Educação e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, parte da concepção de que a educação em direitos humanos se faz paralelamente à educação para a valorização da diversidade. Elaborado pelo Comitê Nacional de Educação e Direitos Humanos por meio de diversas estratégias, entre elas consulta à sociedade civil, o Plano define como uma de suas ações programáticas para a Educação Básica: [...] fomentar a inclusão, no currículo escolar, das temáticas relativas a gênero, identidade de gênero, raça e etnia, religião, orientação sexual, entre outros, bem como todas as formas 4 As atividades e fotografias do projeto se encontram no final do relatório em forma de apenso. 5 Ministério da Educação (CADERNOS SECAD) Gênero e diversidade na Escola: Reconhecer diferenças e superar preconceitos. Brasilia,2007. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 23 SUMÁRIO de discriminação e violações de direitos, assegurando a formação continuada dos(as) trabalhadores(as) da educação para lidar criticamente com esses temas (BRASIL/CNDH/MEC, 2006:24). Diferente das atuais sociedades ocidentais e do próprio Egito antes do contato com os Gregos, o Egito antigo é exemplo de uma sociedade de matrilinear, em que a igualdade de gênero prevalecia, diferente da nossa realidade em que feminicídios, homofobia e desrespeito a tudo que não se encaixe ao padrão heteronormativo. Para compreender as relações de gênero e o papel feminino na sociedade egípcia é importante ter em mente a organização social, suas hierarquias e quais os segmentos sociais entravam nos registros escritos da época. Segundo Gregory6 da Silva Balthazar a sociedade egipcia era organizada em hierarquias em que o divino se encontrava no topo, sucedendo a figura do faraó e sua família que poderia ser homem ou mulher e também representante divino, posteriormente os secerdotes, os burocratas, escribas e a grande massa da população camponeses, artesãos e escravos que sustentavam a economia e a base da piramide social. “[...] a mulher que ocupava a posição de rainha era humana, elas eram, por extensão, removidas da esfera mortal e dotadas de aspectos divino. A noção de realeza feminina era complementar ao rei, e a conexão entre os dois significava que uma não podia existir sem o outro” (ROBINS, 1996, p 42). GÊNERO E DIVERSIDADE O choque entre costumes e culturas existe e sempre vai existir na história, a partir do ponto em que observamos dentro de um meio ao qual já estamos inseridos. Não podemos pôr os fatos em relação ao que vivemos, e sim, aprofundar e conhecer a cultura daquele que tratamos como estrangeiro. Não era de se admirar que os Gregos se surpreendessem com a realidade encontrada no Egito, as mulheres dotavam de profunda liberdade, casavam-se com que elas escolhessem e diferente dos gregos, e até mesmo das sociedades patriarcais que estiveram sempre presente em todos os períodos da história, as egípcias tinha uma voz ativa em sua sociedade, e ocupavam até cargo de poderes, como é o caso da primeira faraó mulher, Hatchepsut4. É possível que os homens, que deixaram os testemunhos de que dispomos, se preocupassem em acentuar a sexualidade das mulheres para os seus próprios fins - que eram ao mesmo tempo religioso e de prazer, mas não para a promoverem como força independente e subversiva. A sua atitude em relação à sexualidade era ambivalente. Nas histórias, a sedutora malvada é um tema comum e a poesia amorosa do Novo Império é frequentemente escrita nas palavras da mulher ardente, neste caso sem os mesmos tons moralíssimos. Embora as histórias tivessem elementos religiosos, ambas estas fontes dão-nos um ponto de vista secular sobre o assunto. Gênero com os alunos desde as vestimentas deles a sexualidade; usamos de mídias para o enriquecimento da aula, mostramos como os homens e mulheres se vestiam, mostrando que tanto homens quanto mulheres usavam túnicas e não eram descriminados pelas suas vestimentas, trazendo essa questão para atualidade, que se homens usarem roupas como túnicas são rotulados de gays na atualidade, mostramos que tudo passa por uma questão de 6 Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 24 SUMÁRIO construção histórico cultural em meio de como nós vestimos vai a partir dos nossos costumes, e deixamos bem claro para eles que o quê vestimos faz parte de nossa subjetividade, claro que é bom ressaltar que vivemos em tempos diferentes e que termos que usamos hoje não se pode ser usado antes, pois cometeríamos anacronismo. Usamos de um filme brasileiro para discutir a questão de gênero, o filme é “Hoje eu não quero voltar sozinho”. Após os alunos verem os o filme fizemos uma boa discussão com eles. A REVISITA A PRÁTICA NA FOTOGRAFIA Como analisar uma imagem, como olhar através da lente obscura, como olhar através dos olhos? Onde buscar referência? A cupilagem fotográfica não é natural ela é histórica e por ser histórica ela permeia marcadores sociais. Trata-se de identificar o papel do arquivo como o depositário das memórias de experiências de homens e mulheres no tempo, suas lógicas de seleção e descarte e o papel que as fotografias cumprem nesse contexto de guarda (MAUAD, 2007, p. 93). Como construir outras memórias das experiências e memórias vividas? Esse texto é fruto e construção de uma prática pedagógica revisitada, mas daí a revisitaras imagens, e utiliza-las como imagem documento histórico é outra perspectiva. É na fotografia que vamos buscar a construção de modelo de beleza, uma padronização e um conjuntos de elementos que vão ditar o que é belo e o que não é; logo o olhar fotográfico a utilização de determinadas escolhas de cenário, vestimenta será um fator pré determinante sobre o que é o belo e o que não, consequentemente o que está a margem deste padrão é posto a margem e uma grande maioria é colocada em minoria alimentando um fosso social de desigualdade social e econômica. A falta de referência do local de guarda da imagem compromete o uso crítico da fotografia enquanto fonte e objeto de estudo da História. Para se trabalhar com as trajetórias das imagens ao longo da História, identificando as ressignificações e as reapropirações por cada época, não basta identificar por quem, quando e onde foi produzida, mas, sobretudo onde está arquivada. Trata-se de identificar o papel do arquivo como o depositário das memórias de experiências de homens e mulheres no tempo, suas lógicas de seleção e E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 25 SUMÁRIO descarte e o papel que as fotografias cumprem nesse contexto de guarda (MAUAD, 2007, p. 93). A provocação da Ana Maria Mauad, me desloca, me coloca em um universo paralelo e me faz me perguntar: Por que essas fotografias? Em 7 anos como professora de História o que me fez voltar para 2015? O que me faz trabalhar e revisitar a memória de uma experiência de ensino em Guarabira interior da Paraíba, aonde nem resido mais. E porque justamente esse projeto de gênero? O ano é 2020, ano de pandemia, mas também um ano de muitas tenções políticas, ano em que o conservadorismo, a homofobia, os documentos e leis, a legislação educacional se coloca em ameaça, novamente ouvimos sobre “kit gay” e “ideologia de gênero”. Essas falas entristecem o lugar social da historiadora e professora, mas também empodera para práticas de subversão, e o ensino de história é sim um palco de luta política e disputas de poder. Esse é o momento inicial do exercício da sequência didática, como chamaria hoje nossa prática nesta instituição pibidiana, necessitamos iniciar por um eixo, um problema que já vivenciávamos na escola a mais de um ano, eu entrei no PIBID em 2015, e vivenciei meus colegas entrando e saindo do programa, por talvez não sentirem-se estimulados com a situação e lugar enquanto docente. Afinal o trabalho de campo não é um país das maravilhas, é combativo. É sair as 6 da manhã com cartolinas e jornais, e uns cabos, extensão, aparelho de DVD, escolher entre o café da manhã ou está apresentável é comprar um dvd original (para não influenciar os alunos a pirataria) e pedir que um professor da graduação que mora na capital traga para você, afinal estamos falando de Guarabira 2015. É brigar com a direção e outros docentes da instituição diariamente, quando semana após semana ouvimos “bichinha, veado, sapa, sapatão, machão, atrevida” vamos suspender! Eles não tem futuro! É cansativo o teto caindo nas cabeças, a poeira, o cupim mas seguimos até o final. E nesta fotografia que apresento foi um dia desses de sair as 6 da manhã a pé, 20 minutos de caminhada, com um DVD, mas conseguimos e me sentia a própria Maria Bonita, eu não ligava muito para os meus futuros colegas docentes, meu foco era os educandos. Eles se espalhavam na sala de aula, os do primeiro horário alguns chegavam meio acordados, mas ficavam, alguns disputavam os lugares da frente, eram 3 turmas com perfis diferentes, alguns bem competitivos, outros viam na escrita um lugar melhor de expressão. Então o filme “hoje eu não quero voltar sozinho” foi algo que quase me expulsou do programa, talvez seja esse o motivo que escolhi este recorte e não o dos outros anos ou das minhas experiências de sala de aula. Poderia aqui trabalhar a fotografia do filme como fizemos em sala mas acho que não caberia. Mas desmarginalizando o afeto, mostrando que o gostar, o sentir, o desejo é algo que é fruto de uma construção social, de um projeto burguês para adestrar os corpos os educandos perceberam que não iriamos trabalhar o Egito com o olhar colonizado, europeu e sim a partir dos nossos contextos emergentes. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 26 SUMÁRIO Dois meninos, adolescentes descobrindo o afeto por si, sem o peso do pré julgamento, só a beleza do sentimento, sem pré determinações. Um deles é cego o que traz toda uma metáfora de conhecer o mundo pelos olhos do outro. É preciso se ater ao fato de que a narrativa cinematográfica não é constituída para ser um trabalho histórico, seu trabalho é interagir com o espectador, causar emoção, alegria, ou seja, é uma ferramenta de atração para um público alvo apresentando outros elementos que tentam fazer representações, neste caso medievais. O que faz com que o trabalho das historiadoras e dos historiadores sejam mais cuidadoso com a apropriação histórica de um determinado filme, observando elementos de composição sonora e visual, e estudando a narrativa do filme, as referências que o diretor e o roteirista utilizam para tal filme. A narrativa cinematográfica para Marc Ferro tem duas dimensões: o filme que passa a ser um instrumento de um testemunho histórico contemporâneo a época de sua produção e o filme que trata de personagens históricos que lhe permite uma leitura do passado, tornando-se, portanto criador de consciência histórica, mas fora da perspectiva analítica que lhe é própria. (MACEDO, 2009, PP 13-25). Nesta segunda fotografia, eu havia proposto após o filme e pós debates uma produção textual, geralmente eles não gostavam de expressar-se ler em voz alta, era uma turma com um perfil mais contido, mais calados, porém gostavam muito de escrever. Esse aluno de camisa azul da gincana do ano passado, era um aluno da zona rural, muito dedicado, sempre chegava mais cedo, às vezes trazia seu pão e comia na escola. Neste dia ele pediu “professora eu escrevi um texto posso ler em voz alta?” Eu imediatamente disse claro que sim. Aquele menino expressou tantos silêncios, tantas experiências da sua vida escolar que lhe sufocava e dentre as frases estava “mas eu aprendi que nem sempre foi assim”. E isso me tocou, havia passado 1 semana do nosso encontro e as ideias passaram o final de semana martelando as mentes. E somente talvez tenha sido o assunto da hora do intervalo, da sala dos professores; nem que E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 27 SUMÁRIO seja a triste frase que ouvi de uma colega que trabalhava na instituição “a professora passou filme de veado”, e não preciso discorrer que o assunto rendeu bastante na época. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentro da minha narrativa histórica como professora mais vejo e aprendo que ensinar história não está nos livros, não está nos manuais, aproximo as estratégias e práticas aos educandos, ao olhar sensível a cada indivíduo; não estou rasgando aqui as normas e regras, nem as memórias que visitamos, mas alegando que o saber conteudista sem sentido para os alunos em nada ira significar e transformar essa sociedade, é preciso colocar a mão na colmeia, levar umas picadas para poder colher o mel, assim e a partir da minha primeira abordagem de gênero no ensino, observo a construção da professora que se faz. O ensino de história como disciplina humanística foi um dos setores mais oprimidos no Brasil, desde a universidade a escola. Na contemporaneidade os desafios e questões são: como fazer um aluno que não tem muitas vezes a ideia de o porquê estar ali sentado naquela escola, questione o tempo inteiro para que estudar história? Coisa do passado, Coisa de velho, Aqui não tem história.São falas corriqueiras do alunado. Falas como essa fazem com que o professor de história ganhe um desafio a cada aula, para que o aluno construía um saber que tenha sentido para sua vida. Derrubar as concepções que o professor é detentor de um saber absoluto, acabar com as concepções que muitos alunos têm sobre o professor de história, são desafios que nos estudantes de licenciatura temos quando assumirmos nosso trabalho na escola. Afinal o que somos enquanto professores de história? E qual o nosso devir de pesquisador sobre o ensino de história? REFERÊNCIAS BITTENCOURT, Circe. M. F. 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Martins Fernandes2 jamillymartinsf@gmail.com INTRODUÇÃO Nos últimos anos a pesquisa de gênero no Brasil tem ocupado um espaço cada vez maior no meio acadêmico, exatamente por ser um assunto tão relevante no meio social e cultural, sendo foco em vários congressos, colóquios e seminários, a exemplo deste trabalho, que parte da observação de como a mulher está disposta no ensino de História, traremos a discursão de algumas metodologias que tornem viáveis, no sentido de visibilizar e refletir a respeito da figura feminina em sala de aula. O nosso trabalho destoa dessa visão que configura a mulher como elemento secundaria, de figuração3, cujas qualidades e requisitos ideais são referenciadas como donas do lar, gentil, amável e dócil, enquanto o homem sempre viril e protetor da mulher, Sobre esta construção da figura feminina e masculina dialogaremos com (COLLING, 2002). Esta história contada em sala de aula, pode, reproduzir no imaginário dos discentes e consequentemente se refletir na sociedade, neste debate sobre a escola como espaço de reprodução de violência simbólica, conversaremos com (BOURDIEU, 2009). Desta forma, nossa proposta visa trazer, dentro do ensino de história a mulher para o lugar que é dela por direito; a mulher não fora só cuidadora, nem sempre do lar, ela ocupou espações de luta e resistência, nesse contexto traremos de algumas possibilidades metodológicas para trabalhar Dandara dos Palmares, através da música, no qual o docente pode encontrar algumas possibilidades para os alunos conhecerem melhor essa agente histórica, e a paraibana Margarida Maria Alves que fora uma sindicalista e defensora dos direitos humanos, e será trabalhada através de os versos de cordéis. Ensino de História no Brasil e a invisibilidade da figura feminina em sala de aula O primeiro modelo de ensino de história que trouxe a história como disciplina escolar surgiu no século XIX, na França, inspirados pelos movimentos de tornar a sociedade independente de qualquer discurso religioso. No Brasil, a instalação de história enquanto disciplina também se deu através de uma disputa das autoridades religiosas versus o avanço da laicidade civil, sobre essa inserção do ensino de história no Brasil é colocado que: 1 Graduada em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) 2 Mestranda em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) 3Aquela ou aquele, que sozinho ou misturado a um grupo de pessoas, ocupam um papel secundário ou insignificante. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 29 SUMÁRIO No Brasil, sob influência do pensamento liberal francês e no bojo do movimento regencial, após a Independência de 1822, estruturou-se no Município do Rio de Janeiro, O Colégio Dom Pedro II (que durante o Império funcionaria como estabelecimento-padrão de ensino secundário, o mesmo ocorrendo da República, sob denominação de Ginásio Nacional) e seu primeiro Regulamento, de 1838, determinou a inserção dos estudos históricos no currículo, a partir da sexta série (Nadai,1992, p. 145). Usamos a França enquanto parâmetro no início do texto, pois o ensino de história no Brasil fora inspirado no modelo francês, ainda sobre a luz de Nadai, afirma-se: Assim a História inicialmente estudada no país foi a História da Europa ocidental, apresentada como verdadeira História da civilização. A História pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando papel extremamente secundário. Relegada aos anos finais dos ginásios, com número íntimo de aulas, sem uma estrutura própria, consistia em um repositório biografias de homens ilustres de datas e de batalhas (Nadai, 1992, p. 146). A partir dessa breve amostra a respeito dos prelúdios do ensino de história no Brasil, partimos para a questão da visibilidade da figura feminina no ensino de história enquanto agente histórico. Uma breve observação sobre a historiografia das mulheres, nos revela que apenas a partir da terceira geração do Annales que as mulheres foram incluídas nas produções historiográficas, tendo como uma das principais expoentes a Michelle Perrot na França, ao analisar os “Excluídos da História”, a partir das pesquisas de sua vida cultural e social. Essa então exclusão da mulher como agente histórica, até hoje é sentida, de modo que as narrativas históricas carecem na maioria das vezes de sua participação ativa, refletindo em um ensino de história na qual a presença masculina e dos heróis brancos, figuram a participação das mulheres e de outros sujeitos históricos nos bastidores e nas margens. Nessa perspectiva como Pontua, Burke (2010) a história das mulheres serviu como um sinal para uma nova perspectiva, perspectiva essa, de arquitetar outras esferas do passado, com personagens que até então estavam sendo esquecidos. (PETER BURKE, 2010). Desta forma, observamos que a história das mulheres fora abordada de forma vagarosa em comparação a história dos grandes heróis que são destacados no ensino de história, a partir desta problemática, levantamos alguns questionamentos, tais como: Como as mulheres estão sendo apresentadas em sala de aula? Essa apresentação é satisfatória para os dias atuais? De que modo queremos ensinar essa história? A história das mulheres em sala de aula deixa a desejar, pela invisibilidade da figura feminina, ser ainda, uma questão muito recorrente,principalmente no ensino de história, tendo em vista que a escola se faz como espaço pedagógico que produz e reproduz tendências sentimentos sobre o masculino e feminino. Essas concepções são assentadas em uma manifestação de um discurso das diferenças, biológica, corporal e cultural, que se expressão cotidianamente através da linguagem e práticas a diferença sexual é sempre construída pelos discursos que sustentam e a legitimam. (CHARTIER, 2002). A investigação do ensino de história em sala de aula nos traz uma notória desigualdade na presença da figura masculina e feminina em imagens e textos, estes discursos se transmutam em instrumentos sexistas em sala de aula, e tem contribuído para um pensamento educacional patriarcal e o silenciamento da história das mulheres no ensino de história, sobre isto, Tedechi coloca: “Basta percorrer o panteão das ilustres e veneradas figuras pedagógicas E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 30 SUMÁRIO brasileiras para perceber que as teorias educacionais foram construídas pelo masculino”. (Tedeschi, 2006, p. 2). Podemos usar como exemplo a escrita de Aristóteles que fora um dos primeiros à escrever em meio diversos assuntos, sobre as mulheres, ele diz que, esta metade da humanidade é descrita como inferior, não muito digna de confiança, insuficiente desenvolvida, pouco inteligente e assim por diante (...) A justificação da autoridade é baseado no princípio de que o “macho é mais apto para a direção do que a fêmea...” (COLLING,2002). Vale destacar também que o ensino de história no ato de selecionar currículos e conteúdos, colabora para sustentar ou questionar conteúdos estipulados de como explicar a história em sala de aula, que normalmente se fazem por meio de dualidade, operando entre o privado e público, masculino e feminino, dominante e dominado. Referente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) Monteiro e Méndez, colocam: “Para tanto, faz-se necessário discutir os currículos para a área (...) Implica em observar, entre outros aspectos, as políticas e diretrizes educacionais. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) para a área de História apontam a relevância de uma práxis educacional que seja inovadora, que busque aproximar-se de tendências teóricas capazes de refletir sobre a pluralidade da produção historiografia.”(Monteiro, Méndez, 2012, p. 2) Ao pensar e estabelecer o que será ensinado nas aulas de História, é preciso levar em consideração as estruturas de dominação social, as formas de violência simbólica reproduzidas por agentes sociais e instituições entre elas a escola (BOURDIEU, 2009). Ainda sobre a escola enquanto estrutura de dominação: “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.” (FOUCAULT, 1970). Michel Foucault tem teorias pautadas na relação entre poder e conhecimento, e de que forma essas relações podem controlar a sociedade. Desta forma podemos perceber que a escola como meio de propagação das relações de poder, merece nossa atenção enquanto docente da disciplina de História, para tornar viável a visibilidade das mulheres enquanto agente sócio cultural, as alternativas metodológicas para tal feito, serão abordadas nas próximas páginas do nosso artigo. Ensino De História E Interdiciplinaridade: possibilidades metodológicas para trabalhar em sala de aula Dandara dos Palmares e Margarida Maria Alves O Ensino de História ainda parte de uma visão masculina da história, comumente nas aulas falamos dos grandes líderes políticos, dos heróis, dos guerreiros, das personalidades masculinas que mudaram o rumo da história por levantes, traições, reivindicações, tudo porque, durante muito tempo na historiografia a história foi dominada por um viés político da qual não abarcava a diversidade e as complexidades dos sujeitos da história, conforme cita Martinho Guedes dos Santos Neto (2008): “A história política tradicional cunhou uma visão institucionalizada do poder definindo os temas e os objetos. Ela pretendeu ser memória, na medida em que privilegiou os Heróis, as personalidades políticas e as guerras”4. Nesse sentido, sujeitos como mulheres, negros, índios, ciganos, dentre outros grupos apareciam nas margens ou nos bastidores da história. 4 NETO, Martinho Guedes dos Santos. História ensinada: linguagens e abordagens para a sala de aula. João Pessoa: Ideia, 2008. Cultura Política e Poder: Perspectivas Para o Ensino de História. P, 135. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 31 SUMÁRIO Nesta perspectiva, nesse segundo momento nosso principal objetivo é discutir possibilidades metodológicas para trabalhar em sala de aula algumas figuras femininas históricas que possuíram um papel importante no campo cultural, social e político da história brasileira. Escolhemos duas agentes históricas, que apesar de viverem em épocas diferentes e possuírem problemáticas distintas, há algo que as aproximam: a luta pelos seus direitos e a prerrogativa de assumirem sua individualidade em cenários nos quais a figura masculina se exercia de maneira hegemônica, coercitiva e instituída. São elas: Dandara dos Palmares e Margarida Maria Alves. Pensando em possibilidades de como abordá-las em sala de aula, partimos de um diálogo interdisciplinar aliando história com a música e o cordel. Dandara foi uma guerreira negra e importante representação feminina na luta contra a dominação portuguesa e holandesa entre os séculos XVI e XVII contra a escravidão. Sendo ela uma das principais figuras do Quilombo dos Palmares, localizado no Estado de Alagoas, na Serra da Barriga, entre 1595-1695. É considerado pelo Movimento Negro5 como a primeira sociedade livre do Brasil. Zumbi dos Palmares foi o seu último e principal líder, visto como o único que preservou e defendeu a realidade de um lugar que transformava a realidade da escravidão em condições igualitárias, sendo morto em 20 de novembro de 1695. Não obstante, o nome de Zumbi seja mais citado nas aulas de história, Dandara é considerada uma das principais heroínas da resistência negra, e símbolo de identidade para muitas mulheres negras, no entanto, a respeito de sua identidade comumente é conhecida como companheira de Zumbi dos Palmares, deixando muitas vezes nos bastidores sua importância na luta pela liberdade na época da escravidão. Dandara morreu em 6 de fevereiro de 1694, tendo como principal causa da morte o suicido, preferindo a morte do que a condição de escravizada. Nesta perspectiva, pensamos como metodologia para tratar em sala de aula os debates acerca do período escravista e a força feminina nesse contexto, trabalhar Dandara dos Palmares através da música, no qual o docente pode encontrar algumas possibilidades para os alunos conhecerem melhor essa agente histórica e sua representação como mulher e guerreira contra a escravidão através de produções musicais que mostram sua importância para a história. Dandara do meu quilombo Me faz livre e voar Rainha do meu congo Me dá forças pra lutar Ê Dandara A música “Dandara” da artista Nina Oliveira, narra à luta, a dor e a resiliência da guerreira dos palmares, que apesar de conhecer em sua existência o amargo dos inúmeros atentados a sua liberdade e a do seu povo persistia na luta, preferindo a morte a ceder seu corpo à escravidão, pois sua alma era, de sobremaneira livre. Dandara demonstra em sua representação uma autonomia que, como trata a artista Nina Oliveira, “Me faz livre e voar/ Me dá forças para lutar”. Outra música que escolhemos foi a também de nome “Dandara” da artista Bia Nogueira 5Cardoso, Marco Antônio. O movimento negro em Belo Horizonte: 1978-1998. Movimento Negro: Quilombo, Resistência e Identidade. MarcosAntonio Cardoso. 2. Ed. – Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 32 SUMÁRIO Dandara, uma mulher Que era de Obá, de Elekô Dandara, uma guerreira Independente e sem senhor [...] Por (De) todo povo negro Dandara é meu espelho Minha guia, inspiração Pra romper amarras Pra romper amarras Dandara Rompeu amarras Percebemos nesses versos a importância que a figura histórica representa para muitas mulheres negras, que buscam em personalidades como Dandara uma identificação com a história, que mostrem negras para além das narrativas da ama de leite, escravizadas domésticas, da exploração nas lavouras, partindo para histórias que mostrem negras e negros ativos contra o sistema que maculavam seus corpos, mentes e almas. Ainda temos muitas Dandaras para conhecer, do passado e do presente, igualmente importantes para serem trabalhadas em sala de aula. A despeito das músicas, o professor pode dividir a turma em grupos nos quais eles podem pesquisar músicas sobre Dandara e apresentá-las em sala de aula, assim como criar seus próprios versos a partir do que foi discutido pelo docente, bem como no livro didático, fazendo um paralelo de como essa agente histórica é trabalhada no livro e nas canções levadas em sala de aula. Outra importante agente histórica da luta social e política, é a paraibana nascida em Alagoa Grande, Margarida Maria Alves. Não, ela não nasceu na mesma época que Dandara, a sindicalista nascera em Agosto de 1933, mais de 200 anos as separam, inclusive suas reivindicações, contudo, tinha algo que as aproximavam, o fato de preferir morrer na luta, a se entregar aos algozes. Margarida Maria Alves tinha como principal lema “É melhor morrer na luta que morrer de fome”, fala a primeira mulher presidente do sindicato dos trabalhadores rurais na cidade que nascera, tendo como seu propósito de vida a defesa dos direitos dos trabalhadores sem-terra, tendo uma participação ativa nas reivindicações e denúncias por melhores condições de vida. A ação de Margarida Alves foi tão significativa que acionou a covardia e o medo dos latifundiários: “No dia 12 de agosto, do ano de 1983, novos tiros, novas mortes assombraram o mundo camponês brasileiro. Desta feita, atingiram a Presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande (PB), Margarida Maria Alves, assassinada, covarde e barbaramente, pelos senhores de terras do Brejo paraibano. Seus algozes seriam amparados pela justiça paraibana, permanecendo impunes até os dias de hoje.” (FERREIRA, 2017, p.11). Margarida Maria Alves é uma importante agente histórica para o professor abordar em sala de aula em diversas temáticas, como: a representação feminina no âmbito regional, assim como na luta pelos direitos civis e trabalhistas, acionando outras agentes históricas como, por exemplo, Elizabeth Texeira; no campo da história local de Alagoa Grande; questionar e refletir E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 33 SUMÁRIO sobre os conflitos de terra não apenas na região paraibana, mas a nível nacional, uma vez que a problemática da terra é algo que sempre existiu em nosso país, presentes na luta do MST e também dos grupos indígenas que nunca deixaram serem atacados pela posse de suas terras. Para trabalhar Margarida Maria Alves em sala de aula, escolhemos os versos de cordéis, uma vez que existem amplas possibilidades para o alunado criar e pesquisar, a exemplo da poesia do paraibano Medeiros Braga (2008), sobre Margarida Maria Alves6: Talhada para os entraves, Pra ser mártir, pra lutar, Margarida Maria Alves Foi uma mulher exemplar. Não se afrontando com nada, Já nasceu predestinada Para a extorsão arrostar. Ela foi a presidente Do aguerrido sindicato Dos trabalhadores rurais Onde havia um patronato De prática abominável Que reagia, implacável, Do grito ao assassinato. Por se tratar de um cordel o professor pode trabalhá-lo por partes, contudo o importante é ir instigar o aluno na produção do conhecimento, elemento que, Circe Bettencourt (2012) enfatiza a importância: “Nesse sentido, cabe ao professor à tarefa de utilizar uma metodologia que possibilite leitura e interpretação que despertem o sentido histórico nas relações triviais da sala de aula”. Doravante, por se tratar de uma personalidade da história paraibana, o docente pode pedir que os alunos, façam uma pequena pesquisa de campo, entrevistando seus amigos e familiares a respeito de Margarida Maria Alves, se eles já tinham ouvido falar, se conhecem a história de luta da líder sindical. Esse exercício promove não apenas o conhecimento do aluno ao tema, mas, o coloca como parte dessa produção do conhecimento, como sujeito que faz parte da história, que investiga, que questiona, critica, são elementos de suma importância para promover o gosto do aluno de estudar história, o envolvendo, fazendo ser participativo, auxiliando, o ensino de história, com tecnologias e assuntos que os chamem atenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS Existem vários comunicações para se refletir o ensino de história, se trata de uma seleção feita a cada dia, através de várias metodologias, desta forma o ponto inicial deste artigo fora a percepção de que o ensino de história, se trata de uma experiência que, ultrapassa apenas, a repetição de conteúdos, se trata de uma reflexão sobre a capacidade e competência 6 Sobre esse tema ver a dissertação de mestrado de: Oliveira, Renata Maria Fernandes de. Letramento literário: a mulher no cordel e a conscientização sobre violência no campo. Universidade Estadual da Paraíba, Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa, 2019. E n s i n o d e H i s t ó r i a : E x p e r i ê n c i a e I n t e l e c t u a l i d a d e | 34 SUMÁRIO de formar o conhecimento histórico, que são resultantes e resultam nas experiências vivenciadas pelos sujeitos dentro e fora do âmbito escolar. Portanto, para o presente trabalho escolhemos a música e o cordel, mas poderia ser pinturas, grafites, produções de vídeos, curta metragens, peças de teatros, poesias. As possibilidades metodológicas são das mais variadas. E esperamos que você, leitor, tenha se envolvido e aprendido algo a mais sobre Dandara dos Palmares e Margarida Maria Alves, através dessa proposta metodológica interdisciplinar. REFERÊNCIAS NADAI, Elza. O ensino de história no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História, v. 13, n. 25/26, p. 143-162, 1992. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. CHARTIER, Roger. A história entre narrativa e conhecimento. In: À beira da falésia. A história entre certezas e inquietudes. Porto Alegre, Ed. Universidade/UFRGS, 2002. PEREIRA, Nilton M. & SEFFNER, Fernando. O que pode o ensino de história? Sobre o uso de fontes na sala de aula. Revista Anos 90. Porto Alegre, v. 15, n. 28, dez. 2008. BRAGA, Medeiros: Cordel Margarida Maria Alves, disponível em: http://www.rnsites.com.br/cordeis- margarida.htm. Acessado em: 03/11/2020 BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula: Livros didáticos entre textos e imagens. São Paulo:Contexto, 2012. P.69 CARDOSO, Marco Antônio. O movimento negro em Belo Horizonte: 1978-1998. Movimento Negro: Quilombo, Resistência e Identidade. Marcos Antonio Cardoso. 2. Ed. – Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011. FERREIRA, Ana Paula Romão de Souza. Margarida, Margaridas: memória de Margarida Maria Alves (1933- 1983) através das práticas educativas das Margaridas/ Ana Paula Romão de Souza Ferreira. – João Pessoa: Editora da UFPB, 2017 NETO, Martinho Guedes dos Santos. História ensinada: linguagens e abordagens para a sala de aula. João Pessoa: Ideia,
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