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A Teoria Crítica do Direito no Brasil- Victória Faust

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB 
DIREITO 
HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES JURÍDICAS 
PROFESSORA: IVONE FERNANDES MORCILO LIXA 
ACADÊMICA: VICTÓRIA LUIZA FAUST 
 
A TEORIA CRÍTICA DO DIREITO NO BRASIL 
 
 A Teoria Crítica pode ser entendida como uma abordagem teórica que busca se 
diferenciar da Teoria Tradicional, utilizando como premissa a união de teoria e prática. Um 
dos enfoques da Teoria Crítica são as críticas a ordem política e econômica do “mundo 
administrado”. Essa teoria teve seu início por meio de um ensaio-manifesto, publicado em 1937 
por Max Horkheimer, intitulado Teoria Tradicional e Teoria Crítica e foi amplamente 
desenvolvida pela Escola de Frankfurt, que foi um instituto e movimento social e político com 
intuito de estudar e compreender dinâmica das mudanças sociais. Além disso, é importante 
salientar que a Teoria Crítica nunca foi uma teoria pronta mas sim em constante construção e 
evolução. No Brasil, a Teoria Crítica se iniciou por meio da Igreja Católica assim como pela 
disseminação das obras dos intelectuais da Escola de Frankfurt. 
 Embora os estudos da Teoria Crítica não fossem inicialmente voltados ao campo 
jurídico, com o passar do tempo se desenvolveu a Teoria Crítica do Direito, que assim como a 
Teoria Crítica, tem por essência o questionamento e a aplicação prática, porém nesse caso, do 
modelo jurídico tradicional e a sua forma de aplicação. 
 A Teoria Crítica do Direito busca uma forma alternativa para o exercício e 
produção do direito, questiona o modelo jurídico tradicional assim como o positivismo jurídico, 
tem por fundamentos os ideais de que o direito: não é sinônimo de lei (ele deve ser identificado 
como bem comum, usando pressupostos que vão muito além do Estado, como justiça e 
igualdade), não é uno (é questionada veementemente a monopolização do direito pelo Estado), 
não é neutro (o direito não se desenvolve isolado das relações sociais que o produziram), não é 
racional (trata-se de um assunto subjetivo, que envolve emoções muitas das vezes afeto), é um 
instrumento de transformação social, não é autolegitimo, dentre outros pressupostos. A Teoria 
Crítica prioriza não apenas a teorização, mas sim o desenvolvimento prático de um direito que 
corresponda ao que a sociedade necessita e almeja. O estudo da Teoria Crítica do Direito pode 
ser dividido entre algumas vertentes, como o Direito Alternativo, o Uso Alternativo do Direito, 
o Pluralismo Jurídico e a Escola de Direito Livre. 
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No Direito Brasileiro houve alguns juristas e grupos de estudo que utilizaram da Teoria 
Crítica do Direito como seu objeto de estudo, sendo os pioneiros Roberto Lyra Filho, Tércio 
Sampaio Ferraz Jr., Luiz Fernando Coelho, Luís Alberto Warat, Amilton Bueno de Carvalho e 
Antonio Carlos Wolkmer. Nunca houve apenas uma Teoria Crítica Jurídica geral, a ascensão 
dessa teoria no Brasil se deu por meio de juristas e grupos diferentes. 
Como principais grupos no Brasil pode-se citar o Grupo de Magistrados Gaúchos, 
liderado pelo ex-desembargador Amilton Bueno de Carvalho, que tinha por objetivo 
desenvolver e aplicar uma nova forma de produzir o direito no Brasil, dessa vez mais voltada 
para o social; o Instituto de Direito Alternativo (IDA), que organizava palestras para divulgar 
as ideias do Direito Alternativo; a Associação Juízes para a Democracia, que defenda diversos 
ideais do Direito Alternativo como a liberdade material e a luta pela democracia. Além de 
diversos outros grupos que seguiam a mesma linha de pensamento e estudos. 
Um dos movimentos mais notáveis que ocorreu no Brasil foi o “Direito achado na rua”, 
desenvolvido por Roberto Lyra Filho, que rompeu com a estrutura normativo-burocrática, visa 
uma “legítima organização social da liberdade" e pensava em uma concepção de direito voltada 
aos movimentos sociais, sem seguir os preceitos do jusnaturalismo e nem do positivismo 
jurídico. 
Além dos grupos de estudos, houveram as Organizações da Sociedade Civil para o 
Estudo da Teoria Crítica do Direito, como o Instituto de Apoio Jurídico Popular (Ajup), que 
contou com a atuação de advogados como Miguel Pressburger e Miguel Baldez que prestavam 
assessoria para sindicatos e comunidades de base, além de publicar críticas ao modelo jurídico 
tradicional e o Núcleo de Estudos para a Paz e Direitos Humanos (Nep), criado na UnB, que 
tinha por objetivo transmitir informações em prol de um sistema jurídico mais descentralizado 
e legítimo. 
Diante do que foi exposto, conclui-se que a Teoria Crítica do Direito no Brasil foi 
desenvolvida por diversos juristas que se identificavam com as premissas dessa corrente teórica 
e acreditavam no desenvolvimento de um novo direito, que auxiliasse dessa forma as pessoas 
menos favorecidas. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CATANA, Luciana Laura Tereza Oliveira; DE SOUZA, Vinicius Roberto Prioli. Ensaios 
sobre a Teoria Crítica do Direito no Brasil. 3 ago. 2009. Disponível em: 
3 
 
https://www.conjur.com.br/2009-ago-03/ensaios-teoria-critica-direito-brasil. Acesso em: 10 
jul. 2020. 
 
LEITE, Gisele. A teoria crítica do direito. 5 mar. 2020. Disponível em: 
https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-teoria-critica-do-direito. Acesso em: 10 
jul. 2020. 
 
SILVA, Marco Junio G. Breves linhas sobre Teoria Crítica do Direito. Revista Jus 
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3328, 11 ago. 2012. Disponível em: 
https://jus.com.br/artigos/22267. Acesso em: 10 jul. 2020. 
 
CABRAL, João Francisco Pereira. Teoria Crítica e seus principais pensadores; Brasil 
Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/teoria-critica-seus-principais-
pensadores.htm. Acesso em 10 de jul. 2020.

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