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EXCELENTÍSSMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DA 2ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA/GO
Processo de nº: 0010001-10.2017.518.0002.
MARIA JOSÉ, já qualificada nos autos em epígrafe, em que contende o Senhor ALBANO MACHADO também já devidamente qualificado, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo), nesta comarca, onde recebe intimações, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 895, I da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
INTERPOR:
RECURSO ORDINÁRIO para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, com fulcro no art. 895, “a”, da CLT.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do presente recurso, dentre os quais se destacam:
a) Depósito Recursal: devidamente as custas devem ser pagas na ordem de 2% do valor arbitrado à condenação, conforme disposição, da CLT. Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. 
§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
 Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Devem ser comprovadas nos autos, pelo vencido, no prazo recursal, conforme guias anexas
b) Custas: devidamente recolhidas de acordo com o art. 789, § 1º, da CLT, a conforme guias anexas dentro do prazo recursal. Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
Diante o exposto, requer o recebimento do presente recurso, com a posterior notificação do recorrido para apresentação das Contrarrazões ao Recurso Ordinário no prazo de 8 (oito) dias conforme dispõe o art. 900 da CLT, e a posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região.
Termos em que pede juntada e deferimento.
Goiânia-GO, (21 de outubro de 2020)
Advogado
OAB/GO 
AO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO
Processo de nº: 0010001-10.2017.518.0002.
1. PREJUDICIAL DE MÉRITO
1.1. Prescrição Parcial
Maria José postulou por meio de seu advogado em razões finais a prescrição parcial, entretanto o Douto Magistrado não acolheu sob o argumento de que a descrita prescrição deveria ter sido arguida em contestação e concluiu com a preclusão do feito.
A sentença não merece ser mantida, pois de acordo com a súmula 153 do TST, a prescrição poderá ser arguida em instância ordinária, desta forma não há que se falar em preclusão do feito.
Diante o exposto, requer a reforma da sentença a fim de que considere a prescrição parcial nos moldes do art. 11, da CLT; art. 7º, XXIV, da CF/88 e súmula 308 do TST, e por consequência, que considere prescritos todos os pleitos formulados anteriores à 30/10/2012.
2. PRELIMINAR DE MÉRITO
2.1. Incompetência Absoluta
A sentença determinou o recolhimento do INSS relativo ao período trabalhado mês a mês, para fins de aposentadoria.
Entretanto, conforme estabelece a súmula 368, I do TST a Justiça do Trabalho será competente quanto à execução das contribuições previdenciárias somente quando for de sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. Sendo assim, a sentença do caso em tela não tem cunho condenatório e, portanto, a Justiça do Trabalho não é competente.
Diante o exposto, requer que seja declarado a incompetência absoluta quanto ao recolhimento do INSS, conforme dispõe Súmula Vinculante 53 do STF, Súmula 368, I, TST, art. 876, § único, CLT, e o art. 114, VIII, da CRFB/88.
2.2. Coisa Julgada
A recorrente teve seu pedido rejeitado em preliminar, pois em síntese foi desconsiderado que a empresa havia feito um acordo em outro processo movido pelo mesmo empregado em juízo, na qual pagou o prêmio de assiduidade, condenando-a novamente ao pagamento dessa parcela.
A sentença não merece ser mantida, pois foi feito um acordo, homologado em juízo, na qual foi pago à época o prêmio e conforme dispõe o art. 831, § único, CLT, o termo que for lavrado no caso de conciliação será irrecorrível.
Diante o exposto, requer a reforma da sentença sem resolução de mérito, para que declare a coisa julgada quanto ao pedido de pagamento de assiduidade, conforme art. 337, VII do CPC e art. 485, V, CPC.
2.3. Litispendência
A sentença rejeitou a preliminar suscitada pelo recorrente e desconsiderou que em relação as diárias postuladas, o autor tinha, comprovadamente, outra ação em curso com o mesmo tema, e que se encontrava em grau de recurso.
De acordo com os art. 337, VI, do CPC, opera-se a litispendência quando a mesma ação é proposta repetidamente. Portanto, estamos diante da repetição do pedido das diárias, pois o pedido está sendo apreciado pelo Judiciário em outro processo.
Diante o exposto, requer a extinção do processo sem resolução de mérito quanto ao pedido das diárias postuladas por litispendência, conforme artigos 337, VI e 485, V ambos do CPC.
3. MÉRITO
3.1. Reintegração
A sentença deferiu a reintegração do recorrido, pois ele foi eleito presidente da Associação de Leitura dos empregados da empresa, entidade criada pelos próprios empregados e que a dispensa ocorreu no decorrer do mandato do reclamante.
A sentença não merece ser mantida, conforme dispõe o art. 543, § 3º da CLT, eis que a vedação da dispensa do empregado é somente nas hipóteses descritas no artigo e o recorrido possuía a função de Presidente Associação de Leitura dos empregados da empresa não possuindo estabilidade provisória prevista em lei ou norma coletiva.
Diante o exposto, requer a reforma da sentença para que não considere o recorrido com estabilidade e por consequência que mantenha a demissão.
3.2. Dano Moral
A decisão de primeiro grau condenou a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelo fato de ter sido aposto na CTPS do trabalhador que a rescisão do contrato de trabalho se deu por justa causa 
A sentença não merece ser mantida, pois o atraso se deu somente nos últimos 3 (três) meses do contrato de trabalho, ou seja, no ano de 2017, entretanto o documento apresentado para comprovar o dano foi do ano de 2015 (documento de certidão do Serasa, novembro de 2015). Assim, conclui-se que o documento apresentado não poderá ser usado para configuração do dano haja vista a divergência dos períodos e a não comprovação do prejuízo.
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nelaanotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2° As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: (Redação dada pela Medida provisória nº 89, de 1989)
§ 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 818 - A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.
Art. 818. O ônus da prova incumbe: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Princípio da eventualidade: Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir. Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Diante o exposto, requer a reforma da sentença para que se retire a condenação do Dano Moral do recorrido.
3.3. Carta de referência
A sentença deferiu a entrega de uma carta de referência para facilitar ao recorrido a obtenção de nova colocação no mercado de trabalho.
Entretanto conforme o art. 5º, II, CRFB/88, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei, e a Carta de referência não está prevista em Lei.
Diante o exposto, requer a reforma da sentença para que seja julgado improcedente o pedido de entrega de carta de referência.
3.5. Férias
A sentença deferiu ao recorrido o pagamento de férias sob a justificativa de que o empregado não fruiu 30 dias úteis no ano de 2016, como garante a Lei.
A sentença não merece prosperar, pois o conforme o art. 130, I da CLT as férias não são fruídas em dias úteis e sim em dias corridos.
Diante o exposto, requer a reforma da sentença para que julgue improcedente o pedido de pagamento de férias em dias úteis.
Feriados laborados em dobro
A sentença julgou procedente o pedido de pagamento em dobro dos feriados, invocando a Súmula n o 444, do TST. Embora a Súmula invocada na decisão de primeiro grau tenha previsão de pagamento dos feriados laborados no regime 12x36, deve-se ter em mente que ela não tem efeito vinculante, ou seja, o livre convencimento do magistrado o autoriza a julgar contra o entendimento jurisprudencial consolidado (Súmula) No caso em apreço, o argumento que pode ser utilizado é que prever o pagamento do feriado em dobro é desconsiderar a essência do regime 12x36, uma vez que o empregador seria obrigado a conceder folga ao obreiro, não sendo praticado o sistema de 12 horas de trabalho por 36 de descanso. Além disso, pode-se alegar que a folga compensatória existe, uma vez que o trabalho executado em dia de feriado já é automaticamente compensado pelas folgas naturais inerentes ao regime 13x36. A sistemática própria do regime 12x36 já compensa, automaticamente, o trabalho exercido em dia de feriado, da mesma maneira que ocorre com o labor aos domingos.
Intervalo intrajornada
 A sentença também deferiu ao trabalhador o pagamento de uma hora por dia decorrente da supressão o intervalo intrajornada, acrescida de 50%, a partir de 2/6/2015 até o término do contrato de trabalho, constam no processo que podem amparar a conclusão de que o intervalo mínimo de uma hora foi corretamente usufruído pelo reclamante. Resta claro que o laborista cumpria diariamente o intervalo para
refeição de descanso
Honorários advocatícios
 A reclamada, assim como o trabalhador, foi condenada ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 5% do valor da condenação apurado em sede de liquidação de sentença. Neste caso, é de que a reclamação trabalhista foi distribuída antes da vigência da Lei no . 13.467/17, ou seja, anteriormente à existência da nova regra dos honorários advocatícios prevista no art, 791-A, da CLT ser aplicada. Não se pode perder de vista que a condenação carece de lógica jurídica, pois a própria sentença reconhece o estado de dificuldade econômica da reclamada, deferindo-lhe os benefícios da assistência judiciária gratuita, o que, consequentemente, implica na desnecessidade de recolhimento de custas e do depósito recursal. Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.
§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada. (Incluído pela Lei nº 12.437, de 2011)
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
ADI 5766
TEMPESTIVIDADE
 O prazo que a parte tem para apresentar ao Poder Judiciárioo seu inconformismo com a decisão prolatada. Via de regra os prazos recursais trabalhistas são de 8 (oito) dias. O novo Código de Processo Civil prevê, em seu art. 219, que os prazos devem ser contados em dias úteis. Entretanto, esta regra não se aplicava ao Direito Processual do Trabalho, vez que contraria o princípio da celeridade processual. Todavia, a Lei 13.467/17 alterou a redação do art. 795, da CLT, Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.
§ 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.
 
Passando a prever que os prazos no Direito Processual do Trabalho também devem ser contados em dias úteis.
4. REQUERIMENTOS FINAIS
Diante o exposto, requer que o presente recurso seja conhecido bem como acolhimento da prejudicial, o acolhimento das preliminares e no mérito seu provimento com a total reforma do julgado conforme fundamentado alhures. Requer ainda, a condenação do recorrido ao pagamento dos honorários advocatícios a razão de 15%, conforme estabelece o art. 791-A, da CLT.
Dá-se à presente reclamação trabalhista, somente para fins de definição de alçada, o valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais).
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Goiânia-GO, (21 de outubro de 2020)
Advogado 
OAB/GO