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AN02FREV001/REV 4.0 114 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ESCRITURAÇÃO FISCAL E CONTÁBIL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 115 CURSO DE ESCRITURAÇÃO FISCAL E CONTÁBIL MÓDULO V Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 116 MÓDULO V 5 A ESCRITURAÇÃO DE UM EXERCÍCIO CONTÁBIL 5.1 LIVRO DIÁRIO O livro diário é um dos documentos contábeis mais importantes para uma empresa, visto que é neste livro que são realizados todos os lançamentos que acontecem na empresa, alterando o patrimônio da empresa naquele período. Dessa forma, todas as operações de débito e crédito que ocorrem na empresa devem ser lançadas no livro diário. FIGURA 8 - MODELOS DE LIVRO DIÁRIO FONTE: Disponível em: <http://www.topconsulting.com.br/planejamento-financeiro-dicas-financeiras- .php?id=15/7-DOCUMENTOS-QUE-SUA-EMPRESA-DEVE-TER-SEMPRE-EM-DIA.html>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 117 O livro possui este nome porque ele registra todas as operações diárias que acontecem na empresa, ou seja, o seu lançamento deve ser diário, relacionado às atividades que acontecerem no dia respectivo. FIGURA 9 - MODELOS DE LIVRO DIÁRIO FONTE: Disponível em: <http://eadcontabilidade.blogspot.com.br/2012/03/resumo-de- contabilidade.html>. Acesso em: 24 jan. 2013. O livro diário deve ser autenticado e seu uso é de obrigatoriedade pelas empresas, sendo o livro de maior importância, seja na apuração de todas as informações relacionadas ao processamento das atividades inerentes ao negócio da empresa e outras, como mesmo para fazer a demonstração das informações ao fisco, seja na entrega de declarações obrigatórias, seja no momento em que acontece uma fiscalização governamental na empresa. Dessa forma, o livro diário necessita seguir algumas normas para o seu perfeito preenchimento, que serão descritas abaixo: Os registros devem ser lançados em ordem cronológica de acontecimento, ou seja, devem ser lançados os eventos que aconteceram primeiro e depois os seguintes, como sequência; AN02FREV001/REV 4.0 118 Todas as folhas do livro diário devem ser numeradas sequencialmente, ou seja, em ordem numérica sequencial do menor para o maior (Art. 258 do RIR/1999); O livro diário deve ter um termo de abertura e um termo de encerramento; O livro diário deve ser submetido ao órgão competente, que pode ser a Junta Comercial, dentro do prazo estabelecido pela legislação específica, para ser autenticado e para ser conhecida a sua situação fiscal e contábil. Sobre a forma de encadernação, não existe uma forma fixa para que se faça a encadernação. No entanto, a maioria das empresas e sob orientação das Juntas Comerciais, tem optado em encadernar o livro diário com o máximo de 500 páginas. Se não for possível um único volume para o ano em exercício, é possível utilizar outros volumes, desde que identificados. A identificação do livro diário deve ser feita de forma que facilite o seu arquivamento e a sua identificação no momento em que seja necessária a utilização do mesmo. Assim sendo, pode-se utilizar a identificação demonstrada abaixo como exemplo: Livro Diário nº 14 - ano-calendário 2012 - volume I - página 01 a 500; Livro Diário nº 14 - ano-calendário 2012 - volume II - página 501 a 1000. A inexistência do livro diário pelas empresas optantes pelo regime de tributação do Lucro Real acarreta para a empresa o arbitramento do lucro, ou seja, a empresa passa a ser enquadrada na legislação de lucro arbitrado, sendo regida pelo Governo. Esta arbitrariedade se aplica à apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e também à Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL). A escrituração do livro diário também pode ser feita por meio de escrituração digital, por meio de softwares e sistemas de computação. Nesse caso, a empresa pode realizar a impressão dos lançamentos e a encadernação das páginas correspondentes. Também é possível optar por apenas guardar o arquivo digital. Mas, na maioria das vezes, as empresas fazem a escrituração por meio de programas de AN02FREV001/REV 4.0 119 computador e depois fazem a impressão e encadernação do livro diário, mantendo-o arquivado com a respectiva autenticação da Junta Comercial. Outro detalhe importante no tocante ao livro diário é relacionado aos termos de abertura e encerramento. FIGURA 10 - MODELO DE TERMO DE ABERTURA DO LIVRO DIÁRIO Número de Ordem ____ TERMO DE ABERTURA Contém o presente livro ____ (_______ número por extenso) páginas tipograficamente numeradas, compondo o livro diário número ___ (_______ número por extenso) da empresa ______ sita à Rua _________ cidade ___ Estado ____, com seu contrato social arquivado na Junta Comercial deste Estado sob número ______ em _______, inscrita no CNPJ sob número ________. Local e data: _______ _______________________________ Nome e Assinatura do Administrador CPF: _______________________________ Nome, CRC e Assinatura do Contabilista FONTE: Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/termosdeaberturaeencerramento.htm>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 120 FIGURA 11 - MODELO DE TERMO DE ENCERRAMENTO DO LIVRO DIÁRIO Número de Ordem ____ TERMO DE ENCERRAMENTO Contém o presente livro ____ (_______ número por extenso) páginas tipograficamente numeradas, compondo o livro diário número ___ (_______ número por extenso) das operações compreendidas no período de ____/___/____ a ____/___/____, da empresa ______ sita à Rua _________ cidade ___ Estado ____, com seu contrato social arquivado na Junta Comercial deste Estado sob número ______ em _______, inscrita no CNPJ sob número ________. Local e data: _______ _______________________________ Nome e Assinatura do Administrador CPF: _______________________________ Nome, CRC e Assinatura do Contabilista FONTE: Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/termosdeaberturaeencerramento.htm>. Acesso em: 24 jan. 2013. Assim sendo, segundo os artigos 6º e 7º do Decreto 64.567, de 22 de maio de 1969, o livro diário deverá conter na primeira e na última página, tipograficamente numeradas, os termos de abertura e de encerramento, em que no termo de abertura deve constar a finalidade do livro, além do número de ordem do mesmo, a quantidade de folhas, o nome da empresa, o local da sede e a data, além do número do CNPJ. No termo de encerramento deve ser descrita a finalização do livro e qual foi o seu destino, além do número de ordem, número de folhas e a identificação da empresa. AN02FREV001/REV 4.0 121 FIGURA 12 - MODELO DE TERMO DE ABERTURA DO LIVRO DIÁRIO FONTE: Disponível em: <http://www.superdownloads.com.br/download/81/venus-contabilidade/>. Acesso em: 24 jan. 2013. Tanto o termo de abertura quanto o termo de encerramento do livro diário deverão ser assinados pelo empresário ao qual o livro pertence e também pelo profissional habilitado responsável pela sua escrituração. AN02FREV001/REV 4.0 122 5.2 LIVRO RAZÃO É um livro de registros no qual se faz os lançamentos de todas as operações contábeis tanto as ações de débito quanto as ações de crédito que são feitas pela empresa.É um livro obrigatório para todas as empresas que realizam a contabilização e é complementar ao livro diário. FIGURA 13 - MODELO DE LIVRO RAZÃO FONTE: Disponível em: <http://eadcontabilidade.blogspot.com.br/2012/03/resumo-de- contabilidade.html>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 123 Assim, após se fazer os lançamentos que são necessários no livro diário, seguindo todas as normas para tal preenchimento, deve-se, então, agrupar as informações relacionadas a cada conta contábil e anotar no livro razão. Dessa forma, o livro razão acaba sendo um agrupamento dos lançamentos realizados no livro diário, condensado de forma a facilitar a interpretação e a análise das informações e a tomadas de decisão que se fizerem necessárias. O lançamento no livro razão deve ser realizado de acordo com as contas lançadas no livro diário, sendo feita a síntese dessas informações conta por conta individualizada. FIGURA 14 - MODELO DE LIVRO RAZÃO PREENCHIDO FONTE: Disponível em: <http://www.tecnolegis.com/provas/id/248-susep-assistente-tecnico-controle- e-fiscalizacao-esaf-2010-prova-objetiva-p2-conhecimentos-especificos>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 124 Também a sua escrituração deve obedecer a ordem cronológica das operações, além do registro obedecer ao método das partidas dobradas (Débito e Crédito). Esse preenchimento do livro razão se torna de essencial importância, pois possibilita identificar o saldo de cada conta apurada no livro diário e lançado no livro razão. Dessa maneira, é possível identificar a cada momento a situação do patrimônio. FIGURA 15 - OUTRO MODELO DE LIVRO RAZÃO FONTE: Disponível em: <http://www.nivel2.com.br/sistema/contabilidade/>. Acesso em: 24 jan. 2013. O livro Razão é dispensado da autenticação na Junta Comercial (Art. 259 do RIR/1999). AN02FREV001/REV 4.0 125 Semelhantemente ao livro diário, o livro razão necessita ter o termo de Abertura e de Encerramento, no qual deve constar a finalidade a que se destina o livro, o número de ordem, o número de folhas, o nome e o local da empresa, além do número de inscrição no CNPJ da mesma. Todas as empresas são obrigadas a conservar os seus livros contábeis e fiscais, além de documentos e demais papéis relativos à sua atividade, ou que se refiram a atos que possam vir a modificar sua situação patrimonial (Art. 264 do RIR/99). FIGURA 16 - MODELO DE TERMO DE ABERTURA DO LIVRO RAZÃO LIVRO RAZÃO Número de Ordem ____ TERMO DE ABERTURA Contém o presente livro ____ (_______ número por extenso) páginas tipograficamente numeradas, compondo o livro razão número ___ (_______ número por extenso) da empresa ______ sita à Rua _________ cidade ___ Estado ____, com seu contrato social arquivado na Junta Comercial deste Estado sob número ______ em _______, inscrita no CNPJ sob número ________. Local e data: _______ _______________________________ Nome e Assinatura do Administrador CPF: _______________________________ Nome, CRC e Assinatura do Contabilista FONTE: Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/termosdeaberturaeencerramento.htm>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 126 FIGURA 17 - MODELO DE TERMO DE ENCERRAMENTO DO LIVRO RAZÃO LIVRO RAZÃO Número de Ordem ____ TERMO DE ENCERRAMENTO Contém o presente livro ____ (_______ número por extenso) páginas tipograficamente numeradas, compondo o livro razão número ___ (_______ número por extenso) das operações compreendidas no período de ____/___/____ a ____/___/____, da empresa ______ sita à Rua _________ cidade ___ Estado ____, com seu contrato social arquivado na Junta Comercial deste Estado sob número ______ em _______, inscrita no CNPJ sob número ________. Local e data: _______ _______________________________ Nome e Assinatura do Administrador CPF: _______________________________ Nome, CRC e Assinatura do Contabilista FONTE: Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/termosdeaberturaeencerramento.htm>. Acesso em: 24 jan. 2013. De acordo com o Artigo 173 do CTN, o direito de proceder ao lançamento do imposto extingue-se após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Dessa maneira, todos os documentos e livros que dizem respeito à apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devem ser arquivados e guardados por pelo menos cinco anos (Art. 899 do Rir/99). Para a documentação pertinente a escrituração e apuração dos tributos PIS, COFINS e CSLL, o prazo para a guarda e arquivamento dos documentos é de dez anos, de acordo com o Artigo 348 do Decreto nº 3.048/99. AN02FREV001/REV 4.0 127 5.3 LIVRO-CAIXA De acordo com o Artigo 3º da Resolução CGSN nº 10, de 28 de junho de 2007, as ME e as EPP optantes pelo Simples Nacional deverão adotar para os registros e controles das operações e prestações por elas realizadas, de Livro- Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira e bancária. Assim sendo, o livro-caixa é o documento formal da ME ou EPP, que serve tanto para que o microempresário, ou pequeno empresário realize os lançamentos financeiros relacionados a todas as entradas e saídas de recursos financeiros de sua empresa, ou do caixa da empresa, conseguindo controlar essa movimentação e poder tomar as decisões adequadas para que o gerenciamento dos recursos financeiros seja correto e produza os resultados esperados. Além disso, o livro-caixa serve como documento fiscal para que o microempresário, ou o pequeno empresário, possa demonstrar essas movimentações ao governo. Abaixo temos alguns modelos e exemplos de Livro-Caixa: FIGURA 18 - MODELO DE LIVRO-CAIXA FONTE: Disponível em: <http://www.trollada.com.br/buscar-imagens-de/livro-caixa>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 128 FIGURA 19 - OUTRO MODELO DE LIVRO-CAIXA FONTE: Disponível em: <http://www.blitzpapelaria.com.br/Produto.aspx?IdProduto=447&IdProdutoVersao=449>. Acesso em: 24 jan. 2013. FIGURA 20 - OUTRO MODELO DE LIVRO-CAIXA FONTE: Disponível em: <http://www.livrariascuritiba.com.br/livros-fichas-de- registros,dept,3031.aspx>. Acesso em: 24 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 129 FIGURA 21 - OUTRO MODELO DE LIVRO-CAIXA FONTE: Disponível em: <http://itabra.com/ccaixa.htm>. Acesso em: 24 jan. 2013. 5.4 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBRIGATÓRIAS, REGIME DAS PUBLICAÇÕES LEGAIS E DIVULGAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações contábeis, de acordo com o Artigo 7º da IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, “são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data”. As demonstrações contábeis têm por objetivo fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, além de demonstrar os resultados financeiros de determinada empresa, onde estas informações serão utilizadas para a tomada de decisões. AN02FREV001/REV 4.0 130 Para que os seus objetivos sejam atingidos, as demonstrações contábeis necessitam mostrar as informações sobre os seguintes aspectos das empresas: Ativos; Passivos; Patrimônio líquido; Receitas, despesas, ganhos e perdas; Fluxo financeiro. Segundo o Artigo 8º da IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, existe um conjunto de demonstrações contábeis, como seguem: A. BALANÇO PATRIMONIAL B. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO: Segundo o Artigo 78 do IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, a demonstração do resultado deve divulgar as seguintes informações: Vendas totais de produtos, serviços prestados ou outras receitas operacionais; Deduções da receitabruta; Receita líquida; Custo total das vendas e dos serviços prestados e o respectivo lucro bruto; Despesas operacionais reduzidas por recuperações; Despesas financeiras; Participação nas empresas controladas e coligadas, sendo realizado por método de equivalência patrimonial; Todos os resultados não operacionais; O valor total de impostos sobre os lucros; O resultado líquido final, ou seja, o lucro líquido ou prejuízo do período; Detalhes sobre a participação de acionistas não controladores; Resultado final do lucro líquido ou prejuízo por ação. AN02FREV001/REV 4.0 131 C. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO: Pelo Artigo 79 do IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, toda empresa deve apresentar uma demonstração contendo: Transações de capital realizadas com os acionistas e as respectivas distribuições de lucros; O saldo de lucros ou prejuízos acumulados no início do período e na data do balanço; Os itens de receita e despesa conforme exigido pelas práticas contábeis adotadas no Brasil; Outros detalhes relacionados ao movimento contábil da empresa durante o período, nas demais contas do patrimônio líquido, como reservas de lucros. D. DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA: De acordo com o Artigo 81 do IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, todas as práticas contábeis atualmente adotadas no Brasil exigem a apresentação da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, como parte do conjunto de demonstrações contábeis de uma entidade. Esta demonstração é útil, pois fornece para os seus usuários todas as informações para se fazer uma avaliação da capacidade da empresa em gerar recursos financeiros, além dos valores equivalentes em caixa e das necessidades de caixa que a empresa utiliza. E. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: aplicado a todas as empresas de capital aberto, ou sociedades anônimas. F. NOTAS EXPLICATIVAS: Nas notas explicativas as demonstrações contábeis devem constar todas as narrações e análises descritivas detalhadamente de todos os montantes apresentados no balanço, na demonstração do resultado, na demonstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstração das origens e aplicações de recursos, além de outras informações adicionais que se fazem necessárias, como o passivo contingente e demais detalhes de obrigações em longo prazo. De acordo com o Artigo 82 do IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES AN02FREV001/REV 4.0 132 CONTÁBEIS as notas explicativas às demonstrações contábeis de uma entidade devem: Apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações contábeis e das práticas contábeis específicas; Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhum outro lugar das demonstrações contábeis; Fornecer informações adicionais. Segundo o Artigo 46 do IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, todos os componentes das demonstrações contábeis devem ser identificados, com todas as informações destacadas para que ocorra o perfeito e adequado entendimento destas informações, que são: Nome da entidade à qual pertencem as demonstrações contábeis e qualquer alteração no nome ocorrida desde a data do último período; Se as demonstrações contábeis abrangem a entidade individualmente e/ou um grupo de entidades; Data do balanço patrimonial e o período abrangido pelas demais demonstrações contábeis; Moeda adotada na elaboração das demonstrações contábeis; Unidade de moeda em que os valores são apresentados (milhares, milhões etc.). Além disso, todas as demonstrações contábeis devem ser demonstradas em pelo menos uma vez ao ano, podendo ser requerida a sua apresentação em períodos menores para atendimento a algum órgão governamental. Quando, em circunstâncias excepcionais, a data do exercício social de uma entidade mudar e as demonstrações contábeis forem apresentadas por um período mais longo ou mais curto que um ano, deve-se divulgar, além do período abrangido pelas demonstrações contábeis, as informações que serão apresentadas a seguir (Artigo 49 do IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS). AN02FREV001/REV 4.0 133 5.5 NORMAS PARA A ESCRITURAÇÃO DOS LIVROS CONTÁBEIS A quase totalidade das empresas é obrigada a desenvolver a escrituração contábil e fiscal como forma de demonstrar as diversas variações que acontecem no patrimônio da empresa, além de fornecer subsídios para o cumprimento da legislação tributária, trabalhista e creditícia, entre outras. De acordo com o Código Civil Brasileiro, aprovado pela Lei nº 10.406/02, que regulamenta a escrituração contábil, o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico (Artigo 1.179 da Lei nº 10.406/02). Ainda segundo o Artigo 1.180 da Lei nº 10.406/02, é imprescindível a escrituração do Livro Diário, podendo ser feita na forma manual ou eletrônica. A escrituração deve ser feita em idioma nacional e em moeda corrente no país, além de observar a ordem cronológica de tempo, evitando-se as rasuras e outras formas de dano ao livro (Art. 1.183 Lei nº 10.406/02). A escrituração deve ser iniciada a partir da aquisição da personalidade jurídica, ou seja, assim que a empresa é constituída e inicia as suas atividades, torna-se necessário que se realize a escrituração contábil e fiscal. Dessa maneira, por meio da Resolução CFC nº 563/83, toda a pessoa jurídica é obrigada a seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, sendo como obrigatoriedade de utilização os livros Diário e Razão, conforme já fora descrito neste curso. Assim sendo, os livros que são utilizados para a escrituração contábil devem possuir algumas formalidades, que são classificadas em formalidades extrínsecas e intrínsecas. Entre as formalidades extrínsecas se destacam: Os livros devem ser impressos e ter suas folhas numeradas sequencialmente; AN02FREV001/REV 4.0 134 Os livros devem ser encadernados; Os livros são obrigados a possuir termo de abertura e termo de encerramento; O livro Diário necessita ser autenticado na Junta Comercial. Dentre as formalidades intrínsecas, destaca-se a clareza nas informações, além da utilização de um método de escrituração uniforme e constante, não deve possuir erros, rasuras e emendas. Desse modo, todas as demonstrações contábeis que aconteçam na empresa necessitam ser lançadas no livro Diário e depois no Livro Razão. A maneira correta e adequada para se realizar a escrituração contábil deve ser transcrita no método das partidas dobradas, ou seja, para todo lançamento deverá conter a origem e o destino do mesmo (para todo débito haverá um crédito de mesmo valor, ou vice-versa). Dentro do contexto relacionado à legislação tributária, a escrituração contábil é de valiosa importância, visto que os livros obrigatórios de escrituração empresarial e fiscal deverão ser mantidos enquanto o crédito tributário não prescrever. No Brasil, o prazo de prescrição ocorre a partir do momento do lançamento do crédito tributário até cinco ou dez anos, como já fora mostrado anteriormente. No entanto, é necessário evitar-se uma confusão muito presente no meio empresarial que é confundir a escrituração contábil com simples registros de livros específicos como o livro-caixa. A escrituração contábil utiliza outras formas de informação da empresa para fazer a sua função, ou seja, não são apenas as informações financeiras que são utilizadas, mas as informações de produção, de estoques, de apuração de impostos, de recursoshumanos, entre outros, a fim de exercer eficazmente a função contábil na empresa. Dessa forma, a escrituração contábil é bem maior que apenas o controle de caixa, por exemplo. Outro detalhe importante na escrituração é a necessidade de ser executada por um profissional qualificado (Decreto-lei 486/69, art. 03). No entanto, o sócio, acionista, diretor ou dono de empresa pode realizar essa função, desde que seja habilitado profissionalmente para desempenhar tal função e assumir as responsabilidades da escrituração contábil. AN02FREV001/REV 4.0 135 Toda vez que acontecer algum erro na escrituração contábil é necessário que se realize a retificação, que pode ser feita por meio de estorno, transferência e complementação. O estorno consiste em lançamento contrário ao que foi realizado de forma errada, de forma que acaba anulando o feito anteriormente. A transferência é o tipo de retificação que faz a regularização, ou seja, conserta adequadamente o lançamento feito em conta que fora debitado ou creditado indevidamente. No entanto, esse ajuste é feito por meio de uma transposição desse registro para uma conta correta, sem anular o fato contábil. Já a complementação é uma correção que acontece posteriormente, vindo a complementar algo que fora registrado anteriormente. Outro aspecto importante na escrituração é que a mesma fica obrigada a abranger todas as operações do contribuinte no território nacional, bem como lucros, rendimentos e ganhos de capital que foram conseguidos no exterior (Lei 2.354/54, artigo 02, e Lei 9.249/95, artigo 25). 5.6 PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA A Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa é uma das mais comuns provisões do ativo, pelo fato de poder refletir as perdas que são esperadas. Para fazer-se tal provisão, torna-se necessária a consideração de todos os fatores de risco conhecidos, a fim de poder estimar com critérios todas as perdas que ocorrerão com o setor financeiro, e em específico o setor de contas a receber. Essa conta possui caráter retificador, ou seja, corrige a conta clientes, ou duplicatas a receber, apresentando um valor real que seja possível de ser creditado. O respectivo débito acontece pela baixa dos títulos incobráveis da conta clientes que geraram a provisão. Para a realização dessa provisão, é possível estimar algumas perdas que podem ser dedutíveis, como por exemplo: AN02FREV001/REV 4.0 136 I. Aquelas perdas que já possuem uma declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II. Também são possíveis de entrar na provisão de liquidação duvidosa todos os títulos que não possuem garantia, com valor até R$ 5.000,00 por operação e vencidos há mais de seis meses, ou com valor acima de R$ 5.000,00 e até 30.000,00 por operação já vencidos há mais de um ano. Também podem fazer parte os títulos sem garantia com valor superior a R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, mas com os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III. Também podem compor a provisão aquelas perdas que possuem garantia de recebimento, que sejam vencidas há mais de dois anos e que já estejam com procedimentos judiciais para o seu recebimento. 5.7 CRITÉRIOS FISCAIS E CONTÁBEIS PARA AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES As mercadorias estocadas pela empresa, sejam matérias-primas, produtos em processamento ou produtos acabados necessitam ser avaliadas e contabilizadas segundo o critério do custo de aquisição, ou custo histórico, ou seja, o valor despendido para adquiri-lo, constante da nota fiscal de compra, nos casos de mercadorias, matérias-primas e materiais auxiliares para revenda e o custo de produção para os produtos em elaboração e produtos acabados. Assim sendo, para determinar o custo de aquisição e a forma de avaliação dos estoques, realizando a devida contabilização dos mesmos, é necessária a utilização de alguns métodos específicos para tais finalidades. São os métodos FIFO, LIFO e MÉDIA. O método FIFO, (do inglês first in first out – primeiro que entra, primeiro que sai), consiste em estipular uma sequência de movimentação dos estoques na qual o lote que chega primeiro no estoque, ou seja, entra no estoque em uma data antecipada aos demais, é o que deve ser comercializado ou enviado para a produção primeiro. Sendo assim, o lote que entra no estoque antes deve sair do estoque antes também. AN02FREV001/REV 4.0 137 Dessa forma, mantêm-se sempre os estoques atualizados em relação aos produtos, evitando-se manter no almoxarifado os produtos que estão em processo de envelhecimento, obsolescência ou em tempos de vencimento da data de validade, pois sempre o que chega ao almoxarifado antes também deve, necessariamente, sair do estoque antes. Assim, com o uso desse controle, pode-se perceber como estão os níveis de estoques e os valores financeiros respectivos desses produtos que estão nos estoques, possibilitando realizar análises de custos e investimentos nos estoques e o seu respectivo retorno financeiro, se existir. Na Tabela 24 são demonstradas algumas características do uso da ferramenta FIFO. TABELA 24 - MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE FIFO Ficha de Controle de Estoque Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quan tidad e Valor Unitário (R$) Total (R$) Quant idade Valor Unitári o (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitári o (R$) Total (R$) 01/nov 10 125 1.250 03/nov 8 125 1.000 2 125 250 09/nov 8 125 1.000 3 7 125 875 14/nov 7 0 125 0 15/nov 12 125 1.500 6 6 125 750 19/nov 5 1 125 125 21/nov 9 125 1.125 10 0 125 0 24/nov 11 125 1.375 6 125 750 5 125 625 Soma 40 5.000 45 14.00 0 FONTE: o autor. AN02FREV001/REV 4.0 138 Nesse modelo de controle de estoque são lançadas as entradas de mercadorias nos estoques, nas suas datas respectivas, além do valor financeiro que fora pago por ele na negociação com os fornecedores. Assim, é possível estipular o valor total financeiro que está em estoque. No exemplo, percebe-se que no dia 09/Nov entraram nos estoques oito peças, que custaram R$ 125,00 cada, o que produz um valor total financeiro em estoques de R$ 1.000,00. Da mesma maneira, conforme vão ocorrendo as saídas de produtos do almoxarifado, elas são registradas e abatidas do saldo de estoque. Perceba que no dia 01/Nov, a empresa detinha dez peças como saldo de estoque e no dia 03/Nov saíram do estoque, oito peças, deixando um saldo de duas peças. Se analisarmos financeiramente, a empresa tinha dez peças com valor unitário de R$ 125,00, que proporcionava um saldo financeiro em estoque de R$ 1.250,00. Com a saída de oito peças, o valor financeiro de saída foi de R$ 1.000,00, o que deixou em estoque apenas R$ 250,00. E essa dinâmica segue no seu ciclo normal de registro, conforme as situações de consumo e reposição dos estoques vão acontecendo. Nota-se, pela Tabela 25, que os lançamentos na ficha de controle são realizados de forma um pouco diferente, onde se deve realizar as saídas e baixas no estoque considerando-se a metodologia FIFO, ou seja, o primeiro que entra é o que sai primeiro. AN02FREV001/REV 4.0 139 TABELA 25 - MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE COM O MODELO FIFO Ficha de Controle de Estoque Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quantid ade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quantid ade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/no v 0 30 125 3750 03/no v 8 132 1056 22 125 2750 09/no v 8 140 1120 3 148 2516 19 125 2750 0 8 140 700 14/no v 17 148 740 2 125 625 0 8 140 700 15/no v6 148 888 0 125 0 0 4 140 560 16/no v 12 145 1740 0 4 140 560 0 12 145 1740 19/no v 5 157 785 0 140 0 11 145 1595 21/no v 9 146 1314 10 157 1570 1 145 145 9 146 1314 24/no v 11 150 1650 6 160 0 0 145 0 4 146 584 11 150 1650 Som a 40 55 0 FONTE: o autor. Independente de estar entrando novos produtos, enquanto aquele lote não estiver acabado ele continua atendendo a demanda, e os novos lotes permanecem no estoque até chegar o momento de seu efetivo consumo. Utilizando-se a técnica FIFO, vê-se que no dia 01/Nov a empresa possuía em estoque 30 peças ao valor unitário de R$ 125,00. No dia 03/Nov ocorreu uma saída de oito peças, que foi vendida por R$ 132,00 cada, sendo abatida do saldo AN02FREV001/REV 4.0 140 total de estoques, ficando o estoque com 22 peças ao valor de R$ 125,00, que é o preço de aquisição pela empresa junto ao seu fornecedor, o que estipula um saldo financeiro em estoque de R$ 2.750,00. Perceba que o valor de venda de R$ 132,00, que é maior que o valor de compra do produto, não entra nesse raciocínio, visto que nesse preço de venda está adicionada a margem de lucro da empresa. Seguindo a análise, vimos que no dia 09/Nov entram no estoque oito peças, que foram adquiridas por R$ 140,00 cada. No almoxarifado já tinham 22 peças ao preço de R$ 125,00. E, nesse mesmo dia, são vendidas três peças ao preço de R$ 148,00. E agora? Como lançar na ficha de controle? É simples. Deve-se fazer o lançamento separadamente de cada evento, observando o FIFO. Assim, se tínhamos 22 peças no estoque e saíram três, fica o saldo de 19 peças do lote original de R$ 125,00. E o novo lote de oito peças é lançado como um outro saldo, de oito peças ao valor de R$ 140,00. Assim sendo, o estoque possui 19 peças com valor de R$ 125,00 e oito peças com valor de R$ 140,00. E assim segue-se o processo. No dia 14/Nov saem 17 peças do estoque, que são vendidas a R$ 148,00. Essas 17 peças são abatidas do saldo de 19 peças que estavam em estoque do primeiro lote ainda, do valor de R$ 125,00, restando duas peças desse valor, ou desse lote, no estoque. No dia 15/Nov saem seis peças, das quais duas peças são do lote de R$ 125,00 e quatro peças do lote seguinte, do valor de R$ 140,00, pois nesse momento o lote de valor de R$ 125,00 acabou, sendo que o próximo lote é o que deve sair primeiro. Outro método é o chamado LIFO (last in first out – último que entra, primeiro que sai), que difere do método FIFO, pois considera que não existe a regra de sempre ser a lógica de entrada no estoque para a saída, mas o inverso. Assim, os produtos e mercadorias que entram por último são aqueles que saem dos estoques primeiro. Por exemplo, usaremos a mesma ficha de controle do produto demonstrado anteriormente no método FIFO. AN02FREV001/REV 4.0 141 Perceba que existem 30 peças no estoque, ao valor unitário de R$ 125,00, o que gera um saldo de estoque de R$ 3.750,00. No dia 03/Nov são vendidas oito peças e o estoque permanece com 22 peças ao valor unitário de R$ 125,00. No dia 09/Nov entram no estoque oito peças, ao valor unitário de R$ 140,00 e são vendidas três peças ao valor de R$ 148,00. Assim sendo, o estoque fica com 27 peças de saldo ao valor unitário de R$ 140,00, relacionados ao último lote que entrou no almoxarifado. Da mesma forma, no dia 21/Nov, entram no estoque nove peças ao valor de R$ 146,00 cada e são vendidas dez peças. Dessa maneira, o saldo em estoque, nesse dia, é de dez peças ao valor unitário de R$ 146,00, conforme é exposto pela Tabela 26. TABELA 26 - MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE COM O MODELO LIFO Ficha de Controle de Estoque Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quant idade Valor Unitário (R$) Tota l (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Tota l (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/no v 0 30 125 3750 03/no v 8 132 1056 22 125 2750 09/no v 8 140 1120 3 148 2516 27 140 3780 14/no v 17 148 740 10 140 1400 15/no v 6 148 888 4 140 560 16/no v 12 145 1740 0 16 145 2320 19/no v 5 157 785 11 145 1595 21/no v 9 146 1314 10 157 1570 10 146 1460 24/no v 11 150 1650 6 160 0 15 150 2250 Soma 40 55 0 FONTE: o autor. AN02FREV001/REV 4.0 142 O terceiro método é chamado “método de avaliação de estoques pela média”, o qual considera apenas o registro financeiro que é realizado nas fichas de controle. No entanto, para os registros nas fichas é utilizada uma técnica que considera os valores financeiros do saldo de estoque como sendo a média entre os valores de entradas e saídas anteriores, para o cálculo dos valores atuais em estoque. Por exemplo, na Tabela 27 abaixo, o saldo em estoque no dia 01/Nov é de 30 unidades. No dia 03/Nov saem do estoque oito peças, e o estoque fica com saldo de 22 peças ao valor unitário de R$ 125,00. No dia 09/Nov entram no estoque oito peças ao valor de R$ 140,00, ficando o saldo em estoque com 30 unidades, ao valor de R$ 129,00, que é obtido pelo cálculo da soma entre o valor total das 22 unidades que já estavam nos estoques, ou seja, R$ 2.750,00 e o valor total das entradas R$ 1.120,00. O valor total obtido, ou seja, R$ 3.870,00 é dividido pela quantidade total de mercadorias em estoque, ou seja, 30 peças. Por meio dessa divisão (3870 dividido por 30 = R$ 129,00) obtém-se o valor unitário de R$ 129,00, que passa a ser o novo valor unitário de cada peça que está em estoque. E assim sucessivamente vão sendo calculados os valores de acordo com as movimentações que irão acontecendo no almoxarifado. AN02FREV001/REV 4.0 143 TABELA 27 - MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE COM O MODELO MÉDIA Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/nov 0 30 125 3750 03/nov 8 125 1000 22 125 2750 09/nov 8 140 1120 30 129 3870 14/nov 17 129 2.193 13 129 1.677 15/nov 6 129 774 7 129 903 16/nov 12 145 1740 19 139,11 2643 19/nov 5 139 695 14 139,14 1948 21/nov 9 146 1314 23 141,83 3262 24/nov 11 150 1650 34 144,48 4912 Soma 40 36 FONTE: o autor. 5.8 FOLHA DE PAGAMENTO - CRITÉRIOS PARA CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO DOS ENCARGOS SOCIAIS E PROVISÕES PARA FÉRIAS E 13º SALÁRIO De acordo com o Artigo 32 da Lei n.º 8.212/91, toda empresa é obrigada a elaborar a folha de pagamentos. Além disso, o mesmo artigo expõe que a empresa necessita lançar na sua contabilidade, de forma discriminada, todos os fatos geradores das contribuições devidas pelos empregados e pelo empregador, além de prestar todas as informações necessárias ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Secretaria da Receita Federal (SRF). AN02FREV001/REV 4.0 144 Dessa maneira, todas as pessoas a serviço da empresa, sejam funcionários fixos, avulsos, terceirizados e autônomos devem ser especificados nos documentos que a empresa necessita declarar aos órgãos governamentais. A folha de pagamento deve ser elaborada de forma a detalhar as informações individuais de cada pessoa que está a serviço da empresa. No entanto, para a empresa realizar os recolhimentos de impostos e contribuições pode ser usada uma única guia de arrecadação, com os valores totais de todos os funcionários. A folha de pagamentos é composta de proventos e descontos. Os principais proventos são: Salário; Gratificações; Comissões; Horas extras; Adicional de insalubridade; Adicional de periculosidade; Adicionalnoturno; Férias; 13º salário. Os principais descontos são: Adiantamentos; Faltas injustificadas e atrasos; Contribuição previdenciária; Contribuição sindical (uma vez ao ano); Imposto de Renda Retido na Fonte; Pensão alimentícia; Empréstimos; Plano de benefícios sociais. AN02FREV001/REV 4.0 145 Dessa forma, a folha de pagamento deve detalhar todos os proventos que o funcionário tem direito a receber naquele mês de referência e também todos os descontos que incidem sobre esses direitos. Assim sendo, ao final de todos os cálculos necessários para detalhar esses valores de proventos e descontos, obtém-se o valor líquido que o funcionário tem direito a receber, valor que será pago a ele naquele momento, mediante a assinatura do recibo de pagamento de remuneração. Dentro desse contexto, a empresa é obrigada a remunerar o seu trabalhador de acordo com a legislação trabalhista. Assim sendo, todo funcionário deve receber o seu salário, que fora acordado na elaboração do contrato de trabalho. Além do salário, outros proventos podem ser incluídos, como adicionais de insalubridade, no caso do trabalhador estar exposto a riscos ambientais do local de trabalho, ou adicional noturno, no caso das atividades do funcionário ser executado entre as 22h e 5h, além de gratificações, comissões, etc. Assim sendo, após serem contabilizados todos esses proventos, é alcançado o valor total bruto que o funcionário tem direito a receber. No entanto, esse valor bruto não é o correspondente ao pagamento efetivamente que será realizado e pago ao funcionário, pois uma série de descontos incide sobre esse valor, como a contribuição para o INSS, o Imposto de Renda Retido na Fonte, entre outros. Dessa maneira, após apurar-se o valor bruto é necessário deduzir todos os descontos que incidem, para só então encontrar o valor líquido, que é o valor a ser pago para o funcionário. Para o cálculo desses descontos existem diversas regras, cada uma adequada a cada tipo de desconto. Vamos expor apenas alguns deles, que são os mais incidentes e comuns: o INSS, o IRPF e as faltas. Entende-se por falta o período em que o trabalhador não realiza as suas atividades na empresa, não estando presente na mesma para fazer o seu trabalho, ou seja, é o momento em que o empregado efetivamente falta ao trabalho na empresa. Essa ausência do funcionário na empresa pode ser justificada, seja por motivos de doenças ou demais causas que possam ser explicadas formalmente por meio de atestados médicos ou de outra forma, ou injustificadas, quando o AN02FREV001/REV 4.0 146 funcionário não consegue apresentar nenhuma comprovação formal que o autorize a faltar. Dessa forma, quando a falta é injustificada, o empregador possui o direito de efetuar o respectivo desconto do período em que o funcionário esteve ausente, que pode ser o dia todo, ou partes do mesmo. Além disso, quando acontecer a falta injustificada do funcionário por um dia completo de trabalho, o empregador tem o direito de descontar também o descanso semanal remunerado (Domingo). E se na semana em que o funcionário faltou houver algum feriado, este também será descontado, pois o feriado também é considerado como descanso semanal remunerado. Já para a contribuição do INSS, o funcionário é obrigado a destinar parte de sua remuneração bruta total para esse encargo. O cálculo é feito de acordo com a tabela apresentada a seguir, ou seja, de acordo com o valor da remuneração bruta são aplicadas diferentes alíquotas para a contribuição do INSS. Um fato interessante nesse caso é que o valor máximo, ou teto, é o valor de remuneração de R$ 3.916,20 (Valor para ano base de 2012), em que se aplica a alíquota de 11%. Independente do valor de remuneração ser maior que o teto de R$ 3.916,20, a alíquota será de 11% sobre esse valor máximo. Por exemplo, se o funcionário obter a remuneração total bruta de R$ 3.916,20 será aplicado a alíquota de 11%, o que dará um valor de R$ 430,78. Se o mesmo obter em outro mês a remuneração total bruta de R$ 12.300,00, o valor de contribuição será de R$ 430,78. AN02FREV001/REV 4.0 147 TABELA 28 – INSS e IRRF FONTE: Disponível em: <http://taniagurgel.com.br/?p=5959>. Acesso em: 28 jan. 2013. Agora, para o cálculo do IRRF, a forma de cálculo é um pouco mais complexa, pois se torna necessário encontrar a base de cálculo para o imposto. Assim sendo, para encontrar a base de cálculo do IRRF é necessário usar a seguinte fórmula: Base de Cálculo = Remuneração Total Bruta – Valor do INSS – Faltas – Dedução por dependentes Assim sendo, vamos considerar o exemplo de um funcionário que recebe uma remuneração bruta total de R$ 4.600,00 e possui dois dependentes, sem ter nenhuma falta no mês. AN02FREV001/REV 4.0 148 Base de Cálculo do IRRF = Remuneração Total Bruta – Valor do INSS – Faltas – Dedução por dependentes Base de Cálculo do IRRF = 4.600 – 430,78 – 0 – 2 (164,56) Base de Cálculo do IRRF = 3.840,00 Dessa maneira, a base de cálculo do IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) do funcionário é de R$ 3.840,00 ao invés dos R$ 4.600,00 que é a remuneração bruta. Dessa forma, para encontrar o valor do IRRF basta aplicar a base de cálculo do imposto pela sua respectiva alíquota, de acordo com a tabela acima. Assim, pode-se ver que a alíquota incidente é de 22,5% e a parcela dedutível é de R$ 552,15. Então, para o cálculo do IRRF faz-se: Cálculo do IRRF = Base de Cálculo X Alíquota – parcela dedutível Cálculo do IRRF = R$ 3.840 X 22,5% - R$ 552,15 Cálculo do IRRF = 864 – 552,15 Cálculo do IRRF = 311,85 Dessa maneira, o funcionário irá recolher R$ 430,78 de contribuição para o INSS e R$ 311,85 para o pagamento do IRRF. Assim, o funcionário receberá o valor líquido de R$ 3.857, 37 (4.600 – 430,78 – 311,85). Todo funcionário tem direito às férias, após o período de trabalho de 12 meses do início do seu contrato de trabalho. A empresa necessita programar-se para que o funcionário tenha esse período de gozo de férias, que é de 30 dias, além de efetuar o devido pagamento de salários correspondente, visto que as férias são remuneradas normalmente. Além disso, ao valor da remuneração bruta total, deve ser acrescentado o valor de 1/3, a título de adicional de 1/3 Constitucional, de acordo com o artigo 7º, inciso XVII, a Constituição Federal de 1988. AN02FREV001/REV 4.0 149 Vamos expor o exemplo de um funcionário que iniciou seus trabalhos na empresa no dia 01/07/2011. No dia 01/07/2012 ele completa um ano e tem direito ao período de férias. Ele irá gozar férias do dia 01/07/2012 a 30/07/2012. O funcionário recebe um salário mensal de R$ 2.650,00 e possui dois dependentes. Ele não teve nenhuma falta no ano. Assim sendo, tem-se: Proventos 30 dias de férias = R$ 2.650,00 + 1/3 constitucional = 2.650,00 / 3 = R$ 883,33 Valor total das férias = 2.650,00 + 883,33 = R$ 3.533,33 Descontos INSS: (alíquota de 11%) = R$ 3.533,33 x 11% = R$ 388,67 IRPF: R$ 3.533,33 – R$ 388,67 – (2 x R$ 164,56) = R$ 2.815,54 x 15% - R$ 306,80 = R$ 115,53 Valor líquido = R$ 3.029,13 O 13º salário ou gratificação natalina é um direito do trabalhador. Consta de um salário adicional a ser pago no mês de dezembro e correspondente a 1/12 do salário do trabalhador por mês. Da mesma forma que as férias, também há a incidência de descontos, como o INSS e IRRF. O pagamento do 13º salário deve ser feito em duas parcelas da seguinte forma: 50% do valor a ser pago em qualquer momento entre 02 fevereiro até 30 novembro do corrente ano; 50% deverá ser pago até o dia 20 de dezembro, quando incide todos os descontos. AN02FREV001/REV 4.0 150 Exemplo de Pagamento do 13º do ano de 2012: Dados: a. Funcionário mensalista– Salário fixo b. Data de admissão: 01/05/2011 c. Salário mensal: R$ 1.250,00 d. Não possui dependentes Cálculos: Valor da 1ª parcela em novembro de 2012 = 1.250,00 x 50% = R$ 625,00 Descontos: Valor bruto da 2ª parcela paga até 20 de dezembro de 2012 = R$ 1.250,00 Adiantamento da 1ª parcela = R$ 625,00 Contribuição do INSS 9% = R$ 112,50 IRRF = 1.250,00 – 112,50 = 1.137,50 = R$ 0,00 ISENTO Valor Líquido da 2ª parcela paga até 20 de dezembro de 2010 = R$ 512,50 (R$ 1250,00 – 625,00 -112,50) Após o exposto, a empresa necessita contabilizar todos os seus gastos com a folha de pagamento, além de fazer as provisões para as férias e 13º. Assim sendo, sobre o valor total da folha de pagamento, a empresa necessita prover 1/12 a título de férias e 1/12 a título de 13º, lembrando que às férias devem ser adicionados 1/3 constitucional. Além disso, é necessário contabilizar o INSS patronal, que é em torno de 28,8% do resultado da folha de pagamento. Outro aspecto que deve ser considerado diz respeito à contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o qual a empresa é obrigada a recolher mensalmente para cada funcionário (valor total de 8% da remuneração líquida do funcionário). FIM DO MÓDULO V AN02FREV001/REV 4.0 151 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ajuste SINIEF nº. 2, de 03.04.2009. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/confaz/confaz/ajustes/2009/aj_002_09.htm>. Acesso em: 13 jan. 2013. BRASIL. Ato Declaratório COSIT nº 22 de 31 outubro 2000. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/atosant2001/2000/COSIT/ADNCosit02 2.htm>. Acesso em: 13 jan. 2013. BRASIL. 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