Buscar

degradabilidade_ruminal_in_situ_do_sorgo_grao_em_diferentes_formas_de (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Minas Gerais 
Escola de Veterinária 
 
 
 
 
 
 
Juliana Sávia da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEGRADABILIDADE RUMINAL IN SITU DO SORGO GRÃO EM 
DIFERENTES FORMAS DE RECONSTITUIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2012 
 
 
 
 
Juliana Sávia da Silva 
 
 
 
 
 
 
DEGRADABILIDADE RUMINAL IN SITU DO SORGO GRÃO EM DIFERENTES 
FORMAS DE RECONSTITUIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação 
 em Zootecnia da Escola de 
Veterinária da Universidade 
Federal de Minas Gerais 
 como requisito parcial para 
obtenção do grau de Mestre 
em Zootecnia 
 
 
 
Área de concentração: Nutrição Animal 
 
 
Orientadora: Profa. Ana Luiza da Costa Cruz Borges 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação defendida e aprovada em 14 de fevereiro de 2012 pela Comissão Examinadora 
composta pelos seguintes membros: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________________________ 
Profa. Ana Luiza Costa Cruz Borges 
(Orientadora) 
 
 
 
 
________________________________________ 
Prof. Ricardo Reis e Silva 
 
 
 
 
________________________________________ 
Dr. Silas Primola Gomes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro e ninguém é 
totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão”. 
São Francisco de Assis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
É com muito amor que dedico este trabalho 
aos meus pais João Vianey e Maria das Graças e 
às minhas irmãs Márcia e Alessandra. 
Por participarem e incentivarem todas as decisões da minha vida. 
Por tudo de maravilhoso que aprendi com vocês! 
 
Muito obrigada! 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Professora Ana Luiza, pela orientação, participação e dedicação. O estímulo durante toda 
minha formação foi importante para que eu pudesse concluir essa etapa. Pela compreensão 
nos momentos difíceis; 
 
Ao Dr. Fernando César Ferraz Lopes, pela valiosa co-orientação. Pela ajuda, dedicação, 
apoio, sugestão, críticas, questionamentos, gentileza e amizade em todo experimento; 
 
Ao Professor Ricardo Reis, pela participação na defesa, pela amizade, sugestão e conselhos. 
Sempre disposto a ajudar quando precisei; 
 
Ao Dr. Silas Primola Gomes, pela participação na defesa, com sugestões e questionamentos 
que contribuíram para a melhoria deste trabalho; 
 
À minha adorável família e ao João Carlos por estarem sempre ao meu lado e entenderem os 
momentos de ausência para que este sonho se tornasse realidade. 
 
À Equipe Nutrirum, principalmente a Carol Duque, ao Alessander Vieira, a Marcelina, 
Helena, Alexandre, Carlos Pancoti, André, João Pedro, Gaby Maldine e Mônica Maia; 
 
À Embrapa Gado de Leite – Campo Experimental Coronel Pacheco - MG. Principalmente a 
Meirinha, Mengo, Sr. Moreira, Laura e Jabá; 
 
À Embrapa Gado de Leite – Sede - Juiz de Fora – MG. Principalmente ao laboratório de 
Cromatografia e Análises de Alimentos; 
 
À Embrapa Milho e Sorgo – Sete Lagoas – MG pelo fornecimento de todo sorgo utilizado no 
experimento; 
 
Aos amigos que estavam dispostos a me ouvir e ajudar nos momentos difíceis. 
 
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pela concessão da 
bolsa de estudos. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 Página 
 
1.0.INTRODUÇÃO..................................................................................................................11 
2.0 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................12 
2.1. Sorgo – produção e utilização................................................................................12 
2.2. Constituição do grão de sorgo................................................................................13 
2.3. Processamentos de grãos ......................................................................................15 
2.4. Processo de reconstituição ...................................................................................18 
2.5. Fatores que afetam a germinação .........................................................................20 
2.6. Ensilagem de grãos reconstituídos .......................................................................20 
2.7. Resultados in situ com grão úmido de sorgo ........................................................22 
3.0 METODOLOGIA.............................................................................................................23 
3.1. Reconstituição dos grãos de sorgo.......................................................................23 
3.2. Digestibilidade in vitro da matéria seca do sorgo grão reconstituído..................27 
3.3. Degradabilidade in situ do sorgo grão reconstituído...........................................28 
3.4. Análises laboratoriais ..........................................................................................30 
3.5. Delineamento experimental e análises estatísticas...............................................31 
4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................31 
4.1. Grão de sorgo utilizado.........................................................................................31 
4.2. Processo de reidratação.........................................................................................32 
4.3. Qualidade da silagem dos grãos úmidos...............................................................35 
4.4. Composição dos tratamentos ................................................................................35 
4.5. Parâmetros ruminais .............................................................................................39 
4.6. Degradabilidade in situ dos tratamentos................................................................40 
5.0 CONCLUSÃO..................................................................................................................49 
6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Página 
Figura 1. Estrutura esquemática de um grão de sorgo, evidenciando 
as principais estruturas.................................................................................................. 14 
Figura 2. Recipientes de reconstituição....................................................................... 25 
Figura 3. Sorgo moído úmido em moinho de martelo.................................................. 26 
Figura 4. Reidratação do sorgo grão seco..................................................................... 26 
Figura 5. Silos experimentais........................................................................................ 27 
Figura 6. Preparação para o processo de fermentação.................................................. 28 
Figura 7. a) Grãos não germinados; b) Grãos germinados........................................... 33 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Página 
Quadro 1. Descrição dos tratamentos experimentais.......................................................... 24 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Página 
Tabela 1. Efeito do processamento dos grãos de milho e sorgo sobre o 
local de digestão do amido no trato digestivo dos ruminantes...................................... 17 
Tabela 2. Matéria seca e pH da silagem de grãos úmidos 
de sorgo reconstituído..........................................................................................................21 
Tabela 3. Composição bromatológica dos alimentos utilizados, nutrientes 
Expressos em percentual da matéria seca (MS).................................................................. 29 
Tabela 4. Porcentagem de água retida após o processo de reidratação................... ........... 32 
Tabela 5. Porcentagem de grãos germinados por tratamento........................................ 33 
Tabela 6. Porcentagem de umidade dos grãos após a reidratação.................................. 34 
Tabela 7. Qualidade das silagens experimentais........................................................... 35 
Tabela 8. Composição bromatológica e digestibilidade in vitro dos grãos 
processados, em porcentagem da matéria seca............................................................. 36 
Tabela 9. Teor de proteína e frações de nitrogênio do sorgo grão 
nos diferentes tratamentos.................................................................................................. 38 
Tabela 10. Efeito do tempo de amostragem sobre pH, e de ácidos graxos 
voláteis (AGV) no rúmen de vacas secas alimentadas com 
silagem de milho e concentrado................................................................................... 39 
Tabela 11. Parâmetros de degradação ruminal da matéria seca....................................... 40 
Tabela 12. Parâmetros de degradação ruminal da matéria seca ajustados 
por tratamento................................................................................................................. 43 
Tabela 13. Parâmetros de degradação ruminal da matéria orgânica................................ 44 
Tabela 14. Parâmetros de degradação ruminal da matéria orgânica ajustados 
 por tratamento................................................................................................................. 45
 
 
Tabela 15. Parâmetros de degradação ruminal do amido................................................. 46 
Tabela 16. Parâmetros de degradação ruminal do amido ajustados por tratamento........ 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 Objetivou-se determinar a degradabilidade ruminal in situ do sorgo reconstituído em 
diferentes formas de processamento. Os tratamentos foram: 1- Sorgo moído (2 mm) seco; 2 - 
Sorgo moído (3 mm) seco reidratado e ensilado (30 dias); 3 - Sorgo inteiro reidratado por três 
dias e moído a 5 mm; 4 - Sorgo inteiro reidratado por três dias com aplicação de ar 
comprimido, moído a 5 mm; 5 - Sorgo inteiro reidratado por três dias, moído a 5 mm e 
ensilado por 30 dias; 6 - Sorgo inteiro reidratado por três dias com aplicação de ar 
comprimido, moído a 5 mm e ensilado por 30 dias. A reidratação foi feita em recipientes de 
PVC de 200 mm de diâmetro e as silagens foram feitas em silos experimentais de PVC. Para a 
determinação da degradabilidade in situ pesaram-se cinco gramas de amostra pré-secada, 
previamente moída a 2 mm, em cada saco de incubação de náilon, com porosidade 50 
micrômetros. Utilizaram-se três vacas não lactantes fistuladas no rúmen, sendo os tempos de 
incubação 0, 2, 4, 6, 12, 24, 48 e 72 horas. Foram analisados os dados de degradação ruminal 
da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e amido (AM). Foram feitas análises de MS, 
proteína bruta, AM, cinzas, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e 
digestibilidade in vitro da matéria seca nas amostras dos seis tratamentos. O delineamento 
experimental utilizado foi de blocos ao acaso com arranjo em parcelas subdivididas, sendo os 
tratamentos alocados nas parcelas e os tempos de incubação alocados nas subparcelas. 
Germinaram somente os grãos que receberam aplicação de ar comprimido. Os resultados de 
degradabilidade dos tratamentos que foram ensilados mostraram-se superiores aos dos 
tratamentos não ensilados. Possivelmente, a reidratação com aplicação de ar comprimido e 
ensilagem dos grãos aumentou a fração solúvel do amido. Os grãos moídos a 3 mm e a 5 mm 
não se mostraram diferentes quanto à degradabilidade efetiva (DE). A reconstituição dos grãos 
de sorgo aumenta a degradabilidade ruminal da MS e da MO em relação ao grão seco. A 
reidratação por três dias com aplicação de ar comprimido e ensilagem dos grãos de sorgo por 
trinta dias aumentou a DE da MS, MO e AM. 
 
Palavras-chave: amido, ensilagem, processamento, reidratação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The objective of this work was to determine the in situ degradability of reconstituted 
sorghum processed in different ways. The treatments were: 1 – dry milled sorghum (2 mm); 2 
– dry milled Sorghum (3 mm) rehydrated and ensiled (30 days), 3 – whole sorghum grain 
rehydrated for three days and grounded (5 mm); 4 – whole sorghum grain rehydrated for three 
days with the application of compressed air and grounded (5 mm); 5 – whole sorghum grain 
rehydrated for three days, grounded (5 mm) and ensiled for 30 days; 6 – whole sorghum grain 
rehydrated for three days with the application of compressed air, grounded (5 mm) and 
ensiled for 30 days. Rehydration was made in PVC containers of 200 mm diameter and 
silages were made in experimental PVC silos. In order to determine the in situ degradation, 
five grams of pre-dried sample, previously milled to 2 mm, were placed on incubation nylon 
bags with porosity of 50 micrometers. Three non-lactating rumen fistulated cows were used 
in the degradation trial. The incubation times were: zero, 2, 4, 6, 12, 24, 48 and 72 hours. Data 
from rumen degradation were analyzed for dry matter (DM), organic matter (OM) and starch 
(ST). Analysis were performed for DM, crude protein, AM, ash, neutral detergent fiber, acid 
detergent fiber and in vitro digestibility of dry matter in samples of each treatments. The 
experimental design was a randomized block with split plots, the treatments being allocated to 
plots and incubation times allocated to the subplots. Just the grains which received the 
application of compressed air germinated. The results of degradability of silage treatments 
shown to be superior to treatments not ensiled. Possibly, rehydration with application of 
compressed air and the silage grain increased the soluble fraction of the starch. The milled 
grains to 3 mm and 5 showed the same effective degradability (ED). The reconstitution of 
sorghum grains increases ruminal degradability of DM and OM in relation to dry grain. 
Rehydration for three days with compressed air application and grain sorghum silage for 
thirty days increased the ED of DM, OM and ST. 
 
Keywords: starch, silage, processing, rehydration 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 1. INTRODUÇÃO 
 
 
 O Sorghum bicolor (L.) Moench, originário da África oriental, foi introduzido no 
Brasil no início do século XX e vem, desde então, sendo utilizado para a produção de silagem, 
grãos e forragem verde. Como vantagem apresenta maior tolerância à seca que outras 
gramíneas produtoras de grãos como o milho, aveia, trigo e cevada. O sorgo grão vem sendo 
utilizado com sucesso na alimentação de ruminantes, aves e suínos em substituição, 
principalmente, ao milho (Antunes, 2010). 
 O sorgo grão híbrido BRS 310 tem mostrado alto potencial de rendimento de grãos e 
adaptabilidade a ambientes desfavoráveis, além de apresentar baixo nível de compostos 
fenólicos. O teor de proteína é superior a 10% no grão, sendo que esse híbrido se apresenta 
como bom competidor em relação aos híbridos lançados comercialmente. Além disso, 
apresenta tolerância à toxicidade de alumínio do solo, boa capacidade de rebrota, resistência 
às espécies de nematóides Meloidogyne incognita raça 3 e M. Javanica, constituindo valores 
agregados importantes para o sistema de semeadura em sucessão à soja (Santos et al., 2004). 
 O sorgo possui valor nutritivo semelhante ao do milho em dietas de ruminantes,sem 
causar alterações no metabolismo do animal ou no desempenho produtivo, e ainda pode 
proporcionar ganhos em termos econômicos, sendo que a sua utilização dependerá da oferta e 
do preço (Faria Jr. et al., 2009). 
 Devido às características físicas do grão (tamanho, resistência à degradação etc) o 
milho e o sorgo apresentam maiores benefícios quando processados, pois nestes grãos 
encontra-se uma matriz proteica, que dificulta o ataque enzimático. O processo de moagem e 
reconstituição, para a alimentação de ruminantes, visa aumentar a área superficial para 
facilitar os processos digestivos, sejam eles fermentativos ou enzimáticos, melhorando o 
desempenho animal (Pereira et al., 2011). 
 A reconstituição de grãos vem sendo utilizada para garantir a qualidade da safra nas 
propriedades rurais como alternativa em função das dificuldades de armazenagem do grão 
seco. Segundo Balogun et al. (2005), a reconstituição é um processo que envolve a mistura do 
grão com água para alcançar teor de umidade de pelo menos 30% (fase de maceração). Em 
seguida, armazenam-se os grãos úmidos sob condições limitantes de oxigênio (fase anaeróbia) 
entre 14 e 21 dias. 
 São citadas na literatura diferentes formas de reconstituição de grãos de sorgo. Em 
geral, fatores relacionados à germinação de sementes são adaptados ao processo. Existem 
variações, principalmente, quanto à quantidade de água e oxigênio e ao estado físico do grão 
na mistura (inteiro ou moído). Balogun et al. (2005) relataram que há omissão, em trabalhos 
científicos, na descrição da reconstituição utilizada, o que prejudica a reprodução dos ensaios. 
E ainda, as informações não são completas a respeito da qualidade do alimento reconstituído. 
 A conservação de um alimento produzido, na época da safra, para suprir as 
necessidades de alimentação dos animais nos meses de escassez de alimentos é fundamental 
para a manutenção de um programa de produção animal. A tecnologia de ensilagem de grão 
pode contribuir para solucionar os problemas de armazenagem de grãos nas fazendas, onde 
normalmente ocorrem perdas qualitativas e quantitativas, em função do ataque de insetos, 
roedores e fungos (Ribas et al., 2009). A silagem de grão úmido é, talvez, uma das poucas 
12 
 
práticas que consegue reunir baixos custos com elevada qualidade nutricional ao longo do 
tempo de armazenamento, e alta resposta animal (Nummer Fo, 2001). E, além disso, a 
reconstituição do grão de sorgo pode ser viável economicamente, pois permite que produtor 
escolha o momento de comprar do grão seco conforme a oferta de baixo preço no mercado. 
 Em relação aos sistemas intensivos de criação utilizando animais altamente 
especializados como ruminantes e suínos, onde se procura obter ganhos expressivos em curtos 
intervalos de tempo e os animais consomem grandes proporções de concentrado na dieta, a 
silagem de grãos úmidos de cereais se ajusta adequadamente, por se tratar de concentrado 
energético de excelente qualidade (Costa et al., 2008). 
 Os avanços nos estudos sobre o local de digestão do amido vêm possibilitando a 
indicação de diferentes genótipos ou processamentos que possibilitem a alteração do local de 
digestão do amido, visando máxima produção, boa saúde dos animais e alta eficiência 
reprodutiva (Pereira & Antunes, 2007). 
 A degradabilidade ruminal in situ é uma técnica utilizada como etapa imprescindível 
na avaliação dos alimentos, cujo objetivo principal é propiciar o conhecimento das frações, 
taxas e extensões de degradação. Quin et al. (1938) foram os primeiros a propor a técnica e 
afirmaram que ela fornece resultados mais precisos que aqueles obtidos por meio de outras 
técnicas, principalmente quando comparados àquelas in vitro, quando se busca conhecer a 
degradabilidade ruminal. Mehrez e Orskov (1977) sugeriram que a técnica fosse adotada 
como procedimento de rotina nas avaliações dos alimentos. 
 A utilização de técnicas menos laboriosas, baratas e que diminuam o sacrifício dos 
animais, deve ser levada em consideração, objetivando atender às normas do conselho de ética 
da instituição de pesquisa. Assim, são válidas propostas de delineamento experimental 
utilizando menor número de animais, com menor tempo de coleta, sem que haja redução na 
qualidade dos dados e do trabalho. 
 Objetivou-se determinar a degradabilidade ruminal in situ do sorgo reconstituído, em 
diferentes formas de processamentos: inteiro ou moído, úmido ou seco, com ou sem aplicação 
de ar comprimido e ensilado ou não. 
 
 2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 2.1. Sorgo – produção e utilização 
 O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é o quinto cereal em importância no mundo 
(Faria Jr. et al., 2009). É o terceiro cereal mais cultivado nos Estados Unidos, que são os 
maiores produtores mundiais, seguidos pela Índia e Nigéria. A África é o continente maior 
produtor de sorgo com, aproximadamente, 21,6 milhões de toneladas produzidas anualmente 
(Organização..., 1995). O Brasil encontra-se entre os 15 maiores produtores de sorgo do 
mundo. Na América do Sul, a Argentina lidera a produção e as exportações de sorgo. O 
México é o principal importador mundial do grão, que é usado na alimentação humana e 
animal (Faria Jr. et al., 2009). 
 Mais significante que essa posição é a grande variação de distribuição dessa cultura, 
destacando-se as regiões semiáridas dos trópicos e subtrópicos (Faria Jr. et al, 2009). Em 
muitas partes do mundo, por exemplo, na Índia, o sorgo tem sido tradicionalmente utilizado 
13 
 
como fonte alimentar. O consumo per capita de sorgo é alto em países ou regiões onde o 
clima não permite a produção econômica de outros cereais e onde a renda per capita é 
relativamente baixa (Organização..., 1995). 
 O sorgo é também importante na alimentação animal em países da América do Sul, 
Austrália, EUA e México. No Brasil, a gramínea é cultivada, sobretudo, na região Centro-
Oeste, que detém 62% da colheita nacional, ou seja, 1.120 mil toneladas. A produção nas 
demais regiões do país distribui-se da seguinte forma: Sudeste (20,6%), Nordeste (12,8%), 
Sul (2,8%) e Norte (1,8%). A colheita é quase toda destinada à produção de ração para aves, 
suínos e bovinos de corte e leite. Além de questões relacionadas ao custo, os produtores têm 
optado pelo cultivo da gramínea, também, por esta espécie resistir melhor à seca que outras 
culturas tradicionais (Companhia..., 2011). 
 A CONAB aponta que, no Brasil, em 2011, a área cultivada de sorgo foi superior em 
4,6%, a produtividade em 6,4% e a produção em 11,3%, em relação ao ano anterior. 
 O sorgo é um dos cereais em cultivo mais tolerantes à seca. A grande expansão da 
cultura do sorgo, principalmente nos cultivos de sucessão à culturas de verão, tem 
proporcionado forte demanda por cultivares produtivas e adaptados às condições 
predominantes nas regiões de plantio (Santos et al., 2004). 
 2.2. Constituição do grão de sorgo 
 Os grãos de sorgo são do tipo cariopse, em que o pericarpo é completamente fundido 
ao endosperma. Os componentes anatômicos principais são gérmen, endosperma e pericarpo. 
A distribuição relativa dos três principais componentes do grão é variável, sendo que, de 
modo geral, representam 6%, 84% e 10% do grão, respectivamente para o pericarpo, 
endosperma e gérmen (Organização..., 1995). 
 O pericarpo é o componente estrutural mais externo da cariopse e é composto por três 
subcamadas: epicarpo, mesocarpo e endocarpo. O epicarpo é dividido em epiderme e 
hipoderme. O mesocarpo, a parte central, é a camada mais espessa do pericarpo do sorgo, mas 
sua espessura é muito variável entre os genótipos. O endocarpo, a subcamada mais interna do 
pericarpo, é constituído por células cruz e uma camada de células de tubos que transportam a 
umidade para o grão (Organização..., 1995). 
 O endosperma é a estrutura mais importante do ponto de vista nutricional, pois encerra 
a maioria das proteínas e do amido dogrão (Antunes, 2010). Com base na distribuição dos 
grânulos de amido e da matriz proteica, o endosperma é classificado em dois tipos: farináceo 
e vítreo. No primeiro, os grânulos de amido são arredondados e estão dispersos, não havendo 
matriz proteica circundando essas estruturas, o que resulta em espaços vagos durante o 
processo de secagem do grão, os quais antes eram ocupados pela água, durante o 
desenvolvimento deste. 
 Por sua vez, no endosperma vítreo, a matriz proteica é densa, com corpos proteicos 
estruturados, que circundam os grânulos de amido de formato poligonal, não permitindo 
espaços entre estas estruturas. A denominação vítreo ou farináceo refere-se ao aspecto do 
endosperma nos grãos quando sujeitos à luz. No endosperma farináceo, os espaços vagos 
permitem a passagem da luz, conferindo opacidade ao material. De forma oposta, a ausência 
de espaços entre os grânulos de amido e a matriz proteica promove a reflexão da luz, 
resultando em aspecto vítreo ao endosperma observado nessas condições. Essa propriedade 
tem sido aplicada para a identificação de materiais duros e farináceos, embora a vitreosidade e 
14 
 
a dureza sejam distintas propriedades (Sapaterro et al., 2010). 
 O impacto da vitreosidade (a relação entre os endospermas vítreo e farináceo do grão) 
do endosperma na degradabilidade ruminal in situ da matéria seca do sorgo foi demonstrado 
por Antunes (2005), que encontrou maior degradabilidade para grãos de endosperma macios 
em relação a grãos de endosperma duros nos tempos 0 h, 3 h, 6 h, 9 h, 15 h, 24 h, com 
exceção do tempo 48 h, quando foi verificada apenas uma superioridade numérica de 
degradação da matéria seca para grãos macios. Segundo o autor, isso evidencia a forte 
influência da textura sobre as características de moagem e sobre o valor nutritivo dos grãos de 
sorgo, pois quanto mais duros os grãos, menores as degradabilidades da matéria seca, da 
proteína bruta e do amido. A textura do grão é fator determinante sobre o desempenho dos 
animais alimentados com sorgo e é uma característica controlada pela genética do sorgo. 
 O endosperma periférico distingue-se pelas longas células retangulares que são densas 
e contêm grânulos de amido e corpos proteicos enredados na matriz proteica (Figura 1). O 
amido nestas células, portanto, não é facilmente disponível para a digestão enzimática, a não 
ser que a proteína associada a ele também seja reduzida. Os corpos de proteína no 
endosperma de sorgo são esféricos e diferem em tamanho entre as espécies e também dentro 
do endosperma de uma única semente. Os corpos de proteína do sorgo também contêm 
fósforo, potássio, cálcio e magnésio (Organização..., 1995). 
 
Figura 1: Estrutura esquemática do grão de sorgo, evidenciando as principais estruturas. 
Fonte: Chandrashekar & Mazhar (1999). 
 
 Quimicamente, o amido é formado por dois polímeros de glicose: a amilose e a 
amilopectina. O primeiro consiste de cadeias longas, não-ramificadas, de unidade de D-
glicose unidas por ligações (α1→4). Tais cadeias variam em massa molecular de uns poucos 
milhares até mais de um milhão. A amilopectina também tem uma alta massa molecular (até 
100 milhões), porém, ao contrário da amilose, é muito ramificada. As ligações glicosídias 
encontradas entre as unidades sucessivas de glicose nas cadeias da amilopectina são (α1→4), 
mas os pontos de ramificação (uma a cada 24 a 30 unidades) são (α1→6) (Lehninger, 2006). 
15 
 
A digestibilidade do amido é inversamente proporcional ao conteúdo de amilose. As 
porcentagens de amilose e de amilopectina variam com a origem botânica do amido, mas, na 
maioria das espécies, o amido é composto por 30% de amilose e 70% de amilopectina. 
Amidos denominados “cerosos” do milho, sorgo, cevada, arroz e milheto apresentam de 85 a 
100% de amilopectina e amidos com mais de 40% de amilose são denominados “ricos em 
amilose” (Antunes & Rodriguez, 2006). A região cristalina é primeiramente composta de 
amilopectina, principal responsável pela organização desta área e apresenta maior resistência 
à entrada de água e, consequentemente, à atividade enzimática. A região amorfa é rica em 
amilose e menos densa que a área cristalina. Devido à menor densidade, a água se move 
livremente através desta região, e a atividade hidrolítica das amilases se inicia nesta área 
(Rooney e Pflugfelder, 1986). As maiores diferenças entre os grãos de milho e de sorgo 
residem na proporção e distribuição das proteínas do endosperma ao redor do amido (Rooney 
e Pflugfelder, 1986). O endosperma dos grãos de sorgo contém tipos diferentes de proteínas. 
As glutelinas e as prolaminas são proteínas estruturais que constituem a matriz proteica e os 
corpos proteicos. Elas formam o arcabouço proteico estrutural do grão, conferindo 
importantes implicações na textura do endosperma (Chandrashekar e Mazhart, 1999). 
 O gérmen é a estrutura germinativa e concentra a maioria dos lipídeos do grão. O eixo 
embrionário e o escutélio são os dois principais componentes onde se encontra pequena 
reserva nutritiva para o embrião, na forma de proteínas de estocagem, enzimas e minerais 
(Antunes, 2010). 
 Antunes et al. (2007) estudaram grãos de 33 genótipos de sorgo com diferentes 
texturas de endosperma oriundos da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e de outras 
empresas melhoradoras de sorgo no país. Os autores verificaram que o valor médio de 
88,77% de matéria seca (MS) nos grãos foi considerado adequado para a conservação destes. 
Os teores de proteína bruta (PB) apresentaram variação de 98% entre genótipos. O menor e o 
maior valor de PB foram 9,85% para o genótipo SHS 600 e 18,28% para o BR 012, com 
média de 13,19%. Os teores de amido variaram entre 62,07% para o BR 304 e 78,74% para o 
CMSXS 226. O amido representou a maior fração dos grãos de sorgo, seguido pela PB. 
Juntos, representaram 86%, em média, da matéria seca dos grãos. Os teores de extrato etéreo 
(EE) variaram entre 1,76% para o Hegari e 3,68% para o Sara, com média de 2,97%. O 
CMSXS 227 apresentou o menor teor de fibra bruta (0,35%), enquanto o SHS 400, o mais 
alto, 6,60%. Os teores de cinzas variaram entre 1,03% para o Waxy Blackhull Kafir e 2,24% 
para o CMSXS 214. 
 2.3. Processamentos de grãos 
 Muitos tipos de processamentos físicos e químicos estão disponíveis para melhorar a 
digestibilidade dos grãos. Na prática, os diferentes tipos de processamentos atuam 
aumentando a área de superfície dos grãos, reduzindo a interação da matriz proteica com 
grânulos de amido e/ou aumentando a solubilidade dos grânulos de amido em água (Antunes 
& Rodriguez, 2006). 
 Características físicas e químicas de um grão podem alterar a sua digestibilidade, sua 
pulverulência, sua aceitabilidade pelo animal e seus efeitos associativos dentro do aparelho 
digestivo. Métodos de processamentos são selecionados para aumentar a digestibilidade e 
serem economicamente aceitáveis, sem impacto negativo no pH ruminal e sem causar 
disfunção digestiva. 
16 
 
 Segundo Hale (1973), há pelo menos 18 diferentes métodos de processamento de 
grãos. O autor classificou-os como processamentos a seco: moagem do grão inteiro, 
laminação ou quebra a seco, expansão (“popping”), extrusão, micronização, tostagem, 
peletização, “thermalize”; e processamentos com umidade: deixar de molho (“soak”), 
laminação a vapor, processado a vapor, floculado a vapor, reconstituição, explosão, cozimento 
e pressão, colheita do grão úmido, ensilagem da espiga do milho, ensilagem da panícula do 
sorgo. 
 Para maximizar a digestão do amido os grãos devem ser processados. O amido de 
grãos finamente moídos é totalmente digerido, mas ruminantes alimentados com grãos 
finamente moídos estão mais propensos a distúrbios metabólicos. Além disso, há dificuldade 
de realizar esta moagem fina nas propriedades rurais. O vapor de laminação ou floculação e 
fermentação (armazenamento com umidade alta), em vez de moagemfina, é utilizado em 
grãos para alimentar ruminantes e aumentar a extensão da digestão do amido (Owens, 2005). 
 Moron et al., (2000) estudaram a degradabilidade ruminal do amido dos grãos de 
milho e sorgo sob diferentes formas de processamento (quebrado, moído, extrusado e cozido), 
em vacas da raça Holandesa e Jersey. A degradabilidade potencial e efetiva do amido dos 
grãos foi afetada pelo tipo de processamento, sendo que o processamento permitiu maior 
degradação efetiva do amido do grão de milho em relação ao de sorgo. 
 Métodos típicos de processamentos de grãos envolvem redução de tamanho de 
partículas com ou sem adição de água ou vapor. Para processamentos mais intensos de grãos, 
estes podem ser fermentados se teor adequado de umidade (geralmente, de 24 a 35%) estiver 
presente. A umidade pode ser tanto inerente ao grão devido à colheita antecipada formando 
grãos de alta umidade, ou acrescentado umidade em grãos secos para formar grãos 
reconstituídos (Owens, 2005). 
 Sabe-se que nas propriedades rurais, em função dos problemas de armazenagem, a 
tendência é que ocorram significativas perdas qualitativas e quantitativas após alguns meses 
de acondicionamento impróprio. Sendo assim, o processo de reconstituição, ou seja, a 
hidratação dos grãos secos até o teor de umidade adequado para ensilagem, pode representar 
alternativa viável, agregando benefícios aos pecuaristas (Pereira et al., 2011) 
 A tabela 1 apresenta valores de digestibilidade do amido dos grãos de milho e sorgo 
processados por vários métodos, no trato digestivo total de ruminantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Tabela 1. Efeito do processamento dos grãos de milho e sorgo sobre o local de digestão do 
amido no trato digestivo dos ruminantes 
Método de 
processamento 
% de amido digerido 
Rúmen Intestino Trato 
Dig. Total Delgado Grosso 
Milho 
Inteiro 58,9 17,0 2,8 91,7 
Moído Grosso 68,9 12,9 8,2 87,6 
Laminado 71,8 16,1 4,9 93,2 
Moído Fino 77,7 13,7 4,3 93,5 
Ensilado 86,0 5,5 1,0 94,6 
Floculado a vapor 82,8 15,6 1,3 97,8 
Sorgo 
Laminado 67,8 13,4 5,9 86,4 
Ensilado 86,2 9,5 1,1 93,6 
Dados compilados por Owens et al. (1986). 
 Comparada com métodos que reduzem o tamanho de partícula dos grãos, a ensilagem 
foi o mais efetivo em aumentar a digestão do amido, principalmente no rúmen. Os grãos de 
milho floculado a vapor e moído fino apresentaram maior extensão da digestão do amido no 
rúmen e no trato digestivo total que aqueles laminados ou moídos grosseiramente. Dessa 
forma, o suprimento de amido para o intestino delgado é maior quando o milho e o sorgo são 
fornecidos aos animais com maiores tamanhos de partículas. 
 A digestão pós-ruminal baixa do amido de milho integral (29%) indica que as 
partículas grandes são mal digeridas no intestino e que o grão que não é mastigado, escapa da 
digestão ruminal e tem baixo valor para ruminantes. Certamente, as partículas que são grandes 
e resistem à captação de água terão maior resistência ao ataque por microrganismos no rúmen 
e enzimas nos intestinos (Owens, 2005). 
 A digestão extensa do amido de grãos úmidos de milho ocorre devido ao 
desaparecimento do amido tanto no rúmen como nos intestinos. Dois fatores são críticos para 
máxima eficiência alimentar e digestão ruminal de amido de grãos úmidos: teor de umidade 
adequado (preferencialmente, acima de 26%) e duração suficiente do processo de 
fermentação. Por alguma razão desconhecida, quando ensilado entre 20 e 24% de umidade, 
grãos úmidos de milho têm resultados piores em termos de eficiência alimentar do que grãos 
secos, laminados, ou grãos úmidos com umidade maior (Owens, 2005). 
 Estudos indicam que o próprio processamento de grãos aumentará significativamente a 
digestão do amido no trato digestivo total dos animais ruminantes. E ainda, a maior parte do 
aumento em digestão do amido ocorre no rúmen. Geralmente considera-se que a utilização 
mais eficiente de amido pelo animal ocorreria se o amido fosse digerido no intestino delgado. 
No entanto, ensaios com animais indicaram que o processamento melhora significativamente 
a utilização do grão como medida necessária por unidade de ganho (Hale, 1973). 
 As diferentes formas de processamento devem ser avaliadas de acordo com as 
possibilidades logísticas, operacionais e benefícios que podem trazer ao sistema de produção 
de animal. 
18 
 
 2.4. Processo de reconstituição 
 Lopes et al. (2005), estudando métodos de reconstituição, relataram que em ocasiões 
específicas, o processo de reconstituição pode representar alternativa viável, agregando 
benefícios ao pecuarista. Nas propriedades rurais, em função dos problemas de infraestrutura 
de armazenagem local, a tendência é que ocorram, após alguns meses de acondicionamento 
impróprio, significativas perdas qualitativas e quantitativas. Essa situação poderia ser 
revertida com a reidratação dos grãos secos e confecção da silagem de grãos úmidos, obtendo-
se um sistema de armazenamento mais duradouro e seguro da safra, além da disponibilização 
de alimento de elevada qualidade para os animais. 
 Segundo Balogun et al. (2005), a reconstituição é o processo de adição de água aos 
grãos colhidos secos, elevando-se a umidade do material para a 35%. Após a reidratação o 
material é estocado de maneira anaeróbica, semelhante ao processo de ensilagem de grão 
úmido. O sorgo pode ser fornecido após a reidratação na presença de oxigênio entre um a 
cinco dias, sendo este processo chamado de pré-germinação. Segundo Vieira (2011), o 
objetivo é melhorar o aproveitamento dos grãos. 
 No caso do sorgo, Pflugfelder & Rooney (1986) conceituaram reconstituição como o 
processo de reidratar grãos de sorgo secos a 30% de umidade, ensilar por três semanas e 
triturá-los antes da alimentação. 
 Balogun et al. (2005) analisaram grãos de sorgo cujos tratamentos foram: sorgo moído 
seco; reidratado por 24 horas; armazenados em anaerobiose por 21 dias; armazenados em 
anaerobiose por cinco dias; e armazenados em aerobiose por cinco dias e depois em 
anaerobiose por 16 dias. Os autores concluíram que o processo de germinação que ocorreu 
durante o tratamento aeróbio aumentou a fermentação e a degradabilidade de sorgo em 
comparação com outros tratamentos investigados no estudo. Perturbar a estrutura da proteína 
torna os grânulos de amido mais suscetíveis às enzimas hidrolíticas ou à degradação 
bacteriana. 
 Os grãos de sorgo reconstituídos aumentam a digestibilidade das frações não proteicas, 
aproximadamente, na mesma medida que a floculação. Isso pode ser devido à alteração das 
moléculas de amido. Mas o incremento na digestibilidade da proteína, decorrente da 
reconstituição, sugere que a matriz proteica que encapsula o amido pode também ser alterada. 
No grão seco, as moléculas de amido ficam encapsuladas, protegidas parcialmente de enzimas 
amilolíticas produzidas tanto pela microflora ruminal quanto pelo animal (Riggs & McGinty, 
1970). 
 Vieira (2011) estudou o consumo e a digestibilidade aparente do sorgo grão moído 
seco e sorgo grão reidratado por três dias e ensilado por trinta dias, em novilhos Nelore. A 
adição de água ao sorgo seco elevou a umidade do material de 13,6% para 39,6% e a silagem 
produzida apresentou valor de pH de 4,03. Não houve efeito (P > 0,05) do processamento no 
consumo e digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, carboidratos não 
fibrosos e amido. O autor observou que como o sorgo reconstituído foi moído em uma peneira 
de 8 mm, houve perda de grão inteiro nas fezes neste tratamento. 
 Lopes et al. (2005) avaliaram os efeitos dos métodos de reconstituição de grãos de 
milho sobre a qualidade da silagem obtida. Trabalharam com grãos misturados à água em 
diferentes temperaturas: 1- grão inteiro misturado com água a 4ºC, por 72 horas; 2 - grão 
inteiro misturado com água a 75ºC; 3 - grãos moídos e misturados com água à temperatura19 
 
ambiente. Os três métodos foram eficientes, permitindo atingir a umidade desejada. A melhor 
forma de reconstituição foi o tratamento 2 que proporcionou maior porcentagem de ácido 
lático e menor de ácido butírico. 
 Martin et al. (1970) trabalharam com grão de milho reconstituído inteiro a 38,2% de 
umidade, reconstituído após a moagem a 25,3% de umidade, e grão floculado. Neste estudo, 
observaram pequenas diferenças em termos de taxa de ganho, desempenho e méritos de 
carcaças em novilhos e aparentemente não afetados por métodos de processamentos nos 
grãos. O consumo foi similar entre grãos reconstituídos inteiros e o floculados. Já o consumo 
do grão reconstituído após a moagem foi considerado maior. Esse maior consumo de ração 
sem aumento da taxa de ganho foi refletida numa baixa eficiência alimentar. 
 A reconstituição pode ser utilizada no confinamento comercial para melhorar a 
digestibilidade e a eficiência de utilização de sorgo pelo bovino (Balogun et al., 2005). Novos 
métodos de processamentos de grãos para gado de corte em terminação são continuamente 
explorados para aumentar o desempenho dos animais e o lucro na indústria da carne. 
Consideráveis melhorias na eficiência alimentar têm sido obtidas com grãos colhidos com alta 
umidade e grãos reconstituídos quando comparados aos grãos secos (Martin et al., 1970). 
 Hale, em 1973, sugeriu que a alteração de proteínas de cereais, particularmente do 
grão de sorgo, pode ser tão importante na utilização do amido como na alteração do amido e 
que a utilização da proteína do grão de sorgo reconstituído pode ser maior do que a dos outros 
métodos de processamento. 
 Estudos histológicos com grãos de sorgo reconstituído mostram uma desorganização 
da matriz de proteína do endosperma sugerindo que métodos de processamento têm efeito 
marcante no rompimento da matriz proteica e que facilitem o acesso das enzimas bacterianas 
ou enzimas do animal aos grânulos de amido. 
 Miratu et al. (1984) estudaram a reconstituição de grãos de sorgo de alto e baixo 
tanino com adição de água destilada em nível de 30% e armazenados por 20 a 25 dias com 
uma mistura de ácido acético-propiônico adicionada para deter o crescimento de fungos. 
Outro lote de grãos das mesmas fontes foi utilizada como controle (sem tratamento de 
umidade). Os grãos tratados foram incorporados a rações iniciais para suínos. A reconstituição 
reduziu o teor de tanino do sorgo de alto tanino, significativamente. Os ganhos de peso e 
consumos dos animais alimentados com sorgo não tratados e tratados não foram diferentes. A 
eficiência alimentar e a digestibilidade da matéria seca foram aumentadas pela reconstituição. 
As dietas contendo sorgo alto tanino apresentaram menor (P <0,05) concentração de energia 
digestível do que as dietas contendo sorgo de baixo tanino. A reconstituição aumentou (P 
<0,05) a digestibilidade da proteína do sorgo de alto tanino, mas não a do sorgo de baixo 
tanino. 
 Vieira (2011) observou que o custo final do sorgo reidratado e ensilado pode ser menor 
que o produto seco quando se considera o benefício da armazenagem. Segundo o autor, essa 
simulação tem a premissa que o sorgo será adquirido do produtor, direto da lavoura, podendo 
conter umidade acima de 14%, e nesse caso não seria recomendado armazenar o grão por 
períodos longos sem passar por um secador, sob risco dos grãos se tornarem ardidos e ou 
mofados. Geralmente, o preço direto do produtor é R$1,5 a R$2,0 mais barato por saco que o 
preço pago pelo produto a um armazém, pois o armazém já incorporou custos de secagem e 
limpeza. 
20 
 
 2.5. Fatores que afetam a germinação 
 A germinação é uma sequência de eventos fisiológicos, influenciada por fatores 
externos (ambientais) e internos (dormência, inibidores e promotores da germinação) das 
sementes; cada fator pode atuar por si ou em interação com os demais. Em síntese, tendo-se 
uma semente viável em repouso, por quiescência ou dormência, quando são satisfeitas uma 
série de condições externas (do ambiente) e internas (intrínsecas do indivíduo) ocorrerá o 
crescimento do embrião, o qual conduzirá à germinação. 
 Dentre as principais condições ambientais que afetam a germinação podem ser citadas: 
disponibilidade de água, luz, temperatura e oxigênio. 
 Entre os fatores do ambiente, a água é o que mais influencia o processo de 
germinação. Com a absorção de água, por embebição, ocorre a reidratação dos tecidos e, 
consequentemente, a intensificação da respiração e de todas as outras atividades metabólicas, 
que resultam em fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada de 
crescimento por parte do eixo embrionário. Por outro lado, o excesso de umidade, em geral, 
provoca decréscimo na germinação, visto que impede a penetração do oxigênio e reduz desta 
forma, todo o processo metabólico. A velocidade de absorção de água varia com a espécie, 
com o número de poros distribuídos sobre a superfície do tegumento, disponibilidade de água, 
temperatura, pressão hidrostática, área de contato semente/água, forças intermoleculares, 
composição química e qualidade fisiológica da semente (Nassif et al., 1998). 
 Para a maioria das espécies tropicais a temperatura ótima de germinação encontra-se 
entre 15 e 30ºC. A máxima varia entre 35 e 40ºC, podendo a mínima chegar ao ponto de 
congelamento. De maneira geral, temperaturas abaixo da ótima reduzem a velocidade de 
germinação, resultando em alteração da uniformidade de emergência, talvez em razão do 
aumento do tempo de exposição ao ataque de patógenos. Por outro lado, temperaturas acima 
da ótima aumentam a velocidade de germinação, embora somente as sementes mais vigorosas 
consigam germinar (Nassif et al., 1998). 
 Na fase inicial da germinação ocorre a ativação dos processos metabólicos, pois 
enzimas, membranas e organelas, como as mitocôndrias, tornam-se funcionais, ocorrendo 
intensa digestão das reservas (carboidratos, proteínas e lipídios). Durante esta fase ocorre 
novamente a síntese de determinadas enzimas como a α amilase, sintetizada na camada de 
aleurona dos cereais, pela ação da giberelina produzida pelo embrião. A α-amilase é 
fundamental para a digestão do amido contido no endosperma das sementes. Açúcares 
derivados dessa mobilização serão transportados para o embrião, onde serão metabolizados 
em novos compostos Trata-se, portanto, de uma fase em que se concentram eventos 
preparatórios para o crescimento do embrião (Guimarães et al., 2008). 
 Durante a maceração e antes do armazenamento anaeróbio, o grão úmido absorve o 
oxigênio da água, bem como da atmosfera, resultando no início da germinação, um processo 
que envolve a hidrólise de proteínas e carboidratos no endosperma dos grãos (Balogun et al., 
2005). 
 2.6. Ensilagem de grãos reconstituídos 
 A conservação de grãos cereais na forma úmida tem sido atualmente uma das 
tecnologias de maior expansão no setor produtivo pela sua eficiência no contexto qualitativo e 
quantitativo de conservação do concentrado energético empregado na alimentação animal, 
especialmente na terminação de bovinos de corte (Costa et al., 2002). 
21 
 
 A silagem de grão úmido é uma técnica que vem apresentando acentuado crescimento 
em quase todas as regiões produtoras de grãos do Brasil. Esta modalidade de silagem 
representa redução de custos na alimentação animal que pode chegar a 30% no caso da 
bovinocultura de corte, 20% na criação de gado leiteiro e, na suinocultura pode variar de 15 a 
25%. É um processo de ensilagem em que se estocam somente os grãos da planta. A colheita é 
feita com colheitadeira de grãos convencional e deve ser realizada quando a umidade dos 
grãos estiver entre 30 e 40% (Nummer Fo, 2001). 
 Em alguns ambientes, a ensilagem pode ser a melhor escolha para reduzir as perdas de 
colheita e armazenamento. Normalmente, são esperadas perdas de matéria seca de 5 a 15% no 
processo de ensilagem. Noentanto, essas perdas são aumentadas em propriedades em que há 
retirada lenta da silagem, levando meses para esvaziar um silo. As perdas são menores quando 
o silo é aberto e rapidamente esvaziado (Muck, 2011). 
 Após a colheita, os grãos devem ser moídos finos (suínos), quebrados ou laminados 
(bovinos de corte e leite e ovinos), com o objetivo principal de favorecer a compactação. Os 
grãos devem ser armazenados em silos tipo bunker, trincheira ou bags, bem compactados e 
cobertos com lona plástica preta ou de dupla face (Nummer Fo, 2001). 
 No processo de ensilagem normal, a preservação é causada por uma combinação da 
exclusão de oxigênio e da fermentação natural dos açúcares por bactérias, em ácido láctico e 
outros produtos, diminuindo o pH. A falta de oxigênio impede o desenvolvimento de 
microrganismos aeróbios, enquanto que o pH baixo é o principal mecanismo inibidor do 
crescimento de microrganismos anaeróbios (Muck, 2011). 
 O processo de ensilagem é frequentemente dividido em três fases: aeróbia, 
fermentação e deterioração aeróbia. A fase de fermentação é por vezes dividida em duas fases: 
fermentação e armazenamento. Cada fase tem impacto considerável sobre a qualidade da 
silagem administrada aos animais, e diversos microrganismos podem ser sucessivamente 
ativados e desativados (Nishino, 2011). 
 A estabilidade da silagem é determinada pela fermentação aeróbia (pós-fermentação) 
que ocorre após a abertura do silo. A pós-fermentação será mais intensa quanto melhor for a 
qualidade da silagem, em função dos maiores teores de carboidratos solúveis residuais e de 
ácido lático (Jobim et al., 2003). O pH tem influência marcante na proporção de ácidos 
presentes em formas não dissociadas ou dissociadas, sendo que as atividades inibitórias dos 
ácidos lático, acético e propiônico dependerão em grande parte do pH (Nishino, 2011). Na 
tabela 2 podem ser comparados alguns resultados de trabalhos com silagem de grão úmido. 
 
Tabela 2. Matéria seca e pH da silagem de sorgo grão úmido reconstituído 
Variáveis Vieira (2011) Pereira et al. (2001) 
Moído Fino Moído Grosso 
Huck et al. (1999) 
MS (%) 39,6 38 38 35 30 – 25 
pH 4,03 4,26 4,22 4,00 4,5 – 5,5 
 
 Dentre vantagens, a silagem de grão úmido é ótima opção para armazenar grãos por 
longo período, com baixo custo e, principalmente, mantendo o valor nutricional. Uma silagem 
de grão úmido de qualidade depende da escolha de híbridos que apresentem grãos sadios e 
22 
 
alto valor nutricional. A colheita é antecipada em 3 a 4 semanas e não existem taxas, 
impostos, transporte do produtor para a cooperativa ou fábrica de rações, nem existe desconto 
de umidade, impurezas e grãos ardidos. A silagem de grão úmido possui maior digestibilidade 
e tem alta concentração de energia. Seu custo independe do preço de mercado (Nummer Fo, 
2001). 
 Como desvantagens, a silagem de grão úmido apresenta dificuldade ou 
impossibilidade de comercialização, necessita de preparo diário da dieta aos animais 
(Nummer Fo, 2001) e pode ter presença de micotoxinas (Jobim et al., 2003). 
 2.7. Resultados in situ com grão úmido de sorgo 
 A técnica in situ consiste em determinar o desaparecimento de componentes da 
amostra de alimentos acondicionados em sacos de náilon, ou outro material sintético, e 
incubados no rúmen por períodos variáveis. A popularidade desta técnica está associada à sua 
rápida e fácil execução, como também por requerer pequena quantidade da amostra do 
alimento e possibilitar sua exposição ao contato íntimo com o ambiente ruminal, apesar de 
não estar sujeita às experiências da mastigação e ruminação ou fluxo para o trato digestivo 
posterior. 
 Segundo Nocek (1988), pela técnica in situ as partículas dos alimentos ficam em 
suspensão no rúmen em contato direto com o ambiente ruminal, sendo a melhor forma de 
simular temperatura, pH, substratos e enzimas deste meio. 
 A degradação potencial corresponde à degradação de um alimento no rúmen, com 
tempo de retenção ilimitado, ou seja, é o potencial máximo de degradação de determinado 
alimento, sem levar em consideração a taxa de passagem do mesmo. Segundo Wilkins (1969), 
o valor da degradação potencial somente é viável entre 48 a 120 horas de incubação. 
 A degradabilidade efetiva visa apresentar a predição da degradabilidade potencial com 
a influência da taxa de passagem do alimento. Isso se torna essencial nessas avaliações, 
devido ao fato de que desconsideração da taxa de passagem superestimaria a digestão 
ruminal. 
 A degradabilidade inicial ou fração solúvel em água equivale à parte do alimento que 
desaparece ao tempo zero (início da incubação), sendo bastante influenciada pela solubilidade 
e escape das partículas mais finas contidas nos sacos incubados (Sampaio, 1997). 
 A dieta é uma entre tantas variáveis que afetam a técnica in situ. Segundo Nocek 
(1988), deve-se documentar a composição da ração e alimentar os animais com proporções de 
forragem:concentrado de acordo com as suas exigências. 
 Segundo Martin et al. (1970), estudos de digestibilidade in vitro têm sugerido que a 
melhor eficiência do processo de reconstituição pode ser alcançada com o grão inteiro imerso 
em água por 1 a 3 dias, permitindo-o ficar sob condições atmosféricas. Os autores alertaram 
que os resultados de ensaios conduzidos no verão com altas temperaturas podem não ser 
reproduzidos durante o inverno. 
 Pereira et al. (2011) avaliaram a degradabilidade de silagens reconstituídas de milho e 
sorgo com diferentes granulometrias. Os tratamentos foram: milho moído fino; milho moído 
grosso; sorgo moído fino; sorgo moído grosso; silagem de milho reconstituído moído fino; 
silagem de milho reconstituído moído grosso; silagem de sorgo reconstituído moído fino; 
silagem de sorgo reconstituído moído grosso. Utilizaram como tempos de incubação in vitro: 
0, 3, 6, 8, 12, 24 e 48 horas. Ensilaram-se em mini silos experimentais os grãos de milho e 
23 
 
sorgo, moídos em duas granulometrias, em peneiras com malhas de 10 cm e 3 cm, hidratados 
até o teor de umidade dos grãos atingir 38%. Os tempos de abertura dos minissilos foram 14 e 
28 dias. Comparando-se os resultados, constatou-se que os tratamentos secos para milho 
moído grosso e o sorgo moído grosso apresentaram degradabilidade inferior, quando 
comparados aos tratamentos secos moídos finos. Isso se deve ao tratamento moído fino 
possuir maior exposição do endosperma e redução no tamanho de partícula, melhorando a 
taxa de fermentação e permitir o ataque enzimático. Os autores concluíram que o processo de 
reconstituição aumentou a degradabilidade dos tratamentos de todas as frações avaliadas 
independente do processamento do grão. 
 Em geral, fatores externos que afetam a germinação estão relacionados ao processo de 
reconstituição. Sendo assim, diferentes tempos de reidratação, de temperatura da água, de 
exposição ao oxigênio e à luz podem modificar o método desse processamento. Segundo 
Balogun et al. (2005), o período de reidratação muitas vezes não é relatado ao descrever o 
processo de reconstituição. A falta de padronização ou omissão no detalhamento da técnica 
utilizada constitui empecilho para reprodutividade dos ensaios. Lopes et al. (2005) 
consideraram que existem variações, principalmente, quanto à temperatura da água de 
reidratação e ao estado físico do grão na mistura (inteiro ou moído). 
 Vieira (2011) avaliou o consumo e a digestibilidade aparente da matéria seca (MS), 
matéria orgânica e dos nutrientes, em 16 novilhos Nelore, onde testou sorgo grão moído seco 
e sorgo grão reidratado e ensilado. O autor verificou que a digestibilidade do amido e da MS e 
o consumo de MS não foram alterados com a reidratação e ensilagem do sorgo. Segundo 
Vieira (2011), conhecer melhor a pré-germinação e permitir a manutenção de umidade e 
oxigênio ao mesmo tempo, em condições de campo, faz-se necessário para que se possa ter 
melhor controleda reconstituição do grão inteiro. 
 Baseado no trabalho de Vieira (2011) e visando mais pesquisas sobre a reconstituição 
do grão de sorgo, o presente trabalho utilizou dos recursos da técnica in situ para poder 
explorar mais formas de reconstituição e conhecer melhor o efeito de processamentos na 
degradabilidade ruminal. 
Objetivou-se avaliar os efeitos da reidratação e determinar a degradabilidade ruminal 
in situ do grão de sorgo em diferentes formas de processamento: grão moído seco, reidratação 
no grão moído; grãos reidratados inteiro e moído úmido, com ou sem aplicação de ar 
comprimido e ensilado ou não. 
 
 3. METODOLOGIA 
 
 
 3.1. Reconstituição dos grãos de sorgo 
 3.1.1. Obtenção e avaliação dos grãos de sorgo 
 Utilizou-se o sorgo grão híbrido BRS 310, safra 2010/2011, oriundo da Embrapa 
Milho e Sorgo, localizada em Sete Lagoas, Minas Gerais. 
 O híbrido BRS 310 é classificado na categoria de simples granífero, sem tanino nos 
grãos, porte baixo, ciclo médio e recomendado para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, em 
cultivos de sucessão a culturas de verão, e para o Nordeste no inverno chuvoso (Santos et al., 
2004). 
24 
 
 Realizou-se um teste para determinar a energia germinativa (uma medida da taxa de 
germinação) do grão com base no trabalho desenvolvido por Balogun et al. (1995). Dez grãos 
foram selecionados aleatoriamente e umedecidos com 3 mL de água, colocados em condições 
normais de ambiente, sem luz solar direta, por três dias. 
 3.1.2. Descrição dos tratamentos 
 No Quadro 1 seguem descritos os processamentos utilizados no experimento. 
 
Quadro 1. Descrição dos tratamentos experimentais 
Tratamento Descrição dos processamentos 
1 Grão de sorgo seco e moído (2 mm) 
2 Grão de sorgo seco, moído (3 mm), reidratado com aspersão de água sobre o 
material, que foi imediatamente ensilado por 30 dias 
3 Grão de sorgo seco, inteiro, reidratado por três dias em tubo PVC e, em 
seguida, moído a 5 mm 
4 Grão de sorgo seco, inteiro, reidratado por três dias em tubo PVC com 
aplicação de ar comprimido e, em seguida, moído a 5 mm 
5 Grão de sorgo seco, inteiro, reidratado por três dias em tubo PVC e, em 
seguida, moído a 5 mm, e imediatamente ensilado por 30 dias 
6 Grão de sorgo seco, inteiro, reidratado por três dias em tubo PVC com 
aplicação de ar comprimido, moído a 5 mm e, imediatamente, ensilado por 30 
dias 
 
 3.1.3. Preparo dos recipientes 
 Foram utilizados para reconstituição quatro recipientes de PVC, com 200 mm de 
diâmetro e 1 m de altura (Figura 2). Cada recipiente foi enumerado conforme os tratamentos 
3, 4, 5 e 6, descritos no Quadro 1. Nos tratamentos 4 e 6, foi estabelecida aerobiose por meio 
de compressor de ar atmosférico (modelo Seven Star Power 500 – 5W, São Paulo, SP), de 
pressão e fluxo constantes, colocado logo acima da base do recipiente de reconstituição. Os 
recipientes de reconstituição foram tampados, durante a reconstituição, para não permitir 
entrada de luz. 
25 
 
Figura 2. Recipientes de reconstituição – Fonte: Arquivo pessoal 
 
 3.1.4. Processo de reidratação 
Os procedimentos de reidratação foram realizados em local fechado, protegido de 
vento e com baixa luminosidade (Laboratório de Calorimetria e Respirometria Animal da 
Escola de Veterinária da UFMG, Belo Horizonte, MG) no período de 8 a 11 de junho de 2011, 
com temperatura ambiente variando de 13 a 28ºC. 
 Foram colocados dentro dos recipientes água, sorgo grão (nos tratamentos 3, 4, 5 e 6) 
e nos tratamentos 4 e 6, foi feita aplicação de ar comprimido constante. A temperatura da água 
foi mantida em 21ºC. Durante o processo de reidratação adicionou-se água para manter a 
lâmina de 2 cm acima dos grãos, porque, com o tempo, havia absorção e evaporação de água 
pelo material avaliado. 
 Considerou-se a altura de 70 cm de sorgo nos recipientes de reconstituição, conforme 
utilizado no experimento de Vieira (2011). Mediu-se o volume de água, antes e depois do 
procedimento e calculou-se a porcentagem de água retida nos grãos após o processo de 
reidratação. 
 Após três dias de reidratação, retirou-se toda a água dos recipientes. Foram escolhidos 
aleatoriamente 100 grãos de sorgo dos tratamentos 3, 4, 5 e 6 e contou-se o total de grãos 
germinados. Consideraram-se grãos germinados aqueles que apresentaram radícula 
emergente, sendo o total expresso em porcentagem. 
 Em seguida, os grãos úmidos foram moídos a 5 mm, em moinho estacionário 
“Thomas-Wiley”, modelo 4 (São Paulo, SP). Os materiais oriundos dos tratamentos 3 e 4 
foram colocados em estufa ventilada a 55ºC por três dias. Os tratamentos 5 e 6, após moídos a 
5 mm, foram ensilados em silos experimentais. Verificou-se que o sorgo ficou preso à parede 
do moinho (Figura 3) e isso dificultou muito o andamento do trabalho, que sugere a 
necessidade de máquinas apropriadas para a moagem de grãos úmidos e não simplesmente 
moinhos de martelo. 
26 
 
 
Figura 3. Sorgo moído úmido em moinho de martelo. Fonte: Arquivo pessoal 
 
 O sorgo grão seco utilizado no tratamento 2 foi moído a 3 mm, em moinho de martelo. 
Logo após, aspergiu-se água sobre o sorgo, misturou-se e ensilou-se o material (Figura 4). 
 
Figura 4. Reidratação do sorgo grão seco. Fonte: Arquivo pessoal 
 
A quantidade de água adicionada para atingir a umidade final desejada (35%) foi 
estimada a partir da Equação 1, de Ferreira (1983), adaptada por Lopes et al. (2005). 
VH2O = [MU x (Uf – Ui)/100 – Uf] / p (Equação 1), 
onde: 
VH2O = Volume de água adicionado, litros. 
MU = Massa do produto úmido, kg. 
Uf = Umidade final , % 
Ui = Umidade inicial, % 
p = massa específica da água, kg/L 
 Seguindo o trabalho de Lopes et al. (2005), adicionou-se excesso de 20% para suprir 
possíveis perdas no processo. 
27 
 
 3.1.5. Ensilagem dos grãos reidratados 
 Foram feitos nove silos de PVC (400 mm x 100 mm) dotado de válvula do tipo 
Bunsen para os tratamentos 2, 5 e 6. De cada processamento foram feitos três silos, 
denominados A, B, C. O material foi previamente pesado, prensado, lacrado e armazenado 
(Figura 5). 
 
Figura 5. Silos experimentais. Fonte: Arquivo pessoal 
 
 Os silos foram abertos 30 dias após a ensilagem do material, mesmo tempo utilizado 
por Vieira (2011). Foram coletados sucos das silagens, sendo o pH imediatamente medido. 
Posteriormente, amostras de cada silo foram pré-secadas em estufa de ventilação forçada a 
55ºC, por três dias. 
 3.2. Digestibilidade in vitro da matéria seca do sorgo grão reconstituído 
 3.2.1. Obtenção e preparo das amostras dos grãos de sorgo 
 Os ensaios de digestibilidade in vitro ocorreram no Campo Experimental José 
Henrique Bruschi, da Embrapa Gado de Leite, localizado em Coronel Pacheco (MG). 
 Utilizaram-se como amostras o material proveniente dos tratamentos descritos no 
Quadro 1. 
 3.2.2. Preparo do meio de fermentação 
 Foram utilizadas três vacas fistuladas no rúmen, que foram adaptadas durante 15 dias à 
dieta de 80% de silagem de milho e 20% de concentrado (base MS) à base de sorgo grão 
moído, farelo de soja e mineral. A coleta de líquido ruminal foi realizada logo pela manhã, 
nesses três animais. 
 No Laboratório de Digestibilidade da Embrapa Gado de Leite (Coronel Pacheco, MG), 
colocou-se a saliva artificial em banho-maria a 42°C, deixando-a borbulhando com dióxido de 
carbono. Em seguida, adicionou-se 1 mL de cloreto de cálcio a 4%. Após filtragem, 
adicionou-se o líquido ruminal à saliva artificial, mantendo-se o borbulhamento com dióxido 
de carbono. 
 Pesou-se 0,5 g das amostras pré secadas provenientes dos tratamentos em tubo de 
vidro, equipado com rolha de borracha e válvula de Bunsen. Adicionaram-se 50 mL da 
mistura nos tubos, que foram transferidos para estufa bacteriológica a 39°C (Figura 6). Cada 
tubo foi agitado duas vezes ao dia, evitando contato do material com a rolha. 
28 
 
Figura 6. Preparação para o processo de fermentação – Fonte: Arquivopessoal. 
 
 No terceiro dia, retiraram-se os tubos da estufa, verificando se havia presença de 
resíduos na parte inferior da rolha. Adicionou-se ácido clorídrico 7,4% e os tubos foram 
agitados. Em seguida, adicionaram-se 2 mL de Solução Pepsina 5% e os tubos, destampados, 
foram recolocados na estufa a 39°C, sendo agitados duas vezes durante o dia. 
 No quinto dia, o material dos tubos foi filtrado em funil de Buckner, com papel-filtro, 
que junto ao resíduo foi colocado em estufa a 105°C por 24 horas. 
 3.2.3. Determinação da digestibilidade in vitro da matéria seca 
 A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi calculada pela seguinte 
fórmula: 
 DIVMS = g de MS da amostra – (g de MS residual – g de MS do branco) 
 g de MS da amostra 
 3.3. Degradabilidade in situ do sorgo grão reconstituído 
 3.3.1. Local 
 O experimento foi realizado no Campo Experimental José Henrique Bruschi, da 
Embrapa Gado de Leite, localizado em Coronel Pacheco (MG). 
3.3.2. Animais 
 Utilizaram-se três vacas não lactantes, fistuladas no rúmen e dotadas de cânulas de 
borracha natural, com 110 mm de diâmetro interno de abertura (Kehl Ind. Com. Ltda., São 
Carlos, SP, Brasil). O peso médio dos animais foi 529,55 + 40,15 kg e o grau de sangue 
variou de 87 a 98% de raça Holandês, respectivamente. As vacas foram vermifugadas no 
início do período de adaptação. 
 3.3.3. Dieta e instalações 
A dieta utilizada para a alimentação das vacas continha 80% de volumoso e 20% de 
concentrado (base MS). O volumoso era silagem de milho com, aproximadamente, 25% de 
matéria seca. Os animais já estavam se alimentando de silagem de milho quando o período de 
adaptação se iniciou. O concentrado foi formulado à base de sorgo grão moído, farelo de soja 
e sal mineral. As dietas foram fornecidas ad libitum (10% de sobras), uma vez ao dia, e 
foram preparadas na forma de mistura completa em vagão misturador semi-automatizado e 
computadorizado (DATARANGER
®
, American Calan Inc., Northewood, NH), sendo o 
consumo individual determinado diariamente em cochos com portões eletrônicos do tipo 
29 
 
calan-gates (American Calan Inc., Northewood, NH, EUA). As sobras eram retiradas e a 
limpeza ocorria todos os dias. Os animais foram alojados em curral free-stall, dispondo de 
bebedouro comum, cocho do tipo calan-gate e cama de areia. O local era limpo uma vez ao 
dia, pela manhã. O período de adaptação à dieta foi de 14 dias e o período de incubação de 
quatro dias, ocorridos no mês de setembro de 2011. 
Composição bromatológica da dieta está descrita na tabela 3. 
Tabela 3. Composição bromatológica da dieta e dos alimentos utilizados, expressa em 
percentual da matéria seca (MS). 
 MS (%) PB AMIDO MM FDN FDA NIDA NIDN 
Dieta total 29,88 9,87 23,00 5,21 61,75 26,90 0,49 0,38 
Silagem de 
Milho 
25,34 8,27 21,52 4,70 70,51 32,31 0,31 0,21 
Concentrado 85,00 19,80 43,84 5,83 20,37 9,00 0,70 0,94 
MS = Matéria Seca; PB = Proteína Bruta; MM = Matéria Mineral; FDN = Fibra detergente 
neutro; FDA = Fibra em Detergente Ácido; NIDA = Nitrogênio Insolúvel em Detergente 
Ácido; NIDN = Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro. 
 
 3.3.4. Ambiente ruminal 
 A fim de descrever o ambiente ruminal, coletou-se suco ruminal nos tempos 0 
(imediatamente antes da alimentação), 2, 4, 8 e 12 h após o fornecimento do alimento. Mediu-
se o pH e coletaram-se 10 mL de suco para posteriores análises de AGV (ácidos graxos 
voláteis). Às amostras para análise de AGV acrescentou-se 2 mL de ácido metafosfórico 20%, 
sendo os materiais posteriormente congelados. 
 3.3.5. Procedimento in situ 
 As amostras utilizadas estão descritas no quadro 1. 
 Pesaram-se 5 g de amostra previamente moída a 2 mm, em cada saco de incubação. Os 
parâmetros de degradação ruminal foram determinados utilizando-se sacos de incubação de 
náilon (10 × 20 cm de dimensão; porosidade de 50μ; 10 a 20 mg de amostra por cm
2
 de área 
de saco), devidamente identificados. Os tempos de incubação foram 0, 2, 4, 6, 12, 24, 48 e 72 
horas. Utilizou-se um saco de náilon para o tempo 0 h, dois para os tempos 2, 4, 6 h e 
triplicata para 12, 24, 48 e 72 horas de incubação. 
 Após a pesagem, os sacos foram colocados em correntes, mergulhados em água 
(temperatura ambiente, 30 min) e incubados no rúmen dos animais, imediatamente antes da 
alimentação dos mesmos. Incubaram-se 108 sacos com amostras em cada vaca. Nos 
respectivos tempos 2, 4, 6, 12, 24, 48 e 72 horas, retiraram-se os sacos, que foram 
mergulhados em balde com água à temperatura ambiente para limpeza inicial e cessar a 
degradação e, em seguida, congelados. 
 O saquinho correspondente ao tempo 0 foi mergulhado em água destilada a 40ºC, em 
banho-maria, por 30 minutos. Em seguida, lavado em água corrente e congelado com os 
demais. Após 24 horas de congelamento, os sacos foram lavados até o clareamento da água. 
Os mesmos foram colocados em estufa de ventilação forçada e após 72 horas, anotaram-se os 
pesos dos sacos contendo os resíduos. 
30 
 
 Os parâmetros de degradação ruminal da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e 
amido foram estimados pelo processo interativo do algoritmo Marquardt, com auxílio do 
procedimento para modelos não lineares (PROC NLIN) do SAS (2002). Os dados de 
degradação parcial de cada tratamento foram ajustados por vaca, segundo a equação descrita 
em Sampaio et al. (1995), obedecendo às premissas apresentadas por Sampaio (1997). 
 Os tempos de colonização (lag-time) foram calculados conforme relatado por Lopes et 
al. (2008) e as degradabilidades efetivas (DE) segundo Ørskov e McDonald (1979), 
utilizando-se taxas de passagem no rúmen de 2, 5 e 8%/h (The Nutrient..., 1984). 
 Modelos de degradação ruminal da MS, MO e amido foram também ajustados (PROC 
NLIN do SAS, 2002) por tratamento, segundo a equação descrita em Sampaio et al. (1995), 
utilizando-se, simultaneamente, as três repetições disponíveis (vacas). 
 3.4. Análises laboratoriais 
 As análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos e no Laboratório 
de Cromatografia da Embrapa Gado de Leite, localizada em Juiz de Fora (MG). 
 As amostras do material oriundo dos tratamentos, da silagem de milho, do concentrado 
e da dieta total foram moídas em moinho de martelo tipo Willey dotado de peneira de malha 
de 1 mm. Realizaram-se análises de matéria seca (MS) a 105ºC e matéria mineral (MM), 
segundo recomendações de Silva e Queiroz (2002). As análises de fibra insolúvel em 
detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), celulose e lignina foram 
realizadas pelo método sequencial proposto por Van Soest et al. (1991). O teor de nitrogênio 
foi determinado pelo método de Kjedhal, sendo a concentração de PB obtida a partir do teor 
de N*6,25; o nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e o nitrogênio insolúvel em 
detergente ácido (NIDA) foram determinados utilizando-se os resíduos de FDN e FDA, 
respectivamente, repetindo-se o processo de determinação do nitrogênio, segundo 
recomendações de Silva e Queiroz (2002). A porcentagem de carboidratos totais (CHT) foi 
obtida pela equação proposta por Sniffen et al. (1992), segundo a fórmula: CHT (%MS) = 100 
– [PB (%MS) + EE (%MS) + CINZAS (%MS)]. A FDN foi corrigida para cinzas e proteína 
(FDNcp). Os carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados pela diferença entre os CHT e 
a FDNcp, de acordo com a fórmula: CNF (%MS) = 100 – Cinzas – EE – FDNcp – PB, 
conforme Detmann & Valadares Filho (2010). 
 Nas amostras provenientes dos tratamentos, cinco frações da proteína bruta foram 
determinadas: A, constituída de compostos nitrogenados não proteicos; B1, por proteínas 
solúveis, rapidamente degradadas no rúmen; B2, proteínas insolúveis, com taxa de 
degradação intermediária e B3, proteína lentamente degradada no rúmen; e fração C, 
constituída de proteínas insolúveis, indigeríveis no rúmen e nosintestinos. A fração A foi 
determinada a partir do tratamento de 0,5 g de amostra com 50 mL de água, por 30 minutos, 
adicionando-se, em seguida, 10 mL de ácido tricloroacético (TCA) a 10% por mais 30 min. A 
seguir, procedeu-se à filtragem da amostra, utilizando-se papel-filtro, dosando-se o N residual 
pelo método kjeldahl. A fração A foi determinada pela diferença entre o teor de N total e o N 
insolúvel em TCA. O N solúvel total foi obtido incubando-se 0,5 g de amostra com 50 mL de 
tampão borato-fosfato (TBF) e 1 mL de azida sódica a 10%. Após três horas de incubação, a 
amostra foi filtrada e o resíduo foi analisado para N insolúvel em TBF. O N solúvel em TBF 
foi determinado pela diferença entre o teor de N total e o N insolúvel em TBF. A fração B1, 
por sua vez, foi determinada pela diferença entre o teor de N solúvel em TBF e o N solúvel 
31 
 
em TCA. A fração B3 foi obtida pela diferença entre o NIDN e o NIDA. A fração C constituiu 
o NIDA e a fração B2 foi determinada pela diferença entre o N insolúvel em TBF e o NIDN 
(Souza et al., 2006). 
 Nas amostras de líquido ruminal foram feitas análises das concentrações dos ácidos 
acético, propiônico e butírico em cromatografia gasosa (Laboratório de Cromatografia da 
Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG). 
Nos resíduos de incubação foram feitas análises de MS a 105ºC, cinzas (CZ) (Silva e 
Queiroz, 2002) e amido. Para determinação da concentração de amido, inicialmente, 
procedeu-se à hidrólise ácida com ácido clorídrico 0,6 M (Passos, 1996). Posteriormente, 
usou-se o kit PAP Liquiform ref. 84 (Labtest Diagnostica S.A., Lagoa Santa, MG) para reagir 
com a glicose livre e formar uma solução de cor vermelha. A leitura foi feita em 
espectrofotômetro (UV-380G, marca Gehaka, São Paulo, SP) com luz de tungstênio. A 
concentração de glicose foi multiplicada por 0,9 para se obter a concentração de amido na 
amostra. A porcentagem de amido (AMI%) foi obtida pela [AMI]/ peso seco da amostra, em 
gramas. 
 3.5. Delineamento experimental e análises estatísticas 
A análise de variância dos parâmetros de degradação ruminal da MS, MO e amido foi 
realizada utilizando-se o procedimento GLM do SAS (2002), considerando-se os efeitos de 
bloco (vaca) e tratamento. Para comparação das médias (α = 0,05) utilizou-se o teste de 
Bonferroni. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com arranjo em 
parcelas subdivididas, sendo os tratamentos alocados nas parcelas e os tempos de incubação 
alocados nas subparcelas. 
 
FONTE DE VARIAÇÃO GRAUS DE LIBERDADE 
TOTAL 17 
TRATAMENTO 5 
BLOCO (ANIMAIS) 2 
ERRO A 10 
TOTAL 143 
TEMPOS 7 
TRATAMENTO X TEMPO 35 
ERRO B 101 
 
 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
 4.1. Grão de sorgo utilizado 
 Os grãos apresentaram boa capacidade germinativa, chamada de energia germinativa, 
sendo a porcentagem de germinação observada de 70%. O conhecimento do percentual de 
germinação é fundamental, pois indica a quebra da dormência da semente. No estudo de 
Balogun et al. (1995), 40% dos grãos germinaram, considerando-se baixa a energia 
32 
 
germinativa dos grãos utilizados. 
 
4.2. Processo de reidratação 
 Durante o processo de reidratação adicionou-se água para manter lâmina de dois cm 
acima dos grãos porque, com o tempo, havia absorção de água pelo material. Após doze 
horas, os grãos dos tratamentos que não tiveram aplicação de ar comprimido (3 e 5), 
aparentemente, atingiram limite próximo ao máximo de reidratação. Os tratamentos com 
aplicação de ar comprimido (4 e 6) atingiram esse limite após 36 horas de reidratação e 
reteram menos água em relação aos demais (Tabela 4). 
 
Tabela 4. Quantidade de água retida após o processo de reidratação 
Tratamento % Água retida 
3 61,66 (Vi = 5,7L; Vf = 2,1) 
4 54,81 ( Vi = 8,3L; Vf = 3,8) 
5 63,40 ( Vi = 5,3L; Vf = 1,9) 
6 55,88 ( Vi = 8,8L; Vf = 3,9) 
Vi = Volume inicial de água; Vf = Volume final de água;Tratamento - 3: Sorgo inteiro 
reidratado por três dias e, em seguida, moído a 5 mm; 4: Sorgo inteiro reidratado por três dias 
com aplicação de ar comprimido, moído a 5 mm; 5: Sorgo inteiro reidratado por três dias, em 
seguida, moído a 5 mm e imediatamente ensilado por 30 dias; 6: Sorgo inteiro reidratado por 
três dias com aplicação de ar comprimido, moído a 5 mm e imediatamente ensilado por 30 
dias. 
 
 Os grãos dos recipientes de reidratação dos tratamentos 3 e 5, que não tiveram 
aplicação de ar comprimido, ficaram compactados e não germinaram. Segundo Popinings 
(1985), a velocidade de absorção de água pelo grão varia com a espécie, permeabilidade do 
tegumento, disponibilidade de água, temperatura, pressão hidrostática, área de contato 
semente/água, forças intermoleculares, composição química e condição fisiológica. Desses 
fatores, destaca-se que a abundante disponibilidade de água propicia ao grão maior velocidade 
de hidratação. Segundo o autor, se as condições forem aeróbias, a emergência da radícula 
ocorre não só precocemente como também a um teor de umidade maior do que quando a 
disponibilidade de água é restrita. Se as condições forem anaeróbias, o excesso de água é 
prejudicial à semente. 
 Após o processamento de três dias de reidratação, consideraram-se grãos germinados 
aqueles que apresentaram radícula emergente (Figura 7) e o total foi expresso em 
porcentagem. Conforme apresentado na Tabela 5, os tratamentos que não utilizaram aplicação 
de ar comprimido (3 e 5) não demonstraram radícula na semente. 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
Tabela 5. Porcentagem de grãos germinados por tratamento 
Tratamento % Germinados 
3 0 
4 66 
5 0 
6 60 
Tratamento - 3: Sorgo inteiro reidratado por três dias e, em seguida, moído a 5 mm; 4: Sorgo 
inteiro reidratado por três dias com aplicação de ar comprimido, moído a 5 mm; 5: Sorgo 
inteiro reidratado por três dias, em seguida, moído a 5 mm e imediatamente ensilado por 30 
dias; 6: Sorgo inteiro reidratado por três dias com aplicação de ar comprimido, moído a 5 mm 
e imediatamente ensilado por 30 dias. 
 
 
Figura 7 – a) Grãos não germinados b) Grãos germinados 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 Segundo Al-Ani et al. (1985), quando a germinação é retardada por hipóxia, a 
contaminação dos grãos por microrganismos torna-se problema sério. Há grupos de grãos que 
são capazes de completar a germinação em baixa pressão de oxigênio, porém não parece ter 
sido o caso do sorgo utilizado neste experimento. O excesso de umidade, em geral, provoca 
decréscimo na germinação, visto que impede a penetração do oxigênio e reduz todo o 
processo respiratório resultante (Nassif et al., 1998). Segundo Popinings (1985), quando o 
grão está em reidratação, o aumento do volume de água no seu interior exerce pressão sobre 
as membranas, gerando, como reação, pressão de igual magnitude e em sentido oposto, 
denominada pressão hidrostática. Esta pressão, atuando sobre a água embebida, aumenta a 
pressão de difusão da mesma, fazendo com que parte se difunda para fora do grão. Assim, a 
velocidade de absorção de água é inversamente proporcional à pressão hidrostática que se 
desenvolve no interior do grão submetido ao processo de reidratação, e à quantidade de água 
já absorvida. 
 Balogun et al. (1995) consideraram que o tratamento anaeróbio ou a reconstituição 
34 
 
melhorou a fermentação ou a degradação de sorgo no rúmen somente quando havia 
tratamento aeróbio anterior. Isso demonstra que a germinação pode fornecer substratos 
prontamente disponíveis, necessários para a atividade microbiana durante a fase de 
armazenamento anaeróbio. 
 Vieira (2011) observou que a cobertura total do grão pela água pode ter prejudicado o 
processo de germinação, pois no experimento realizado por esse autor poucos grãos 
apresentaram radículas. Porém, o autor ressaltou que houve dificuldade em manter o grão do 
sorgo inteiro úmido sem que o mesmo fosse

Continue navegando

Outros materiais