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Módulo 11 - Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Intelectual

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Curso de Educação Especial    |   Módulo XI   
DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Hoje em dia cada vez mais se está substituindo o 
adjetivo “mental” por “intelectual”. 
A Organização Pan‐Americana da Saúde e a 
Organização Mundial da Saúde realizaram um evento 
( l B il ti i ) M t l C dá(no qual o Brasil participou) em Montreal, Canadá, 
em outubro de 2004, evento esse que aprovou o 
documento DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE 
DEFICIÊNCIA INTELECTUALDEFICIÊNCIA INTELECTUAL. 
Esse é só um exemplo do porque da utilização do 
termo deficiência intelectual em detrimento dotermo deficiência intelectual em detrimento do 
termo deficiência mental. Todavia, ao longo do curso 
poderemos nos valer do termo deficiência mental 
para nos referirmos a deficiência intelectual, hajapara nos referirmos a deficiência intelectual, haja 
vista que grande parte da literatura ainda utiliza o 
termo “deficiência mental”
Módulo XI – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Intelectual
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DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
A concepção de deficiência intelectual tem, ao longo da história do comportamento humano,
passado por mudanças profundas. Somente, a partir do final do século XVIII, é que educadores e
pedagogos passaram a se preocupar com a deficiência intelectual, pois, durante muito tempo (um
século e meio) este era um problema que caberia, quase que exclusivamente, à medicina, dar as
respostas.
Na perspectiva médica a “oligofrenia” (em grego: pouca mente) era diagnosticada por um conjuntoNa perspectiva médica, a oligofrenia (em grego: pouca mente) era diagnosticada por um conjunto
de sintomas presentes em um grupo amplo e heterogêneo de anomalias com etiologia variada ‐ e às
vezes, presumida, mais que desconhecida ‐, mas com um elemento comum: o de apresentar déficits
irreversíveis na atividade mental superior. Nessa perspectiva, a única intervenção possível erairreversíveis na atividade mental superior. Nessa perspectiva, a única intervenção possível era
prevenir, a rigor, nem curar e nem sequer tratar.(Coll e colaboradores, 2004, p.193).
Essa concepção predominou durante muito tempo, fazendo com que durante décadas e décadas
muitas crianças fossem consideradas incapazes de aprender, portanto, de freqüentar a escola
regular.
N é l XIX ã d d fi iê i i id d d t iNo século XIX, essa compreensão da deficiência como incapacidade, que por sua vez determinava a
não escolarização de muitas crianças, foi reforçada pela psicometria ou “ medição da inteligência”,
cujos testes como os do francês Binet, reforçaram a diferenças entre as crianças, classificando‐as
entre capazes e incapazes de se beneficiarem da educação escolar
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entre capazes e incapazes de se beneficiarem da educação escolar.
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Você deve estar, neste momento, se lembrando dos 
estudos realizados no seu curso de formação de 
professores dos conceitos de idade mental, 
quociente intelectual, idade mental, idade 
cronológica, conceitos esses da psicometria e que, do 
t d i t d i l it iliponto de vista educacional, muito pouco auxiliavam 
na definição do que se deveria fazer, como educar, 
como reabilitar as pessoas com deficiência mental.
Psicometria: conjunto
de técnicas utilizadas
para mensurar de formapara mensurar, de forma
adequada e comprovada
experimentalmente, um
conjunto ou uma gama
de comportamentosde comportamentos
que se deseja conhecer
melhor.
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Coll (2004) explica que, em termos psicométricos, se considera deficiência mental o grau de capacidade
que, em uma distribuição normal da inteligência (no sentido estatístico), em uma determinada população,
encontram‐se dois desvios típicos abaixo da média. A classificação psicométrica, adotada e mantida pela
O i ã M di l d S úd OMS it l d Q i t I t l t l QI b i d 70Organização Mundial da Saúde ‐ OMS, situa‐se em valores de Quociente Intelectual‐QI abaixo de 70.
Assim, cada desvio típico mais abaixo que se acrescenta, dá lugar a classificação típica da deficiência
mental, conforme o quadro seguinte: Deficiência Mental Leve: QI 55 a 70; Deficiência Mental Moderada:, q g f Q ; f
QI 40 a 55: Deficiência Mental Séria: QI 25 a 40; e Deficiência Mental Profunda: QI abaixo de 25.
O Quociente Intelectual‐QI era visto como imutável pela psicometria. Contudo, ao começarem a aparecer
d did t t d i l ó ti ô b f t id d derros de medida nos testes, o que poderia levar a prognósticos errôneos sobre a futura capacidade da
criança, o desenvolvimento de programas do tipo “ensinar a pensar”, começaram a mostrar que o QI não
era tão imutável como se supunha.Também passou a sofrer críticas por seu caráter ideológico, pois, era
favorável às competências próprias das classes sociais altas ou médias e, porque não proporcionavap p p , p q p p
elementos acerca do que poderia ser feito em termos de educação das pessoas com deficiência.
Atualmente, dois são os enfoques predominantes sobre a deficiência mental: um conceito funcional,
centrado no funcionamento adaptativo da pessoa com deficiência nas atividades da vida diária e ocentrado no funcionamento adaptativo da pessoa com deficiência nas atividades da vida diária e o
outro, analisado dentro do marco da psicologia cognitiva.
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O primeiro enfoque coincidiu com o auge do behaviorismo, sendo portanto, a
deficiência mental analisada, a partir dos pressupostos behavioristas, e tendo
predominado ao longo dos anos 70, em muitos setores profissionais.
O behaviorismo não fala de deficiência ou atraso mental, mas de conduta
atrasada; recusa todo tipo de rótulos meramente descritivos e centraliza seu
interesse nas técnicas eficazes, para criar repertórios de aprendizagens mais
completos. Acreditava‐se que era possível modificar a conduta, os hábitos
aprendidos, o nível de rendimento e a qualidade da execução das diferentes
áreas, tanto escolares, quanto da vida diária, a partir da modificação das
experiências, dos estímulos (Coll, 2004, p.195).
Behaviorismo:conjunto de teorias psicológicas que
estudam o comportamento humano, considerado o
ú i bj t d t d d P i l iúnico objeto de estudo da Psicologia
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Um outro conceito funcional, proposto em 1992 (Association American on Mental Retardion,
Estados Unidos) explica que “a deficiência mental refere‐se a limitações substanciais no
desenvolvimento corrente. Caracteriza‐se por um funcionamento intelectual significativamente
inferior à média, que ocorre juntamente com limitações associadas em duas ou mais das seguintes
áreas de habilidades adaptativas possíveis: comunicação, cuidado pessoal, vida doméstica,
habilidades sociais, utilização da comunidade, autogoverno, saúde e segurança, habilidades
acadêmicas funcionais lazer e trabalho A deficiência mental manifesta se antes dos 18 anos” (Collacadêmicas funcionais, lazer e trabalho. A deficiência mental manifesta‐se antes dos 18 anos (Coll,
2004).
Coll analisa essas concepções como delimitadora do que se entende por deficiência mental, deslocaColl analisa essas concepções como delimitadora do que se entende por deficiência mental, desloca
a ênfase do “intelectual” ou cognitivo para o adaptativo e funcional, contudo é uma delimitação
difusa, ou seja, os limites entre deficiência mental propriamentedita e outras categorias, como a de
atraso evolutivo ou dificuldades gerais de aprendizagem, não são nítidos. São como diz Coll (2004)
“fronteiras móveis e mal definidas, de modo, que apenas o desenvolvimento da pessoa e sua
resposta à intervenção educativa permite, com o tempo, discernir a deficiência mental permanente
de outros possíveis atrasos e/ou dificuldades de caráter transitório ou menos generalizado”.
O outro enfoque da deficiência mental, e que é mais aceito hoje, é o que compreende as teorias da
deficiência mental como sendo teorias da inteligência e, ao mesmo tempo, do pensamento.
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Como teoria cognitiva, a inteligência é associada à aprendizagem e ambas relacionadas com a
deficiência mental. Inteligência e deficiência não são definidas em si mesmas ou por si
mesmas, mas em termos relacionais, em relação à instrução e às condições em que esta se
produz; e, também diferem do enfoque anterior, no sentido de que indica o que fazer ou como
fazer, como proceder com as pessoas que apresentam menor capacidade, proporcionando a
elas condições melhores de instrução (Coll, 2004).
A partir do enfoque cognitivo, a pessoa com deficiência mental passa a ser vista como tendo
dificuldades especiais em adquirir conhecimentos, dificuldades que têm a ver com todos os
processos cognitivos e os parâmetros de inteligência, mas o déficit básico da deficiência
mental encontra‐se nas estratégias gerais de aprendizagem, de manejo da experiência.
D i i t ã t t t d d fi iê i d á l i t ã dDessa maneira, a intervenção no tratamento da deficiência se dará pela instauração de
estratégias de aprendizagem. Compreende‐se, portanto, que a mente humana se desenvolve
em função de sua própria história e de sua experiência, e que mesmo os componentes não tão
facilmente modificáveis os de capacidades podem ser ampliados como conseqüência de umafacilmente modificáveis, os de capacidades, podem ser ampliados como conseqüência de uma
melhoria das estratégias. (Coll, 2004).
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A Personalidade dos Sujeitos com Deficiência Intelectual
Pesquisas realizadas por Coll e colaboradores constataram que as pessoas com deficiência
mental apresentam outros traços além dos associados a sua limitação intelectual tais como as
A Personalidade dos Sujeitos com Deficiência Intelectual
mental apresentam outros traços, além dos associados a sua limitação intelectual, tais como as
relacionadas à personalidade. As pessoas com deficiência mental pesquisadas apresentaram
como traço mais visível a rigidez comportamental, ou seja, são capazes de ficar muito mais
tempo que outras pessoas em uma determinada tarefa, por mais repetitiva que seja. Isso setempo que outras pessoas em uma determinada tarefa, por mais repetitiva que seja. Isso se
explica, porque, sendo a inteligência considerada como a capacidade de adaptação a situações
novas, a pessoa com baixa capacidade intelectual encontra maiores dificuldades nessa
adaptação, experimentando, conseqüentemente mais insegurança e ansiedade diante de umap ç p q g ç
situação nova.
Coll (2004) chama nossa atenção para o fato de que, embora essa capacidade coloque a
pessoa com deficiência mental com vantagens para trabalhos rotineiros, no que refere à
educação, não favorece o seu desenvolvimento pessoal. Por isso, os(as) professores(as) devem
aproveitar essa capacidade, porém, apresentando o novo em dozes razoáveis, para que possa
ser aceito pelo indivíduo concreto sem que seu equilíbrio emocional seja perturbado.
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A Personalidade dos Sujeitos com Deficiência Intelectual
Outro aspecto importante observado nas pessoas com deficiência mental é sua dependência afetiva e
comportamental com outras pessoas. Quando pequena, a criança com deficiência mental constrói um
A Personalidade dos Sujeitos com Deficiência Intelectual
p p p q , ç
vínculo, inicialmente com a mãe, e depois com outras pessoas adultas que a protegem, que tem um alto
valor para a sua sobrevivência e desempenha um importante papel na sua evolução. Esse vínculo se
transforma ao longo do desenvolvimento do ser humano e apresenta outras formas na idade adulta,
if t d d d i d l t i i f ti d t id dmanifestando‐se de modos variados, geralmente, mais infantis que os correspondentes a sua idade
cronológica.
Essas pessoas são muito dependentes em seus comportamentos, em suas relações, em seus afetos.
Possuem baixas expectativas com relação à própria eficiência, quanto ao predomínio de atribuições dep ç p p , q p ç
causalidade externas. Acreditam que o que lhes acontece e o que acontece, o que ocorreu no passado e o
que ocorrerá no futuro estão fora de suas mãos e de seu controle, e que dependem de outras pessoas ou
de fatores do destino (Coll, 2004).
As pesquisas também demonstram que tal qual a criança, o sujeito com deficiência tem grande
dificuldade, para prorrogar o esforço e para agir movido por incentivos distantes, por isso, recomendam a
aplicação imediata do reforço às condutas que se deseja que sejam implementadas.p ç ç q j q j p
Outras características atribuídas às pessoas com deficiência são a baixa auto‐estima e a grande
instabilidade emocional, que Coll (2004) considera que são traços aprendidos, muitos dependentes das
experiências vividas e do modo como são tratadas
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experiências vividas e do modo como são tratadas.
Essas características não devem ser generalizadas, mas deve‐se considerar a singularidade de cada sujeito.
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Etiologia
Em medicina, o vocábulo significa o estudo que busca saber da origem, da causa de uma determinada
doença.Assim dizemos que o aparecimento da deficiência mental possui uma etiologia variada, ou seja,
Etiologia
ç q p p g , j ,
procedem de diversas causas, tendo sido comumente dividida em duas grandes categorias: a deficiência de
origem biológica e a de origem ambiental, psicossocial. Outra distinção clássica era a das causas, pré‐peri e
pós‐natais, conforme ocorressem antes, durante ou depois do nascimento, contudo essas distinções não
d à lid d (C ll 2004) E t d i di d fi iê i t l é d id á icorrespondem à realidade (Coll, 2004).Estudos indicam que a deficiência mental é produzida por vários
fatores, pode ser decorrente da interação e/ou da acumulação de vários fatores, biológicos ou
psicossociais.
As causas concretas da deficiência mental são também bastante variadas. Em certas situações, dependem
principalmente de circunstâncias sanitárias, sobretudo, na gravidez e no parto, e muitas vezes também de
causas sociais.
O caso mais típico em que a incidência é praticamente a mesma em sociedades distintas é o da Síndrome
de Down, cuja freqüência média é de, aproximadamente, 01 em cada 600 nascimentos, mas mesmo assim,
a taxa varia muito, conforme a idade da mãe e, eventualmente também a do pai. A taxa é mais alta emp
mulheres muito jovens, abaixo de 18 anos, e, sobretudo, nas mães acima de 30 anos, idade em que a taxa
aumenta em progressão geométrica junto com os anos (Coll, 2004).
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A AvaliaçãoA Avaliação.
Não se trata de apenas identificar ou definir a 
natureza, os graus, a etiologia, as características da 
deficiência mental como tal, em sua generalidade,mas a sua identificação, a sua gravidade, em 
relação aos traços e ao perfil de um sujeito 
tconcreto.
É necessário que se avalie, para intervir e não 
apenas, para constatar. A avaliação deve ao mesmo 
tempo avaliar o potencial da pessoa comtempo avaliar o potencial da pessoa com 
deficiência e o programa de instrução ou de ensino, 
em diferentes momentos e com diferentes 
objetivos É necessário e possível avaliar os déficitsobjetivos. É necessário e possível avaliar os déficits 
físicos, orgânicos, neurológicos, sensoriais e 
motores, perfeitamente identificáveis, muitas vezes 
associados à deficiência mental. Essa avaliaçãoassociados à deficiência mental. Essa avaliação 
compete ao especialista ‐ neurologista, reabilitador, 
otorrino, etc, que estabelecerá um diagnóstico 
acerca das capacidades, limitações ou disfunções 
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p , ç ç
da pessoa.
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A AvaliaçãoA Avaliação.
No âmbito escolar, deve‐se fazer a avaliação de 
caráter educacional ou curricular, na qual se 
constatará a aquisição por parte do aluno daqueles 
conhecimentos, competências e capacidades que 
constituem o currículo. Quem deve fazer essa 
li ã é ( ) f ( ) i í i ã éavaliação é o(a) professor(a) e, em princípio, não é 
diferente da que ele faz com as outras crianças, 
sem outras particularidade que não aquelas que 
decorrem da adaptação dos critérios de avaliaçãodecorrem da adaptação dos critérios de avaliação 
pertinentes.(Coll, 2004).
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A avaliação
Coll (2004) indica também que deve ser feita a avaliação daquelas capacidades adaptativas
básicas consideradas constitutivas ou descritivas da deficiência mental através da utilização
A avaliação
básicas, consideradas constitutivas ou descritivas da deficiência mental, através da utilização
prudente e bem orientada dos clássicos testes de inteligência geral ou de aptidões concretas,
com os quais se tentou medir o hipotético quociente intelectual ou, de maneira geral, o nível
de capacidades básicas de ordem diversa: de discriminação, de associação, de abstração, dede capacidades básicas de ordem diversa: de discriminação, de associação, de abstração, de
raciocínio, etc. Explica que o nível da prova esteja de acordo com o sujeito a ser avaliado e ele
deve pelo menos, compreender o sentido das tarefas que a prova propõe.
De acordo com Coll, (2004) em geral, todos os testes ou provas de capacidade intelectual e/ou
de aptidões específicas são próprios, para avaliar a deficiência mental, sendo em princípio, os
mais aptos, os mais livres de influências culturais e, portanto, mais livres de influências
educativas. São úteis, as provas clássicas de capacidade, ou repertórios cognitivos, como as
escalas de Wechsler, o teste de Aptidões Primárias (PMA); ou os mais recentes, como o Teste
de Habilidade de Sternberg, que reponde a um modelo de inteligência; ou também, aqueles
inspirados no modelo evolutivo de Piaget.
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A avaliação
Também é importante avaliar o comportamento adaptativo.Em todo caso,
diz Coll (2004 p 2004) “é preciso destacar que a qualificação de uma criança
A avaliação
diz Coll (2004, p. 2004) é preciso destacar que a qualificação de uma criança
como” aluno com deficiência mental” não pode ser feita em caráter
definitivo. Não apenas a avaliação contínua ‐ subtende‐se ‐ da aprendizagem,
t bé li ã d id d bá i tá j it i ãmas também a avaliação de capacidades básicas está sujeita a revisão, o que
deve ser feito de modo sistemático de tempos em tempos, pelo menos no
início da escolarização, como na mudança de escola ou na passagem de um
Éciclo para outro. É uma avaliação que deve sempre ser feia com a finalidade
principal de orientação educativa.”.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
A intervenção em pessoas com deficiência mental deve ter 
lugar em âmbitos variados, e visam ao desenvolvimento 
de capacidades básicas próprias do ser humano, como por 
exemplo: vestir‐se, comer sem ajuda, controlar os 
fí i j i h úbli desfíncteres ou viajar sozinho em transporte público, poder 
comunicar‐se com os outros, poder assegurar seu 
alimento e outros bens necessários, identificar riscos mais 
com ns da ida e desempenhar se em face deles ocomuns da vida e desempenhar‐se em face deles ou 
relacionar‐se sexualmente de modo satisfatório.
As crianças com deficiência não serão sempre criançasAs crianças com deficiência não serão sempre crianças, 
mas é preciso procurar estabelecer nelas comportamentos 
e hábitos de autonomia próprios das crianças, base para 
qualquer outra autonomia e independência (Coll 2004)qualquer outra autonomia e independência (Coll, 2004).
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Esses tipos de aprendizagens elementares, na sua maioria 
adquiridas em casa pelas crianças tidas como normais de 
modo casual, sem necessidade de ensino metódico por 
parte dos pais, são as que as crianças com deficiência  
l i i i fmental necessitam, tanto mais quanto maior for seu 
déficit. Elas precisam ser instruídas metodicamente, e com 
certeza, não apenas em casa, mas também na escola. Essa 
aprendi agem pode ser incenti ada pela obser ação e/oaprendizagem pode ser incentivada pela observação e/ou 
imitação e mediante outros reforços.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Alguns princípios e/ou regras que devem ser observadas 
na intervenção educativa com pessoas com deficiência, 
indicados por Coll (2004, p. 206‐7) são:
h b í l d tê i d d j it• conhecer bem o nível de competência de cada sujeito
em um determinado âmbito de tarefas antes de propô‐las e de
fazê‐lo enfrentar outras;
• é imprescindível um ensino gradual, passo a passo. Osp g , p p
sujeitos com deficiência dificilmente aprendem mais de uma coisa
ao mesmo tempo.A análise minuciosa das tarefas, de seu nível de
dificuldade e também da seqüência de atividades que se compõe
ti id d l é di ã é i t té iuma atividade complexa é condição prévia para a estratégia
gradual;
• A instrução mais completa que as pessoas com
deficiência necessitam é obtida, entre outros meios, graças à, , g ç
ampla utilização de um princípio de redundância: ensinar de
diferentes formas, com variados exemplos, por meio de canais
sensoriais e de ações distintas, introduzindo também, variações na
ã d t f
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consecução das tarefas;
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Alguns princípios e/ou regras que devem ser observadas 
na intervenção educativa com pessoas com deficiência, 
indicados por Coll (2004, p. 206‐7) são:
É i t t bé ti ã lidã• É conveniente também, a repetição, a consolidação e a
lembrança do já adquirido, o que, por outro lado, está bem de
acordo com a aspiração dessas pessoas a um ambiente estável,
seguro, previsível;g , p ;
• O nível de complexidade e/ou de dificuldade
aconselhável em cada momento é o imediatamente superior ao
dominado e consolidado no momento, acessível, mas desafiador
di tí l i l i d dipara o aprendiz, e suscetível inclusive de uma aprendizagem sem
erros;
• Do mesmo modo que as demais pessoas, aquelas que
têm deficiência mental aprendem sem necessidade de terp
consciência disso, mas aprendem melhor, com menos erros, mais
depressa, com “sobreaprendizagem”, quando o fazem conscientes
dos procedimentos que utilizam e quando “monitoram” seu
lt d é í l í i d
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processo e seus resultados, o que é possível em níveis de
deficiência leve e, inclusive, moderada.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Esses princípios gerais indicados anteriormente são 
também válidos para um modo particular de intervenção, 
que é a educação que se produz na escola.Todavia, se faz 
necessário outro nível de intervenção educativa para 
ibili i d fi iê i lpossibilitar a criança com deficiência mental uma 
educação que lhe possibilite incrementar seu potencial 
cognitivo e não apenas o afetivo e o relacional, e com isso, 
config re s a identidade e a mat ração pessoal de acordoconfigure sua identidade e a maturação pessoal de acordo 
com suas possibilidades.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Contrariamente ao que até então vinha se efetivando em termos de educação da criança com
deficiência mental hoje é preciso que “se pense mais em que resposta educativa é preciso
A Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
deficiência mental, hoje, é preciso que se pense mais em que resposta educativa é preciso
dar, que estratégias de atuação educativa são necessárias, que desenvolvimento e quais
adaptações curriculares, ou seja, é preciso que se volte nossa atenção para as questões
relativas mais ao ensinar, mais do que aprender” (Coll, 2004).relativas mais ao ensinar, mais do que aprender (Coll, 2004).
Assim, “no lugar de se falar de dificuldades dos alunos, ou, além disso, fale‐se de dificuldades
de seu ensino. Além disso, trata‐se de enfocar a atividade educacional não tanto em torno def
dificuldades, as de aprender e ensinar, fazendo com que o peso da atenção recaia sobre a
dificuldade, mas em torno de um conjunto de práticas e modos de intervenção dirigidos a
superá‐las. Trata‐se de mudar o enfoque, não centrando mais no aspecto negativo das
dificuldades, mas no positivo dos programas, das práticas, das estratégias didáticas e da
educação específica que é preciso oferecer aos alunos” (Coll, 2004, p.209).
Módulo XI – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Intelectual
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DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Vamos ver agora o que você, na qualidade de professor, 
pode fazer:
Primeiramente não se esqueça de que é muito difícil um 
di ó ti d d fi iê i t l i i idiagnóstico da deficiência mental, pois, os sinais que a 
criança apresenta podem ser indicativos de problemas de 
outra ordem, sobretudo emocionais, por exemplo. 
Somente com um diagnóstico feito por uma equipeSomente com um diagnóstico feito por uma equipe 
multiprofissional, composta por psicólogo, médico, 
professor(a) e outros especialistas que atuam em 
conjunto tem condições de avaliar a criança na suaconjunto, tem condições de avaliar a criança na sua 
totalidade.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
O(a) professor(a) não pode se deixar levar pelos  mitos 
sobre a deficiência mental tais como: “toda pessoa com 
deficiência mental é doente”; “pessoas com deficiência 
mental morrem cedo, devido a “graves” e 
“i á i ” bl d úd ”““incontornáveis” problemas de saúde”“; pessoas com 
deficiência mental precisam usar remédios controlados”; 
“pessoas com deficiência mental são agressivas e 
perigosas o dóceis e cordatas” “Pessoas com deficiênciaperigosas, ou dóceis e cordatas”; “Pessoas com deficiência 
mental são generalizadamente incompetentes”; “existe 
um culpado pela condição de deficiência”; “Pessoas com 
deficiência mental só estão “bem” com seus “iguais”;deficiência mental só estão  bem  com seus  iguais ; 
“Para o aluno com deficiência mental, a escola é apenas 
um lugar para exercer alguma ocupação fora de casa”.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
O(a) professor(a) verdadeiramente interessado(a) pela educação 
d i b h i b d fi iê i ldessas crianças busca conhecimentos sobre a deficiência mental, 
para poder compreender o problema e melhor ajudá‐las. Quando 
tem consciência de que está diante de aluno que esteja 
mostrando algum sinal indicativo de que possa estar com algum g q p g
problema de ordem mental, deve orientar os pais para que 
procurem profissionais especializados, para avaliar a situação da 
criança. 
Não subestime a inteligência das crianças com deficiência mental. 
Encoraje‐as a participar, a expressar suas opiniões. Não 
superproteja, deixe que elas façam ou tentem fazer sozinhas tudo p p j , q ç
o que puderem. Ajude apenas, quando for necessário. Valorize 
mais o processo do que o resultado, mas não ignore os 
resultados, pois, eles também devem ser esperados e cobrados 
d l d fi iê i t l P ti i ãdos alunos com deficiência mental. Promova a participação em 
atividades estimulantes e diversificadas; respeite as preferências, 
os gostos, as decisões das crianças com deficiência mental.
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Vamos ver alguns indicadores de Cultura, Política e Prática para a 
F íliFamília:
• A escola é acolhedora e agradável para os pais e/ou 
responsáveis;p ;
• A escola procura ativamente meios, para interagir com 
os  pais e/ou responsáveis;
• A escola procura ativamente interagir com os pais e/ou 
á i d l tê id d i iresponsáveis de alunos que têm necessidades especiais;
• Os(as) professores(as) conhecem individualmente  a 
família e a história de cada um de seus alunos;
• Os pais e/ou responsáveis pelos alunos participam da p / p p p p
gestão da escola;
• Os pais e/ou responsáveis pelos alunos têm 
representantes nas instâncias de decisão da escola;
A l i i i b d• A escola possui mecanismos, para ouvir os membros da 
família (cotidianamente);
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Vamos ver alguns indicadoresde Cultura, Política e Prática para a 
F íliFamília:
• Os pais e/ou responsáveis sabem a quem procurar, 
quando há um problema;q p ;
• Os pais e/ou responsáveis têm acesso à escola e ao 
prédio da escola em qualquer horário;
• Os pais e/ou responsáveis contribuem voluntariamente 
t ã d lpara a manutenção da escola;
• Os pais e/ou responsáveis realizam voluntariamente 
atividades com os alunos;
• Os pais e/ou responsáveis são tratados  e tratam uns p / p
aos outros com respeito e dignidade;
• Os pais e/ou responsáveis conhecem os colegas de seus 
filhos;
A l li ti id d i i i i• A escola realiza atividades sociais nas quais os  pais 
e/ou responsáveis são convidados a participar ativamente;
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A Intervenção em Pessoas com Deficiência IntelectualA Intervenção em Pessoas com Deficiência Intelectual
Vamos ver alguns indicadores de Cultura, Política e Prática para a 
F íliFamília:
• Os pais e/ou responsáveis são chamados para receber
notícias sobre o sucesso de seus filhos;;
• A escola realiza atividades culturais e desportivas nas
quais os pais/responsáveis são convidados a participar
ativamente;
A l li ti id d dê i i i• A escola realiza atividades acadêmicas nas quais os pais
e/ou responsáveis são convidados a participar ativamente.(Ferreira
e Martins, 2007, p.99‐100).
Para finalizar este módulo vamos a uma atividade.
Você já lecionou para turmas de crianças na qual havia algum 
l ( ) d fi iê i t l? C f i áti ? Qaluno(a) com deficiência mental? Como foi sua prática? Que 
dificuldades você apontaria como impeditivas para o ensino da 
criança com deficiência mental?
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