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CAPÍTULO 3 - REDES ESPECÍFICAS DE ATENÇÃO A SAUDE

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
CAPÍTULO 3 - REDES ESPECÍFICAS DE 
ATENÇÃO À SAÚDE
Marina da Silva Sanes
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Introdução
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde do Brasil se concentrou na implantação das redes temáticas de atenção
à saúde e no fortalecimento da Atenção Básica, entendendo que a instituição das Redes de Atenção à Saúde
(RAS) representa um avanço na organização do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de evidências existentes
sobre o custo e a efetividade da implantação das RAS, há ainda a conexão desta com um dos princípios
doutrinários do SUS, o da integralidade, que se dá pela articulação das redes nos diversos territórios,
construindo as regiões de saúde e garantindo ao usuário acesso aos diversos níveis de complexidade.
Entre os princípios do SUS, destacam-se, além da integralidade, a universalidade e a equidade. Esta, segundo
Paim (2009, p. 30), é a “[...] possibilidade de atender desigualmente os que são desiguais, priorizando os que
mais necessitam para que se possa alcançar a igualdade”. Já a universalidade é compreendida como a
possibilidade de que qualquer pessoa receba a assistência à saúde sem qualquer tipo de discriminação (PAIM,
2009).
Para compreender o motivo da decisão do Ministério da Saúde em criar as redes temáticas, é importante
entender, ainda, o que é a tripla carga de doenças. Você sabe a que se refere esse conceito? E quais são essas
redes, afinal? Nesta unidade, você poderá responder a essas e outras perguntas, compreendendo as
especificidades existentes nessas redes e o que motivou sua criação. Bons estudos!
3.1 Redes de Atenção à Saúde de Pessoa com Doenças 
Crônicas não Transmissíveis
Uma das RAS criadas pelo Ministério da Saúde é aquela voltada a pessoas com doenças crônicas não
transmissíveis. Mas você sabe o porquê dessas doenças merecerem destaque nas políticas públicas de saúde? A
situação de saúde no Brasil tem passado por uma transição demográfica acelerada, com um aumento na
expectativa de vida desde os anos 2000 — especialmente entre 2000 e 2015 — em cinco anos (WHO, 2017).
Esse aumento pode ser explicado pelos avanços científico e tecnológico, assim como por uma melhora da saúde
pública ao longo dos últimos anos (WHO, 2017). Soma-se a isso, ainda, a redução perceptível da natalidade, o que
aponta para um maior envelhecimento da população (OMS, 2015).
Apesar dessas melhoras, no Brasil, ainda se mantém um histórico de doenças infecciosas e relacionadas à
pobreza, além de uma carga importante de causas externas, como a violência. Estas, somadas à presença
marcante das doenças crônicas e de seus fatores de risco, formam o que chamamos de “tripla carga de doenças”.
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Figura 1 - Tripla carga de doenças.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em MENDES, 2011.
Quando mencionamos as doenças crônicas, percebemos que esta tem relação direta com fatores de risco que,
por vezes, são evitáveis, a exemplo do sedentarismo, do sobrepeso, do uso de tabaco e do uso e abuso de álcool.
O Ministério da Saúde tem percebido essa relação e, na Política Nacional de Atenção Básica, lançou mão de
recursos como o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e o Programa Academia da Saúde, que trazem
profissionais de saúde não incluídos nas equipes mínimas de saúde da família, como nutricionistas, profissionais
de educação física, psicólogo, entre outros. Com isso, amplia-se o escopo de atuação da Atenção Básica, de modo
a ofertar um cuidado que traga maior qualidade de vida aos cidadãos (BRASIL, 2011b).
Para Campos (2007), o campo da saúde coletiva visa ofertar políticas de saúde por entender que o usuário, como
cidadão, deve ter a garantia de seus direitos, mas também o percebe como sujeito crítico, tendo este a autonomia
para decidir sobre o seu modo de viver, aceitando ou não, portanto, os recursos disponibilizados.
- -4
3.1.1 Doenças crônicas, o que são?
Conforme a Portaria n. 483, de 1º de abril de 2014, consideram-se doenças crônicas “[...] as que apresentam
início gradual, com duração longa ou incerta, que, em geral, apresentam múltiplas causas e cujo tratamento
envolva mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, não leva à cura”
(BRASIL, 2014a). Conheça mais sobre as doenças crônicas clicando a seguir:
Principais doenças
Em decorrência da mudança demográfica anteriormente apresentada, as doenças/condições crônicas têm se
tornado mais expressivas no perfil epidemiológico brasileiro. Entre as principais doenças/condições crônicas,
estão as doenças cardiovasculares, o câncer, o diabetes distúrbios mentais de longo prazo, deficiênciasmellitus,
físicas e estruturais contínuas (amputações, cegueira) e doenças metabólicas (MENDES, 2011).
Causas, evolução e prognóstico
Em geral, essas doenças/condições estão relacionadas a múltiplas causas, incluindo hereditariedade, estilos de
vida e exposição a fatores ambientais e a fatores fisiológicos. Possuem início lento e gradual e evolução
diretamente relacionada aos hábitos de vida. Além disso, por terem prognóstico incerto, possuem duração
desconhecida. O curso da patologia pode se alterar ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização,
podendo gerar, inclusive, invalidez.
Acompanhamento e tratamento
Para o correto acompanhamento, controle e tratamento das condições crônicas, é preciso considerar não apenas
o momento crítico em que existe a agudização da patologia, mas também mudanças que tragam alterações a
longo prazo. Assim, é preciso pensar na integralidade da assistência. Para se garantir essa integralidade, é
necessário perpassar pelo uso das tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida,
em um processo de cuidado contínuo.
Desse modo, para se garantir uma assistência de qualidade, nem sempre é necessário fazer uso de tecnologias
duras, como usualmente se imagina. O acolhimento e a escuta qualificada, por exemplo, considerados tecnologias
leves, também devem estar presentes nas práticas cotidianas dos profissionais de saúde, sendo fundamentais
para que ocorra o vínculo tão necessário entre esses profissionais e as pessoas que buscam por assistência.
VOCÊ SABIA?
Tecnologia dura, leve-dura e leve é como Merhy (1997) classifica as tecnologias envolvidas no
trabalho em saúde. A leve refere-se às tecnologias de relações do tipo produção de vínculo,
estímulo da autonomia, acolhimento e a gestão como uma forma de governar processos de
trabalho. A leve-dura diz respeito aos saberes mais específicos e elaborados, como a clínica
médica, a clínica psicanalítica ou a epidemiologia. Por fim, a dura está baseada na utilização de
equipamentos tecnológicos, como máquinas, normas e estruturas organizacionais.
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3.1.2 Por que criar uma rede de atenção às pessoas com doenças crônicas 
não transmissíveis no SUS?
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são a principal causa de mortalidade na maioria dos países do
mundo, inclusive no Brasil. Em 2013, observou-se que 72,6% do total de óbitos registrados no país foram por
DCNTs e, dentre esses, 79,4% foram devido às quatro principais DCNTs: doenças cardiovasculares, neoplasias,
doenças respiratórias crônicas e diabetes (BRASIL, 2014b), cujos percentuais podem ser observados namellitus
figura a seguir.
Figura 2 - Distribuição dos óbitos por causas, corrigidos por grupo, dentro do total de óbitos por DCNTs no 
Brasil, em 2013.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em BRASIL, 2014b.
As DCNTs trazem para a sociedade, além de elevadas taxas de mortalidade, grandes prejuízos, pois acarretam
internações, ausências no trabalho e, quando mais graves, sequelas à saúde, impossibilitando o usuário de
permanecer exercendo atividades laborais e requerendo aposentadoria por invalidez, por exemplo. Além de
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permanecer exercendo atividades laborais e requerendo aposentadoria por invalidez, por exemplo. Além de
prejuízo financeiro, há ainda o fator psicológico e de qualidade de vida desse indivíduo, que precisará, agora,
adaptar-se a uma nova e muitas vezes difícil realidade.
Segundodados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que, em 2025, o Brasil terá
mais de 30 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais. Destes, cerca de 85% apresentará, pelo menos, uma
DCNT (IBGE, 2010 BRASIL, 2013). Se observarmos as previsões para 2040-2045, veremos um aumentoapud
ainda maior do número de indivíduos idosos no país durante esses anos, como evidenciam as figuras a seguir.
Figura 3 - Pirâmides etárias do Brasil de 2000 e 2005 e projeções para 2040 e 2045.
Fonte: IBGE, 2008, p. 59-60.
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Figura 4 - Pirâmides etárias do Brasil de 2000 e 2005 e projeções para 2040 e 2045.
Fonte: IBGE, 2008, p. 59-60.
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Figura 5 - Pirâmides etárias do Brasil de 2000 e 2005 e projeções para 2040 e 2045.
Fonte: IBGE, 2008, p. 59-60.
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Figura 6 - Pirâmides etárias do Brasil de 2000 e 2005 e projeções para 2040 e 2045.
Fonte: IBGE, 2008, p. 59-60.
Conforme mencionado anteriormente, o avanço das doenças crônicas muito se relaciona com os fatores de risco
e o aumento destes em nossa sociedade, como obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo, uso
e abuso de álcool etc. Por isso, políticas que incidam sobre esses fatores devem ser estimuladas cada vez mais.
3.1.3 O cuidado em rede
O cuidado de usuários com doenças crônicas deve ser integral e perpassar todos os pontos de assistência, o que
só se torna possível quando relacionado a uma rede. Cada serviço deve ser pensado como um componente
fundamental da integralidade desse cuidado, como uma etapa ou uma parte do caminho que o indivíduo
percorrerá para obter tudo de que necessita (MALTA; MERHY, 2010).
VOCÊ QUER LER?
Desde 2006, implantada em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, a
pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico” (Vigitel) monitora, via perguntas por telefone, a frequência e distribuição dos
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Mendes (2011) defende que o melhor modelo possível para o SUS é aquele que se dá por meio da formação de
redes e regiões de saúde. Segundo ele, esse modelo tem se expressado bastante eficiente para responder às
demandas brasileiras. Assim, pela Portaria n. 483, de 1º de abril de 2014, houve a redefinição da Rede de
Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS. Alguns de seus princípios podem ser
visualizados no quadro a seguir.
Quadro 1 - Resumo dos principais objetivos da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em BRASIL, 2014a.
Para atingir esses objetivos, a Portaria n. 483/2014 apresenta os responsáveis, isto é, os pontos de atenção por
onde os usuários transitarão, garantindo ações de promoção e proteção da saúde, prevenção contra agravos,
diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde (BRASIL, 2014a). Na figura a
seguir, é possível observar esses diferentes pontos de atenção e suas atribuições.
Figura 7 - Componentes da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em BRASIL, 2014a.
Telefônico” (Vigitel) monitora, via perguntas por telefone, a frequência e distribuição dos
principais determinantes das DCNTs. O resultado da pesquisa de 2018 pode ser lido em: 
.https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/julho/25/vigitel-brasil-2018.pdf
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/julho/25/vigitel-brasil-2018.pdf
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Fonte: Elaborada pela autora, baseada em BRASIL, 2014a.
Diante de tudo que estudamos até o momento, podemos perceber que a Atenção Básica tem um papel muito
importante, funcionando como o centro da rede, a organizadora do cuidado e a porta de entrada preferencial do
usuário no sistema. A Atenção Básica assumirá essas funções em todas as redes organizadas de assistência à
saúde (BRASIL, 2013). Porém, para que de fato a rede tenha um bom funcionamento, é preciso que os elos se
comuniquem e o cuidado seja sempre compartilhado de modo complementar e integrado, superando a atuação
dicotomizada e isolada.
3.1.4 Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC)
Como vimos anteriormente, um dos principais objetivos da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas não Transmissíveis era mudar o modelo de atenção à saúde, pois o que estava em vigor já não estava
atendendo suficientemente às demandas da população. Diante disso, a partir de agora, você conhecerá o Modelo
de Atenção às Condições Crônicas (MACC) e seu papel na organização das RAS.
Um modelo de atenção à saúde organiza o funcionamento da rede, uma vez que define a forma de trabalho, os
fluxos, os pontos de sua composição e de que forma eles irão se comunicar e se articular. O desenvolvimento do
MACC se deu, assim, após o estudo dos modelos de atenção à saúde internacionais e da singularidade do SUS,
resultando em um modelo adaptado ao sistema público de saúde brasileiro e “[...] desenvolvido como resposta às
situações de saúde de alta prevalência de condições crônicas e da falência dos sistemas fragmentados para
enfrentar essas condições” (MENDES, 2012, p. 140). Sobre o MACC, observe, então, a figura a seguir.
Figura 8 - Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC).
Fonte: MENDES, 2012, p. 169.
Conforme é possível verificar na figura acima, o MACC é dividido em cinco níveis, sendo o primeiro a base. Clique
- -12
Conforme é possível verificar na figura acima, o MACC é dividido em cinco níveis, sendo o primeiro a base. Clique
nas abas a seguir para conhecer cada um desses níveis:
Nível 1
Tal nível enfoca os determinantes de saúde que atingem a toda a população, como
condições de trabalho, saneamento, acesso à educação etc. Nesse nível, as intervenções são
pensadas para um número grande de pessoas, a exemplo de campanhas de promoção de
saúde.
Nível 2
No segundo nível, são analisados grupos específicos, como idosos, para quem as
assistências são mais focadas e relacionadas aos seus estilos de vida. A prevenção se dá por
ações que lhes atinjam diretamente, por meio de programas e estímulos à modificação de
fatores de risco comportamentais, por exemplo, como a “Academia da Saúde”.
Nível 3
No terceiro nível, as ações são direcionadas aos usuários que já têm alguma DCNT em
curso, porém, ainda leves e sem complicações. Assim, nesse momento, as intervenções
estão voltadas para além da promoção, focando também no desenvolvimento da
autonomia para o autocuidado e existindo, ainda, a assistência clínica ofertada pela
Atenção Básica.
Nível 4
No quarto nível, encontramos usuários com DCNT em elevado grau. Aqui, existe a oferta de
cuidados profissionais, incluindo o cuidado especializado.
Nível 5
No último nível, estão usuários que necessitam de um cuidado mais específico, atento e
focado em suas necessidades, com um projeto terapêutico singular.
O MACC, proposto por Mendes (2012), deve subsidiar a reformulação das redes e deve ser o modelo orientador
na definição das atribuições de cada ponto seu e de suas complexidades.
VOCÊ O CONHECE?
Eugênio Vilaça Mendes é um importante pesquisador sobre os sistemas de saúde de todo o
mundo, tendo publicado livros que tratam sobre as necessárias mudanças dos modelos de
atenção à saúde e dos modelos de gestão e de financiamento dos sistemas. Para ele, os
principais problemas relacionados à saúde, no Brasil, devem ser resolvidos com a organização
do SUS em RAS coordenadas pela Atenção Primária à Saúde (APS).
- -13
3.2 Redes de Atenção à Saúde de Pessoa com Doenças 
Crônicas Transmissíveis
As principais doenças crônicas podem ser divididas em não transmissíveis e transmissíveis. As primeiras são
caracterizadas pela progressão de acometimentos fisiológicos que acabam desencadeando-as, já as segundas,
sobre as quais você estudará ao longo deste tópico, têm início a partir de um processo infeccioso ou parasitário
desenvolvido no indivíduo. As doenças crônicas transmissíveis mais comuns são:
• Aids/HIV;
• hanseníase;
• hepatite B/C;
• doença de Chagas;
• tuberculose.
Todas essas patologias apresentamem comum o fato de se desenvolverem a partir do contato com um agente
contagiante, como vírus, bactérias e protozoários. Sua forma de prevenção é, assim, o não contato com esses
agentes etiológicos. Para algumas dessas doenças, ainda, a exemplo da hepatite B, o Ministério da Saúde oferece
imunização por meio de vacinas disponibilizadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS), em todo o território
nacional.
A Portaria n. 483, de 1º de abril de 2014, mencionada anteriormente, redefine também a Rede de Atenção à
Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas transmissíveis, no âmbito do SUS. Entre suas normativas, está prevista
a implantação das redes por meio de linhas de cuidado específicas, considerando os agravos de maior
magnitude. Conheça, na sequência, essas linhas de cuidado!
3.2.1 Linhas de cuidado e as condições crônicas
As linhas de cuidado vão desenhar os serviços e ações a serem priorizados em determinado ponto de atenção
das RAS (nível primário, secundário e terciário) e nos sistemas de apoio (BRASIL, 2013). São elas que irão traçar
o caminho do cuidado que o usuário deverá seguir na rede, considerando os protocolos, a oferta de serviços, a
complexidade do ponto de atenção e garantindo, com isso, uma melhor experiência a esse indivíduo. Por fim, elas
definem também todo o processo de assistência com intervenções de promoção, prevenção e reabilitação, além
de cuidados paliativos, quando for o caso (MENDES, 2011).
O Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, parte integrante do
Ministério da Saúde, disponibiliza Protocolos Clínicos e Diretrizes de Tratamento (PCDT), que têm por objetivo
capacitar os profissionais atuantes no SUS a identificarem claramente os critérios de diagnóstico de cada doença,
o tratamento adequado, assim como doses e mecanismos de acompanhamento clínico, supervisão do tratamento
e de possíveis efeitos adversos.
A seguir, conheça as linhas de cuidado específicas para as pessoas convivendo com HIV/Aids e, depois, as linhas
direcionadas às pessoas com tuberculose.
3.2.2 Pessoas vivendo com HIV/Aids
No início da epidemia de Aids no Brasil, a assistência à saúde para quem dela necessitava por conta da doença
era apenas efetuada na rede especializada. Porém, com o aumento do número de casos, bem como com a
evolução no tratamento da doença, no controle da carga viral e com o retardo do surgimento dos sintomas da
Aids, o modelo de atenção à pessoa que vivia com o HIV precisou ser revisto. A infecção pelo HIV passou a ser
compreendida como uma doença crônica e o modelo centrado unicamente em serviços especializados se
mostrou, então, deficiente.
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) vieram reorientar a atenção à Pessoa Vivendo com o HIV (PVHIV). Nesse
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As Redes de Atenção à Saúde (RAS) vieram reorientar a atenção à Pessoa Vivendo com o HIV (PVHIV). Nesse
novo modelo, ainda permanece a atenção especializada, mas entra em ação, também, o papel da Atenção Básica
como mediadora, e dependendo da evolução do quadro do paciente, este tem como sua principal referência o
atendimento na Atenção Básica, com dispensação, inclusive, dos fármacos de que necessita.
Apesar dessa referência na Atenção Básica, por ser um cuidado compartilhado em rede, a qualquer momento em
que se fizer necessária a intervenção de um especialista ou mesmo se houver a necessidade de realização de um
exame específico, o paciente tem a garantia desses serviços nos elos da rede. Além disso, outros pontos ainda
merecem destaque nessa reorganização, como os serviços de atenção domiciliar e equipes de consultório na rua,
entre outros utilizados para compor a rede de atenção, quando indicados.
Figura 9 - Rede de atenção à pessoa com HIV/Aids.
Fonte: Elaborada pela autora, 2020.
Para a composição das RAS, que apresentam a linha de cuidado para pessoas vivendo com HIV/Aids e outras
infecções sexualmente transmissíveis, conta-se com diferentes serviços de saúde, Atenção Básica, Serviços de
Atendimento Especializado (SAE) e ambulatórios, Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Unidade
Dispensadora de Medicamentos (UDM), rede de laboratórios de CD4, carga viral e genotipagem etc.
- -15
No Brasil, o acesso universal ao tratamento e à prevenção da infecção pelo HIV tem sido a principal resposta do
país à epidemia dessa doença. Garantem esse acesso documentos normativos como a Lei n. 9.313, de 1996, que
assegura aos portadores de HIV, gratuitamente, toda a medicação necessária a seu tratamento, e a Nota Técnica
do Ministério da Saúde n. 13, publicada em 2009, que recomenda a ampliação do acesso aos preservativos em
toda a rede do SUS.
3.2.3 Pessoa vivendo com tuberculose
A partir de agora, você conhecerá como fazer o cuidado em rede utilizando as RAS e garantindo a integralidade
no manejo da tuberculose, outra doença crônica transmissível. Além disso, você irá refletir sobre as diversas
possibilidades e necessidades de participação que estão envolvidas no tratamento contra essa doença. Para que
se obtenha êxito nesse tratamento, é necessário que haja criação de vínculos e de pactos, envolvendo os serviços
de saúde, o paciente, a família e a comunidade.
Atualmente, o maior dos desafios para o controle da tuberculose é o número elevado e crescente de abandono do
tratamento, o que resulta em aumento da mortalidade e da incidência de tuberculose multidroga resistente. Na
literatura, encontramos diversos e complexos fatores relacionados a esse abandono. Percebe-se que a obtenção
da cura perpassa, por exemplo, pela eficácia farmacológica, existindo total relação com as dificuldades
relacionadas ao paciente, ao tratamento empregado e à operacionalização do cuidado nos serviços de saúde
(BRASIL, 2011a).
No Brasil, as situações precárias e insalubres as quais está sujeita grande parte da população, o incremento da
tuberculose multidroga resistente e da coinfecção pelo HIV, somados, ainda, à desestruturação de alguns
serviços de saúde, fazem manter o alto número de casos novos anuais de tuberculose. Estes foram estimados em
torno de 72 mil em 2018, a maioria de formas pulmonares bacilíferas (BRASIL, 2019).
Conheça mais sobre o Programa Nacional de Controle da Tuberculose no Brasil:
VOCÊ QUER VER?
Para conhecer mais sobre o fluxo da Rede de Atenção à Pessoa com HIV/Aids, confira o vídeo 
, do TELELAB, umCuidado integral das pessoas que vivem com HIV pela atenção básica
programa de educação do Ministério da Saúde direcionado aos profissionais da área. Confira o
vídeo em: .https://www.youtube.com/watch?v=tIqp1lnVN14
VOCÊ SABIA?
As primeiras evidências da existência da tuberculose são do Egito Antigo, tendo sido
encontradas diferentes cepas da doença em múmias (ROSEMBERG, 1999). Na Grécia, o pai da
medicina, Hipócrates, a considerava uma doença consumista, uma vez que ela consumia a
pessoa até a morte, com emagrecimento acentuado e grande fadiga. Séculos depois, somente
em 1882, a bactéria causadora da tuberculose foi descoberta pelo cientista Robert Koch.
Atualmente, essa doença ainda acomete muitas pessoas no mundo, sendo que, no Brasil, são
registrados, aproximadamente, 70 mil novos casos por ano.
https://www.youtube.com/watch?v=tIqp1lnVN14
- -16
Diferencial de atuação
Tem o diferencial da atuação da equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), com responsabilidade do
município, por meio da Atenção Básica, como o grande executor das ações de promoção, diagnóstico e prevenção
da tuberculose, contribuindo para o controle dessa doença.
Atuação das equipes da ESF
O programa destaca a atuação das equipes da ESF como estratégia para aumentar a adesão terapêutica e evitar o
abandono do tratamento devido à criação do vínculo entre usuários e profissionais.
Tratamento Diretamente Observado
Nesse programa, conta-se com o Tratamento Diretamente Observado (TODO), que diz respeito à supervisão da
tomada do medicamento por um profissional. Este verifica, assim, se de fato o tratamento está sendo efetivado
com a ingestão dos medicamentos pelo usuário.
Responsalidade ecompromisso
Porém, o controle da tuberculose excede a relação entre profissionais de saúde e usuários, envolvendo
responsabilidade social e compromisso político de gestores com a saúde.
Para a redução e controle da tuberculose, é necessária a construção das RAS, compartilhando o tratamento e
buscando a intersetorialidade. Como dito, as RAS são um conjunto de serviços de saúde vinculados entre si por
objetivos comuns e ação cooperativa e interdependente, permitindo ofertar atenção à saúde de forma contínua e
integral a determinada população. 
Para a atuação em rede na atenção à tuberculose, utiliza-se o modelo da atenção crônica pelo tempo prolongado
que caracteriza o tratamento da doença. Veja, na figura a seguir, quais os elos e suas responsabilidades na
composição da RAS à pessoa convivendo com a tuberculose.
Figura 10 - Alguns elos da rede de atenção à pessoa convivendo com tuberculose.
Fonte: Elaborada pela autora, 2020.
Conheça cada elo clicando nas abas abaixo:
••
- -17
• Atenção Primária
A Atenção Primária é composta por uma equipe com diferentes categorias profissionais. As equipes de
saúde da família contam, em sua composição mínima, com médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem e agentes comunitários de saúde. Elas são responsáveis pela busca ativa e pela porta de
entrada do usuário no sistema, com solicitação de exames, diagnóstico e tratamento completo do
esquema básico, ficando a cargo delas o acompanhamento mensal com consulta e solicitação de exames
de escarro e de imagem. Quando não por possível o tratamento e acompanhamento até a cura apenas
por meio da Atenção Primária, esta deve ser responsável pelo encaminhamento para a atenção
especializada.
• Referência Secundária
A Referência Secundária, por sua vez, possui especialistas como pneumologistas e infectologistas,
quando forem necessários. Cabe a estes a avaliação do caso, o diagnóstico diferenciado e o tratamento
compartilhado com a Atenção Básica. Todos os casos encaminhados para a Atenção Secundária devem
ser criteriosamente examinados para descartar a possibilidade de uma tuberculose multidroga
resistente. Sendo essa possibilidade confirmada, o caso deve ser encaminhado para a Atenção Terciária,
assim como deverá ser feito o encaminhamento quando houver gravidade do quadro do paciente e este
necessitar de internação.
• Referência Terciária
Por fim, a Referência Terciária é composta por equipes com diferentes profissionais capacitados para
tratar a tuberculose resistente. Elas devem oferecer um tratamento eficaz e garantir que todas as
orientações e ações sejam compartilhadas com a unidade de referência da Atenção Básica.
Acompanhe o caso a seguir:
•
•
•
CASO
A. P. L., 32 anos, do sexo masculino, casado, com quatro filhos, desempregado, morador da
comunidade Manguezal, alcoolista, tabagista, HIV+ e em tratamento de tuberculose prévio não
concluído por abandono, apresenta como queixa principal tosse — há aproximadamente 20
dias — e febre recente, desde a última semana. Relata ter procurado a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) ontem, depois de sentir fraqueza, tendo sido orientado a procurar a
Unidade de Atenção Básica mais próxima de seu domicílio. O paciente possui algumas
vulnerabilidades sociais e de saúde, está desempregado, é etilista crônico, tabagista e portador
do vírus HIV, fatores agravantes para seu quadro de saúde e que podem atrapalhar na
condução do tratamento contra a tuberculose. É necessário, no seu caso, buscar suporte na
RAS para ofertar um cuidado compartilhado e integral. O paciente em questão necessitará de
exames para verificar se a tuberculose apresentada não se trata de um caso resistente devido
ao histórico de tratamento com abandono e a coinfecção, sendo necessária, para ele, a
referência para a unidade secundária ou mesmo terciária. É preciso, além disso, contar com a
supervisão de território da Atenção Primária para avaliação dos contatos desse indivíduo e
busca ativa de novos casos, assim como é fundamental a criação do vínculo para o bom manejo
desse tratamento. As informações entre os elos dessa rede circularão por meio das guias de
referência e contrarreferência, em que cada setor ficará responsável por compartilhar a
condução a ser tomada e sua tomada de decisão junto com o paciente, não perdendo, assim,
detalhes do tratamento e garantindo o compartilhamento e corresponsabilização do cuidado.
- -18
Conforme você pode observar, a rede da pessoa convivendo com tuberculose envolve diferentes níveis de
complexidade e fluxos pré-estabelecidos, o que acontece, também, com as demais patologias crônicas
transmissíveis, como HIV, hepatites e hanseníase, por exemplo.
3.3 Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde dos 
Trabalhadores
Você já parou para se perguntar de que forma o SUS participa das ações em prol da saúde do trabalhador,
respeitando o modelo das RAS? É imprescindível conhecer sobre a saúde do trabalhador para entender o
processo saúde-doença e que fatores podem estar por trás do adoecimento desses indivíduos. Além de essa
percepção criar uma compreensão sobre os fatores desencadeadores da doença, ela pode ajudar na elaboração
do cuidado a ser prestado e de que forma o indivíduo poderá seguir seu tratamento.
A Lei n. 8.080, de 1990, conhecida como “Lei Orgânica da Saúde”, garante, entre outras coisas, a atenção integral
a qualquer pessoa, incluindo os trabalhadores. A partir disso, diferentes modelos foram elaborados com a
intenção de levar uma assistência à saúde para todos os trabalhadores. Os primeiros surgiram vinculados aos
Programas e/ou aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), processo que evoluiu após a
implantação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Trabalhadores (RENAST), em 2002 (DIAS;
HOEFEL, 2005).
O principal objetivo da RENAST era disseminar ações para a saúde do trabalhador em toda a rede do SUS. Esta
passa a ser o principal modelo de organização à saúde dessa classe. Os elos da rede são responsáveis por ações
de vigilância, prevenção, promoção, educação continuada e assistenciais. Já em 2012, a RENAST ganha uma
importante projeção em parceria com a Atenção Básica, quando passa a ser valorizado o cuidado à saúde do
trabalhador na sua própria equipe. A Atenção Básica assume o perfil de organizadora do cuidado e centro de
referência do trajeto a ser seguido pelo usuário na rede, o que ocorre, também, com o usuário trabalhador.
- -19
Figura 11 - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Trabalhadores (RENAST).
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em DIAS; HOEFEL, 2005.
De forma esquematizada, as ações da RENAST compreendem a assistência aos agravos, a vigilância das
condições e do ambiente de trabalho (Vigilância Sanitária), da situação em que estão expostos os trabalhadores
(Vigilância Epidemiológica) e da situação ambiental (Vigilância Ambiental), incluídas também a coleta de dados,
a sistematização, a análise e a divulgação das informações. Cabe à RENAST, ainda, a produção de conhecimento e
de atividades educativas.
As assistências e vigilâncias efetuadas pela RENAST servem de subsídios para o Sistema de Notificações gerar
dados informativos que nortearão o desenvolvimento de ações e procedimentos de promoção da saúde do
trabalhador a serem implementados no SUS e fora dele, como aqueles relacionados à previdência social, ao meio
ambiente e aos setores do governo responsáveis pelas políticas de desenvolvimento econômico e social.
3.4 Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência busca ampliar o acesso e qualificar o atendimento no SUS às
pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja temporária ou permanente; progressiva, regressiva ou estável;
intermitente ou contínua. Ela busca promover cuidados em saúde, especialmente dos trabalhos de reabilitação, e
ações de prevenção e de identificação precoce de deficiências em todos os ciclos da vida.
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência foi instituída pela Portaria n. 793, de 24 de abril de 2012, segundo
a qual, paraa garantia da equidade na atenção à pessoa com deficiência, são necessários alguns elementos,
conforme apresentados na figura a seguir (BRASIL, 2012).
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Figura 12 - Itens necessários para a garantia da equidade na atenção à saúde da pessoa com deficiência.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em BRASIL, 2012.
Percebemos que itens mínimos devem coexistir para a garantia dos direitos dos usuários com deficiência. Clique
a seguir para conhecê-los:
A acessibilidade garante ao usuário acesso de forma facilitada a todos os serviços ofertados pelo SUS.
A comunicação e um bom manejo clínico garantem a efetividade do tratamento recomendado.
Medidas de prevenção e de redução de perda visam à melhoria da qualidade de vida do usuário, intervindo em
tempo oportuno.
Medidas de compensação da função perdida objetivam manter o máximo possível da independência e autonomia
do usuário.
A seguir, conheça os objetivos específicos da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência:
- -21
Figura 13 - Objetivos específicos da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em BRASIL, 2012.
Com isso, é possível perceber uma grande preocupação do Ministério da Saúde em reorganizar a rede de atenção
à pessoa com deficiência. Seus objetivos demonstram a valorização da capacitação dos profissionais para
lidarem de forma qualificada e humanizada com os usuários, além de se voltarem para a promoção da autonomia
e da independência desses indivíduos.
3.4.1 Componentes da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência
Os componentes dessa rede estão continuamente trocando práticas e saberes, pois demandam uma via de mão
dupla para o usuário e a interlocução com os demais dispositivos de saúde. Observe, na figura a seguir, os elos
que compõem a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência.
- -22
Figura 14 - Elos que compõem a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência e seus dispositivos.
Fonte: Elaborada pela autora, 2020.
Percebemos a diversidade de componentes dessa rede, trazendo uma visão ampliada do cuidado aos seus
usuários e não observando, somente, a deficiência, mas toda a magnitude de sua singularidade.
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência mostra uma amplitude e diferenciais voltados não apenas para a
prevenção, promoção e assistência a essa população, mas com grande dedicação para ações de reabilitação,
buscando manter o paciente inserido na sociedade e ativo economicamente e psicologicamente.
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência é, assim, uma rede extremamente vascularizada, com a presença de
diferentes serviços e multiprofissional, trazendo a garantia da integralidade do cuidado a pessoas com
deficiência.
Conclusão
Conforme você pôde observar ao longo de seus estudos, a articulação do cuidado em redes e o desenvolvimento
de políticas públicas pensadas para grupos especiais de pessoas — como as que convivem com doenças crônicas
não transmissíveis, doenças crônicas transmissíveis, trabalhadores e pessoas com deficiência — são
fundamentais para ofertas de serviços mais integrais, universais e equânimes.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
VOCÊ QUER LER?
Ficou curioso sobre os serviços disponíveis pelo SUS às pessoas com deficiência? Confira a
Portaria MS/GM n. 793, de 24 de abril de 2012, que institui a Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência no âmbito do SUS. Nela, além das ações que estruturam essa rede, é possível
conhecer, também, objetivos, diretrizes, atribuições e outros aspectos importantes para a
consolidação dessa RAS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012
./prt0793_24_04_2012.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0793_24_04_2012.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0793_24_04_2012.html
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fundamentais para ofertas de serviços mais integrais, universais e equânimes.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender o que são doenças crônicas e a tripla carga de doenças;
• conhecer os componentes de uma RAS;
• identificar os princípios e objetivos de cada uma das RAS;
• reconhecer qual é o elo comum a todas as redes e a porta de entrada preferencial do usuário no SUS.
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	Introdução
	3.1 Redes de Atenção à Saúde de Pessoa com Doenças Crônicas não Transmissíveis
	3.1.1 Doenças crônicas, o que são?
	3.1.2 Por que criar uma rede de atenção às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis no SUS?
	3.1.3 O cuidado em rede
	3.1.4 Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC)
	3.2 Redes de Atenção à Saúde de Pessoa com Doenças Crônicas Transmissíveis
	3.2.1 Linhas de cuidado e as condições crônicas
	3.2.2 Pessoas vivendo com HIV/Aids
	3.2.3 Pessoa vivendo com tuberculose
	Atenção Primária
	Referência Secundária
	Referência Terciária
	3.3 Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Trabalhadores
	3.4 Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência
	3.4.1 Componentes da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência
	Conclusão
	Bibliografia

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