Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AT 1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 2 32 S U M Á R IO 3 UNIDADE 1 - Introdução 5 UNIDADE 2 - A trajetória do Sistema Único da Assistência Social – SUAS 10 UNIDADE 3 - O SUAS: Antes e Depois 17 UNIDADE 4 - A Norma Operacional Básica - NOB/SUAS 17 4.1 A divisão de competências e responsabilidades entre as três esferas de governo 21 4.2 Os níveis de gestão de cada uma dessas esferas 22 4.3 Quadro sinótico com os principais instrumentos de gestão para elaboração do Plano de Assistência Social 23 4.4 A forma de gestão financeira e orçamentária 30 UNIDADE 5 - NOB/RH 33 UNIDADE 6 - Atuação de psicólogos e assistentes sociais na assistência social 33 6.1 O Serviço Social e a Assistência Social 35 6.2 Psicologia e Assistência Social 37 6.3 Atuação de assistente sociais na Assistência Social 41 6.4 Atuação de psicólogos(as) na Assistência Social 46 REFERÊNCIAS 2 33 UNIDADE 1 - Introdução Com esta notícia vinda da Agência Sena- do, iniciamos o nosso curso de Gestão do SUAS: O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) agora é lei. O Projeto de Lei da Câma- ra dos Deputados nº 189/10 que criou o sis- tema, foi sancionado em junho de 2011 pela presidente Dilma Rousseff durante cerimô- nia realizada no Palácio do Planalto, com a presença dos presidentes do Senado; da Câmara; além de ministros; senadores; de- putados federais e representantes da área de assistência social. A proposta, de autoria do Poder Executivo, foi aprovada pelo Se- nado no dia 8 de junho (BAPTISTA, 2011). Quanto ao formato, a agência de notícias do Senado informa que o SUAS é inspira- do no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS), com atendimento e organização dos serviços em bases regionais (abrangên- cias municipal, estadual ou regional), e tem como objetivo garantir o direito à assistên- cia social e proteção das famílias e indivídu- os em situação de risco e vulnerabilidade social. Na realidade, o SUAS foi criado em 15 de julho de 2005, por meio da resolução do Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS). A coordenação nacional do sistema é do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome (MDS), mas a gestão dos serviços é feita, de forma descentralizada, por municípios, Estados e Distrito Federal. A fiscalização é de responsabilidade dos con- selhos de assistência social, integrados por representantes dos governos e sociedade civil. Faltava ao sistema, entretanto, reco- nhecimento legal. Com a sanção da Presi- dência da República, o SUAS, que já tem a adesão de 99,5% dos municípios brasilei- ros, passa a vigorar como lei. Atualmente, o Sistema conta com cerca de 7,6 mil Centros de Referência de Assis- tência Social (CRAS) e 2,1 mil Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), nos quais cerca de 220 mil profissionais atuam para assegurar os direi- tos da população mais vulnerável. Além disso, 3,7 milhões de idosos (65 anos ou mais) e pessoas com deficiência re- cebem o Benefício de Prestação Continua- da (BPC) no valor de um salário mínimo. No Projovem Adolescente, são 642 mil rapazes e moças beneficiados, e no Programa de Er- radicação do Trabalho Infantil (PETI), 819 mil crianças (AGÊNCIA SENADO, 2011). De antemão vale guardar que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é: um sistema de proteção social público não-contributivo; com gestão descentralizada e partici- pativa, que regula e organiza, no território nacional, os serviços, programas e benefí- cios socioassistenciais; e que, a União, os estados, o Distrito Federal e os Municípios são corresponsáveis por sua gestão e co-financiamento. Com essas notícias de instâncias do Go- verno Federal, iniciamos o curso de Gestão do SUAS e esperamos que apreciem o ma- terial buscando nas referências anotadas ao final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venham surgir ao lon- 4 54 go dos estudos. Ressaltamos que, embora a escrita aca- dêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da acade- mia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira cla- ra e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vá- rios autores, incluindo aqueles que conside- ramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original. 4 55 UNIDADE 2 - A trajetória do Sistema Único da Assistência Social – SUAS Para compreender a Assistência Social é preciso analisá-la, de um lado, como re- lação histórica das classes sociais frente à desigualdade social, resultante de uma tensão permanente entre capital e tra- balho. De outro, por meio da condição do Estado como mediador desta questão, que historicamente na gestão da Assis- tência Social defende ideias de igualda- de, liberdade individual e práticas que as contrariam a partir de relações de fa- vor, de dependência, determinadas por ações clientelistas, populistas, distancia- das das reais necessidades da população (LAJÚS, 2010). A sociedade brasileira em sua trajetó- ria histórica concebe a Assistência Social como dever moral, com base no mérito individual, sob a perspectiva do supér- fluo, das sobras, distante da concepção de política social, afirmadora de direitos, tendo como consequência o desenvolvi- mento de políticas sociais compensató- rias, residuais, que atendem apenas situ- ações emergenciais. A Assistência Social no Brasil até 1930 esteve ligada ao paternalismo individual e institucional. Após este período com a introdução no país das primeiras formas de legislação social sistemática, o Esta- do passa a reconhecer a questão social, mas no sentido de reprodução da clas- se operária e como forma de integração das massas em apoio ao governo (LAJÚS, 2010). A institucionalização das políticas so- ciais no Brasil, portanto, se dá vinculada a uma estrutura corporativista, enquanto sistema de dominação, que tem como ob- jetivo a cooptação do operariado, a legiti- mação do sistema, a reprodução da força de trabalho e a garantia do processo de acumulação. Ao fim do Estado Novo acontece um processo de democratização do proces- so político, com a elaboração de leis so- ciais pelo Congresso Nacional, porém os trabalhadores não conseguem interferir na elaboração da legislação social e o Es- tado privilegia o crescimento econômico, estabelecendo políticas sociais que aten- dem apenas a questões emergenciais, não alterando em sua essência a questão social. Quando nos anos de 1960, a sociedade passa por um processo de rearticulação, com reivindicação por parte da popula- ção de melhores condições de vida e de trabalho, um golpe de Estado determina uma nova correlação de forças no quadro político. Os militares assumem o poder e as leis sociais passam a ser elaboradas por tecnocratas e orientadas por orga- nismos vinculados à Presidência da Re- pública e subordinadas aos preceitos da segurança nacional. Segundo Lajús (2010), as políticas so- ciais passam a ser usadas como forma de neutralizar a oposição, conseguir apoio ao regime, despolitizar a organização dos trabalhadores e reguladora do conflito social. A crise da ditadura militar determi- nou a emergência dos movimentos so- ciais e com eles a exigência de um dire- 6 7 cionamento para as propostas sociais. A instauração do governo civil que se deu por uma aliança ampla, a partir do gover- no militar e sob a hegemonia das forças conservadoras, manteve o modelo eco- nômico, não aconteceram mudanças es- truturais, não permitindo assim romper com a desigualdade e as políticas sociais, manteve o seu caráter assistencialista, emergencial, atendendo às reivindica- ções imediatas da população como forma de conter o avanço dos movimentos or- ganizados. Em 1988, foi promulgada a nova cons- tituição brasileira, que contou com forte apoio popular, permitido introduzir sig- nificativos avanços na área social. A As- sistência Social passa aser tratada como política pública, integrante da Segurida- de Social, junto às políticas de Saúde e Previdência Social. O fato de alçar a As- sistência Social à condição de política pú- blica, direito do cidadão e dever do Esta- do, implica na mudança de concepção da Assistência Social, retirando-a do campo da benemerência, do dever moral e do as- sistencialismo para o dos direitos sociais. [...] a assistência social brasileira deixou de ser, em tese, uma alterna- tiva de direito, ou dever moral, para transformar-se em direito ativo ou po- sitivo, da mesma forma que os deman- dantes dessa assistência deixaram de ser meros clientes de uma atenção assistencial espontânea – pública e privada - para transformar-se em su- jeitos detentores do direito à prote- ção sistemática devida pelo Estado (PEREIRA, 1996, p.99-100). O texto constitucional referente à As- sistência Social remete a necessidade de regulamentação. Este processo du- rou cinco anos e dependeu da pressão de setores organizados da sociedade. O primeiro projeto de Lei de nº 3099/89, mesmo tendo sido aprovado na Câmara e no Senado foi vetado na íntegra pelo Presidente Fernando Collor de Melo. Um expressivo e importante movimento pela regulamentação da Assistência Social determinou a aprovação da Lei nº 8742, de 07 de dezembro de 1993, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) que dispõe sobre a organização da Assistência So- cial. A Assistência Social passa a ser direi- to do cidadão e dever do Estado, política não contratual, que deve prover os míni- mos sociais por meio de um conjunto arti- culado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas. Os objetivos da LOAS estão ligados à proteção da família, da infância, da ado- lescência, da velhice, da habilitação e re- abilitação profissional e a garantia de um salário mínimo mensal a idosos e pessoas portadoras de deficiência, que compro- vem não possuir meios de prover a pró- pria subsistência ou tê-la provida por sua família. Segundo Lajús (2010), no enfrenta- mento da pobreza, na garantia dos míni- mos sociais, no provimento de condições para atender a contingência e a universa- lização dos direitos sociais, a LOAS pres- supõe como fundamental a integração das políticas setoriais. Tem como princípios a supremacia do atendimento às necessidades sociais so- 6 7 bre as exigências da rentabilidade eco- nômica, da dignidade, autonomia, direi- to a benefícios e serviços de qualidade, igualdade de direito. Esta nova concep- ção tem o significado de afastar a Assis- tência Social da condição de assistencia- lista, clientelista, mediada pelo favor. A afirmação da Assistência Social é garantida legalmente pela descentrali- zação político-administrativa, comando único das ações em cada esfera de gover- no, a participação da população na for- mulação e controle das ações e primazia da responsabilidade do Estado na condu- ção desta política. As políticas para a área passam a ser fixadas pela União, Estados e Municípios e aprovadas pelos Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Munici- pais de Assistência Social, instâncias de- liberativas do sistema descentralizado e participativo de Assistência Social de composição paritária entre o governo e a sociedade civil, no sentido de garantia da afirmação e legitimidade da política. A LOAS, ao respaldar a Assistência So- cial tanto nos seus aspectos legais como políticos, dá um significado e um caráter novo que a afasta do assistencialismo, clientelismo, alçando-a a condição de política de seguridade dirigida à univer- salização da cidadania social, garantindo direitos e serviços sociais de qualidade sob a responsabilidade do Estado e com a participação da população no controle das suas ações (LAJÚS, 2010). Apesar de inegáveis avanços na cons- trução da política, a tradição histórica da Assistência Social no Brasil tem-se constituído em dificuldade significativa para afirmação, consolidação da política de Assistência Social, pois contraditoria- mente ao previsto na LOAS, ainda encon- tram-se práticas de caráter assistencia- lista, a partir de relações mediadas pelo favor. Desde 1993, quando da promulgação da LOAS, existe um movimento perma- nente de ações políticas com a participa- ção dos profissionais da área, usuários, entidades de assistência social, conse- lhos de direitos, entre outros, no senti- do de consolidar a Política de Assistência Social. Como resultado concreto tem-se a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) de 2004 e a NOB-SUAS. Já na I Conferência Nacional de Assis- tência Social, em 1995, a construção do SUAS é apresentada como forma de ope- rar a Assistência Social na perspectiva de política pública de seguridade social, que tem no seu interior a possibilidade de am- pliar o sistema de bem-estar-social, rom- per com a fragmentação dos programas de Assistência Social, garantir a relação orgânica entre as três esferas de gover- no como política de proteção social ativa. O SUAS hoje é uma realidade do pon- to de vista legal e sua implantação vem ocorrendo nas diferentes instâncias go- vernamentais, mas a realidade política, econômica, social e cultural brasileira se constitui num importante desafio para sua consolidação. A linha do tempo apresentada abaixo retrata de maneira didática, clara e su- cinta, a trajetória percorrida pela Assis- tência Social no Brasil, tomando como ponto de partida o ano de 1937. 8 9 1937 1988 1990 A assistência social como campo de ação governamental registra no Brasil duas ações inaugurais: a criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS); e, na década de 40, a criação da Legião Brasileira de Assistência (LBA). Promulgada a Consti- tuição que reconhece a assistência social como dever de Estado no campo da seguri- dade social e não mais política isolada e com- plementar à Previdên- cia. Primeira redação: A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é vetada no Congresso Nacional. 1977 1989 É criado o Ministério da Previdência e Assistência Social, baseado na cen- tralidade e exclusividade da ação federal. Cria-se o Ministério do Bem Estar Social que, na con- tramão da CF, fortalece o modelo simbolizado pela LBA (centralizador, sem alterar o modelo já existen- te). 8 9 1993 1998 2004 Negociação de movimen- to nacional envolvendo gestores municipais, es- taduais e organizações não governamentais com o Governo Federal e re- presentantes no Con- gresso permitiram a apro- vação da LOAS. Inicia-se o processo de construção da gestão pública e parti- cipativa da assistência so- cial através de conselhos deliberativos e paritários nas esferas federal, esta- dual e municipal. Nova edição da NOB diferencia serviços, programas e projetos; amplia as atribuições dos Conselhos de As- sistência Social; e cria os espaços de nego- ciação e pactuação – Comissões Interges- tores Bipartite e Tri- partite que reúnem representações muni- cipais, estaduais e fe- derais de Assistência Social Criação, em 23 de janei- ro de 2004, do MDS, em substituição ao Ministé- rio da Assistência Social e o responsável pelas políticas nacionais de de- senvolvimento social, de segurança alimentar e nutricional, de assistên- cia social e de renda de cidadania no país. Publi- cação em 28/10/04, da nova PNAS que define o novo modelo de gestão para a nova política de se- guridade social: o SUAS. 1997 2003 2005 Editada NOB que concei- tua o sistema descentra- lizador e participativo, amplia o âmbito de com- petência dos governos Federal, municipais e es- taduais e institui a exi- gência de Conselho, Fun- do e Plano Municipal de Assistência Social para o município poder receber recursos federais. IV Conferência Nacional de Assistência Social – realização de um gran- de debate nacional para avaliação dos 10 anos de regulamentação da assistência social no país tendo como base a pesquisa “LOAS + 10 – Avaliação dos Dez Anos de Implementaçãoda LOAS: o olhar dos Conse- lhos Estaduais”. Um dos apontamentos do even- to foi a construção e im- plementação do SUAS. Publicação, em 15/07/05, da NOB/SUAS regula- mentando o disposto na PNAS 2004 e definindo os parâmetros para a re- gulamentação e implan- tação do SUAS. V Conferência Nacional de Assistência Social e criação dos CRAS e CRE- AS. 10 1110 UNIDADE 3 - O SUAS: Antes e Depois Integram o Sistema Único de Assis- tência Social (SUAS), órgãos, instân- cias, entidades e trabalhadores dos três entes federados, sendo: Órgãos gestores; Instâncias de controle social como os conselhos de assistência social; Instâncias de pactuação como as Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT); Instâncias de deliberação - Confe- rências de Assistência Social; Também são parte do sistema, todos os trabalhadores que planejam e operam a política em todo o território nacional. São importantes componentes, ainda, para a realização do SUAS a atuação das instân- cias de articulação política em torno da sua implementação: o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de assistência social (CONGE- MAS) e suas referências estaduais e mu- nicipais; o Fórum Nacional de Secretários Es- taduais de Assistência Social (FONSEAS); e, os Fóruns de discussão política. O Fórum Nacional de Secretarias de Estado de Assistência Social (FONSEAS) e o Colegiado Nacional de Gestores Muni- cipais de Assistência Social (CONGEMAS) são reconhecidos como as entidades que representam, respectivamente, as secre- tarias estaduais e as secretarias munici- pais de assistência social, responsáveis para indicação dos seus representantes na Comissão Intergestores Tripartite – CIT. Os Colegiados Estaduais de Gestores Municipais de Assistência Social (COEGE- MAS) são reconhecidos como as entida- des que representam as secretarias muni- cipais de assistência social, responsáveis para indicação da suas reapresentações nas Comissões Intergestores Bipartite – CIB. Os COEGEMAS são reconhecidos como entidades que representam as secreta- rias municipais de assistência social, des- de que vinculados institucionalmente ao CONGEMAS, na forma que dispuser seus estatutos. As CIB se constituem como espaços de interlocução de gestores, conforme disposto na NOB/SUAS 2005, sendo um requisito central em sua constituição a representatividade do Estado e dos mu- nicípios em seu âmbito, levando em conta o porte dos municípios e sua distribuição regional. Isto porque os seus membros devem representar os interesses e as ne- cessidades coletivas referentes à política de assistência social de um conjunto de municípios e/ou de todos os municípios, dependendo da representação. As CIB são instâncias com particulari- dades diferenciadas dos conselhos e não substituem o papel do gestor. Cabem a essas um lugar importante para pactuar procedimentos de gestão a fim de qualifi- cá-la para alcançar o objetivo de ofertar e/ ou de referenciar serviços de qualidade ao 10 1111 usuário. As CIB atuam no âmbito estadu- al com a seguinte composição: I. (três) representantes dos estados indicados pelo gestor estadual de As- sistência Social; II. (seis) gestores municipais indica- dos pelo COEGEMAS, observando a re- presentação regional e porte dos mu- nicípios, de acordo com o estabelecido na Política Nacional – PNAS, sendo 02 (dois) representantes de municípios pequeno porte I; 01 (um) representan- te de municípios de porte II; 01 (um) representante de municípios de médio porte; 01 (um) representante de muni- cípios de grande porte; 01 (um) repre- sentante da capital. Os representantes titulares e su- plentes deverão ser de regiões dife- rentes, de forma a contemplar as di- versas regiões do estado. É importante observar na substituição ou renovação da representação municipal, a rotativi- dade entre as regiões. Esta nova com- posição da CIB será adotada de acordo com o tamanho do estado, distâncias internas, porte de municípios e núme- ro de municípios no estado. O regimento interno das CIB deverá obedecer à minuta padrão pactuada pela CIT e aprovada pelo CNAS. Todas as pactuações da CIB deverão ser encaminhadas ao Conselho Esta- dual para conhecimento ou apreciação e deliberação e serem encaminhadas para conhecimento dos Conselhos Mu- nicipais, CIT e Conselho Nacional de As- sistência Social. As Competências das CIB são: I. pactuar a organização do Sistema Estadual de Assistência Social propos- to pelo órgão gestor estadual, defi- nindo estratégias para implementar e operacionalizar a oferta da proteção social básica e especial no âmbito do SUAS na sua esfera de governo; II. estabelecer acordos acerca de encaminhamentos de questões ope- racionais relativas a implantação dos serviços, programas, projetos e bene- fícios que compõem o SUAS; III. atuar como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, meca- nismos de implementação e regula- mentação complementar à legislação vigente, nos aspectos comuns às duas esferas de governo; IV. pactuar medidas para aperfeiço- amento da organização e do funciona- mento do SUAS no âmbito regional; V. pactuar a distribuição/partilha de recursos estaduais e federais des- tinados ao cofinanciamento das ações e serviços, sendo os últimos com base nos critérios pactuados na CIT e apro- vados pelo CNAS; VI. pactuar critérios, estratégias e procedimentos de repasse de recur- sos estaduais para o cofinanciamento das ações e serviços socioassistenciais para municípios; VII. estabelecer interlocução per- manente com a CIT e com as demais CIB para aperfeiçoamento do processo de descentralização, implantação e im- plementação do SUAS; 12 13 VIII. observar em suas pactuações, as orientações emanadas pela CIT; IX. elaborar e publicar seu regimento interno; X. publicar as pactuações no Diário Ofi- cial estadual, enviar cópia à Secretaria Técnica da CIT e divulgá-las amplamente; XI. submeter à aprovação do Conselho Estadual de Assistência Social as matérias de sua competência; XII. pactuar os consórcios públicos e o fluxo de atendimento dos usuários; XIII. avaliar o cumprimento dos pactos de aprimoramento da gestão, de resulta- dos e seus impactos. XIV. estabelecer acordos relacionados aos serviços, programas, projetos e be- nefícios a serem implantados pelo estado e municípios enquanto rede de proteção social integrante do SUAS no Estado. XV. Instituir Comissões Intergestores Bipartite Regionais; XVI. Pactuar Plano de Providências das ações do SUAS com gestores municipais. A CIB Regional é o espaço colegiado de gestão regional, solidária e cooperativa, composta pelo conjunto de municípios que integram uma região de assistência social e representantes da gestão esta- dual. Ela se constitui como lócus de inter- locução e pactuação entre os gestores municipais e o estado nas decisões que afetam à região de assistência social, a exemplo da organização da rede regional de serviços da proteção social especial vi- sando a integralidade da proteção social; articulação entre os serviços socioassis- tenciais estaduais e municipais, públicos e privados, e, entre as demais políticas so- ciai, a avaliação, monitoramento e acom- panhamento dos serviços, etc. A CIB Regional deve ser instituída por resolução da CIB conforme a identificação das regiões de assistência social e da ne- cessidade de regionalizar as decisões re- lativas ao SUAS. A abrangência da CIB Re- gional e os municípios que a compõe são decisões a serem discutidas e pactuadas no âmbito da CIB, com a definição das regi- ões de assistência social por meio dos da- dos sobre incidência de situações de vul- nerabilidade, risco e violação de direitos. Seu funcionamento é análogo ao fun- cionamento da CIB no que se refere às de- cisões por consenso, elaboração de regi- mento interno, constituição de comissões e câmaras técnicas para discussão de as- suntos específicos conforme a necessida- de, entre outros. Cabe àCIB Regional: I. Pactuar a organização regional do SUAS e seus aspectos operacionais, de- finindo estratégias para implementar e operacionalizar a oferta dos serviços, be- nefícios, programas e projetos nas regi- ões de assistência social; II. Negociar e pactuar as decisões sobre a regionalização dos serviços de proteção social especial de média e alta complexi- dade, definindo os municípios sede para implantação dos serviços regionalizados de referência e os municípios vinculados, fluxos de encaminhamentos, cofinancia- mento, gestão e gerência dos equipamen- tos, etc.; 12 13 III. Estabelecer prioridades a serem planejadas em âmbito regional, com base em diagnósticos, estudos e dados sobre a incidência de situações de violação de di- reitos, vulnerabilidade e risco social; IV. Pactuar o plano regional de assis- tência social; V. Construir processos de acompanha- mento, monitoramento e avaliação da execução do plano regional de assistência social, junto com os conselhos de assis- tência social; VI. Elaborar seu regimento interno; VII. Submeter suas decisões à aprova- ção dos Conselhos de Assistência Social dos Municípios da Região de Assistência Social e do Estado; VIII. Coordenar o trabalho das comis- sões especiais e câmaras técnicas. Em conformidade com o que disposto na NOB/SUAS/2005, a Comissão Interges- tores Tripartite – CIT – é um espaço de ar- ticulação entre os gestores (federal, esta- duais e municipais), objetivando viabilizar a Política de Assistência Social, caracteri- zando-se como instância de negociação e pactuação quanto aos aspectos operacio- nais da gestão do Sistema Descentraliza- do e Participativo da Assistência Social. É organizada no âmbito federal com a seguinte composição: I. 5 (cinco) membros representando a União, indicados pelo Ministério do De- senvolvimento Social e Combate à Fome e seus respectivos suplentes; II. 5 (cinco) membros e seus respecti- vos suplentes representando os estados e o Distrito Federal, indicados pelo FON- SEAS; III. 5 (cinco) membros e seus respecti- vos suplentes representando os municí- pios, indicados pelo CONGEMAS. O Regimento Interno da CIT deverá obedecer à minuta padrão aprovada pelo CNAS. Compete à Comissão Intergestores Tripartite: I. pactuar estratégias para implantação e operacionalização do Sistema Único da Assistência Social; II. estabelecer acordos acerca de enca- minhamentos de questões operacionais relativas à implantação dos serviços, pro- gramas, projetos e benefícios que com- põem o SUAS; III. atuar como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de implementação e regulamentação do SUAS; IV. pactuar os critérios e procedimen- tos de transferência de recursos para o cofinanciamento de ações e serviços da assistência social para municípios; V. manter contato permanente com as Comissões Intergestores Bipartite – CIB – para troca de informações sobre o proces- so de descentralização; VI. promover a articulação entre as três esferas de governo, de forma a otimizar a operacionalização das ações e garantir a direção única em cada esfera; VII. elaborar e publicar seu regimento interno; VIII. publicar e divulgar suas pactua- ções; 14 15 IX. submeter suas pactuações ao CNAS para apreciação e/ou aprovação (BRASIL, 2010). É importante pontuar que antes do SUAS, a descentralização atuava como um deslocamento de responsabilização e depois houve uma descentralização polí- tico-administrativa efetiva. Antes do SUAS, tanto no campo da as- sistência social quanto no campo da ges- tão governamental e não governamental, a regulação era insuficiente e havia uma imprecisão conceitual. Depois, a NOB, por- tarias, resoluções, guias e manuais dentre outros instrumentos vieram para estabe- lecer o marco regulatório inicial do SUAS, como por exemplo, as Portarias 440 e 442 – regulamentação dos pisos. Antes do SUAS, serviços, programas e projetos eram planejados e executados de forma fragmentada, segmentada e fo- calizada no indivíduo. Posteriormente, a organização dos serviços passou a acon- tecer de forma contínua e por níveis de proteção social (básica e especial), com foco prioritário de atenção à família, seus membros e indivíduos. Antes do SUAS, era inexistente uma referência para o atendimento às famílias ou aos usuários da Assistência social. Com a PNAS/2004 houve o estabelecimento de duas referências para o atendimento das famílias e indivíduos: CRAS e CREAS, universalizando o acesso ao direito. Antes do SUAS, havia desresponsabi- lização do Estado na oferta de serviços e no atendimento à situação de violação de direitos. Após o SUAS, passou a ser dever do Estado a oferta dos serviços de refe- rência local ou regional para a recomposi- ção dos direitos violados. Antes do SUAS, a organização de ser- viços acontecia sem a consideração de territórios de vulnerabilidade e risco, o que mudou com a organização dos servi- ços, programas, projetos e benefícios com base no território e em sua realidade. Os serviços que antes retiravam as pessoas da convivência familiar e comu- nitária passou a garantir o direito à con- vivência familiar e comunitária. Antes ha- via uma desarticulação dos serviços com os benefícios Socioassistenciais, depois passou a haver articulação dos serviços e benefícios (público prioritário no atendi- mento são os beneficiários dos benefícios de transferência de renda: bolsa família e BPC). O enfoque que acontecia na relação convenial entre gestores, implicando bu- rocracia, demora e atraso no repasse de recursos, falta de autonomia na gestão por parte dos municípios e estados, en- controu nova lógica de financiamento, es- tabelecendo pisos de proteção social; re- passe fundo a fundo automático e regular e critérios técnicos de partilha. A partir do esvaziamento de legitimidade das instân- cias de articulação, pactuação e delibera- ção, veio o fortalecimento das instâncias no processo decisório e no reordenamen- to da rede socioassistencial. Antes do SUAS, a estruturação de ser- viços acontecia sem a devida integração em Sistema, sem definição de referências e contra referências, fluxos e procedi- mentos de recepção e intervenção social, gerando superposição e/ou paralelismo de ações. Após a implantação do SUAS, vi- mos o estabelecimento de regras, fluxos 14 15 e procedimentos na lógica de um sistema padronizado nacionalmente, devidamen- te garantindo o respeito às diversidades e especificidades regionais e locais. Com- plementaridade entre os serviços (básica e especial): rede socioassistencial gover- namental e não governamental com crité- rios de qualidade. A indefinição de atribuições/compe- tências dos três níveis de governo quanto à gestão da política e seu financiamen- to que era visível antes do SUAS passou por uma Normatização pactuada entre os gestores (Governo Federal, Estados e Mu- nicípios), definindo as atribuições, com- petências e responsabilidades de cada ente da federação na construção do SUAS (NOB/SUAS). O Cofinanciamento de programas e serviços que eram decididos no âmbito do governo federal, especificamente para ações pré-definidas e sem autonomia para os municípios, passou a dar respeito a autonomia dos municípios na organiza- ção dos serviços conforme a necessidade local e dos territórios. Antes, o desenvolvimento de ações acontecia sem base de dados qualificada, dificultando o diagnóstico dos problemas e das potencialidades sociais, assim como o monitoramento e avaliação. Depois do SUAS, a elaboração e estruturação da REDE SUAS disponibiliza ferramentas in- formacionais para gestão, controle social e financiamento, com possibilidades de insumo para monitoramento e avaliação, bem como para tomada de decisão quali- ficada e controle social. A ausência de processos continuados de capacitação e de política de recursos humanos passou a ser importante como o novo eixo da PNAS/04, a edição da NOB- -RH. Como instrumentosdo SUAS é im- portante frisar: Normas Operacionais – NOB/SUAS e NOB-RH/SUAS; Índice SUAS – distribuição mais equânime dos recursos cobrindo regiões e estados com populações mais vulnerá- veis; Rede SUAS – automatização de pro- cessos de gestão; Rede SUAS – automatização de pro- cessos de gestão local e finalização da automatização dos processos gerenciais - Suasweb gerencial; Indicadores de habilitação e Ges- tão – Plano de controle e acompanha- mento de gestão e das ações e serviços socioassistenciais no âmbito do SUAS; Criação de Núcleo de Monitora- mento no DG/SUAS; Pesquisa de informação básica municipal (MUNIC, IBGE); Censo de entidades da rede priva- da (PEAS, IBGE); Regulação – cofinanciamento/ser- viços socioassistenciais/Decreto BPC/ Decreto artigo 3 da LOAS/Decreto Bene- fícios Eventuais; Processo de trabalho CNAS – Sic- nasweb. Pacto de Aprimoramento da Gestão Estadual / Incentivo para aprimoramento da Gestão Estadual /Plano de cogestão do 16 1716 monitoramento dos serviços – acompa- nhamento e supervisão (BRASIL, 2008). Pelo exposto até o momento, não há dúvidas que os impactos provoca- dos pelo SUAS são muitos, a saber: Maior racionalidade dos gastos em Assistência Social; Transparência nos gastos em Assis- tência Social; Ampliação da efetividade das ações de Assistência Social; Melhoria na avaliação dos resultados da Assistência Social; Respeito ao pacto federativo; Marca política – consolidação da po- lítica de Assistência Social como política pública; Definição do campo de intervenção da política de assistência social, com uni- ficação de conceitos fundamentais. 16 1717 UNIDADE 4 - A Norma Operacional Básica - NOB/SUAS Como vimos, o SUAS reorganiza os ser- viços, programas, projetos e benefícios re- lativos à assistência social considerando as cidadãs e os cidadãos que dela necessitam. Garante proteção social básica e especial de média e alta complexidade, tendo a centrali- dade na família e base no território, ou seja, o espaço social onde seus usuários vivem. A Norma Operacional Básica – NOB – disci- plina a operacionalização da gestão da Políti- ca de Assistência Social, conforme a Consti- tuição Federal de 1988, a LOAS e legislação complementar aplicável nos termos da Polí- tica Nacional de Assistência Social de 2004, considerando a construção do SUAS, abor- dando, dentre outras questões: a divisão de competências e responsa- bilidades entre as três esferas de governo; os níveis de gestão de cada uma dessas esferas; as instâncias que compõem o processo de gestão e como elas se relacionam; os principais instrumentos de gestão a serem utilizados; e, a forma de gestão financeira que con- sidera os mecanismos de transferência, os critérios de partilha e de transferência de re- cursos. O CNAS aprovou também em 13/12/2006, a Norma Operacional Básica de Recursos Hu- manos (NOB/RH) – instrumento responsável pela definição das responsabilidades na po- lítica de trabalho na área. A NOB/RH foi uma das deliberações da 5ª Conferência Nacional de Assistência Social que aconteceu em de- zembro de 2005. Os princípios contidos na Norma engloba todos os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), órgãos gestores e executores de ações, serviços, programas, projetos e benefícios da área. Refere-se, também, a consórcios públicos e entidades e organizações da assistência social. 4.1 A divisão de competên- cias e responsabilidades en- tre as três esferas de gover- no Conforme estabeleceu a NOB/SUAS 2005, o Sistema Único de Assistência Social comporta quatro tipos de Gestão: dos Muni- cípios; do Distrito Federal; dos Estados; e, da União. De acordo com suas competências, as es- feras de gestão do SUAS assumem responsa- bilidades na gestão do sistema e na garantia de sua organização, eficiência e efetividade na prestação dos serviços, projetos, progra- mas e benefícios socioassistenciais. Responsabilidades da gestão munici- pal e do distrito federal: 1. Cumprir o que determina os arts. 14 e 15 da LOAS, que estabelecem as competên- cias dos municípios e Distrito Federal com a política de Assistência Social; 2. Atender aos requisitos previstos no art. 30 e seu parágrafo único da LOAS, incluído pela Lei nº 9.720/98, ou seja, a efetiva insti- tuição e funcionamento do: a. Conselho de Assistência Social, de com- posição paritária entre governo e sociedade 18 19 civil; b. Fundo de Assistência Social, com orien- tação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social, sendo que o gestor do fundo deverá ser nomeado e lotado na Se- cretaria Municipal de Assistência Social ou congênere; c. Plano de Assistência Social; d. Alocação de recursos próprios destina- dos à Assistência Social, em seus respectivos Fundos de Assistência Social. 3. Coordenar e organizar o SUAS em âmbi- to local e Distrital; 4. Garantir a integralidade da proteção so- cioassistencial à população, exercendo essa responsabilidade de forma solidária e coope- rativa com municípios, Estado e a União; 5. Ofertar serviços em quantidade e quali- dade aos usuários, conforme Tipificação Na- cional de Serviços; 6. Organizar a oferta de serviços de forma territorializada, em áreas de maior vulnera- bilidade e risco, de acordo com diagnóstico sócio-territorial; 7. Organizar a rede socioassistencial por níveis de proteção social básica e especial; 8. Organizar, articular e coordenar toda a rede de entidades de assistência social vin- culadas ao SUAS, com o objetivo de confor- mar uma rede local organizada de proteção social às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco pessoal ou social; 9. Organizar e regular o fluxo de referên- cias entre a rede de serviços da Proteção So- cial Básica e Especial, seja no município/DF ou município de referência, de acordo com a regionalização estabelecida, de modo a ga- rantir o acesso da população; 10. Estabelecer, em conjunto com outros municípios e o estado, mecanismos formais de cooperação intergovernamental que via- bilize técnica e financeiramente serviços de referência regional; 11. Participar da gestão do BPC, integran- do-o a Política de Assistência Social do muni- cípio e Distrito Federal, garantindo o acesso às informações a seus beneficiários; 12. Manter estrutura para recepção, iden- tificação, encaminhamento, orientação e acompanhamento dos beneficiários do BPC e dos Benefícios Eventuais; 13. Realizar a Gestão Integrada de Servi- ços, Benefícios e Transferência de Renda; 14. Promover a articulação intersetorial dos serviços socioassistenciais com as de- mais políticas públicas e sistema de garantia de direitos; 15. Promover a participação da sociedade na elaboração da Política Municipal e do Dis- trito Federal de Assistência Social, especial- mente dos seus usuários; 16. Estimular a mobilização e organização dos usuários e trabalhadores do SUAS para a participação nas instâncias de controle so- cial da Política de Assistência Social; 17. Garantir condições políticas, financei- ras e materiais para o pleno funcionamento dos Conselhos Municipais de Assistência So- cial e Conselhos Gestores de Unidades Pres- tadoras de Serviços de Assistência Social, para o pleno exercício do Controle Social; 18. Cofinanciar os serviços de proteção social básica e especial e benefícios eventu- ais; 19. Aperfeiçoar o Sistema Único de As- sistência Social no âmbito local através da 18 19 instituição da cultura permanente de plane- jamento da gestão, organização e execução de serviços, programas e benefícios socioa- ssistenciais; 20. Publicizar os gastos com recursos pú- blicos destinados à Assistência Social; 21. Planejar, continuamente e de forma participativa, a política de Assistência Social em seu âmbito, submetendo-o à aprovação do Conselho de Assistência Social; 22. Produzir, registrar, processar e utilizar informação como subsídio fundamental ao processo de planejamento egestão do SUAS e manter atualizadas as bases de dados dos subsistemas e aplicativos da REDE SUAS; 23. Prestar informações que subsidiem o acompanhamento estadual e federal; 24. Gerir os Programas de Transferência de Renda e Benefícios; 25. Implantar os serviços de vigilância so- cial; 26. Instituir capacitação e educação per- manente, para técnicos e conselheiros da as- sistência social; 27. Elaborar e executar a política de re- cursos humanos de acordo com a NOB/RH; 28. Monitorar a qualidade da oferta dos serviços vinculadas ao SUAS. Responsabilidades da Gestão Esta- dual: 1. Cumprir o que determina o artigo 13 da LOAS, que estabelece as competências dos Estados com a política de Assistência Social; 2. Atender aos requisitos previstos no art. 30 e seu parágrafo único da LOAS, incluído pela Lei nº 9.720/98, ou seja, a efetiva insti- tuição e funcionamento do: a. Conselho de Assistência Social, de com- posição paritária entre governo e sociedade civil; b. Fundo de Assistência Social, com orien- tação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social, sendo que o gestor do fundo deverá ser nomeado e lotado na Se- cretaria Municipal de Assistência Social ou congênere; c. Plano de Assistência Social; d. Alocação de recursos próprios destina- dos à Assistência Social, em seus respectivos Fundos de Assistência Social. 3. Organizar e coordenar o SUAS em âmbi- to Estadual; 4. Organizar a oferta de serviços de forma territorializada, em áreas de maior vulnera- bilidade e risco, de acordo com diagnóstico sócio-territorial; 5. Apoiar, técnica e financeiramente, os municípios para estruturação do SUAS; 6. Organizar e garantir o acesso da popu- lação à proteção especial; 7. Promover a integração com o sistema de garantia de direitos, 8. Organizar a oferta de serviços regio- nais, de acordo com diagnóstico sócio-terri- torial, que identifique a incidência de situa- ções de vulnerabilidade, risco e violação de direitos; 9. Coordenar o processo de definição dos territórios para implantação de serviços re- gionalizados, realizado em conjunto com os municípios; 10. Coordenar o processo de definição de competências do estado e dos municípios na gestão e cofinanciamento dos serviços re- 20 21 gionalizados; 11. Coordenar o processo de definição dos fluxos de referência e contra-referência dos serviços regionalizados e os serviços dos municípios referenciados; 12. Instituir instância colegiada para ges- tão partilhada (Comissão Intergestores Bi- partite Regional) dos territórios regionaliza- dos; 13. Instituir o Plano Estadual de Capacita- ção e Educação Permanente; 14. Garantir condições políticas, financei- ras e materiais para o pleno funcionamento do Conselho Estadual de Assistência Social e Conselhos Gestores de Unidades Prestado- ras de Serviços de Assistência Social, quan- do o serviço estiver sob gerência do Estado, para o pleno exercício do Controle Social; 15. Garantir condições políticas, financei- ras e materiais para o pleno funcionamento das Comissões Intergestores Bipartite esta- dual e regionais; 16. Cofinanciar os serviços de proteção básica e especial, de média e alta complexi- dade e a melhoria da gestão; 17. Produzir, registrar, processar e utilizar informação como subsídio fundamental ao processo de planejamento e gestão do SUAS e manter atualizadas as bases de dados dos subsistemas e aplicativos da REDE SUAS; 18. Implantar serviço estadual de vigilân- cia social; 19. Promover e apoiar a gestão integrada de serviços, benefícios e transferência de renda; 20. Promover e apoiar o aprimoramento da gestão do PBF e CadÚnico; 21. Implantar sistema estadual de moni- toramento e avaliação; 22. Acompanhar e monitorar a rede es- tatal e privada vinculada ao SUAS no âmbito estadual e regional. Responsabilidades da união 1. Consolidar e aprimorar a implementa- ção do SUAS, através do Pacto de Aprimo- ramento da Gestão do SUAS, observando as propostas das Conferências Nacionais e as deliberações e competências do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); 2. Coordenar e regular o acesso às segu- ranças de proteção social, que devem ser garantidas pela Assistência Social, conforme indicam a PNAS/2004 e a NOB; 3. Definir as condições e o modo de aces- so aos direitos relativos à Assistência Social, visando a sua universalização, dentre todos os que necessitem de proteção social, ob- servadas as diretrizes emanadas do CNAS; 4. Coordenar, regular e cofinanciar a im- plementação de serviços e programas de proteção social básica e especial, a fim de prevenir e reverter situações de vulnerabili- dade social e riscos; 5. Orientar e acompanhar a implementa- ção da Tipificação Nacional de Serviços So- cioassistenciais, que estabelece as bases de padronização nacional dos serviços e equi- pamentos físicos do SUAS, monitorando a qualidade dos serviços prestados; 6. Coordenar a gestão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), articulando-o aos demais programas e serviços de Assis- tência Social e regular os benefícios eventu- ais, com vistas à cobertura de necessidades advindas da ocorrência de contingências so- ciais; 20 21 7. Fomentar a implantação do Protocolo de Gestão Integrada de serviços, benefícios e transferência de renda no âmbito do SUAS, considerando que as famílias beneficiárias dos programas e benefícios de transferência de renda, devem se constituir público priori- tário nos serviço socioassistenciais; 8. Formular diretrizes e participar das de- finições sobre o financiamento e o orçamen- to da Assistência Social, assim como gerir, acompanhar e avaliar a execução do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS); 9. Articular as políticas socioeconômicas setoriais, com vistas à integração das políti- cas sociais para o atendimento das deman- das de proteção social e enfrentamento da pobreza; 10. Propor, pactuar e coordenar o siste- ma de informação da Assistência Social com vistas ao planejamento, controle das ações e avaliação dos resultados da Política Nacional de Assistência Social, implementando-o em conjunto com as demais esferas de governo; 11. Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Federal e os municípios na implementação dos serviços e programas de proteção social básica e especial, dos proje- tos de enfrentamento à pobreza e das ações assistenciais de caráter emergencial; 12. Propor diretrizes para a prestação de serviços socioassistenciais e pactuar as re- gulações entre os entes públicos federados, entidades e organizações não governamen- tais; 13. Incentivar a criação de instâncias pú- blicas de defesa dos direitos dos usuários dos programas, serviços e projetos de Assis- tência Social; 14. Articular e coordenar ações de forta- lecimento das instâncias de pactuação, par- ticipação e de deliberação do SUAS; 15. Implantar a política nacional de capa- citação, de acordo com a NOB/RH para a for- mação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da Assistência Social; 16. Desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as análises de necessi- dades e formulação de proposições para a área, em conjunto com o órgão competente do Ministério e com instituições de ensino e de pesquisa; 17. Elaborar e executar a política de recur- sos humanos, de acordo com a NOB/RH, com a implantação de carreira para os servidores públicos que atuem na área de Assistência Social; 18. Instituir Sistema de Informação, Acompanhamento, Monitoramento e Ava- liação, apoiando estados, Distrito Federal e municípios na sua implementação. 4.2 Os níveis de gestão de cada uma dessas esferas O nível de gestão dos municípios será de- finido conforme estágios de organização da gestão e dos serviços a ser atribuído com base em indicadores mensurados a partir dos diagnósticos socioterritorial e de res- ponsabilidades que estarão contidos na Ma- triz de Responsabilidades. Dessa maneira, o nível de gestãoserá o reflexo das respon- sabilidades realizadas. Quanto mais respon- sabilidades realizadas mais aprimorada é a gestão descentralizada do SUAS. O plano dos municípios deverá, portanto, refletir o estágios de organização dos SUAS alcançado pelos municípios, reconhecendo o esforço realizado na assunção das respon- sabilidades estabelecidas para cada um dos 22 23 níveis de gestão estabelecidos pela NOB/ SUAS 2005 e apontar para o aprimoramen- to da gestão e qualificação dos serviços do SUAS. Da mesma maneira, o plano dos estados que aderiram ao SUAS, conforme NOB/SUAS 2005, deverá refletir o estágios de organiza- ção dos SUAS alcançado pelo estado, reco- nhecendo o esforço realizado na assunção das responsabilidades estabelecidas para gestão estadual e apontar para o aprimora- mento da gestão e qualificação dos serviços do SUAS sob sua responsabilidade. 4.3 Quadro sinótico com os principais instrumentos de gestão para elaboração do Plano de Assistência Social INSTRUMENTOS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Diagnóstico Socioterritorial Matriz de responsabilidades Plano de Assistência Social Termo de Pactuação Monitoramento INSTRUMENTOS Identificação de oferta: localização da rede de serviços socioassistenciais e de outras políticas setoriais. Identificação da demanda: situações de vulnerabilidade, ris- co social e violação de direito e sua localização no território. Mapeamento de responsabilidades: identificação das responsabilidades realizadas ou não, conforme estágio de organização da gestão e oferta dos serviços socioassisten- ciais. Etapa de Planejamento das ações relacionadas com as responsabilidades apontadas na matriz. As ações serão geradas automaticamente pelo sistema e as atividades que detalham a sua execução serão cadastradas pelo gestor, indicando metas, resultados esperados, cronograma de execução e orçamento. O Planejamento das responsabilidades resultará em um Termo de Pacto de Aprimoramento da Gestão do SUAS a ser celebrado nas instâncias de pactuação – CIB e CIT Acompanhamento contínuo do cumprimento das responsa- bilidades, envolvendo os Conselhos de Assistência Social e gestores estaduais e federal. DESCRIÇÃO SUCINTA 22 23 4.4 A forma de gestão financeira e orçamentária A opção brasileira, quanto ao modelo de seguridade social adotado, traz como princípio para a assistência social a uni- versalidade da cobertura e do atendi- mento, reconhecendo esse campo como política pública de direito do cidadão e dever do Estado, operado por meio de um processo de gestão descentralizada e participativa, ou seja, partilhada com a sociedade e próxima dela. No processo de financiamento da polí- tica de assistência social, isso se efetiva especialmente pelo papel dos conselhos deliberativos no controle social exercido em relação ao orçamento e ao cofinan- ciamento, o que deve se voltar para a im- plementação de ações planejadas nesta área, as quais devem ser demonstradas por meio dos planos de assistência social. O SUAS inaugurou uma nova lógica de financiamento para esta política pública, pautada principalmente no reconheci- mento de que as ações se efetivam, des- centralizadamente, nos espaços locais, ou seja, nos municípios, estados e Distri- to Federal. Assim sendo, é nesses espa- ços que o financiamento deve se operar, com a coparticipação dos entes federa- dos na efetivação das provisões afeta- das a esta política. A Política Nacional de Assistência So- cial de 2004 e a Norma Operacional Bá- sica de 2005, assim, trouxeram à tona importantes mudanças na gestão finan- ceira desta política e reforçando o fundo de assistência social como instância pri- vilegiada de seu financiamento. Os fundos vinculados a esta área tem como base legal, além da LOAS, a Lei 4.320/64, que, ao tratar do orçamento público, dispõe sobre os fundos espe- ciais. A instituição dos fundos caracteriza uma forma de gestão transparente e ra- cionalizadora de recursos, que contribui para o fortalecimento e visibilidade da assistência social no interior da adminis- tração, bem como para o controle social de toda execução financeira. Com base nesses parâmetros legais, pode-se afirmar que o fundo de assistên- cia social se caracteriza como um fundo especial por se constituir na reunião de recursos financeiros para determinadas ações, ou seja, por ter vinculação a uma área e a objetivos específicos. Os fundos dessa natureza não pos- suem personalidade jurídica própria, ou seja, devem ser vinculados a um órgão da administração pública. De acordo com orientações do Tribunal de Contas da União, os fundos de assistência social devem ser inscritos no Cadastro Nacio- nal de Pessoa Jurídica – CNPJ, porém, tal orientação tem o intuito de assegurar maior transparência na identificação das contas e não de lhe atribuir autonomia administrativa e de gestão. Assim, na as- sistência social, os fundos devem estar vinculados ao órgão gestor desta políti- ca e deve o seu responsável (o gestor da área) ser o seu ordenador de despesas. Além disso, retomando-se o já tratado na NOB/SUAS 2005, os fundos de assis- tência social devem se configurar como unidades orçamentárias, a fim de que haja maior visibilidade do montante de recursos destacados orçamentariamen- te para o campo da assistência social em 24 25 cada esfera de governo. Também cabe destacar que, além da questão estratégica e democrática que é o fortalecimento dos fundos nas três es- feras de governo, algumas outras ques- tões são fundamentais no processo de gestão financeira da assistência social. A primeira delas diz respeito à aplicação dos princípios da administração pública, em especial a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. Na operacionalização do financiamento da assistência social, tais princípios de- vem estar sempre presentes, uma vez que a gestão financeira desta política tem caráter público, submetendo-se ao regramento aplicável a toda a adminis- tração pública. A observação dos princípios orça- mentários também se configura como relevante, uma vez que, como visto, os fundos devem se constituir unidades or- çamentárias. Dentre os vários princípios que norteiam o processo do orçamento público brasileiro, destacam-se, por sua sinergia com os objetivos e concepções inscritos na NOB, os relacionados: à anterioridade, que determina que nenhum gasto ocorrerá sem a pré- via destinação orçamentária, atentando para a necessária previsão das necessi- dades de aplicação de recursos em de- terminadas áreas e da providência de sua devida inserção no documento orçamen- tário (incluindo-se todas as despesas a serem efetuadas, seja com recursos pró- prios, seja com recursos transferidos en- tre as esferas de governo); à exatidão, que prevê a adequação entre o diagnóstico da realidade local (sob os aspectos econômico, político, so- cial, entre outros) e a capacidade do se- tor público na arrecadação e execução do orçamento; a programação, que trata da for- mulação de objetivos e o estudo das al- ternativas da ação a ser desenvolvida para seu alcance, aludindo ao plano de ação governamental, o qual representa o efetivo planejamento da administra- ção pública, como técnica de interseção entre as funções de planejamento e de gerenciamento. O orçamento é instrumento essencial para a gestão da política pública de assis- tência social, e expressa o planejamento que orienta e garante condições para o atendimento à população usuária des- ta política. O orçamento, a partir dessa concepção de planejamento na adminis- tração pública, visa evitar que as ações tenham caráter de improviso, pois traz como exigência que se defina diretrizes, objetivos e metas que se preveja a orga- nização das ações, que se calcule a pro- visão de recursos, se defina a forma de acompanhamento das ações, se realize a revisão crítica das propostas, dos pro- cessos e dos resultados. O orçamento expressaas prioridades da gestão e, como viabilizador das con- dições objetivas para a operacionaliza- ção das ações de assistência social, se- jam elas voltadas à prestação direta dos serviços, sejam pela criação dos meios necessários a essa prestação pela via da operacionalização de sua gestão, tem pa- pel central no processo de financiamento desta política. Ressalte-se que o financiamento da 24 25 assistência social no SUAS deve, neces- sariamente, ter este sistema como re- ferência. Portanto, as três esferas de governo devem operar o financiamento desta área a partir das instruções norma- tivas, orientações e instruções inerentes ao processo de gestão instaurado em seu escopo, primando pelo fortalecimento da descentralização político-administrativa e financeira que se caracteriza como sua diretriz constitucional e legal e expressa todo esse conjunto nos instrumentos de planejamento, dentre os quais o orça- mento público com grande centralidade. O financiamento da política de assis- tência social assim organizado, com ên- fase nos fundos e garantia de orçamento como forma planejada de viabilizá-lo, im- prescinde de outras circunstâncias e con- dições que devem ser também objeto de atenção da parte de todos os atores en- volvidos com o processo de gestão e ope- racionalização na área. Nessa direção, é preciso que sejam bem definidas em cada esfera de governo quais são as fon- tes de financiamento desta política, as quais devem ser inseridas na lei que cria o fundo e em seu orçamento. Além disso, é de fundamental relevância que haja no âmbito dos municípios, estados e Distri- to Federal a declaração dos montantes aplicados na política de assistência social nos sistemas oficiais de informação, em especial o Sistema do Tesouro Nacional – SISTN, no qual devem ser mencionadas todas as receitas e despesas, de acordo com sua fonte e classificação. Vale sa- lientar que todos os recursos transferi- dos entre esferas de governo devem ser aplicados enquanto não utilizados pela esfera responsável pela sua execução. Também é importante entender que a forma de apresentação no orçamen- to das ações planejadas seja compatível com as funções desta política, com seus níveis de proteção social básica e espe- cial e com as condições necessárias ao aprimoramento da gestão na área, bem como com a efetivação do exercício do controle social; que se estabeleçam cri- térios de partilha para orientar a transfe- rência dos recursos seja entre esferas de governo, seja no financiamento das esfe- ras locais em relação a suas redes de ser- viços; que haja a aprovação da proposta orçamentária e acompanhamento da sua execução pelos Conselhos de Assistência Social nas três esferas; e que, de fato, se viabilize o cofinanciamento. O cofinanciamento A NOB/SUAS 2005, ao abordar o tema do cofinanciamento, buscou destacar a responsabilidade compartilhada entre os entes federados na efetivação das con- dições para a oferta dos serviços, pro- gramas, projetos e benefícios em âmbito local, reportando-se aos artigos da LOAS que regulam o financiamento. Um salto importante que figura na NOB/SUAS 2005 é o reconhecimento de que o financiamento deve ser orientado pela gestão desta política, ou seja, tendo destaque novamente a diretriz constitu- cional da descentralização político-admi- nistrativa e financeira. Pensar o cofinanciamento segundo essa lógica, considerando o disposto no capítulo III da Lei Orgânica de Assistên- cia Social, que trata da “Organização e da Gestão” desta política pública, pressu- põe, portanto, reconhecer em seu con- 26 27 teúdo a intrínseca relação dos serviços, programas, projetos e benefícios com o componente da gestão, pois, ao se ope- rar uma política descentralizada, o mo- delo de corresponsabilidade no financia- mento deve envolver essas dimensões, eminentemente vinculadas. Tal relação se faz fundamental, pois o fortalecimento da gestão descentrali- zada no âmbito municipal e estadual do SUAS é fator preponderante para que se possa vislumbrar a garantia da provisão da proteção social da assistência social com qualidade, pressupõe um rol de ini- ciativas de gestão que a assegure, com a primazia da responsabilidade do Estado. A LOAS estabelece que as três esferas de governo têm competências relacio- nadas ao financiamento desta política pública. Todos os entes são corresponsá- veis, devendo cofinanciá-la, consignando receitas próprias e específicas para pro- visionar as despesas sociais, observando a diretriz do comando único em cada es- fera de governo. Ela indica que o cofinanciamento fe- deral, em nível local, somente pode se efetivar se houver destinação de recur- sos próprios também pelas referidas esferas de governo em seus fundos de assistência social. Mais uma vez se con- figura a responsabilidade compartilhada no financiamento, pois a lei destaca a co- participação entre as esferas, sem deixar de responsabilizar as esferas locais pela priorização da área em seus orçamentos. O orçamento do FNAS integra o orça- mento do MDS, órgão coordenador da Po- lítica Nacional de Assistência Social, que o gere por intermédio de sua Secretaria de Assistência Social, sob orientação e controle do Conselho Nacional de Assis- tência Social – CNAS, que é o responsá- vel pelo estabelecimento dos critérios de repasse à vista de avaliações técnicas periódicas realizadas pela Secretaria de Assistência Social do MDS. A proposta orçamentária do FNAS consta das Políticas e Programas Anuais e Plurianuais do Governo e é submetida à apreciação e aprovação do CNAS. As receitas nele alocadas tem por ob- jetivo proporcionar recursos e meios para financiar o benefício de prestação continuada e apoiar serviços, programas e projetos de assistência social. Os recur- sos de responsabilidade da União desti- nados à assistência social são mensal- mente repassados pelo Tesouro Nacional ao FNAS, à medida que se forem realizan- do as receitas. O FNAS é, portanto, um fundo espe- cial, no âmbito da União, sem personali- dade jurídica e autonomia administrativa e financeira, estando vinculado ao MDS, a quem compete sua gestão, sendo nele alocados os recursos destinados ao cofi- nanciamento das ações da política de as- sistência social. Os recursos federais são repassados automaticamente para o fundo de assis- tência social estadual, do Distrito Fede- ral ou municipal, independentemente de celebração de convênio, ajuste, acordo ou contrato, e são aplicados segundo as prioridades estabelecidas nos planos de assistência social aprovados pelos res- pectivos Conselhos. É a Lei 9.604, de 1998, que estabele- ce que o cofinanciamento federal pode- 26 27 rá ser viabilizado sem a necessidade de convênios, ajustes ou congênere, desde que cumprido o artigo 30 da LOAS, com observância da destinação de recursos próprios em cada esfera de governo aos fundos de assistência social, e compatibi- lizadas as ações nos Planos de Assistên- cia Social. Evidencia-se, assim, o processo de planejamento, a corresponsabilidade, a importância do investimento pelas três esferas de governo e do pacto federativo no processo de gestão do SUAS. As leis mencionadas corroboram com o entendimento de que as transferên- cias de recursos destinadas a ações vin- culadas à política de assistência social se qualificam como transferências legais ou obrigatórias, pois se referem a transfe- rências regulamentadas em leis especí- ficas. Essas transferências são operacio- nalizadas de duas formas: transferências automáticas e/ou transferências fundo a fundo. As transferências fundo a fundo, se- gundo Silva (2009), são aquelas que se caracterizam pelo repasse de recurso diretamente de fundo da esfera federal para fundos da esfera estadual, munici- pal e do Distrito Federal sem exigência de celebração de convênio. Com base nos dispositivos legais e doutrinários acima, a NOB, ao se reforçar o papel do fundo como instância de finan- ciamento, busca-seviabilizar que esse preceito legal seja cada vez mais possí- vel e fortalecido e que o repasse fundo a fundo se efetive e se consolide no campo da assistência social, reconhecendo, ain- da, a intrínseca relação entre os serviços e o processo de gestão. Nessa direção, prevê-se a operacio- nalização de duas formas de cofinancia- mento, a ser operado pela esfera federal sob a forma de repasse fundo a fundo: o cofinanciamento dos serviços socioassis- tenciais e o cofinanciamento da gestão. O que se busca configurar na NOB/2005, além da responsabilidade compartilhada entre as esferas de governo na provisão da assistência social é que o cofinancia- mento se configure como indutor da me- lhoria da qualidade e dos indicadores. A NOB/SUAS 2005 inovou grandemen- te ao adotar os pisos de proteção como critério de transferência dos recursos para cofinanciamento dos serviços. Foi o início do processo de reconhecimento das transferências vinculadas à assistên- cia social como transferências legais. O repasse dos pisos se caracterizou como transferência regular e automáti- ca fundo a fundo, caráter esse que deve ser cada vez mais fortalecido. Essa NOB tenta avançar ainda um pouco mais. Pro- põe-se neste momento histórico que o cofinanciamento se dê por blocos de fi- nanciamento. Tais blocos se destinam a cofinanciar a Proteção Social e seus conjuntos de serviços, classificados em proteção social básica e especial e tipifi- cados conforme resolução específica do Conselho Nacional de Assistência Social e a Gestão do SUAS, que inclui também a Vigilância Socioassistencial e a Defesa Social e Institucional, com o respectivos monitoramento e controle. Todos os blocos poderão conter, além dos seus componentes, incentivos que sejam afetos às ações e serviços a que se referem. Assim, cada bloco poderá con- tar com uma parte fixa e uma variável. 28 29 Os recursos referentes a cada bloco de financiamento devem ser aplicados nas ações e serviços relacionados ao próprio bloco e serão utilizados conforme pro- gramação pactuada nas comissões inter- gestores e também conforme orientação dos planos de assistência social. O MDS estabelecerá critérios e condi- ções mínimas exigidas para aprovação dos planos dos municípios, estados e Distrito Federal, após pactuação na CIT e deliberação do CNAS. Também, nessa direção, serão definidos mecanismos de acompanhamento da conformidade da aplicação dos recursos transferidos em relação à programação dos serviços e de- mais ações previstas nos planos. Os recursos transferidos pelo FNAS serão movimentados, em cada esfera de governo, sob a fiscalização do respectivo Conselho de Assistência Social, sem pre- juízo da fiscalização exercida pelos ór- gãos de controle interno e externo, sen- do vedada a realização de transferência para financiamento de ações não previs- tas nos respectivos planos, exceto em situações emergenciais e de calamidade pública devidamente decretadas. Os repasses desses recursos serão efetivados pela via fundo a fundo em conta única para cada bloco, respeitada a especificidade de seus componentes quando for o caso, e o detalhamento da forma de operacionalização desses re- passes, dos critérios de partilha, dos flu- xos a serem adotados, bem como deta- lhamento da forma de sua prestação de contas e outras questões afetas à aplica- ção e operacionalização desse modo de cofinanciamento será objeto de ato nor- mativo específico e devendo-se utilizar aplicativos informatizados. As despesas referentes ao recurso federal transferido fundo a fundo de- vem ser efetuadas segundo as exigên- cias legais requeridas a quaisquer ou- tras despesas da Administração Pública (processamento, empenho, liquidação e efetivação do pagamento), mantendo a respectiva documentação administrati- va e fiscal pelo período mínimo legal exi- gido. Tais documentos comprobatórios das despesas realizadas na execução dos serviços e gestão de forma descentra- lizada, tais como notas fiscais, recibos, faturas, dentre outros legalmente acei- tos, deverão ficar arquivados na sede do município, Distrito Federal ou estado, em boa conservação, identificados e à dispo- sição do órgão repassador e dos órgãos de controle interno e externo. Os recursos dos blocos de financia- mento dos serviços de proteção social básica e especial podem ser aplicados para transferência a entidades privadas vinculadas ao SUAS, desde que não se re- firam aos valores relativos a componen- tes voltados ao financiamento de servi- ços cuja prestação seja exclusivamente estatal, conforme disposto na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. As transferências de recursos deverão ocorrer para cofinanciamento de serviços socioassistenciais, de acordo com o pro- cesso de planejamento municipal, regio- nal e/ou estadual. Dessa forma, também são contemplados os serviços regionali- zados prestados pelas esferas estaduais, a partir do diagnóstico territorial realiza- do. Os municípios poderão estabelecer consórcios para execução de ações pre- vistas nos blocos, exceto no que tange 28 29 à Proteção Social Básica, podendo, para tanto, remanejar entre si parcelas de re- cursos, de acordo com os planos munici- pal e regional e com a pactuação estabe- lecida para o território a que se referem os serviços regionalizados. É condição para essa pactuação o planejamento e a existência de fundos em todos os muni- cípios que componentes dos territórios regionalizados em comento. Os recursos que formam cada bloco e seus respectivos componentes, bem como os montantes financeiros a serem transferidos, sob essa forma, aos Esta- dos, Distrito Federal e aos Municípios devem ser expressos em memórias de cálculos, para fins de histórico e monito- ramento, respeitada a especificidade de cada bloco. O controle e acompanhamento das ações e serviços financiados pelos blocos de financiamento devem ser efetuados por meio dos instrumentos específicos adotados pelo MDS no âmbito do SUAS, cabendo aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a prestação das infor- mações de forma regular e sistemática. São requisitos mínimos para que Estados, Distrito Federal e Municí- pios recebam os recursos dos blocos de financiamento previstos nesta norma: a) Conselho de assistência social insti- tuído e em funcionamento; b) Plano de assistência social elabo- rado, aprovado pelo conselho respectivo e implantado, com previsão de forma de acompanhamento e monitoramento de sua execução; c) Fundo de assistência social criado em lei, constituído como unidade orça- mentária, com alocação de recursos pró- prios e vinculado ao órgão gestor da po- lítica de assistência social, inclusive com ordenação de despesas pelo titular dessa área, executado com base nas normas da administração pública e com organização contábil compatível com o ordenamento legal afeto; d) Compromisso com o cumprimento das metas do pacto (ou da matriz de res- ponsabilidades) de aprimoramento da gestão e apresentação de relatórios de gestão conforme modelo estabelecido (BRASIL, 2010). 30 3130 UNIDADE 5 - NOB/RH A Gestão do trabalho compõe os as- pectos fundamentais na implantação do SUAS, somando-se a descentralização, o financiamento e o controle social. Isso significa que para a consolidação do SUAS, faz-se necessário incluir no es- copa da Política de Assistência Social a gestão do trabalho. Dessa forma, a partir das discussões iniciadas na NOB/SUAS, consolidou-se as diretrizes da gestão do trabalho, apre- sentadas na Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH)/SUAS, que são: Conhecer os profissionais que atuam na Assistência Social, caracterizando suas expectativas de formação e capacitação para a construção do SUAS; vislumbrar o desafio proposto para esses profissionais, a partir dos com- promissos dos entes federativos com os princípios e diretrizes da universalidade, equidade, descentralização político-ad- ministrativa, intersetorialidadee partici- pação da população; Propor estímulos e valorização des- ses trabalhadores; Identificar os pactos necessários en- tre gestores, servidores, trabalhadores da rede socioassistencial, com base no compromisso da prestação de serviços permanentes ao cidadão e da prestação de contas de sua qualidade e resultados; Identificar os pactos necessários en- tre gestores, servidores, trabalhadores da rede socioassistencial, com base no compromisso da prestação de contas de sua qualidade e resultados. Enfim, é uma política de gestão do tra- balho que privilegia a qualificação técnico- -política desses agentes, conforme Mar- tins (2009), e, diante dessa necessidade de consolidar um política de gestão do trabalho, faz-se necessário, para atender aos princípios e diretrizes estabelecidos para a política de Assistência Social, que a gestão do trabalho no SUAS ocorra com a preocupação de estabelecer uma Políti- ca Nacional de Capacitação, fundada nos princípios da educação permanente, que promova a qualificação de trabalhadores, gestores e conselheiros da área, de for- ma sistemática, continuada, sustentável, participativa, nacionalizada e descentra- lizada, com a possibilidade de supervisão integrada, visando o aperfeiçoamento da prestação dos serviços socioassistenciais, deve também: garantir a desprecarização dos víncu- los dos trabalhadores do SUAS e o fim da terceirização; garantir a educação permanente dos trabalhadores; realizar planejamento estratégico; garantir a gestão participativa com controle social; integrar e alimentar o sistema de in- formação. Nesse sentido, a elaboração, o de- bate e a aprovação da NOB/RH é um avanço incontestável. A NOB/RH apro- 30 3131 vada pelo CNAS, em 13 de dezembro de 2006, objetiva: padronizar as carreiras do SUAS, por meio de diretrizes nacionais para a imple- mentação dos Planos de Cargos, Carreiras e Salários; definir equipes mínimas para a ges- tão da assistência social como política pú- blica e a prestação dos serviços, progra- mas, projetos e benefícios; formar p cofinanciamento, pelas três esferas de governo, dos trabalhadores do SUAS (salários e capacitação); apresentar as diretrizes para o Plano Nacional de Capacitação; identificar os trabalhadores do SUAS no Cadastro Nacional do SUAS (CadSUAS), entre outros temas essenciais para a ga- rantia de qualidade dos serviços socioas- sistenciais. Na construção de uma política pública, os recursos humanos constituem parte prioritária e definidora dos parâmetros de qualidade e eficácia dos serviços presta- dos. O conjunto diversificado dos serviços que compões a rede do SUAS, o padrão de qualidade necessário aos atendimentos, a complexidade de diversos serviços de proteção social, básica e especial, e a ne- cessária integração das ações da assistên- cia social com as demais políticas setoriais exigem um número de profissionais com- patível e a sua capacitação permanente. Além disso, conforme Martins (2009), como política pública, a assistência social tem diversificado o conjunto de serviços, demandando hoje novas especializações profissionais. A Resolução nº 269/06 aprovou a NOB- -RH/SUAS e a Resolução nº 01/07, tratan- do-se de um primeiro esforço nesta área objetivando delinear os principais pontos da gestão pública do trabalho e propor mecanismos reguladores da relação entre gestores e trabalhadores e os prestado- res de serviços socioassistenciais, o que não esgota as possibilidades de aprimora- mento desta Norma (BRASIL, 2006). Segundo Patrus Ananias (BRASIL, 2006), esta Norma é um instrumento de gestão que só terá eficácia se o seu conte- údo for amplamente pactuado e assumido entre os gestores da Assistência Social e se houver adesão às suas diretrizes. Estas devem auxiliar os Conselhos de Assistên- cia Social em relação às suas tarefas de controle social da gestão do trabalho no SUAS, e devem ser também uma referên- cia para os trabalhadores. A NOB-RH/SUAS consolida os principais eixos a serem considerados para a gestão do trabalho na área da assistência social, sendo que tais eixos definem o conteúdo disposto nesta Norma, considerando a re- alidade atual do SUAS no Brasil. São princípios éticos para os traba- lhadores da assistência social: 1. A Assistência Social deve ofertar seus serviços com o conhecimento e com- promisso ético e político de profissionais que operam técnicas e procedimentos impulsionadores das potencialidades e da emancipação de seus usuários; 2. Os princípios éticos das respectivas profissões deverão ser considerados ao se elaborar, implantar e implementar pa- drões, rotinas e protocolos específicos, para normatizar e regulamentar a atua- 32 3332 ção profissional por tipo de serviço socio- assistencial. São princípios éticos que orientam a intervenção dos profissionais da área de assistência social: a) Defesa intransigente dos direitos socioassistenciais; b) Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de qua- lidade que garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiares e sociais; c) Promoção aos usuários do acesso a informação, garantindo conhecer o nome e a credencial de quem os atende; d) Proteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo profissional, preser- vando sua privacidade e opção e resga- tando sua história de vida; e) Compromisso em garantir atenção profissional direcionada para construção de projetos pessoais e sociais para auto- nomia e sustentabilidade; f) Reconhecimento do direito dos usu- ários a ter acesso a benefícios e renda e a programas de oportunidades para inser- ção profissional e social; g) Incentivo aos usuários para que es- tes exerçam seu direito de participar de fóruns, conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares de produção; h) Garantia do acesso da população a política de assistência social sem discri- minação de qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação sexual, clas- se social, ou outras), resguardados os cri- térios de elegibilidade dos diferentes pro- gramas, projetos, serviços e benefícios; i) Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de que estes possam usá-las para o fortalecimento de seus interesses; j) Contribuição para a criação de meca- nismos que venham desburocratizar a re- lação com os usuários, no sentido de agili- zar e melhorar os serviços prestados. 32 3333 UNIDADE 6 - Atuação de psicólogos e assistentes sociais na assistência social Visto que Assistentes Sociais e Psicólogos são alguns dos profissionais mais atuantes na área em tela, acreditamos ser importan- te abordar alguns parâmetros ético-políticos e profissionais que perspectivam a atuação destes profissionais, tomando como refe- rência as normas reguladoras dessas profis- sões e baseando em reflexões do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e pelo Con- selho Federal de Psicologia (CFP). No caso do Serviço Social, o texto funda- menta-se nos valores e princípios do Código de Ética Profissional, nas atribuições e com- petências asseguradas na Lei de Regula- mentação da Profissão (Lei nº 8662/1993), na Resolução CFESS nº 493/06 e nas Diretri- zes Curriculares do Serviço Social elaboradas pela Associação Brasileira de Ensino e Pes- quisa em Serviço Social (ABEPSS). No caso da Psicologia, referencia-se no Código de Ética Profissional e nas Diretrizes Nacionais Curri- culares para os cursos de graduação em Psi- cologia/MEC. Os conteúdos referentes à Psi- cologia são de autoria do CFP e os do Serviço Social foram elaborados pelo CFESS. Tal reflexão torna-se imprescindível no momento atual, tendo em vista a aprova- ção da Política Nacional de Assistência So- cial (PNAS) em 2004, da Norma Operacional Básica - NOB/ SUAS em 2005 e da NOB/RH/ SUAS em 2006, que definem normas e dire- trizes para estruturação da política de Assis- tência Social e estabelecem a exigência de constituição de equipes técnicas
Compartilhar