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Princípios do Centro cirúrgico

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1 Princípios do centro cirúrgico
1.1 Paciente 17
Judy Orson, Donna Russell-Larson
1.2 Pessoal 33
Rossana Fornazzari, Myriam Sanchez
1.3 Ambiente 45
Christine Booth
1.4 Instrumentação 59
Isabel van Rie Richards
1.5 Implantes 69
1.5.1 Material 69
Nicola Kildea, Jessica Hayes
1.5.2 Cuidado e armazenamento de implantes 74
Judith Roberson
1.5.3 Implantes danificados e quebrados 77
 Nicola Kildea, Anna Wilkins
1.6 Equipamentos 81
1.6.1 Mesa cirúrgica 81
Sari Cohen
1.6.2 Intensificador de imagem 85
 Poh Yan Lim, Merng Koon Wong
1.6.3 Garrote pneumático 93
Poh Yan Lim, Merng Koon Wong
1.6.4 Fornecimento de ar e energia 99
Poh Yan Lim, Siew Hong Lau, Donna Russell-Larson
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16
1 Princípios do centro cirúrgico
1.1 Paciente
1.1.1 Introdução 17
1.1.2 Entrada no centro cirúrgico 17
1.1.3 Preparação para a cirurgia 24
1.1.4 Posicionamento para a cirurgia 25
1.1.5 Desinfecção e isolamento do campo cirúrgico 29
1.1.6 Leituras complementares 31
 Porteous_livro.indb 16 Porteous_livro.indb 16 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
Autores Judy Orson, Donna Russell-Larson
17
1.1.1 Introdução
Um paciente que chega à sala cirúrgica (OR – Operation Room) 
para uma cirurgia entrega a responsabilidade de seu bem-estar e sua 
segurança à equipe perioperatória. Essa tem como função fornecer 
um ambiente seguro, por meio do exercício de seu conhecimento e 
suas habilidades, proteger o paciente de lesões e minimizar o risco 
de infecção pós-operatória.
Destinado à equipe do centro cirúrgico (ECC), esta seção re-
toma os princípios de cuidado ao paciente que permanece no cen-
tro cirúrgico durante a fase pré-operatória e oferece diretrizes para 
a prática clínica aplicáveis a uma ampla variedade de contextos nos 
quais uma ECC trabalha.
1.1.2 Entrada no centro cirúrgico
As providências para a entrada de pacientes no centro cirúrgico va-
riam. Alguns locais têm uma área pré-operatória designada a receber 
os pacientes; em outros, os pacientes podem ser levados diretamente 
para a sala de anestesia ou ainda para o próprio centro cirúrgico. 
Não importa a forma como essa etapa é organizada; o ambiente no 
qual o paciente será recebido deve ser calmo e silencioso, um local 
onde a ECC possa criar empatia e completar as verificações, que o 
ajudará a garantir a segurança e o bem-estar do paciente durante sua 
permanência no departamento de cirurgia.
O centro cirúrgico é uma área com equipamentos extremamen-
te técnicos e pessoal com alto nível de treinamento. Sons, odores 
e equipamentos, tão familiares para a ECC, podem ser intimida-
dores ou até assustadores para uma vítima de trauma que chega ao 
centro cirúrgico. A ECC, que é a primeira a cumprimentar o pa-
ciente, pode ajudar a tranquilizá-lo com uma abordagem empática 
e profissional. Apresentar-se e cumprimentar o paciente pelo nome 
e a qualquer outra pessoa envolvida em seu atendimento não é só 
cortesia; é também uma atitude tranquilizadora e ajudará a diminuir 
a ansiedade. No entanto, como o membro da equipe normalmente 
tem pouco tempo para criar empatia com o paciente, ele deve ser 
perceptivo o suficiente para certificar-se das necessidades psicológi-
cas de cada paciente. O funcionário deve apresentar-se a qualquer 
familiar/cuidador que esteja acompanhando o paciente, pois ele 
também precisa de consideração e tranquilidade.
Transferência para a mesa cirúrgica
A ECC deve avaliar a condição do paciente antes da transferên-
cia. Deve-se permitir que o paciente, se for capaz, passe sozinho 
para a mesa cirúrgica (MC), com o mínimo de assistência. Porém, 
a maioria dos pacientes vítimas de trauma precisa de ajuda para a 
transferência. A despeito da forma como essa passagem se organi-
za, a ECC deve certificar-se de que a transferência seja feita com 
segurança. Antes do início da transferência, a MC e o carrinho de 
transporte do paciente devem estar em posição adequada, ambos 
com as rodas totalmente travadas. Para mover o paciente com segu-
rança, são necessários pessoal adequado e equipamento de auxílio, 
por exemplo, equipamento para deslizamento. O paciente deve ser 
mantido coberto, de modo a preservar sua dignidade e mantê-lo 
aquecido. Antes de ser movido, o paciente precisa ser informado 
sobre a transferência, que deve ser realizada com delicadeza e de 
modo coordenado. É necessário o cuidado com linhas intraveno-
sas ou arteriais, cateteres, drenos torácicos, etc., e o membro ferido 
deve ser apoiado adequadamente.
Lista de verificação pré-operatória
A tarefa mais importante da equipe pré-operatória é proteger o pa-
ciente de lesões. Assim, a ECC deve certificar-se de que todos os 
documentos/pedidos/exames estejam presentes e completos e que 
sejam realizadas as confirmações, de acordo com as políticas do hos-
pital, antes de o paciente ser anestesiado.
1.1 Paciente
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18
1 Princípios do centro cirúrgico
Lista de verificação pré-operatória
Deve incluir, porém não precisa se limitar a:
Paciente correto ■ Cumprimentar o paciente pelo nome
 ■ Confirmar se a identidade corresponde àquela que consta na lista de cirurgias, os 
documentos de médicos/enfermeiros e a pulseira de identidade do paciente, que deve 
conter seu nome, seu número hospitalar e sua data de nascimento (recomenda-se que 
pacientes submetidos à anestesia geral usem duas pulseiras em membros diferentes)
Sinalização do local cirúrgico correto ■ Confirmar o local com o paciente, as anotações médicas e a lista de cirurgias
 ■ Checar visualmente a sinalização do local correto
Documentação de consentimento preenchida ■ Averiguar se o paciente entende o procedimento cirúrgico e concorda com a cirurgia
 ■ Confirmar se os documentos de consentimento estão preenchidos e completos, assinados 
e com data (deve-se estar ciente da privacidade do paciente e do sigilo)
Alergias ■ Alergias devem ser anotadas em uma pulseira à parte da pulseira de identidade do 
paciente
Pré-medicação ■ Checar se a pré-medicação prescrita foi administrada
Período de jejum – alimentação via oral ■ Confirmar o horário da última refeição ou ingestão de bebida feitos pelo paciente
Dentadura/tratamento odontológico/próteses Checar se o paciente tem:
 ■ qualquer dentadura, dentes soltos, coroas ou jaquetas dentárias
 ■ aparelhos de audição
 ■ óculos/lentes de contato
 ■ marca-passo ou desfibrilador cardíaco automatizado interno
 ■ próteses implantadas
Documentação Checar se todos os documentos exigidos estão com o paciente, incluindo:
 ■ anotações médicas e da enfermagem com avaliação de viabilidade tecidual
 ■ resultados de exames
 ■ raios X
 ■ tabela de prescrições com a medicação atual e a usada no dia da cirurgia
Joias e piercings ■ Outros itens devem ser cobertos e presos com fita adesiva, se não tiverem sido removidos
 ■ Todas as joias na língua e nos lábios devem ser removidas antes da anestesia geral
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1.1 Paciente
19
Todo paciente deve ter um tratamento individualizado. Apesar 
de essas verificações pré-operatórias serem importantes para proteger 
os pacientes, às vezes, informações adicionais são relevantes para a 
equipe perioperatória. Lesões e limitações de mobilidade de um pa-
ciente podem, por exemplo, afetar o modo como ele é movido e posi-
cionado; já a possibilidade de gravidez de uma paciente terá implica-
ções em exames por imagem e possivelmente no efeito da anestesia.
Deve-se fornecer o que for preciso para pacientes com necessi-
dades particulares, como os portadores de deficiências, os com défi-
cit visual ou auditivo ou com necessidades especiais, e para os que 
precisam de um intérprete. Pode ser necessário que os cuidadores 
acompanhem esses pacientes até a indução da anestesia, para ajudar 
com a comunicação e a transferência, e que estejam novamente dis-
poníveis para o cuidado pós-operatório.Pacientes pediátricos precisam de cuidado especial e devem 
sempre ser acompanhados de um dos pais ou de um cuidador até a 
indução da anestesia ou o estágio apropriado de seu atendimento. 
Deve-se deixar a criança portar algo pessoal, como um brinquedo, 
para confortá-la. A ECC deve cumprimentar tanto os pais quanto a 
criança de modo amigável e profissional e, como parte da verifica-
ção pré-operatória, deve certificar-se de que o formulário de consen-
timento tenha sido preenchido corretamente e assinado pelo pai/
mãe/responsável. Os pais podem ficar emotivos e precisar de apoio e 
conforto por parte da ECC.
Verificação pré-operatória do local correto da cirurgia
A verificação de que o paciente é o correto, que está na lista para tal 
procedimento, e que a cirurgia será feita no local cirúrgico correto 
é um processo contínuo que deve ser realizado sempre que o atendi-
mento do paciente for transferido.
O risco de se operar o local errado deve ser manejado efetivamente. 
Deve haver em todas as áreas em que ocorram cirurgias, 
procedimentos e protocolos para promover a cirurgia no local correto.
A possibilidade de se operar o local errado é um risco sempre 
presente. A sinalização pré-operatória do local cirúrgico é impor-
tante para promover a cirurgia no local correto, e a ECC que realizar 
as verificações pré-operatórias deve conferir se o local correto está 
sinalizado. É importante lembrar que pacientes anestesiados não po-
dem falar por si e dependem da equipe pré-operatória para garantir 
que o procedimento seja realizado no local cirúrgico correto.
O local cirúrgico deve ser sinalizado com caneta permanente 
na área da incisão ou próxima a ela, com uma seta que permaneça 
visível após a aplicação da preparação da pele, ainda que talas ges-
sadas ou outros tipos de tala, às vezes, dificultem esse processo. A 
sinalização do local cirúrgico deve ser realizada antes da cirurgia (se 
possível na ala hospitalar) e antes que o paciente receba qualquer 
medicação, devendo ser conferida pelo cirurgião antes de o paciente 
chegar ao centro cirúrgico.
A cada transferência do paciente, a sinalização deve ser checada 
com a documentação para confirmar se foi feita no local correto.
Consentimento
O formulário de consentimento documenta que o paciente con-
corda com que seja realizada a cirurgia proposta, devendo este ser 
conferido com os pacientes ao chegarem ao centro cirúrgico. Para 
fornecer o consentimento, o paciente deve receber informações re-
levantes em relação à cirurgia e deve ser capaz de compreendê-las, 
tomando uma decisão consciente.
Pode haver casos em que os pacientes são incapazes de fornecer 
consentimento; por exemplo, quando o paciente está inconsciente 
ou não tem capacidade mental para compreender as informações. 
Em princípio, nenhum adulto pode fornecer consentimento por ou-
tro adulto, e é responsabilidade do cirurgião que propõe a cirurgia 
avaliar a capacidade de o paciente consenti-la ou não. Deve-se con-
sultar e envolver os familiares em todas as decisões sempre que pos-
sível; no entanto, a decisão final de realizar a cirurgia é do cirurgião, 
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20
1 Princípios do centro cirúrgico
que deve sempre agir de acordo com o que acredita ser o interesse do 
paciente que não tem capacidade de tomar a decisão por si.
O processo de consentimento pode ser complexo e deve estar 
de acordo com a legislação de cada país. Por exemplo, pode variar 
a idade com a qual a criança pode ser considerada competente para 
o consentimento. Portanto, a ECC deve conhecer e estar ciente 
da legislação que regulamenta o consentimento de pacientes em 
seu país.
Chegada de emergência ao centro cirúrgico
Pacientes politraumatizados precisam de tratamento urgente e po-
dem chegar ao centro cirúrgico sem aviso prévio. Salvar a vida e os 
membros do paciente é a prioridade e, em situações de emergência, 
pode não ser possível conseguir todas as informações habituais nem 
realizar todas as averiguações rotineiras de segurança. Não se pode 
postergar, por exemplo, uma cirurgia que salvará a vida do paciente 
porque o membro não foi sinalizado. Deve-se obter também o máxi-
mo de informações para proteger o paciente de outras lesões, como 
detalhes sobre alergias e quaisquer condições médicas existentes que 
possam afetar o atendimento imediato. Além disso, é importante que 
se tente ao máximo determinar a identidade de pacientes incons-
cientes, sobretudo se houver mais de um caso envolvido. A ECC 
deve estar preparada ainda para lidar com familiares ansiosos e preo-
cupados que também podem chegar ao departamento de cirurgia.
Controle de infecções
A ECC que atende pacientes recém-chegados ao centro cirúrgico 
deve estar ciente das políticas de controle de infecções a fim de mi-
nimizar o risco de transmissão de infecção para funcionários e ou-
tros pacientes. Para tanto, devem tomar as precauções padronizadas 
para controle de infecção em todos os pacientes com quem entrem 
em contato.
Lista de verificação de segurança para cirurgias da OMS
A preocupação com a segurança dos pacientes é uma questão uni-
versal, e a ECC deve estar ciente da lista de verificação de seguran-
ça desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que 
tem como objetivo melhorar a segurança do atendimento cirúrgico 
em todo o mundo, para cirurgias. São três as fases de um procedi-
mento cirúrgico, com uma série de itens a serem verificados em cada 
fase. Esses itens mostraram-se capazes de reduzir a probabilidade de 
dano grave e evitável ao paciente, promovendo, ao mesmo tempo, 
melhorias na comunicação da equipe perioperatória e em seu traba-
lho. A equipe deve confirmar se a lista de verificação de “entrada” 
(fase 1) foi preenchida antes da indução da anestesia.
Anestesia
Esta seção apresenta um panorama dos desafios enfrentados pelos 
anestesistas enquanto atendem pacientes ortopédicos que serão sub-
metidos a cirurgia. O nível de consciência do paciente, o manejo 
das vias aéreas, a duração e o tipo de cirurgia e, às vezes, a prefe-
rência do cirurgião por determinado tipo de anestesia determinam 
a escolha do anestésico a ser administrado para um procedimento 
ou intervenção cirúrgica. A compreensão da anestesia escolhida, do 
manejo das vias aéreas e do apoio circulatório necessário são preo-
cupações primárias da equipe intraoperatória ortopédica. Além dis-
so, ao se conhecer a ansiedade de um paciente que será submetido a 
anestesia e cirurgia, deve-se buscar reduzir sua apreensão. Permitir 
que ele expresse seus medos ou preocupações, acompanhá-lo duran-
te a indução da anestesia e, se possível, garantir um centro cirúrgico 
com pouca iluminação são ações valiosas para minimizar a ansieda-
de e o medo do paciente durante a indução. A ECC capaz de avaliar 
e prever as necessidades do anestesista também facilita o cuidado 
intraoperatório do paciente.
Nível de consciência do paciente
Há considerável variação entre a necessidade de anestesia de um 
paciente saudável que será submetido a um procedimento menor e 
a de um paciente politraumatizado com comorbidades. O monito-
ramento padrão da American Society of Anesthesiologists (ASA) 
para todos os pacientes inclui oximetria de pulso, aferição não in-
vasiva da pressão sanguínea, eletrocardiograma (ECG) e controle 
de temperatura. Quando houver indicação para um monitoramen-
to mais extensivo, pode-se incluir aferição da pressão arterial e/
ou venosa central, da pressão arterial pulmonar e ecocardiografia 
transesofágica. A necessidade de equipamentos para monitoramen-
to mais extensivo depende da história de doença cardiovascular ou 
pulmonar grave, da gravidade das lesões do paciente, do tipo e da 
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1.1 Paciente
21
duração do procedimento cirúrgico e da posição do paciente. Uma 
discussão pré-operatória com o anestesista e a equipe cirúrgica sobre 
essas questões facilitao atendimento ao paciente.
Manejo das vias aéreas
É fundamental a avaliação adequada das vias aéreas de um paciente 
e do status de alimentação via oral antes de qualquer intervenção 
cirúrgica a fim de garantir sua segurança. O paciente apresenta vias 
aéreas normais ou obstruídas? Deve-se fazer um planejamento dos 
equipamentos adicionais necessários para entubação por fibra ótica 
na preparação do centro cirúrgico quando ficar evidente que o pa-
ciente tem vias aéreas obstruídas, como em caso de lesão instável na 
região cervical, ou quando o paciente estiver usando um colar cervi-
cal/tração com halo. No entanto, pode haver um caso inesperado de 
vias aéreas obstruídas a qualquer momento, exigindo acesso rápido 
a equipamento especializado para entubação. Mesmo em entuba-
ções traqueais sem intercorrências, o anestesista pode precisar da 
assistência da ECC para fazer pressão na laringe para baixo ou para 
a lateral a fim de facilitar a entubação.
O status de alimentação via oral deve ser verificado para evitar a 
possibilidade de aspiração pulmonar de conteúdo gástrico. Quando o 
paciente apresentar história de obstrução intestinal, hemorragia eso-
fágica ou gástrica, ingestão recente de refeição, forte história de re-
fluxo gastresofágico sem controle ou for vítima de trauma agudo, são 
necessárias técnicas especiais visando à entubação endotraqueal se-
gura. Essas técnicas incluem inserção de cânula intravenosa segura, 
instalação de todos os monitores necessários e pré-oxigenação antes 
do início da anestesia. Pode-se então solicitar ao membro da equi-
pe que realize pressão sobre a cricoide durante a indução da anes-
tesia (Fig. 1.1-1). A pressão sobre a cricoide deve ser aplicada com 
a maior firmeza possível com dois dedos, comprimindo em direção 
posterior (em direção à coluna). Essa pressão deve ser mantida até 
que o anestesista indique não mais haver necessidade de realizá-la.
Podem ser necessários tubos traqueais especiais para alguns ti-
pos de cirurgia ortopédica. É aconselhável, por exemplo, usar um 
tubo reforçado com fios metálicos quando a cirurgia for realizada 
em um paciente em posição decúbito pronado, ou quando a cabeça 
estiver virada em ângulo forçado para o lado oposto ao local cirúrgi-
a
b
Figura 1.1-1a–b Aplicação de pressão sobre a cricoide. Nota: a 
pressão deve ser aplicada com a maior firmeza possível com dois de-
dos, pressionando em direção posterior (em direção à coluna).
 Porteous_livro.indb 21 Porteous_livro.indb 21 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
22
1 Princípios do centro cirúrgico
co, como em cirurgia de laminectomia cervical anterior, de ombro 
superior ou clavicular. Esse tipo de tubo não dobra se forçado em 
ângulo reto.
Escolhas de anestesia
Há quatro possíveis escolhas de anestesia para pacientes submetidos 
a cirurgia ortopédica:
Anestesia local: injeção local de anestésico realizada pelo cirurgião 
no local a ser operado. Para esse tipo de anestesia, pode-se pedir ao 
membro da equipe que prepare o anestésico a ser utilizado, insta-
le os equipamentos de monitoramento de acordo com as políticas 
da instituição e, se necessário, forneça oxigênio mediante máscara 
plástica ou cânula nasal. A anestesia local pode ser combinada à 
sedação consciente.
Sedação consciente (anestesia monitorada): administração de 
sedativo/hipnótico (midazolam, propofol, cetamina) e/ou opioide 
(fentanila, meperidina) para diminuir a ansiedade e proporcionar 
alívio da dor enquanto o paciente é submetido a um procedimento 
breve, como redução de fratura simples, colocação de tala ou redu-
ção de luxação articular. Se houver incisão, e não apenas manipula-
ção, como em caso de liberação do túnel do carpo, o cirurgião tam-
bém tem de administrar anestésico local (lidocaína, bupivacaína, 
com ou sem adrenalina).
Anestesia regional: administração de anestésico local no canal es-
pinal ou no espaço epidural (anestesia epidural, caudal ou espinal) 
ou diretamente em um conjunto de nervos, como no plexo braquial 
(axilar, infraclavicular, supraclavicular, interescaleno), ou no ciá-
tico, no femoral, no poplíteo ou nos nervos periféricos mais distais 
(dedo, pulso, tornozelo). Substâncias anestésicas locais, como li-
docaína, bupivacaína ou ropivacaína, são usadas isoladas ou mais 
comumente combinadas com adrenalina, opioides e mais recente-
mente com clonidina (antagonista de receptor ß-adrenérgico) a fim 
de prolongar a duração do alívio da dor no pós-operatório.
Pode-se administrar anestesia regional em associação à anes-
tesia monitorada ou como acréscimo à anestesia geral. A anestesia 
regional apresenta vantagens para pacientes idosos, pois pode dimi-
nuir a frequência, a intensidade e a duração da desorientação pós-
-operatória. Os anestésicos regionais em combinação com a anes-
tesia geral têm a vantagem de diminuir a quantidade de anestesia 
geral necessária para manter o efeito anestésico e facilitar o controle 
da dor no pós-operatório. Pacientes com comorbidades, como con-
dições cardíacas/pulmonares, submetidos a cirurgia de substituição 
articular total ou redução aberta e fixação interna (RAFI) em caso 
de fratura intertrocantérica se beneficiam com essa combinação 
de anestésicos. No entanto, os anestésicos regionais não são livres 
de riscos: sua injeção intravascular acidental pode precipitar crises 
convulsivas, arritmias e até mesmo levar à morte.
A anestesia de Bier é uma forma de anestesia regional usada 
para cirurgia em extremidades. Coloca-se um garrote com manguito 
duplo no membro e consegue-se acesso intravenoso distalmente. O 
sangue do membro é removido utilizando-se uma faixa de Esmar-
chTM e ambos os manguitos são inflados até a pressão desejada; en-
tão, o manguito distal é desinflado para permitir que o tecido sob ele 
seja anestesiado.
A faixa de EsmarchTM é removida e o agente anestésico local 
é injetado no membro. Quando o paciente começa a sentir dor no 
manguito proximal, o manguito distal, sob o qual foi aplicada a 
anestesia, é inflado, e o garrote superior é desinflado. Isso alivia a 
dor do garrote superior.
Caso o garrote proximal se desinfle acidentalmente pouco de-
pois da injeção do agente anestésico, o paciente pode apresentar 
queda repentina na pressão arterial, tontura, perda de consciência 
e até crise convulsiva devido à liberação de anestésico local na cir-
culação central. Por esse motivo, se a operação durar menos de 1 
hora, o manguito deve ser desinflado intermitentemente para evitar 
liberação muito rápida do anestésico local na circulação sistêmica. 
Se a operação durar mais de 1 hora, o manguito pode ser desinflado 
com segurança e não mais inflado. É essencial que o membro da 
equipe saiba dessas possíveis complicações se a anestesia de Bier for 
escolhida. Ele também deve estar ciente de que essa técnica não é 
adequada se a operação puder se estender por mais de 2 horas.
 Porteous_livro.indb 22 Porteous_livro.indb 22 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
1.1 Paciente
23
Anestesia geral: administração de múltiplas substâncias para pro-
vocar amnésia, analgesia, bloqueio neuromuscular e ablação de re-
flexos indesejados. Essa forma de anestesia pode ser administrada 
via máscara laríngea ou tubo endotraqueal. Pode-se solicitar que 
a ECC dê assistência na entubação traqueal, conforme observado. 
Às vezes, uma anestesia regional é convertida em geral, podendo 
ser solicitado que o membro da equipe auxilie o anestesista durante 
essa transição.
Considerações sobre o garrote
Quando é necessário um garrote para um procedimento cirúrgico, o 
ideal é que os antibióticos sejam administrados 10 minutos antes de 
que o manguito seja inflado; isso garante um nível sanguíneo tera-
pêutico no local cirúrgico. Fármacos miorrelaxantes também devem 
ser administrados antes de o manguito ser inflado, o que tem como 
resultado um ótimo bloqueio neuromuscular. Quando o garrote é 
desinflado, há o risco de o paciente apresentar hipotensão devido 
ao alargamento repentino do leito vascular, assim comoacidose 
sistêmica devido à liberação repentina de resíduos anabólicos na 
circulação venosa. O FCC deve estar ciente dessas possibilidades e 
preparado para auxiliar o anestesista.
Possíveis complicações
A ECC deve conhecer as complicações intraoperatórias relacio-
nadas especificamente à cirurgia ortopédica que possam afetar o 
manejo da anestesia. A fresagem do canal intramedular, por exem-
plo, pode causar diminuição significativa na pressão sanguínea do 
paciente ou mesmo embolia gordurosa, levando à dificuldade na 
ventilação pulmonar e, mais raramente, ao desenvolvimento de 
síndrome do desconforto respiratório do adulto. O anestesista pode 
solicitar que o membro da equipe o auxilie com infusão intravenosa 
rápida de fluidos ou sangue, ou que rapidamente procure medica-
mentos específicos. Em caso de hemorragia grave (p. ex., fraturas 
expostas ou de ossos grandes combinadas com desenluvamento de 
tecidos moles ou fraturas pélvicas graves), pode-se solicitar que a 
equipe de apoio auxilie o anestesista com a circulação do pacien-
te. Saber usar um equipamento cell-salvaging é extremamente útil 
quando se prevê a perda de grande volume de sangue durante um 
procedimento cirúrgico.
Emergência anestésica
Ao despertar de uma anestesia geral, o paciente pode desenvolver 
laringospasmo após a remoção da máscara laríngea ou do tubo en-
dotraqueal; isso exige uma equipe anestésica atenta. Em casos or-
topédicos, deve-se estabelecer comunicação entre o cirurgião e o 
anestesista a fim de garantir que o paciente permaneça anestesiado 
por tempo suficiente até a colocação de tala e/ou a realização de 
exames de raio X pós-operatórios quando necessário.
Considerações pediátricas
Crianças que serão submetidas a cirurgia ortopédica apresentam 
mais desafios do que a maioria dos adultos. A impossibilidade de 
acompanhamento dos pais, o medo do desconhecido, a compreen-
são mínima do ambiente pré-operatório e operatório e a percepção 
de que os pais estão temerosos contribuem para causar ansiedade na 
criança, provocando choro e falta de cooperação. A maior parte dos 
temores e da ansiedade da criança pode ser reduzida com atitudes 
de tranquilização por parte da ECC, permitindo que um dos pais 
acompanhe a criança ao centro cirúrgico e fique com ela até que a 
indução da anestesia esteja completa, além de entretê-la durante a 
aplicação dos monitores essenciais.
Se o acesso intravenoso não for possível, o anestesista contará 
com a indução inalatória usando sevoflurano. O membro da equipe 
pode ser útil nessa situação certificando-se de que o centro cirúr-
gico esteja silencioso e com pouca iluminação, segurando as mãos 
ou os braços do paciente durante a fase de excitação ou auxiliando 
o anestesista a estabelecer o acesso intravenoso após o término da 
indução. Manejo das vias aéreas, indução da anestesia, emergência 
anestésica, dessaturação rápida e perda de calor são situações em 
que a ECC deve ser capaz de reagir de modo rápido e eficaz para 
garantir a segurança do paciente.
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1 Princípios do centro cirúrgico
Considerações adicionais
A anestesia caudal pode ser usada para procedimentos nas extremi-
dades inferiores. Seja ela feita antes da incisão ou no pós-operatório 
para maior controle da dor, o anestesista provavelmente precisará 
do apoio da ECC. A comunicação entre o anestesista e o membro 
da equipe quanto ao nível de consciência do paciente, ao manejo 
planejado das vias aéreas, à escolha da anestesia, às considerações 
sobre garrote, a possíveis complicações, à emergência anestésica e 
às considerações pediátricas garante o melhor atendimento possível 
para pacientes ortopédicos.
1.1.3 Preparação para a cirurgia
Cirurgias são invasivas, podendo expor o paciente à infecção quan-
do o sistema natural de defesa do corpo, a pele, é rompido. A prepa-
ração do paciente para a cirurgia tem como objetivo reduzir o risco 
de infecção pós-operatória na ferida.
Há uma variedade de microrganismos normalmente encontra-
dos na pele. Alguns são bactérias transitórias fáceis de serem remo-
vidas com água e sabão, enquanto outras estão permanentemente 
sobre a pele, sendo mais difíceis de eliminar.
A flora cutânea do próprio paciente é a fonte mais comum de 
infecção pós-operatória no local cirúrgico. Assim, é importante 
tomar medidas para reduzir o nível de flora cutânea antes de 
qualquer intervenção cirúrgica.
A pele ao redor da incisão deve estar limpa. Como a pele lesio-
nada ou rompida representa uma área ideal para a colonização de 
microrganismos, a condição e a integridade da pele de cada paciente 
devem ser avaliadas antes da cirurgia, e deve ser documentada a pre-
sença de cortes, abrasões, irritações ou de outras condições cutâneas 
ao redor do local cirúrgico. A pele sob tala ou sob curativos, por 
exemplo, pode precisar de lavagem com água e sabão para remo-
ver sujeira ou fragmentos antes da aplicação de antissépticos para a 
preparação da pele. Feridas traumáticas abertas podem estar extre-
mamente contaminadas e devem sempre ser irrigadas e limpas com 
solução salina normal ou outra solução apropriada, que deverá ser 
aplicada com esponja estéril ou escova macia antes da preparação 
antisséptica da pele.
Remoção pré-operatória de pelos
Sempre que possível, é preferível não remover os pelos no pré-
-operatório, pois o processo em si representa um risco de lesão para 
a pele do paciente, dando oportunidade para que microrganismos 
invadam e colonizem os tecidos.
A remoção de pelos só é necessária se o pelo for espesso ou longo e 
atrapalhar a incisão ou contaminar a ferida.
Se for necessário remover os pelos, deve-se evitar o uso de lâmi-
nas, pois esse método provoca traumas na pele, deixando abrasões 
e cortes microscópicos através dos quais podem entrar bactérias. Se 
possível, devem ser utilizados, por serem menos traumáticos, apara-
dores elétricos ou movidos à pilha com cabeça descartável ou reu-
tilizável, desde que adequada a desinfecção (Fig. 1.1-2). A remoção 
dos pelos deve ser feita o mais próximo possível do horário da cirur-
gia, em uma área longe do campo esterilizado – de preferência em 
uma sala separada –, pois pelos soltos podem se espalhar e compro-
meter a esterilização.
Figura 1.1-2 Remoção 
de pelos com aparador 
movido à pilha.
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1.1 Paciente
25
1.1.4 Posicionamento para a cirurgia
Para a cirurgia, o paciente vítima de trauma deve ser posicionado de 
forma que possibilite ótimo acesso para o cirurgião, que permita o 
manejo seguro das vias aéreas ao anestesista, que facilite o acesso a 
instrumentos vasculares e que também leve em consideração a posi-
ção de qualquer outro equipamento necessário, como intensificador 
de imagem.
A maioria dos sistemas do corpo humano, incluindo os sistemas 
cardiovascular, respiratório, nervoso, muscular, articular e a pele, 
pode ser afetada de maneira adversa pela posição do paciente na 
MC. Assim, a movimentação de um paciente vítima de trauma exi-
ge planejamento, boa comunicação e trabalho em equipe para pro-
teger o paciente já ferido.
É essencial a eficaz comunicação entre o cirurgião, o aneste-
sista e a ECC que estão atendendo a vítima de trauma para que as 
necessidades particulares do paciente possam ser previstas durante 
o posicionamento. Antes do posicionamento do paciente, todos os 
membros da equipe multidisciplinar devem realizar uma análise de 
risco, e todos devem estar cientes de qualquer fator que precise ser 
levado em consideração, como os seguintes:
 � Os detalhes clínicos das lesões do paciente, a duração e a natu-
reza da cirurgia, o tipo de anestesia, o posicionamento requeri-
do e a necessidade de qualquer equipamento adicional.
 � A idade e a condição física do paciente, incluindo qualquer 
condição preexistente, qualquer implante/prótese ou limitação 
de mobilidade que possa causar restrição à movimentação.� A sequência proposta dos procedimentos cirúrgicos planejados 
para um paciente politraumatizado, de modo que o posiciona-
mento para cada procedimento possa ser planejado.
Equipe devidamente treinada em procedimentos manuais deve 
estar disponível para mover e posicionar o paciente, pois más técni-
cas de manuseio podem ser prejudiciais tanto para o paciente quan-
to para a equipe.
Qualquer movimentação de um paciente anestesiado deve ser 
realizada apenas com a aprovação do anestesista, que é o responsá-
vel pelas vias aéreas. É necessária uma abordagem coordenada com 
uma pessoa no comando, em geral o anestesista responsável, e uma 
contagem ou comando combinado anteriormente para iniciar o mo-
vimento. Equipamentos como cateter urinário e infusão intraveno-
sa devem ser retirados dos ganchos e transferidos com o paciente. 
Deve-se cuidar do membro lesionado, fornecendo apoio enquanto o 
paciente é movido e posicionado; se houver qualquer suspeita de le-
são na coluna, o paciente deve ser rolado para manter a estabilidade 
espinal. O cirurgião responsável deve estar ativamente envolvido, 
pois é o maior responsável pelo posicionamento seguro do paciente.
A segurança e o bem-estar do paciente são os fatores mais im-
portantes a serem considerados durante o posicionamento. Com 
isso, o papel da ECC inclui:
 � Preparar a MC e os acessórios, como equipamento para tração; 
certificar-se de que estejam limpos e montados corretamente 
assim como verificar se todo o equipamento necessário está dis-
ponível no centro cirúrgico antes de mover o paciente.
 � Proteger o paciente de queimaduras por diatermia, conferindo 
se, após posicionado, nenhuma área da sua pele está em contato 
com qualquer parte metálica da MC.
 � Evitar hipotermia e preservar a dignidade do paciente, não o 
expondo em demasia durante o posicionamento.
 � Certificar-se de que o paciente está na posição correta antes da 
preparação da pele e do isolamento do campo cirúrgico.
 � Manter um cuidado na área de pressão.
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26
1 Princípios do centro cirúrgico
Um paciente consciente muda de posição como resposta à dor 
ou ao desconforto, mas um paciente anestesiado não é capaz de 
responder dessa forma. Portanto, ele depende da equipe intraope-
ratória para evitar lesões. O membro da equipe deve, assim, com-
preender os problemas fisiológicos associados ao posicionamento, 
que podem incluir:
 � Lesão na pele e em tecidos moles: lesões por pressão podem ser 
causadas por pressão direta, cisalhamento da pele durante o 
movimento e fricção da pele quando houver atrito sobre uma 
superfície áspera.
 – Pacientes anestesiados precisam ser movidos e manuseados 
com cuidado; pontos de pressão nos calcanhares, no sacro, 
na escápula e na nuca devem ser protegidos com superfícies 
de apoio bem acolchoadas e equipamentos adequados para 
o alívio de pressão.
 � Dano ocular causado por ressecamento da córnea, abrasão ou 
pressão nos olhos:
 – Os olhos devem ser fechados com protetores e lubrificados 
quando necessário.
 � Lesão em articulações e extremidades: é necessário muito cui-
dado durante o posicionamento de um paciente anestesiado 
para evitar qualquer movimento antinatural que normalmente 
não seria tolerado por um paciente acordado.
 – O alinhamento correto do corpo deve ser mantido; arti-
culações e extremidades devem ser apoiadas o tempo todo 
para evitar que sejam lesionadas por hiperextensão.
 – Deve-se tomar maior cuidado com pacientes com artro-
plastias durante o posicionamento, a fim de evitar deslo-
camentos.
 � Lesão de nervos periféricos: pode ser causada por trauma direto, 
compressão, alongamento e pela pressão de garrotes e mangui-
tos para monitoramento da pressão sanguínea.
 – Devem-se usar apoios acolchoados para os membros supe-
riores e inferiores para minimizar a compressão.
 � Interferência no sistema circulatório: a anestesia geral e a re-
gional causam perda do tônus vasomotor nos vasos sanguíneos, 
que, em combinação com a diminuição no tônus muscular do 
paciente imóvel na MC, leva ao acúmulo de sangue e ao au-
mento no risco de tromboembolismo, isquemia e, em casos ra-
ros, síndrome compartimental.
 – Meias compressivas ou compressão pneumática intermi-
tente podem ser usadas como profilaxia para evitar retorno 
venoso.
É importante que o membro da equipe ponha em prática seu 
conhecimento sobre tais problemas ao mover e posicionar pacien-
tes no centro cirúrgico e que também identifique as considerações 
específicas necessárias para proteger o paciente de lesões quando 
colocado em diferentes posições requeridas pela cirurgia do trauma.
Documentação
A documentação fornece um registro confiável do atendimento 
prestado ao paciente e deve incluir:
 � Condição da pele antes e depois do procedimento
 � Posição do paciente para a cirurgia, incluindo o tipo de apoio e 
os equipamentos utilizados para alívio de pressão
 � Nome e designação da equipe envolvida no posicionamento do 
paciente
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1.1 Paciente
27
Posição Pontos de posicionamento Considerações especiais
Supina ■ Deixar o corpo alinhado
 ■ Manter as pernas paralelas e não cruzadas
 ■ Manter os braços presos
 – Ao lado do paciente
 – Cruzados sobre o peito
 – Abduzidos em pranchas para os braços (Fig. 1.1-3)
 ■ Proteger o sacro, as vértebras torácicas, a escápula e a 
nuca
 ■ Colocar acolchoados sob os calcanhares
 ■ Certificar-se de que os braços nunca estejam abduzidos 
acima de 90°, pois isso pode provocar lesão do plexo 
braquial
Mesa de tração ■ Contratracionar por um pilar bem acolchoado no períneo
 ■ Apoiar a perna não lesionada em um suporte acolchoado
 ■ Manter o braço do lado operado seguro com tipoia
(Fig. 1.1-4)
 ■ Verificar se o paciente está apoiado sobre o ramo púbico 
do lado operado
 ■ Evitar pressão na genitália externa e no nervo pudendo
Lateral ■ Manter a coluna do paciente alinhada enquanto o vira
 ■ Estabilizar pelve, ombros e coluna para evitar que o 
paciente role
 ■ Proteger braços e pernas de pressão e lesão nervosa
 ■ Usar apoios acolchoados ou colchões especializados que 
se tornam rígidos após remoção do ar, pois isso evita que 
o paciente role
 ■ Usar apoios acolchoados para proteger o ombro do peso 
do tórax
 ■ Manter o braço sobre apoio acolchoado
 ■ Colocar um acolchoado macio entre as pernas
 ■ Acolchoar pontos de pressão – quadril, ombro, joelho e 
tornozelo
Prona ■ Manter alinhamento cervical e da coluna enquanto vira 
o paciente; o anestesista é o responsável pelo controle 
da cabeça
 ■ Certificar-se de que há funcionários apropriados para 
mover e posicionar o paciente e apoiar o corpo, as 
nádegas, os braços e as pernas
 ■ Usar apoio de cabeça acolchoado para evitar pressão 
sobre os olhos
 ■ Deixar o abdome livre para auxiliar na função 
respiratória
 ■ Verificar o tubo traqueal após virar o paciente
 ■ Mover os braços simultânea e simetricamente. Se fletidos 
no cotovelo e posicionados ao lado da cabeça, não 
devem ser abduzidos além de 90°
 ■ Proteger olhos com protetores
 ■ Usar colchão especial com abertura no centro para o 
abdome ou travesseiros sob a pelve e o peito para evitar 
que o conteúdo abdominal empurre o diafragma para 
cima
 ■ Acolchoar pontos de pressão – testa/rosto, espinhas 
ilíacas, joelhos e pés
Cadeira de praia ■ Colocar o paciente em posição semissentada
 ■ Manter alinhamento cervical neutro
 ■ Posicionar e prender a cabeça no apoio
 ■ Manter livre o posicionamento do ombro e do braço a 
serem operados
 ■ Posicionar e proteger braço oposto
 ■ Apoiar nádegas, costas e pelve
 ■ Manter os joelhos fletidos e apoiados
 ■ Proteger calcanhares para evitar pressão
 ■ Proteger cabeça, coluna cervical e tubo traqueal
 ■ Evitar extensão cervical
 ■ Acolchoar pontos de pressão – cabeça, braços, nádegas, 
joelhos e calcanhares
 ■ Fletir ligeiramente os joelhos para aliviar a tensão donervo ciático
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28
1 Princípios do centro cirúrgico
Figura 1.1-3 Braço posicionado em prancha com o ombro abduzido a menos de 90°.
Figura 1.1-4 Braço posicionado do lado operado com uma tipoia.
80˚
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1.1 Paciente
29
1.1.5 Desinfecção e isolamento do campo cirúrgico
Preparação antisséptica da pele
Os antissépticos usados para preparar a pele imediatamente antes 
da cirurgia atuam contra os microrganismos residentes e transitó-
rios encontrados na pele, tendo rápida ação em reduzir os níveis 
microbianos e inibir seu crescimento por certo tempo a fim de di-
minuir o risco de contaminação da ferida pela flora da pele do pró-
prio paciente.
A escolha da solução antisséptica não deve ser influenciada 
apenas pela preferência do cirurgião, mas também orientada pela 
condição da pele do paciente, por qualquer hipersensibilidade co-
nhecida à solução e pela área a ser preparada. Soluções à base de 
álcool, por exemplo, devem ser evitadas em membranas mucosas ou 
feridas abertas.
As soluções antissépticas podem ser fornecidas em aplicação 
única, frascos pequenos prontos para uso, ou em frascos para múl-
tiplas aplicações, apesar de teoricamente ser possível que estes 
últimos sejam contaminados a cada vez que a tampa é removida 
e recolocada. Se forem usados frascos para múltiplas aplicações, 
qualquer solução restante deve ser descartada antes da data de 
vencimento, e os frascos não devem jamais ser reutilizados com 
conteúdo de outro frasco.
O uso de antissépticos à base de álcool, como soluções de iodo-
povidona ou clorexidina, apresenta alguns riscos dos quais a ECC 
deve estar ciente:
 � Preparações à base de álcool são inflamáveis, e o vapor pode 
pegar fogo na presença de fonte de ignição, como fagulhas de 
unidade eletrocirúrgica.
 � Podem ocorrer queimaduras químicas se a solução se acumular 
sob o paciente, sob um garrote pneumático ou no eletrodo dis-
persivo de uma unidade eletrocirúrgica.
Assim, deve-se ter cuidado ao aplicar antissépticos à base de 
álcool; deve-se esperar a solução secar antes de colocar o campo 
cirúrgico para evitar o acúmulo de gases sob ele. As soluções an-
tissépticas são mais eficazes quando secam sobre a pele antes do 
isolamento do campo cirúrgico. Deve-se ter o cuidado de evitar o 
acúmulo de solução sob o paciente durante a preparação da pele; 
pode-se colocar material absorvente ao redor da área de prepara-
ção para absorver o excesso de solução, e então remover o material 
absorvente antes do isolamento do campo cirúrgico. Colocar uma 
barreira à prova d’água (como um plástico) ao redor do membro e 
por baixo do garrote, ou isolar o garrote do local cirúrgico antes da 
preparação da pele evita que a solução se acumule sob ele.
Antes do início da preparação da pele, a equipe perioperatória 
deve certificar-se de que o paciente esteja posicionado de forma 
correta e segura, de que os apoios e equipamentos para alívio de 
pressão estejam colocados e, se adequado, que o garrote esteja in-
flado. A pessoa que prepara o campo cirúrgico deve compreender 
os princípios da preparação antisséptica da pele e ter treinamento 
e habilidade para realizar o procedimento. Deve-se começar no lo-
cal da incisão, utilizar materiais estéreis e técnica sem toque para 
evitar a contaminação das luvas estéreis, devendo a solução ser pas-
sada de dentro para fora, em direção à periferia. O processo deve 
ser repetido pelo menos duas vezes, utilizando uma esponja nova a 
cada vez, com cuidado para que qualquer área considerada conta-
minada, como o púbis, a axila ou ferimentos abertos, seja preparada 
por último. Deve-se levar em conta que a área preparada deve ser 
suficiente para permitir a ampliação da incisão, a inclusão de dre-
nos e a acomodação de qualquer movimento acidental do campo 
cirúrgico. Caso haja coleta de enxerto ósseo, o local doador deve 
ser preparado ao mesmo tempo.
Os detalhes da preparação da pele devem ser registrados nos 
documentos do paciente, pois assim haverá um relato detalhado da 
atenção individual dispensada a cada paciente. Esse registro deve 
conter no mínimo:
 � A condição pré-operatória da pele do paciente
 � Se relevante, a área onde houve remoção de pelos e o método 
de remoção
 � O tipo de preparação cutânea utilizada
 � O nome da(s) pessoa(s) envolvida(s) na preparação da pele
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30
1 Princípios do centro cirúrgico
Campos cirúrgicos
Posicionado ao redor do local da incisão, o campo cirúrgico é uma 
barreira para proteger os tecidos expostos de contaminação por mi-
crorganismos de áreas não estéreis e de qualquer equipamento não 
estéril trazido para próximo do campo. O campo cirúrgico também 
tem um papel importante para proteger a equipe cirúrgica de conta-
minação com fluidos corporais dos pacientes.
O campo cirúrgico pode ser de duas categorias:
 � Reutilizável: feito de tecidos com trama pesada, como o isola-
mento tradicional de algodão ou linho com tratamento quími-
co para fornecer uma barreira contra a passagem de microrga-
nismos e fluidos, ou feito de microfibra
 � Descartável: material de uso único, não tecido
O membro da equipe provavelmente terá sua escolha de campo 
cirúrgico limitada de acordo com políticas e disponibilidade locais, 
porém deve compreender como o desempenho do isolamento do 
campo cirúrgico interfere em sua habilidade de evitar infecção pós-
-operatória. O campo cirúrgico deve:
 � Agir como uma barreira resistente a fluidos e ser eficaz contra 
contaminação mesmo quando molhada
 � Ser resistente à penetração microbiana, estando seca ou molhada
 � Ser o mais livre possível de fiapos
 � Não ser tóxica
 � Ser forte o suficiente para resistir a rasgos, estando seca ou mo-
lhada
 � Ser fácil de usar
 � Se adaptar ao paciente e aos equipamentos
 � Ser resistente ao fogo e antiestática
Em uma situação cirúrgica, apesar de os tecidos de trama tradi-
cional serem fortes e protegerem bem, observou-se que são menos 
resistentes à transferência de microrganismos para o local da inci-
são do que os materiais descartáveis de uso único, usados hoje com 
maior frequência. Com o uso repetido e o processamento no ciclo 
de descontaminação, o tecido pode se tornar poroso e perder seu 
efeito de barreira. No entanto, a nova geração reutilizável de têxteis 
desenvolvidos para campo cirúrgico, como tecidos de microfilamen-
tos em uma única camada, apresenta melhor desempenho e oferece 
maior proteção contra a transferência de microrganismos do que os 
tecidos tradicionais.
Como isolar o campo cirúrgico
O isolamento do campo cirúrgico é aplicado após a pele ser pre-
parada com solução antisséptica. O isolamento deve ser realizado 
por membros da equipe cirúrgica que compreendam os princípios da 
assepsia e que tenham recebido treinamento para a técnica, sendo 
competentes para aplicá-la.
 � A pele do paciente deve estar seca antes da colocação dos cam-
pos cirúrgicos
 � Os campos cirúrgicos devem ser manuseados o mínimo possível 
e segurados em um nível bem acima do paciente a fim de evitar 
a contaminação proveniente de áreas não estéreis
 � Luvas estéreis são protegidas de contaminação dobrando-se o 
material de isolamento sobre as mãos
 � Os campos cirúrgicos devem ser colocados primeiro no local da 
incisão e depois abertos cuidadosamente para as extremidades
Os campos cirúrgicos devem ser fixados firmemente e, após po-
sicionados, não devem ser movidos durante a cirurgia até que os 
curativos sejam colocados no fim da cirurgia.
Há uma variedade de formatos e tamanhos de campos cirúrgi-
cos, os quais fornecem a proteção necessária para a maioria dos tipos 
de cirurgia. Os campos descartáveis de único uso também apresen-
tam uma gama de tipos especiais projetados para atender exigên-
cias de isolamento específicas; o campo plástico usado paraisolar o 
paciente na mesa de tração, por exemplo, isola também o braço do 
intensificador de imagem.
No entanto, a cirurgia do trauma pode apresentar alguns desafios 
em relação ao isolamento que precisarão de planejamento pré-
-operatório para garantir o isolamento eficaz e seguro do paciente 
(Fig. 1.1-5). Como exemplo, há as complexidades associadas ao iso-
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1.1 Paciente
31
lamento em caso de paciente politraumatizado, que pode ser subme-
tido a múltiplos procedimentos simultaneamente.
Verificação pré-operatória final do local cirúrgico correto
Como parte do processo continuado de verificação, é aconselhável 
uma final, antes de se iniciar a cirurgia ou o procedimento, a fim 
de confirmar a identidade do paciente, a marcação correta do local 
cirúrgico e o procedimento correto a ser realizado.
A segunda fase da lista de verificação de segurança cirúrgica 
da OMS deve ser realizada antes de qualquer incisão na pele, de-
vendo-se envolver toda a equipe perioperatória que participará do 
procedimento cirúrgico planejado. O membro da equipe deve estar 
ciente do protocolo para abordar qualquer discrepância observada 
durante essa verificação, não devendo a cirurgia ser realizada en-
quanto houver qualquer dúvida.
Conclusão
A meta da equipe perioperatória é certificar-se de que os pacien-
tes estejam protegidos de lesões e minimizar o risco de infecção 
pós-operatória. Como membros essenciais da equipe, o funcionário 
pode proteger o paciente quando ele mesmo não estiver em condi-
ções de fazê-lo, fornecendo atendimento adequado e com conhe-
cimento que atenda às necessidades individuais de cada paciente e 
garanta uma estada segura e bem-sucedida para todos os pacientes 
no centro cirúrgico.
1.1.6 Leituras complementares
Association for Perioperative Practice (2007) Standards and 
Recommendations for Safe Perioperative Practice. Harrogate: AFPP.
AORN (2008) Perioperative Standards and Recommended Practices. Denver: 
AORN Inc.
Fortuna NM (2000) Berry & Kohn’s Operating Room Technique. 9th ed. St 
Louis: Mosby.
Kurkowski CM, Hawk D (2003) Orthopaedic aspects of the operating 
room. In: Jannetti AJ (ed), NAON Orthopaedic Operating Room Manual. 
2nd ed. New Jersey: Pitman Publishing.
World Health Organization Surgical Safety Checklist (2009) Disponível 
em: www.who.int/patientsafety/safesurgery/en
Agradecimentos
Agradecemos a Anita Bolt, Regina Dries e Alexander Motzny pela 
contribuição no desenvolvimento desta seção.
Figura 1.1-5 Desafios no isolamento do campo cirúrgico de pacien-
te politraumatizado para o seguimento da cirurgia.
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32
1 Princípios do centro cirúrgico
1.2 Pessoal
1.2.1 Introdução 33
1.2.2 Comunicação 33
1.2.3 Comportamento e disciplina 35
1.2.4 Precauções universais 37
1.2.5 Segurança no centro cirúrgico 42
1.2.6 Conclusão 43
1.2.7 Leituras complementares 43
 Porteous_livro.indb 32 Porteous_livro.indb 32 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
Autores Rossana Fornazzari, Myriam Sanchez
33
1.2.1 Introdução
“O recurso mais importante para uma empresa são as pessoas que 
trabalham nela.”
Essa citação é particularmente válida para o centro cirúrgico, onde 
o sucesso de uma cirurgia depende da sincronização de três fatores:
 � Paciente
 � Pessoal
 � Ambiente
A equipe do centro cirúrgico (ECC), como o pilar central des-
se processo, deve ter uma atitude positiva e responsável, devendo 
também desenvolver competência técnica por meio de treinamento 
sistemático.
Esta seção apresenta aos membros da ECC as habilidades que 
precisam desenvolver para se tornarem participantes centrais da 
equipe e fornecerem um ambiente seguro, eficiente e de alta quali-
dade no qual se desenvolverá uma cirurgia em traumatologia.
1.2.2 Comunicação
A comunicação é a mais importante de todas as habilidades ne-
cessárias para um membro da equipe. O universo médico gera uma 
imensa quantidade de informações relativas tanto ao paciente quan-
to à operação em si, e grande parte desse conhecimento é técnico. 
Esse aspecto, associado ao fato de que a cirurgia tradicionalmente 
tem uma estrutura hierárquica que nem sempre estimula o questio-
namento objetivo, pode ser um dos maiores riscos para o paciente.
Apesar de haver medidas de segurança para proteger o paciente 
de erros, investigações a respeito de erros cirúrgicos mostram que 
esses se devem, sobretudo, à falha na comunicação entre membros 
da equipe.
Elementos de segurança
Estão relacionados a rotinas oficiais para segurança do paciente e 
a averiguações dentro do centro cirúrgico para garantir que o pa-
ciente correto esteja sendo submetido à cirurgia no local cirúrgico 
correto. Apenas fazer essas averiguações e registrá-las não é o sufi-
ciente; o ponto central é a informação do funcionário em relação à 
importância dessas averiguações. O membro da equipe deve estar 
ciente de seu papel e de suas responsabilidades, e também de como 
implementá-las com precisão.
Estrutura técnica
Para garantir a segurança do paciente, deve haver listas de verifi-
cação e protocolos escritos para que nada seja omitido. Esses docu-
mentos podem ser usados como provas quando for necessária uma 
análise de caso após um erro ou quase erro. Podem também ser sub-
metidos a auditorias e inspeções para determinar níveis de adesão.
Há diferenças entre cirurgiões; para garantir o andamento sem 
intercorrências em uma operação, o membro da equipe precisa sa-
ber as preferências do então cirurgião, como o tipo de implante que 
provavelmente será usado, os instrumentos especiais solicitados e o 
material preferido para sutura.
Também deve haver métodos para conferir o cronograma do 
centro cirúrgico e garantir que equipamentos especiais estejam 
disponíveis, particularmente se houver apenas um conjunto de 
determinado tipo de equipamento. O membro da equipe também 
deve conferir se o equipamento de empréstimo foi solicitado caso 
seu uso seja provável. Quanto mais cedo forem identificados os 
possíveis problemas, menor a chance de haver interrupções no 
procedimento (Fig. 1.2-1).
1.2 Pessoal
 Porteous_livro.indb 33 Porteous_livro.indb 33 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
34
Princípios do centro cirúrgico
Comunicação oral
A comunicação oral é o fator principal para a redução de riscos no 
centro cirúrgico e garante maior satisfação no trabalho. Uma equipe 
de centro cirúrgico satisfeita é aquela em que os funcionários falam 
uns com os outros e sentem-se à vontade ao comunicar-se; com isso, 
é muito menos provável que ocorram erros. O contrário também 
acontece se funcionários sentem-se incapazes de comunicar qual-
quer preocupação que porventura tenham.
A boa comunicação oral não precisa de investimento finan-
ceiro, porém exige um investimento de tempo e esforço de todos. 
Funcionários mais novos na equipe tendem a seguir os passos dos 
mais experientes; assim, quanto mais antigo na equipe, mais esfor-
ço se deve fazer para dar um bom exemplo, devendo também estar 
consciente de que outras pessoas podem considerá-lo um modelo 
a ser seguido. Isso se aplica tanto para o cirurgião quanto para os 
funcionários experientes do centro cirúrgico.
O contato pessoal direto é particularmente importante para:
 � Ensinar funcionários sobre protocolos adequados e documenta-
ção, como lidar com equipamentos ou materiais adquiridos pelo 
centro cirúrgico e como fazer sua manutenção.
 � Corrigir um erro iminente de um membro da equipe. A interven-
ção a tempo de evitar lesão ao paciente enquanto se maximiza a 
experiência de aprendizado para o indivíduo e para a equipe é 
uma habilidade importante para funcionários experientes.
 � Comunicar-se com o cirurgião para garantir que o membro da 
equipe saiba exatamente o que é necessário para a cirurgia, e se 
não for um procedimento de rotina, como deve ser realizado. 
Quanto mais cedo a equipe conhecer o procedimento, maispode prever e planejar. Entender o que acaba de ser feito e o 
porquê também é uma experiência útil.
 � Desenvolver o relacionamento entre a equipe mantendo a es-
trutura hierárquica do modo mais confortável possível.
Figura 1.2-1 Membros da equipe checando equipamento de em-
préstimo para garantir que esteja completo.
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1.2 Pessoal
35
Comunicação formal e feedback
O monitoramento formal de medidas de garantia de qualidade é uma 
parte cada vez mais importante do feedback recebido pela equipe do 
centro cirúrgico. Esse monitoramento fornece um indicador mensurá-
vel de desempenho, de segurança do paciente e, cada vez mais, de cus-
to-benefício, o que pode passar por auditorias. Os exemplos incluem 
taxas de infecção de local cirúrgico, preenchimento de cronograma 
cirúrgico, risco de incidentes intraoperatórios e operações canceladas.
A ECC também é envolvida em auditorias com escopo mais 
amplo, como no caso de registros conjuntos, ou até mesmo partici-
pando de projetos de pesquisa.
Todas essas ferramentas são úteis para identificar áreas preo-
cupantes e tomar providências corretivas antes de que se tornem 
um problema significativo e que a segurança do paciente seja com-
prometida. Pedir para que os funcionários coletem dados adicionais 
pode parecer trabalho extra desnecessário, porém a precisão dessas 
providências depende da necessidade dos dados coletados. O envol-
vimento da equipe cria uma sensação de propriedade compartilhada 
quando se identificam problemas, dando a todos uma maior satisfa-
ção quando os resultados são positivos.
1.2.3 Comportamento e disciplina
As prioridades da ECC são o bem-estar e a segurança do paciente, 
cada membro da equipe tem a responsabilidade de relatar qualquer 
ocorrência que possa causar prejuízos, como um lapso na técnica 
asséptica ou o esquecimento de uma verificação de segurança.
Os papéis e as responsabilidades de cada membro da equipe, bem 
como a forma como qualquer passo do procedimento padrão é realizado 
devem estar escritos com clareza no formulário de “Regras do centro 
cirúrgico” ou no “Manual de procedimentos do hospital”. A natureza 
dessas regras varia entre hospitais e depende de fatores como diversi-
dade de pessoal, tamanho e variedade de casos de um departamento.
O centro cirúrgico pode também ser um lugar de trabalho ex-
tremamente estressante. As responsabilidades individuais e da equi-
pe são grandes, e é importante que a carga de trabalho não supere a 
capacidade da equipe, de modo que todos se sintam capazes de tra-
balhar de modo eficiente e seguro e que ninguém caia na tentação 
de “dar um jeitinho”.
A importância de que cada membro da equipe reconheça que 
tem, acima de tudo, um dever ético de garantir a segurança do pa-
ciente sob qualquer circunstância é uma consideração educacional 
essencial. A autodisciplina e o desenvolvimento de uma consciên-
cia cirúrgica combinados aos princípios de assepsia e à técnica es-
téril não devem apenas ser ensinados em contexto exterior, mas 
também reforçados regularmente por sessões de ensino formal e, so-
bretudo, por bons exemplos dados por membros mais experientes da 
equipe. Uma boa habilidade de liderança depende, em parte, de que 
sejam identificados os indivíduos cuja apatia pode apresentar um 
risco para a integridade do paciente e da equipe, e instruí-los antes 
de que isso se torne um problema.
Reconhecer seus erros é uma coisa que a maioria das pessoas 
considera difícil; porém, em cirurgias, os erros podem causar da-
nos aos pacientes – e realmente causam. Assim, é importante criar 
no centro cirúrgico, um ambiente no qual qualquer erro – como 
contagem incorreta de swabs ou falta de um instrumento – seja ad-
mitido imediatamente, sendo tal comportamento considerado por 
todos, em especial pelo cirurgião, o correto dos pontos de vista mo-
ral e ético.
Sugere-se que uma forma de reduzir os erros no centro cirúrgi-
co é o treinamento para que os funcionários tenham múltiplas ha-
bilidades ou assumam qualquer papel, de assistente do anestesista 
a responsável pelos aventais cirúrgicos. Essa abordagem promove 
competências técnicas e garante que todos os membros da equipe 
conheçam todos os papéis realizados pelos demais. Isso pode aumen-
tar a flexibilidade e a satisfação no emprego; no entanto, possivel-
mente à custa de se reduzir a especialização individual em áreas do 
centro cirúrgico.
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36
Princípios do centro cirúrgico
Tecnologia complexa
O atual ritmo dos avanços tecnológicos apresenta uma série de desa-
fios no centro cirúrgico: como introduzir novas tecnologias, treinar 
funcionários para usá-las adequadamente e fazer sua manutenção 
ao mesmo tempo em que se maximiza sua disponibilidade para uso 
em cirurgias? E para instrumentos mais delicados, como minimizar 
danos acidentais de equipamentos caros?
A tecnologia também pode causar problemas. Os programas, 
com frequência, não funcionam como desejado, são complicados e 
pouco intuitivos para os usuários. Alguns hospitais coletam dados 
suficientes para produzir indicadores de desempenho; essa é, uma 
das formas de monitoramento de controle de qualidade. Isso signi-
fica que toda a ECC aprenderá a lidar com sistemas de computação 
no hospital onde trabalha, e os gerentes precisarão ser capazes de 
interpretar e avaliar as informações geradas por ela.
Cada nível adicional de complexidade no centro cirúrgico torna 
a tarefa de organização e instrução mais difícil, além de aumentar o 
risco de a equipe dedicar tempo demais à tecnologia em detrimento 
de suas disciplinas cirúrgicas básicas, que devem ser regularmente 
reforçadas por boas práticas de equipe e de gerenciamento.
Responsabilidades legais
A equipe do centro cirúrgico trabalha em uma sociedade com ten-
dência cada vez maior a conflitos de interesse. Além disso, há uma 
crescente ameaça de pacientes e funcionários tomando medidas le-
gais contra hospitais. Os custos financeiros e pessoais envolvidos 
mostram que os gestores apreciam funcionários que se mantenham 
atualizados com práticas e responsabilidades de redução de riscos.
Novos modelos de gerenciamento
Atualmente a qualidade do serviço é imprescindível. Os usuários 
do sistema de saúde pública estão exigindo padrões mais altos; já no 
setor privado, os usuários esperam que seu dinheiro gere um nível de 
serviço ainda melhor e mais personalizado.
Hoje, devido ao ritmo das mudanças, já não é suficiente ape-
nas o treinamento do pessoal para tarefas e deveres específicos. A 
equipe deve receber as ferramentas necessárias para praticar, desen-
volver e adaptar-se ao ambiente de trabalho em ritmo acelerado; 
além disso, tais treinos ajudam a lidar com os conflitos e problemas 
interpessoais que essas mudanças trazem.
A principal característica nesse tipo de treinamento é a capaci-
dade de priorizar. É muito fácil perder de vista os objetivos quando 
se está sob pressão em várias direções ao mesmo tempo. O treina-
mento adequado pode melhorar bastante a capacidade de lidar com 
múltiplas tarefas e identificar as que têm prioridade enquanto se 
mantém a segurança do paciente.
Influências externas
O manejo de pessoal não se restringe ao membro da equipe imedia-
to. O gerenciamento de um centro cirúrgico também envolve ou-
tras pessoas que não estão familiarizadas com esse ambiente, como 
equipes de manutenção e visitantes. Essas pessoas que não fazem 
parte da equipe devem receber instruções básicas sobre o que podem 
ou não fazer em um centro cirúrgico. Outros profissionais, como psi-
cólogos e sociólogos, podem ser convidados a observar a prática de 
trabalho para verem como a eficiência, o conforto e o bem-estar 
do paciente podem ser melhorados. Todas essas “pessoas externas” 
têm contribuições valiosas para o desenvolvimento de um centro 
cirúrgico bem organizado e devem ser bem recebidas e acomoda-
das. Isso pode,às vezes, ser um desafio, sobretudo quando a equipe 
consideram-nas uma ameaça para as práticas de trabalho já esta-
belecidas. Em vez disso, esses profissionais devem ser considerados 
uma oportunidade para ajudar a equipe a se adaptar ao ambiente 
cada vez mais complexo e mutável do centro cirúrgico, onde, com o 
passar dos anos, a cirurgia e a anestesia se tornaram mais complexas, 
e a documentação, mais complexa.
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1.2 Pessoal
37
O centro cirúrgico é apenas uma parte do complexo sistema que 
forma um hospital, e é inevitável que haja grande interdependência 
entre os departamentos. Trabalhar bem e criar relações com outros 
departamentos, sem perder de vista a função primária do centro ci-
rúrgico, que é realizar cirurgias seguras e de alta qualidade, talvez 
sejam os maiores desafios do gerenciamento.
1.2.4 Precauções universais
Os protocolos exigidos para proteger profissionais da saúde da ex-
posição a produtos biológicos são chamados “precauções universais 
com sangue e outros fluidos corporais”. Esses protocolos (técnicas e 
procedimentos) são elaborados para proteger funcionários da saúde 
envolvidos ativamente em atividades nas quais haja contato direto 
com sangue ou fluidos corporais do paciente.
Precauções universais se referem ao uso de barreiras físicas (lu-
vas, proteção para os olhos, roupas de proteção, e assim por diante) 
ao manipular sangue e determinados fluidos corporais, usar instru-
mentos perfurocortantes, manusear resíduos de materiais biológicos 
e realizar a descontaminação de instrumentos sujos.
Luvas
As luvas formam uma barreira física e são usadas para evitar o con-
tato das mãos e do antebraço com sangue, secreções e membranas 
mucosas durante um procedimento ou ao manusear instrumentos 
cirúrgicos.
São usadas em cirurgias e em outros procedimentos invasivos. 
As luvas cirúrgicas são esterilizadas com radiação gama e, às vezes, 
com óxido de etileno. Elas vêm embaladas em envelopes duplos in-
dividuais e são de uso único; não devem, portanto, ser reutilizadas.
O uso de luvas estéreis fornece proteção tanto para o paciente 
quanto para o usuário. As luvas, no entanto, não substituem a lava-
gem das mãos e não resistem à penetração de agulhas ou instrumen-
tos cortantes.
Há situaçoões em que se recomenda o uso de dois pares de lu-
vas ao mesmo tempo, como quando o paciente representa risco co-
nhecido de infecção para o membro da equipe, em procedimentos 
cirúrgicos de longa duração, naqueles em que tecidos duros, como 
ossos, serão manuseados, ou quando houver sangramento significa-
tivo. O uso de dois pares de luvas reduz o risco de penetração e 
fornece proteção adicional contra contaminação. Alguns cirurgiões 
ortopédicos usam luvas de algodão ou Kevlar por cima das luvas de 
látex para maior proteção ao manusearem ossos. O efeito protetor 
do látex diminui com o tempo; portanto, em procedimentos mais 
longos, recomenda-se a troca regular das luvas.
Outra recomendação é o uso de luvas do tamanho correto, so-
bretudo em procedimentos cirúrgicos; luvas que não se adaptam 
corretamente reduzem a sensibilidade tátil do usuário e podem pro-
vocar amortecimento nos dedos com uso prolongado.
A maioria das luvas cirúrgicas é feita de látex. Deve-se usar lu-
vas livres de látex se houver qualquer suspeita de que o paciente ou 
o funcionário seja alérgico à substância.
Colocação de luvas estéreis
A primeira etapa é realizar a lavagem cirúrgica das mãos e escolher 
luvas do tamanho correto.
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38
Princípios do centro cirúrgico
O princípio do enluvamento fechado é a técnica de escolha 
quando se colocam luvas e aventais estéreis:
 � Deve-se abrir a embalagem interna e identificar a luva direita e 
a esquerda à sua frente.
 � Usando o avental, deve-se pegar a barra da luva esquerda com a 
mão direita e removê-la da embalagem (Fig. 1.1-2a).
 � Deve-se, então, colocar a luva no punho esquerdo (Fig. 1.2-2b).
 � Ainda enquanto segura-se a barra da luva, cerra-se o punho e 
puxa-se a dobra sobre a mão, com o objetivo de cobrir as articu-
lações dos dedos e a do polegar antes de esticar o dedo na mão 
esquerda (Figs. 1.2-2c–d).
 � Deve-se mover os dedos para garantir uma boa colocação (Figs. 
1.2-2e–f).
 � Com a mão esquerda já com a luva, pega-se a luva direita (Fig. 
1.2-3a).
 � Como anteriormente, deve-se colocar a luva sobre o punho, 
cerrá-lo e puxar a luva sobre o avental até que esteja bem colo-
cada (Fig. 1.2-3b).
 � Ao fim, ambas as luvas podem ser ajustadas sem medo de con-
taminação (Fig. 1.2-3c).
Ao remover as luvas, é boa prática certificar-se de que a super-
fície externa contaminada não toque a mão sem proteção. Deve-
-se sempre lavar as mãos ou aplicar álcool após retirar as luvas; isso 
protege a pele das mãos. É importante também estar ciente de que, 
com frequência, há perfurações que não são facilmente observáveis 
nas luvas.
a cb
ed f
Figura 1.2-2a–f Técnica do enluvamento fechado para a mão esquerda.
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1.2 Pessoal
39
Aventais cirúrgicos
Os aventais cirúrgicos estabelecem uma barreira física entre o usuá-
rio e o paciente, mantendo o campo cirúrgico para o paciente e 
protegendo o usuário. Recomenda-se o uso de jalecos descartáveis 
e à prova d’água para cirurgias, pois são impermeáveis e apresentam 
menor tendência a vazamento em condições extremas. Caso esse 
tipo de jaleco não esteja disponível, use os de tecido especial à pro-
va d’água que toleram lavagens e esterilizações repetidas.
O modelo recomendado é aberto nas costas; deve cobrir total-
mente as costas com fecho de contato ou prendedores no pescoço e 
tiras internas e externas na cintura. Os tamanhos devem servir para 
indivíduos de estatura média a alta.
a cb
Figura 1.2-3a–c Técnica do enluvamento fechado para a mão direita.
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40
Princípios do centro cirúrgico
Como vestir um avental estéril
Após os membros da equipe realizarem a lavagem cirúrgica das mãos:
 � O avental é elevado acima e para longe da mesa, devendo ser 
prendido com firmeza no pescoço e desdobrado completamente 
com a parte de dentro voltada para o usuário.
 � Deve-se deslizar ambas as mãos para dentro das aberturas para 
os braços, mantendo-as ao nível do ombro e longe do corpo. 
Ambas as mãos e os antebraços são, então, empurrados para 
dentro das mangas, levando as mãos apenas até a margem pro-
ximal do punho para usar a técnica de enluvamento fechado 
(Fig. 1.2-4).
 � A mão sem luva nunca deve tocar a frente do avental.
 � O enfermeiro disponível deve segurar as tiras da gola e da cintu-
ra, tocando apenas o lado interno do avental.
 � Após colocar as luvas estéreis, pode-se fechar e amarrar o 
avental.
Máscaras
As máscaras são um filtro que cria uma barreira de proteção entre 
o usuário e o paciente, evitando a transmissão de microrganismos; 
são descartáveis, e há vários modelos delas. Não foram observadas 
diferenças significativas entre os diferentes tipos de materiais de que 
são feitas. Devem cobrir o nariz e a boca, porém, mesmo com o uso 
da máscara, ao tossir, há o risco aumentado de contaminação para 
o paciente. Além disso, a fala deve ser limitada ao mínimo. Alguns 
modelos de máscaras vêm com um equipamento de proteção ocular 
para proteger o usuário de respingos de fluidos corporais (Fig. 1.2-5).
Óculos de proteção
Os óculos de proteção são projetados unicamente para proteger o 
usuário de contaminação das conjuntivas e subsequente infecção 
por fluidos corporais contaminados. Esse risco é pouco comum, mas 
reconhecido. Os óculos devem ser usados em cirurgias de pacientes 
Figura 1.2-4 Mãos por dentro das mangas do avental. Figura 1.2-5 Máscara com proteção para os olhos.
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1.2 Pessoal
41
de alto risco e em qualquer procedimento em que seja provável a 
ocorrência de respingos. É importante que o equipamento de pro-
teção ocular seja confortável e firme, de modo que não caia no pa-
ciente durante a cirurgia.
Proteção pessoal
A prática de precauções universais reduz o risco de transmissão de 
patógenos infecciosos para pacientes e profissionais da saúde, seja o 
paciente considerado de alto risco ou não. As precauções universais 
se aplicam a todos os pacientes, em todos os momentos.
Essas precauções devem ser praticadas quando houver contato com 
material potencialmente infectado, incluindo fluidos corporais:
 � Maiores riscos: sangue, fluidos contendo sangue visível, drena-
gem ou exsudatos de ferimentos.
 � Outros: sêmen, secreção vaginal, tecidos, escarro, fezes, líquido 
cerebrospinal, pleural, peritoneal, amniótico.
As precauções universais não se aplicam aos seguintes mate-
riais, a menos que haja sangue: lágrimas, secreções nasais, saliva, 
suor, urina ou vômito.
Manejo de instrumentos perfurocortantes
Durante um procedimento cirúrgico, as seguintes precauções deve-
rão ser tomadas no manejo de todo e qualquer instrumento perfu-
rocortante:
 � Não dobrar agulhas nem recolocar sua capa de proteção.
 � Não tocar instrumentos perfurocortantes (como agulhas ou lâ-
minas) com as mãos se estiveram em contato com sangue ou 
outros fluidos corporais.
 � Abrir ampolas de medicamentos utilizando abridor de ampolas 
ou gaze.
Pequenos instrumentos perfurocortantes, como lâminas, agu-
lhas e outros, devem ser deixados na mesa de instrumentos estéreis 
em uma “zona neutra” acordada previamente com a equipe médica. 
O cirurgião pegará os itens perfurocortantes colocados nessa área 
pelo membro da equipe; isso evita o risco de lesão associado à passa-
gem de instrumentos de mão em mão. Apenas um instrumento per-
furocortante deve estar na zona neutra de cada vez; os itens deverão 
ser colocados nesse local para facilitar que o cirurgião os pegue com 
a mão dominante. Como alternativa, o membro da equipe pode pas-
sar esses itens para o cirurgião em uma pequena bandeja.
Todos os instrumentos perfurocortantes devem ser descartados 
em embalagens especiais, resistentes a perfurações e vazamentos, 
com rótulo vermelho ou amarelo indicativo de risco biológico. As 
embalagens devem ser lacradas e substituídas quando atingirem três 
quartos de sua capacidade.
Lista de verificação para assistência segura durante procedi-
mentos estéreis:
 � Evitar manuseio de agulhas.
 � Nunca segurar um bisturi ou qualquer outro objeto cortante com 
a mesma mão ao mesmo tempo em que segura outros objetos.
 � Usar alerta verbal para anunciar a transferência de instrumento 
perfurocortante.
 � Utilizar suturas ou equipamentos de segurança removíveis para 
facilitar a remoção da agulha.
 � Evitar contato dos dedos com tecidos a serem cortados ou su-
turados.
 � Ficar atento a todos os instrumentos perfurocortantes em uso 
até que sejam devolvidos à zona neutra.
 � Recolocar a proteção na ponta de um dreno ou de um trocarte 
utilizando um instrumento, não os dedos.
 � Quando for necessário encher novamente uma seringa para au-
mentar a dose injetada, a agulha pode ser mantida no tecido 
– remove-se a seringa, e essa, após o preenchimento é reconec-
tada à agulha.
 � Ao remover a agulha de uma sutura, deve-se coloca-lá em local 
seguro ou proteger a ponta com o protetor.
A maioria das lesões (56%) ocorre em enfermeiros e ECCs. 
Mais de 80% dos incidentes de contaminação envolvem ferimento 
penetrante com instrumento perfurocortante; prevalecem a perfura-
ções com agulhas que, com frequência, não são relatadas. Cerca de 
30% das lesões com agulhas são provocadas pelo próprio indivíduo 
que a manuseia. Estima-se que 39% das lesões com lâminas também 
aconteçam assim, e algumas ocorrem quando a lâmina está sendo 
passada de uma pessoa para a outra.
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42
Princípios do centro cirúrgico
Mais de 30% dos casos de hepatite B são transmitidos por le-
sões com agulhas, taxa seis vezes mais frequente do que na infecção 
pelo HIV.
1.2.5 Segurança no centro cirúrgico
A segurança nas áreas cirúrgicas pode ter três focos:
 � Paciente
 � Equipe cirúrgica
 � Procedimento
Paciente
A cultura da equipe deve ter por objetivo revelar todos os eventos ad-
versos que possam ocorrer durante a estada de um paciente no hospi-
tal. Por esse motivo, é essencial compilar um programa para o manejo 
de risco que permita (quando houver notificação de evento adverso) 
o registro da incidência, a avaliação das tendências, a determinação 
da causa e a avaliação do impacto das consequências. Essas medidas 
têm por objetivo trazer melhorias e evitar recorrências.
Essa prática é particularmente importante no centro cirúrgico, 
onde os pacientes estão sujeitos a um ambiente desconhecido e em 
situação vulnerável durante a anestesia, sendo incapazes de se de-
fender ou de questionar as ações dos funcionários.
Equipe cirúrgica
A segurança e a proteção para a equipe cirúrgica tem dois objetivos: 
treinamento e saúde dos funcionários.
O manejo da saúde dos funcionários deve estar voltado para a 
prevenção de lesões e doenças às quais os indivíduos estão expostos 
em seu ambiente de trabalho. O principal objetivo é ter uma equipe 
saudável, que não precise tirar licença médica e não apresente risco 
de transmitir doenças para os pacientes ou de ser infectada por eles.
Um programa abrangente de saúde deve incluir:
 � Programa de imunização (hepatite B, gripe)
 � Programa de monitoramento por raio X
 � Programa de prevenção e tratamento de lesões por perfuração
 � Programa de prevenção de exaustão
O treinamento formal tem por objetivo tornar os funcionários 
competentes – competência é definida como a capacidade de agir 
com responsabilidade e eficiência para chegar a um resultado que 
satisfaça o paciente.
Tornar-se competente está relacionado com o desenvolvimento 
de habilidades e conhecimento, que podem ser então usados, trans-
feridos e integrados a habilidades e conhecimentos dos demais, 
criando um “estilo de trabalho” seguro e informado.
Um programa de treinamento deve ter como meta a determina-
ção das competências exigidas para o trabalho, a avaliação das neces-
sidades de instrução e treinamento individuais e a elaboração de um 
programa de treinamento adequado para atender a essas necessidades. 
Todos esses programas devem ser planejados e avaliados formalmente.
Procedimento
Um procedimento cirúrgico é uma série de processos interligados. 
Alguns são imediatamente visíveis, enquanto outros envolvem 
pontos de apoio em sua maior parte não observáveis, como o depar-
tamento de solicitações para requerimento de implantes e serviços 
de esterilização para o processamento de instrumentos. É importan-
te, assim, que toda a equipe tenha confiança em cada passo do pro-
cesso de apoio.
Isso se aplica sobretudo à provisão de instrumentos estéreis, 
que não apenas devem ser limpos e esterilizados corretamente, mas 
também precisam passar por manutenção adequada. É importante, 
ainda, garantir que os conjuntos de instrumentos corretos estejam 
completos antes que um procedimento seja iniciado.
A disponibilidade de implantes estéreis para manejo de fraturas 
também é importante. Com a tendência dos implantes estéreis pré-
-embalados em alguns países, a esterilização está se tornando uma ques-
tão menos relevante do que a garantia de que todos os equipamentos 
necessários estejam disponíveis antes de se iniciar um procedimento.
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1.2 Pessoal
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1.2.6 Conclusão
Em resumo, o desempenho do membro da equipe exige a adequação 
a muitos fatores, em especial comunicação, instrução cirúrgica, con-
siderações do ambiente (que devem levar em conta a segurança do 
pessoal e também do paciente) e o desenvolvimento de habilidades

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