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1 Princípios do centro cirúrgico
1.1 Paciente 17
Judy Orson, Donna Russell-Larson
1.2 Pessoal 33
Rossana Fornazzari, Myriam Sanchez
1.3 Ambiente 45
Christine Booth
1.4 Instrumentação 59
Isabel van Rie Richards
1.5 Implantes 69
1.5.1 Material 69
Nicola Kildea, Jessica Hayes
1.5.2 Cuidado e armazenamento de implantes 74
Judith Roberson
1.5.3 Implantes danificados e quebrados 77
 Nicola Kildea, Anna Wilkins
1.6 Equipamentos 81
1.6.1 Mesa cirúrgica 81
Sari Cohen
1.6.2 Intensificador de imagem 85
 Poh Yan Lim, Merng Koon Wong
1.6.3 Garrote pneumático 93
Poh Yan Lim, Merng Koon Wong
1.6.4 Fornecimento de ar e energia 99
Poh Yan Lim, Siew Hong Lau, Donna Russell-Larson
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1 Princípios do centro cirúrgico
1.1 Paciente
1.1.1 Introdução 17
1.1.2 Entrada no centro cirúrgico 17
1.1.3 Preparação para a cirurgia 24
1.1.4 Posicionamento para a cirurgia 25
1.1.5 Desinfecção e isolamento do campo cirúrgico 29
1.1.6 Leituras complementares 31
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Autores Judy Orson, Donna Russell-Larson
17
1.1.1 Introdução
Um paciente que chega à sala cirúrgica (OR – Operation Room) 
para uma cirurgia entrega a responsabilidade de seu bem-estar e sua 
segurança à equipe perioperatória. Essa tem como função fornecer 
um ambiente seguro, por meio do exercício de seu conhecimento e 
suas habilidades, proteger o paciente de lesões e minimizar o risco 
de infecção pós-operatória.
Destinado à equipe do centro cirúrgico (ECC), esta seção re-
toma os princípios de cuidado ao paciente que permanece no cen-
tro cirúrgico durante a fase pré-operatória e oferece diretrizes para 
a prática clínica aplicáveis a uma ampla variedade de contextos nos 
quais uma ECC trabalha.
1.1.2 Entrada no centro cirúrgico
As providências para a entrada de pacientes no centro cirúrgico va-
riam. Alguns locais têm uma área pré-operatória designada a receber 
os pacientes; em outros, os pacientes podem ser levados diretamente 
para a sala de anestesia ou ainda para o próprio centro cirúrgico. 
Não importa a forma como essa etapa é organizada; o ambiente no 
qual o paciente será recebido deve ser calmo e silencioso, um local 
onde a ECC possa criar empatia e completar as verificações, que o 
ajudará a garantir a segurança e o bem-estar do paciente durante sua 
permanência no departamento de cirurgia.
O centro cirúrgico é uma área com equipamentos extremamen-
te técnicos e pessoal com alto nível de treinamento. Sons, odores 
e equipamentos, tão familiares para a ECC, podem ser intimida-
dores ou até assustadores para uma vítima de trauma que chega ao 
centro cirúrgico. A ECC, que é a primeira a cumprimentar o pa-
ciente, pode ajudar a tranquilizá-lo com uma abordagem empática 
e profissional. Apresentar-se e cumprimentar o paciente pelo nome 
e a qualquer outra pessoa envolvida em seu atendimento não é só 
cortesia; é também uma atitude tranquilizadora e ajudará a diminuir 
a ansiedade. No entanto, como o membro da equipe normalmente 
tem pouco tempo para criar empatia com o paciente, ele deve ser 
perceptivo o suficiente para certificar-se das necessidades psicológi-
cas de cada paciente. O funcionário deve apresentar-se a qualquer 
familiar/cuidador que esteja acompanhando o paciente, pois ele 
também precisa de consideração e tranquilidade.
Transferência para a mesa cirúrgica
A ECC deve avaliar a condição do paciente antes da transferên-
cia. Deve-se permitir que o paciente, se for capaz, passe sozinho 
para a mesa cirúrgica (MC), com o mínimo de assistência. Porém, 
a maioria dos pacientes vítimas de trauma precisa de ajuda para a 
transferência. A despeito da forma como essa passagem se organi-
za, a ECC deve certificar-se de que a transferência seja feita com 
segurança. Antes do início da transferência, a MC e o carrinho de 
transporte do paciente devem estar em posição adequada, ambos 
com as rodas totalmente travadas. Para mover o paciente com segu-
rança, são necessários pessoal adequado e equipamento de auxílio, 
por exemplo, equipamento para deslizamento. O paciente deve ser 
mantido coberto, de modo a preservar sua dignidade e mantê-lo 
aquecido. Antes de ser movido, o paciente precisa ser informado 
sobre a transferência, que deve ser realizada com delicadeza e de 
modo coordenado. É necessário o cuidado com linhas intraveno-
sas ou arteriais, cateteres, drenos torácicos, etc., e o membro ferido 
deve ser apoiado adequadamente.
Lista de verificação pré-operatória
A tarefa mais importante da equipe pré-operatória é proteger o pa-
ciente de lesões. Assim, a ECC deve certificar-se de que todos os 
documentos/pedidos/exames estejam presentes e completos e que 
sejam realizadas as confirmações, de acordo com as políticas do hos-
pital, antes de o paciente ser anestesiado.
1.1 Paciente
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18
1 Princípios do centro cirúrgico
Lista de verificação pré-operatória
Deve incluir, porém não precisa se limitar a:
Paciente correto ■ Cumprimentar o paciente pelo nome
 ■ Confirmar se a identidade corresponde àquela que consta na lista de cirurgias, os 
documentos de médicos/enfermeiros e a pulseira de identidade do paciente, que deve 
conter seu nome, seu número hospitalar e sua data de nascimento (recomenda-se que 
pacientes submetidos à anestesia geral usem duas pulseiras em membros diferentes)
Sinalização do local cirúrgico correto ■ Confirmar o local com o paciente, as anotações médicas e a lista de cirurgias
 ■ Checar visualmente a sinalização do local correto
Documentação de consentimento preenchida ■ Averiguar se o paciente entende o procedimento cirúrgico e concorda com a cirurgia
 ■ Confirmar se os documentos de consentimento estão preenchidos e completos, assinados 
e com data (deve-se estar ciente da privacidade do paciente e do sigilo)
Alergias ■ Alergias devem ser anotadas em uma pulseira à parte da pulseira de identidade do 
paciente
Pré-medicação ■ Checar se a pré-medicação prescrita foi administrada
Período de jejum – alimentação via oral ■ Confirmar o horário da última refeição ou ingestão de bebida feitos pelo paciente
Dentadura/tratamento odontológico/próteses Checar se o paciente tem:
 ■ qualquer dentadura, dentes soltos, coroas ou jaquetas dentárias
 ■ aparelhos de audição
 ■ óculos/lentes de contato
 ■ marca-passo ou desfibrilador cardíaco automatizado interno
 ■ próteses implantadas
Documentação Checar se todos os documentos exigidos estão com o paciente, incluindo:
 ■ anotações médicas e da enfermagem com avaliação de viabilidade tecidual
 ■ resultados de exames
 ■ raios X
 ■ tabela de prescrições com a medicação atual e a usada no dia da cirurgia
Joias e piercings ■ Outros itens devem ser cobertos e presos com fita adesiva, se não tiverem sido removidos
 ■ Todas as joias na língua e nos lábios devem ser removidas antes da anestesia geral
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1.1 Paciente
19
Todo paciente deve ter um tratamento individualizado. Apesar 
de essas verificações pré-operatórias serem importantes para proteger 
os pacientes, às vezes, informações adicionais são relevantes para a 
equipe perioperatória. Lesões e limitações de mobilidade de um pa-
ciente podem, por exemplo, afetar o modo como ele é movido e posi-
cionado; já a possibilidade de gravidez de uma paciente terá implica-
ções em exames por imagem e possivelmente no efeito da anestesia.
Deve-se fornecer o que for preciso para pacientes com necessi-
dades particulares, como os portadores de deficiências, os com défi-
cit visual ou auditivo ou com necessidades especiais, e para os que 
precisam de um intérprete. Pode ser necessário que os cuidadores 
acompanhem esses pacientes até a indução da anestesia, para ajudar 
com a comunicação e a transferência, e que estejam novamente dis-
poníveis para o cuidado pós-operatório.Pacientes pediátricos precisam de cuidado especial e devem 
sempre ser acompanhados de um dos pais ou de um cuidador até a 
indução da anestesia ou o estágio apropriado de seu atendimento. 
Deve-se deixar a criança portar algo pessoal, como um brinquedo, 
para confortá-la. A ECC deve cumprimentar tanto os pais quanto a 
criança de modo amigável e profissional e, como parte da verifica-
ção pré-operatória, deve certificar-se de que o formulário de consen-
timento tenha sido preenchido corretamente e assinado pelo pai/
mãe/responsável. Os pais podem ficar emotivos e precisar de apoio e 
conforto por parte da ECC.
Verificação pré-operatória do local correto da cirurgia
A verificação de que o paciente é o correto, que está na lista para tal 
procedimento, e que a cirurgia será feita no local cirúrgico correto 
é um processo contínuo que deve ser realizado sempre que o atendi-
mento do paciente for transferido.
O risco de se operar o local errado deve ser manejado efetivamente. 
Deve haver em todas as áreas em que ocorram cirurgias, 
procedimentos e protocolos para promover a cirurgia no local correto.
A possibilidade de se operar o local errado é um risco sempre 
presente. A sinalização pré-operatória do local cirúrgico é impor-
tante para promover a cirurgia no local correto, e a ECC que realizar 
as verificações pré-operatórias deve conferir se o local correto está 
sinalizado. É importante lembrar que pacientes anestesiados não po-
dem falar por si e dependem da equipe pré-operatória para garantir 
que o procedimento seja realizado no local cirúrgico correto.
O local cirúrgico deve ser sinalizado com caneta permanente 
na área da incisão ou próxima a ela, com uma seta que permaneça 
visível após a aplicação da preparação da pele, ainda que talas ges-
sadas ou outros tipos de tala, às vezes, dificultem esse processo. A 
sinalização do local cirúrgico deve ser realizada antes da cirurgia (se 
possível na ala hospitalar) e antes que o paciente receba qualquer 
medicação, devendo ser conferida pelo cirurgião antes de o paciente 
chegar ao centro cirúrgico.
A cada transferência do paciente, a sinalização deve ser checada 
com a documentação para confirmar se foi feita no local correto.
Consentimento
O formulário de consentimento documenta que o paciente con-
corda com que seja realizada a cirurgia proposta, devendo este ser 
conferido com os pacientes ao chegarem ao centro cirúrgico. Para 
fornecer o consentimento, o paciente deve receber informações re-
levantes em relação à cirurgia e deve ser capaz de compreendê-las, 
tomando uma decisão consciente.
Pode haver casos em que os pacientes são incapazes de fornecer 
consentimento; por exemplo, quando o paciente está inconsciente 
ou não tem capacidade mental para compreender as informações. 
Em princípio, nenhum adulto pode fornecer consentimento por ou-
tro adulto, e é responsabilidade do cirurgião que propõe a cirurgia 
avaliar a capacidade de o paciente consenti-la ou não. Deve-se con-
sultar e envolver os familiares em todas as decisões sempre que pos-
sível; no entanto, a decisão final de realizar a cirurgia é do cirurgião, 
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1 Princípios do centro cirúrgico
que deve sempre agir de acordo com o que acredita ser o interesse do 
paciente que não tem capacidade de tomar a decisão por si.
O processo de consentimento pode ser complexo e deve estar 
de acordo com a legislação de cada país. Por exemplo, pode variar 
a idade com a qual a criança pode ser considerada competente para 
o consentimento. Portanto, a ECC deve conhecer e estar ciente 
da legislação que regulamenta o consentimento de pacientes em 
seu país.
Chegada de emergência ao centro cirúrgico
Pacientes politraumatizados precisam de tratamento urgente e po-
dem chegar ao centro cirúrgico sem aviso prévio. Salvar a vida e os 
membros do paciente é a prioridade e, em situações de emergência, 
pode não ser possível conseguir todas as informações habituais nem 
realizar todas as averiguações rotineiras de segurança. Não se pode 
postergar, por exemplo, uma cirurgia que salvará a vida do paciente 
porque o membro não foi sinalizado. Deve-se obter também o máxi-
mo de informações para proteger o paciente de outras lesões, como 
detalhes sobre alergias e quaisquer condições médicas existentes que 
possam afetar o atendimento imediato. Além disso, é importante que 
se tente ao máximo determinar a identidade de pacientes incons-
cientes, sobretudo se houver mais de um caso envolvido. A ECC 
deve estar preparada ainda para lidar com familiares ansiosos e preo-
cupados que também podem chegar ao departamento de cirurgia.
Controle de infecções
A ECC que atende pacientes recém-chegados ao centro cirúrgico 
deve estar ciente das políticas de controle de infecções a fim de mi-
nimizar o risco de transmissão de infecção para funcionários e ou-
tros pacientes. Para tanto, devem tomar as precauções padronizadas 
para controle de infecção em todos os pacientes com quem entrem 
em contato.
Lista de verificação de segurança para cirurgias da OMS
A preocupação com a segurança dos pacientes é uma questão uni-
versal, e a ECC deve estar ciente da lista de verificação de seguran-
ça desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que 
tem como objetivo melhorar a segurança do atendimento cirúrgico 
em todo o mundo, para cirurgias. São três as fases de um procedi-
mento cirúrgico, com uma série de itens a serem verificados em cada 
fase. Esses itens mostraram-se capazes de reduzir a probabilidade de 
dano grave e evitável ao paciente, promovendo, ao mesmo tempo, 
melhorias na comunicação da equipe perioperatória e em seu traba-
lho. A equipe deve confirmar se a lista de verificação de “entrada” 
(fase 1) foi preenchida antes da indução da anestesia.
Anestesia
Esta seção apresenta um panorama dos desafios enfrentados pelos 
anestesistas enquanto atendem pacientes ortopédicos que serão sub-
metidos a cirurgia. O nível de consciência do paciente, o manejo 
das vias aéreas, a duração e o tipo de cirurgia e, às vezes, a prefe-
rência do cirurgião por determinado tipo de anestesia determinam 
a escolha do anestésico a ser administrado para um procedimento 
ou intervenção cirúrgica. A compreensão da anestesia escolhida, do 
manejo das vias aéreas e do apoio circulatório necessário são preo-
cupações primárias da equipe intraoperatória ortopédica. Além dis-
so, ao se conhecer a ansiedade de um paciente que será submetido a 
anestesia e cirurgia, deve-se buscar reduzir sua apreensão. Permitir 
que ele expresse seus medos ou preocupações, acompanhá-lo duran-
te a indução da anestesia e, se possível, garantir um centro cirúrgico 
com pouca iluminação são ações valiosas para minimizar a ansieda-
de e o medo do paciente durante a indução. A ECC capaz de avaliar 
e prever as necessidades do anestesista também facilita o cuidado 
intraoperatório do paciente.
Nível de consciência do paciente
Há considerável variação entre a necessidade de anestesia de um 
paciente saudável que será submetido a um procedimento menor e 
a de um paciente politraumatizado com comorbidades. O monito-
ramento padrão da American Society of Anesthesiologists (ASA) 
para todos os pacientes inclui oximetria de pulso, aferição não in-
vasiva da pressão sanguínea, eletrocardiograma (ECG) e controle 
de temperatura. Quando houver indicação para um monitoramen-
to mais extensivo, pode-se incluir aferição da pressão arterial e/
ou venosa central, da pressão arterial pulmonar e ecocardiografia 
transesofágica. A necessidade de equipamentos para monitoramen-
to mais extensivo depende da história de doença cardiovascular ou 
pulmonar grave, da gravidade das lesões do paciente, do tipo e da 
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1.1 Paciente
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duração do procedimento cirúrgico e da posição do paciente. Uma 
discussão pré-operatória com o anestesista e a equipe cirúrgica sobre 
essas questões facilitao atendimento ao paciente.
Manejo das vias aéreas
É fundamental a avaliação adequada das vias aéreas de um paciente 
e do status de alimentação via oral antes de qualquer intervenção 
cirúrgica a fim de garantir sua segurança. O paciente apresenta vias 
aéreas normais ou obstruídas? Deve-se fazer um planejamento dos 
equipamentos adicionais necessários para entubação por fibra ótica 
na preparação do centro cirúrgico quando ficar evidente que o pa-
ciente tem vias aéreas obstruídas, como em caso de lesão instável na 
região cervical, ou quando o paciente estiver usando um colar cervi-
cal/tração com halo. No entanto, pode haver um caso inesperado de 
vias aéreas obstruídas a qualquer momento, exigindo acesso rápido 
a equipamento especializado para entubação. Mesmo em entuba-
ções traqueais sem intercorrências, o anestesista pode precisar da 
assistência da ECC para fazer pressão na laringe para baixo ou para 
a lateral a fim de facilitar a entubação.
O status de alimentação via oral deve ser verificado para evitar a 
possibilidade de aspiração pulmonar de conteúdo gástrico. Quando o 
paciente apresentar história de obstrução intestinal, hemorragia eso-
fágica ou gástrica, ingestão recente de refeição, forte história de re-
fluxo gastresofágico sem controle ou for vítima de trauma agudo, são 
necessárias técnicas especiais visando à entubação endotraqueal se-
gura. Essas técnicas incluem inserção de cânula intravenosa segura, 
instalação de todos os monitores necessários e pré-oxigenação antes 
do início da anestesia. Pode-se então solicitar ao membro da equi-
pe que realize pressão sobre a cricoide durante a indução da anes-
tesia (Fig. 1.1-1). A pressão sobre a cricoide deve ser aplicada com 
a maior firmeza possível com dois dedos, comprimindo em direção 
posterior (em direção à coluna). Essa pressão deve ser mantida até 
que o anestesista indique não mais haver necessidade de realizá-la.
Podem ser necessários tubos traqueais especiais para alguns ti-
pos de cirurgia ortopédica. É aconselhável, por exemplo, usar um 
tubo reforçado com fios metálicos quando a cirurgia for realizada 
em um paciente em posição decúbito pronado, ou quando a cabeça 
estiver virada em ângulo forçado para o lado oposto ao local cirúrgi-
a
b
Figura 1.1-1a–b Aplicação de pressão sobre a cricoide. Nota: a 
pressão deve ser aplicada com a maior firmeza possível com dois de-
dos, pressionando em direção posterior (em direção à coluna).
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1 Princípios do centro cirúrgico
co, como em cirurgia de laminectomia cervical anterior, de ombro 
superior ou clavicular. Esse tipo de tubo não dobra se forçado em 
ângulo reto.
Escolhas de anestesia
Há quatro possíveis escolhas de anestesia para pacientes submetidos 
a cirurgia ortopédica:
Anestesia local: injeção local de anestésico realizada pelo cirurgião 
no local a ser operado. Para esse tipo de anestesia, pode-se pedir ao 
membro da equipe que prepare o anestésico a ser utilizado, insta-
le os equipamentos de monitoramento de acordo com as políticas 
da instituição e, se necessário, forneça oxigênio mediante máscara 
plástica ou cânula nasal. A anestesia local pode ser combinada à 
sedação consciente.
Sedação consciente (anestesia monitorada): administração de 
sedativo/hipnótico (midazolam, propofol, cetamina) e/ou opioide 
(fentanila, meperidina) para diminuir a ansiedade e proporcionar 
alívio da dor enquanto o paciente é submetido a um procedimento 
breve, como redução de fratura simples, colocação de tala ou redu-
ção de luxação articular. Se houver incisão, e não apenas manipula-
ção, como em caso de liberação do túnel do carpo, o cirurgião tam-
bém tem de administrar anestésico local (lidocaína, bupivacaína, 
com ou sem adrenalina).
Anestesia regional: administração de anestésico local no canal es-
pinal ou no espaço epidural (anestesia epidural, caudal ou espinal) 
ou diretamente em um conjunto de nervos, como no plexo braquial 
(axilar, infraclavicular, supraclavicular, interescaleno), ou no ciá-
tico, no femoral, no poplíteo ou nos nervos periféricos mais distais 
(dedo, pulso, tornozelo). Substâncias anestésicas locais, como li-
docaína, bupivacaína ou ropivacaína, são usadas isoladas ou mais 
comumente combinadas com adrenalina, opioides e mais recente-
mente com clonidina (antagonista de receptor ß-adrenérgico) a fim 
de prolongar a duração do alívio da dor no pós-operatório.
Pode-se administrar anestesia regional em associação à anes-
tesia monitorada ou como acréscimo à anestesia geral. A anestesia 
regional apresenta vantagens para pacientes idosos, pois pode dimi-
nuir a frequência, a intensidade e a duração da desorientação pós-
-operatória. Os anestésicos regionais em combinação com a anes-
tesia geral têm a vantagem de diminuir a quantidade de anestesia 
geral necessária para manter o efeito anestésico e facilitar o controle 
da dor no pós-operatório. Pacientes com comorbidades, como con-
dições cardíacas/pulmonares, submetidos a cirurgia de substituição 
articular total ou redução aberta e fixação interna (RAFI) em caso 
de fratura intertrocantérica se beneficiam com essa combinação 
de anestésicos. No entanto, os anestésicos regionais não são livres 
de riscos: sua injeção intravascular acidental pode precipitar crises 
convulsivas, arritmias e até mesmo levar à morte.
A anestesia de Bier é uma forma de anestesia regional usada 
para cirurgia em extremidades. Coloca-se um garrote com manguito 
duplo no membro e consegue-se acesso intravenoso distalmente. O 
sangue do membro é removido utilizando-se uma faixa de Esmar-
chTM e ambos os manguitos são inflados até a pressão desejada; en-
tão, o manguito distal é desinflado para permitir que o tecido sob ele 
seja anestesiado.
A faixa de EsmarchTM é removida e o agente anestésico local 
é injetado no membro. Quando o paciente começa a sentir dor no 
manguito proximal, o manguito distal, sob o qual foi aplicada a 
anestesia, é inflado, e o garrote superior é desinflado. Isso alivia a 
dor do garrote superior.
Caso o garrote proximal se desinfle acidentalmente pouco de-
pois da injeção do agente anestésico, o paciente pode apresentar 
queda repentina na pressão arterial, tontura, perda de consciência 
e até crise convulsiva devido à liberação de anestésico local na cir-
culação central. Por esse motivo, se a operação durar menos de 1 
hora, o manguito deve ser desinflado intermitentemente para evitar 
liberação muito rápida do anestésico local na circulação sistêmica. 
Se a operação durar mais de 1 hora, o manguito pode ser desinflado 
com segurança e não mais inflado. É essencial que o membro da 
equipe saiba dessas possíveis complicações se a anestesia de Bier for 
escolhida. Ele também deve estar ciente de que essa técnica não é 
adequada se a operação puder se estender por mais de 2 horas.
 Porteous_livro.indb 22 Porteous_livro.indb 22 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
1.1 Paciente
23
Anestesia geral: administração de múltiplas substâncias para pro-
vocar amnésia, analgesia, bloqueio neuromuscular e ablação de re-
flexos indesejados. Essa forma de anestesia pode ser administrada 
via máscara laríngea ou tubo endotraqueal. Pode-se solicitar que 
a ECC dê assistência na entubação traqueal, conforme observado. 
Às vezes, uma anestesia regional é convertida em geral, podendo 
ser solicitado que o membro da equipe auxilie o anestesista durante 
essa transição.
Considerações sobre o garrote
Quando é necessário um garrote para um procedimento cirúrgico, o 
ideal é que os antibióticos sejam administrados 10 minutos antes de 
que o manguito seja inflado; isso garante um nível sanguíneo tera-
pêutico no local cirúrgico. Fármacos miorrelaxantes também devem 
ser administrados antes de o manguito ser inflado, o que tem como 
resultado um ótimo bloqueio neuromuscular. Quando o garrote é 
desinflado, há o risco de o paciente apresentar hipotensão devido 
ao alargamento repentino do leito vascular, assim comoacidose 
sistêmica devido à liberação repentina de resíduos anabólicos na 
circulação venosa. O FCC deve estar ciente dessas possibilidades e 
preparado para auxiliar o anestesista.
Possíveis complicações
A ECC deve conhecer as complicações intraoperatórias relacio-
nadas especificamente à cirurgia ortopédica que possam afetar o 
manejo da anestesia. A fresagem do canal intramedular, por exem-
plo, pode causar diminuição significativa na pressão sanguínea do 
paciente ou mesmo embolia gordurosa, levando à dificuldade na 
ventilação pulmonar e, mais raramente, ao desenvolvimento de 
síndrome do desconforto respiratório do adulto. O anestesista pode 
solicitar que o membro da equipe o auxilie com infusão intravenosa 
rápida de fluidos ou sangue, ou que rapidamente procure medica-
mentos específicos. Em caso de hemorragia grave (p. ex., fraturas 
expostas ou de ossos grandes combinadas com desenluvamento de 
tecidos moles ou fraturas pélvicas graves), pode-se solicitar que a 
equipe de apoio auxilie o anestesista com a circulação do pacien-
te. Saber usar um equipamento cell-salvaging é extremamente útil 
quando se prevê a perda de grande volume de sangue durante um 
procedimento cirúrgico.
Emergência anestésica
Ao despertar de uma anestesia geral, o paciente pode desenvolver 
laringospasmo após a remoção da máscara laríngea ou do tubo en-
dotraqueal; isso exige uma equipe anestésica atenta. Em casos or-
topédicos, deve-se estabelecer comunicação entre o cirurgião e o 
anestesista a fim de garantir que o paciente permaneça anestesiado 
por tempo suficiente até a colocação de tala e/ou a realização de 
exames de raio X pós-operatórios quando necessário.
Considerações pediátricas
Crianças que serão submetidas a cirurgia ortopédica apresentam 
mais desafios do que a maioria dos adultos. A impossibilidade de 
acompanhamento dos pais, o medo do desconhecido, a compreen-
são mínima do ambiente pré-operatório e operatório e a percepção 
de que os pais estão temerosos contribuem para causar ansiedade na 
criança, provocando choro e falta de cooperação. A maior parte dos 
temores e da ansiedade da criança pode ser reduzida com atitudes 
de tranquilização por parte da ECC, permitindo que um dos pais 
acompanhe a criança ao centro cirúrgico e fique com ela até que a 
indução da anestesia esteja completa, além de entretê-la durante a 
aplicação dos monitores essenciais.
Se o acesso intravenoso não for possível, o anestesista contará 
com a indução inalatória usando sevoflurano. O membro da equipe 
pode ser útil nessa situação certificando-se de que o centro cirúr-
gico esteja silencioso e com pouca iluminação, segurando as mãos 
ou os braços do paciente durante a fase de excitação ou auxiliando 
o anestesista a estabelecer o acesso intravenoso após o término da 
indução. Manejo das vias aéreas, indução da anestesia, emergência 
anestésica, dessaturação rápida e perda de calor são situações em 
que a ECC deve ser capaz de reagir de modo rápido e eficaz para 
garantir a segurança do paciente.
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1 Princípios do centro cirúrgico
Considerações adicionais
A anestesia caudal pode ser usada para procedimentos nas extremi-
dades inferiores. Seja ela feita antes da incisão ou no pós-operatório 
para maior controle da dor, o anestesista provavelmente precisará 
do apoio da ECC. A comunicação entre o anestesista e o membro 
da equipe quanto ao nível de consciência do paciente, ao manejo 
planejado das vias aéreas, à escolha da anestesia, às considerações 
sobre garrote, a possíveis complicações, à emergência anestésica e 
às considerações pediátricas garante o melhor atendimento possível 
para pacientes ortopédicos.
1.1.3 Preparação para a cirurgia
Cirurgias são invasivas, podendo expor o paciente à infecção quan-
do o sistema natural de defesa do corpo, a pele, é rompido. A prepa-
ração do paciente para a cirurgia tem como objetivo reduzir o risco 
de infecção pós-operatória na ferida.
Há uma variedade de microrganismos normalmente encontra-
dos na pele. Alguns são bactérias transitórias fáceis de serem remo-
vidas com água e sabão, enquanto outras estão permanentemente 
sobre a pele, sendo mais difíceis de eliminar.
A flora cutânea do próprio paciente é a fonte mais comum de 
infecção pós-operatória no local cirúrgico. Assim, é importante 
tomar medidas para reduzir o nível de flora cutânea antes de 
qualquer intervenção cirúrgica.
A pele ao redor da incisão deve estar limpa. Como a pele lesio-
nada ou rompida representa uma área ideal para a colonização de 
microrganismos, a condição e a integridade da pele de cada paciente 
devem ser avaliadas antes da cirurgia, e deve ser documentada a pre-
sença de cortes, abrasões, irritações ou de outras condições cutâneas 
ao redor do local cirúrgico. A pele sob tala ou sob curativos, por 
exemplo, pode precisar de lavagem com água e sabão para remo-
ver sujeira ou fragmentos antes da aplicação de antissépticos para a 
preparação da pele. Feridas traumáticas abertas podem estar extre-
mamente contaminadas e devem sempre ser irrigadas e limpas com 
solução salina normal ou outra solução apropriada, que deverá ser 
aplicada com esponja estéril ou escova macia antes da preparação 
antisséptica da pele.
Remoção pré-operatória de pelos
Sempre que possível, é preferível não remover os pelos no pré-
-operatório, pois o processo em si representa um risco de lesão para 
a pele do paciente, dando oportunidade para que microrganismos 
invadam e colonizem os tecidos.
A remoção de pelos só é necessária se o pelo for espesso ou longo e 
atrapalhar a incisão ou contaminar a ferida.
Se for necessário remover os pelos, deve-se evitar o uso de lâmi-
nas, pois esse método provoca traumas na pele, deixando abrasões 
e cortes microscópicos através dos quais podem entrar bactérias. Se 
possível, devem ser utilizados, por serem menos traumáticos, apara-
dores elétricos ou movidos à pilha com cabeça descartável ou reu-
tilizável, desde que adequada a desinfecção (Fig. 1.1-2). A remoção 
dos pelos deve ser feita o mais próximo possível do horário da cirur-
gia, em uma área longe do campo esterilizado – de preferência em 
uma sala separada –, pois pelos soltos podem se espalhar e compro-
meter a esterilização.
Figura 1.1-2 Remoção 
de pelos com aparador 
movido à pilha.
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1.1 Paciente
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1.1.4 Posicionamento para a cirurgia
Para a cirurgia, o paciente vítima de trauma deve ser posicionado de 
forma que possibilite ótimo acesso para o cirurgião, que permita o 
manejo seguro das vias aéreas ao anestesista, que facilite o acesso a 
instrumentos vasculares e que também leve em consideração a posi-
ção de qualquer outro equipamento necessário, como intensificador 
de imagem.
A maioria dos sistemas do corpo humano, incluindo os sistemas 
cardiovascular, respiratório, nervoso, muscular, articular e a pele, 
pode ser afetada de maneira adversa pela posição do paciente na 
MC. Assim, a movimentação de um paciente vítima de trauma exi-
ge planejamento, boa comunicação e trabalho em equipe para pro-
teger o paciente já ferido.
É essencial a eficaz comunicação entre o cirurgião, o aneste-
sista e a ECC que estão atendendo a vítima de trauma para que as 
necessidades particulares do paciente possam ser previstas durante 
o posicionamento. Antes do posicionamento do paciente, todos os 
membros da equipe multidisciplinar devem realizar uma análise de 
risco, e todos devem estar cientes de qualquer fator que precise ser 
levado em consideração, como os seguintes:
 � Os detalhes clínicos das lesões do paciente, a duração e a natu-
reza da cirurgia, o tipo de anestesia, o posicionamento requeri-
do e a necessidade de qualquer equipamento adicional.
 � A idade e a condição física do paciente, incluindo qualquer 
condição preexistente, qualquer implante/prótese ou limitação 
de mobilidade que possa causar restrição à movimentação.� A sequência proposta dos procedimentos cirúrgicos planejados 
para um paciente politraumatizado, de modo que o posiciona-
mento para cada procedimento possa ser planejado.
Equipe devidamente treinada em procedimentos manuais deve 
estar disponível para mover e posicionar o paciente, pois más técni-
cas de manuseio podem ser prejudiciais tanto para o paciente quan-
to para a equipe.
Qualquer movimentação de um paciente anestesiado deve ser 
realizada apenas com a aprovação do anestesista, que é o responsá-
vel pelas vias aéreas. É necessária uma abordagem coordenada com 
uma pessoa no comando, em geral o anestesista responsável, e uma 
contagem ou comando combinado anteriormente para iniciar o mo-
vimento. Equipamentos como cateter urinário e infusão intraveno-
sa devem ser retirados dos ganchos e transferidos com o paciente. 
Deve-se cuidar do membro lesionado, fornecendo apoio enquanto o 
paciente é movido e posicionado; se houver qualquer suspeita de le-
são na coluna, o paciente deve ser rolado para manter a estabilidade 
espinal. O cirurgião responsável deve estar ativamente envolvido, 
pois é o maior responsável pelo posicionamento seguro do paciente.
A segurança e o bem-estar do paciente são os fatores mais im-
portantes a serem considerados durante o posicionamento. Com 
isso, o papel da ECC inclui:
 � Preparar a MC e os acessórios, como equipamento para tração; 
certificar-se de que estejam limpos e montados corretamente 
assim como verificar se todo o equipamento necessário está dis-
ponível no centro cirúrgico antes de mover o paciente.
 � Proteger o paciente de queimaduras por diatermia, conferindo 
se, após posicionado, nenhuma área da sua pele está em contato 
com qualquer parte metálica da MC.
 � Evitar hipotermia e preservar a dignidade do paciente, não o 
expondo em demasia durante o posicionamento.
 � Certificar-se de que o paciente está na posição correta antes da 
preparação da pele e do isolamento do campo cirúrgico.
 � Manter um cuidado na área de pressão.
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1 Princípios do centro cirúrgico
Um paciente consciente muda de posição como resposta à dor 
ou ao desconforto, mas um paciente anestesiado não é capaz de 
responder dessa forma. Portanto, ele depende da equipe intraope-
ratória para evitar lesões. O membro da equipe deve, assim, com-
preender os problemas fisiológicos associados ao posicionamento, 
que podem incluir:
 � Lesão na pele e em tecidos moles: lesões por pressão podem ser 
causadas por pressão direta, cisalhamento da pele durante o 
movimento e fricção da pele quando houver atrito sobre uma 
superfície áspera.
 – Pacientes anestesiados precisam ser movidos e manuseados 
com cuidado; pontos de pressão nos calcanhares, no sacro, 
na escápula e na nuca devem ser protegidos com superfícies 
de apoio bem acolchoadas e equipamentos adequados para 
o alívio de pressão.
 � Dano ocular causado por ressecamento da córnea, abrasão ou 
pressão nos olhos:
 – Os olhos devem ser fechados com protetores e lubrificados 
quando necessário.
 � Lesão em articulações e extremidades: é necessário muito cui-
dado durante o posicionamento de um paciente anestesiado 
para evitar qualquer movimento antinatural que normalmente 
não seria tolerado por um paciente acordado.
 – O alinhamento correto do corpo deve ser mantido; arti-
culações e extremidades devem ser apoiadas o tempo todo 
para evitar que sejam lesionadas por hiperextensão.
 – Deve-se tomar maior cuidado com pacientes com artro-
plastias durante o posicionamento, a fim de evitar deslo-
camentos.
 � Lesão de nervos periféricos: pode ser causada por trauma direto, 
compressão, alongamento e pela pressão de garrotes e mangui-
tos para monitoramento da pressão sanguínea.
 – Devem-se usar apoios acolchoados para os membros supe-
riores e inferiores para minimizar a compressão.
 � Interferência no sistema circulatório: a anestesia geral e a re-
gional causam perda do tônus vasomotor nos vasos sanguíneos, 
que, em combinação com a diminuição no tônus muscular do 
paciente imóvel na MC, leva ao acúmulo de sangue e ao au-
mento no risco de tromboembolismo, isquemia e, em casos ra-
ros, síndrome compartimental.
 – Meias compressivas ou compressão pneumática intermi-
tente podem ser usadas como profilaxia para evitar retorno 
venoso.
É importante que o membro da equipe ponha em prática seu 
conhecimento sobre tais problemas ao mover e posicionar pacien-
tes no centro cirúrgico e que também identifique as considerações 
específicas necessárias para proteger o paciente de lesões quando 
colocado em diferentes posições requeridas pela cirurgia do trauma.
Documentação
A documentação fornece um registro confiável do atendimento 
prestado ao paciente e deve incluir:
 � Condição da pele antes e depois do procedimento
 � Posição do paciente para a cirurgia, incluindo o tipo de apoio e 
os equipamentos utilizados para alívio de pressão
 � Nome e designação da equipe envolvida no posicionamento do 
paciente
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1.1 Paciente
27
Posição Pontos de posicionamento Considerações especiais
Supina ■ Deixar o corpo alinhado
 ■ Manter as pernas paralelas e não cruzadas
 ■ Manter os braços presos
 – Ao lado do paciente
 – Cruzados sobre o peito
 – Abduzidos em pranchas para os braços (Fig. 1.1-3)
 ■ Proteger o sacro, as vértebras torácicas, a escápula e a 
nuca
 ■ Colocar acolchoados sob os calcanhares
 ■ Certificar-se de que os braços nunca estejam abduzidos 
acima de 90°, pois isso pode provocar lesão do plexo 
braquial
Mesa de tração ■ Contratracionar por um pilar bem acolchoado no períneo
 ■ Apoiar a perna não lesionada em um suporte acolchoado
 ■ Manter o braço do lado operado seguro com tipoia
(Fig. 1.1-4)
 ■ Verificar se o paciente está apoiado sobre o ramo púbico 
do lado operado
 ■ Evitar pressão na genitália externa e no nervo pudendo
Lateral ■ Manter a coluna do paciente alinhada enquanto o vira
 ■ Estabilizar pelve, ombros e coluna para evitar que o 
paciente role
 ■ Proteger braços e pernas de pressão e lesão nervosa
 ■ Usar apoios acolchoados ou colchões especializados que 
se tornam rígidos após remoção do ar, pois isso evita que 
o paciente role
 ■ Usar apoios acolchoados para proteger o ombro do peso 
do tórax
 ■ Manter o braço sobre apoio acolchoado
 ■ Colocar um acolchoado macio entre as pernas
 ■ Acolchoar pontos de pressão – quadril, ombro, joelho e 
tornozelo
Prona ■ Manter alinhamento cervical e da coluna enquanto vira 
o paciente; o anestesista é o responsável pelo controle 
da cabeça
 ■ Certificar-se de que há funcionários apropriados para 
mover e posicionar o paciente e apoiar o corpo, as 
nádegas, os braços e as pernas
 ■ Usar apoio de cabeça acolchoado para evitar pressão 
sobre os olhos
 ■ Deixar o abdome livre para auxiliar na função 
respiratória
 ■ Verificar o tubo traqueal após virar o paciente
 ■ Mover os braços simultânea e simetricamente. Se fletidos 
no cotovelo e posicionados ao lado da cabeça, não 
devem ser abduzidos além de 90°
 ■ Proteger olhos com protetores
 ■ Usar colchão especial com abertura no centro para o 
abdome ou travesseiros sob a pelve e o peito para evitar 
que o conteúdo abdominal empurre o diafragma para 
cima
 ■ Acolchoar pontos de pressão – testa/rosto, espinhas 
ilíacas, joelhos e pés
Cadeira de praia ■ Colocar o paciente em posição semissentada
 ■ Manter alinhamento cervical neutro
 ■ Posicionar e prender a cabeça no apoio
 ■ Manter livre o posicionamento do ombro e do braço a 
serem operados
 ■ Posicionar e proteger braço oposto
 ■ Apoiar nádegas, costas e pelve
 ■ Manter os joelhos fletidos e apoiados
 ■ Proteger calcanhares para evitar pressão
 ■ Proteger cabeça, coluna cervical e tubo traqueal
 ■ Evitar extensão cervical
 ■ Acolchoar pontos de pressão – cabeça, braços, nádegas, 
joelhos e calcanhares
 ■ Fletir ligeiramente os joelhos para aliviar a tensão donervo ciático
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28
1 Princípios do centro cirúrgico
Figura 1.1-3 Braço posicionado em prancha com o ombro abduzido a menos de 90°.
Figura 1.1-4 Braço posicionado do lado operado com uma tipoia.
80˚
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1.1 Paciente
29
1.1.5 Desinfecção e isolamento do campo cirúrgico
Preparação antisséptica da pele
Os antissépticos usados para preparar a pele imediatamente antes 
da cirurgia atuam contra os microrganismos residentes e transitó-
rios encontrados na pele, tendo rápida ação em reduzir os níveis 
microbianos e inibir seu crescimento por certo tempo a fim de di-
minuir o risco de contaminação da ferida pela flora da pele do pró-
prio paciente.
A escolha da solução antisséptica não deve ser influenciada 
apenas pela preferência do cirurgião, mas também orientada pela 
condição da pele do paciente, por qualquer hipersensibilidade co-
nhecida à solução e pela área a ser preparada. Soluções à base de 
álcool, por exemplo, devem ser evitadas em membranas mucosas ou 
feridas abertas.
As soluções antissépticas podem ser fornecidas em aplicação 
única, frascos pequenos prontos para uso, ou em frascos para múl-
tiplas aplicações, apesar de teoricamente ser possível que estes 
últimos sejam contaminados a cada vez que a tampa é removida 
e recolocada. Se forem usados frascos para múltiplas aplicações, 
qualquer solução restante deve ser descartada antes da data de 
vencimento, e os frascos não devem jamais ser reutilizados com 
conteúdo de outro frasco.
O uso de antissépticos à base de álcool, como soluções de iodo-
povidona ou clorexidina, apresenta alguns riscos dos quais a ECC 
deve estar ciente:
 � Preparações à base de álcool são inflamáveis, e o vapor pode 
pegar fogo na presença de fonte de ignição, como fagulhas de 
unidade eletrocirúrgica.
 � Podem ocorrer queimaduras químicas se a solução se acumular 
sob o paciente, sob um garrote pneumático ou no eletrodo dis-
persivo de uma unidade eletrocirúrgica.
Assim, deve-se ter cuidado ao aplicar antissépticos à base de 
álcool; deve-se esperar a solução secar antes de colocar o campo 
cirúrgico para evitar o acúmulo de gases sob ele. As soluções an-
tissépticas são mais eficazes quando secam sobre a pele antes do 
isolamento do campo cirúrgico. Deve-se ter o cuidado de evitar o 
acúmulo de solução sob o paciente durante a preparação da pele; 
pode-se colocar material absorvente ao redor da área de prepara-
ção para absorver o excesso de solução, e então remover o material 
absorvente antes do isolamento do campo cirúrgico. Colocar uma 
barreira à prova d’água (como um plástico) ao redor do membro e 
por baixo do garrote, ou isolar o garrote do local cirúrgico antes da 
preparação da pele evita que a solução se acumule sob ele.
Antes do início da preparação da pele, a equipe perioperatória 
deve certificar-se de que o paciente esteja posicionado de forma 
correta e segura, de que os apoios e equipamentos para alívio de 
pressão estejam colocados e, se adequado, que o garrote esteja in-
flado. A pessoa que prepara o campo cirúrgico deve compreender 
os princípios da preparação antisséptica da pele e ter treinamento 
e habilidade para realizar o procedimento. Deve-se começar no lo-
cal da incisão, utilizar materiais estéreis e técnica sem toque para 
evitar a contaminação das luvas estéreis, devendo a solução ser pas-
sada de dentro para fora, em direção à periferia. O processo deve 
ser repetido pelo menos duas vezes, utilizando uma esponja nova a 
cada vez, com cuidado para que qualquer área considerada conta-
minada, como o púbis, a axila ou ferimentos abertos, seja preparada 
por último. Deve-se levar em conta que a área preparada deve ser 
suficiente para permitir a ampliação da incisão, a inclusão de dre-
nos e a acomodação de qualquer movimento acidental do campo 
cirúrgico. Caso haja coleta de enxerto ósseo, o local doador deve 
ser preparado ao mesmo tempo.
Os detalhes da preparação da pele devem ser registrados nos 
documentos do paciente, pois assim haverá um relato detalhado da 
atenção individual dispensada a cada paciente. Esse registro deve 
conter no mínimo:
 � A condição pré-operatória da pele do paciente
 � Se relevante, a área onde houve remoção de pelos e o método 
de remoção
 � O tipo de preparação cutânea utilizada
 � O nome da(s) pessoa(s) envolvida(s) na preparação da pele
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30
1 Princípios do centro cirúrgico
Campos cirúrgicos
Posicionado ao redor do local da incisão, o campo cirúrgico é uma 
barreira para proteger os tecidos expostos de contaminação por mi-
crorganismos de áreas não estéreis e de qualquer equipamento não 
estéril trazido para próximo do campo. O campo cirúrgico também 
tem um papel importante para proteger a equipe cirúrgica de conta-
minação com fluidos corporais dos pacientes.
O campo cirúrgico pode ser de duas categorias:
 � Reutilizável: feito de tecidos com trama pesada, como o isola-
mento tradicional de algodão ou linho com tratamento quími-
co para fornecer uma barreira contra a passagem de microrga-
nismos e fluidos, ou feito de microfibra
 � Descartável: material de uso único, não tecido
O membro da equipe provavelmente terá sua escolha de campo 
cirúrgico limitada de acordo com políticas e disponibilidade locais, 
porém deve compreender como o desempenho do isolamento do 
campo cirúrgico interfere em sua habilidade de evitar infecção pós-
-operatória. O campo cirúrgico deve:
 � Agir como uma barreira resistente a fluidos e ser eficaz contra 
contaminação mesmo quando molhada
 � Ser resistente à penetração microbiana, estando seca ou molhada
 � Ser o mais livre possível de fiapos
 � Não ser tóxica
 � Ser forte o suficiente para resistir a rasgos, estando seca ou mo-
lhada
 � Ser fácil de usar
 � Se adaptar ao paciente e aos equipamentos
 � Ser resistente ao fogo e antiestática
Em uma situação cirúrgica, apesar de os tecidos de trama tradi-
cional serem fortes e protegerem bem, observou-se que são menos 
resistentes à transferência de microrganismos para o local da inci-
são do que os materiais descartáveis de uso único, usados hoje com 
maior frequência. Com o uso repetido e o processamento no ciclo 
de descontaminação, o tecido pode se tornar poroso e perder seu 
efeito de barreira. No entanto, a nova geração reutilizável de têxteis 
desenvolvidos para campo cirúrgico, como tecidos de microfilamen-
tos em uma única camada, apresenta melhor desempenho e oferece 
maior proteção contra a transferência de microrganismos do que os 
tecidos tradicionais.
Como isolar o campo cirúrgico
O isolamento do campo cirúrgico é aplicado após a pele ser pre-
parada com solução antisséptica. O isolamento deve ser realizado 
por membros da equipe cirúrgica que compreendam os princípios da 
assepsia e que tenham recebido treinamento para a técnica, sendo 
competentes para aplicá-la.
 � A pele do paciente deve estar seca antes da colocação dos cam-
pos cirúrgicos
 � Os campos cirúrgicos devem ser manuseados o mínimo possível 
e segurados em um nível bem acima do paciente a fim de evitar 
a contaminação proveniente de áreas não estéreis
 � Luvas estéreis são protegidas de contaminação dobrando-se o 
material de isolamento sobre as mãos
 � Os campos cirúrgicos devem ser colocados primeiro no local da 
incisão e depois abertos cuidadosamente para as extremidades
Os campos cirúrgicos devem ser fixados firmemente e, após po-
sicionados, não devem ser movidos durante a cirurgia até que os 
curativos sejam colocados no fim da cirurgia.
Há uma variedade de formatos e tamanhos de campos cirúrgi-
cos, os quais fornecem a proteção necessária para a maioria dos tipos 
de cirurgia. Os campos descartáveis de único uso também apresen-
tam uma gama de tipos especiais projetados para atender exigên-
cias de isolamento específicas; o campo plástico usado paraisolar o 
paciente na mesa de tração, por exemplo, isola também o braço do 
intensificador de imagem.
No entanto, a cirurgia do trauma pode apresentar alguns desafios 
em relação ao isolamento que precisarão de planejamento pré-
-operatório para garantir o isolamento eficaz e seguro do paciente 
(Fig. 1.1-5). Como exemplo, há as complexidades associadas ao iso-
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1.1 Paciente
31
lamento em caso de paciente politraumatizado, que pode ser subme-
tido a múltiplos procedimentos simultaneamente.
Verificação pré-operatória final do local cirúrgico correto
Como parte do processo continuado de verificação, é aconselhável 
uma final, antes de se iniciar a cirurgia ou o procedimento, a fim 
de confirmar a identidade do paciente, a marcação correta do local 
cirúrgico e o procedimento correto a ser realizado.
A segunda fase da lista de verificação de segurança cirúrgica 
da OMS deve ser realizada antes de qualquer incisão na pele, de-
vendo-se envolver toda a equipe perioperatória que participará do 
procedimento cirúrgico planejado. O membro da equipe deve estar 
ciente do protocolo para abordar qualquer discrepância observada 
durante essa verificação, não devendo a cirurgia ser realizada en-
quanto houver qualquer dúvida.
Conclusão
A meta da equipe perioperatória é certificar-se de que os pacien-
tes estejam protegidos de lesões e minimizar o risco de infecção 
pós-operatória. Como membros essenciais da equipe, o funcionário 
pode proteger o paciente quando ele mesmo não estiver em condi-
ções de fazê-lo, fornecendo atendimento adequado e com conhe-
cimento que atenda às necessidades individuais de cada paciente e 
garanta uma estada segura e bem-sucedida para todos os pacientes 
no centro cirúrgico.
1.1.6 Leituras complementares
Association for Perioperative Practice (2007) Standards and 
Recommendations for Safe Perioperative Practice. Harrogate: AFPP.
AORN (2008) Perioperative Standards and Recommended Practices. Denver: 
AORN Inc.
Fortuna NM (2000) Berry & Kohn’s Operating Room Technique. 9th ed. St 
Louis: Mosby.
Kurkowski CM, Hawk D (2003) Orthopaedic aspects of the operating 
room. In: Jannetti AJ (ed), NAON Orthopaedic Operating Room Manual. 
2nd ed. New Jersey: Pitman Publishing.
World Health Organization Surgical Safety Checklist (2009) Disponível 
em: www.who.int/patientsafety/safesurgery/en
Agradecimentos
Agradecemos a Anita Bolt, Regina Dries e Alexander Motzny pela 
contribuição no desenvolvimento desta seção.
Figura 1.1-5 Desafios no isolamento do campo cirúrgico de pacien-
te politraumatizado para o seguimento da cirurgia.
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32
1 Princípios do centro cirúrgico
1.2 Pessoal
1.2.1 Introdução 33
1.2.2 Comunicação 33
1.2.3 Comportamento e disciplina 35
1.2.4 Precauções universais 37
1.2.5 Segurança no centro cirúrgico 42
1.2.6 Conclusão 43
1.2.7 Leituras complementares 43
 Porteous_livro.indb 32 Porteous_livro.indb 32 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
Autores Rossana Fornazzari, Myriam Sanchez
33
1.2.1 Introdução
“O recurso mais importante para uma empresa são as pessoas que 
trabalham nela.”
Essa citação é particularmente válida para o centro cirúrgico, onde 
o sucesso de uma cirurgia depende da sincronização de três fatores:
 � Paciente
 � Pessoal
 � Ambiente
A equipe do centro cirúrgico (ECC), como o pilar central des-
se processo, deve ter uma atitude positiva e responsável, devendo 
também desenvolver competência técnica por meio de treinamento 
sistemático.
Esta seção apresenta aos membros da ECC as habilidades que 
precisam desenvolver para se tornarem participantes centrais da 
equipe e fornecerem um ambiente seguro, eficiente e de alta quali-
dade no qual se desenvolverá uma cirurgia em traumatologia.
1.2.2 Comunicação
A comunicação é a mais importante de todas as habilidades ne-
cessárias para um membro da equipe. O universo médico gera uma 
imensa quantidade de informações relativas tanto ao paciente quan-
to à operação em si, e grande parte desse conhecimento é técnico. 
Esse aspecto, associado ao fato de que a cirurgia tradicionalmente 
tem uma estrutura hierárquica que nem sempre estimula o questio-
namento objetivo, pode ser um dos maiores riscos para o paciente.
Apesar de haver medidas de segurança para proteger o paciente 
de erros, investigações a respeito de erros cirúrgicos mostram que 
esses se devem, sobretudo, à falha na comunicação entre membros 
da equipe.
Elementos de segurança
Estão relacionados a rotinas oficiais para segurança do paciente e 
a averiguações dentro do centro cirúrgico para garantir que o pa-
ciente correto esteja sendo submetido à cirurgia no local cirúrgico 
correto. Apenas fazer essas averiguações e registrá-las não é o sufi-
ciente; o ponto central é a informação do funcionário em relação à 
importância dessas averiguações. O membro da equipe deve estar 
ciente de seu papel e de suas responsabilidades, e também de como 
implementá-las com precisão.
Estrutura técnica
Para garantir a segurança do paciente, deve haver listas de verifi-
cação e protocolos escritos para que nada seja omitido. Esses docu-
mentos podem ser usados como provas quando for necessária uma 
análise de caso após um erro ou quase erro. Podem também ser sub-
metidos a auditorias e inspeções para determinar níveis de adesão.
Há diferenças entre cirurgiões; para garantir o andamento sem 
intercorrências em uma operação, o membro da equipe precisa sa-
ber as preferências do então cirurgião, como o tipo de implante que 
provavelmente será usado, os instrumentos especiais solicitados e o 
material preferido para sutura.
Também deve haver métodos para conferir o cronograma do 
centro cirúrgico e garantir que equipamentos especiais estejam 
disponíveis, particularmente se houver apenas um conjunto de 
determinado tipo de equipamento. O membro da equipe também 
deve conferir se o equipamento de empréstimo foi solicitado caso 
seu uso seja provável. Quanto mais cedo forem identificados os 
possíveis problemas, menor a chance de haver interrupções no 
procedimento (Fig. 1.2-1).
1.2 Pessoal
 Porteous_livro.indb 33 Porteous_livro.indb 33 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
34
Princípios do centro cirúrgico
Comunicação oral
A comunicação oral é o fator principal para a redução de riscos no 
centro cirúrgico e garante maior satisfação no trabalho. Uma equipe 
de centro cirúrgico satisfeita é aquela em que os funcionários falam 
uns com os outros e sentem-se à vontade ao comunicar-se; com isso, 
é muito menos provável que ocorram erros. O contrário também 
acontece se funcionários sentem-se incapazes de comunicar qual-
quer preocupação que porventura tenham.
A boa comunicação oral não precisa de investimento finan-
ceiro, porém exige um investimento de tempo e esforço de todos. 
Funcionários mais novos na equipe tendem a seguir os passos dos 
mais experientes; assim, quanto mais antigo na equipe, mais esfor-
ço se deve fazer para dar um bom exemplo, devendo também estar 
consciente de que outras pessoas podem considerá-lo um modelo 
a ser seguido. Isso se aplica tanto para o cirurgião quanto para os 
funcionários experientes do centro cirúrgico.
O contato pessoal direto é particularmente importante para:
 � Ensinar funcionários sobre protocolos adequados e documenta-
ção, como lidar com equipamentos ou materiais adquiridos pelo 
centro cirúrgico e como fazer sua manutenção.
 � Corrigir um erro iminente de um membro da equipe. A interven-
ção a tempo de evitar lesão ao paciente enquanto se maximiza a 
experiência de aprendizado para o indivíduo e para a equipe é 
uma habilidade importante para funcionários experientes.
 � Comunicar-se com o cirurgião para garantir que o membro da 
equipe saiba exatamente o que é necessário para a cirurgia, e se 
não for um procedimento de rotina, como deve ser realizado. 
Quanto mais cedo a equipe conhecer o procedimento, maispode prever e planejar. Entender o que acaba de ser feito e o 
porquê também é uma experiência útil.
 � Desenvolver o relacionamento entre a equipe mantendo a es-
trutura hierárquica do modo mais confortável possível.
Figura 1.2-1 Membros da equipe checando equipamento de em-
préstimo para garantir que esteja completo.
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1.2 Pessoal
35
Comunicação formal e feedback
O monitoramento formal de medidas de garantia de qualidade é uma 
parte cada vez mais importante do feedback recebido pela equipe do 
centro cirúrgico. Esse monitoramento fornece um indicador mensurá-
vel de desempenho, de segurança do paciente e, cada vez mais, de cus-
to-benefício, o que pode passar por auditorias. Os exemplos incluem 
taxas de infecção de local cirúrgico, preenchimento de cronograma 
cirúrgico, risco de incidentes intraoperatórios e operações canceladas.
A ECC também é envolvida em auditorias com escopo mais 
amplo, como no caso de registros conjuntos, ou até mesmo partici-
pando de projetos de pesquisa.
Todas essas ferramentas são úteis para identificar áreas preo-
cupantes e tomar providências corretivas antes de que se tornem 
um problema significativo e que a segurança do paciente seja com-
prometida. Pedir para que os funcionários coletem dados adicionais 
pode parecer trabalho extra desnecessário, porém a precisão dessas 
providências depende da necessidade dos dados coletados. O envol-
vimento da equipe cria uma sensação de propriedade compartilhada 
quando se identificam problemas, dando a todos uma maior satisfa-
ção quando os resultados são positivos.
1.2.3 Comportamento e disciplina
As prioridades da ECC são o bem-estar e a segurança do paciente, 
cada membro da equipe tem a responsabilidade de relatar qualquer 
ocorrência que possa causar prejuízos, como um lapso na técnica 
asséptica ou o esquecimento de uma verificação de segurança.
Os papéis e as responsabilidades de cada membro da equipe, bem 
como a forma como qualquer passo do procedimento padrão é realizado 
devem estar escritos com clareza no formulário de “Regras do centro 
cirúrgico” ou no “Manual de procedimentos do hospital”. A natureza 
dessas regras varia entre hospitais e depende de fatores como diversi-
dade de pessoal, tamanho e variedade de casos de um departamento.
O centro cirúrgico pode também ser um lugar de trabalho ex-
tremamente estressante. As responsabilidades individuais e da equi-
pe são grandes, e é importante que a carga de trabalho não supere a 
capacidade da equipe, de modo que todos se sintam capazes de tra-
balhar de modo eficiente e seguro e que ninguém caia na tentação 
de “dar um jeitinho”.
A importância de que cada membro da equipe reconheça que 
tem, acima de tudo, um dever ético de garantir a segurança do pa-
ciente sob qualquer circunstância é uma consideração educacional 
essencial. A autodisciplina e o desenvolvimento de uma consciên-
cia cirúrgica combinados aos princípios de assepsia e à técnica es-
téril não devem apenas ser ensinados em contexto exterior, mas 
também reforçados regularmente por sessões de ensino formal e, so-
bretudo, por bons exemplos dados por membros mais experientes da 
equipe. Uma boa habilidade de liderança depende, em parte, de que 
sejam identificados os indivíduos cuja apatia pode apresentar um 
risco para a integridade do paciente e da equipe, e instruí-los antes 
de que isso se torne um problema.
Reconhecer seus erros é uma coisa que a maioria das pessoas 
considera difícil; porém, em cirurgias, os erros podem causar da-
nos aos pacientes – e realmente causam. Assim, é importante criar 
no centro cirúrgico, um ambiente no qual qualquer erro – como 
contagem incorreta de swabs ou falta de um instrumento – seja ad-
mitido imediatamente, sendo tal comportamento considerado por 
todos, em especial pelo cirurgião, o correto dos pontos de vista mo-
ral e ético.
Sugere-se que uma forma de reduzir os erros no centro cirúrgi-
co é o treinamento para que os funcionários tenham múltiplas ha-
bilidades ou assumam qualquer papel, de assistente do anestesista 
a responsável pelos aventais cirúrgicos. Essa abordagem promove 
competências técnicas e garante que todos os membros da equipe 
conheçam todos os papéis realizados pelos demais. Isso pode aumen-
tar a flexibilidade e a satisfação no emprego; no entanto, possivel-
mente à custa de se reduzir a especialização individual em áreas do 
centro cirúrgico.
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36
Princípios do centro cirúrgico
Tecnologia complexa
O atual ritmo dos avanços tecnológicos apresenta uma série de desa-
fios no centro cirúrgico: como introduzir novas tecnologias, treinar 
funcionários para usá-las adequadamente e fazer sua manutenção 
ao mesmo tempo em que se maximiza sua disponibilidade para uso 
em cirurgias? E para instrumentos mais delicados, como minimizar 
danos acidentais de equipamentos caros?
A tecnologia também pode causar problemas. Os programas, 
com frequência, não funcionam como desejado, são complicados e 
pouco intuitivos para os usuários. Alguns hospitais coletam dados 
suficientes para produzir indicadores de desempenho; essa é, uma 
das formas de monitoramento de controle de qualidade. Isso signi-
fica que toda a ECC aprenderá a lidar com sistemas de computação 
no hospital onde trabalha, e os gerentes precisarão ser capazes de 
interpretar e avaliar as informações geradas por ela.
Cada nível adicional de complexidade no centro cirúrgico torna 
a tarefa de organização e instrução mais difícil, além de aumentar o 
risco de a equipe dedicar tempo demais à tecnologia em detrimento 
de suas disciplinas cirúrgicas básicas, que devem ser regularmente 
reforçadas por boas práticas de equipe e de gerenciamento.
Responsabilidades legais
A equipe do centro cirúrgico trabalha em uma sociedade com ten-
dência cada vez maior a conflitos de interesse. Além disso, há uma 
crescente ameaça de pacientes e funcionários tomando medidas le-
gais contra hospitais. Os custos financeiros e pessoais envolvidos 
mostram que os gestores apreciam funcionários que se mantenham 
atualizados com práticas e responsabilidades de redução de riscos.
Novos modelos de gerenciamento
Atualmente a qualidade do serviço é imprescindível. Os usuários 
do sistema de saúde pública estão exigindo padrões mais altos; já no 
setor privado, os usuários esperam que seu dinheiro gere um nível de 
serviço ainda melhor e mais personalizado.
Hoje, devido ao ritmo das mudanças, já não é suficiente ape-
nas o treinamento do pessoal para tarefas e deveres específicos. A 
equipe deve receber as ferramentas necessárias para praticar, desen-
volver e adaptar-se ao ambiente de trabalho em ritmo acelerado; 
além disso, tais treinos ajudam a lidar com os conflitos e problemas 
interpessoais que essas mudanças trazem.
A principal característica nesse tipo de treinamento é a capaci-
dade de priorizar. É muito fácil perder de vista os objetivos quando 
se está sob pressão em várias direções ao mesmo tempo. O treina-
mento adequado pode melhorar bastante a capacidade de lidar com 
múltiplas tarefas e identificar as que têm prioridade enquanto se 
mantém a segurança do paciente.
Influências externas
O manejo de pessoal não se restringe ao membro da equipe imedia-
to. O gerenciamento de um centro cirúrgico também envolve ou-
tras pessoas que não estão familiarizadas com esse ambiente, como 
equipes de manutenção e visitantes. Essas pessoas que não fazem 
parte da equipe devem receber instruções básicas sobre o que podem 
ou não fazer em um centro cirúrgico. Outros profissionais, como psi-
cólogos e sociólogos, podem ser convidados a observar a prática de 
trabalho para verem como a eficiência, o conforto e o bem-estar 
do paciente podem ser melhorados. Todas essas “pessoas externas” 
têm contribuições valiosas para o desenvolvimento de um centro 
cirúrgico bem organizado e devem ser bem recebidas e acomoda-
das. Isso pode,às vezes, ser um desafio, sobretudo quando a equipe 
consideram-nas uma ameaça para as práticas de trabalho já esta-
belecidas. Em vez disso, esses profissionais devem ser considerados 
uma oportunidade para ajudar a equipe a se adaptar ao ambiente 
cada vez mais complexo e mutável do centro cirúrgico, onde, com o 
passar dos anos, a cirurgia e a anestesia se tornaram mais complexas, 
e a documentação, mais complexa.
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1.2 Pessoal
37
O centro cirúrgico é apenas uma parte do complexo sistema que 
forma um hospital, e é inevitável que haja grande interdependência 
entre os departamentos. Trabalhar bem e criar relações com outros 
departamentos, sem perder de vista a função primária do centro ci-
rúrgico, que é realizar cirurgias seguras e de alta qualidade, talvez 
sejam os maiores desafios do gerenciamento.
1.2.4 Precauções universais
Os protocolos exigidos para proteger profissionais da saúde da ex-
posição a produtos biológicos são chamados “precauções universais 
com sangue e outros fluidos corporais”. Esses protocolos (técnicas e 
procedimentos) são elaborados para proteger funcionários da saúde 
envolvidos ativamente em atividades nas quais haja contato direto 
com sangue ou fluidos corporais do paciente.
Precauções universais se referem ao uso de barreiras físicas (lu-
vas, proteção para os olhos, roupas de proteção, e assim por diante) 
ao manipular sangue e determinados fluidos corporais, usar instru-
mentos perfurocortantes, manusear resíduos de materiais biológicos 
e realizar a descontaminação de instrumentos sujos.
Luvas
As luvas formam uma barreira física e são usadas para evitar o con-
tato das mãos e do antebraço com sangue, secreções e membranas 
mucosas durante um procedimento ou ao manusear instrumentos 
cirúrgicos.
São usadas em cirurgias e em outros procedimentos invasivos. 
As luvas cirúrgicas são esterilizadas com radiação gama e, às vezes, 
com óxido de etileno. Elas vêm embaladas em envelopes duplos in-
dividuais e são de uso único; não devem, portanto, ser reutilizadas.
O uso de luvas estéreis fornece proteção tanto para o paciente 
quanto para o usuário. As luvas, no entanto, não substituem a lava-
gem das mãos e não resistem à penetração de agulhas ou instrumen-
tos cortantes.
Há situaçoões em que se recomenda o uso de dois pares de lu-
vas ao mesmo tempo, como quando o paciente representa risco co-
nhecido de infecção para o membro da equipe, em procedimentos 
cirúrgicos de longa duração, naqueles em que tecidos duros, como 
ossos, serão manuseados, ou quando houver sangramento significa-
tivo. O uso de dois pares de luvas reduz o risco de penetração e 
fornece proteção adicional contra contaminação. Alguns cirurgiões 
ortopédicos usam luvas de algodão ou Kevlar por cima das luvas de 
látex para maior proteção ao manusearem ossos. O efeito protetor 
do látex diminui com o tempo; portanto, em procedimentos mais 
longos, recomenda-se a troca regular das luvas.
Outra recomendação é o uso de luvas do tamanho correto, so-
bretudo em procedimentos cirúrgicos; luvas que não se adaptam 
corretamente reduzem a sensibilidade tátil do usuário e podem pro-
vocar amortecimento nos dedos com uso prolongado.
A maioria das luvas cirúrgicas é feita de látex. Deve-se usar lu-
vas livres de látex se houver qualquer suspeita de que o paciente ou 
o funcionário seja alérgico à substância.
Colocação de luvas estéreis
A primeira etapa é realizar a lavagem cirúrgica das mãos e escolher 
luvas do tamanho correto.
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38
Princípios do centro cirúrgico
O princípio do enluvamento fechado é a técnica de escolha 
quando se colocam luvas e aventais estéreis:
 � Deve-se abrir a embalagem interna e identificar a luva direita e 
a esquerda à sua frente.
 � Usando o avental, deve-se pegar a barra da luva esquerda com a 
mão direita e removê-la da embalagem (Fig. 1.1-2a).
 � Deve-se, então, colocar a luva no punho esquerdo (Fig. 1.2-2b).
 � Ainda enquanto segura-se a barra da luva, cerra-se o punho e 
puxa-se a dobra sobre a mão, com o objetivo de cobrir as articu-
lações dos dedos e a do polegar antes de esticar o dedo na mão 
esquerda (Figs. 1.2-2c–d).
 � Deve-se mover os dedos para garantir uma boa colocação (Figs. 
1.2-2e–f).
 � Com a mão esquerda já com a luva, pega-se a luva direita (Fig. 
1.2-3a).
 � Como anteriormente, deve-se colocar a luva sobre o punho, 
cerrá-lo e puxar a luva sobre o avental até que esteja bem colo-
cada (Fig. 1.2-3b).
 � Ao fim, ambas as luvas podem ser ajustadas sem medo de con-
taminação (Fig. 1.2-3c).
Ao remover as luvas, é boa prática certificar-se de que a super-
fície externa contaminada não toque a mão sem proteção. Deve-
-se sempre lavar as mãos ou aplicar álcool após retirar as luvas; isso 
protege a pele das mãos. É importante também estar ciente de que, 
com frequência, há perfurações que não são facilmente observáveis 
nas luvas.
a cb
ed f
Figura 1.2-2a–f Técnica do enluvamento fechado para a mão esquerda.
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1.2 Pessoal
39
Aventais cirúrgicos
Os aventais cirúrgicos estabelecem uma barreira física entre o usuá-
rio e o paciente, mantendo o campo cirúrgico para o paciente e 
protegendo o usuário. Recomenda-se o uso de jalecos descartáveis 
e à prova d’água para cirurgias, pois são impermeáveis e apresentam 
menor tendência a vazamento em condições extremas. Caso esse 
tipo de jaleco não esteja disponível, use os de tecido especial à pro-
va d’água que toleram lavagens e esterilizações repetidas.
O modelo recomendado é aberto nas costas; deve cobrir total-
mente as costas com fecho de contato ou prendedores no pescoço e 
tiras internas e externas na cintura. Os tamanhos devem servir para 
indivíduos de estatura média a alta.
a cb
Figura 1.2-3a–c Técnica do enluvamento fechado para a mão direita.
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40
Princípios do centro cirúrgico
Como vestir um avental estéril
Após os membros da equipe realizarem a lavagem cirúrgica das mãos:
 � O avental é elevado acima e para longe da mesa, devendo ser 
prendido com firmeza no pescoço e desdobrado completamente 
com a parte de dentro voltada para o usuário.
 � Deve-se deslizar ambas as mãos para dentro das aberturas para 
os braços, mantendo-as ao nível do ombro e longe do corpo. 
Ambas as mãos e os antebraços são, então, empurrados para 
dentro das mangas, levando as mãos apenas até a margem pro-
ximal do punho para usar a técnica de enluvamento fechado 
(Fig. 1.2-4).
 � A mão sem luva nunca deve tocar a frente do avental.
 � O enfermeiro disponível deve segurar as tiras da gola e da cintu-
ra, tocando apenas o lado interno do avental.
 � Após colocar as luvas estéreis, pode-se fechar e amarrar o 
avental.
Máscaras
As máscaras são um filtro que cria uma barreira de proteção entre 
o usuário e o paciente, evitando a transmissão de microrganismos; 
são descartáveis, e há vários modelos delas. Não foram observadas 
diferenças significativas entre os diferentes tipos de materiais de que 
são feitas. Devem cobrir o nariz e a boca, porém, mesmo com o uso 
da máscara, ao tossir, há o risco aumentado de contaminação para 
o paciente. Além disso, a fala deve ser limitada ao mínimo. Alguns 
modelos de máscaras vêm com um equipamento de proteção ocular 
para proteger o usuário de respingos de fluidos corporais (Fig. 1.2-5).
Óculos de proteção
Os óculos de proteção são projetados unicamente para proteger o 
usuário de contaminação das conjuntivas e subsequente infecção 
por fluidos corporais contaminados. Esse risco é pouco comum, mas 
reconhecido. Os óculos devem ser usados em cirurgias de pacientes 
Figura 1.2-4 Mãos por dentro das mangas do avental. Figura 1.2-5 Máscara com proteção para os olhos.
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1.2 Pessoal
41
de alto risco e em qualquer procedimento em que seja provável a 
ocorrência de respingos. É importante que o equipamento de pro-
teção ocular seja confortável e firme, de modo que não caia no pa-
ciente durante a cirurgia.
Proteção pessoal
A prática de precauções universais reduz o risco de transmissão de 
patógenos infecciosos para pacientes e profissionais da saúde, seja o 
paciente considerado de alto risco ou não. As precauções universais 
se aplicam a todos os pacientes, em todos os momentos.
Essas precauções devem ser praticadas quando houver contato com 
material potencialmente infectado, incluindo fluidos corporais:
 � Maiores riscos: sangue, fluidos contendo sangue visível, drena-
gem ou exsudatos de ferimentos.
 � Outros: sêmen, secreção vaginal, tecidos, escarro, fezes, líquido 
cerebrospinal, pleural, peritoneal, amniótico.
As precauções universais não se aplicam aos seguintes mate-
riais, a menos que haja sangue: lágrimas, secreções nasais, saliva, 
suor, urina ou vômito.
Manejo de instrumentos perfurocortantes
Durante um procedimento cirúrgico, as seguintes precauções deve-
rão ser tomadas no manejo de todo e qualquer instrumento perfu-
rocortante:
 � Não dobrar agulhas nem recolocar sua capa de proteção.
 � Não tocar instrumentos perfurocortantes (como agulhas ou lâ-
minas) com as mãos se estiveram em contato com sangue ou 
outros fluidos corporais.
 � Abrir ampolas de medicamentos utilizando abridor de ampolas 
ou gaze.
Pequenos instrumentos perfurocortantes, como lâminas, agu-
lhas e outros, devem ser deixados na mesa de instrumentos estéreis 
em uma “zona neutra” acordada previamente com a equipe médica. 
O cirurgião pegará os itens perfurocortantes colocados nessa área 
pelo membro da equipe; isso evita o risco de lesão associado à passa-
gem de instrumentos de mão em mão. Apenas um instrumento per-
furocortante deve estar na zona neutra de cada vez; os itens deverão 
ser colocados nesse local para facilitar que o cirurgião os pegue com 
a mão dominante. Como alternativa, o membro da equipe pode pas-
sar esses itens para o cirurgião em uma pequena bandeja.
Todos os instrumentos perfurocortantes devem ser descartados 
em embalagens especiais, resistentes a perfurações e vazamentos, 
com rótulo vermelho ou amarelo indicativo de risco biológico. As 
embalagens devem ser lacradas e substituídas quando atingirem três 
quartos de sua capacidade.
Lista de verificação para assistência segura durante procedi-
mentos estéreis:
 � Evitar manuseio de agulhas.
 � Nunca segurar um bisturi ou qualquer outro objeto cortante com 
a mesma mão ao mesmo tempo em que segura outros objetos.
 � Usar alerta verbal para anunciar a transferência de instrumento 
perfurocortante.
 � Utilizar suturas ou equipamentos de segurança removíveis para 
facilitar a remoção da agulha.
 � Evitar contato dos dedos com tecidos a serem cortados ou su-
turados.
 � Ficar atento a todos os instrumentos perfurocortantes em uso 
até que sejam devolvidos à zona neutra.
 � Recolocar a proteção na ponta de um dreno ou de um trocarte 
utilizando um instrumento, não os dedos.
 � Quando for necessário encher novamente uma seringa para au-
mentar a dose injetada, a agulha pode ser mantida no tecido 
– remove-se a seringa, e essa, após o preenchimento é reconec-
tada à agulha.
 � Ao remover a agulha de uma sutura, deve-se coloca-lá em local 
seguro ou proteger a ponta com o protetor.
A maioria das lesões (56%) ocorre em enfermeiros e ECCs. 
Mais de 80% dos incidentes de contaminação envolvem ferimento 
penetrante com instrumento perfurocortante; prevalecem a perfura-
ções com agulhas que, com frequência, não são relatadas. Cerca de 
30% das lesões com agulhas são provocadas pelo próprio indivíduo 
que a manuseia. Estima-se que 39% das lesões com lâminas também 
aconteçam assim, e algumas ocorrem quando a lâmina está sendo 
passada de uma pessoa para a outra.
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42
Princípios do centro cirúrgico
Mais de 30% dos casos de hepatite B são transmitidos por le-
sões com agulhas, taxa seis vezes mais frequente do que na infecção 
pelo HIV.
1.2.5 Segurança no centro cirúrgico
A segurança nas áreas cirúrgicas pode ter três focos:
 � Paciente
 � Equipe cirúrgica
 � Procedimento
Paciente
A cultura da equipe deve ter por objetivo revelar todos os eventos ad-
versos que possam ocorrer durante a estada de um paciente no hospi-
tal. Por esse motivo, é essencial compilar um programa para o manejo 
de risco que permita (quando houver notificação de evento adverso) 
o registro da incidência, a avaliação das tendências, a determinação 
da causa e a avaliação do impacto das consequências. Essas medidas 
têm por objetivo trazer melhorias e evitar recorrências.
Essa prática é particularmente importante no centro cirúrgico, 
onde os pacientes estão sujeitos a um ambiente desconhecido e em 
situação vulnerável durante a anestesia, sendo incapazes de se de-
fender ou de questionar as ações dos funcionários.
Equipe cirúrgica
A segurança e a proteção para a equipe cirúrgica tem dois objetivos: 
treinamento e saúde dos funcionários.
O manejo da saúde dos funcionários deve estar voltado para a 
prevenção de lesões e doenças às quais os indivíduos estão expostos 
em seu ambiente de trabalho. O principal objetivo é ter uma equipe 
saudável, que não precise tirar licença médica e não apresente risco 
de transmitir doenças para os pacientes ou de ser infectada por eles.
Um programa abrangente de saúde deve incluir:
 � Programa de imunização (hepatite B, gripe)
 � Programa de monitoramento por raio X
 � Programa de prevenção e tratamento de lesões por perfuração
 � Programa de prevenção de exaustão
O treinamento formal tem por objetivo tornar os funcionários 
competentes – competência é definida como a capacidade de agir 
com responsabilidade e eficiência para chegar a um resultado que 
satisfaça o paciente.
Tornar-se competente está relacionado com o desenvolvimento 
de habilidades e conhecimento, que podem ser então usados, trans-
feridos e integrados a habilidades e conhecimentos dos demais, 
criando um “estilo de trabalho” seguro e informado.
Um programa de treinamento deve ter como meta a determina-
ção das competências exigidas para o trabalho, a avaliação das neces-
sidades de instrução e treinamento individuais e a elaboração de um 
programa de treinamento adequado para atender a essas necessidades. 
Todos esses programas devem ser planejados e avaliados formalmente.
Procedimento
Um procedimento cirúrgico é uma série de processos interligados. 
Alguns são imediatamente visíveis, enquanto outros envolvem 
pontos de apoio em sua maior parte não observáveis, como o depar-
tamento de solicitações para requerimento de implantes e serviços 
de esterilização para o processamento de instrumentos. É importan-
te, assim, que toda a equipe tenha confiança em cada passo do pro-
cesso de apoio.
Isso se aplica sobretudo à provisão de instrumentos estéreis, 
que não apenas devem ser limpos e esterilizados corretamente, mas 
também precisam passar por manutenção adequada. É importante, 
ainda, garantir que os conjuntos de instrumentos corretos estejam 
completos antes que um procedimento seja iniciado.
A disponibilidade de implantes estéreis para manejo de fraturas 
também é importante. Com a tendência dos implantes estéreis pré-
-embalados em alguns países, a esterilização está se tornando uma ques-
tão menos relevante do que a garantia de que todos os equipamentos 
necessários estejam disponíveis antes de se iniciar um procedimento.
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1.2 Pessoal
43
1.2.6 Conclusão
Em resumo, o desempenho do membro da equipe exige a adequação 
a muitos fatores, em especial comunicação, instrução cirúrgica, con-
siderações do ambiente (que devem levar em conta a segurança do 
pessoal e também do paciente) e o desenvolvimento de habilidadestécnicas para realizar a atividade cirúrgica.
Todos esses aspectos devem ser desenvolvidos em uma estrutura 
formal que equilibre esses fatores a fim de produzir um ambiente segu-
ro para o paciente e estabelecer uma prática clínica de alta qualidade.
1.2.7 Leituras complementares
Stokowoski LA Preoperative nurse: dedicated to a safe operating room. 
Disponível em: www.medscape.com
Firth-Cozens J (2004) Why communication fails in the operating room. 
Qual Safe Health Care; 13:327.
Awad SS, Fagan SP, Bellows C, et al (2005) Bridging the 
communication gap in the operating room with medical team training. 
Am J Surg; 190:770-774.
Davis MS (2001) Advanced Precautions for Today's OR. Atlanta: 
Sweinbinder Publications LLC.
Patient Safety Institute. Canadian Patient Safety Institute. Disponível 
em: www.patientsafetyinstitute.ca/. Acesso em 24 de março de 2006.
Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (2006) 
Universal Protocol for Preventing Wrong Site, Wrong Procedure, Wrong 
Person Surgery. Disponível em: www.jointcommission.org
Agradecimentos
Agradecemos a Lucia Alves, Ivany Nunes e Margaret Weedon pela 
contribuição para o desenvolvimento desta seção.
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44
Princípios do centro cirúrgico
1.3 Ambiente
1.3.1 Pré-requisitos 45
1.3.2 Design e estrutura arquitetônica 47
1.3.3 Vestimentas 52
1.3.4 Ventilação 53
1.3.5 Limpeza do ambiente 54
1.3.6 Equipe 56
1.3.7 Leituras complementares 57
 Porteous_livro.indb 44 Porteous_livro.indb 44 04/12/12 10:2604/12/12 10:26
Autor Christine Booth
45
Para melhorar a condição física do paciente, são realizados proce-
dimentos invasivos no centro cirúrgico. Eles podem variar de pro-
cedimentos menores a procedimentos agudos para salvar a vida ou 
um dos membros do paciente. Apesar de alguns parecerem triviais 
para a equipe do centro cirúrgico (ECC), todos e quaisquer proce-
dimentos são eventos importantes na vida do paciente, até mesmo 
os menores.
O projeto, a construção e a localização do centro cirúrgico são 
cruciais para um atendimento seguro, eficiente e eficaz.
Esta seção explora as exigências para um centro cirúrgico segu-
ro, incluindo projeto, controle ambiental e limpeza.
1.3.1 Pré-requisitos
No passado, os centros cirúrgicos eram diferentes. As operações 
eram realizadas por cirurgiões em suas roupas normais e em con-
dições totalmente não estéreis, com frequência assistidas por uma 
grande plateia de observação.
Com o advento dos antibióticos e a compreensão da necessida-
de de assepsia e de condições estéreis, o prognóstico para o paciente 
começou a melhorar.
O objetivo do projeto do centro cirúrgico moderno é fornecer 
condições ideais para equipe e pacientes.
Projeto
Ao construir um novo centro cirúrgico, há muitos fatores a serem 
considerados, porém vários princípios de orientação determinam o 
projeto:
 � Localização
 � Necessidade de assepsia
 � Segurança do paciente e da equipe
 � Uso eficiente de recursos
Localização
O centro cirúrgico deve ocupar uma área independente da circula-
ção geral, ficando livre do trânsito de pacientes e de funcionários. 
No entanto, o centro cirúrgico deve ser de fácil acesso para serviços 
como setor de emergência, de terapia intensiva e outros setores es-
pecializados. Também é necessário o fácil acesso às alas de cirurgia a 
fim de facilitar o transporte de entrada e saída de pacientes no cen-
tro cirúrgico. Longas distâncias entre as alas hospitalares e o centro 
cirúrgico podem resultar em demora para o transporte do paciente e 
em muito tempo para transferi-lo por corredores e elevadores, e no 
pós-operatório apresentam maior risco de complicações pós-anestesia 
enquanto estão em trânsito. Deve-se considerar também a proximi-
dade a departamentos de serviços de esterilização, ainda que alguns 
hospitais hoje utilizem instalações de esterilização externas.
Pode ser necessário ter centros cirúrgicos em mais de um local no 
mesmo hospital para facilitar todas as considerações anteriores, como, 
por exemplo, um departamento de traumatologia, localizado perto do 
setor de emergência. Isso dá margem a um debate sobre eficiência e 
relação custo-eficácia; há os que argumentam que ter todos os centros 
cirúrgicos em um só local permite um uso mais eficiente dos recursos. 
Uma área de armazenamento central pode atender a todos os centros 
cirúrgicos no departamento; já no caso de centros cirúrgicos localiza-
dos em áreas diferentes do hospital, há a necessidade de duplicação 
dos suplementos. A rotatividade dos funcionários também pode ser 
mais difícil se os centros cirúrgicos não forem construídos juntos.
A localização no prédio também deve ser decidida. O último 
andar de um prédio não costumava ser considerado ideal, pois tem 
o maior depósito de partículas de poeira, uma vez que tais partículas 
transportadas na atmosfera tendem a subir com o ar quente. Com 
o advento de sistemas de ventilação atuais, esse problema é menor 
nos prédios mais modernos.
Seja o projeto de um único centro cirúrgico ou de uma insta-
lação cirúrgica completa, os princípios são os mesmos. Os centros 
cirúrgicos devem atender às exigências de assepsia e criar um am-
biente seguro para pacientes e funcionários, devendo também o uso 
de recursos ser eficiente.
1.3 Ambiente
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46
1 Princípios do centro cirúrgico
Assepsia
A necessidade de assepsia é o ponto central do projeto do centro 
cirúrgico e domina todas as outras considerações. O princípio subja-
cente para a assepsia é a separação de áreas limpas e contaminadas. 
Há vários projetos que conseguem isso, todos atuam com base na se-
gregação de áreas “limpas” e “sujas” dentro do departamento. Com 
um bom projeto, o risco de contaminação cruzada entre essas áreas 
é minimizado.
Os centros cirúrgicos são divididos em áreas projetadas para as 
atividades realizadas.
A área externa ou de recepção é localizada na entrada do centro 
cirúrgico. Equipe e visitantes podem ter acesso a essa área usando 
roupas comuns, podendo ser este o local de entrega de suprimentos. 
É por esse ponto que os pacientes entram e saem.
O acesso aos vestiários deve ser feito a partir dessa área de re-
cepção, com saída separada para a área limpa após a equipe e visi-
tantes trocarem suas roupas pelas apropriadas para uso no centro 
cirúrgico (Fig. 1.3-1).
O leiaute de cada departamento varia muito entre hospitais; no 
entanto, em todos os casos os centros cirúrgicos e as áreas de arma-
zenamento de instrumentos devem ser as áreas mais limpas. Deve-se 
evitar qualquer trânsito desnecessário, e os sistemas de ventilação 
(descritos a seguir) devem ser projetados adequadamente.
Os suprimentos e equipamentos devem ser armazenados jun-
tamente ao centro cirúrgico no qual serão necessários. Alguns 
equipamentos, como microscópios, anexos para mesas de cirurgia e 
sistemas de monitoramento para procedimentos endoscópicos, são 
volumosos e ocupam muito espaço, devendo, portanto, ser armaze-
nados fora do centro cirúrgico.
Acesso ao centro cirúrgicoAcesso ao centro cirúrgico
Recepção
Acesso para 
pacientes e para 
entrega de 
suprimentos
Acesso aos vestiários
Entrada do centro cirúrgico
Corredor para vestiários
Vestiário 
masculino
Vestiário 
feminino
Figura 1.3-1 Acesso ao centro cirúrgico.
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1.3 Ambiente
47
Os equipamentos do centro cirúrgico são delicados e caros. 
Instalações inadequadas de armazenamento resultam em danos que 
não são apenas caros, mas que também podem retardar a cirurgia 
enquanto estão sendo reparados.
Também precisa haver uma área “contaminada” no departa-
mento, que deve ficar bem separada da área cirúrgica. Nesse local, 
são realizados a descontaminação, o reprocessamento de instrumen-
tos e o descarte dos resíduos do centro cirúrgico.
Dentro do departamento,também há uma unidade de atendi-
mento pós-anestesia, que deve ser acessível a todos os centros ci-
rúrgicos no departamento. A entrada dos pacientes será pela área 
limpa, e deve haver uma saída separada para levar os pacientes de 
volta para as alas hospitalares.
Ambiente seguro
A equipe cirúrgica é responsável pelo atendimento de alto padrão 
aos pacientes; para tanto, as condições devem ser ideais. O ambien-
te cirúrgico deve ser seguro tanto para o paciente quanto para os 
funcionários; portanto, a segurança física e mental de ambos os gru-
pos deve ser considerada no projeto. Deve-se utilizar o espaço dispo-
nível de modo eficiente, devendo ser criados ambientes de trabalho 
para reduzir o estresse físico devido ao excesso de carga.
Uso eficiente de recursos
O projeto do centro cirúrgico deve ajudar a equipe a conseguir os 
melhores resultados com um mínimo de energia, considerando-se a 
minimização dos custos financeiros e de gerenciamento. Um projeto 
inteligente limita o fluxo de pessoas que passam pelo centro cirúrgi-
co e reduz movimentos desnecessários da equipe e dos equipamentos.
1.3.2 Design e estrutura arquitetônica
Para se obter os melhores resultados, a equipe de projetos deve ser mul-
tidisciplinar. O grupo deve incluir ECCs e equipe da cirurgia, represen-
tantes da equipe de controle de infecções, funcionários da engenharia 
hospitalar e da manutenção e membros da equipe de limpeza. Todos 
devem ter a oportunidade de oferecer informações valiosas, usando seu 
conhecimento prático e profissional. O arquiteto também deve estar 
familiarizado com as exigências especiais de um centro cirúrgico, in-
cluindo as condições de temperatura, de iluminação e de acústica.
Além da necessidade de assepsia, de um ambiente seguro, da 
facilidade de manutenção e do uso eficiente de recursos, há outras 
considerações que irão influenciar a estrutura arquitetônica.
É importante também o uso a que o departamento se propõe; 
deve-se considerar o número e os tipos de procedimentos a serem 
realizados, o número e a diversidade de especialidades que utilizam o 
centro cirúrgico, a proporção de procedimentos eletivos e de emer-
gência e as horas de uso. Departamentos utilizados em grande propor-
ção para cirurgias de um dia (internação de um dia) têm exigências 
distintas das observadas para departamentos utilizados para cirurgias 
maiores. Os departamentos de casos de um dia costumam ser separa-
dos devido a suas necessidades específicas. São necessárias mais salas 
de espera para os pacientes, e o centro cirúrgico geralmente não pre-
cisa ser tão grande quanto os para cirurgias mais complexas.
O orçamento, a capacidade do hospital, o ambiente local, a ca-
pacidade de expansão futura e o progresso técnico também influen-
ciam o projeto e a localização da instalação cirúrgica.
Outra questão a considerar é que, caso se deseje ampliar uma 
instalação cirúrgica em vez de se construir outra, é necessário fazer 
um planejamento que garanta o mínimo de perturbação para conti-
nuar o trabalho na instalação. Se for impossível fechar a instalação 
durante a reforma, a área de trabalho deve ser totalmente excluída 
dos centros cirúrgicos ainda em uso. Também vale lembrar que a 
segurança dos pacientes e funcionários deve ser o aspecto mais im-
portante, o tempo todo.
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48
1 Princípios do centro cirúrgico
Tamanho da sala cirúrgica
As dimensões da sala cirúrgica devem ser determinadas (Fig. 1.3-2), 
o que, até certo ponto, depende do tipo de cirurgia a ser realizada no 
local. Uma sala cirúrgica para ser usada em ortopedia e traumatolo-
gia, por exemplo, precisa ser maior do que uma sala cirúrgica para 
procedimentos gerais menores. Isso ocorre devido à quantidade de 
equipamentos e instrumentos necessários, como, por exemplo, me-
sas de tração para traumas, intensificadores de imagem e vídeo para 
artroscopia. Substituições articulares e cirurgia para trauma, com 
frequência, exigem um grande número de conjuntos de instrumen-
tos, ou seja, o campo cirúrgico que será ocupado pelo instrumen-
tador, pela equipe cirúrgica e pelos carrinhos de instrumentação 
deve ser maior do que o ocupado para um procedimento simples. É 
importante destacar que é necessário espaço para que os funcioná-
rios “circulantes” realizem suas tarefas sem comprometer o campo 
cirúrgico. Deve-se também considerar se é mais adequado uma sala 
cirúrgica quadrada ou retangular de acordo com seu propósito.
Pisos
O piso da sala cirúrgica deve ser:
 � Liso
 � Duro
 � Sem juntas
 � Antiderrapante
 � Antiestático
 � Não poroso e à prova de manchas
 � Curvo na junção com a parede
Todas as características listadas atendem às condições de segu-
rança e de assepsia. É essencial que o material usado no piso seja de 
fácil manutenção e limpeza. O piso deve ser duro o suficiente para 
suportar o uso repetido de equipamentos pesados. Pisos lisos têm 
menor probabilidade de reter sujeira e são mais fáceis de limpar, e é 
importante observar que, por motivos de saúde e segurança, a super-
fície deve ser antiderrapante. A junção curva entre a extensão do 
material do piso e a parede também facilita a limpeza.
Figura 1.3-2 Sala cirúrgica.
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1.3 Ambiente
49
Paredes
As paredes e o teto devem ser:
 � Não porosos
 � Sem juntas ou rachaduras
 � Não reflexivo
 � Resistentes ao fogo
 � Fáceis de limpar
 � De cor adequada
 � Arredondados na junção entre a parede e o teto
É importante que as paredes não tenham juntas ou rachaduras, 
pois podem armazenar sujeira e serem difíceis de limpar, levando a 
aumento no risco de infecção. A cobertura da parede é importante; 
apesar de o gesso pintado fornecer uma superfície lisa e fácil de lim-
par, é fácil de ser danificada, deixando exposto o gesso puro – ma-
terial poroso e impossível de limpar efetivamente, transformando 
o local em um ambiente perfeito para o crescimento de bactérias e 
esporos. Uma parede laminada de 1 a 1,5 m de altura evita esse tipo 
de dano, não é porosa e é fácil de limpar.
Se as paredes forem pintadas, deve-se usar tinta sem brilho para 
reduzir os reflexos. A escolha das cores também é importante. Al-
gumas cores, quando combinadas com luz artificial, podem alterar 
a percepção da cor da pele do paciente, o que pode causar proble-
mas, sobretudo em salas de anestesia e em áreas de atendimento 
pós-anestesia. A escolha da lâmpada e da localização pode ter um 
efeito semelhante.
Portas
O ideal é que as portas sejam deslizantes, automáticas e fechadas 
hermeticamente. Esse tipo de porta ajuda a garantir a manutenção 
da pressão correta do ar no centro cirúrgico. Portas com abertura 
normal causam maior perturbação no fornecimento de ar. Em alguns 
países, é exigência que as portas tenham uma camada de chumbo se 
houver uso de raio X no centro cirúrgico.
Armazenamento
É necessário espaço de armazenamento de fácil acesso para equipa-
mentos grandes dentro da área limpa do departamento, assim como 
espaço adequado para o armazenamento de instrumentos e implan-
tes estéreis. Deve haver também, em cada centro cirúrgico, espa-
ço disponível para o armazenamento de itens de consumo e outros 
itens estéreis necessários durante a cirurgia, como suturas, swabs ou 
curativos. Além disso, qualquer tipo de carrinho de armazenamento 
localizado dentro de um centro cirúrgico deve ser fechado para re-
duzir o risco de contaminação dos itens armazenados.
Iluminação
A iluminação em uma sala cirúrgica deve ser adequada para as exi-
gências de todos. A intensidade da luz deve ser constante em todo o 
ambiente, sem áreas escuras ou com sombra.
Em geral, não há janelas em centros cirúrgicos, pois podem 
ser motivo de distração. Além disso, a variação na luz transmitida 
devido a condições climáticas externas produzem inconstância na 
iluminação da sala, e o reflexo nas janelas também pode causar in-
terferência e distração quandose usam monitores e microscópios.
É uma boa opção o uso de janelas nas áreas de descanso da equi-
pe, pois permitem acesso à luz natural durante o dia de trabalho. 
No entanto, as janelas não devem ser abertas para que não ocorra 
alteração na ventilação do departamento.
Iluminação fluorescente é a escolha mais comum, pois a luz pro-
duzida é geralmente uniforme, não causa sombras e produz menos ca-
lor do que os outros tipos de iluminação. Há lâmpadas de diferentes 
cores, e a escolha deve ser aquela que ofereça condições de iluminação 
o mais próximas possível da luz do dia. A cor das lâmpadas deve ser 
a mesma em todas as áreas do departamento, pois isso evita que os 
cirurgiões e anestesistas tenham que se adaptar a condições diferentes. 
A iluminação durante a indução da anestesia, por exemplo, deve ser 
igual à iluminação geral do centro cirúrgico, pois a cor da pele do pa-
ciente pode parecer alterada sob diferentes condições de iluminação.
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1 Princípios do centro cirúrgico
A iluminação do teto deve ser interna para evitar acúmulo de 
poeira em soquetes pendentes. Em todo o centro cirúrgico, deve ha-
ver dimmers (dispositivos utilizados para variar a intensidade da luz) 
para que a iluminação geral possa ser reduzida quando necessário, 
por exemplo, ao se realizar um procedimento artroscópico, permi-
tindo, assim, melhor visualização do monitor de TV.
A lâmpada cirúrgica deve fornecer uma área de luz intensa e 
livre de sombras; a iluminação deve ter grande amplitude e ser fácil 
de mover em todos os planos. Muitas lâmpadas cirúrgicas moder-
nas usam diodos emissores de luz (LED), que produzem iluminação 
de alta qualidade. A qualidade da lâmpada cirúrgica terá impacto 
direto sobre a eficácia e a eficiência da equipe – deve-se levar em 
consideração o tipo de cirurgia e a profundidade da cavidade, por 
exemplo. Outro aspecto importante é que o foco da lâmpada cirúr-
gica deve ser ajustável, de modo a permitir maior intensidade da 
luz direcional, conforme necessário. Em ortopedia e traumatologia, 
em geral, duas lâmpadas cirúrgicas fornecem melhor iluminação do 
campo cirúrgico do que apenas uma.
Deve ser possível, ainda, conectar manoplas de focalização este-
relizáveis na lâmpada cirúrgica para que a equipe ajuste a sua direção 
durante o procedimento. Isso minimiza a circulação de funcionários 
e diminui o risco de comprometimento do campo visual enquanto 
ajustam a lâmpada cirúrgica. Alguns cirurgiões podem optar pelo 
uso de uma lâmpada frontal, além da lâmpada cirúrgica, o que pro-
porciona maior controle direcional ao operar áreas inacessíveis para 
a lâmpada cirúrgica principal.
Eletricidade, gases e vácuo
A provisão de pontos adequados de suprimento de energia é vital. 
Grande parte dos equipamentos utilizados no centro cirúrgico é elé-
trica. Deve, assim, haver pontos de energia distribuídos ao redor do 
centro cirúrgico em número suficiente para reduzir a necessidade de 
extensões, o que não só minimiza o risco de tropeções e quedas devi-
do aos fios, mas também evita a sobrecarga de tomadas. Pode-se tam-
bém minimizar as extensões dispostas no chão com o uso de ganchos.
É necessário haver, ainda, geradores de emergência em caso 
de falta de eletricidade. Esses geradores estão com frequência lo-
calizados junto aos geradores de apoio principais para o restante do 
hospital ao invés de estarem no conjunto do centro cirúrgico. Tais 
geradores precisam ser testados com regularidade a fim de garantir 
seu funcionamento no caso de uma emergência.
O sistema de fornecimento de gases anestésicos, vácuo e ar 
comprimido também deve ser considerado na elaboração do proje-
to. Assim como as saídas de eletricidade, os pontos de fornecimen-
to desses elementos podem estar dispostos mediante um sistema de 
ganchos suspensos no teto, o que minimiza o uso de fios ou tubula-
ções, ou por meio de saídas nas paredes.
A localização do equipamento de anestesia é outro aspecto a ser 
considerado. O tipo de cirurgia determina se o equipamento ficará 
em um local único ou se será movido dentro do centro cirúrgico. Por 
esse motivo, pode ser aconselhável ter acesso a gases anestésicos em 
vários pontos. Cada centro cirúrgico deve ter pontos de corte indivi-
duais para gases, o que, além de ser uma exigência de segurança, per-
mite o trabalho de manutenção em centros cirúrgicos individuais.
Já a provisão adequada de vácuo é necessária tanto para uso 
anestésico quanto para uso cirúrgico. Em processos que envolvam 
hemorragia grave, esses dois equipamentos de sucção podem ser ne-
cessários para a equipe cirúrgica e devem estar disponíveis sem com-
prometer o suprimento de vácuo para a equipe de anestesia.
Da mesma forma, cada sala cirúrgica deve ter fornecimento de 
ar comprimido. Máquinas de anestesia e garrotes pneumáticos re-
querem ar a 4 bars de pressão; portanto, as saídas devem estar lo-
calizadas de modo a permitir a provisão adequada para ambos. Os 
equipamentos são movidos a bateria ou ar comprimido; os movidos 
a ar comprimido exigem pressão de 7 bars. Mais uma vez, as saídas 
devem ser distribuídas no centro cirúrgico de modo a permitir fácil 
acesso a mangueiras de ar para as mesas de instrumentação sempre 
que posicionadas para cirurgia.
Equipamento de raio X e tecnologia da informação
Deve haver telas adequadas para visualização de raios X no centro 
cirúrgico, localizadas de modo a permitir boa visualização para as 
equipes cirúrgicas durante procedimentos. O crescente uso de ima-
gens digitais pode tornar necessária a provisão de grandes telas de 
computador ligadas em rede ao hospital. Os computadores necessá-
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1.3 Ambiente
51
rios para o manejo de sistemas do centro cirúrgico estão sendo insta-
lados com frequência cada vez maior em todos os centros cirúrgicos.
Equipamentos
A gama de equipamentos necessários em cada sala cirúrgica depen-
de do tipo de cirurgia; no entanto, há determinados equipamentos 
que geralmente são padrão para todas.
Equipamento de anestesia
O equipamento de anestesia é composto pelo equipamento de aneste-
sia em si, pelo de ventilação e pelos equipamentos de monitoramento 
do paciente. O uso de equipamentos adicionais de anestesia dependem 
se há ou não uma sala separada para indução da anestesia (Fig. 1.3-3).
Mesa cirúrgica
O estilo da mesa cirúrgica depende do tipo de cirurgia há tipos dife-
rentes de mesas para uso especializado. Mesas cirúrgicas para cirur-
gia do trauma, por exemplo, possuem uma ampla gama de anexos e 
acessórios para posicionamento do paciente. Todas as mesas devem 
ter um colchão para alívio de pressão coberto por uma superfície 
impermeável. A integridade da capa do colchão deve passar por ve-
rificação regular, devendo ser substituída para evitar vazamento de 
fluidos durante a cirurgia, pois corre o risco de infecção. Indepen-
dentemente do tipo de cirurgia e de se a mesa cirúrgica ser elétrica 
ou manual, todas as mesas de cirurgia devem ter a capacidade de co-
locar o paciente “de cabeça para baixo” (posição de Trendelemburg) 
de modo rápido e fácil em caso de emergência anestésica.
Carrinhos e mesas
O aço inoxidável costuma ser o material escolhido para mesas de 
instrumentação e outros pequenos carrinhos. O material é durável, 
resistente a manchas e fácil de limpar entre um procedimento e ou-
tro (Fig. 1.3-4). Isso também se aplica a suportes para tratamento 
intravenoso e para vasilhames.
Figura 1.3-3 Equipamento de anestesia na sala cirúrgica e em sala 
separada para indução de anestesia.
Figura 1.3-4 Mesas de instrumentação.
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1 Princípios do centro cirúrgico
Carrinhos de armazenamento
Os carrinhos de armazenamento são necessários para armazenar ma-
teriais como swabs e suturas, que precisam ter disponibilidade imedia-
ta no centrocirúrgico para evitar movimento desnecessário de mem-
bros da equipe durante a cirurgia. Devem, porém, ter a frente fechada 
para evitar a contaminação acidental de materiais armazenados.
É necessário haver coletores de resíduos e sacos de linho reutilizá-
veis para descarte, devendo ser portáteis a fim de facilitar o transporte 
até a área contaminada para descarte logo após cada procedimento.
Outros equipamentos gerais incluem bancos (ou cadeiras), pla-
taformas sobre as quais se pode subir e equipamentos de sucção e 
diatermia.
1.3.3 Vestimentas
As vestimentas são importantes no ambiente do centro cirúrgico. O 
Working Group Hygiene in Hospital and Practice afirma que:
“A vestimenta para o centro cirúrgico e os materiais de isolamen-
to para o paciente devem formar uma barreira efetiva contra a dissemi-
nação de infecção da ferida tanto por parte da equipe quanto por parte 
do paciente e, não menos importante, do paciente para a equipe.”
Cada instalação da sala cirúrgica deve ter políticas específicas 
em relação ao código de vestimentas. Todos os funcionários da área 
limpa de um centro cirúrgico devem usar aventais, que não devem ser 
vestidos fora da instalação e devem ser trocados quando sujos. Deve-
-se cobrir o cabelo com touca e usar máscaras. Há muita discussão 
em relação à eficácia das máscaras faciais. Muitas instituições exigem 
que sejam usadas na presença de ferida aberta ou de instrumentos 
cirúrgicos estéreis abertos, porém outras não fazem tal exigência. No 
entanto, o uso de máscaras e visores ou óculos de proteção pela equi-
pe protege não apenas os pacientes, mas também os funcionários.
O uso de sapatos apropriados para o centro cirúrgico protege o 
indivíduo de contaminação por líquidos. Devem ser confortáveis e 
fornecer apoio, sendo fechados na ponta e com tiras no calcanhar 
ou fechados também atrás. É necessário que sejam limpos com regu-
laridade, se possível à máquina.
Outros itens de proteção, como luvas e aventais não estéreis, de-
vem estar disponíveis e serem usados pelos funcionários circulantes 
conforme necessário. Sempre que houver exposição a raios X, todos 
os membros da equipe devem usar aventais de chumbo no centro ci-
rúrgico, incluindo a equipe de anestesia. É necessário também o uso 
de proteção especial para os olhos durante cirurgias a laser.
Aventais e luvas cirúrgicas
O uso de aventais e luvas cirúrgicas protege tanto os instrumentado-
res quanto os pacientes. Devem ser feitos de material impermeável, 
podendo ser descartáveis ou reutilizáveis.
Isolamento do campo cirúrgico
O Working Group Hygiene in Hospital and Practice recomenda que:
“O isolamento do campo cirúrgico para o paciente deve evitar 
que patógenos da pele entrem na ferida cirúrgica. Assim, o material 
para o isolamento deve ser suficientemente resistente para tolerar 
possíveis danos provocados por instrumentos e funcionários – mes-
mo na presença de líquidos.”
Em geral, o material de isolamento do campo cirúrgico para o 
paciente deve ser absorvente e impermeável a líquidos.
Muitos hospitais hoje utilizam isolamento do campo cirúrgico 
descartável em vez de reutilizável. O uso do algodão quase não exis-
te mais, pois oferece pouca ou nenhuma proteção para pacientes ou 
funcionários.
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1.3 Ambiente
53
1.3.4 Ventilação
A ventilação é um aspecto importante no projeto de instalações cirúr-
gicas. Ela é o meio pelo qual se remove e substitui o ar em um espaço. 
Primeiro, a ventilação deve fornecer um ambiente seguro e confortá-
vel para o paciente e para a equipe. A ligação entre qualidade do ar e 
infecções no local cirúrgico é bem conhecida; assim, a ventilação deve 
atingir os padrões exigidos para reduzir o risco para os pacientes.
A seção “Ventilação especializada para premissas de atendi-
mento à saúde” no documento do Heating and Ventilation Systems 
estabelece as seguintes exigências para ventilação especializada nos 
departamentos de cirurgia:
 � Remover, reter/diluir contaminantes e gases específicos
 � Garantir o isolamento de uma área para a outra
 � Preservar uma via desejável de fluxo de ar de uma área limpa 
para outra menos limpa
 � Controlar a limpeza de um espaço
 � Controlar a temperatura
 � Controlar a umidade
Qualquer sistema de ventilação em um centro cirúrgico deve 
garantir que seja mínimo o trânsito de ar contaminado de uma área 
contaminada para outra menos contaminada. Para tanto, deve-se 
manter as áreas limpas sob alta pressão, o que evita o fluxo contrário 
de ar para dentro da área limpa, mesmo quando as portas são abertas.
A contaminação do ar acontece de várias formas:
 � Por meio do suprimento de ar
 � Por meio dos ocupantes da sala
 � Como resultado das atividades de trabalho
 � Por transferência de espaços adjacentes
O ar contém microrganismos carregados por partículas suspen-
sas como fragmentos de pele, pó, fibras ou gotículas respiratórias. A 
principal fonte de ar contaminado são os ocupantes da sala. Os frag-
mentos de pele provenientes de ocupantes podem ser minimizados 
com a restrição de acesso apenas ao pessoal essencial, com a escolha 
das vestimentas e com taxa de troca de ar na sala.
Os fatores que determinam a necessidade de ventilação são:
 � Atividades como a extração de odores, aerossóis, vapores, 
gases e pó
 � Diluição e controle de patógenos carregados pelo ar
 � Conforto térmico
Há dois sistemas de ventilação principais utilizados em centros 
cirúrgicos: a ventilação convencional mantém um fluxo de ar espe-
cífico entre as salas mesmo quando as portas são abertas; já a ven-
tilação ultralimpa fornece um grande volume de ar limpo filtrado 
para a área na qual a operação é realizada.
Sistemas de ventilação convencionais: liberam ar atmosférico fil-
trado sob pressão diferencial. O ar é filtrado na Unidade de Ma-
nutenção do Ar e liberado por deslocamento para baixo. Grades 
de transferência permitem que o ar passe para cima ou para baixo 
entre salas com igual pressão e limpeza. Estabilizadores de pressão 
permitem o fluxo de ar apenas em uma direção – de áreas limpas 
para áreas menos limpas. Cada área tem uma taxa recomendada de 
troca de ar: quanto mais limpa a área, maior o número de trocas de 
ar por hora. O ar passa por dutos para a atmosfera externa; parte do 
ar é filtrada e circula novamente na instalação cirúrgica.
A temperatura no centro cirúrgico deve estar entre 18 e 25°C. 
Se a sala estiver muito fria, pode provocar hipotermia no paciente 
(e nos funcionários). Por outro lado, temperaturas muito altas não 
só tornam as condições desagradáveis para a equipe, mas também 
aumentam o crescimento microbiano. Os funcionários devem ser 
capazes de controlar a temperatura da sala de acordo com esses limi-
tes usando um painel de controle localizado dentro da sala cirúrgica. 
Esse painel deve indicar claramente a temperatura da sala, a umida-
de e as condições da planta de ventilação.
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1 Princípios do centro cirúrgico
A temperatura fornecida por sistemas convencionais deve pro-
ver o seguinte número de trocas de ar por hora em pressão especi-
ficada:
Área Trocas de ar/hora Pressão (pascais)
Preparação estéril 
(sala de preparação)
> 25 35
Armazenamento de 
materiais e equipamentos 
esterilizados
10 25
Sala de cirurgia 25 25
Sala de anestesia 15 > 10
Sala de lavagem/suja > 20 –5
Cuidado pós-anestesia 15 0
Sistemas de ventilação ultralimpa: aumenta significativamente o 
efeito de diluição de contaminantes realizado pelos sistemas con-
vencionais por meio do fornecimento de um grande volume de ar 
limpo filtrado para a área onde a cirurgia é realizada e onde os ins-
trumentos estéreis estão expostos. Esse sistema, geralmente usado 
para procedimentos ortopédicos maiores, como substituição articu-
lar e fixação de fraturas, remove os contaminantes da área limpa 
abaixo dele. Além disso, a pressão na área limpa evita aentrada de 
contaminantes externos.
O fluxo de ar é unidirecional laminar e sujeito a um nível mais 
alto de filtração. Esse sistema de ventilação não é adequado para 
todos os tipos de cirurgia, pois a alta taxa de fluxo de ar pode levar a 
maior perda de umidade dos tecidos. No entanto, o sistema apresen-
ta taxa de infecção no local cirúrgico significativamente reduzida 
para procedimentos ortopédicos.
Umidade
A umidade era necessária no passado para controlar o risco de gases 
anestésicos inflamáveis. Como esses gases não são mais utilizados, 
não é mais necessário manter um controle tão rigoroso. É aceitável 
que a umidade varie entre 35 e 60%.
Resíduos de gases anestésicos
Os gases anestésicos estão sujeitos a limites de exposição no local 
de trabalho e devem ser retidos e removidos por um sistema de re-
moção de gases adequado. Ocorre algum vazamento em todos os sis-
temas anestésicos, sobretudo durante a transferência de pacientes, 
quando os sistemas de respiração podem ser desconectados.
O movimento do ar no sistema de ventilação deve garantir que 
esse vazamento seja diluído e removido da atmosfera. Agentes anes-
tésicos são mais pesados que o ar; assim, um nível elevado de supri-
mento associado a um nível mais baixo de remoção minimiza o risco 
para funcionários.
A manutenção regular dos sistemas de ventilação garante que 
funcionem corretamente. O pessoal da engenharia deve, portanto, 
monitorar as trocas de ar e as taxas de pressão e ter um programa 
regular para limpeza/troca de filtros e de limpeza de dutos.
1.3.5 Limpeza do ambiente
Em julho de 2004, o Departamento de Saúde do Reino Unido publi-
cou o relatório Towards cleaner hospitals and lower rates of infection 
(Para hospitais mais limpos e taxas mais baixas de infecção) que afirma 
que “um ambiente limpo fornece o contexto correto para a boa prática 
de atendimento a pacientes e um bom controle de infecções, sendo 
isso importante para um atendimento à saúde eficiente e efetivo”.
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1.3 Ambiente
55
A limpeza ambiental é um esforço da equipe e responsabilidade 
tanto do pessoal da cirurgia quanto do pessoal dos serviços ambien-
tais. Um ambiente cirúrgico limpo, associado a bons sistemas de ven-
tilação e boas técnicas da equipe do centro cirúrgico, reduz o risco 
de os pacientes desenvolverem infecções. Políticas e procedimentos 
para limpeza ambiental devem ser escritos e revisados com regulari-
dade, devendo ser prontamente disponibilizado para os funcionários. 
Cada departamento terá suas próprias políticas, que podem diferir 
dependendo do tipo de cirurgia e das diretrizes regionais de controle 
de infecções. A seguir, um exemplo de exigências de limpeza.
Geral
 � Superfícies como mesas cirúrgicas e qualquer outro equipamen-
to em contato direto com os pacientes devem ser limpos com 
detergente entre a troca de pacientes para restabelecer um am-
biente seguro e limpo para o paciente seguinte.
 � Sangue e outros contaminantes no chão devem ser limpos as-
sim que possível.
 � Todas as áreas, ou seja, o centro cirúrgico, as salas de indução de 
anestesia e as áreas gerais devem ser mantidas livres de objetos 
que atrapalhem o tráfego, isso ajuda na limpeza.
 � Os materiais ou objetos não devem ser armazenados no chão. A 
falha em armazenar materiais ou objetos em prateleiras ou me-
sas impede a limpeza do chão e pode levar a acúmulo de sujeira 
e poeira.
 � Os centros cirúrgicos devem ser visivelmente limpos e sem 
poeira.
 � As grades de ventilação nas paredes e portas não devem ser obs-
truídas ou fechadas.
 � O armazenamento de suprimentos e bens de consumo deve ser 
mínimo a fim de auxiliar a rotatividade do estoque e evitar o 
acúmulo de poeira.
 � A instalação cirúrgica deve estar em bom estado. Quaisquer 
defeitos, paredes ou pisos danificados devem ser relatados e re-
parados.
Diariamente
Os pisos devem ser limpos com equipamentos que esfreguem o piso 
utilizando água e detergente aprovado. Deve-se fazer isso no início e 
no fim de cada dia, depois que as operações do dia acabarem. Deve-
-se limpar todo o piso, incluindo laterais e cantos.
Todas as superfícies horizontais e equipamentos fixos devem 
ser limpos para retirar a poeira, utilizando-se, para tanto, um pano 
úmido de tecido que não solte fiapos nem perca as fibras. Caso o 
pano perca as fibras, pode acarretar depósito de fiapos na superfície 
após a limpeza, levando a uma possível contaminação adicional 
por poeira na atmosfera.
Todas as outras instalações, incluindo lâmpadas de cirurgia, 
devem ser limpas com detergente aprovado, certificando-se de que 
passe por uma avaliação cuidadosa em busca de respingos e con-
taminação.
Os carrinhos de instrumentos devem ser limpos a mão ou pro-
cessados em esteira de lavagem antes e depois de cada uso.
Quando houver esfregões em uso, eles devem ser marcados 
com código de cores para reduzir a contaminação cruzada de uma 
área para a outra. Além disso, devem ser armazenados em uma 
área designada para esse fim, com o esfregão para cima para que 
seque em contato com o ar. Os baldes devem ser esvaziados, la-
vados e, então, armazenados invertidos após cada uso. Esfregões 
usados devem retornar à lavanderia ou ser descartados se forem 
de uso único.
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56
1 Princípios do centro cirúrgico
Todas as áreas: centro cirúrgico, áreas de preparação estéril, sala de 
indução de anestesia, sala de instrumentadores, e sala de instrumen-
tos e equipamentos, devem passar por limpeza completa todos os dias.
Cronograma de manutenção
Ainda que derramamentos e respingos em paredes devam ser limpos 
diariamente, deve haver também um planejamento para a limpeza 
das paredes e do teto. Serviços de limpeza ambiental devem fazer 
isso pelo menos a cada seis meses.
Essa limpeza deve ser completada no tempo planejado para cada 
centro cirúrgico. Pode ser à noite ou nos finais de semana, quando 
não estiver em uso. Para centros cirúrgicos de emergência/24 horas, 
deve-se agendar um horário quando a cirurgia puder ser realizada 
em outro centro cirúrgico. Qualquer manutenção ou reparo plane-
jado também pode ser realizado durante o tempo de paralização do 
centro cirúrgico.
1.3.6 Equipe
Os funcionários são o recurso mais importante do departamento. 
Independentemente do design arquitetônico, de a instalação ser 
nova ou antiga ou da disponibilidade de equipamentos e tecnolo-
gias, nenhum departamento funciona com eficácia sem cooperação 
e trabalho de equipe. Não são só as instalações que precisam de ma-
nutenção e atenção, mas também a equipe: é necessário aprender 
e ensinar habilidades especializadas, pois funcionários experien-
tes são um bem valioso, qualquer que seja seu grau. Programas de 
treinamento e recursos educacionais devem ser oferecidos a fim de 
permitir que toda a equipe atinja um grau comum de atendimento 
de excelência para os pacientes. Os cuidados com os pacientes são 
confiados à equipe médica durante a cirurgia, e toda a equipe, auxi-
liares, de limpeza, de manutenção, instrumentadores, circulantes de 
sala, de recuperação, da cirurgia e da anestesia têm participação no 
fornecimento desse cuidado.
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1.3 Ambiente
57
1.3.7 Leituras complementares
Association of Scientific Medical Societies (2005) The Working Group 
Hygiene in Hospital and Practice. 3rd. ed. Wiesbaden: mph-Verlag GmbH.
Phillips NF (2004) Berry and Kohn’s Operating Room Technique. 10th ed. 
St Louis: Mosby.
UK Dept of Health (2004) Towards cleaner hospitals and lower rates 
of infection. In: Heating and Ventilation Systems HTM 03-01. United 
Kingdom: Dept of Health.
Agradecimentos
Agradecemos a Suganya Boonrab, Martin van Dijen, Tanudsintum 
Surasawadee e Pauline Lee por sua contribuição para o desenvolvi-
mento desta seção.
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58
1 Princípios do centro cirúrgico
1.4 Instrumentação
1.4.1 Preparação pré-operatória 59
1.4.2 Cuidado intraoperatório 61
1.4.3 Cuidado pós-operatório 62
1.4.4 Leituras complementares 67
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Autor Isabel van Rie Richards
59
Um instrumento cirúrgico é uma ferramenta projetada para reali-
zar uma ação específica durante um procedimento cirúrgico. Já um 
implante cirúrgico é projetado para ser deixado dentro do paciente 
para realizar uma função específica (como fixar uma fratura). Todos 
os equipamentos médicos, sejam instrumentos ou implantes, têm 
de obedecer a várias regulamentações e padrões governamentais e 
internacionais para garantir que sejam adequados a determinado 
propósito. Os equipamentos médicos têm por objetivo melhorar a 
condição médica do paciente e facilitar o procedimento cirúrgico. 
Seu uso também deve ser considerado seguro tanto para o paciente 
quanto para os profissionais da saúde.
Esta seção explica os padrões de cuidado e manutenção dos ins-
trumentos nas fases pré, intra e pós-operatória. Aqui são apresenta-
dos os padrões para o processo de descontaminação e as diretrizes 
para organização e planejamento no centro cirúrgico.
1.4.1 Preparação pré-operatória
Obtenção de informações
Antes do procedimento, devem-se obter informações para uma ope-
ração. Os cirurgiões dão à equipe detalhes da operação a ser rea-
lizada; devem fornecer informações claras e adequadas, incluindo 
nome, sexo, idade e condição geral do paciente, a natureza das le-
sões e o tipo de operação. Os cirurgiões devem também informar à 
equipe os desejos do paciente. Listas de verificação e bom conhe-
cimento geral do centro cirúrgico permitem que a equipe prepare 
instrumentos, equipamento e implantes necessários para o procedi-
mento. A comunicação entre todos e a obtenção dessas informações 
são essenciais para uma preparação efetiva e para que a operação 
seja bem-sucedida. Além disso, os pontos fortes e fracos de cada 
membro da equipe devem ser observados, de modo que, se neces-
sário, qualquer falta de conhecimento ou experiência profissional 
sejam compensadas. Quando esses aspectos são evidentes, devem 
ser fornecidos treinamento e instrução adicionais.
Preparação da operação
Determinação do material
O tempo no centro cirúrgico é o recurso mais caro no hospital. 
Ter instrumentos adequado, em perfeitas condições de uso, e 
equipamentos disponíveis aumenta a segurança do paciente, evi-
ta atrasos, economiza verbas e aumenta a satisfação da equipe e 
do cirurgião. Paciente, tipo de operação, preferências do cirur-
gião e instalações disponíveis são os fatores que determinam a 
seleção do equipamento. Os conjuntos desses materiais, instru-
mentos e implantes são preparados e separados de acordo com as 
práticas institucionais.
Cada hospital deve ter listas de verificação atualizada para 
simplificar a tarefa da ECC ao preparar-se para uma cirurgia. Es-
pecialmente em casos de emergência, quando alguns itens podem 
ser esquecidos devido ao estresse, ou em caso de procedimentos que 
podem ser realizados fora do horário normal por membros da equipe 
que não estão familiarizados. Essas listas de verificação e todos os 
itens devem ter identificação clara e correta, devendo receber eti-
quetas para simplificar o processo de preparação.
No caso de um conjunto de instrumentos ser emprestado, de-
ve-se conferi-lo a fim de garantir que esteja completo. Ao chegar 
ao centro cirúrgico, o pacote de transporte do conjunto deve ser 
removido. Como o material geralmente não está estéril nesse mo-
mento, o responsável por seu recebimento deve conferir o conteúdo 
para garantir que nada esteja faltando nem que esteja danificado. 
Também há fortes recomendações para que o instrumentador e o 
cirurgião que trabalharão no procedimento se familiarizem com os 
instrumentos, atentando para a sua ordem de uso durante a cirurgia 
antes que sejam enviados para esterilização. Em situações excepcio-
nais, o conjunto de instrumentos de empréstimo chega estéril (p. 
ex., quando vem de um hospital próximo). Nesse caso, a integridade 
estéril do conjunto é obrigatória, e a verificação completa do con-
teúdo é feita no pré-operatório.
1.4 Instrumentação
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60
1 Princípios do centro cirúrgico
Verificação e preservação da integridade 
de instrumentos estéreis
Após os procedimentos de descontaminação e esterilização es-
tarem completos, os conjuntos de equipamentos estéreis são ar-
mazenados. O método de embalagem, manuseio, transporte e ar-
mazenamento de instrumentos determina a vida de prateleira do 
material (tempo de validade da esterilização). A vida de prateleira 
é o período que se considera seguro armazenar um equipamento es-
téril antes de que possa haver comprometimento da integridade de 
sua embalagem. Não é possível fornecer uma recomendação geral 
para a vida de prateleira de todos os itens estéreis devido à grande 
variação nos métodos de embalagem e armazenamento.
Todos os equipamentos para esterilização devem ser embala-
dos com materiais resistentes a líquidos e bactérias e que mante-
nham a esterilidade do conteúdo. A penetração de calor úmido 
(vapor) através da embalagem permite a esterilização do conteúdo. 
Outros métodos de esterilização usam gases, como óxido de etile-
no, formaldeído ou plasma. A radiação em alta dosagem é usada 
por algumas empresas para itens de uso único, porém não apre-
senta praticidade no caso de reesterilização de equipamentos. A 
escolha da embalagem depende do peso e do formato do conteúdo. 
Instrumentos mais pesados e mais longos geralmente são esteri-
lizados em contêineres de metal; itens mais leves e menores são 
envolvidos em duas camadas de papel ou em sacos para esterili-
zação. As duas camadas são importantes porque facilitam a forma 
como o conteúdo estéril é apresentado para o instrumentador. A 
embalagem com tecido de algodão não é indicada, pois não age 
como barreira contra microrganismos, especialmente quando há 
contato com líquidos. O algodão pode ser usado como camada 
protetora apenas para evitar a perfuração do papel da embalagem. 
Instrumentos perfurocortantes, por sua vez, devem ser protegidos 
de modo a evitar danos causados pela manipulação durante o pro-
cesso de esterilização, transporte ou armazenamento. Os processos 
de embalagem e de embrulho devem ser realizados de acordo com 
as diretrizes institucionais, que devem atender aos padrões nacio-
nais e internacionais. Devem, então, ser completados com o uso de 
fita adesiva para embalagens, passando finalmente pelo processo 
de vedação por sacos ou etiquetas de vedação para contêineres. O 
uso de fita de esterilização tem tripla função. A primeira delas é 
fechar a embalagem; a segunda é indicar que o produto passou por 
processo de esterilização devido à mudança de cor na fita, o que, 
no entanto, não prova que o processo de esterilização foi realizado 
com sucesso; e a terceira é permitir que a fita também aja como 
vedação para a embalagem. Se a fita não estiver intacta antes do 
uso, a embalagem deve ser considerada não estéril.
Todo equipamento médico deve ser manuseado com cuidado 
durante todo o tempo – antes, durante e depois da esterilização. 
Bandejas de instrumentos pesados não devem ser colocadas sobre 
instrumentos mais leves ou frágeis. Também é importante man-
ter a integridade de suprimentos estéreis durante o deslocamento. 
Ao transportar bandejas e instrumentos, deve-se ter o cuidado de 
protegê-los em embalagem ou carrinho fechado para reduzir o ris-
co de dano acidental e de exposição à poeira e a outras influências 
externas. O armazenamento de instrumentos cirúrgicos também 
deve atender a critérios e padrões definidos. Devem ser armaze-
nados em sala seca, livre de fluxo de ar e de luz UV, e sob tempe-
ratura de 20 a 25°C. Os instrumentos nunca devem serexpostos 
a mudanças bruscas de temperatura. Na sala de armazenamento, 
as bandejas mais pesadas devem ser armazenadas nas prateleiras 
mais baixas, e os equipamentos mais leves, nas mais altas. Se faltar 
lugar para o armazenamento, e os itens mais pesados precisarem 
ser armazenados nas prateleiras mais altas, o uso de um elevador 
mecânico pode facilitar o deslocamento. Não se recomenda em-
pilhar embalagens. Movimentação e mudanças desnecessárias não 
são ergonomicamente ideais e podem causar dor nas costas. O flu-
xo de ar produzido pelo excesso de movimento também deve ser 
limitado para minimizar o acúmulo de partículas de poeira na área 
de armazenamento. Respeitar o princípio “o que entrou primeiro, 
deve sair primeiro” evita o vencimento de itens estéreis. A verifi-
cação regular de datas de vencimento e integridade de embalagens 
é obrigatória. Equipamentos não estéreis devem ser armazenados 
em lugar diferente, ou ainda em uma sala distinta da utilizada para 
o armazenamento de equipamentos estéreis.
Preparação do centro cirúrgico
Depois da seleção de materiais a serem usados em uma operação, o 
passo seguinte é a preparação do centro cirúrgico. Na maioria dos 
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1.4 Instrumentação
61
casos, o instrumentador prepara seus próprios carrinhos. O número 
de carrinhos, equipamentos, embalagens e instrumentos e os im-
plantes necessários para uma operação em particular são organiza-
dos no centro cirúrgico de modo que o trabalho possa ser realizado 
de forma eficiente. O tipo e o lado da operação, por exemplo, de-
terminam como os carrinhos são posicionados e organizados. Todos 
os carrinhos são posicionados abaixo do fluxo de ar laminar. Equi-
pamentos estéreis devem ser mantidos separados dos não estéreis e 
dos líquidos necessários para enxaguar e desinfetar o local cirúrgico. 
Equipamentos não necessários para a operação devem ser removidos 
do centro cirúrgico, devendo, porém, registros médicos e raios X 
do paciente serem mantidos no local. Deve ser realizada uma ve-
rificação final da integridade de todos os conjuntos de instrumen-
tos antes de retirá-los da embalagem. O material de embrulho ou a 
embalagem não podem estar danificados, devendo estar secos, com 
adesivos e etiquetas de vedação intactos e dentro do prazo de valida-
de. O membro da equipe circulante finaliza a organização da sala e é 
responsável pela apresentação, ao seu colega, de todos os materiais 
requisitados, atentando-se para que estejam esterilizados e organiza-
dos em uma ordem lógica. O bom conhecimento do procedimento 
e a atenção à operação são, pré-requisitos para o sucesso de seu tra-
balho. O membro circulante também é responsável pela supervisão 
contínua da técnica asséptica e das necessidades do paciente. Em 
uma boa equipe, as experiências tanto do instrumentador quanto do 
membro da equipe circulante se complementam.
O membro da equipe circulante tem de preencher toda a do-
cumentação administrativa. O instrumentador confere e aprova a 
documentação. Deve-se fazer a contagem de todos os instrumentos, 
swabs, agulhas e outros pequenos itens antes e depois da cirurgia. 
O fechamento da incisão no paciente ao fim da cirurgia deve ser 
interrompido se a segunda contagem não estiver de acordo com a 
primeira. O instrumentador organiza os instrumentos estéreis na 
mesma mesa conforme seu uso e os passos da operação. Instrumen-
tos ausentes serão, então, relatados e, se disponíveis, substituídos 
imediatamente. Se um ou mais instrumentos estiverem contamina-
dos, o conjunto inteiro deve ser descartado e precisa ser submetido 
a outro ciclo de descontaminação. Cada incidente de instrumento 
ausente, danificado ou não limpo deve ser relatado de modo que o 
problema seja evitado no futuro.
1.4.2 Cuidado intraoperatório
Um instrumentador profissional presta uma grande contribuição 
para minimizar o tempo de cirurgia ao realizar um bom trabalho em 
equipe e uma rigosrosa prática de assepsia, melhorando a saúde do 
paciente e reduzindo os riscos de complicações como infecções do 
local cirúrgico. O instrumentador deve ser capaz de pensar e traba-
lhar pelo menos um passo à frente do cirurgião, antecipando suas 
necessidades. Isso exige, além de concentração, disciplina e aborda-
gem sistemática, um conhecimento sólido de todo o procedimento 
e de suas possíveis complicações.
A ECC é responsável pelo cuidado dos instrumentos. A expe-
riência mostra que cuidado intraoperatório regular e profissional, 
uso correto e boa manutenção de instrumentos aumentam significa-
tivamente a vida útil de cada item. O membro da equipe deve, por 
exemplo, opor-se a qualquer uso não profissional e incorreto de um 
instrumento pelo cirurgião, como bater no mandril universal com 
o martelo.
Se houver tempo suficiente, é recomendado que se limpem 
os instrumentos à medida que ocorre a operação. Isso simplifica o 
processo de descontaminação posterior e garante o bom funciona-
mento dos instrumentos (um instrumento coberto com uma gros-
sa camada de sangue pode não ter um funcionamento adequado). 
Deve-se limpar o excesso de sangue, lavar o lúmen de instrumentos 
ocos e remover pedaços de osso em mandris, perfuradores e machos 
para rosca. Já os instrumentos danificados devem ser separados do 
conjunto e identificados para posterior conserto. Todas as partes 
de um instrumento quebrado e de qualquer implante removido 
(placas, parafusos e arruelas) devem ser identificadas e contadas. 
Ao fim da operação, o instrumentador remove todos os itens per-
furocortantes e os coloca em um recipiente especial, que pode ser 
travado e não mais destravado. Os materiais descartáveis são joga-
dos fora. Todos os instrumentos são devolvidos para seu conjun-
to correto e colocados em embalagens fechadas para transporte. 
Dependendo das políticas locais, todos os instrumentos devem ser 
desmontados e abertos para facilitar o processo de descontamina-
ção. Ao empilhar vários conjuntos, deve-se prestar atenção aos ins-
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62
1 Princípios do centro cirúrgico
trumentos individuais. Bandejas e instrumentos pesados devem ser 
colocados embaixo, e os mais leves, em cima. É necessário também 
tomar cuidado para não esmagar objetos ópticos delicados, cabos de 
luz ou cabos eletrocirúrgicos.
Material estéril não utilizado pode ser retornado para seu local 
de armazenamento se sua integridade não tiver sido comprometida.
 A documentação detalhada de todos os implantes utilizados 
é anotada e reorganizada de acordo com práticas institucionais. 
Se houver um conjunto de implantes não estéril (p. ex., parafusos 
ou placas), o conjunto deve ser completado antes de se iniciar o 
processo de descontaminação, de modo que a camada invisível de 
poeira e qualquer sujeira na superfície do implante sejam removidas 
antes da esterilização.
Durante toda a operação, a equipe do centro cirúrgico deve agir 
de modo correto. As portas devem ser mantidas fechadas duran-
te toda a cirurgia para garantir a função máxima do fluxo laminar. 
Deve-se evitar movimento desnecessário de pessoal. Pessoal que 
não passou pelo processo de esterilização que se aproxima do local 
cirúrgico ou de carrinhos e equipamentos estéreis deve manter uma 
distância mínima e ficar fora do fluxo laminar.
Quando a operação termina, deve-se estar atento à transferên-
cia do paciente. A equipe de enfermagem deve preparar a sala para 
limpeza intermediária ou final só depois que o anestesista e sua equi-
pe receberem o apoio necessário e o resumo final da operação tiver 
sido feito.
1.4.3 Cuidado pós-operatório
O reprocessamento dos instrumentos começa assim que o material 
chega à unidade central de esterilização. Todos os passos pelos quais 
passa um instrumento, do uso ao reuso, estão ilustrados no ciclo de 
vida dos instrumentos (Fig. 1.4-1). Cada passo deve ser totalmente 
completado para garantir a esterilização. Se ascondições não forem 
atendidas de modo satisfatório durante uma das fases, os instrumen-
tos devem ser considerados não estéreis, e o processo total de des-
contaminação deve ser repetido.
Uso
Transporte
Processo de 
descontaminação
Controle e 
montagem
EmbalagemEsterilização
Transporte
Armazenamento
Transporte
Figura 1.4-1 Ciclo de vida dos instrumentos.
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1.4 Instrumentação
63
Processo de descontaminação
A descontaminação é um procedimento rígido e padronizado. É uma 
combinação de processos que inclui limpeza, desinfecção e/ou esteri-
lização para tornar um equipamento médico seguro para uso posterior. 
O objetivo é manter a funcionalidade do instrumento e reduzir micror-
ganismos, sujeira, substâncias químicas, corrosão e outros possíveis re-
síduos da superfície do equipamento de modo que seja higienicamente 
seguro tanto para o paciente quanto para a equipe do centro cirúrgico. 
A garantia de qualidade desse processo reduz o risco de infecção.
A corrosão pode ser consequência de um processo de descon-
taminação incorreto. Instrumentos cirúrgicos de alta qualidade são 
resistentes à corrosão (ver Seção 1.5). A resistência à corrosão de-
pende da condição da camada de passivação na superfície do instru-
mento, que protege o metal por baixo. Essa camada pode ser destru-
ída por danos mecânicos, químicos ou térmicos devido a manuseio 
não profissional.
O material de que é feito um instrumento determina o tipo de 
descontaminação necessária. Apenas produtos reutilizáveis devem 
voltar para o ciclo de descontaminação. Apesar de alguns itens des-
cartáveis poderem ser desinfetados e esterilizados, seu reuso é proi-
bido, pois podem ser danificados no primeiro uso ou no processo de 
reesterilização.
Recomenda-se consultar o manual de instruções de um instru-
mento antes que ele volte para o ciclo de reciclagem, pois alguns 
instrumentos, sobretudo câmaras e ferramentas elétricas, têm exi-
gências especiais para descontaminação e manutenção e podem so-
frer sérios danos caso essas exigências não sejam cumpridas.
Separação do material
O processo de descontaminação começa com a limpeza inicial ime-
diatamente após o uso. Todos os instrumentos e conjuntos são então 
separados para limpeza e desinfecção manual ou automatizada.
Os instrumentos devem ser manuseados com cuidado para evi-
tar danos e lesões. Aqueles com vários componentes devem ser des-
montados (apesar de haver exceções, como as ferramentas elétricas, 
que devem ser lavadas fechadas e esterilizadas abertas). Materiais 
inadequados para lavagem à máquina precisam ser separados.
Deve-se ter cuidados especiais com alguns instrumentos:
 � Perfurocortantes: devem ser colocados em uma bandeja separada.
 � Canulados: devem ser verificados em busca de fios-guia esque-
cidos ou partículas estranhas restantes.
 � Corroídos: devem ser removidos, pois podem “contaminar” ou-
tros instrumentos.
 � Danificados: se o reparo não for possível, devem ser descartados 
em recipiente de lixo lacrado.
 � Para conserto: devem ser processados totalmente antes do reparo.
 � Delicados: deve-se evitar encher demais as bandejas para não 
esmagá-los.
O pessoal envolvido no processo de descontaminação tem de se 
proteger usando roupas de proteção adequadas, que incluem touca, 
máscara, óculos ou visor, avental resistente à água, com proteção com-
pleta para braços e corpo, e luvas de vinil resistentes (Fig. 1.4-2).
Figura 1.4-2 Proteção pessoal.
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64
1 Princípios do centro cirúrgico
Procedimento de limpeza-desinfecção
Limpar significa remover da superfície dos instrumentos todos os 
resíduos visíveis como poeira, manchas, sangue, tecidos e outros 
materiais. Desinfetar, por sua vez, é remover da superfície os micror-
ganismos patogênicos que podem causar infecção. 
Quatro fatores são essenciais para um procedimento adequado de 
limpeza-desinfecção:
 � Água: é necessária para remover sujeiras maiores dos instru-
mentos.
 � Ação mecânica: inclui a limpeza com pano, escovação, enxá-
gue ou vibração com ondas por ultrassom. A ação mecânica 
no processo automatizado é enxaguar e limpar com processo de 
spray.
 � Ação química: é fornecida por detergente misturado à água 
para matar patógenos. Gorduras e proteínas também são dissol-
vidas por detergentes, que podem conter aditivos para proteger 
a superfície dos instrumentos.
 � Calor: melhora o poder de diluição da água e do detergente. A 
temperatura correta deve ser escolhida para otimizar o procedi-
mento de limpeza e desinfecção. Se a temperatura for maior do 
que 45°C, sangue e resíduos de tecidos tendem a coagular. De-
tergentes alcalinos, por sua vez, precisam de temperatura mais 
alta para hidrolisar as proteínas.
O procedimento de lavagem termina com um enxágue com-
pleto e com secagem para remover totalmente qualquer resíduo ou 
detergente. O enxágue, de preferência com água de alta qualidade 
(baixa concentração de minerais), reduz o risco de manchas e cor-
rosão de instrumentos.
Limpeza automatizada
A descontaminação automatizada, comparada à manual, tem a van-
tagem de poder ter validade e diminuir o risco de incidentes com o 
pessoal. A validação é um procedimento documentado para obter, 
registrar e interpretar resultados necessários para estabelecer um 
processo consistente de produção de produtos que cumpram condi-
ções predeterminadas. Todo o processo é definido claramente com 
critérios mensuráveis. Para atender a esses critérios, devem ser reali-
zados controles de qualidade precisos e regulares.
A limpeza automatizada é realizada com lavadora/desinfetante. 
O ciclo de lavagem é seguido por desinfecção. Convém observar 
que é de extrema importância abastecer os carrinhos tendo o cuida-
do em expor todas as superfícies dos instrumentos.
O primeiro passo é enxaguar os instrumentos com água fria, de 
modo que toda a sujeira mais pesada seja removida. Acrescenta-se 
detergente ao processo de limpeza, sendo a temperatura escolhida 
de acordo com o tipo de detergente utilizado. A temperatura cos-
tuma ser abaixo de 45°C, apesar de detergentes alcalinos exigirem 
temperaturas mais altas. Se forem utilizados detergentes alcalinos, 
a água deve ser neutralizada para evitar corrosão. A duração e a 
temperatura da desinfecção dependem da quantidade de material, 
mas, em geral, o processo dura cerca de 10 minutos com temperatu-
ra próxima a 90°C.
Por fim, o processo de secagem dificulta a recontaminação das 
superfícies e minimiza o risco de corrosão e a formação de manchas 
de água.
Há vários tipos de lavadoras/desinfetantes. Um exemplo é a do 
tipo túnel (Fig. 1.4-3). Esse modelo permite que todos os equipa-
mentos contaminados entrem na máquina pelo lado não limpo da 
unidade central de esterilização e então saiam pelo lado limpo, de-
sinfetados e secos.
Todas as lavadoras/desinfetantes oferecem vários programas de 
acordo com diferentes tipos e quantidades de instrumentos, são 
fáceis de usar e podem lavar grandes quantidades de instrumentos. 
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1.4 Instrumentação
65
A lavadora/desinfetante do tipo túnel é dividida em comparti-
mentos, e cada parte do ciclo é realizada em um compartimento 
separado.
Limpeza manual
A limpeza manual deve ser restrita a itens que não podem ser pro-
cessados em lavadoras automatizadas. É difícil remover sangue e 
tecidos secos dos instrumentos; por isso, é altamente recomenda-
da uma “limpeza rápida” durante a cirurgia e logo após o uso. Se 
o material não puder passar por um imediato processo de descon-
taminação, pode-se imergi-lo em solução detergente adequada por 
período de tempo predeterminado ou enxaguá-lo em água corrente. 
Deve-se também ter o cuidado de evitar qualquer respingo. Além 
disso, a água deve estar abaixo de 45°C, pois proteínas coagulam a 
essa temperatura.
Emalguns países, no entanto, a limpeza manual é a única opção. 
Algumas ferramentas podem ajudar a tornar esse processo mais fácil. 
Escovas, com cerdas duras ou macias, disponíveis em tamanhos e for-
matos diferentes, podem ser usadas para remover resíduos da superfície 
ou do lúmen de instrumentos ocos. Já o uso de escovas de metal é proi-
bido, pois podem danificar a camada de passivação do instrumento. 
Para instrumentos mais delicados, devem-se usar esponjas e toalhas.
Pistolas spray também são uma forma eficiente para a limpe-
za de instrumentos ocos (Fig. 1.4-4a). Há diferentes bicos injetores 
disponíveis, que podem ser escolhidos de acordo com o instrumento 
e a superfície a ser limpa (Fig. 1.4-4b).
Após a limpeza, todos os instrumentos devem ser enxaguados 
com água abundante de alta qualidade. É importante observar que 
se deve usar roupas de proteção o tempo todo.
Figura 1.4-3 Lavadora/desinfetante do tipo túnel. ba
Figura 1.4-4a–b
a Pistola spray.
b Bicos injetores para pistola spray.
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66
1 Princípios do centro cirúrgico
Ferramentas elétricas
O tipo de ferramenta elétrica, o fornecedor e as instalações de 
descontaminação no hospital determinam qual método de limpe-
za deve ser realizado. O procedimento automatizado deve, porém, 
sempre ser utilizado quando disponível. Com relação às ferramentas 
elétricas, se puderem passar por lavadora automatizada, a conexão 
da mangueira ou as placas de contato da bateria devem ser cobertas 
por seus respectivos protetores.
Limpeza por ultrassom
A limpeza também pode ser realizada com ondas ultrassônicas. As 
ondas da lavadora ultrassônica quebram qualquer resíduo na super-
fície do instrumento, inclusive nos pontos de difícil acesso, permi-
tindo, assim, uma limpeza completa do equipamento. As ondas são 
produzidas pela “agitação” da água com uma frequência maior que a 
do som. A temperatura deve estar abaixo dos 45°C.
Ao utilizar um ultrassom, é essencial que toda a superfície do 
instrumento esteja em contato com a água. O uso da lavadora ul-
trassônica é recomendado para instrumentos de aço inoxidável pe-
quenos e delicados quando o processo automatizado não for adequa-
do. Já endoscópios, ferramentas elétricas e cabos de equipamentos 
elétricos nunca devem ser imersos na bacia do ultrassom ou em 
qualquer outra. No entanto, alguns componentes desses equipa-
mentos, quando feitos de aço inoxidável ou outro metal, podem ser 
imersos em água, e, portanto, na lavadora ultrassônica. Materiais 
mais macios, como bandagens EsmarchTM, absorvem as ondas e neu-
tralizam sua função, não devendo passar pela lavadora ultrassônica.
Controle e montagem
Finalizado o procedimento de limpeza-desinfecção, confere-se o re-
sultado. Se houver qualquer irregularidade, o processo todo deve ser 
repetido. Também é necessário vestir roupas de proteção do lado 
limpo da unidade de esterilização quando se manuseiam instrumen-
tos e conjuntos de equipamentos. Todos os equipamentos devem ser 
inspecionados para avaliar a presença de sujeira, sua funcionalidade 
e seus danos e verificar se estão completos e secos. Instrumentos 
molhados devem ser enxugados. Instrumentos danificados, não fun-
cionais e incompletos precisam ser retirados e substituídos. É impor-
tante observar que alguns instrumentos não funcionam adequada-
mente em alta temperatura; esses devem esfriar antes da verificação.
Pode-se fazer uma inspeção mais precisa dos instrumentos com 
uma lupa (Fig. 1.4-5). Pequenos danos, corrosão, articulações não 
funcionais, entre outros, podem ser detectados com essa inspeção. 
Se necessário, pode-se aplicar óleo adequado para lubrificar os ins-
trumentos. O óleo para lubrificação de instrumentos cirúrgicos deve 
ser livre de silicone, ter função antibacteriana e ser permeável ao 
vapor. Os instrumentos devem então ser colocados nas bandejas de 
instrumentos de acordo com as exigências institucionais. Instru-
mentos perfurocortantes e delicados devem ser protegidos, tendo-se 
o cuidado para que instrumentos mais pesados não fiquem em cima 
deles. Instrumentos com catracas devem ser esterilizados em posição 
aberta (não travada). Instrumentos com múltiplos componentes, 
por sua vez, devem ser montados, mas com cuidado de deixar suas 
peças frouxas. Após carregar a bandeja, deve-se preencher e assinar 
uma lista com os itens, e qualquer instrumento que esteja faltando 
deve ser registrado.
Figura 1.4-5 Inspeção 
detalhada com lupa.
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1.4 Instrumentação
67
Embalagem
Para embalar bandejas de instrumentos são utilizadas embalagens que 
podem ser lacradas com grampos ou etiquetas. Há embrulhos e sacos 
para conjuntos de equipamentos menores ou instrumentos isolados. 
Os sacos para instrumentos unidos devem ser de tamanho adequado 
e fechados corretamente. Em todos os casos, a embalagem externa 
deve indicar a data da esterilização, a data de validade, o conteúdo 
e todos os instrumentos ou implantes que faltam. Devem ser usados 
marcadores e rótulos especiais adequados para esterilização.
Esterilização
O processo de esterilização é escolhido de acordo com os equipa-
mentos a serem esterilizados. O calor úmido (vapor) é adequado na 
maioria dos casos. Para algumas peças de equipamentos, a esteriliza-
ção a gás é a única forma de esterilização adequada.
Todo o procedimento deve atender a muitos critérios rigida-
mente regulamentados de um procedimento de esterilização válido. 
O periódico controle de qualidade garante o bom desempenho do 
esterilizador. O ciclo de esterilização de cada carga deve ser registra-
do; qualquer interrupção no processo de esterilização, por qualquer 
que seja o motivo, deve ser indicada e registrada, devendo-se reini-
ciar todo o processo.
Devido à complexidade de todo o processo de descontaminação 
e esterilização e às rígidas condições que devem ser cumpridas, cada 
vez mais hospitais preferem contratar esse serviço. O serviço espe-
cializado desse processo não só reduz custos, mas também transfere 
em grande parte a responsabilidade pela validação e pelo rastrea-
mento. No entanto, pesquisas mostram que os usuários nem sempre 
ficam satisfeitos com a disponibilidade e a condição dos instrumen-
tos entregues. Em muitos casos, o motivo é a falha de comunicação 
entre o hospital e o centro de descontaminação. Assim, é importan-
te observar que depender de serviços externos tem aspectos positi-
vos e negativos.
Todos os profissionais da saúde envolvidos no cuidado e na ma-
nutenção de instrumentos cirúrgicos têm a responsabilidade de ga-
rantir tanto sua própria saúde e segurança quanto as dos pacientes e 
demais, evitando, assim, o risco de infecção.
1.4.4 Leituras complementares
AWMF Working Group for Hygiene in Hospital and Practice (2005) 
Hygiene in Hospital and Practice. 3rd ed. Wiesbaden: mhp-Verlag GmbH.
Gilmour D (2008) Instrument integrity and sterility: the perioperative 
practitioner’s responsibilities. J Perioper Pract 18(7):292-296.
Weinig F, Hahnen K (1999) Handbuch Sterilisation. Rüschlikon, 
Switzerland: 3M Innovation.
World Forum for Hospital Sterile Supply. Disponível em: www.wfhss.com
Huys J (2004) Cleaning of Equipment and Materials to be Sterilized. 
Renkum, the Netherlands: HEART Consultancy.
Agradecimentos
Agradecemos a June Pindard, Anne Kari Bo, Ma-Li Lee e Ling Fu 
Shaw por sua contribuição para o desenvolvimento desta seção.
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68
1 Princípios do centro cirúrgico
1.5 Implantes
1.5.1 Material Nicola Kildea, Jessica Hayes 69
1.5.1.1 Biocompatibilidade
1.5.1.2 Leituras complementares
1.5.2 Cuidado e armazenamento de implantes Judith Roberson 74
1.5.2.1 Ambiente de armazenamento
1.5.2.2 Princípios de cuidado e manuseio de implantes
1.5.2.3 Verificação e garantia de validade de implantes estéreis
1.5.2.4 Manuseio e rastreamento intraoperatório1.5.2.5 Leituras complementares
1.5.3 Implantes danificados e quebrados Nicola Kildea, Anna Wilkins 77
1.5.3.1 Remoção de implantes
1.5.3.2 Solução de problemas
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Autores Nicola Kildea, Jessica Hayes, Judith Roberson, Anna Wilkins
69
O objetivo dos implantes na fixação de fraturas é restaurar a integri-
dade estrutural e funcional do osso lesionado, estimulando-o tam-
bém a se consolidar. Atingir tal objetivo depende de uma interação 
complexa entre propriedades dos materiais, design da peça, exigências 
fisiológicas, manuseio do implante e condição de saúde do paciente.
1.5.1 Material Nicola Kildea, Jessica Hayes
Os materiais utilizados para fixação de fraturas incluem metais, polí-
meros degradáveis e não degradáveis, cerâmicas, cimentos de fosfato 
de cálcio bioabsorvíveis e cimentos não bioabsorvíveis, mas não se 
restringem a eles. Novos materiais para implantes (geralmente nes-
sas classes) são sempre pesquisados e desenvolvidos. 
Os materiais de implantes usados na fixação interna de fraturas 
devem atender a certos pré-requisitos mecânicos e biológicos. Pro-
priedades como segurança biológica (biocompatibilidade), resistên-
cia a corrosão, ductilidade, força, rigidez e resistência à fadiga devem 
ser consideradas na escolha do material de um implante. O metal 
oferece um bom grau dessas propriedades e é o material usado com 
maior frequência na manufatura de implantes para fixação interna. 
Os metais usados hoje na fixação de fraturas são aço inoxidável, titâ-
nio comercialmente puro (cpTi) ou ligas de titânio, como titânio-6% 
alumínio-7% nióbio (TAN) e titânio-15%molibdênio (Ti-15Mo).
Escolha do material de implante
A escolha do material depende, sobretudo, da função a ser desem-
penhada e da maneira como o implante será aplicado. A localização 
anatômica e a função requerida (p. ex., descarga de peso alta ou 
baixa, sistema com componente único ou múltiplos) também deter-
minarão o tipo de material a ser utilizado. Os materiais usados para 
fixação interna devem atender a várias exigências mecânicas fun-
damentais. Os principais aspectos a serem considerados são a rigi-
dez e a força do material, sua ductilidade e sua biopassividade. Essas 
características serão discutidas nas seções seguintes. Outros fatores, 
como economia, disponibilidade do implante, preferência do cirur-
gião e necessidades do paciente, também podem ser importantes na 
escolha do material a ser utilizado.
Aço inoxidável
Hoje o aço inoxidável é um dos biomateriais usados com maior fre-
quência em implantes de fixação interna. É um bom material para 
esse fim por ter excelentes propriedades mecânicas; é resistente à 
corrosão e tem maior custo-efetividade se comparado a outros mate-
riais adequados (apesar de isso não mais ser verdade quando se trata 
de implantes complexos de alta engenharia, como placas LCP (pla-
ca bloqueada, do inglês locking compression plate) e hastes especiais 
para tíbia, pois o custo do material é pequeno se comparado aos de 
fabricação e engenharia de cada peça). Também tem um histórico 
excelente, pois vem sendo usado e tendo sucesso há muitos anos em 
seres humanos como material de implante.
No entanto, há estudos que mostram reação alérgica a níquel. 
Estima-se que o aço inoxidável contenha de 1 a 2% de níquel, mas a 
relevância clínica dessa porcentagem não está clara. Em contraste, 
o cpTi e suas ligas metálicas têm a vantagem de não conter níquel 
no material a granel; assim, a sensibilidade ao níquel não é um pro-
blema. Para resolver essa questão, estão sendo desenvolvidos aços 
inoxidáveis livres de níquel, mas são mais caros do que o aço inoxi-
dável convencional.
Titânio comercialmente puro (cpTi)
O titânio também é um material de implante seguro que vem sen-
do usado há muitos anos. Devido à força, resistência à corrosão, 
aceitação por ossos e tecidos moles (boa biocompatibilidade), su-
perioridade em comparação ao aço inoxidável sob carga cíclica e 
excelente biopassividade, o cpTi, nos últimos anos, tem sido o ma-
terial mais usado em peças para fixação interna na Europa (apesar 
de o mesmo não ocorrer na América do Norte, com exceção de 
hastes). A densidade do titânio não ligado é menor do que a do 
inoxidável; essa menor densidade equivale a uma redução de peso 
de cerca de 50% quando se comparam materiais de volume seme-
lhante. Esse fato pode tornar os implantes de titânio mais confor-
táveis quando implantados no paciente. Além disso, comparado 
1.5 Implantes
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70
1 Princípios do centro cirúrgico
ao aço, o titânio também produz menos artefatos em imagens de 
ressonância magnética nuclear (RMN).
Ligas de titânio
Uma questão acerca do uso de titânio não ligado é sua aparente 
fraqueza quando usado em regiões de alta descarga de peso. Essa 
preocupação deixou de existir com a introdução das ligas de titâ-
nio. Nos últimos 25 anos, o TAN se tornou a primeira opção. A 
microestrutura do TAN fornece melhora na força do implante em 
comparação com a do cpTi, porém tem menor força tênsil e ducti-
lidade. Assim, as ligas de titânio, como o TAN, não são adequadas 
para fio de cerclagem, pois a baixa ductilidade significa que não 
possuem a maleabilidade necessária para fios. Essas ligas tendem 
a não ser utilizadas em áreas que precisam de muita conformação 
da peça e manipulação devido a microfissuras que podem ocorrer. 
Em contraste, a força e o baixo módulo de elasticidade das ligas 
de titânio são ideais para implantes que exijam alta resistência a 
estresse. As ligas têm propriedades de biocompatibilidade seme-
lhantes às do titânio e produzem menos artefatos nas imagens de 
RMN do que as do aço.
Resistência à corrosão
“A corrosão é um processo eletroquímico que resulta na destruição 
do metal pela liberação de metal iônico.”
A corrosão difere para sistemas de componentes únicos ou múl-
tiplos (p. ex., placa e parafuso). Se testados como aço inoxidável de 
elemento único, cpTi, TAN e Ti-15Mo são altamente resistentes 
à corrosão, mesmo na presença de fluidos biológicos; no entanto, 
sistemas multicomponentes são mais desafiadores (Fig. 1.5-1).
A resistência à corrosão de todos esses metais é atribuível à ca-
mada de óxido que se forma na superfície (imediatamente para o 
titânio e suas ligas). Essa camada de passivação oferece proteção 
dos elementos tóxicos encontrados no material bruto, evitando o 
excesso de difusão de oxigênio para dentro do material de base. A 
composição e a espessura dessa camada de óxido diferem de acordo 
com o material. Devido a essas diferenças, o filme óxido de passiva-
ção que se forma no titânio e em suas ligas é mais resistente à corro-
são e termodinamicamente mais estável do que o filme de óxido de 
cromo que se forma no aço inoxidável.
Para peças de fixação interna, a principal forma de erosão é a 
fricção que ocorre quando o micromovimento entre os componen-
tes adjacentes do implante se encontram (como quando a cabeça 
do parafuso se move em relação ao furo na placa). Esse micromovi-
mento pode resultar na produção de pequenas partículas metálicas 
de “atrito” em tecidos adjacentes, e, se for intenso o suficiente, pode 
causar falha na fixação. Com cpTi e suas ligas, os fragmentos de 
metal produzidos pelo micromovimento em geral resultam em partí-
culas metálicas relativamente grandes (da ordem de micrômetros) e 
com frequência produzem descoloração dos tecidos circunvizinhos. 
No entanto, devido ao fato de as partículas produzidas pela fricção 
do aço serem menores (nanopartículas), geralmente encontra-se 
disseminação, e partículas metálicas derivadas do aço podem ser en-
contradas no fígado, nos rins e no sistema linfático.
Figura 1.5-1 Corro-
são de placa de aço 
inoxidável.
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1.5 Implantes
71
Ductilidade
“A ductilidade de um material é o grau dedeformação permanente 
(plástica) que o material tolera antes de quebrar”, ou, em outras 
palavras, o grau em que um implante, como uma placa, pode ser 
conformado com segurança. Materiais com grande força, como as 
ligas de titânio e cpTi, oferecem menor ductilidade do que o aço; 
isso significa que uma placa de titânio geralmente não pode ser con-
formada com tanta facilidade quanto uma placa de aço inoxidável. 
No entanto, se comparado ainda ao aço inoxidável, o cpTi e suas 
ligas têm um módulo elástico mais próximo ao do osso; assim, a con-
centração local do estresse sobre o osso é reduzida com o uso destes 
últimos. As placas de titânio só devem ser dobradas uma vez, porque 
outras dobras podem causar perda de força na área; recomenda-se 
que os cirurgiões não dobrem placas de titânio pré-formado.
Força
Força é a capacidade de um material de resistir à aplicação de forças 
sem deformação. Assim, a força determina a quantidade de carga a 
que um implante pode resistir. “Para fixação interna, a resistência 
de um implante a cargas repetidas, que pode resultar em fadiga, é 
uma questão crítica.” A força do cpTi é aproximadamente 10% me-
nor do que a do aço; no entanto, um aumento na secção transversa/
espessura compensa a diferença na força. Apesar de o aço ser mais 
resistente a cargas isoladas do que o cpTi, este apresenta melhor 
desempenho em altas cargas cíclicas mais naturais repetidas.
1.5.1.1 Biocompatibilidade
Biocompatibilidade é a adequação do material à exposição a tecidos 
ou fluidos corporais no local de aplicação; ou seja, a forma como o 
organismo reage ao material implantado. O organismo é um am-
biente eletrolítico hostil que pode levar à corrosão de implantes. 
Materiais não biocompatíveis podem provocar reação ao corpo ex-
terno com encapsulamento fibroso e/ou inflamação.
A forma como o material afeta o organismo deve ser demons-
trada por testes e análises antes de serem aprovados por comitês de 
regulamentação para o implante no organismo. Os principais ma-
teriais usados para implantes de manejo de fraturas, definidos aqui, 
são considerados biocompatíveis e foram aprovados para uso em 
seres humanos. No entanto, de fato nenhum material é realmente 
biocompatível; a maioria dos materiais usados para fazer implantes 
ortopédicos tem alguns componentes tóxicos, porém a camada de 
passivação que ocorre naturalmente na superfície ajuda a formar um 
escudo entre esses elementos e o organismo. Convém destacar que 
todos os materiais são passíveis de corrosão e podem causar com-
plicações no organismo. Em geral, o cpTi e as ligas de titânio são 
considerados mais biocompatíveis do que o aço inoxidável, o que é 
também atribuível à camada de oxidação do material; além disso, há 
algumas evidências de que os implantes de titânio podem ser mais 
resistentes à infecção do que os de aço inoxidável.
Interface implante-tecido
A interface implante-tecido é o contato entre implantes e teci-
dos moles e ossos. Há diferentes reações teciduais, dependendo 
do metal de implante utilizado. Até o momento, os implantes de 
aço inoxidável são fabricados para clínicas com superfície lisa e 
espelhada; o cpTi e suas ligas, por sua vez, são produzidos com su-
perfície microáspera padronizada. Essa diferença na superfície do 
material produz diversas respostas biológicas devido às diferen-
ças resultantes de sua interface implante-tecido. No caso do aço 
inoxidável, devido à sua superfície ser lisa, pode ocorrer micro-
movimento na interface implante-tecido. Esse micromovimento 
pode levar à formação de uma cápsula fibrosa espessa e densa com 
um espaço preenchido por líquido. O espaço morto formado pela 
cápsula impede o acesso de qualquer mecanismo de defesa celular 
do organismo, criando um local ideal para possível crescimento 
de bactérias e posterior infecção. No entanto, em alguns casos, 
pode ser benéfico evitar a adesão de tecidos moles ao implante, 
como em cirurgia da mão, na qual é necessário o deslizamento 
dos tendões para que ocorra o movimento livre sobre os implan-
tes. O movimento dos tendões é amplo (de vários milímetros), e 
isso evita a formação de um espaço preenchido por líquidos. Na 
pediatria, a remoção de implantes é mais comum e costuma ser 
mais fácil remover implantes de aço inoxidável polido do que 
implantes de titânio (não polidos atualmente) (Fig. 1.5-2).
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1.6 Equipamentos
91
 � O feixe de raio X deve estar direcionado de modo que os resí-
duos vão em direção ao chão e não à equipe cirúrgica. Na práti-
ca, significa posicionar o tubo de raio X sob o paciente.
 � O receptor do intensificador de imagem deve ser mantido o 
mais próximo possível do paciente (Fig. 1.6-11), o que não só 
reduz os resíduos, mas também melhora a qualidade da imagem 
e reduz a dose de radiação.
 � Como a quantidade de resíduos produzida aumenta com o ta-
manho da área irradiada, é uma boa prática restringir o tama-
nho do campo à área que recebe a imagem.
 � A exposição da equipe pode ser limitada mantendo-se fisica-
mente o mais longe possível do feixe quando a imagem estiver 
sendo obtida.
 � Na projeção lateral, a fonte (ou seja, o tubo de raio X) em ge-
ral está do lado do cirurgião; a equipe cirúrgica deve ficar mais 
longe da fonte, e ninguém deve ficar logo atrás do receptor do 
intensificador de imagem, pois os raios X são voltados direta-
mente para o receptor.
 � Cirurgiões e assistentes que precisem ver o local cirúrgico du-
rante o uso do intensificador de imagem devem evitar a posição 
direta ao feixe (Fig. 1.6-12).
Intensifi-
cador de 
imagem
Tubo de 
raio X
Figura 1.6-11 Intensificador de imagem posi-
cionado o mais próximo possível do paciente.
Distância do paciente = 1 m
mSv/h em 0,5 m
0 m 0,5 m
3,2 mSv/h)
3,2 mSv/h)
3,2 mSv/h) 0,3 mSv/h
0,6 mSv/h
0,8 mSv/h)
1 m
mSv/h em 1 m
100 kV
1 mA
Tubo de raio X
Espessura do paciente = 18 cm
Figura 1.6-12 Eficácia da distância em relação à dose residual recebida de 
radiação.
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92
1 Princípios do centro cirúrgico
1.6.2.2 Documentação
Todo hospital deve ter um protocolo de segurança contra radiação 
como parte integral do programa de segurança e saúde ocupacional. 
Apesar de as regulamentações e práticas variarem em diferentes par-
tes do mundo, os seguintes princípios devem ser aplicados:
 � Políticas e procedimentos abordando a adesão a padrões, leis e 
regulamentações
 � O comparecimento no programa de conscientização para segu-
rança contra radiação é obrigatório para funcionários do hospital
 � Todos os funcionários expostos à radiação são registrados e re-
cebem dosímetro termoluminescente pessoal (DTL) para mo-
nitorar sua exposição à radiação:
 – A autoridade reguladora distribui um novo DTL a cada 2 
meses e relata os resultados
 – Os DTLs têm de ser usados na altura da cintura, abaixo do 
avental de chumbo
 � Manuseio de aventais de chumbo:
 – Aventais de chumbo têm etiqueta com número de identifi-
cação e são inspecionados anualmente
 – Os relatórios devem ser preenchidos pelo departamento do 
usuário
 – Os aventais de chumbo devem ser pendurados de forma ade-
quada em ganchos de metal quando não estiverem em uso
 � Placas informativas: todas as salas cirúrgicas com raio X/inten-
sificador de imagem devem ter placa visível e clara para alertar 
indivíduos de que tais equipamentos produzem radiação quan-
do operados
 � Deve-se criar uma lista de verificação para segurança contra radia-
ção para auxiliar na auditoria e na inspeção das áreas de radiação
 � Manuais de segurança contra radiação e descarte de material 
radioativo devem estar disponíveis na rede interna do hospital
 � Todos os equipamentos de raio X apresentam um “registro de 
uso” no qual constam as seguintes informações toda vez que a 
máquina é usada:
 – Data do uso
 – Nome do operador
 – Descrição do uso
 – Voltagem e corrente do feixe– Tempo do feixe ligado e desligado
 – Comentários sobre alterações na operação, reparos e outras 
informações pertinentes
Conclusão
O aumento no uso de raio X e intensificador de imagens é inevi-
tável na sala cirúrgica, tornando inevitável também a radiação no 
ambiente cirúrgico. O risco para pacientes e funcionários pode ser 
facilmente reduzido aderindo-se aos princípios centrais das reco-
mendações da ICRP, estando dentre elas: incentivar a conscienti-
zação entre os funcionários da saúde, entender os riscos de se traba-
lhar em área controlada, entender as responsabilidades individuais, 
praticar comportamentos corretos e entender as medidas de prote-
ção contra radiação disponíveis em seu contexto de trabalho.
1.6.2.3 Leituras complementares
Sutherland AG, Finlayson DF (1998) Screening times with image 
intensifier in orthopaedic trauma surgery. J R Coll Surg; 43:265–266.
Devalia KL, Guha A, Devadoss VG (2004) The need to protect the 
thyroid gland during image intensifier use in orthopaedic procedures. Acta 
Orthop Belg; 70(5):474–477.
International Commission on Radiological Protection (1990) 
Recommendations of the International Commission on Radiological Protection. 
No. 60:21:72–79.
The Department of PET and Nuclear Medicine at Royal Prince Alfred 
Hospital (2001) Introduction to radiation protection, dose limits and 
dose constraints, radiation and dose measurement, effects of radiation on 
humans, the system of radiation protection protocol, radiation safety and 
personal protection in diagnostic radiology. In: Personal Dosimetry, Revised.
The University of Iowa, Health Protection Office, Diagnostic X-Ray 
Procedures (2003) Radiation Safety Training Program, Revised.
US Environmental Protection Agency (2004) Understanding Radiation, 
Ionizing and Non-Ionizing Radiation. Washington, DC: EPA.
US Nuclear Regulatory Commission (2005) What is radiation? www.
nrc.gov
US Nuclear Regulatory Commission (2003) How can exposure to 
radiation be minimized? www.nrc.gov
 Porteous_livro.indb 92 Porteous_livro.indb 92 04/12/12 10:2704/12/12 10:27
1.6 Equipamentos
93
1.6.3 Garrote pneumático Poh Yan Lim, 
Merng Koon Wong
O garrote inflável (pneumático) foi desenvolvido por Harvey 
Cushing em 1904. Para comprimir os vasos sanguíneos de uma ex-
tremidade, foi introduzido gás comprimido em uma bexiga cilín-
drica. O aparelho tem duas vantagens se comparado ao garrote de 
Esmarch: é mais rápido de colocar e tirar e apresenta incidência 
significativamente menor de paralisia de nervos.
O uso de dois garrotes para administração de anestesia segmen-
tar foi introduzido por August Bier em 1908. No procedimento com 
dois garrotes, a circulação é isolada em uma porção da extremidade, 
e o anestésico local é administrado via intravenosa. A anestesia re-
gional intravenosa é comumente chamada de bloqueio de Bier (ver 
Seção 1.1).
No início da década de 1980, sistemas eletrônicos de garrote 
(também chamados garrotes computadorizados ou controlados por 
microprocessador) foram introduzidos por James McEwen. Esses 
garrotes automáticos são mais seguros e confiáveis do que os antigos 
sistemas mecânicos regulados por pressão.
Um garrote pode ser definido como um equipamento de cons-
trição ou compressão usado para controlar circulação arterial e ve-
nosa para uma extremidade por um determinado período. É aplica-
da uma pressão circunferencial sobre a pele e os tecidos subjacentes 
de um membro. A pressão é transferida para as paredes dos vasos 
sanguíneos, ocluindo-os temporariamente. Em contexto cirúrgico, o 
garrote é usado após um procedimento de exsanguinação para criar 
um campo operatório quase sem sangue.
1.6.3.1 Tipos de garrotes
Há dois tipos de garrotes:
 � Garrotes não infláveis (não pneumáticos) feitos de borracha ou 
tecido elástico. Seu uso cirúrgico é hoje limitado. Para cuidado 
pré-hospitalar de paciente com trauma em uma extremidade, 
o garrote não pneumático pode ser usado como último recurso 
para controle de hemorragia.
 � Os garrotes pneumáticos usam um manguito inflado com gás 
para constringir o fluxo de sangue. Esse método não difere dos 
manguitos medidores de pressão sanguínea. No entanto, os gar-
rotes pneumáticos usados em salas de cirurgia têm manguitos 
cuja pressão tem controle eletrônico. Todos os manguitos va-
zam um pouco, e é necessário bombear pequenas quantidades 
de gás no sistema para manter a pressão do manguito durante 
a operação. O uso de manguito com controle eletrônico, que 
faz o bombeamento automático, permite o controle preciso da 
pressão do manguito (Fig. 1.6-13).
Figura 1.6-13 Monitor de garrote para dois membros.
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94
1 Princípios do centro cirúrgico
Contraindicações
Os riscos de usar um garrote para oclusão vascular temporária du-
rante um procedimento cirúrgico deve ser avaliado antes da aplica-
ção. Já o uso de garrotes em membros com vascularidade compro-
metida deve ser evitado.
As situações nas quais o uso de garrotes é contraindicado in-
cluem as seguintes:
 � Infecção
 � Fraturas expostas
 � Fresagem intramedular da tíbia
 � Tromboembolismo venoso
 � Tumor distal ao garrote
 � Reconstrução de longa duração pós-trauma de mão
 � Lesões graves por esmagamento
 � Circulação vascular comprometida, como doença arterial pe-
riférica
 � Extremidades usadas para diálise
 � Diabetes melito
 � Anemia falciforme
 � Enxertos cutâneos nos quais todos os pontos de sangramento 
devem ser identificados prontamente
Há algumas evidências de que o uso de garrote pode retardar a 
cicatrização pós-operatória. Essa é, no entanto, uma questão con-
troversa, e a equipe cirúrgica tem de considerar os benefícios de um 
campo sem sangue e do tempo cirúrgico reduzido em comparação 
com o risco percebido.
1.6.3.2 Precauções de uso
 � O sistema do garrote deve ser mantido bem calibrado e funcional. 
Os acessórios devem ser checados com regularidade para verificar 
ocorrência de vazamentos e outros defeitos antes de cada uso.
 � A exsanguinação cuidadosa e completa prolonga o tempo do 
garrote sem dor e melhora a qualidade da anestesia regional in-
travenosa.
 � A exsanguinação com o uso de bandagem elástica ajuda a con-
seguir um campo cirúrgico sem sangue, porém é contraindicada 
na presença de infecção, fraturas e tumores malignos. Elevar o 
membro por pelo menos 30 segundos é suficiente para permitir 
que o sangue venoso saia da extremidade.
 � O manguito do garrote deve ser aplicado na posição correta no 
membro:
 – Para o braço e a coxa, as posições ideais são o terço proxi-
mal da extremidade.
 – Para a perna, deve ser colocado sobre a panturrilha em seu 
ponto de maior circunferência.
 � Um garrote nunca deve ser colocado sobre a área do nervo fi-
bular comum na parte proximal da panturrilha ou diretamente 
sobre as articulações do joelho ou do tornozelo. Um manguito 
que foi inflado não deve ser ajustado com movimento de rota-
ção, pois produz forças de cisalhamento que podem danificar os 
tecidos subjacentes.
 � A isquemia prolongada pode acarretar dano temporário ou per-
manente a tecidos, vasos sanguíneos e nervos. Pode haver para-
lisia por garrote devido à pressão excessiva em nervo periférico. 
Pressão insuficiente no manguito pode resultar em congestão 
passiva no membro e precipitar síndrome do compartimento, 
com possível perda irreversível de função. Tempo prolongado 
com garrote também pode produzir alterações na capacidade e 
no aumento do tempo de coagulação do sangue.
 � O garrote deve ser inflado rapidamente para ocluir ao mesmo 
tempo tanto artérias quanto veias, de modo a evitar congestão 
venosa.
 � Caso não se consiga um campo livre de sangue, a pressão do 
manguito do garrote pode ter aumentos graduais de 25 mmHg 
até que a área de operação esteja suficientemente livre de san-
gue. Às vezes, é melhor desinflar o manguito e repetir a ex-
sanguinação do membro antes de inflar de novo o garrote. É 
importante observarque inflar novamente um sistema venoso 
cheio de sangue pode levar à trombose intravascular.
 � Funcionários que usam garrotes devem ter experiência na se-
quência inflar-desinflar ao usar um garrote com manguito duplo 
para anestesia regional intravenosa.
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1.6 Equipamentos
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 � Deve-se escolher o tamanho adequado do manguito para cada 
indivíduo, de modo a permitir sobreposição em 5 a 10 cm da 
porção inflável do manguito. Sobreposição muito alta pode le-
var a rolamento ou telescopagem do manguito, podendo levar 
à distribuição indesejada de pressão sobre o membro. Um man-
guito muito curto, com pouca sobreposição da porção inflável, 
produz distribuição desigual da pressão e pode levar a afrouxa-
mento do manguito ou incapacidade de manter a oclusão.
 � A pele sob o manguito do garrote deve ser protegida com acol-
choado leve, como duas camadas de uma meia elástica. A apli-
cação sem dobras do manguito ajuda a evitar lesões mecânicas 
aos tecidos subjacentes (Fig. 1.6-14a–b). O manguito desinfla-
do e todas as bandagens subjacentes devem ser removidos com-
pletamente assim que a pressão foi liberada. Mesmo o menor 
impedimento do retorno venoso pode provocar congestão e 
acúmulo de sangue no campo operatório.
 � Se forem usadas preparações para a pele no pré-operatório, não 
se deve deixar que escorram e se acumulem sob o manguito, 
pois podem provocar queimaduras químicas. Recomenda-se o 
uso de um curativo oclusivo ou de proteção com fita impermeá-
vel (Fig. 1.6-14c).
 � Quando a pressão do manguito do garrote é liberada, a ferida 
deve ser protegida do sangue que flui de volta para o membro 
usando-se curativos adequados ou, se necessário, elevando-se o 
membro. Dor transitória após a liberação da pressão do garrote 
pode ser reduzida elevando-se o membro. Se a cor da pele não 
voltar ao normal em 3 a 4 minutos após a liberação do garrote, 
o membro deve ser posicionado ligeiramente abaixo do nível 
do corpo.
 � Quando é administrada anestesia regional intravenosa, o garro-
te deve permanecer inflado por pelo menos 20 minutos a partir 
do tempo da injeção (ver Seção 1.1).
cba
Figura 1.6-14a-c
a Acolchoamento macio para proteção da pele.
b Aplicação sem dobras do manguito do garrote.
c Proteção antifluidos com fita impermeável.
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1 Princípios do centro cirúrgico
Efeitos adversos
Pode ocorrer dor de garrote em todo o membro após o uso do garro-
te. Alterações fisiopatológicas devido à pressão, hipoxia, hipercar-
bia e acidose de tecidos podem ocorrer, e a frequência de compli-
cações significativas tem aumento após aproximadamente 1 hora 
e meia de uso dos garrotes. Os sintomas de paralisia do garrote são 
paralisia motora e perda da sensação de tato, assim como pressão e 
respostas cinestésicas.
Cuidados e complicações pós-operatórias
Após a remoção do garrote, o paciente deve ser observado e moni-
torado por pelo menos 15 minutos para excluir o risco de complica-
ções, que podem incluir:
 � Lesão local na pele, nos músculos, nos nervos e nos vasos sob 
o garrote
 � Lesão vascular, congestão venosa ou êmbolo distal ao local do 
garrote
 � Hematoma e edema
 � Síndrome do compartimento
 � Embolia pulmonar
1.6.3.3 Uso de garrotes
Operação com manguito único
A unidade é conectada a uma saída de eletricidade e executará um 
teste diagnóstico de verificação quando ligada:
 � Não se deve colocar o garrote se a pele estiver em más condi-
ções ou com bolhas.
 � Deve-se usar a pressão mínima efetiva. A pressão é determina-
da pela pressão sistólica pré-operatória e pelo aumento máximo 
previsto na pressão sistólica durante o procedimento. A pressão 
precisa ser mais alta na perna do que no braço, e mais alta em 
membros com muito tecido adiposo.
 � Deve-se usar um manguito livre de vazamentos e sem dobras. A 
saída da válvula e as conexões devem ser posicionadas de modo 
que a mangueira não se dobre quando o membro for posicio-
nado para a cirurgia. O membro é então preparado, e é feito o 
isolamento do campo cirúrgico.
 � O tempo do garrote depende em grande parte da anatomia e da 
idade do paciente e da ausência de doença vascular. O cirurgião 
determina:
 – Quando o garrote deve ser inflado
 – Com qual pressão
 – Por quanto tempo
 – Se deve permitir ou não a aeração intermitente dos tecidos 
desinflando o manguito por 10 a 15 minutos
 – Em que momento durante a cirurgia o garrote deve ser li-
berado
É consenso que para adultos razoavelmente saudáveis o uso de 
garrotes é seguro por cerca de 1 hora e meia, não devendo, porém, 
exceder 2 horas sem a liberação do garrote, pois deve-se permitir a 
oxigenação dos tecidos subjacentes. Durante esse tempo, o membro 
deve ser elevado em aproximadamente 60°, aplicando-se pressão 
constante na incisão com curativos estéreis.
 � O manguito é inflado até uma pressão predeterminada, e o mar-
cador de tempo é reiniciado.
 � Ao fim do procedimento, o manguito é desinflado.
 � Recomenda-se que o manguito do garrote e qualquer bandagem 
subjacente sejam retirados imediatamente após o esvaziamento 
final. O momento de remoção do manguito deve ser anotado, e 
a circulação do membro deve ser verificada. O tempo total do 
garrote deve ser registrado.
Operação com manguito duplo
A operação da unidade é idêntica à da operação com manguito úni-
co, exceto pelos seguintes aspectos:
 � Ambos os manguitos são conectados na parte de baixo da unidade.
 � O esvaziamento do segundo manguito não é possível enquanto 
o primeiro estiver inflando.
 � Ao inflar o segundo manguito com o outro manguito já inflado, 
a unidade verificará continuamente o manguito original para 
garantir que a pressão esteja dentro dos limites permitidos. A 
unidade parará de inflar e manterá o manguito original dentro 
de 10 mmHg do ponto de ajuste antes de retornar para o man-
guito que está sendo inflado. Isso garante que pelo menos um 
manguito mantenha a oclusão durante todo o tempo.
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1.6 Equipamentos
97
Formato do manguito
O manguito padrão retangular (ou cilíndrico) é projetado para se 
adaptar corretamente em membros de formato cilíndrico. No en-
tanto, os membros dos indivíduos podem ser cônicos (particular-
mente naqueles muito musculosos ou obesos), o que pode resultar 
em má adaptação, deslizamento distal no membro durante o proce-
dimento e incapacidade de se conseguir campo livre de sangue em 
pressão normal caso sejam usados os manguitos retangulares padrão 
(Fig. 1.6-15).
Manguitos curvos têm formato arqueado e atingem diâmetro 
menor na parte distal ao envolver o membro. Esses manguitos au-
mentam o conforto para pacientes com membros em formato mais 
cônico e reduzem o risco de cisalhamento mecânico. Os garrotes 
curvos ocluem o fluxo sanguíneo em pressão mais baixa do que os 
manguitos retangulares padrão de mesma largura, o que pode ser 
atribuído a melhor adaptação do manguito e transmissão mais efi-
ciente de pressão para tecidos mais profundos.
Largura do manguito
Deve-se escolher um garrote com manguito o mais largo possível. 
Um manguito com bexiga maior oclui o fluxo sanguíneo com menor 
pressão do que um com bexiga mais estreita. A pressão menor pode 
reduzir o risco de lesão decorrente da pressão. É importante ter cuida-
do especial na seleção de um manguito de largura correta para adultos 
de compleição física menor e para pacientes pediátricos para que as 
bordas do manguito não fiquem próximas às articulações do membro.
Manguitos descartáveis versus reutilizáveis
Há manguitos estéreis descartáveis disponíveis para situações que 
exijam a colocação de um garrote estéril próximo ao local cirúrgico 
(p. ex., quando houver risco de contaminação pelo manguito devi-
do à exposição a sangramento excessivo).
Manutenção do sistema de garrote
Todo sistema de garrote é projetado efabricado de acordo com altos 
padrões industriais; recomenda-se fazer calibração e inspeção perió-
dicas para garantir que sua operação seja sempre segura e eficaz.
Manutenção periódica
A unidade deve ser inspecionada por um técnico qualificado em in-
tervalos de seis meses e deve ser submetida a verificações funcionais 
e de calibração.
Descontaminação
 � A parte externa da unidade pode ser limpa com um pano ume-
decido e com detergente adequado.
 � As mangueiras externas do manguito podem ser limpas com 
uma solução adequada de detergente ou álcool.
 � As mangueiras internas do manguito não devem ser limpas.
 � O manguito deve passar por processo de descontaminação de 
acordo com as instruções do fabricante.
Figura 1.6-15 Manguito cilíndrico 
padrão (esquerda); manguito do 
garrote largo para perna (direita).
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98
1 Princípios do centro cirúrgico
Teste para vazamento
A maioria dos sistemas de garrote pneumático é capaz de manter 
inflado um manguito com vazamento substancial. No entanto, 
recomenda-se manter os vazamentos ao mínimo. Por esse motivo, 
é importante verificar se há vazamento significativo em intervalos 
regulares e após qualquer procedimento.
Guia de solução de problemas
Unidades de garrote automáticas vêm com um conjunto de cartões 
para referência rápida, com instruções para uso e para ajudar quando 
houver problemas. Esses cartões definem várias possíveis disfunções 
que podem ocorrer com a unidade e as causas mais prováveis para 
cada problema.
Conclusão
O uso de garrote pneumático para produzir um campo cirúrgico sem 
sangue põe o paciente em risco de complicações. Alguns pacien-
tes, devido a seu tamanho, sua idade ou condição física, têm maior 
probabilidade de ter resposta desfavorável ao uso de um garrote 
pneumático. Como a maioria das complicações está relacionada à 
pressão, é importante estabelecer as seguintes medidas preventivas:
 � Realizar uma avaliação pré-operatória adequada do paciente
 � Garantir que o visor mostre a pressão correta
 � Usar um manguito com tamanho e encaixe adequados e que 
possa manter a oclusão do fluxo sanguíneo arterial com uma 
pressão mínima efetiva
 � Determinar com precisão a pressão sistólica
 � Atentar para a pressão do manguito
 � Informar o cirurgião regularmente sobre o tempo decorrido com 
o garrote
Os médicos são responsáveis por determinar a pressão correta 
do manguito e o tempo do garrote, porém a ECC compartilha essas 
responsabilidades. Além disso, a ECC assume a responsabilidade 
pela manutenção do manguito e de seus acessórios para garantir a 
função adequada e a segurança do paciente.
1.6.3.4 Leituras complementares
Tubing misconnections: A persistent and potentially deadly occur-
rence. Sentinel Event Alert; April 3, 2006:36.
Crenshaw AG, Hargens AR, Gershuni DH, et al (1988) Wide 
tourniquet cuffs more effective at lower inflation pressures. Acta Orthop 
Scand; 59:447-451.
Estebe JP, Naoures AL, Chemaly L, et al (2000) Tourniquet pain in a 
volunteer study: effect of changes in cuff width and pressure. Anaesthesia; 
55:21-26.
Pedowitz RA, Gershuni DH, Botte MJ, et al (1993) The use of lower 
tourniquet inflation pressures in extremity surgery facilitated by curved 
and wide tourniquets and an integrated cuff inflation system. Clin Orthop 
Relat Res; 287:237-244.
Younger AS, McEwen JA, Inkpen K (2004) Wide contoured thigh 
cuffs and automated limb occlusion measurement allow lower tourniquet 
pressure. Clin Orthop Relat Res; 428:286-293.
Lieberman JR, Staheli LT, Dales MC (1997) Tourniquet pressures on 
pediatric patients: a clinical study. Orthopedics; 20:1143-1147.
Wakai A, Wang JH, Winter DC, et al (2001) Tourniquet-induced 
systemic inflammatory response in extremity surgery. J Trauma; 51:922-
926.
AORN (2007) Standards, Recommended Practices, and Guidelines. Denver: 
AORN Inc.
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1.6 Equipamentos
99
1.6.4 Fornecimento de ar e energia 
Poh Yan Lim, Siew Hong Lau, Donna Russell-Larson
Equipamentos de energia
Hoje temos o privilégio de ter uma seleção de instrumentos de ener-
gia (ferramentas) no mercado. Os instrumentos de energia podem 
ser movidos a ar comprimido, bateria ou eletricidade, e podem ser 
controlados manualmente ou com o uso de um pedal. Alguns são 
para uso específico e especializado, como para remoção de cimento, 
enquanto outras oferecem uma combinação de opções de desempe-
nho. Sistemas como o perfurador radioluzante da Synthes oferecem 
ao cirurgião opções para serrar, furar e fresar, tudo isso em um único 
sistema. Qualquer que seja a escolha, há vantagens e desvantagens.
A seleção de instrumentos de energia para uso na sala de cirur-
gia depende de:
 � Tipo de cirurgia
 � Preferência do cirurgião
 � Versatilidade dos equipamentos
 � Restrições orçamentárias do departamento (provavelmente o 
fator mais importante)
Um sistema que possa ser usado por múltiplos serviços na sala 
de cirurgia (p. ex., ortopedia, neurocirurgia e cirurgia craniomaxilo-
facial) seria custo-efetivo e ideal; no entanto, isso raramente ocorre. 
Assim, ao escolher equipamentos de energia de qualquer fabricante, 
as questões a serem consideradas são a versatilidade do produto, ga-
rantias e custo-eficácia.
Devido ao alto custo dos equipamentos de energia, é essencial 
que a equipe da sala de cirurgia e/ou os responsáveis pelos equipa-
mentos de energia tenha treinamento adequado para seu uso, cuida-
do e manutenção. Formação continuada de funcionários e adesão às 
diretrizes dos fabricantes prolongam a vida útil das ferramentas de 
energia e diminuem seu custo geral de manutenção.
Critérios de desempenho
São várias as características dos equipamentos de energia. As se-
guintes opções devem ter cuidadosa consideração ao selecionar no-
vos equipamentos:
Serra: reciprocante versus oscilante
Uma serra oscilante se move de um lado para o outro, enquanto 
uma reciprocante se move para frente e para trás. As lâminas para 
cada tipo estão disponíveis em vários formatos e tamanhos para que 
possam ser usadas tanto em macro quanto em microcirurgias (para 
ossos grandes e pequenos, respectivamente).
Perfuração: padrão versus alta velocidade
Ferramentas de energia para perfuração usam alta velocidade e bai-
xo torque. Em geral, o perfurador de velocidade-padrão é usado para 
perfurar um osso para a inserção de um parafuso. A ponta do per-
furador é presa com um adaptador de encaixe rápido ou mandril e 
chave universais. O mandril universal também pode ser usado para 
inserir um fio de Kirschner ou um pino de Steinmann, apesar de um 
perfurador adicional ser mais versátil.
Um perfurador de alta velocidade (50.000 a 100.000 rpm) pode 
ser usado para cortar ou “polir” o osso usando fresas de corte ou 
polimento (diamante) e/ou brocas finas. Perfuradores de alta ve-
locidade também são usados com fresas e anexos específicos para 
cortar metal e remover cimento ósseo. Alguns perfuradores elétricos 
de alta velocidade podem requerer o uso de proteção para a fresa de 
comprimento e tamanho adequados a fim de proteger contra quebra 
e/ou desconexão inesperada da fresa do corpo da ferramenta.
Mandrilagem
Ferramentas elétricas com capacidade de fresagem funcionam em 
baixa velocidade e alto torque. Muitos sistemas elétricos têm um 
anexo que oferece essa possibilidade. A função de fresagem é usada 
com ferramentas específicas de corte para ampliar, aumentar ou dar 
forma ao osso, podendo-se citar como exemplo fresagens intramedu-
lares para inserção de hastes. Muitos instrumentos projetados para 
fresagem usam acoplamentos específicos, e o tipo e a quantidade 
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100
1 Princípios do centro cirúrgico
de adaptadores necessários para conectá-los ao corpo do perfurador 
precisa ser considerado.
Especialização
Ferramentas projetadas especificamentepara a dissecção fina de 
ossos, para corte de metais e plásticos e para remoção de cimento 
ósseo fazem parte de uma nova variedade de ferramentas de energia 
de alto nível de especialização.
Fonte de energia
Ao selecionar uma ferramenta de energia, deve-se considerar o tipo 
de fonte de energia necessária. As três fontes possíveis são ar ou 
nitrogênio comprimido, bateria e eletricidade.
Ar ou nitrogênio comprimido
A vantagem do uso de uma ferramenta movida com ar comprimido 
(ou nitrogênio) é logicamente que ela não precisa de energia elé-
trica. Esse pode ser um fator decisivo no caso de hospitais sujeitos 
a quedas de energia. Os sistemas pneumáticos oferecem ao cirur-
gião grande potência, além de minimização do peso do instrumento. 
Vale destacar que uma ferramenta movida a ar é controlada por um 
gatilho manual ou por pedal.
Ao escolher ferramentas movidas a ar, a fonte de ar comprimido 
precisa ser avaliada. Será um suprimento por tubulação interna na 
sala de cirurgia ou proveniente de um cilindro de gás portátil? Ao 
usar suprimento interno, a mangueira de ar será comprida o sufi-
ciente para dar conta da distância entre a saída na parede e o campo 
cirúrgico? Se forem usados cilindros de gás, onde serão armazena-
dos? São facilmente acessíveis para a equipe? Quem será responsável 
por recarregar os cilindros vazios? Além disso, a equipe deve ser trei-
nada para o transporte e o uso adequados de cilindros de ar.
Todos os equipamentos movidos a ar usam uma mangueira que 
pode ser incômoda; além disso, apresentam maior risco de contami-
nação durante cirurgias do que ferramentas movidas à bateria. As fer-
ramentas a ar devem ser usadas com o limite de pressão recomendado 
pelo fabricante (geralmente 90 a 100 psi), evitando, assim, danos ao 
mecanismo interno do corpo da ferramenta, aos anexos e à manguei-
ra de ar. É importante observar que ferramentas a ar nunca devem 
ser operadas com oxigênio devido ao risco de explosão (Fig. 1.6-16).
Bateria
Ferramentas movidas à bateria têm a vantagem de não precisar de 
cabo de força conectado ao corpo da ferramenta, o que, no entanto, 
aumenta seu peso. Esses instrumentos precisam de um carregador 
de bateria elétrico, que deve ser armazenado em local fresco com 
acesso a tomadas (Fig. 1.6-17). O ideal é usar tomadas conectadas 
ao gerador de emergência em caso de queda de energia. As informa-
ções sobre a vida útil da bateria, o número provável necessário para 
determinado procedimento e o tempo necessário para recarregá-las 
ajudam a determinar a quantidade de baterias e carregadores a se-
rem comprados.
Há dois tipos de baterias disponíveis: as que são esterilizadas (de 
acordo com as diretrizes do fabricante) antes do uso e as usadas sem 
esterilização. As sem esterilização são colocadas em um invólucro 
estéril antes do uso; esse invólucro permanece fechado durante toda 
a operação, e nunca deve ser submerso em água.
Figura 1.6-16 Ferramentas movidas a ar.
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1.6 Equipamentos
101
Eletricidade
Ferramentas elétricas são semelhantes às pneumáticas por prescindi-
rem de um cabo de eletricidade ligado ao seu corpo para serem usa-
das. As ferramentas elétricas podem ser controladas por pedal, gati-
lho no corpo da ferramenta ou ambos. Algumas oferecem uma ampla 
gama de velocidades com características constantes ou intermitentes 
de irrigação. Geralmente são leves, com formato ergonômico e fáceis 
de usar. Também são capazes de realizar tarefas multifuncionais para 
muitos serviços na sala de cirurgia. A maioria precisa de um controle 
elétrico, no qual se liga o cabo de eletricidade. É importante ainda 
que o comprimento do cabo elétrico seja considerado ao se escolher 
um sistema, permitindo o planejamento eficaz da organização da sala 
de modo a criar uma posição adequada do console e de possíveis 
extensões do cabo de eletricidade (Fig. 1.6-18).
Cuidado e manutenção
Ferramentas elétricas são máquinas complexas usadas extensiva-
mente. Cuidado e manutenção adequados são essenciais para evitar 
danos onerosos. Ao comprar uma ferramenta ou um sistema elétri-
co, sempre devem ser consideradas tanto a política de manutenção 
quanto a de garantia do fabricante, e, ainda, a forma como as dire-
trizes de esterilização do fabricante se adéquam às políticas de es-
terilização da instituição. Vale destacar aqui que algumas empresas 
oferecem programas de instrução e outros suportes para a equipe da 
sala cirúrgica.
Criar um cronograma de serviço permite o desempenho ideal 
de uma ferramenta elétrica e prolonga sua vida útil. O mais im-
portante é que, ao seguir as recomendações do fabricante em rela-
ção a uso e cuidado da ferramenta elétrica, promove-se segurança 
e evitam-se problemas. O treinamento adequado do pessoal com 
educação continuada em serviço é outro fator crucial para proteger 
esses instrumentos. Além disso, é útil criar uma lista de verificação 
de competências que inclua uma demonstração de cuidado e uso de 
ferramentas elétricas para avaliar o conhecimento do pessoal sobre 
uma ferramenta ou um sistema elétrico.
Figura 1.6-17 Ferramenta movida à bateria. Figura 1.6-18 Ferramenta elétrica.
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102
1 Princípios do centro cirúrgico
Precauções de limpeza
Sempre que possível, as ferramentas elétricas, assim como outros 
equipamentos, devem ser lavadas em lavador/sanitizador automáti-
co, de acordo com as diretrizes do fabricante (ver Seção 1.4). Se for 
necessário lavar as ferramentas elétricas à mão por qualquer motivo, 
deve-se considerar o seguinte:
 � O corpo da ferramenta, mangueiras ou anexos nunca devem ser 
imersos.
 � O corpo da ferramenta (a menos que possa ser fechado) nunca 
deve ser limpo com alvejante, detergentes à base de cloro, de-
sinfetantes líquidos ou químicos ou produtos que contenham 
hidróxido de sódio, pois degradam a cobertura anodizada.
 � Deve-se certificar de que a solução de lavagem não entre na 
entrada de ar.
 � Não se deve usar objetos perfurantes para a limpeza.
 � Os anexos do corpo da ferramenta devem ser removidos antes 
da limpeza.
 � Todos os anexos canulados devem passar por um enxágue com-
pleto utilizando escovas recomendadas para a limpeza (fios) 
(Fig. 1.6-19).
 � Todas as partes móveis dos anexos e o corpo da ferramenta devem 
ser manipulados para garantir que os resíduos sejam removidos.
 � Após a limpeza, os anexos devem ser enxaguados em água cor-
rente para remover agentes de limpeza, e então enxaguados com 
água destilada para evitar descoloração do metal (Fig. 1.6-20).
 � Os anexos devem ser suavemente agitados para retirar a água; 
sua superfície deve ser enxugada com uma toalha limpa que não 
solte fiapos.
Antes da esterilização, todas as ferramentas devem passar pelos 
seguintes procedimentos:
 � Após cada uso e limpeza, o corpo da ferramenta elétrica e todos 
os anexos e mangueiras/cabos devem ser inspecionados para ve-
rificar a ausência de desgaste e danos.
 � Mangueiras/cabos devem ser removidos e embalados separada-
mente ou em um compartimento separado da embalagem da 
ferramenta elétrica, pois o metal quente pode danificá-los. É 
por isso que o corpo da ferramenta, os anexos, os acessórios ou 
as ferramentas nunca devem ficar sobre mangueiras ou cabos 
durante o processo de esterilização.
Figura 1.6-19 Limpeza do corpo de ferra-
menta canulada com escova. Figura 1.6-20 Enxágue do corpo da ferramenta e seus anexos.
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1.6 Equipamentos
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 � O corpo da ferramenta e seus anexos devem ser lubrificados 
após a limpeza e antes da esterilização de acordo com as diretri-
zes do fabricante.
 � O corpo de ferramenta ou os anexos para esterilização não de-
vem ser colocados em embalagem vedada. A esterilização em 
bolsa selada retém umidade, o que pode causar danos aos equi-
pamentos.
 � O métodode esterilização a ser usado deve ser o recomendado 
pelo fabricante.
Baterias
 � As baterias devem estar sempre totalmente carregadas antes 
do uso.
 � Deve-se saber a vida de prateleira da bateria armazenada fora do 
carregador. Podem ser necessários mais ciclos de carga/descarga 
para que uma bateria fique totalmente carregada.
 � Apenas carregadores recomendados pelo fabricante devem ser 
usados. Usar um carregador não originário do mesmo fabricante 
pode resultar em danos à bateria.
 � As baterias devem ser carregadas em um ambiente com tempe-
ratura entre 0 e 40°C.
 � A estação de carregamento deve estar sempre ligada quando a ba-
teria estiver na base; isso garante disponibilidade e evita descarga.
 � A bateria deve ser anexada ao corpo da ferramenta logo antes 
do uso da ferramenta elétrica. Isso economiza energia da bateria 
e reduz a probabilidade de precisar de substituição de bateria 
durante a cirurgia. Sempre deve-se ter mais de uma bateria dis-
ponível para cada procedimento.
 � Baterias danificadas nunca devem ser usadas; podem danificar o 
corpo da ferramenta.
 � As baterias devem ser limpas de acordo com as recomendações 
do fabricante.
 � No caso de uso de baterias que possam ser esterilizadas, devem-
-se seguir as diretrizes recomendadas pelo fabricante.
Ao usar ferramentas elétricas, o membro da equipe deve obser-
var as seguintes diretrizes:
 � A trava de segurança sempre deve ser usada quando os equi-
pamentos não estiverem em uso e/ou ao trocar algum anexo, 
como lâmina de serras ou fresas.
 � Todas as fresas e os anexos de serras devem ser verificados para 
ver se estão montados adequadamente no encaixe da ferramen-
ta elétrica antes do uso.
 � Certificar-se de que cabos de energia (mangueiras de ar, ca-
bos elétricos) são mantidos dentro do perímetro do campo 
cirúrgico.
 � Mangueiras de energia/cabos elétricos sempre devem ser inspe-
cionados antes do uso em busca de sinais de desgaste ou dano. 
Devem ser substituídos imediatamente se tiverem algum defei-
to, pois uma mangueira de ar rompida pode causar lesões graves.
 � Verificar mangueiras pneumáticas em busca de vazamentos. 
Não devem ser usadas se foi detectado vazamento.
 � Certificar-se de que todo o corpo da ferramenta e seus anexos 
estejam conectados de forma adequada antes do uso.
 � Se necessário, ao usar mangueiras de energia, certificar-se de 
que difusores adequados estejam conectados a mangueiras de ar 
para evitar contaminação do campo cirúrgico.
 � O corpo da ferramenta e seus anexos devem ter contínua verifi-
cação em busca de superaquecimento. Se for observado supera-
quecimento, o uso deve ser interrompido e o item enviado para 
o serviço de consertos.
 � A pressão recomendada pelo fabricante não deve ser excedida 
ao operar equipamentos elétricos a ar.
 � Não se deve operar um corpo de ferramenta que estiver quente 
logo após sair da autoclave. A operação de um corpo de ferra-
menta que não esteja totalmente frio e seco pode diminuir seu 
desempenho e/ou confiabilidade. Deve-se estar ciente do risco 
de queimadura para o paciente por um corpo de ferramenta ou 
anexo quente devido à transferência de calor do metal. Não se 
deve imergir o corpo da ferramenta em líquido nem cobri-lo 
com pano úmido para esfriá-lo. Deve-se resfriá-lo apenas com 
exposição à temperatura ambiente.
 � Brocas e fresas devem ser limpas após cada uso. O acúmulo de 
resíduos reduz a eficiência de corte, o que prolonga o tempo 
de corte e perfuração. Menor eficiência de corte pode provocar 
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1 Princípios do centro cirúrgico
acúmulo excessivo de calor, resultando em necrose óssea – um 
risco de infecção.
 � Fresas e lâminas de serra devem ser descartadas de acordo com 
as recomendações do fabricante e/ou as políticas do hospital.
 � No caso de uso do pedal para controlar a ferramenta, o usuário 
deve saber exatamente onde está situado, sobretudo se outros 
pedais estiverem sendo usados ao mesmo tempo, como pedal 
para diatermia.
 � Toda a ECC deve usar proteção para os olhos ao operar ferra-
mentas elétricas, em especial quando a ferramenta estiver sen-
do usada para cortar metal ou cimento.
 � Implementar precauções universais, incluindo roupas de prote-
ção e políticas hospitalares ao manusear e limpar instrumentos 
contaminados evita lesões à equipe.
Conclusão
Ferramentas quando usadas de forma adequada, diminuem o tempo 
de operação, aumentam a precisão técnica e melhoram os resultados 
cirúrgicos. O membro da equipe deve, portanto, estar familiarizado 
com as ferramentas que podem encontrar na sala de cirurgia. A se-
leção de uma ferramenta depende de muitos fatores, incluindo pre-
ferências do cirurgião, capacidade e versatilidade da ferramenta elé-
trica/sistema e restrições orçamentárias. Outro aspecto importante 
é que a vida útil da ferramenta é prolongada quando são seguidas as 
diretrizes recomendadas pelo fabricante, com educação continuada 
da equipe e adesão às políticas hospitalares.
1.6.4.1 Leituras complementares
National Association of Orthopaedic Nurses (2003) Orthopaedic 
Operating Room Manual. Houston, Tex: NAON, 58–63.
Hand and Power Tool Safety. Disponível em: www.siri.uvm.edu
Orthopaedics Overseas-Moldova Program Description. Disponível em: 
www.hvousa.org
Agradecimentos
Agradecemos a Lena Brauer, Tan Gek Noi e Konstantin Polischuk 
por sua contribuição no desenvolvimento inicial desta seção.
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