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Proclamação da República e crise do Segundo Reinado

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1 
DESGASTE DO REGIME IMPERIAL: 
INSTAURAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL 
Herdada do período colonial, a escravidão foi uma das bases sobre as 
quais se assentava o Império. A partir de 1870, porém, ela começou a ser 
contestada por amplos setores da sociedade. Profissionais liberais, estudantes, 
artesãos, pequenos empresários e até mesmo sacerdotes e militares passaram 
a se manifestar contra o trabalho escravo em um dos mais empolgantes 
movimentos sociais de nossa história: a campanha abolicionista. 
Em maio de 1888, quando a pressão abolicionista chegava ao auge, o 
governo imperial decretou a Lei Áurea, extinguindo a escravidão. A medida, 
entretanto, não contribuiu para a sobrevivência do regime. Pouco mais de um 
ano depois, na manhã de 15 de novembro de 1889, um grupo de militares, 
apoiados pelo movimento republicano, assestava o golpe de misericórdia na 
monarquia e proclamava a instauração da Republica no Brasil. 
1. A CAMPANHA ABOLICIONISTA:
A escravidão foi, justamente com a grande propriedade rural, um dos 
pilares da economia brasileira durante o império. Por isso mesmo a extinção do 
sistema escravista não fazia parte da pauta de reivindicação da maioria das 
revoltas surgidas no Brasil até 1848. Em meados do século XIX, porém, essa 
situação tomou novo rumo. As pressões internacionais para a supressão do 
trabalho escravo, sobretudo da Grã- Bretanha, se intensificaram. Embora o real 
interesse dos governos das nações fosse de ordem econômica, vinha 
disfarçado de princípios humanitários. 
Os britânicos alegavam que o trabalho escravo era uma vergonha para a 
humanidade. Mas eles mesmos haviam praticado a escravidão em suas 
colônias nos séculos anteriores. Contradições à parte, nesse momento o que 
os levava a exigir o fim do trabalho servil em nosso país eram as necessidades 
criadas pela expansão do capitalismo. Explica-se: para continuar crescendo, as 
indústrias britânicas precisavam ampliar cada vez mais os mercados 
consumidores. Só que havia um entrave: os escravos não tinham poder 
aquisitivo para consumir produtos manufaturados, por isso era urgente que o 
Brasil substituísse esse sistema de trabalho pela mão de obra assalariada. 
 
 
2 
 
O governo imperial não tinha saída. Primeiro, porque a Grã-Bretanha, 
além de socorrer o Brasil com empréstimos em tempos de crise, fazia 
investimentos diretos por aqui e historicamente sempre foi nosso principal 
parceiro comercial. Depois, porque a pressão do movimento abolicionista 
tornou-se cada vez mais forte a partir de 1870, sensibilizando amplos setores 
da população. O que mobilizava essas pessoas era a profunda indignação 
contra a mais opressiva forma de exploração do trabalho humano. Alguns dos 
porta-vozes dessa indignação foram: o poeta Castro Alves, os jornalistas Luís 
Gama e José do Patrocínio, ambos de origem africana, o monarquista Joaquim 
Nabuco e o republicano Antônio Silva Jardim. 
Com o crescimento da campanha abolicionista, o governo e a 
Assembleia Geral (Câmara e Senado) procuraram implementar uma política 
que respondesse ao clamor popular contra a escravidão, sem ferir os 
interesses dos grandes proprietários. Por isso, a partir de 1850, passaram a 
adotar medidas concretas que tinham como perspectiva a abolição lenta, 
gradual e com indenizações. O primeiro passo foi extinguir o trafico negreiro 
por meio da Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Os senhores de escravos 
repudiaram a medida, argumentando que a lavoura entraria em crise por falta 
de trabalhadores. O estardalhaço feito na imprensa e no Parlamento surtiu 
efeito, os grandes proprietários conseguiram frear a ideia da abolição imediata, 
aprovando leis parciais, como a Lei do Ventre Livre, em 1871, e a Lei dos 
Sexagenários, 1885. (Garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade). 
A Lei do Ventre Livre declarava livres os filhos de mãe escravas 
nascidos daquela data em diante e previa a criação de um fundo de 
Emancipação, do qual deveriam sair os recursos necessários para indenizar os 
proprietários das mães escravas. Embora a lei representasse uma vitória para 
os abolicionistas, na pratica não houve mudanças significativas na vida dos 
escravos. Na década de 1880, a campanha abolicionista ganhou amplitude 
ainda maior, tornando-se um grande movimento popular. A partir do Rio de 
Janeiro, um número crescente de sociedades abolicionistas passou a mobilizar 
a população. A primeira delas, a Sociedade Emancipadora Fraternidade, 
fundada em ainda em 1870, pela Loja Maçônica Amizade. Desse momento em 
diante, clubes e sociedade antiescravistas começaram a proliferar em todas as 
províncias. 
 
 
3 
 
 
Esses grupos chegaram a formar uma Confederação abolicionista em 
1883, mas não seguiram sempre a mesma política. Alguns atuavam dentro dos 
limites legais, esperando que o próprio governo promovesse a abolição. Outros 
propunham que a emancipação fosse acompanhada de uma reforma agrária e 
de uma reformulação do ensino para criar condições dignas de vida e de 
trabalho aos ex-escravos. Havia ainda, grupos que tentavam acelerar o 
processo abolicionista afrontando as leis, como os caifases, de São Paulo, 
cujos militantes atuavam clandestinamente, facilitando a fuga de escravos das 
fazendas. A pressão sobre o governo crescia, e como resposta foi aprovada, 
em 1885, a Lei Saraiva-Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários, pela qual eram 
libertados os escravos com mais de 60 anos. Para obter a liberdade, no 
entanto, os escravos dessa idade eram obrigados a prestar três anos de 
serviços a mais de serviço aos ex-senhores, a título de indenização. 
A questão abolicionista, porém parecia estar longe de ser resolvida. Em 
1887, as fugas de escravos se intensificaram nas fazendas de São Paulo, e o 
governo, preocupado em proteger os interesses dos donos de terras, tentou 
mobilizar o Exército para capturar os revoltosos fugitivos. Com discursos na 
Assembleia Geral, Joaquim Nabuco concitou os miliares a se rebelarem contra 
a função de capitães do mato que o governo queria impor a eles. Deu certo, 
pois logo depois, em nota oficial dirigida ao governo, o Exército pediu que fosse 
liberado desse tipo de ação. 
 
Abolição ainda que tardia. 
 
O descontentamento generalizado dos abolicionistas acabou tornando a 
situação insustentável, e na prática o quadro começou a mudar. Já em 1884, a 
províncias do Ceará e do Amazonas tinham tomado a iniciativa de abolir a 
escravidão em seus territórios. Era um sinal claro de que o Império estava 
perdendo o controle de suas próprias instituições. Três anos depois, em 1887, 
enquanto o Exército se recusava a caçar escravos fugitivos, a Igreja Católica, 
que sempre defendera a escravidão africana, aderiu à causa da abolição. Foi 
em meio a esse clima de desintegração do sistema escravista que, em 13 de 
maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, declarando extinto o 
processo de escravidão no Brasil. 
 
 
4 
 
Para a Monarquia, a medida acabou sendo desastrosa. Como foi 
adotada tardiamente, o império não conseguiu contabilizar a seu favor os 
efeitos políticos positivos da lei. Nas regiões mais decadentes, como no vale do 
Paraíba, a lei provocou a ruína de muitos senhores de terras, levando a maioria 
a aderir ao movimento republicano, os chamados “republicanos de 13 de maio”. 
Para os ex-escravos, a abolição sem dúvida representou uma conquista. 
Mas, como eles logo descobririam, a liberdade garantida pela lei era precária e 
problemática. Do ponto de vista jurídico, por exemplo, eles passavam a ser 
considerados cidadãos com todos os direitos concedidos pela Constituição. Na 
prática, porém, não tinham como exercer seus direitos de cidadania, pois lhes 
era negado até o acesso à instrução primária ou profissionalizante. Eram 
trabalhadores livres, mas não dispunham de terras para cultivar, já que a 
estrutura fundiária do país se baseava na grande propriedade monocultura,continuava nas mãos dos grandes proprietários. 
Na verdade, a nova situação acabou se mostrando extremamente 
perversa com os escravos libertos, que não conseguiam competir em igualdade 
de condições no mercado de trabalho nem desempenhar funções que exigiam 
o mínimo de qualificação profissional, pois a maioria não sabia ler nem 
escrever. Todas essas dificuldades fizeram com que muitos ex-escravos 
preferissem permanecer junto de seus antigos senhores, trabalhando em troca 
de um salario miserável e moradia. Outros migraram para as cidades, onde 
passaram a viver em moradias insalubres e a trabalhar em atividades de 
remuneração incertas, como ambulantes, garrafeiros, pedreiros, carregadores, 
coletores de lixo, varredores de rua e outras atividades desqualificadas. 
 
Os imigrantes. 
 
 
Enquanto internamente discutia-se a emancipação dos escravos, tinha 
início à entrada de trabalhadores livres europeus no Brasil. Os primeiros 
imigrantes chegarão país, por iniciativa do governo imperial, no início de século 
XIX, fixaram-se nas zonas rurais de Nova Friburgo (1819), no Rio de Janeiro, e 
de São Leopoldo Rio Grande do Sul. No rio Grande do Sul, o governo 
pretendia criar núcleos de povoamento destinado a ocupar algumas regiões 
desabitadas, próximas ás fronteiras com os países do Prata. 
 
 
5 
 
Por isso criou as zonas de colonização, onde os imigrantes, num 
primeiro momento, alemães e, depois, italianos, receberam lotes de terras para 
trabalhar na condição de pequenos proprietários. Esses trabalhadores livres e 
autônomos eram chamados de colonos. Em são Paulo, ao contrario, a 
imigração europeia foi estimulada por fazendeiros para substituir o trabalho 
escravo pela mão de obra assalariada. Inicialmente, os imigrantes chegados a 
São Paulo trabalhavam em regime de parceria. 
Eles também eram chamados de colonos, mas não se tornavam 
proprietários. Pelo contrato de parceria, os imigrantes eram obrigados a cultivar 
determinada quantidade de pés de café e pagar pela concessão do lote, 
entregando parte do produto colhido ao fazendeiro. O senador Nicolau de 
Campos Vergueiro, introdutor das colônias de parceria no país, trouxe, em 
1847, uma leva de imigrantes europeus para trabalhar em sua fazenda Ibicaba, 
no interior de São Paulo. No começo, como alcançasse bons resultados, o 
exemplo foi seguido por muitos cafeicultores. Logo, porém, surgiram 
problemas. 
Os colonos tinham de reembolsar os fazendeiros pelas despesas com 
viagem e manutenção inicial na nova terra e também dividiam com eles os 
prejuízos causados pelas quedas do preço do café no mercado externo. Além 
disso, como os senhores estavam acostumados à escravidão, tratavam os 
imigrantes como verdadeiros escravos. 
Em 1857, os colonos da fazenda de Nicolau Vergueiro, inconformados 
com a situação, se rebelaram. Alarmados com as informações sobre maus-
tratos infligidos aos colonos, os governos de seus países de origem proibiram a 
emigração para o Brasil. Por volta de 1870, já estava claro que as colônias de 
parcerias haviam fracassado. Os cafeicultores partiram então para outro tipo de 
organização do trabalho em suas fazendas. 
Em 1871, fundaram em São Paulo a Sociedade Auxiliadora para a 
Imigração e Colonização, como o apoio e recursos do governo imperial. A partir 
desse momento, teve início a imigração sistemática de trabalhadores 
assalariados. 
 
 
 
 
 
6 
 
2. A CAMPANHA REPUBLICANA: 
 
As primeiras manifestações a favor da república no Brasil surgiram no 
fim do século XVII, com a inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Depois, 
o ideal foi retomado em diversas revoltas e revoluções. Em dezembro e 1870, 
com o fim da Guerra do Paraguai, foi lançado, no Rio de Janeiro, o Manifesto 
Republicano, impresso nas paginas de um novo jornal, intitulado A República. 
O tom do texto era moderado e pouco diferia das posições da facção liberal no 
Parlamento. Propunha a mudança de regime, mas não apelava para a 
mobilização popular, como faziam, naquele momento, os lideres da campanha 
abolicionista. As duas campanhas, a republicana e a abolicionista correram 
paralelamente, mas não se confundiram uma com a outra. Diversos 
abolicionistas eram republicanos, mas entre estes havia muitos fazendeiros 
escravistas mais interessados numa boa indenização pela perda dos escravos 
e na autonomia das províncias do que em promover a mudança de regime com 
participação popular. Pouco depois de lançado o Manifesto, começariam a 
surgir partidos republicanos. Mas os dois episódios passaram quase 
despercebido, pois a população estava muito envolvida com a campanha 
abolicionista. Em 1873, um congresso de fazendeiros e líderes políticos liberais 
se reuniu na cidade de Itu, em São Paulo. 
No fim do encontro, os participantes anunciaram a criação do Partido 
Republicano Paulista. A partir desse momento, o movimento republicano 
começou a ganhar força, apoiado no poder econômico dos cafeicultores e na 
ação de estudantes e professores da Faculdade de Direito de São Paulo. No 
entanto, o novo partido não se comprometia abertamente com a luta contra a 
escravidão. Aos poucos, o ideal republicano se difundiu pelo país, 
conquistando adeptos entre as camadas médias da população urbana. O 
movimento ganhou importância impulso, porém, quando duas crises abalaram 
o regime imperial: a Questão Religiosa e a Questão Militar. 
 
A crise final do Império. 
 
Entre os fatores que contribuíram para desgastar o regime imperial, o 
conflito entre governo e dois bispos católicos teve grande importância e deu 
origem á chamada Questão Religiosa (1872 – 1875). 
 
 
7 
 
De acordo com a Constituição de 1824, a Igreja Católica estava 
subordinada ao Estado, que pagava os padres e nomeava os bispos. Nenhuma 
determinação do papa podia entrar no Brasil sem a provação do imperador. Em 
1872, os bispos de Olinda e de Belém, dom Vidal Maria e dom Macedo Costa, 
foram presos e condenados por proibir a participação de maçons nas 
irmandades religiosas, como recomendava o papa. Três anos depois, os dois 
foram anistiados, mas a punição deixou claro que havia dificuldades 
incontornáveis na relação de dependência estabelecida entre a Igreja e o 
Estado. Em 1887, a Igreja aderiu oficialmente à campanha abolicionista. 
Mais sério e de consequência muito mais graves foi à Questão Militar, 
uma série de atritos entre a Monarquia e amplos setores da oficialidade do 
Exército. A crise teve início em 1883, quando, o tenente-coronel Sena 
Madureira, líder de um grupo de oficiais, protestou pela imprensa contra um 
projeto de aposentadoria militar em tramitação no Parlamento. Em represália, o 
governo proibiu manifestações políticas de militares em jornais e revistas. 
O episódio ainda não tinha sido esquecido quando, em 1884, a Escola 
de Tiro de Campo Grande, no Rio de Janeiro, comandada por Sena Madureira, 
promoveu uma homenagem a Francisco Nascimento, líder de um grupo de 
jangadeiros cearenses que haviam se recusado a transportar escravos para um 
navio negreiro. Em nova represália, o governo transferiu o tenente-coronel para 
o Rio Grande do sul. Dois anos depois, Madureira publicou, em Porto Alegre, 
alguns artigos a favor da abolição no jornal de Júlio de Castilho, combativo 
político republicano. A reação do governo foi exigir que o marechal Deodoro da 
Fonseca, que acumulava os cargos de presidente e comandante das armas do 
Rio Grande do Sul, punisse exemplarmente o oficial. Como se recusasse a 
fazê-lo, Deodoro foi destituído dos dois cargos. Enquanto isso, a crise se 
alastrava, levando oficiais de diversas regiões a se pronunciar a favor de Sena 
Madureira. Em maio de 1887, finalmente, a oficialidade do Rio de Janeiro 
lançou um manifesto redigido pelo jurista Rui Barbosa, no qual exigia o 
cancelamento da proibição de manifestações públicas de militares pela 
imprensa. No mês seguinte, o governo atendeu à reivindicação,numa tentativa 
de contornar a crise. Mas o mal já estava feito. A partir de então o numero de 
republicano no exercito seria cada vez maior. Para isso, contribuiu também a 
difusão do positivismo entre a oficialidade do Exército. 
 
 
8 
 
3. A QUINZE DE NOVEMBRO DE 1889: 
 
 
A guerra do Paraguai, além de contribuir para difundir ideias 
republicanas e abolicionistas, estimulou também a formação do chamado 
“espirito de corpo” entre os membros do Exército. Esse “espirito” levava-os a 
pensar como grupo, ou como corporação dotada de qualidades e valores que a 
colocavam acima das ambições dos políticos profissionais, chamados 
depreciativamente por eles de “casacas”. Insatisfeitos com a política Imperial, 
os militares passaram a se considerar mais preparados que os civis para cuidar 
dos interesses da nação. 
A partir daí, nascia à idéia de “missão salvadora” a que o Exército estaria 
destinado. Sob essa ótica, soldados e oficiais deixaram de ser meros 
instrumentos para garantir a segurança da nação e tornaram-se “cidadãos- 
fardados”, comprometidos como o futuro da pátria. Essas ideias justificavam 
para eles a intervenção militar na vida política do país. 
Reforçada pelo positivismo, essa evolução ideológica colocava setores 
cada vez maiores do Exército contra a Monarquia. 
Esta, por sua vez, já tinha sido abandonada também por parte da igreja 
desde a Questão Religiosa e, a partir de maio de 1888, pelos donos de 
escravos, em virtude da abolição sem indenização. Na tentativa de sobreviver, 
em junho de 1889 o governo imperial nomeou Afonso Celso de Assis 
Figueiredo, um político moderado do Partido Liberal, para o cargo de 
presidente do Conselho de Ministros. 
Afonso Celso (ou visconde de Ouro Preto) apresentou à Câmara dos 
Deputados um amplo programa de reformas que previa, entre outras medidas, 
a liberdade religiosa, a autonomia para as províncias, o fim do caráter vitalício 
do Senado, a liberdade de ensino e o aumento de crédito para a produção a 
fim de esvaziar a pregação republicana. 
Para sua surpresa, a Câmara dos deputados não aprovou as reformas. 
Diante disso, o imperador, valendo-se do Poder Moderador, dissolveu o 
Parlamento e convocou novas eleições. Esperava-se obter da nova Câmara, 
que deveria se reunir em 20 de novembro, aprovação para as reformas de 
Ouro Preto. A essa altura, porém, já estava em marcha uma conspiração para 
9 
depor o governo imperial e proclamar a República. O principal líder da 
conspiração era o tenente-coronel Benjamin Constant. 
No dia 11 de novembro, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva e Rui 
Barbosa, entre outros líderes, reuniram-se com o marechal Deodoro da 
Fonseca, tentando convencê-lo a aderir à conspiração. Com todo seu prestígio 
nos meios militares, Deodoro seria a garantia de que o Exército permaneceria 
unido em torno da causa republicana. 
Amigo de dom Pedro II, Deodoro hesitou. Enquanto isso, surgiram 
alguns boatos de que sua prisão tinha sido decretada e de que havia profundas 
mudanças no Exército. Diante dos rumores, Deodoro decidiu liderar o 
movimento para depor o ministério de dom Pedro II. 
Na manhã de 15 de novembro de 1889, tropas rebeladas sob o 
comando do marechal Deodoro prenderam o visconde de Ouro Preto e outros 
ministros. Em seguida, desfilaram pelo centro da cidade, sempre com o 
marechal à sua frente. Nas ruas, a população carioca foi surpreendida com a 
parada militar, sem saber direito o que estava acontecendo. 
Naquela mesma tarde, os revoltosos proclamaram a República e, à noite 
as lideranças republicanas reuniram-se para formar o governo provisório. 
Nascia, assim, sem a participação popular, a República do Brasil. Um 
dos líderes da conspiração, Aristides Lobo, diria mais tarde que “o povo 
assistiu, bestializado, à Proclamação da República”.

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