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Estudo retrospectivo de 761 tumores cutâneos em cães. Tatiana Mello de Souza; Rafael Almeida Fighera; Luiz Francisco Irigoyen; Claudio Severo Lombardo de Barros. Epidemiologia e estatísticas Faculdade das Américas- Campus Mooca Turma.1NB Integrantes do grupo Beatriz Pereira Tetto RA: 195165 Diego Costa de Almeida RA:198356 Helen Catarina Lemoine Gomes RA: 167199 Letícia Barbosa Vieira da Silva RA: 198178 Lucas Carmona Lourenço RA: 219323 Wenderson Izar Alves dos Santos RA: 197592 Introdução As neoplasias ocorrem pelo acúmulo progressivo de mutações no genoma celular induzindo uma ruptura irreversível dos mecanismos homeostáticos que regulam o crescimento, diferenciação e morte celular. Trata-se do resultado fenotípico de uma série de alterações genéticas e epigenéticas, que podem ter ocorrido durante um longo período de tempo. Estas alterações podem ser herdadas ou adquiridas, somaticamente, em conseqüência de processos endógenos ou da exposição aos vários fatores ambientais, como determinadas substâncias químicas, radiações ionizantes e vírus oncogênicos. O termo câncer é derivado da palavra grega “karkinos” e faz referência ao caranguejo e ao aspecto infiltrativo dos tumores sólidos, que inclui uma série de neoplasias malignas com comportamentos biológicos distintos, mas que apresentam como elemento comum o surgimento de novos tecidos (ou neoplasias), formados por células com duas características principais: elevada atividade proliferativa, capacidade de invasão e colonização de outros órgãos. A Oncologia representa uma especialidade de grande destaque em Medicina Veterinária e o aumento da expectativa de vida dos animais de companhia está diretamente relacionado ao aumento da incidência de neoplasias. Da mesma forma que ocorreu na Medicina Humana, observou-se na Veterinária uma explosão de medidas preventivas que visam prolongar a vida. A prevenção de doenças infecciosas e parasitárias, associada às melhorias na nutrição, terapêutica e prática médica resultou em grande aumento na expectativa de vida dos animais de companhia, o que infelizmente aumentou a probabilidade de desenvolvimento de doenças relacionadas à senilidade, como o câncer. MATERIAL E MÉTODOS ● Foram revisados todos os protocolos de biópsia de pele, arquivados no LPV-UFSM, entre janeiro de 1964 e dezembro de 2003 (40 anos). ● Dos protocolos de cães que apresentavam tumores cutâneos, foram retiradas as seguintes informações: diagnóstico morfológico, localização anatômica dos tumores, sexo e idade. ● Foram considerados sob a expressão “tumores cutâneos” todos os distúrbios do crescimento da pele, ou seja, tanto as neoplasias quanto os processos não-neoplásicos, como as hiperplasias nodulares, os nervos e os cistos. ● Não se procurou revisar os aspectos macroscópicos ou histológicos das lesões, nem foram aplicadas colorações especiais ou métodos de imunoistoquímica. ● ● ● ● ● Foi calculada a prevalência de cada condição em relação ao total de tumores diagnosticados, foram, também, registrados os tumores mais frequentes quanto à faixa etária e à localização anatômica. ● Para a classificação da localização anatômica foi utilizada a metodologia do principal levantamento sobre tumores de pele de cães existente na literatura. ● Quando mais de um tumor de mesma classificação histológica ocorreu em diferentes localizações anatômicas de um mesmo cão, ele foi considerado como um subgrupo separado e denominado multicêntrico. MATERIAL E MÉTODOS ● As faixas etárias dos cães foram consideradas como segue: filhotes (até um ano de idade), adultos (de um a oito anos de idade) e idosos (acima de oito anos de idade). ● Quanto ao sexo, os cães foram classificados apenas como macho ou fêmea, independentemente de serem castrados ou inteiros. ● A raça dos cães não foi computada neste estudo, pois nas décadas de 1960 e 1970 muitos protocolos omitiam esse parâmetro. ● ● ● Protocolos encontrados nos arquivos do LPV-UFSM: ● Período: 40 anos ● Protocolos encontrados: 703, de biópsia de cães que apresentavam tumores cutâneos. ● Especificações de sexo: de 703, 36 o sexo não foi informado. 377 eram machos e 290 eram fêmeas. ● Idades informadas: 44 não sem idades anotadas nos protocolos. Dos 659 cães em que a idade foi informada, 30 = filhotes, 260 = adultos e 369 = idosos. Tipos encontrados: ● Câncer de pele: 703 ● Apenas tumor de pele: 578 ● Mais de um tumor: 125 ● Apenas um tipo histórico de tumor: 654 ● 2 tumores distintos: 41 ● *Em sete cães havia três tumores diferentes e em um cão foi diagnosticado quatro tumores não-relacionados. É fundamentalmente importante que os veterinários saibam da prevalência dos tumores cutâneos não-neoplásicos, a fim de que não encarem clinicamente toda e qualquer lesão proliferativa da pele como uma neoplasia. Resultados e discussão Localização anatômica Quantidade Cabeça 108 Abdômen 96 Membro posterior 88 Períneo 67 Tórax 66 Membro anterior 60 Pescoço 44 Dorso 36 Escroto 31 Cauda 13 Tumores multicêntricos 84 Total 693 Tumores cutâneos Quantidade Neoplásicos 673 Não-neoplásicos 88 Total 761 Neoplásicos Benignos Malignos Total Epiteliais 171 123 294 Mesenquimais 133 211 344 Melanocíticos 10 25 35 Total 314 359 673 ● Tumores mais prevalentes na cabeça: o tricoblastoma, o papiloma, o melanoma e o mastocitoma. ● Realização de estudos retrospectivos: é importante na patologia veterinária e na medicina veterinária como um todo. ● Oncologia: é hoje uma das especialidades que mais evolui dentro da medicina veterinária, prova disso é o grande número de livros, artigos científicos e eventos realizados na última década. ● Levantamento realizado em uma população conhecida de cães e gatos, foram encontrados 1.077 casos de tumores e cães e 188 em gatos, para cada 100.000 animais por ano. ● Em outro estudo, realizado no estado norte americano de Oklahoma, a prevalência de tumores em cães e gatos foi de 1.126 e 470 novos casos a 100.000 por ano, respectivamente. ● Os quatro mais importantes levantamentos que traçaram a prevalência de cada um dos tumores de pele de cães foram feitos nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido e na Austrália e utilizaram um total de 29.150, 4.800, 2.616 e 1.000 tumores, respectivamente. ● Além disso, o acesso facilitado à informação, pelo uso das redes de comunicação e por meio de publicações recentes na área da dermatologia e da dermatopatologia, permitiu que, nos últimos anos, os clínicos se conscientizassem da importância da análise anátomo-histopatológica dos tumores cutâneos. ● Houve aumento significativo no envio de amostras referentes a tumores de pele por parte das clínicas veterinárias particulares, o que até pouco tempo era feito quase que exclusivamente pelo HCV-UFSM. ● 578 cães apresentavam um tumor solitário e 125 cães tinham mais de um tumor, independente de ele ser histologicamente igual ou diferente, ou seja, é 4,6 vezes mais comum um cão ter apenas um tumor de pele solitário do que mais de um. ● Baseado nos resultados encontrados neste levantamento, o clínico deverá estar ciente que a chance desses tumores serem do mesmo tipo histológico é muito grande, mas isso não permite que apenas um dos tumores seja enviado para análise. ● Dentre o total de tumores cutâneos neoplásicos encontrados neste levantamento, os de origem mesenquimal foram 1,2 e 9,8 vezes mais comuns do que os epiteliais e os melanocíticos, respectivamente. ● A explicação encontrada baseia-se em: 1-) foi diagnosticada uma maior variedade de neoplasias mesenquimais do que epiteliais . 2-) o mastocitoma, um tumor mesenquimal, correspondeu a 20,9% de todos os tumores. ● Entretanto, ao distribuir os tumores de acordo com a origem, os resultados foram:1-) os tumores melanocíticos foram 2,5 vezes mais malignos 2-) nas neoplasias mesenquimais a freqüência de malignidade foi 1,6 vezes maior 3-) os tumores de origem epitelial foram aproximadamente 1,4 vezes mais benignos. ● Por exemplo, em um grande estudo de 29.150 casos, os tumores de origem epitelial, mesenquimal e melanocítica foram benignos em 85%, 57% e 81% dos casos, respectivamente. ● A primeira e menos provável delas se refere a uma maior probabilidade dos tumores cutâneos que afetam os cães da região Central do Rio Grande do Sul serem, por algum motivo desconhecido, mais malignos do que os encontrados em outros locais do mundo. Conclusão Baseando-se nos achados deste estudo, pode-se concluir que o sítio anatômico mais prevalente quanto ao desenvolvimento de tumores cutâneos é a cabeça e que independentemente da localização eles são mais freqüentemente neoplásicos do que não neoplásicos. Além disso, dentre os tumores neoplásicos, os de origem mesenquimal são mais prevalentes do que os epiteliais, e esses mais freqüentes do que os melanocíticos. No geral, quando não se leva em consideração a faixa etária, o tumor cutâneo mais diagnosticado em cães na região Central do Rio Grande do Sul é o mastocitoma. A casuística na oncologia canina tem aumentado consideravelmente tanto pela maior sobrevida destes animais (o que favorece o aparecimento de tumores) quanto pelos novos métodos de diagnóstico e a conscientização por parte dos proprietários sobre o paciente oncológico aliado ao aprimoramento das técnicas terapêuticas na área. Entretanto, alguns aspectos relacionados à biologia tumoral permanecem desconhecidos, o que impede, algumas vezes, o reconhecimento precoce do processo neoplásico, ou mesmo, o desenvolvimento de terapias inovadoras. A biologia tumoral, apesar de complexa, tem demonstrado novas perspectivas no campo da genética e da biologia molecular. Muitas questões ainda não respondidas sobre o câncer poderão advir de estudos da biologia tumoral. Desta maneira, uma melhor compreensão dos parâmetros referentes a esta área por parte do profissional veterinário poderá auxiliar na prevenção de neoplasia, em melhores condições de vida e bem-estar para o paciente oncológico, ou ainda, em possibilidades de cura aos cães portadores de neoplasias. Vantagem do estudo Um estudo retrospectivo tem uma importância crucial para estudantes e para pessoas formadas também, leva muitos meses até anos para se obter respostas de um estudo, assim como o estudo sobre tumores cutâneos em cães, esse estudo levou cerca de 40 anos para ser realizado e concluído, ele serve para comparar casos e são de muito utilidade para procurar curas e se aprofundar ao caso. A epidemiologia nos dá um suporte analítico para o estudo assim simplificando teorias. Desvantagem do estudo As maiores desvantagem de um estudo epidemiológico são os longos anos que pesquisadores e estudiosos levam para concluir um artigo. Referências: - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2011;9(31); 630-637. -Ciência Rural, v.36, n.2, mar-abr, 2006.
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