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11 Direito Penal - PG - Concurso de pessoas

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DISCIPLINA: DIREITO PENAL PARTE GERAL
PROFESSORA: MARIA ANGELITA 
MATÉRIA: CONCURSO DE PESSOAS.
Leis e artigos importantes:
· Artigos 29 e 30 CP.
Palavras-chave:
· Concurso, autoria, coautoria, participação.
TEMA: CONCURSO DE PESSOAS
1. CONCEITO: Ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem para a consumação do delito.
2. APLICABILIDADE: Crimes unissubjetivos ou de concurso eventual. Artigo 29 do CP. Os crimes plurissubjetivos já trazem a pluralidade de agentes em seu tipo, não se aplicando o artigo 29 do CP.
3. REQUISITOS:
A) Pluralidade de condutas e de pessoas.
B) Relevância causal de cada conduta: cada conduta influencia no resultado do crime.
C) Liame subjetivo: vínculo prévio entre os concorrentes, combinação. Pode ser unilateral.
D) Identidade da infração penal: todos os concorrentes praticam a mesma infração penal.
4. TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS: diz respeito a quantos crimes são praticados.
A) Teoria Monista, Unitária, Monística: apenas um crime.
 Direito Penal – Parte Geral – Prof.: Maria Angelita 
B) Teoria Dualista: dois crimes – um crime para os autores e outro para os partícipes.
C) Teoria Pluralista: um crime para cada concorrente.
O CP adotou a Teoria Monista. Em alguns casos, será aplicada a teoria pluralista. Ex. Grávida responde pelo artigo 124 do CP, enquanto o médico responde pelo artigo 126 do CP. Por este motivo, diz-se que o CP adotou a teoria monista temperada, mitigada ou matizada.
5. AUTORIA:
Teorias:
A) Conceito restritivo de autor: faz distinção entre autor e partícipe.
· Teoria objetivo-formal: autor é quem pratica a conduta típica, os demais são partícipes. Adotada no Brasil.
· Teoria objetivo-material: autor se diferencia de partícipe pela maior contribuição para o delito.
B) Conceito extensivo de autor: não distingue autor de partícipe.
C) Critério subjetivo de autor: baseia-se na atitude interna do agente. O autor é quem age com vontade de autor, com animus auctoris. Partícipe é quem age com vontade de partícipe, só quer contribuir. Animus socci.
D) Teoria do domínio do fato: origem da expressão em 1915 por Hegler, atrelada à culpabilidade do agente. A primeira formulação se deu em 1933 por Lobe, mas ganhou força em 1939 com Welzel, referindo-se a critério determinante de autoria. Em 1963, Roxin deu contornos concretos a teoria.
➔ Para Welzel o autor é quem tem o domínio do fato, tem as rédeas da situação, faz o crime acontecer de acordo com a sua vontade. Não precisa praticar o crime pessoalmente, podendo estar distante fisicamente.
➔ Para Roxin a teoria também tem a função de distinguir autor e partícipe, sendo autor aquele que age com domínio sobre o fato, sendo a figura central do delito. A participação aparece como extensão da punibilidade, figura secundária. O domínio do fato se manifesta:
A) Domínio da ação: autoria imediata. O agente tem domínio sobre a própria ação, realiza pessoalmente o tipo. É quem age a pedido ou a mando de outrem, quem age por erro de proibição inevitável determinado por terceiro (Art. 21 do CP).
B) Domínio da vontade: autoria mediata. Domina a vontade de alguém, que passa a ser mero instrumento. Pode se dar por:
· Coação exercida sobre o homem da frente: autor tem o domínio sobre o instrumento, que não responde pelo crime. Princípio da responsabilidade.
· Erro: homem de trás tem conhecimento superior em relação ao da frente, que está em erro.
· Aparato organizado de poder: agente que, se servindo de organização verticalmente estruturada apartada da ordem jurídica, emite uma ordem que é cumprida por meros executores.
C) Domínio funcional do fato: duas ou mais pessoas coordenadas em ação com divisão de tarefas. Partem de uma decisão conjunta, contribuem para a sua realização e assim tem o domínio funcional do fato. Cada um será coautor do fato como um todo, havendo imputações recíprocas.
Não se aplica a teoria do domínio do fato:
A) Delitos de dever: violação de dever assumido perante a coletividade.
B) Delitos de mão própria: exigem a atuação pessoal do agente e não admitem coautoria. Delitos de dever personalíssimo.
C) Delitos culposos: sistema unitário de autor. Qualquer forma de contribuição para crime culposo será autor.
D) Crimes omissivos: domínio pressupõe controle ativo do curso causal.
todo.
6. 
COAUTORIA:
Coautor é um outro autor. A base é a divisão de tarefas, ninguém domina o fato como um
➔	Coautoria sucessiva: liame subjetivo após o início dos atos executórios. Até quando
é possível aderir?
· 1ª corrente: até a consumação. Majoritária.
· 	2ª corrente: após a consumação, mas antes do exaurimento. Nilo Batista. Autoria direta: pessoalmente executa o crime.
Autoria indireta: utiliza-se de terceiro para executar o crime. Hipóteses:
· Erro determinado por terceiro. CP, 20, §2º.
· Coação moral irresistível e obediência hierárquica. CP, 22.
· Casos de instrumento impunível inimputável. CP, 26.
Crimes de mão própria: exigem atuação pessoal do agente. Ex. Falso testemunho. Não admitem autoria mediata e coautoria. É possível a participação.
STF: é possível coautoria nos casos do Decreto Lei n° 201/67, artigo 1º, XIV e no falso testemunho.
Outras espécies de autoria:
A) Autor intelectual: homem inteligente que elabora o plano.
B) Autor por determinação: autor determina a prática do crime na mente de quem não poderia atuar. Zaffaroni.
C) Autor por convicção: é autoria comum que age por convicção política, filosófica, religiosa. Maurach.
D) Autoria de escritório: elabora o plano, espécie de autoria mediata. Pressupõe máquina de poder.
E) Autoria colateral: duas pessoas que querem praticar o mesmo crime, mas uma não sabe da outra.
F) Autoria incerta: como decorrência da autoria colateral, não se sabe quem consumou o crime e ambos responderão por crime tentado.
7. PARTICIPAÇÃO:
É a contribuição dolosa em crime alheio. Sempre será conduta acessória.
Adotou-se a Teoria da Acessoriedade Limitada para delimitar quando haverá participação.
A) Teoria da acessoriedade mínima: autor praticou fato típico.
B) Teoria da acessoriedade limitada: autor praticou fato típico e ilícito.
C) Teoria da acessoriedade máxima: autor praticou fato típico, ilícito e culpável.
D) Teoria da hiperacessoriedade: autor praticou fato típico, ilícito, culpável e punível. Modalidades:
· Moral: induzimento ou instigação.
· Material: fornece algum bem.
➔	Arrependimento eficaz e desistência voluntária do autor alcança o partícipe? 1ª corrente: Sim, pois a participação é conduta acessória. Majoritária.
2ª corrente: Não, pois o início da execução já é suficiente para a punição do partícipe.
➔	Concurso de pessoas nos crimes omissivos: cabe participação? 1ª corrente: Não, só concorre quem tem o dever de agir.
2ª corrente: Sim, basta convencer o autor a não cumprir dever de agir. Dissuasão.
Majoritária.
Cabe coautoria?
1ª corrente: Sim, bastam duas pessoas, previamente ajustadas, violarem dever de agir.
Majoritária.
2ª corrente: Não, pois o dever de agir é indecomponível. Nilo Batista.
➔	Concurso de agentes no crime culposo:
Participação:
1ª corrente: Não é possível, é sempre dolosa em crime doloso. Majoritária.
2ª corrente: Sim, basta que se induza outrem a violar dever objetivo de cuidado. Coautoria:
1ª corrente: Não, pois o dever de agir é indecomponível.
2ª corrente: Sim, basta que duas pessoas, em ato conjunto, violem dever objetivo de cuidado. Majoritária.
8. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA:
Artigo 29, §1º, CP. É causa de diminuição de pena.
Teoria dos bens escassos – Gimbernat Ordeig. Comparação entre bens e serviços escassos e abundantes para determinar se a participação é de menor ou maior importância.
· Participação necessária: contribui com bem escasso.
· Participação desnecessária: contribui com bem bundante.
O partícipe que contribuir com bem abundante será participação de menor importância.
9. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA:
CP, 29, §2º.
Participar: aplica-se ao partícipe e ao coautor. Tipificação: agente responde pelo crime menos grave.
10. TEORIA DAS CIRCUNSTÂNCIAS:
CP, 30.
Elemento é tudo aquilo que integra o tipo.Circunstância está em volta de algo, influencia a pena. CP, 59. Uma circunstância poderá influenciar o tipo se for pessoal.
Regra: circunstâncias de caráter pessoal não comunicam entre os autores. Exceção: se for elementar do tipo penal, a circunstância pessoal se comunica. Ex. Ser fusionário público no crime de peculato.

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