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Filosofia Geral e da Educação

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Prévia do material em texto

2013
Prof. Janes Fidélis Tomelin
Prof. Norberto Siegel
FilosoFia Geral e da 
educação
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Janes Fidélis Tomelin
Prof. Norberto Siegel
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
370.1
T656f Tomelin, Janes Fidélis
 Filosofia geral e da educação / Janes Fidélis Tomelin; Norberto 
Siegel. 2. Ed. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 
 180 p. : il 
 
 
 ISBN 978-85-7830- 680-9
 1. Educação - Filosofia.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
III
apresentação
 Prezado(a) acadêmico(a)!
 O Caderno de Estudos de Filosofia Geral e da Educação é desenvolvi-
do a partir de uma abordagem temático-filosófica, resultante da inter-relação 
do homem com a sociedade e com o mundo. Essa abordagem está distribuída 
nas três unidades de estudo deste caderno.
 A primeira unidade é um convite ao pensar filosófico. São apresenta-
dos os pressupostos pedagógicos para o estudo da Filosofia, conceito e refle-
xão sobre o que é Filosofia, consciência humana e Filosofia, os grandes filóso-
fos gregos e a educação e o pensador brasileiro Paulo Freire. São ideias que 
fundamentam a educação.
 A segunda unidade apresenta as quatro grandes áreas de estudo da 
Filosofia, que são: a Teoria do Conhecimento, a Lógica, a Ética e a Estética. Em 
cada uma destas áreas de estudo são apresentados os principais conceitos e 
teorias relacionados ao conhecimento filosófico.
 A terceira unidade é desenvolvida a partir de alguns temas que são 
pertinentes à nossa realidade social e educacional, tais como: a tecnologia e o 
ser humano, trabalho, política, os paradigmas da ciência e a educação para o 
pensar.
 Preocupados em tornar a Filosofia Geral e da Educação uma disci-
plina que tenha sentido para a sua vida pessoal e profissional, cada um dos 
tópicos procura apresentar, de maneira clara e objetiva, as principais ideias 
que são pertinentes a cada um dos temas. Além disso, são apresentados tex-
tos para uma leitura complementar, sites de pesquisa e filmes relacionados a 
cada um dos assuntos abordados. 
 Como professores-autores deste processo de Ensino de Filosofia, nos-
sa tarefa é menos de transmitir conhecimentos e mais de orientá-los a como 
buscar aquilo que necessitam saber, para que seus conhecimentos sejam sig-
nificativos. Como seres pensantes deste novo processo, estamos sempre dis-
postos a ajudá-los a construir a sua história de conhecimento. 
IV
 Inspirados nas palavras de Kant, de que “não se ensina filosofia, ensi-
na-se a filosofar”, pensamos que cada um pode ser um filósofo e ver o mundo 
nas suas múltiplas significações. Seguindo as palavras de Eduardo Galeano, 
“somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mu-
dar o que somos”. Por isso, é importante que cada um faça a sua história, pois 
o caminho não está feito, ele se faz no andar.
Prof. Janes Fidélis Tomelin
Prof. Norberto Siegel
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
UNI
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1: FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR ............................................................... 1
TÓPICO 1: PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA ............ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 VIRTUALIDADE ................................................................................................................................. 3
3 HIPERTEXTUALIDADE .................................................................................................................... 4
4 AUTO-ORGANIZAÇÃO .................................................................................................................... 4
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 6
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 8
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 9
TÓPICO 2: CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É A FILOSOFIA .................................... 11
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 11
2 SURGIMENTO E CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA .......................................................... 11
3 O PAPEL DA FILOSOFIA .................................................................................................................. 12
4 O CONHECIMENTO FILOSÓFICO, RELIGIOSO E CIENTÍFICO ......................................... 13
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 15
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 19
TÓPICO 3: CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA .................................................................. 21
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 21
2 A CONSCIÊNCIA HUMANA ........................................................................................................... 21
3 OS DIFERENTES TIPOS DE CONSCIÊNCIA .............................................................................. 23
 3.1 A CONSCIÊNCIA MÍTICA ........................................................................................................... 24
 3.2 A CONSCIÊNCIA RELIGIOSA .................................................................................................... 24
 3.3 A CONSCIÊNCIA RACIONAL .................................................................................................... 25
4 A CONSCIÊNCIA CRÍTICA ............................................................................................................. 26
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 28
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 30
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 31
TÓPICO 4: OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS E A EDUCAÇÃO ........................................ 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 33
2 O MÉTODO SOCRÁTICO: A IRONIA E A MAIÊUTICA ........................................................ 33
 2.1 A IRONIA .......................................................................................................................................... 34
 2.2 A MAIÊUTICA ................................................................................................................................. 35
3 PLATÃO E A EDUCAÇÃO ................................................................................................................ 37
 3.1 TEORIA DOS DOIS MUNDOS ...................................................................................................... 37
 3.2 O MITO DA CAVERNA ................................................................................................................. 38
 3.3 PLATÃO E A EDUCAÇÃO ............................................................................................................ 39
4 ARISTÓTELES E A EDUCAÇÃO .................................................................................................... 41
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 46
VIII
TÓPICO 5: PAULO FREIRE: UMA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO ..................................... 49
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 49
2 A HUMANIZAÇÃO COMO VOCAÇÃO NATURAL DO SER HUMANO ........................... 49
3 CONCEPÇÃO BANCÁRIA DE EDUCAÇÃO ............................................................................... 52
4 CONCEPÇÃO CRÍTICA DE EDUCAÇÃO ................................................................................... 54
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 58
UNIDADE 2: ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA ..................................................................... 61
TÓPICO 1: TEORIA DO CONHECIMENTO ................................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 63
2 O QUE É O CONHECIMENTO? ...................................................................................................... 64
3 A TEORIA DO CONHECIMENTO ................................................................................................. 65
4 AS FORMAS DE CONHECER O MUNDO .................................................................................... 66
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 67
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 69
TÓPICO 2: LÓGICA ............................................................................................................................... 71
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 71
2 TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO ........................................................................................................ 72
 2.1 DEDUÇÃO ....................................................................................................................................... 72
 2.2 INDUÇÃO ........................................................................................................................................ 72
 2.3 ANALOGIA ..................................................................................................................................... 73
3 DISTORÇÕES DA ARGUMENTAÇÃO ......................................................................................... 73
 3.1 ARGUMENTOS DE CARICATURA ............................................................................................ 74
 3.2 ARGUMENTOS DE APELAÇÃO ................................................................................................ 75
 3.3 ARGUMENTO DE GENERALIZAÇÃO ..................................................................................... 76
 3.4 ARGUMENTOS COM EXCESSO DE TENDENCIOSIDADE .................................................. 77
 3.5 ARGUMENTOS DE CONCLUSÃO PRECIPITADA ................................................................. 78
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 82
TÓPICO 3: ÉTICA ................................................................................................................................... 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 83
2 CONCEPÇÕES DE ÉTICA QUE MARCARAM A HISTÓRIA DA FILOSOFIA NA 
 SOCIEDADE OCIDENTAL .............................................................................................................. 84
 2.1 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO SOCRÁTICA ................................................................................ 84
 2.2 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO CRISTÃ ......................................................................................... 85
 2.3 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO KANTIANA ................................................................................. 86
 2.4 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO MARXISTA ................................................................................... 87
 2.5 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO RELATIVISTA .............................................................................. 88
3 A ÉTICA E A LEI .................................................................................................................................. 89
4 VIRTUDES PROFISSIONAIS .......................................................................................................... 90
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 93
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 96
TÓPICO 4: ESTÉTICA: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA SOBRE A ARTE ................................ 97
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................97
2 O QUE É ESTÉTICA? .......................................................................................................................... 98
IX
3 OS DILEMAS DA ESTÉTICA: O BELO E O FEIO ....................................................................... 99
 3.1 O DILEMA DA COMPREENSÃO DO BELO ............................................................................. 99
 3.2 O QUE É O FEIO? ........................................................................................................................... 101
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 104
UNIDADE 3:TEMAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA ....................................................................... 105
TÓPICO 1: TECNOLOGIA E SER HUMANO .................................................................................. 107
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 107
2 ONDE ESTAMOS ................................................................................................................................ 108
3 PARA ONDE VAMOS ........................................................................................................................ 108
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 112
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 113
TÓPICO 2: TRABALHO: ALIENAÇÃO OU HUMANIZAÇÃO DO SER HUMANO? ........... 115
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115
2 O TRABALHO ATRAVÉS DA HISTÓRIA ..................................................................................... 116
3 POR QUE AS PESSOAS TRABALHAM? ...................................................................................... 118
4 A ALIENAÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO ........................................................................... 118
5 A REALIZAÇÃO HUMANA NO MUNDO DO TRABALHO .................................................. 121
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 122
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 126
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 127
TÓPICO 3: CIDADANIA E SOCIEDADE ......................................................................................... 129 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 129
2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CIDADANIA ..................................................................... 129
3 CIDADANIA: UM CONCEITO UNIVERSAL OU PARTICULAR ........................................... 130
4 DIMENSÕES DA CIDADANIA ....................................................................................................... 132 
 4.1 CIDADANIA SOCIAL .................................................................................................................. 132 
 4.2 CIDADANIA POLÍTICA ............................................................................................................... 132 
 4.3 CIDADANIA CIVIL ....................................................................................................................... 133 
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 135 
TÓPICO 4: PARADIGMAS DA CIÊNCIA E DA EDUCAÇÃO .................................................... 141
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 141
2 O QUE É UM PARADIGMA ............................................................................................................. 141
3 PARADIGMAS EM TRANSIÇÃO .................................................................................................. 143
4 PARADIGMAS DA PESQUISA CIENTÍFICA E A EDUCAÇÃO ........................................... 144
 4.1 POSITIVISMO ................................................................................................................................. 144
 4.2 FENOMENOLOGIA ....................................................................................................................... 146
 4.3 DIALÉTICA .................................................................................................................................... 149
 4.4 HOLÍSTICO ..................................................................................................................................... 151
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 154
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 155
TÓPICO 5: EDUCAR PARA O PENSAR .......................................................................................... 157
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 157
2 A IMPORTÂNCIA DE SE ENSINAR A PENSAR ........................................................................ 157
X
3 DIFERENTES ACEPÇÕES DA PALAVRA PENSAMENTO ...................................................... 159
4 AS ACEPÇÕES DO PENSAR NA FILOSOFIA, NA CIÊNCIA E NA RELIGIÃO ................ 160
5 EMPREGO DAS ATIVIDADES QUE FAZEM PENSAR ............................................................. 161
6 OPERAÇÕES DO PENSAMENTO .................................................................................................. 162
 6.1 COMPARAR ..................................................................................................................................... 162
 6.2 RESUMIR ......................................................................................................................................... 162
 6.3 OBSERVAR ........................................................................................................................................ 163
 6.4 CLASSIFICAR ................................................................................................................................. 163
 6.5 INTERPRETAR ................................................................................................................................ 164
 6.6 BUSCAR SUPOSIÇÕES .................................................................................................................. 164
 6.7 IMAGINAR ..................................................................................................................................... 164
 6.8 REUNIR E ORGANIZAR DADOS .............................................................................................. 165
 6.9 FORMULAR HIPÓTESES ..............................................................................................................166
 6.10 TOMAR DECISÕES ...................................................................................................................... 166
7 A RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E MEMÓRIA .................................................................. 167
8 RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEM ................................................................ 168
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 170
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 171
1
UNIDADE 1
FILOSOFIA: UM CONVITE AO 
PENSAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• perceber que a discussão e o debate são os pressupostos fundamentais do 
pensar filosófico;
• compreender que a Filosofia é parte integrante da vida profissional do 
educador;
• desenvolver uma consciência de sujeito nas diferentes situações da vida 
social e profissional;
• ter atitudes filosóficas perante as diversas circunstâncias da vida;
• conhecer as principais ideias de educação nos filósofos gregos e em Paulo 
Freire.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos, sendo que, no final de cada um 
deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos 
adquiridos. 
TÓPICO 1 – PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS PARA O ESTUDO DA 
 FILOSOFIA
TÓPICO 2 – CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É A FILOSOFIA
TÓPICO 3 – CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
TÓPICO 4 – OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS E A EDUCAÇÃO
TÓPICO 5 – PAULO FREIRE: UMA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS 
PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA
1 INTRODUÇÃO
O processo educativo da disciplina de Filosofia ofertado na modalidade a 
distância contemplará pressupostos como: virtualidade, hipertextualidade e auto-
organização.
2 VIRTUALIDADE
Em sua origem, a Filosofia nasce na ágora, praça pública, que era em sua 
época o espaço de interação entre as pessoas. Este lugar proporcionou à Filosofia 
uma experiência de reflexão radical e democrática sobre as questões do homem 
a respeito de si mesmo e do mundo. Hoje, os espaços de interação filosófica 
encontraram uma nova ágora, um novo espaço público e democrático para o 
exercício da razão sobre as questões humanas.
Ágora - era para os gregos a praça pública; espaço de encontro e troca; espaço 
comum para dialogar e debater.
A ágora, como espaço virtual, simboliza para o nosso tempo um novo 
instrumento de encontro para o exercício da troca de ideias e ampliação da nossa 
capacidade racional de indagar e compreender o mundo em que vivemos. Por 
outro lado, a virtualidade exige cautela dos participantes, para não cair numa 
mera relação instrucionista, técnica, fria e distante.
A virtualidade reserva grande potencial de dialogicidade, interação e 
aproximação que se efetiva num esforço contínuo de construção coletiva deste 
novo espaço.
NOTA
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
4
Ágora virtual - espaço público e virtual de encontro e troca de informações e 
conhecimentos; espaço para pesquisa e debate sobre os mais variados temas.
Dentre as muitas mudanças que a era digital promoveu nas áreas 
tecnológicas, ocorreu uma significativa transformação dos antigos modelos 
lineares que o mundo analógico permitiu conhecer. O novo modelo, denominado 
de hipertexto, permitiu-nos conhecer uma forma livre e criativa de interação com o 
mundo da informação. Nesta estrutura, o navegador pode tomar rumos diferentes 
para sua leitura, conforme necessidade, interesse ou circunstância.
O mundo da informação se entrelaça numa constante visita às muitas 
possibilidades de descoberta. Para Assmann (1998, p. 134), “[...] as interações 
formam, em seu conjunto, um sistema aprendente, cujos fluxos não podem ser 
reduzidos ao puramente informacional [...]”.
Os hipertextos apresentam conexões tanto entre si como também para outros 
sites de interesse localizados em áreas livres da rede mundial de computadores. “O 
hipertexto contém um convite à navegação e, mais do que isso, um convite a ser 
usado como plataforma para outras navegações. No bojo da técnica hipertextual 
brotou uma oferta de liberdade, que, aliás, está surgindo desde a própria contextura 
técnica de diversas tecnologias da informação e da comunicação”. (ASSMANN, 
1998, p. 154). Desta forma, o hipertexto representa um rompimento com a 
sequencialidade linear de escrita e de leitura, permitindo ao estudante ser sujeito 
ativo no processo de aprendizagem. O hipertexto redescoberto na virtualidade se 
potencializa no desenvolvimento da auto-organização.
3 HIPERTEXTUALIDADE
4 AUTO-ORGANIZAÇÃO
Como já apreciamos, a virtualidade em si mesma não passa de um recurso 
de informação que se transforma em conhecimento no processo de interação entre 
os sujeitos envolvidos, entre sujeito e hipertexto. Esta interação se vincula à auto-
organização que, empiricamente, sugere a autonomia organizativa de cada pessoa 
envolvida. O conhecimento torna-se fecundo quando a informação é organizada.
NOTA
TÓPICO 1 | PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA
5
Passear e ver panoramicamente o mundo é uma forma de despertar nossa 
curiosidade investigativa. Porém, contentar-se apenas com esta atitude torna-nos 
meros turistas. Ser explorador, arqueólogo, garimpeiro do conhecimento permite 
descobrir, revelar e desvelar o mundo. A aventura é segura quando nos auto-
organizamos, o que nos dá liberdade para fazer o caminho e aprender caminhando.
Assmann (1998, p. 134) lembra que “[...] a auto-organização supõe uma 
certa plasticidade adaptativa e implica frequentemente escolhas estratégicas”.
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
6
UMA ÁGORA VIRTUAL PARA O PLANETA
Celso Cândido
As redes de computadores, como internet, proporcionam ao ser humano 
uma recuperação das características primordiais da democracia.
Ágora era a praça pública onde os antigos gregos atenienses reuniam-se 
para debater e deliberar acerca de suas questões políticas. Era ali que tomava corpo 
a ecclésia, a assembleia dos cidadãos, para decidirem sobre os destinos de sua polis, 
da sua cidade. Este ensaio defende a ideia de que entramos em uma época na qual, 
a partir da emergência das novas tecnologias intelectuais, poderemos reviver o 
sentido político daquela ágora.
A democracia é uma forma de governo a respeito da qual se diz existirem 
três princípios fundamentais. Em primeiro lugar, a democracia é uma forma de 
governo em que o povo exerce, ele mesmo, o poder. A própria formação da palavra 
“democracia” indica a definição. Demos significa povo e cracia significa poder, 
logo, democracia é o poder do povo. A democracia busca o interesse da maioria 
e é governada pela maioria. Em segundo lugar, a democracia é um regime que se 
define conforme a liberdade, diferentemente da aristocracia e da oligarquia, as 
quais se definem respectivamente pelo mérito e pela riqueza. A democracia é um 
governo no qual governam as pessoas livres em maioria. A democracia tem, pois, 
como fundamento a liberdade. É preciso que os cidadãos mandem e obedeçam 
alternadamente. [...] A alternância no mando e na obediência é o primeiro atributo 
da liberdade. O segundo é viver como se quer. Em terceiro lugar, a democracia é 
um regime de igualdade de direitos, ou, como diz Aristóletes, o princípio segundo 
o qual “unanimemente se fundam” as democracias, “é o direito que fazem resultar 
da “igualdade numérica”. Sem este princípio da igualdade é impossível falar de 
democracia, pois o poder deve ser exercido por todos e cada um deve ter o mesmo 
peso na deliberação.
Entretanto, o fato de que a maioria participe das deliberações públicas não 
significa necessariamente que tais decisões sejam automaticamenteas melhores. 
Duas, pelo menos, são condições indispensáveis para dar forma a uma cidadania 
capacitada a tomar boas decisões. Em primeiro lugar, é preciso que os cidadãos 
possuam tempo livre para debater e deliberar. Em segundo, é preciso que eles 
possam dedicar-se à sua paideia, à sua formação.
Assim, formação e tempo livre são condições indispensáveis na ecclésia, 
na assembleia deliberativa. A deliberação implica em análise, reflexão, debate. 
Sem tempo livre, o cidadão é impedido de ouvir e argumentar, suas decisões são 
naturalmente precipitadas, instintivas. Da mesma forma, um cidadão pouco ou 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA
7
malformado tem maiores dificuldades de raciocínio e clareza; sem esclarecimento, 
a tendência é fazer deliberações imprudentes, erradas. [...]
Nossa atualidade anuncia uma época até então insondável para a 
civilização. Estamos entrando no marco de uma sociedade na qual o computador, 
como principal meio técnico do fazer e do pensar social, está transformando grande 
parte das relações sociais, políticas, culturais, econômicas, imemoriais.
As fronteiras não são mais facilmente delimitadas. As noções tradicionais 
de tempo e espaço estão se alterando. A memória e o conhecimento ganham uma 
dimensão cibernética universal. Podemos nos comunicar com o mundo todo 
de nossas casas. A antiga praça pública está se transformando em praça virtual 
planetária. Toda a questão, do ponto de vista político, será como organizar os 
debates e as tomadas de decisões a partir destes meios cibernéticos, que são os 
computadores em rede, tais como a internet, por exemplo.
A médio prazo, o fluxo de informações pela internet será tão intenso e ela 
será provavelmente o principal lugar de comunicação e informação da cidadania. 
Com os novos meios técnicos digitais interativos de comunicação e informação, 
o antigo sujeito passivo da informação de massa passa a ser ativo neste novo 
ambiente ecointelectual - cada um é um emissor e receptor de informação. Trata-
se da informação do conhecimento “interessado”.
O grande impacto acontecerá, pois, quando o computador for para cada 
um o que são hoje ou foram, por exemplo, o rádio e a televisão.
Aqueles países, estados ou cidades que enfrentarem com lucidez tais 
questões não poderão deixar de tomar iniciativas imediatas no sentido de promover 
esta superestrada, condição tecno-intelectual do que estamos chamando a Ágora 
Virtual. Com efeito, esta praça pública digital oferecerá não só a possibilidade 
do exercício direto do poder público. [...] colocará à disposição de todos grandes 
riquezas culturais, tais como a “memória cibernética” e o “conhecimento 
acumulado” de todas as gerações, condições sem as quais a democracia mesma 
jamais poderá ser uma boa forma de governo.
FONTE: Cândido (1997, p. 6)
8
Neste tópico você viu que: 
	Os pressupostos que norteiam o ensino a distância de Filosofia se relacionam 
com a ágora grega e a nova ágora virtual.
 
	Ágora grega é o espaço público em que se reuniam os pensadores da Antiguidade 
para discutir as questões sociais, políticas, religiosas e humanas.
	A ágora virtual é aqui apresentada como um ciberespaço, que apresenta a 
possibilidade de democratizar o acesso ao conhecimento.
	Hipertextualidade caracteriza-se como a possibilidade de acesso a diferentes 
links de interesse no processo de estudo e investigação.
	 Auto-organização é o desafio que cada estudante enfrenta ao se deparar com a 
necessidade de se organizar com as leituras, pesquisas e atividades individuais.
RESUMO DO TÓPICO 1
9
 Este assunto rende boas reflexões. Gostaríamos de partilhar algumas 
questões mais intrigantes para que você possa tirar suas conclusões ou 
discutir com algum interlocutor. Será que a “ágora virtual” permitirá maior 
participação política? Poderá um dia o espaço virtual se transformar num lugar 
para deliberação de necessidades públicas? Será que a Internet só revolucionou 
as formas de comercialização?
AUTOATIVIDADE
10
11
TÓPICO 2
CONCEITO E REFLEXÃO
SOBRE O QUE É A FILOSOFIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Admirar-se com a realidade é estar em contínua contemplação e reflexão 
sobre o mundo que nos circunda. Tomar tudo como rotineiro, natural e comum é 
estagnar a mente e entrar numa atividade costumeira, na qual nada causa espanto 
e pouco faz refletir. Como adverte Sócrates, uma vida sem reflexão não merece 
ser vivida. Ver o mundo como novidade desperta para a curiosidade e convida ao 
saber.
2 SURGIMENTO E CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA
A Filosofia surge no século VI a. C., quando alguns pensadores resolveram 
duvidar das explicações mitológicas e começaram a pensar na possibilidade de 
explicar a realidade a partir da razão, sem recorrer à fé.
A palavra Filosofia é de origem grega: philos = amigo e sophia = sabedoria. 
Filósofo é aquele que é amigo do saber. A origem do pensar filosófico se dá pelo 
espanto, admiração e perplexidade. Filosofar é questionar, refletir sobre a realidade 
humana e formar conceitos capazes de traduzir essa realidade para ser pensada, 
comunicada e repensada.
O conhecimento filosófico surgiu gradativamente em substituição aos 
mitos e às crenças religiosas, na tentativa de conhecer e compreender o mundo e os 
seres que nele habitam. A formação do pensamento filosófico se deu na passagem 
do Mito para a Razão. A principal característica está justamente na superação 
da visão cosmogônica para uma explicação cosmológica sobre a ordenação do 
universo. Da cosmogonia para a cosmologia – surge a Filosofia. As crenças cedem 
lugar à razão, que se utiliza dos elementos físicos presentes na natureza para 
compreender a existência.
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
12
O Surgimento da Filosofia se dá na Jônia, cidade-estado da Magna Grécia, 
no século VI a.C., com os pré-socráticos. Os pré-socráticos procuravam a arché 
– o princípio primeiro de todas as coisas. Por isso, a Filosofia, na sua origem, 
caracteriza-se especialmente por tratar de questões cosmológicas, especulando a 
respeito da origem e da natureza do mundo físico. Movido pelo espanto e pela 
admiração, o homem abandona a crença cega para despertar uma consciência 
crítica sobre a realidade.
3 O PAPEL DA FILOSOFIA
Desenvolver a consciência é uma das características e potencialidades da 
Filosofia, o que não quer dizer que seja sua propriedade particular, mas define 
bem sua responsabilidade e compromisso. Desenvolver a consciência implica 
uma necessidade existencial, para tomarmos controle do movimento histórico, da 
ciência e da tecnologia, que há muito tempo vem sendo ditado pelo pensamento 
burguês. No pensamento de Leão (1991, p. 28):
Na era atômica, em que a técnica e a ciência desenvolvem um vigor 
planetário, a missão da Filosofia não é corrigir ou substituir-se à ciência. É 
apenas ser a catarsis de uma autoconsciência. Na reflexão sobre as condições de 
possibilidade da própria ciência, ela recorda que todo conceito humano é sempre 
configuração histórica da verdade do ser, em cujo dinamismo se articulam 
as manifestações existenciais das várias épocas da humanidade. Na terra dos 
homens, não há previdência nem providência escatológica. O homem nunca é 
o alto-falante do absoluto. De antemão não sabe aonde vai chegar, nem mesmo 
se vai chegar. É que não nos podemos despir de nossa finitude, como de um 
manto vergonhoso, para revestirmo-nos da clareza meridiana de um saber sem 
sombras. O homem não é um Deus mascarado que nas vicissitudes históricas 
da existência fosse desmascarado em sua divindade. A Filosofia permanecerá 
sempre a reflexão finita do mais finito dos entes, por ser o único cônscio de sua 
finitude. Assim, os filósofos serão sempre os aventureiros que se afastam da 
terra firme dos entes e se lançam nas peripécias da história em busca da verdade 
do homem. Os argonautas do ser.
Ao referenciar este pensamento, queremos ilustrar a ideia que vínhamos 
desenvolvendo, que tem por intenção desvendara necessidade da Filosofia para 
emancipar o homo sapiens sapiens que somos, conscientes da própria finitude e 
sempre aventureiros no desbravamento contínuo de nossas realidades tão finitas e 
de mistérios tão infinitos. A Filosofia é hoje o instrumento racional para despertar 
a humanidade de seu sono profundo, das ilusões, das manipulações, da verdade 
ofuscada. A Filosofia comporta esta missão, de auxiliar as pessoas a saírem da 
caverna para pensar, questionar e refletir de forma infinita sobre aquilo que é 
aparentemente finito. A Filosofia resgata o desejo de saber, que germina a partir da 
paixão pelo desconhecido e nos torna amantes eternos do saber infinito sobre uma 
realidade tão finita.
TÓPICO 2 | CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É A FILOSOFIA
13
Além da dúvida e da reflexão, a missão da Filosofia também se revela no 
processo de criação do conceito, pois é a partir de conceitos que pensamos. Em 
Filosofia, o conceito expressa o conjunto de ideias que formam um juízo acerca 
de algo. Na ciência, o conceito se resume em expressar (explicar) aquilo que é 
observado pela experiência. Desta forma, o conceito é um signo determinado para 
um objeto. O conceito passa a ser uma adequação da relação de significação entre 
o signo e o objeto. Diverso disto, o conceito em Filosofia manifesta a subjetividade 
da interpretação do sujeito que interage, em consciência crítica, com sua realidade.
Para Deleuze e Guattari (1997, p. 13), “a filosofia, [...], é a disciplina que 
consiste em criar conceitos”. Os conceitos elaboram o conjunto mutável de 
entendimentos que se pode elaborar sobre uma dada realidade. Nele, o filósofo 
encontra o instrumento que lhe possibilita pensar sobre seu contexto em contínua 
transformação.
Os conceitos não nos esperam inteiramente feitos, como corpos celestes. 
Não há céu para os conceitos. Eles devem ser inventados, fabricados 
ou antes criados, e não seriam nada sem a assinatura daqueles que os 
criam. Nietzsche determinou a tarefa da Filosofia quando escreveu: ‘os 
filósofos não devem mais se contentar em aceitar os conceitos que lhes 
são dados, para somente limpá-los e fazê-los reluzir, mas é necessário 
que eles comecem por fabricá-los, criá-los, afirmá-los, persuadindo os 
homens a utilizá-los. Até o presente momento, tudo somado, cada um 
tinha confiança em seus conceitos, como num dote miraculoso vindo 
de algum mundo igualmente miraculoso’, mas é necessário substituir 
a confiança pela desconfiança, e é dos conceitos que o filósofo deve 
desconfiar mais, desde que ele mesmo não os criou [...] (DELEUZE; 
GUATTARI, 1997, p. 13-14).
Ao conceituar, pensamos a singularidade das coisas no seu convívio 
com a totalidade. Nem fragmentos, nem definições, nem verdades absolutas são 
suficientes para filosofar, somente nos conceitos o filósofo encontra as razões 
para seu pensar. O conceito é, para a Filosofia, um instrumento de dúvida, 
questionamento e reflexão.
4 O CONHECIMENTO FILOSÓFICO, RELIGIOSO E 
CIENTÍFICO
A Filosofia difere da religião. A religião busca as causas e princípios 
primeiros nos dogmas, crenças e respostas dadas pela fé. Difere também da ciência 
por não depender apenas da experiência. Contudo, a Filosofia se relaciona com 
ambas, refletindo sobre seus princípios e métodos.
A grande característica da Filosofia, que a torna distinta das demais formas 
de conhecer o mundo, é o questionamento, a dúvida e a reflexão. O questionamento 
gera reflexão, que por sua vez gera novos questionamentos, impulsionando para 
um contínuo prosseguir. Existem pontos de partida que surgem do próprio 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
14
contexto humano, mas não há um ponto de chegada como resposta absoluta 
para o que se busca. Para o filósofo, a pergunta é mais importante que a própria 
resposta. Como bem lembra Sautet (1997, p. 42), “[...] o filósofo não é aquele que 
detém a resposta para todas as perguntas. É aquele a quem as respostas já dadas, 
as respostas que predominam, ou as rivais delas, intrigam. É aquele que interroga, 
aquele que, stricto sensu, repõe em questão o que se faz passar por solução.”
A ciência e a religião, ao contrário, assumem por meta uma resposta final, 
absoluta e verdadeira. A dúvida é, para a Filosofia, uma possibilidade de reflexão. 
Quando nos encerramos em uma verdade absoluta, impedimos a possibilidade da 
dúvida e da reflexão.
Assista a Giordano Bruno: baseado em uma história real, é considerado um 
dos mais extraordinários filmes que retrata a vida do astrônomo, matemático e 
filósofo italiano, frade dominicano, Giordano Bruno. Assista ao filme e procure 
relacioná-lo com este tópico. GIORDANO BRUNO. Direção de Giuliano 
Montaldo. Itália: 1973, 1 DVD (114 min): legenda, color.
Como vimos, a Filosofia desenvolveu-se a partir da religião (da passagem 
do mito para a razão), mas se tornou distinta quando os pensadores buscaram 
refletir sobre a realidade, independentemente das considerações mitológicas. Até 
o século XIX, o termo “Filosofia” incluía o que hoje conhecemos como “ciência”. 
Cada ciência passou a ter um objeto específico para investigação. A Filosofia 
permaneceu como mãe de todas as ciências e como tal faz uma investigação 
paralela, tendo sempre por ponto de partida o questionamento, a reflexão e a 
investigação, elementares para a construção do verdadeiro saber.
Leia atentamente o texto que segue, extraído do livro “Introdução à Filosofia”, de 
Batista Mondin (1980, p. 5-6). O autor apresenta o que vem a ser a Filosofia. 
DICAS
NOTA
TÓPICO 2 | CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É A FILOSOFIA
15
AFINAL, O QUE É A FILOSOFIA?
Batista Mondin
O homem, diz-se, é naturalmente filósofo, “amigo da sabedoria”. E é 
verdade. Ávido de saber, não se contenta em viver o momento presente e aceitar 
passivamente as informações fornecidas pela experiência imediata, como fazem os 
animais. Seu olhar interrogativo quer conhecer o porquê das coisas, sobretudo o 
porquê da própria vida.
Mas enquanto o homem comum, o homem da rua, formula estas 
interrogações e enfrenta estes problemas de maneira descontínua, sem método 
e sem ordem, há pessoas que se dedicam a essas pesquisas todo o seu tempo e 
todas as suas energias, e propõem-se a obter uma solução concludente para todos 
os ingentes problemas que espicaçam a mente humana, através de uma análise 
aprofundada e sistemática. São estas as pessoas a que costumamos chamar 
“filósofos”.
Mas, então, o que é exatamente a filosofia?
É um conhecimento, uma forma de saber e, como tal, tem sua esfera 
particular de competência; sobre esta esfera busca adquirir informações válidas, 
precisas e ordenadas. Mas enquanto é fácil dizer qual é a esfera de competência 
das várias ciências experimentais, não é igualmente cômodo delimitar o campo 
de pesquisa próprio da filosofia. É sabido, por exemplo, que a botânica estuda 
as plantas, a geografia os lugares, a história os fatos, a medicina as doenças 
etc. Mas a filosofia, que estuda ela? No entender dos filósofos, ela estuda tudo. 
Aristóteles, o primeiro a pesquisar rigorosamente e sistematicamente a natureza 
desta disciplina, diz que a filosofia estuda “as causas últimas de todas as coisas”. 
Cícero define a filosofia como sendo “o estudo das causas humanas e divinas das 
coisas”. Descartes afirma que a filosofia “ensina a bem raciocinar”. Hegel concebe 
a filosofia como “saber absoluto”. Whitehead julga que seja tarefa da filosofia 
“fornecer uma explicação orgânica do universo”. Poderíamos citar muitos outros 
filósofos que definem a filosofia quer como estudo do valor do conhecimento, quer 
como pesquisa sobre o fim último do homem, quer como estudo da linguagem, do 
ser, da história, da arte, da cultura, da política etc. Com efeito, coerentes com estas 
definições discrepantes, os filósofos estudaram todas as coisas. Devemos, pois, 
concluir que a filosofia estuda tudo? Sem dúvida. Isto por duas razões.
Em primeiro lugar, porque todas as coisas, além de poderem ser examinadas 
a nível científico, podemsê-lo também a nível filosófico.
Assim, os homens, os animais, as plantas, a matéria, já estudados por muitas 
ciências e sob diferentes pontos de vista, são suscetíveis também de uma pesquisa 
filosófica. Com efeito, os cientistas se interrogam sobre a constituição da matéria, 
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
16
perguntam-se o que é a vida, como estão estruturados os animais e o homem, 
mas não chegam a enfrentar certos problemas também referentes ao homem, aos 
animais, às plantas, à matéria: por exemplo, o que seja o existir. Especialmente com 
relação ao homem, do qual as ciências estudam múltiplos aspectos, são muitos os 
problemas que nenhuma delas enfrenta (enquanto os supõe já resolvidos), como o 
valor da vida e do conhecimento humano, a liberdade, a natureza do mal, a origem 
e o valor da lei moral. Somente a filosofia se ocupa destes problemas.
Em segundo lugar, porque, enquanto as ciências estudam esta ou aquela 
dimensão da realidade, a filosofia tem por objeto o todo, a totalidade, o universo 
tomado globalmente.
Eis, pois, a primeira característica que distingue a filosofia de qualquer 
outra forma de saber: ela estuda toda a realidade ou, de algum modo, procura 
apresentar uma explicação completa e exaustiva de um domínio particular da 
realidade.
Mas há também outras três qualidades que contribuem para dar ao saber 
filosófico um caráter próprio e específico: o instrumento de pesquisa, o método e 
o escopo.
O instrumento de trabalho, de pesquisa, de análise de que a filosofia se 
utiliza é a razão, a razão pura, o “raciocínio puro”, como diz Platão. Ela não dispõe 
de microscópios, telescópios, máquinas fotográficas etc. Não pode estabelecer 
controles com instrumentos materiais nem apressar suas operações recorrendo a 
computadores. Mesmo os instrumentos cognitivos de que se utiliza todo homem 
e todo cientista, os sentidos e a imaginação, ao filósofo só servem na fase inicial, 
para conseguir alguns conhecimentos do real, para o qual depois volta o olhar 
penetrante da razão. O trabalho verdadeiro e próprio de pesquisa filosófica 
é realizado apenas pela razão; esta, para subtrair-se a todo tipo de distração, 
encerra-se em seu sagrado recinto, longe do barulho das máquinas, da sedução 
dos prazeres e da práxis, da confusão dos sentidos, em solitária companhia com o 
próprio objeto.
O método da filosofia é essencialmente raciocinativo, embora não exclua 
algum momento intuitivo (quer na fase inicial, quer na final). Mas os processos 
raciocinativos são múltiplos, e os mais importantes dentre eles são a indução 
e a dedução. A filosofia utiliza ambos: o primeiro, para ascender dos fatos aos 
princípios primeiros; o segundo, para descer de novo dos primeiros princípios e 
iluminar posteriormente os fatos, para compreendê-los melhor.
TÓPICO 2 | CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É A FILOSOFIA
17
Outro filme interessante é O nome da rosa. Adaptação do célebre romance de 
Umberto Eco, que retrata uma biblioteca medieval e a relação com o conhecimento naquele 
período.
Para aprofundar suas leituras sobre o que é a filosofia, indicamos o seguinte site: 
<http://www.cefetsp.br/~eso/sitesfilosofia.html>. Ali você encontrará links de filosofia com 
comentários.
DICAS
NOTA
18
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que: 
	A Filosofia surgiu no século VI a. C.
	O significado da palavra Filosofia tem origem grega – philos = amigo e sophia = 
sabedoria.
	O papel da Filosofia está em desenvolver a consciência, a capacidade de 
questionar, de conceituar e de refletir sobre a realidade.
	O conhecimento filosófico tem seu critério na razão, o conhecimento religioso 
depende da fé e o científico depende da experimentação.
19
AUTOATIVIDADE
1 Como surgiu a Filosofia?
2 Ao pensar sobre o papel da Filosofia, Leão (1991) propôs a seguinte reflexão: 
“na era atômica, em que a técnica e a ciência desenvolvem um vigor planetário, 
a missão da Filosofia não é corrigir ou substituir-se à ciência. É apenas ser a 
catarsis de uma autoconsciência”. O que o pensador está sugerindo?
3 Qual a principal diferença entre Filosofia, Ciência e Religião?
20
21
TÓPICO 3
CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Ao longo de nossa vida, encontramos pessoas, fazemos perguntas, 
afirmamos, negamos, repetimos frases, cumprimentamos, aceitamos, rejeitamos, 
enfim, tomamos várias atitudes e não nos damos conta de que agimos 
mecanicamente, sem tomar consciência dos nossos atos. Agimos como se as coisas 
já estivessem predeterminadas ou programadas em nossa mente, não nos dando 
conta de que somos seres que têm a capacidade de transformar e modificar as 
ações, dando a elas um sentido diferente.
De maneira geral, as pessoas agem da mesma forma. Isto pode ser observado 
nos locais de trabalho, nas filas dos bancos, nas praças e ruas de nossas cidades. 
As pessoas são impulsionadas a seguir um padrão de vida, como sendo o ideal ou 
o almejado pela sociedade. Com isto, acabam não levando em consideração que 
são seres históricos, capazes de modificar o seu espaço e não agirem apenas como 
máquinas programadas para executar uma determinada atividade. 
Estas são atitudes imersas nos afazeres do dia a dia e são marcadas pela 
falta de consciência, tanto das ações individuais quanto das sociais. Estas atitudes 
estão relacionadas à consciência que se tem de mundo. Portanto, este tópico quer 
discutir a consciência humana como um dos elementos formadores do pensamento 
filosófico.
2 A CONSCIÊNCIA HUMANA
Ao longo da história da humanidade, muito se estudou sobre a consciência, 
que melhor caracteriza o ser humano. Diversas ciências procuraram dar um 
significado para a palavra consciência, mas foi principalmente com a Filosofia, a 
Psicologia e a Sociologia que teve início uma reflexão mais sistemática sobre esta 
expressão denominada consciência. 
22
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
Tanto a Psicologia quanto a Sociologia têm uma compreensão diferenciada 
para a consciência. A Psicologia procura compreender as atitudes do ser humano 
enquanto indivíduo. Nesta perspectiva, a consciência é entendida como o conjunto 
de fenômenos e dados psíquicos que a pessoa é capaz de verbalizar reflexamente. Já 
a Sociologia procura estudar as relações sociais do ser humano em seu meio. Sobre 
esse prisma, a consciência está relacionada com o social, que é a “[...] conformidade 
de ideias, opiniões, sentimentos e ações que caracterizam os componentes de 
determinado grupo ou sociedade”. (OLIVEIRA, 2000, p. 236).
De maneira geral, a palavra consciência é entendida como a capacidade humana 
de prever e planejar as próprias atividades, de refletir sobre elas no decorrer da ação, e de aferir 
os resultados, seja com os planos, seja com princípios e ideais teóricos ou práticos.
A filosofia procura investigar os fatos em sua profundidade e compreendê-
los em sua totalidade, dando um sentido para o mundo. A consciência não pode 
ser compreendida unicamente como uma dimensão psicológica e nem como uma 
dimensão puramente social. Ela se manifesta a partir de ambas: a consciência 
abrange o psicológico e o social. Neste sentido, a consciência humana tem a 
capacidade de prever e planejar as próprias atividades, de refletir sobre elas no 
decorrer da ação, e de aferir os resultados, seja com os planos, seja com princípios 
e ideais teóricos ou práticos. 
Para Cotrim (2002, p. 42), “[...] a consciência pode centrar-se sobre o próprio 
sujeito, sondando a interioridade, ou sobre os objetos exteriores, sondando a 
alteridade (do latim alter, ‘outro’)”. Podemos, então, identificar duas dimensões 
complementares no processo de conscientização do ser humano: a consciência de si 
e a consciência do outro. No entendimento de Cotrim (2002, p. 42), a consciência de 
si é a “concentração da consciência nos estados interiores do sujeito, exige reflexão”, 
enquanto que a consciência do outro é “a concentração da consciência nos objetos 
exteriores, exige atenção”.A reflexão e a atenção se manifestam pelo processo 
de inventar, raciocinar, apresentar, inovar, levado pela consciência de si ou pelo 
processo de absorver, reformular, ouvir, rever e reconstruir, levado pela consciência 
do outro.
CONSCIÊNCIA CRÍTICA
CONSCIÊNCIA DE SI CONSCIÊNCIA DO OUTRO
NOTA
TÓPICO 3 | CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
23
A junção destas duas atitudes, consciência de si e consciência do outro, dá 
origem à consciência crítica, que é uma das funções primordiais da filosofia na 
sociedade atual. Assim, a filosofia desenvolve nas pessoas a capacidade de julgar 
os fatos e distinguir aqueles que melhor correspondem à sua consciência.
REMISSÃO A LEITURAS
Friedrich Nietzsche (2005, p. 5-6), que viveu entre os anos 1844 a 1900, destaca quatro casos 
de consciência:
	Tu corres à frente? Tu fazes isto como pastor? Ou como exceção? Um terceiro caso seria o 
desertor... Primeiro caso de consciência.
	Tu és autêntico? Ou apenas um ator? Um representante? Ou o próprio representado? Por 
fim, talvez tu não passes da imitação de um ator... Segundo caso de consciência.
	Tu és alguém que observa? Ou que coloca as mãos à obra? - Ou que desvia o olhar e se 
põe de lado?... Terceiro caso de consciência.
	Tu queres acompanhar? Ou ir à frente? Ou ir por sua própria conta?... É preciso saber o que 
se quer. Quarto caso de consciência.
Para aprofundar os seus conhecimentos ou adquirir novas informações sobre a consciência, 
leia o livro O Crepúsculo dos Ídolos, de Nietzsche, citado nas referências.
3 OS DIFERENTES TIPOS DE CONSCIÊNCIA
Comumente somos levados a relacionar a consciência apenas com a 
capacidade de compreender de maneira racional uma dada realidade. Porém, com 
o desenvolvimento do homem ao longo do tempo, foi-se distinguindo diferentes 
formas de consciência que predominaram durante a história da humanidade. De 
maneira geral, podemos identificar três tipos de consciência que se estabeleceram 
na relação do homem com o mundo: a mítica, a religiosa e a racional.
NOTA
24
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
O mito foi uma das primeiras formas que o homem encontrou para explicar 
a realidade na qual ele se encontrava. Como exemplo, podemos citar um mito 
criado pelos índios brasileiros para explicar a diferença com os brancos, que foi 
relatado por Orlando Villas Boas (apud TELES, 1990, p. 11-12):
A três índios diferentes foram dados um arco branco, um arco preto e 
uma carabina. Os três chegaram às margens de um lago de águas muito 
claras. Os dois índios que escolheram os arcos não quiseram entrar no 
lago, puseram apenas as mãos em suas águas. As mãos ficaram brancas 
e eles tentaram limpá-las numa árvore. Aí ouviram a voz de Avinhoka 
(divindade protetora), que disse: ‘Assim como a árvore, vocês não serão 
para sempre’. O terceiro índio, que havia escolhido a carabina, entrou na 
água e saiu completamente branco. Em seguida foi deitar-se sobre uma 
pedra. A este, disse Avinhoka: ‘Assim como a pedra, você será eterno’.
Nota-se neste relato que os índios utilizam-se do mito para explicar a 
realidade sociocultural diferente. Este caso quer explicar a permanência da cultura 
do branco e a extinção da cultura indígena. Mito é uma narrativa sobre a origem 
de alguma coisa (terra, dos homens, do universo, dos animais etc.). A palavra 
mito vem do grego, Mytheos, que significa contar, narrar, falar alguma coisa para 
os outros. É, portanto, uma forma de explicar e compreender a realidade social e 
natural diferente da nossa. 
Hoje, podemos encontrar diferentes tipos de mitos com diferentes 
significados que permeiam a nossa vida diária. Estão presentes no campo político 
(no qual prometem resolver todos os problemas, tornando-se verdadeiros heróis), 
na música, no automobilismo, no futebol, no qual se desenvolve uma crença 
exagerada sobre o seu talento. 
A consciência mítica, principalmente nas civilizações primitivas, estava 
ligada diretamente à comunidade. Como diz Gusdorf (apud ARANHA; MARTINS 
1999, p. 57), “a primeira consciência pessoal está, portanto, presa na massa 
comunitária e nela submergida [...]. É uma consciência em situação, extrínseca e não 
intrínseca, a individualidade aparecendo então como um nó no tecido complexo 
das relações sociais”. Este tipo de consciência é marcado pela falta de criticidade, 
em que o indivíduo não se reconhece em si, mas como parte do grupo.
3.2 A CONSCIÊNCIA RELIGIOSA
3.1 A CONSCIÊNCIA MÍTICA
A consciência religiosa tem como base os dados da revelação divina, a que 
os homens chegaram através da aceitação ou crença em algo superior, conhecido 
como divindades ou deuses. Este tipo de consciência se assemelha muito ao 
mítico, por acreditar em algo superior e em elementos sobrenaturais, mas tem suas 
particularidades. Uma de suas diferenças está na doutrina ou nos ensinamentos 
TÓPICO 3 | CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
25
que são repassados aos seus seguidores. Além disso, tem como princípio que as 
verdades são infalíveis e indiscutíveis, cabendo apenas aos indivíduos aceitarem 
as suas doutrinas. 
Enquanto a Filosofia procura discutir os fundamentos da realidade através 
da razão para poder alcançar o conhecimento, a consciência religiosa tem por base 
a fé perante um conhecimento revelado. Esta consciência procura dar ênfase aos 
dados revelados, enquanto a razão não participa do seu processo de análise. Este 
tipo de consciência predominou sobretudo na Idade Média, principalmente com 
a Igreja Católica. Podemos citar como exemplo Santo Agostinho, que afirmava ser 
necessário “compreender para crer, crer para compreender”, ou seja, a certeza só 
seria possível por meio da fé, não sendo uma função ligada ao intelecto.
Tanto a consciência mítica quanto a religiosa baseiam-se na fé e não apelam para 
a crítica ou para as dúvidas, apenas procuram transmitir uma certeza. A principal diferença está 
em que o mito segue uma forma mais fantasiosa de compreensão da realidade, enquanto que 
a religião segue uma doutrina e seu pensamento é mais sistematizado.
Muitos são os sentidos dados à palavra razão em nosso cotidiano. Por 
exemplo, afirmamos que o mundo é racional, que o homem é um ser racional, 
que os meios que se utilizam são racionais. Quer significar que o mundo pode ser 
compreendido, que o homem é um ser inteligente e que os caminhos utilizados 
são válidos e eficazes, transmitindo uma certa segurança. Também a expressão 
racional aparece em afirmações mais particulares, como, por exemplo: ele não tem 
razão, eu estou com a razão, ele perdeu a razão. Quer significar que ele não está 
com a verdade, que eu estou com a verdade ou que ele agiu opondo-se à verdade. 
Esses são alguns dos sentidos dados à racionalidade. A palavra racional 
vem de razão, que tem sua origem no latim ratio e no grego logos. Tanto a expressão 
ratio quanto a expressão logos significam juntar, calcular, separar, contar, reunir, 
medir. Querem expressar que conhecimento segue um método, uma ordem, que 
pode ser demonstrado calculado e medido com uma certa clareza.
3.3 A CONSCIÊNCIA RACIONAL
IMPORTANT
E
26
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
O que significa ter uma consciência racional? Segundo Chauí (1997, p. 
59), significa ter “[...] a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta 
e claramente”, ou seja, expressar como as coisas se apresentam seguindo uma 
forma de pensar e de dizer as coisas como elas são. Isto não significa dizer que haja 
apenas uma forma de pensar racionalmente. Podemos identificar, de maneira mais 
abrangente, duas formas diferentes de manifestação da razão: a racionalidade 
científica e a racionalidade filosófica.
A racionalidade científica tem como base a universalidade e a demonstração 
dos fatos que se caracterizam por desenvolver métodos experimentais que partem 
da: observação dos fenômenos na realidade, formulação de hipóteses, experimentos 
ou aplicação das hipóteses e a formulação de uma lei ou teoria. Já a racionalidade 
filosófica tem como base a reflexão e aanálise dos fatos na sua universalidade, sem 
se ater a uma aplicação prática, mas procura dar uma resposta às grandes questões 
que são colocadas ao ser humano.
Racionalidade é a capacidade intelectual de expressar um conhecimento 
seguindo um método, uma ordem, que pode ser demonstrado, calculado e medido com uma 
certa clareza.
Ciência é uma forma de conhecimento que procura compreender como são as coisas através 
de enunciados, mais ou menos gerais e sistematicamente articulados entre si.
Ciência e filosofia seguem a razão. 
Enquanto a ciência procura, principalmente, compreender o que são 
as coisas, ou seja, fornecer a chave de compreensão da realidade, a 
filosofia, através da razão crítica, é capaz de ‘estranhar’ essa realidade 
cotidianamente e, assim, proceder à análise em busca de seus 
fundamentos, percebendo o que ela é e propondo o que ela deveria ser. 
(COTRIM, 2002, p. 46).
4 A CONSCIÊNCIA CRÍTICA
A consciência crítica não é mais um tipo de consciência que podemos 
identificar em nossa sociedade, mas uma atitude perante a realidade social que se 
apresenta. Primeiramente, uma das características principais da atitude crítica é 
olhar o mundo de forma negativa, ou seja, dizer um não aos fatos, aos preconceitos, 
aos valores, ao que todo mundo diz. Uma segunda característica da consciência 
crítica é positiva, procurar questionar, interrogar e buscar saber o porquê e o 
NOTA
TÓPICO 3 | CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
27
para quê das coisas. “Estas duas ações, a negativa e a positiva, constituem para 
o pensamento filosófico o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico” 
(CHAUÍ, 1997, p. 12).
A consciência crítica nasce do confronto dos diferentes pontos de vista que 
se pode ter das coisas ou da nossa realidade. Consequentemente, a atitude crítica 
não se forma de uma hora para outra, ela depende de um processo histórico e de 
informações para que se desenvolva. Além disso, a consciência crítica se caracteriza 
por identificar as segundas intenções ou as verdadeiras intenções que se tem com 
as ações.
Neste contexto, a formação de uma consciência crítica passa diretamente 
pela filosofia, que se caracteriza por desenvolver nas pessoas um pensamento 
próprio e crítico sobre a realidade do cotidiano, de questionar os dogmas ou 
as doutrinas religiosas que se impõem, de superar a explicação mitológica da 
realidade, de discutir a validade dos métodos e critérios adotados pelas ciências.
Para buscar mais informações sobre a consciência crítica, sugerimos que você 
acesse o site: <http://www.geocities.com/Athens/Agora/1417/ConscienciaCritica.html>.
Como atividade complementar deste tópico, sugerimos que você 
assista ao filme Sociedade dos Poetas Mortos, que apresenta 
o processo de formação da consciência nas suas diferentes 
circunstâncias.
Sociedade dos Poetas Mortos leva as pessoas a pensar por si sós. 
Este é o objetivo do professor de literatura que apresenta uma 
nova metodologia de ensino dentro de um colégio conservador.
SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. Direção de Peter Weir. EUA: 
Touchstone Pictures:1989, 1 DVD (129 min), color. Legendado.
DICAS
DICAS
28
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
Até agora você viu o que é consciência e como ela é compreendida pelo 
pensamento filosófico. O texto que segue é escrito pelo professor de Ética e Filosofia 
Política da USP, Renato Janine Ribeiro (2000, p. 9), no qual apresenta a ideia de 
Nietzsche sobre a questão da consciência e faz uma relação com a realidade atual. 
Após a leitura deste texto, responda as autoatividades propostas.
COM NIETZSCHE, A CONSCIÊNCIA DA FRAGILIDADE
Para ele, o essencial é assumir por completo a insegurança de nossa condição
Renato Janine Ribeiro
Que papel teve Nietzsche na cultura, estas décadas? [...] Nosso tempo é de 
crítica sistemática a tudo o que passava por aceito. As verdades antes acolhidas são 
postas em xeque e não porque sejam substituídas por novas verdades. É contestada 
a própria ideia de verdade, de valor.
Durante séculos, deu-se o valor à consistência do ser. Isto é: valores como o 
bem, o belo, a verdade, que justamente por se chamarem “valores” só funcionam 
enquanto valem para alguém (enquanto são afirmados por seres humanos), foram 
apresentados como se fossem seres, independentes de nós, ancorados em Deus 
ou na natureza. Ora, o que Nietzsche e Freud mostram – e em certa medida Marx 
– é que por trás dos valores há uma vontade humana, um projeto, muitas vezes 
inconfesso.
Por exemplo, para falar em linguagem freudiana, a disposição a dizer 
a verdade pode mascarar o propósito – inconsciente – de magoar. Em língua 
nietzschiana, a bondade dos padres pode servir ao desejo de enfraquecer os fortes 
e de converter os fracos em massa de manobra. É o que ele desenvolve num de 
seus livros mais brilhantes, A Genealogia da Moral.
Nesse sentido, seria difícil exagerar o impacto de Nietzsche em nossos 
dias. Verdade, bem e belo perderam muito da força que já tiveram. Faz tempo que 
os artistas deixaram de procurar o belo. No tocante à verdade, um dos maiores 
dramaturgos do século 20 pôs em xeque não só a interpretação dos fatos, mas os 
próprios fatos: em suas peças a mesma história é relatada em versões opostas. 
Enfim, quanto ao bem, sabemos que o mal muitas vezes resulta em bem e o bem 
em mal. Tudo isso, hoje, remete a Nietzsche e a um continente complexo, do qual o 
mínimo a dizer é que procede a uma severa crítica ao caráter absoluto dos valores.
Mesmo quem nunca leu Nietzsche, mas está atento a nosso tempo, sente 
esses sinais que o filósofo detectou – ou inventou? – há mais de um século. Tudo isso 
está presente não só na vida culta, mas em nossa cultura, no sentido antropológico, 
que designa o modo como damos ou apreendemos os significados da convivência 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 3 | CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
29
social. Não é preciso estudar filosofia para saber da crise dos valores: basta viver. 
Uma briga de casal ilustra-a. Nietzsche soube captar uma mudança que em seu 
tempo se iniciava e desde então só cresceu.
Mas o meteoro Nietzsche também teve impacto sobre a vida intelectual – 
sobre a cultura no sentido mais alto, nas ciências humanas e nas humanidades. 
Basta uma palavra, sobre o que hoje é chamado de pós-moderno. A modernidade 
foi o tempo em que o Ocidente triunfou do resto do mundo, fazendo prevalecer um 
modelo de razão que amava o fim da História: foi a vitória dos valores absolutos. 
Mas o pós-modernismo, pelo menos em sua versão mais refinada, a de Foucault, 
mostrou que tudo isso eram apenas construtos. O Ocidente não teria efetuado uma 
fiel descrição do que são as coisas, mas simplesmente montou uma estratégia, para 
dominar tudo o que dele divergia. Não existe, pois, uma natureza a descrever ou 
a imitar, mas uma série de estratégias de conquista. Ora, essa leitura da aventura 
humana é nietzschiana. Rompe com o que nos resta de crença em verdade revelada 
e exige que assumamos por completo a insegurança de nossa condição.
[...] Assumir a filosofia nietzschiana, hoje, não é só uma escolha intelectual. 
Significa uma opção de vida. Mas o que pode aprender quem lê Nietzsche com 
atenção é a consciência de sua, de nossa fragilidade. E é mais difícil, embora mais 
rico, viver sabendo-se frágil do que quando se acredita na própria superioridade.
FONTE: Ribeiro (2000, p. 9)
30
RESUMO DO TÓPICO 3
Você viu neste tópico que: 
	As pessoas são seres históricos capazes de modificar o seu espaço e não agirem 
apenas como máquinas programadas para executar uma determinada atividade.
	A Psicologia procura entender o ser humano a partir de sua individualidade 
(consciência de si), enquanto que a Sociologia procura entender o ser humano 
a partir do seu meio (consciência do outro). A junção destas duas atitudes dá 
origem à consciência crítica.
	A consciência mítica caracteriza-se pela falta de criticidade e o indivíduo não se 
reconhece em si, mas como parte do grupo.
	A consciência religiosa tem como basea fé e a aceitação de uma doutrina.
	A consciência racional caracteriza-se pela capacidade intelectual de pensar, que 
se manifesta na racionalidade científica e filosófica.
	Nietzsche criticou todo tipo de verdade e afirmou que devemos assumir por 
completo a insegurança de nossa condição.
31
AUTOATIVIDADE
1 A consciência não pode ser compreendida unicamente como uma dimensão 
puramente psicológica e nem como uma dimensão puramente sociológica. 
Como a Filosofia explica esta situação? 
2 O que caracteriza a consciência mítica, religiosa e racional?
3 Para a Filosofia, quais são os aspectos que caracterizam uma consciência 
crítica?
4 Que tipo de consciência predomina na filosofia nietzscheana? Explique-a.
5 Mas a “verdade”, da qual nossos professores tanto falam, parece ser 
seguramente uma coisa bem mais modesta, da qual não se pode recear 
nada de desordenado ou excêntrico: ela é uma criatura de humor fácil e 
benevolente, que não se cansa de assegurar a todos os poderes estabelecidos 
que ela não quer criar aborrecimentos a ninguém; pois, afinal de contas, 
não se trata aqui apenas de “ciência pura”? (NIETZSCHE, F. Escritos sobre 
educação. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2003. p. 151).
Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, faz uma crítica irônica a uma 
concepção naturalizada e abstrata da ciência e da verdade. Pensando na relação 
de um professor com o conhecimento, qual das seguintes afirmações acerca da 
atuação do professor dá sentido à crítica do autor?
(A) Convencer os seus alunos a consolidar o saber científico.
(B) Preservar os fundamentos das pesquisas já feitas na escola.
(C) Ser um bom transmissor dos saberes instituídos cientificamente.
(D) Colocar em questão a normalidade dos conhecimentos.
(E) Transmitir verdades que ampliem os conhecimentos estabelecidos.
32
33
TÓPICO 4
OS GRANDES FILÓSOFOS 
GREGOS E A EDUCAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Uma das primeiras finalidades da Filosofia no Ensino Superior é a de 
ampliar os conhecimentos das diferentes disciplinas e apontar as semelhanças e 
diferenças entre elas. Segundo Pierre Lévy, o filósofo deve adquirir conhecimentos 
técnicos antes de falar sobre o assunto, é o mínimo. Entretanto é preciso ir mais 
longe, não ficar preso a um ‘ponto de vista sobre...’ A técnica e as tecnologias 
intelectuais em particular têm muitas coisas para ensinar aos filósofos sobre a 
Filosofia. (apud MATTAR NETO, 2004). Como ciência-mãe das outras disciplinas, 
a Filosofia serve como elo e aglutinação entre os vários campos do conhecimento e 
como crítica aos saberes isolados e dogmatizados.
Vivemos numa época em que a tecnologia está presente em quase 
todos os aspectos do nosso cotidiano. O ritmo das mudanças é tal que se torna 
difícil compreender a sociedade como um todo. Por isso, o estudo da Filosofia, 
juntamente com a influência dos inúmeros Filósofos, ajudam-nos a compreender 
e a questionar os modelos e os padrões que são utilizados na educação, bem como 
formular outras visões que possam ser condizentes com o seu ambiente.
Este tópico tem como finalidade apresentar algumas ideias de Sócrates, 
Platão e Aristóteles e relacioná-las com a educação. Fazer filosofia é estar sempre a 
caminho e não acreditar que os saberes estejam prontos e acabados, cabendo-nos 
apenas ter o seu domínio, mas fazer filosofia é ir à busca do saber e não de sua 
posse.
2 O MÉTODO SOCRÁTICO: A IRONIA E A MAIÊUTICA
Apesar de não deixar nada por escrito, Sócrates (469-399 a.C.) é considerado 
uma das figuras mais importantes para a história do pensamento ocidental. A 
sua vida, os seus ensinamentos e a sua filosofia nos são transmitidos pelos seus 
discípulos, principalmente por intermédio dos Diálogos de Platão.
34
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
No século V a.C., a Grécia passava por mudanças profundas, onde a forma 
de governo que predominava até então era a monarquia agrária, passando a 
predominar a democracia comercial e industrial. É neste cenário de mudança que 
temos os sofistas, representando uma classe ascendente; a aristocracia, que detinha 
o poder da época; e Sócrates, que defendia uma posição independente, baseada no 
questionamento dos fatos e na utilização da razão como fonte de compreensão do 
bem e do mal.
Sofistas eram filósofos que defendiam a arte da argumentação como forma de 
evidenciar a verdade dos fatos. Segundo Chauí (1997, p. 37), “os sofistas ensinavam técnicas de 
persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião A, depois a posição 
ou opinião contrária, não A, de modo que, numa assembleia, soubessem ter fortes argumentos 
a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão”.
Contrariando as ideias dos sofistas, Sócrates desenvolveu uma filosofia 
baseada no autoconhecimento, que consistia na investigação e no questionamento 
de sua própria vida. “Conhece-te a ti mesmo” é uma de suas expressões que 
melhor representa o seu pensamento e está diretamente relacionada com os seus 
ensinamentos. Segundo Sócrates, uma das atitudes mais importantes de qualquer 
pessoa é buscar o conhecimento de si próprio antes de fazer qualquer julgamento. 
Como professor, Sócrates desenvolve um método prático baseado no 
diálogo, na conversa, na dialética, que tem por finalidade desenvolver nas pessoas 
um conhecimento mais seguro sobre as coisas, e não apenas frutos das aparências, 
como defendiam os sofistas. Este método se dá a partir de dois pontos principais: 
a ironia e a maiêutica.
2.1 A IRONIA
A primeira etapa do método socrático consiste em reconhecer a própria 
ignorância. Ou seja, ter consciência de que não sabemos tudo, reconhecer os 
limites e as contradições de nossos pensamentos através da interrogação e do 
questionamento. Do grego, ironia, significa interrogação. De fato, Sócrates 
interrogava as pessoas sobre aquilo que elas pensavam saber. 
NOTA
TÓPICO 4 | OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS E A EDUCAÇÃO
35
Somente quando reconhecemos a ignorância é que estamos preparados 
para reconstruir as nossas ideias. Neste sentido, Sócrates propunha a maiêutica, 
que em grego significa “parto das ideias”. A maiêutica tinha por finalidade levar 
as pessoas a desenvolver suas próprias ideias. A origem da expressão maiêutica 
está relacionada à sua mãe, que, sendo parteira, ajudava as mulheres a darem 
à luz a seus filhos. Neste sentido, Sócrates coloca-se como parteiro, que tem a 
finalidade de dar à luz a novas ideias aos seus discípulos através do diálogo e do 
questionamento. (COTRIM, 2002).
Portanto, em vez de seguir a prática habitual de ensino em que o aluno 
pergunta e o professor responde, Sócrates fazia o contrário: era ele quem 
perguntava. Isto levava seus discípulos ao questionamento e a terem suas próprias 
ideias.
Assim como Sócrates, que utilizou a ironia e a maiêutica como métodos para 
desmascarar os sofistas e os que se diziam possuidores da verdade, acreditamos 
que este mesmo método possa ser utilizado nos espaços escolares para questionar 
o dogmatismo das ciências, a autoridade dos que se dizem especialistas em 
suas áreas de conhecimento e que levam em consideração apenas os aspectos 
tecnológicos, excluindo o lado humano e ético. Sócrates, em seu tempo, foi capaz 
de “[...] trazer a racionalidade às questões humanas, rompendo definitivamente 
com explicações mitológicas e/ou metafísicas”. (COLTRO, 1999, p. 67).
2.2 A MAIÊUTICA
Se você tiver qualquer dificuldade ou dúvida em relação a este ou outros tópicos, 
entre em contato pelo 0800-6425000 nos dias agendados ou envie sua mensagem por e-mail 
ou através da ferramenta contato, presente em seu ambiente de aprendizagem - AVA.
DICAS
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR
Leia atentamente o texto “As três Peneiras” e relacione cada um dos 
conceitos – Verdade, Bondade e Necessidade – com a escola ou organização 
onde você trabalha ou estuda.
AS TRÊS PENEIRAS
Augustus procurou Sócrates e disse-lhe:
- Sócrates, preciso contar-lhe sobre alguém! Você não imagina o que

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