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NANDA TOMAZ SEMINÁRIO INCERTEZA NUM SENTIDO FORTE SIGNIFICADO E FONTES, DAVID DEQUECH

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DISCIPLINA: Teoria Macroeconômica II
PERÍODO: 2020.1
TURNO: Noturno
ALUNA: FERNANDA TOMAZ DE PINHO SILVA
SEMINÁRIO – INCERTEZA NUM SENTIDO FORTE: SIGNIFICADO E FONTES, DAVID DEQUECH
Olá, pessoal, eu sou a Fernanda Tomaz. E este é o seminário de Teoria Macroeconômica II, do Professor Doutor Felipe de Holanda, a respeito da Incerteza num sentido forte, de David Dequech. O artigo divide-se em sete partes, sendo as duas últimas de considerações finais, e as cinco primeiras a seguir serão apresentadas. 
Segundo definição do próprio autor, o artigo preocupa-se em definir um conceito forte de incerteza, 'no qual a escassez de evidência torna o conhecimento incompleto a um nível tal, que impede que as pessoas formem uma distribuição de probabilidade única, aditiva e totalmente confiável como guia de conduta'. 
Em nível de metodologia, revisitou a literatura econômica a respeito de diferentes interpretações para expressar o conceito de incerteza. O referencial geral para estabelecer os contrastes fora o 'Treatise on probability' e a noção de incerteza de Keynes. (Também para o autor, "no que se refere às raízes da incerteza forte, a diferença entre as várias abordagens não parecem ser tão significativa. Para ele, "Os trabalhos que enfatizam a evidência incompleta (peso baixo) e o conhecimento não-confiável, mas não lidam com a possibilidade de mudança estrutural podem ser vistos como algo que usa uma noção de incerteza forte o bastante para ir além da teoria convencional da utilidade esperada). 
Em síntese, segundo o autor, "Mesmo que a teoria da probabilidade subjacente ao conceito seja uma em que a probabilidade é uma propriedade do conhecimento, a principal fonte de incerteza para as decisões econômicas mais relevantes residirá nas propriedades da realidade, sobretudo na possibilidade de imprevisível mudança estrutural em vários aspectos". Entende-se mudanças estruturais como mudanças que podem se estabelecer, especialmente, no sentido da descoberta de novas tecnologias e, naturalmente, conhecimentos. Entretanto, essas mudanças também compreendem as mudanças culturais e políticas. Por isso lê-se, na definição oferecida pelo autor, 'Mudanças em vários aspectos'. (Importante destacar: "A ênfase na possibilidade de mudança estrutural poder ser relacionada com uma noção ainda mais forte de incerteza, que eu acredito ser a mais relevante para o economista"). 
+, O autor aponta: "De qualquer maneira, eu argumento que a incerteza implica alguma falta de conhecimento, mas não ignorância completa, e, portanto, deveria ser vista como graduável, em termos ordinais". 
2. A TREATISE ON PROBABILITY E A NOÇÃO FORTE DE INCERTEZA DE KEYNES 
Contextualização, 'Desde os anos 1980, com o aparecimento de vários artigos e livros que exploram a conexão entre as obras filosóficas e econômicas de Keynes, seu próprio conceito de incerteza tornou-se objeto de muita controvérsia. Importante em particular nesta controvérsia é o TP e a questão de se há continuidade entre esse trabalho e as obras econômicas posteriores de Keynes, em especial a Teoria Geral. Também controverso é o que significa continuidade neste caso'. 
--> Para fins de melhor compreensão, "No TP, probabilidade é uma relação entre uma proposição a e uma proposição h, em que h se refere à evidência. A relação de probabilidade justifica o grau de crença racional que se pode ter na proposição a, dada a proposição h. Assim, a probabilidade é sempre relativa à evidência. Ela se encontra entre 0 e 1, isto é, entre impossibilidade e certeza". 
O Conceito de Peso, em Keynes. É um conceito distinto do conceito de probabilidade, mas que está presente na TP. 'Peso tem a ver com a evidência em que a relação de probabilidade se baseia'. De acordo com Runde (1990), Keynes usa três conceitos de peso no TP [...] dois dos quais se reduzem à mesma coisa. Peso representa ou a quantidade de evidência relevante (por oposição à probabilidade, que depende do saldo entre evidência favorável e desfavorável), ou o grau de completude da evidência (este último é equivalente ao saldo entre conhecimento e ignorância relevantes). 
('Discussões sobre incerteza nos termos do TP referem-se, de forma primordial, a argumentos, em vez de eventos e resultados de decisões. Como observado, antes, uma ponte pode ser construída entre o TP e as análises de decisões econômicas: pode-se discutir proposições sobre eventos'). 
No geral, a respeito da Incerteza num sentido forte, "O conhecimento por causa da escassez de evidência é incompleto num nível em que as pessoas não conseguem formar uma distribuição de probabilidade única, aditiva e confiável". 
É uma incerteza no sentido de ignorância? Não. É uma incerteza no sentido de que, apesar de haver algum grau de informação, os indivíduos não se sentem seguros em relação à elas [as informações]. "Não é uma incerteza 'em que a informação necessária existe em potencial, mas as capacidades mentais dos indivíduos não são fortes o bastante para lidar com ela'. 
Algumas interpretações a respeito do conceito de incerteza, "Existem várias leituras dessas 'incertezas' ainda que, em nível de terminologia, seja quase escassa pelo próprio nome. 'Uma dessas linhas é uma vertente pós-keynesianismo que é definida pela retomada da ênfase de Keynes na incerteza'. Alguns links: 
Incerteza estrutural de Langlois, a noção de Incerteza substantiva forte de Dose e Egidi, o conceito de incerteza-k de Vercelli (ou incerteza dura [hard uncertainty]), e a teoria da Utilidade esperada, mais recentemente. Todos apontam uma forte inclinação ao estudo ou pelo menos uma noção forte de incerteza. 
Algumas interpretações a respeito do conceito de probabilidade, 
Importante saber, "Diferentes concepções de probabilidade estão subjacentes aos diferentes modos em que a incerteza [...] pode ser expressa". ---> Ver que, Teorias de probabilidade em que a probabilidade é uma propriedade da maneira como se pensa o mundo (um grau de crença [degree of belief]). Ex.: A teoria de Keynes em A Treatise on probability e a teoria da probabilidade subjetiva x Teorias de probabilidade em que a probabilidade é uma propriedade do mundo real. Ex.: Teoria da frequência. 
----> Probabilidade e incerteza, Se uma propriedade do mundo real implica escassez de evidência, isso não necessariamente impede que abordagens baseadas numa teoria epistêmica da probabilidade possam exprimir uma noção de incerteza em sentido forte. -> A incerteza também pode referir-se a coisas diferentes (como argumentos ou eventos) nas diferentes abordagens. -> O autor, a princípio, não é a favor de nenhuma abordagem específica, desde que a incerteza seja associada à falta de evidência e à não-confiabilidade do conhecimento. --> Relacionadas com isso estão duas outras questões (a que também o autor irá se referir adiante): a) como responder à alegação, por parte de alguns teóricos subjetivos da probabilidade, de que a distinção entre risco (incerteza fraca) e incerteza (forte) não faz sentido? (b) como lidar com problemas como o paradoxo de Ellsberg? 
Destacar que, O artigo, no geral, não vai cobrir todas as alegações suscitadas há pouco. O autor, por hora, pretende examinar como algumas dessas abordagens 'parecem capazes de expressar uma noção de incerteza que parte da escassez de evidência'. 
---> Generalizações da teoria de utilidade esperada e incerteza forte, 
-----> Linhas de pesquisa para o Estudo das Incertezas Fortes, 
a) A abordagem dos priors múltiplos, 
--> Essa abordagem abandona a idéia tradicional de que um indivíduo tem uma única distribuição de probabilidade. 
---> Existe um determinado nível de confiança do tomador de decisões em suas estimativas. -> A ideia de confiabilidade total é abandonada = a maioria das pessoas prefere informações mais confiáveis. 
b) A abordagem do prior não-aditivo, 
--> Substitui o prior bayesiano por uma medida ou capacidade não-aditiva. 
---> Substitui o prior bayesiano por uma medida ou capacidade não-aditiva. 
----> Uma medida não-aditivapode exibir aversão à incerteza (Schemeidler, 1989, p. 574). 
--> O grau de subaditividade poder ser tomado como representativo da confiabilidade que um indivíduo atribui as suas estimativas de probabilidades (Karni e Schemeidler, 1991, p. 1803). 
---> Nessas generalizações da teoria da utilidade esperada, na medida em que elas incorporam a incerteza forte, esta não se associa à ausência de probabilidades numéricas, pois podem haver probabilidades numéricas que não são necessariamente únicas, aditivas ou de todo confiáveis. 
--> De acordo com Vercelli (1995, pp. 252, 259), essas generalizações [...] "não tem muito o que dizer sobre decisões envolvendo a passagem do tempo". ---> É importante, também, que se discuta mais, a relação entre essas generalizações, e a noção de incerteza. Especialmente no que diz respeito à criatividade e mudança estrutural. 
----> Essas generalizações são capazes de lidar com problemas [...] nos quais as pessoas não têm informações suficientes sobre as probabilidades de todos os estados do mundo, mas o conjunto de todos os estados possíveis do mundo é conhecido. 
------> [Segundo Bausor (1985, p. 74)] "O 'aprendizado' nunca gera novos estados do mundo, mas apenas afeta a confiança em que estado (preexistente) é verdadeiro". -------> Em contraste, quando a mudança estrutural, e em especial a criatividade, são possíveis, atos criam eventos novos, previamente não-imaginados e inimagináveis, de modo que a noção de estado do mundo como algo independente dos atos nem se aplica. As tentativas de generalizar a teoria da utilidade esperada precisam enfrentar esse problema. 
1. Graus de incerteza? (A incerteza é graduável?) 
A grande questão são as diferentes visões de Davidson e as baseadas no TP, a respeito das raízes do conceito forte de incerteza, 
-> Critical review (intercâmbio entre Davidson e Runde), 
--> Para Runde, Davidson, 
a. Estabelece uma dicotomia epistemológica entre conhecimento e incerteza e, 
b. Uma dicotomia ontológica correspondente entre ergodicidade e não-ergodicidade. 
---> Segundo Runde, 
· Essas dicotomias criam um problema, se a não-ergodicidade implica ignorância sobre o futuro, então as pessoas não têm qualquer base para considerar algumas coisas como mais ou menos confiáveis, ISSO IMPLICARIA QUE NENHUM CURSO DE AÇÃO FOSSE MAIS ATRATIVO QUE O OUTRO. 
----> Runde e as Expectativas Razoáveis de Davidson, 
O que são? São expectativas baseadas na existência de instituições sociais, para descrever como os agentes dão conta de lidar com a incerteza. (Essa teoria de Davidson, para Runde, não tem lugar em qualquer um dos polos de sua oposição conhecimento/incerteza). 
= Para Runde, as noções de Expectativas razoáveis de Davidson rompe com a dicotomia conhecimento-incerteza. Sendo, portanto, categorizada, como uma terceira categoria, para além das duas dicotomias já apresentadas. 
/Runde vê a incerteza, nesse caso, como caracterizada não por uma ausência completa de conhecimento provável, mas pelo peso baixo. Tendo o peso como a sua medida, a incerteza seria então graduável. 
------> Conhecimento e expectativas, 
· Mesmo aqueles que argumentam com base no TP, 'que é possível ter algum tipo de conhecimento provável sob incerteza, precisam admitir que esse conhecimento é incompleto e não de todo confiável como guia de conduta’; 
· A partir do momento que o conhecimento provável, sequer, não é possível, essa disposição, segundo o autor, 'otimista', afeta não apenas a confiança, mas também (junto com a criatividade) as próprias expectativas. 
-----> EXPECTATIVAS 
-> As expectativas são determinadas por três fatores, 
1. Conhecimento; 
2. Disposição otimista para enfrentar a incerteza (via otimismo espontâneo); 
3. Criatividade. 
--> A confiança depende de quanta incerteza uma pessoa percebe e de quão disposta ela está a enfrentar ou evitar essa incerteza. -> Dessa forma, ela (a confiança), é um resultado da relação entre percepção de incerteza e aversão à incerteza. 
--> Já a aversão à incerteza é um resultado apenas da disposição otimista. 
= A relação entre a disposição otimista e a aversão à incerteza é, segundo o autor, difícil de ser estabelecida, mas a primeira pode ser vista como influenciando também a última. 
---> Incerteza e a questão dos pesos, 
· Se é para medir incerteza com o peso, então a noção de incerteza fica afetada pelo mesmo problema envolvido em definir o peso como o grau de completitude da evidência: como podemos, sob incerteza, saber quão ignorantes somos? -> Apontamento de Dequech sobre Runde (1990, p. 282): 'nós com frequência conhecemos, ou pelo menos podemos identificar, fatores sobre os quais somos, em grande medida, ignorantes'. 
= Embora a incerteza tenha uma base mais concerta no conhecimento que as pessoas têm da realidade econômica (Dequech, 1999a), este conhecimento não é totalmente objetivo. A teoria que uma pessoa tem da realidade é crucial para a avaliação que faz da incerteza. AS PESSOAS FARÃO DIFERENTES AVALIAÇÕES DA INCERTEZA. 
+, A gradualidade da incerteza depende da noção de conhecimento. Se o conhecimento é restritivo ao conhecimento de distribuições de probabilidade totalmente confiáveis, então a incerteza não pode ser graduável. O conhecimento seria ausente mais do que incompleto, e a confiabilidade não seria uma questão. 
/ Mesmo os seguidores de uma abordagem baseada no TP, e em Davidson, podem concordar a respeito da definição de incerteza num sentido forte como característica de uma situação em que o conhecimento é incompleto a um nível tal, que impede que as pessoas formem uma distribuição de probabilidade única, aditiva e totalmente confiável. A GRADUALIDADE DA INCERTEZA DEPENDE DA NOÇÃO DE CONHECIMENTO. 
= para Dequech, a incerteza não implica total ignorância. As pessoas podem saber que não sabem (Hicks, 1977, p. vii). Se elas de fato sabem que não sabem depende da teoria que adotam ou dos conselheiros que empregam. OS TOMADORES DE DECISÕES PODEM ESTAR CIENTES DA INCERTEZA. 
---> Incerteza e realidade, 
--> 'Um dos aspectos da realidade sobre o qual é possível algum conhecimento é a existência de instituições que reduzem a incerteza. Ex.: contratos, acordos de oferta e comércio. 
1. Principais fontes da incerteza, 
-> Elementos que afetam nas decisões econômicas sobre investimento, produção, preferência pela liquidez etc. As principais, são: 
1. Incerteza sobre o futuro econômico. (Mudanças históricas imprevisíveis podem ocorrer, como por exemplo a mudança no conhecimento humano. 'O fato de o futuro ser afetado por nosso conhecimento e de não podermos saber agora o que será conhecido mais tarde é uma fonte crucial de incerteza). 
2. Mudanças históricas. (Podem ser de natureza política ou cultural. A perspectiva ou potencial de uma guerra, por exemplo). 
3. A interdependência entre os atores econômicos. 'Pensamentos sobre pensamentos'. (O resultado da decisão de alguém depende das decisões tomadas por outros. Ela em si não é uma fonte de incerteza, e sim de complexidade, porém ao olharmos pela perspectiva da interdependência orgânica + comportamento individual criativo, a interdependência cria incerteza, porque as expectativas têm que ser sobre as expectativas de outras pessoas). 
1. CONCLUSÃO, 
-> A conclusão geral do autor é que a incerteza implica em alguma falta de conhecimento, sim, o que é o contrário de ignorância completa, e, portanto, deveria ser vista como graduável, em termos ordinais.

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