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EQUILIBRIO TÉRMICO ENTRE O HOMEM E O MEIO conforto térmico de um ambiente pode ser definido como a sensação de bem-estar experimentada por uma e/ou pela maioria das pessoas. Está relacionada com a interação de calor entre o corpo humano e o ambiente (sensação quente e frio). Conforto térmico IM PO R TÂ N C IA Fatores pelos quais os estudos de conforto térmico são importantes: 1.A satisfação do homem permitindo-lhe se sentir termicamente confortável 2. A performance humana: As atividades intelectuais, manuais e perceptivas, geralmente apresentam um melhor rendimento quando realizadas em conforto térmico 3.A conservação de energia: Ao conhecer as condições e os parâmetros relativos ao conforto térmico dos ocupantes do ambiente, evitam-se desperdícios com aquecimento e refrigeração, muitas vezes desnecessários. IN TR O D U Ç Ã O A insatisfação com o ambiente térmico pode ser causada pela sensação de desconforto por calor ou frio quando o balanço térmico não é estável, ou seja, quando há diferenças entre o calor produzido pelo corpo e o calor perdido para o ambiente. IN TR O D U Ç Ã O Neutralidade térmica: Estado físico no qual todo o calor gerado pelo organismo através do metabolismo é trocado na mesma proporção com o ambiente ao redor, não havendo nem acúmulo de calor, nem perda excessiva do mesmo, mantendo a temperatura corporal constante V A R IA V ÉI S Humanas Ambientais Outras Medição As variáveis de conforto térmico estão divididas em humanas e ambientais. Além disso, são considerados outros fatores de influência Equilíbrio térmico entre homem e meio ❑ O homem é homeotérmico, ou seja possui a temperatura corporal interna constante, independente das variações da temperatura do meio externo. ❑ Quando ocorre um desconforto relacionado á temperatura externa o corpo aciona os sistemas termorreguladores que trabalham na tentativa de manter a temperatura corporal, que varia de 36,1°C a 37,2°C. M EC A N IS M O S TE R M O -R EG U LA D O RE S Humanas Ambientais Outras Medição Os mecanismos termorreguladores são ativados quando as condições térmicas do meio ultrapassam certas faixas de frio ou calor. Frio: Evitar perdas térmicas do corpo e aumentar a produção interna de calor. É o processo que ocorre quando os músculos lisos das paredes dos vasos sanguíneos se contraem e também está relacionado com a manutenção e regulação da temperatura corporal, evitando que o corpo perca calor para o meio exterior. Mecanismos instintivos e culturais para proteção do frio Calor: Incrementar as perdas térmicas do corpo e reduzir a produção interna de calor Mecanismo instintivos e culturais para proteção contra o calor Reação ao calor - evaporação Mecanismos de Termorregulação Reação ao frio - arrepioTrocas Térmicas Variáveis Humanas Cada indivíduo possui uma temperatura corporal neutra, na qual não precisa utilizar seus mecanismos de termorreguladores (isto é, aquela em não precisa sentir mais frio, nem mais calor no ambiente – situação de neutralidade térmica). Equilíbrio térmico entre homem e meio Variáveis humanas e ambientais de trocas térmicas • Metabolismo • Evaporação • Condução • Convecção • Radiação A quantidade de calor liberado pelo organismo ocorre em função da atividade desenvolvida. Este calor será dissipado através de mecanismos de trocas térmicas entre o corpo e o ambiente envolvendo: Se o balanço de todas as trocas de calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente Conforto Térmico Variáveis Humanas Atividade exercida, que consequentemente gera calor (medida em MET). resistência térmica oferecida pela vestimenta (medida em CLO). Atividade Vestimenta V A R IA V ÉI S Através do metabolismo o organismo adquire energia a partir de elementos combustíveis orgânicos. A quantidade de energia liberada depende da quantidade de atividade muscular (Quanto maior a atividade física, maior o metabolismo MET: unidade utilizada para descrever a energia produzida por unidade de área de uma pessoa em repouso (1 MET = 58W/m²) V A R IA V ÉI S A vestimenta impõe uma resistência térmica entre o corpo e o meio, representando uma barreira para as trocas de calor por convecção CLO: Unidade de medição da resistência térmica da roupa. (1 clo = 0.155m²°C/W) U = M – W + C + R – E – RE Radiação (R) Trabalho (W) Convecção (C) Evaporação (E) Respiração (RE) Metabolismo (M) Variação de energia com o tempo (U) Balanço térmico no corpo humano A vestimenta adequada será função da temperatura média ambiente, do movimento do ar, do calor produzido pelo organismo e, em alguns casos, da umidade do ar e da atividade a ser desenvolvida pelo indivíduo. A vestimenta reduz o ganho de calor relativo à radiação solar direta, as perdas em condições de baixo teor de umidade e o efeito refrigerador do suor. Reduz, ainda, a sensibilidade do corpo às variações de temperatura e de velocidade do ar. Sua resistência térmica depende do tipo de tecido, da fibra e do ajuste ao corpo, devendo ser medida através das trocas secas relativas de quem a usa. V A R IA V ÉI S V A R IÁ V EI S D E C O N FO RT O A M BI EN TA IS O corpo humano não sente a temperatura de um quarto, mas sente a perda ou ganho de energia do corpo no espaço As condições do ambiente relacionadas com o conforto são: A influencia dos quatro parâmetros na perda ou ganho de energia não é igual, sendo que a temperatura do ar e temperatura radiante média tem a maior importância. Porem não é suficiente medir só um deles. ❑temperatura do ar; ❑temperatura radiante média do meio; ❑Umidade relativa do ar, ❑velocidade e troca de ar; ❑incidência da radiação solar nos elementos construtivos e nas pessoas. Variáveis Ambientais Os parâmetros mais importantes que influenciam na avaliação do conforto térmico de um ambiente são: EQUIPAMENTOS V A R IÁ V EI S D E C O N FO RT O O U TR O S • Idade • Raça • Hábitos alimentares • Altura • Sexo ENTÃO, TEMOS QUE O CONFORTO É MEDIDO EM ESCALA. FANGER (VME) <http://comfort.cbe.berkeley.edu/> Fonte: adaptada de Hoyt et al. (2017, [s.p.]). Após o preenchimento, o valor do Voto Médio Estimado (ou PMV) é automaticamente calculado. O PMV é dado no canto superior direito da página, contornado em vermelho na Figura acima .Nesse caso, o PMV é de -2,31, o que significa a sensação térmica frio. O principio da teoria adaptativa estabelece que ao ocorrer uma mudança de temperatura que produz desconforto, as pessoas reagem de maneira a tentar restaurar seu conforto. Método Adaptativo Três categorias de adaptação: 1. Ajustes Comportamentais: Modificações conscientes ou inconscientes - Ajustes pessoais: roupa, atividade, postura; - Ajustes Tecnológicos ou Ambientais: Fechar/Abrir janelas, ligar o ventilador; 2. Ajustes Fisiológicos: Mudanças nas respostas fisiológicas - Adaptações genéticas: herança genética de um indivíduo ou grupo de pessoas; - Aclimatação: mudanças inerentes ao sistema termorregulador; 3. Ajustes Psicológicos: Percepções e reações das informações sensoriais - Habituação, exposição repetitiva ou crônica, que conduz a uma diminuição da intensidade da sensação evocada anteriormente. Método Adaptativo Método Adaptativo Escalas climáticas • Para fazer um análise clara e organizada do clima, ela pode ser dividida em três escalas distintas, porém indissociáveis. Conforto térmico ARQUITETURA E O CLIMA macroclima mesoclima microclima •Macroclima: Descreve as características gerais de uma região em termos de sol, nuvens, temperatura, ventos, umidade e precipitações; porém pode não ser conveniente para descrever as condições do entorno imediato do edifício. Conforto térmico ARQUITETURA E O CLIMA •Mesoclima: Refere-se a áreas maIs pequenas do que as consideradas no macroclima. Aqui as condições locais de clima sãomodificadas por variáveis como a vegetação, a topografia, o tipo de solo e a presença de obstáculos naturais ou artificiais. Conforto térmico ARQUITETURA E O CLIMA litoral campo florestas vales cidades montanhas •Microclima: É a escala mais próxima ao nível da edificação, podendo ser concebido e alterado pelo arquiteto. As particularidades climáticas do local podem representar benefícios ou dificuldades adicionais, que podem não estar sendo consideradas nas escala do macro e meso climáticas Conforto térmico ARQUITETURA E O CLIMA A radiação solar é uma onda eletromagnética que tem origem nos raios solares, não precisando de matéria para se propagar, ou seja, a radiação se propaga no vácuo (no espaço) e na matéria (por exemplo, ar) quando entra na atmosfera terrestre. SOL – FONTE DE ENERGIA Normalização de conforto • ISO 7730 – 2005: Determinação e Interpretação analítica de conforto térmico usando o cálculo do índices de PMV e PPD e critérios de conforto térmico local. • ISO 7726 – 1998: Instrumentos para Medição de quantidades físicas • ASHRAE Standard 55 – 2004: Condições Ambientais Térmicas para ocupação Humana • ISO 7243 – 1989: Ambientes Quentes – Estimativa de estresse térmico em trabalhadores, baseado no índice IBUTG • ISO 11079 – 2007: Determinação e Interpretação do estresse térmico por frio, utilizando isolamento requerido de vestimenta (IREQ). • ISO 8996 – 2004: Ergonomia – Determinação da produção de calor metabólico. • ISO 9920 – 2007: Ergonomia de Ambientes Térmicos – Estimativa de isolamento térmico e resistência evaporativa de um traje de roupa. • NR 15: Limites de Tolerância para Exposição ao Calor. Ministério do Trabalho. As variáveis climáticas são medidas em estações climáticas e representam uma média mensal de registros de vários anos. Esses arquivos são chamados de normais climatológicas, as variáveis registradas diferem de estação para estação, podemos apontar como as principais: a temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar, direção dos ventos, precipitação, nebulosidade e horas de sol. Normais climatológicas Normais climatológicas A análise do clima de uma cidade pode ser feita de muitas maneiras a fim de identificar as exigências locais relativas ao conforto térmico. Entre elas, podemos citar: o uso de programas específicos, como: o Climate Consultant (MILNE, 2016) e Analysis Bio (LABEE, 2014); além desses, também é possível utilizar as normas vigentes (no caso do Brasil, a ABNT NBR 15220/2005); ou alguns métodos manuais de análise climática (Planilha de Mahoney e Carta de Givoni – Figura abaixo). Normais climatológicas Carta de Givoni Normais climatológicas Carta de Givoni • A – zona de aquecimento artificial (calefação); • B – zona de aquecimento solar da edificação; • C – zona de massa térmica para aquecimento; • D – zona de conforto térmico (baixa umidade); • E – zona conforto térmico pleno; • F – zona de desumidificação (renovação de ar);• G + H – zona de resfriamento evaporativo; • H + I – zona de massa térmica de refrigeração; • I + J – zona de ventilação; • K – zona de refrigeração artificial; • L – zona de umidificação do ar. Principais trocas térmicas entre o homem e a construção: • Trocas térmicas úmidas (mudança de estado de agregação): evaporação condensação. • Trocas térmicas secas (envolvem diferença de temperaturas): radiação, condução convecção. Trocas Térmicas EVAPORAÇÃO • Troca térmica que envolve mudança de fase do estado líquido para o estado gasoso. • Durante a evaporação do líquido, é “roubado” calor do corpo. Ex: o suor do corpo que se transforma em vapor d’água. Trocas Térmicas - Úmidas CONDENSAÇÃO • É a troca térmica decorrente da mudança do estado gasoso do vapor d’água contido no ar para o estado líquido (é o chamado “ponto de orvalho”). Ex: a umidade excessiva no ar que se precipita e forma gotas de chuva. Trocas Térmicas - Úmidas R – trocas por radiação C – trocas por condução Cv – trocas por convecção Trocas Térmicas – Secas RADIAÇÃO Acontecem entre dois corpos que não se tocam, que estejam em temperaturas distintas, na forma de cessão de calor do mais quente para o menos quente, até que ambos estejam na mesma temperatura. 40°C 20°C 30°C 30°C A capacidade de um elemento de absorver a radiação solar varia de material para material. Ocorrem entre o Sol e a construção, entre a abóbada celeste e a construção, entre o corpo e as paredes, entre as faces internas das paredes. Exemplo: Lareira R R Trocas por radiação Principais locais de trocas por radiação na construção: • Fachadas • Coberturas A incidência solar direta no interior das edificações também geram o ganho de calor interno. Trocas por radiação A radiação incidente terá uma parcela refletida e outra absorvida. CONDUÇÃO A transmissão de calor por CONDUÇÃO ocorre quando dois corpos, com temperaturas diferentes, estão em contato por causa da diferença de temperatura entre eles, haverá transferência de calor do mais quente para o mais frio. O mais quente esfria e o mais frio esquenta até que os dois atinjam uma mesma temperatura. TEMPERATURA DE EQUILIBRIO C – trocas por condução, contato entre o corpo e toda superfície em que ele toca, e também através das paredes. A escolha dos materiais das paredes externas e coberturas pode alterar o desempenho de uma edificação e o conforto térmico final obtido. Um material de grande capacidade térmica - como o concreto - pode atrasar a passagem do fluxo de calor de um ponto a outro, alterando o resultado final desta transferência, assim como um de baixa, como o vidro ou o aço, transferirá quase que imediatamente as condições de temperatura da face externa para a interna. Trocas por condução Trocas por condução A velocidade da troca de calor por condução dependerá: • Da diferença de temperatura entre as superfícies que trocam calor; • Das áreas e da distância entre estas superfícies (espessura do componente); • Da densidade do material; Da condutividade térmica do material através do qual se conduz o calor. Condutividade térmica: capacidade do material de conduzir maior ou menor quantidade de calor por unidade de tempo. Trocas por condução Para uma mesma espessura e diferença de temperatura, quanto maior a condutividade, maior será o fluxo de calor. Pode-se definir como perda térmica para o ar ou ganho de calor do ar. Isso depende da temperatura e da velocidade do ar junto à superfície do corpo (pele e roupas). Elas servem também, para dissipar o calor e a umidade acumulados nas superfícies internas da edificação – paredes, pisos e teto Trocas de calor por Convecção Internamente, são as trocas de ar que garantem a manutenção da qualidade do ar que se respira. Se a taxa de renovação de ar de um ambiente é insuficiente para o tipo de atividade que ali se desenvolve, o usuário será prejudicado, a respiração torna-se menos ativa e há o aparecimento de uma fadiga prematura e o risco de contaminação aumenta. Trocas por convecção O vento pode trazer sensação de frescor, mas também de desconforto, à medida que se torna mais forte do que nossa necessidade de eliminação de suor. Na Natureza, os principais responsáveis pelas trocas por convecção são os ventos. Velocidade Máxima tolerada (m/s) Situação do usuário (atividade) 5 sentado ou em pé, imóvel. 10 estado de pouca mobilidade (conversando em pé, dando pequenos passos). 15 andando. 25 andando rápido ou correndo. >25 desconforto em qualquer atividade. Trocas por convecção As expectativas do usuário quanto às condições ambientais variam também de acordo: a época do ano; Os padrões de comportamento / cultura ambiental; o partido arquitetônico; e outros fatores. Expectativas de conforto A reunião dessas variáveis geram um ambiente frio, quente ou neutro termicamente.